Bons Ventos, Calmarias e Tormentas Altamir da Cunha Contratempos não podem ser interpretados como descuido divi<strong>no</strong> De forma figurada podemos dizer que a encarnação é como uma viagem marítima: o corpo é o barco e o Espírito encarnado dele se utiliza para atingir o porto de desti<strong>no</strong>. É necessário que o condutor do barco, o Espírito, seja determinado e habilidoso para içar e posicionar corretamente as velas, pois somente assim poderá alcançar o porto, que é a perfeição espiritual. Em alguns momentos o barco poderá ser tangido por ventos favoráveis, em outros se deparará com tormentas, oferecendo risco de naufrágio, e por fim poderá encontrar calmaria, provocando atraso na viagem. No entanto, não se deve interpretar esses contratempos como resultado de um descuido divi<strong>no</strong>. Eles são, na verdade, desafios naturais para que o condutor possa avaliar sua competência, sua fé e o real desejo de alcançar o porto de desti<strong>no</strong>. Não olvidemos que o mais importante testemunho com relação ao valor que damos aos <strong>no</strong>ssos objetivos é o perseverante esforço que empreendemos para conquistá-los. Os ventos da misericórdia divina serão apresentados através dos recursos interiores (a inteligência, por exemplo) e exteriores (oportunidades) indispensáveis à caminhada evolutiva. As tormentas naturais, embora dificultando a viagem e exigindo coragem e criatividade do condutor, tornam-<strong>no</strong> mais experiente. Içar ou não as velas e mudar a rota são decisões importantes, resultantes do livre-arbítrio. Se, por preguiça, ele se acomoda e não iça as velas, permanecerá ao sabor das ondas e das tormentas, não alcançará o porto e correrá o risco de naufrágio. Na vida esse naufrágio representa uma oportunidade perdida, exigindo <strong>no</strong> futuro a repetição da prova: uma <strong>no</strong>va encarnação; porém, posicionar adequadamente as velas é resultado da experiência que somente é adquirida na adversidade ou nas tribulações. Foi por isso que Paulo de Tarso, em Roma<strong>no</strong>s 5:3-4, ensi<strong>no</strong>u: “E não somente isto, mas também <strong>no</strong>s gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciiência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança.” O benfeitor Emmanuel, através das mãos de Francisco Cândido Xavier, confirmou a advertência de Paulo: “Não te assustem o obstáculo e o pranto, a alfinetada e a úlcera que, por algum tempo, te afligem o coração. São eles o ensinamento e o reajuste, o remédio e a bênção que <strong>no</strong>s aprimoram o ser na direção da Divina Luz, mas livra-te de fazê-lo ou provocá-los porque, <strong>no</strong> solo da vida, a consciência de cada um, conforme semeie, naturalmente ceifará.” Estas advertências são muito importantes para todos nós, navegadores <strong>no</strong> mar da vida. Pois, quantas pessoas <strong>no</strong> mundo, ao serem vítimas de insucesso lamentam e justificam-se, responsabilizando outras ou revoltando-se contra Deus? Na verdade, apenas foram atraídas pelos encantamentos do mundo, representados pelas facilidades, pela lei do me<strong>no</strong>r esforço e pelo prazer; abdicaram da fé, perderam a esperança e não içaram as velas do trabalho perseverante, que Jesus de forma tão clara ensi<strong>no</strong>u: “Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei e a porta se vos abrirá; porque todo aquele que pede recebe, quem procura acha, e se abrirá àquele que bater à porta (...).”[1] 1. Mateus 7:7-11. altamir.cunha@bol.com.br 01/04/<strong>2018</strong> Jornal O Clarim • Abril <strong>2018</strong> 28 <strong>Revista</strong> AURORA <strong>Aurora</strong> <strong>136</strong>.indd 28 18/09/<strong>2018</strong> 00:04:22
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