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Dona In?cia e seu Ant?nio sonham com a continuidade de seu trabalho pelos filhos e netos

A histria de vida de dona Incia e seu Antnio rica em resistncia e prticas de convivncia com o semirido. Aps receber sua cisterna-calado, Incia passou a ampliar a renda familiar com a comercializao de hortalias produzidas em canteiros adaptados para o trabalho por parte do marido, que sobre com problemas no joelho. Um santurio de sementes da paixo mantido dentro da casa do casal.

A histria de vida de dona Incia e seu Antnio rica em resistncia e prticas de convivncia com o semirido. Aps receber sua cisterna-calado, Incia passou a ampliar a renda familiar com a comercializao de hortalias produzidas em canteiros adaptados para o trabalho por parte do marido, que sobre com problemas no joelho. Um santurio de sementes da paixo mantido dentro da casa do casal.

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Boletim <strong>In</strong>formativo do Programa Uma Terra e Duas Águas<br />

Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba<br />

<strong>Dona</strong> <strong>In</strong>á<strong>cia</strong> conta <strong>com</strong> orgulho que, <strong>com</strong> o dinheiro que conseguiu a partir da venda <strong>de</strong><br />

hortaliças, <strong>com</strong>prou dois “caminhões <strong>de</strong> água” (carro-pipa) para abastecer a cisterna <strong>com</strong> água <strong>de</strong><br />

beber em períodos <strong>de</strong> estiagem.<br />

Na casa <strong>de</strong> <strong>Dona</strong> <strong>In</strong>á<strong>cia</strong> também existe um Banco <strong>de</strong> Sementes que ela resguarda <strong>com</strong>o um<br />

santuário. Ela diz que o banco tem uma importân<strong>cia</strong> muito gran<strong>de</strong>, já que foi nele que buscou coragem<br />

para enfrentar o problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>seu</strong> <strong>Ant</strong>o<strong>nio</strong>. Em 2011, ele precisou operar um joelho e teve que<br />

parar o <strong>trabalho</strong> na proprieda<strong>de</strong>, ela disse que foi difícil passar por esse período e foi no cuidado <strong>com</strong> as<br />

sementes que ela superou esse <strong>de</strong>safio. “Para mim, isso aqui é um lugar sagrado, guardo uma<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> feijão (feijão azul, pingo d'água, macassa, sempre ver<strong>de</strong>, corujinha, sedinha), milho,<br />

coentro, alface, quiabo, jerimum e berinjela”.<br />

Além disso, ainda tem o artesanato que ela e sua filha Socorro guardam também no banco. São<br />

peças <strong>de</strong> crochê, telas pintadas a mão <strong>com</strong> temas referentes ao Semiárido e um pequeno mu<strong>seu</strong> que<br />

possui utensílios domésticos que foram <strong>de</strong> uso dos <strong>seu</strong>s antepassados, verda<strong>de</strong>iras relíquias feitas em<br />

barro, ma<strong>de</strong>ira, alumí<strong>nio</strong> e ferro. O ferro <strong>de</strong> engomar, cuscuzeira, mão <strong>de</strong> pilão <strong>de</strong> café entre<br />

outras peças, tudo guardado <strong>de</strong> forma afetiva junto às sementes.<br />

<strong>Dona</strong> <strong>In</strong>á<strong>cia</strong> se consi<strong>de</strong>ra guardiã da semente <strong>de</strong> mandioca que já era plantada pelo <strong>seu</strong> bisavô e<br />

foi sendo passada pelas gerações da sua família. Dessa mandioca, ela produz a farinha e o beiju <strong>de</strong><br />

caco, <strong>com</strong>o não tem casa <strong>de</strong> farinha, ela colhe a mandioca, <strong>de</strong>scasca, rala e prensa no pilão, <strong>de</strong>pois<br />

passa numa peneira e torra. Para ela, o prazer <strong>de</strong> ter uma farinha pura e feita em casa <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra<br />

todo o <strong>trabalho</strong> puxado que é feito a mão “pra mim a melhor coisa é ter uma boa farinha e po<strong>de</strong>r também<br />

dar à outras pessoas um alimento feito por mim”.<br />

Quando falam do envolvimento da família no<br />

<strong>trabalho</strong> da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, eles relatam a experiên<strong>cia</strong><br />

<strong>com</strong> o Fundo Rotativo Solidário (FRS) que<br />

participam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003, “já fomos apoiados <strong>com</strong> tela<br />

e arame, o que permitiu organizar a produção <strong>de</strong><br />

alimentos saudáveis e a criação <strong>de</strong> animais”. Ainda<br />

na dinâmica da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> participam do Banco <strong>de</strong><br />

Sementes Comunitário (BSC), que está instalado<br />

bem próximo a sua casa.<br />

O gran<strong>de</strong> sonho do casal é que os<br />

<strong>filhos</strong>/filhas, <strong>netos</strong>/netas, que também moram na<br />

proprieda<strong>de</strong>, sejam sucessores <strong>de</strong>sse <strong>trabalho</strong> <strong>com</strong><br />

a agricultura familiar.<br />

FOTOS: KAKÁ NASCIMENTO<br />

Realização<br />

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