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Nacional<br />
14 Foz do Iguaçu, quinta-feira a domingo, 1, 2, 3 e 4 de novembro de 2018<br />
SEGURANÇA PÚBLICA<br />
General Heleno defende uso de<br />
atiradores de elite contra criminosos<br />
Futuro ministro diz que proposta é "parecida" com regra empregada no Haiti<br />
Paula Laboissière<br />
Repórter da Agência Brasil<br />
O general da reserva<br />
Augusto Heleno,<br />
futuro ministro da<br />
Defesa no governo de<br />
Jair Bolsonaro (PSL),<br />
apoiou ontem (31) a<br />
polêmica proposta do<br />
governador eleito do<br />
Rio de Janeiro, Wilson<br />
Witzel (PSC), de usar<br />
atiradores de elite<br />
para conter criminosos<br />
que portem armamentos<br />
de uso restrito.<br />
O general da reserva<br />
disse que já fez uso<br />
da mesma "regra de<br />
engajamento", no linguajar<br />
militar, enquanto<br />
atuava no Haiti<br />
e que não se trata<br />
de uma autorização<br />
para matar de forma<br />
indiscriminada. As<br />
declarações foram feitas<br />
em entrevista exclusiva<br />
à Rádio Nacional,<br />
da Empresa Brasil<br />
de Comunicação<br />
(EBC).<br />
"Minha regra de<br />
engajamento no Haiti<br />
era muito parecida<br />
com essa que o futuro<br />
governador colocou.<br />
É óbvio que muita<br />
gente faz uma distorção<br />
nisso e acaba dizendo<br />
que é uma autorização<br />
para matar.<br />
É uma reação necessária<br />
à exibição ostensiva<br />
que tem sido feita<br />
no Rio de Janeiro de<br />
armas de guerra nas<br />
mãos, muitas vezes,<br />
de jovens", disse.<br />
O militar lembrou<br />
que esses fuzis, normalmente,<br />
são empregados<br />
em ações que<br />
resultam em mortes<br />
de inocentes e de policiais<br />
envolvidos em<br />
confrontos e defendeu<br />
a retomada do<br />
respeito pelas forças<br />
legais. "Nós não vamos<br />
readquirir esse<br />
Foto: arquivo Agência Brasil<br />
General Augusto Heleno foi anunciado como ministro da Defesa<br />
pelo presidente eleito Jair Bolsonaro<br />
respeito com as regras de<br />
engajamento benevolentes<br />
que temos hoje", destacou.<br />
"Não é uma autorização<br />
para matar indiscriminadamente.<br />
Precisa<br />
"Não podemos, em<br />
prol de eliminar gente<br />
que não pode viver num<br />
Estado civilizado, que a<br />
gente cause efeitos colaterais<br />
e acabe matando<br />
inocentes. Tem que ser<br />
uma regra de engajamento<br />
muito bem consolidada<br />
junto àqueles que vão<br />
fazer uso dela", insistiu<br />
Augusto Heleno.<br />
"Acho que a situação<br />
que estamos vivendo nos<br />
leva a pensar num endurecimento<br />
dessas regras.<br />
Isso tem que ser muito<br />
bem aplicado para não<br />
parecer que é isso que estão<br />
colocando: uma autorização<br />
para matar. Isso<br />
não é o que se pretende<br />
com esse endurecimento.<br />
É exatamente dissuadir<br />
que isso continue a acontecer",<br />
destacou.<br />
O futuro ministro da<br />
Defesa classificou a políter<br />
um critério muito<br />
bem consolidado. Precisa<br />
haver um treinamento<br />
bem feito das<br />
tropas para que isso<br />
seja respeitado. Tivemos<br />
essa regra no Haiti<br />
durante mais de dez<br />
anos e não há casos de<br />
execuções indiscriminadas.<br />
É uma questão<br />
de treinamento e, de<br />
pouco a pouco, se readquirir<br />
o respeito."<br />
Endurecimento das regras<br />
cia do Rio de Janeiro<br />
como "talvez uma das<br />
mais valentes no mundo".<br />
"Quem já subiu o<br />
morro tomando tiro,<br />
quem já enfrentou uma<br />
comunidade tomando<br />
tiro que você não sabe<br />
de onde vem, sabe o<br />
que é isso. As polícias<br />
no Rio de Janeiro são<br />
muito corajosas, mas<br />
precisam ter na sua retaguarda<br />
um outro tipo<br />
de apoio - principalmente<br />
esse apoio logístico<br />
que foi implantado<br />
pela intervenção e que<br />
pode servir de modelo<br />
para o resto do país."<br />
Sobre a intervenção<br />
federal no Rio de Janeiro,<br />
o futuro ministro da<br />
Defesa avaliou que o general<br />
Braga Neto nomeou<br />
comandantes que<br />
classificou como<br />
"exemplares" e que ele<br />
segue norteando sua<br />
gestão na capital fluminense<br />
por uma nova<br />
mentalidade de logística,<br />
administração de<br />
bens, administração de<br />
pessoal e gestão de recursos<br />
humanos dentro<br />
das polícias.<br />
"Isso tem mostrado<br />
um resultado sensacional<br />
na intervenção,<br />
pelo pouco prazo em<br />
que ela está acontecendo.<br />
Não dá para resolver<br />
o problema do Rio<br />
de Janeiro, que foi pouco<br />
a pouco se agravando<br />
até por isso. Aqueles<br />
que eram responsáveis<br />
por se apresentar<br />
como os faróis, como a<br />
referência para a força<br />
policial estavam, em<br />
boa parte, na cadeia. É<br />
óbvio que isso tem reflexos<br />
inevitáveis no<br />
desempenho da tropa."