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L E S S
REVISTA MINIMALISTA DE FOTOGRAFIA SOBRE ESTEREÓTIPO
REVISTA MENSAL - DEZEMBRO 2017
EDIÇÃO #1
JJ LEVINE BEN HOPPER WON KIM JULIAN SCHULZE
estere
s.m
ideia, conceito o
estabelece co
ótipo
u modelo que se
mo padrão
SUMÁ-
RIO/
05 09
Editorial
JJ Levine
06 16
Won Kim
Ben Hopper
destaque do mês
07
Julian Schulze
EDITORIAL
Diretor
SÉRGIO PIRES
sergiomgp@less.pt
Coordenadora de Redação
Maria João do Rosário
mrosario@less.pt
Redação
Luís Patrão
lpatrao@less.pt
Consultora Técnica
Joana Teixeira
jteixeira@less.pt
Especialistas
Carlos Amorim; Sara Gomes; José
Lopes
Arte
Coordenador de imagem: Charles
Mota; Luísa Pacheco
Fotografia: Rogério Pina
Designer: Sérgio Pires
Tratamento de imagem: Carla Amoreira
CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE
SÉRGIO PIRES
VICE-PRESIDENTE E ADMINISTRA-
DOR DELEGADO
JOHN DE SOTO MAYOR
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Carolina Prata
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priobidas a reprodução,
distribuição, comunicação pública ou
colocação à disposição, da totalidade ou
parte dos conteúdos desta publicação, a
fins comerciais ou indiretos, em qualquer
suporte ou meios técnicos sem a autorização
da LESS MAGAZINE, Lda.
Todas as fontes externas são creditadas
devidamente.
Nos dias de hoje a fotografia é considera
o meio mais comum de produção.
A produção fotográfica pode conter
variados conceitos associados, transmitir
um leque de emoções, criar novas
tendências ou até questionar ou
destruir tendências já existentes.
É através desta importância que a
fotografia tem que surge a revista
LESS, because less is more, não sendo
esta só mais uma revista de fotografia;
o nosso foco é representar
uma das melhores características desta
arte: a exploração de conceitos.
Esterótipos são uma noção conhecida
ou mesmo sentida por todas as
pessoas; facilmente conhecemos alguém
que tenha sido alvo de estereótipo
ou tenha falado sobre.
A revista LESS representa uma peça que,
no seu conjunto, engloba variados nomes
de fotógrafos com o intuito de evidenciar
a causa com um estilo de revista minimalista
em que as imagens e o texto se fundem
de uma maneira leve e harmoniosa,
contendo consigo exemplares fotográficos
esteticamente atraentes que representem
uma crítica ou um levantamento
à causa que fez nascer esta revista.
Posto isto, nesta primeira edição da
revista, apresentamos-lhe o trabalho
de quatro fotógrafos: Won Kim, Julian
Schulze, JJ Levine e Ben Hopper. Tratamos
de selecionar um artista destacado,
em que desmontamos uma das
suas obras mais conhecidas através de
um artigo; os destaques vão variando
conforme a edição assim como todos
os artistas escolhidos. Mensalmente o
compromisso é criar uma seleção cuidada
de trabalhos para dar fornecer
uma leitura visual e textual interessante
e culturalmente enriquecedora.
Obrigado pela preferência e esperamos
que se ligue tanto quanto nós a
este mundo da fotografia conceptual.
O diretor,
SÉRGIO PIRES
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W O N
KIM
É um fotógrafo de arte baseado em
Brooklyn, cujos trabalhos geralmente exploram
espaços ocultos, formas e padrões
arquitetónicos no mundo, no entanto todo
o seu reportório de trabalho não se limita
somente a essa exploração.
Ganhou o BFA em Fotografia na Escola de
Artes Visuais e graduou-se no Mestrado em
Estudos Profissionais no programa de Fotografia
Digital.
Em 2013 foi nomeado pela LensCulture
como um dos 21 novos e emergentes fotógrafos
e tem sido também destaque em variadas
publicações em todo o mundo, sendo
uma das últimas na BuzzFeed Japan sobre a
sua obra Enclosed: Living Small.
“Quando eu era pequeno eu gostava de me esconder
em zonas isoladas e quietas. Poderia ser debaixo de
uma secretária, num canto de uma varanda ou mesmo
num armário. Sempre que estava nesses espaços
pequenos e privados causava-me um sentimento de
segurança profunda.
As imagens em Places to Hide são, em parte, a forma
de relembrar esse sentimento. Acho que o sentimento
que experimentei se relaciona com o instinto de aproximação
que puxa animais como aves e peixes de volta
a casa. Na minha opinião, os seres humanos desejam
algo como o útero - lugar confortante e silencioso.
Em Places To Hide a minha intenção é de tornar visível
esse desejo ao colocar figuras nuas em espaços
pequenos e fechados em toda a paisagem urbana. As
figuras são enroladas, sugerindo a forma de como um
feto ocupa o útero da mãe”.
-Won Kim fala sobre Places to Hide
A VISUAL VOYAGE
- Como descobriste a fotografia e o que fazias antes?
“O vídeo e o filme eram uma indústria com a qual eu sempre me relacionei, como no momento em que eu
peguei numa câmara pela primeira vez. Aos 16 anos um grande amigo meu influenciou-me com a sua criatividade
fotográfica. Tudo se resume à liberdade de expressão que podes transmitir de várias maneiras.”
- Os teus trabalhos contam uma história e são expontâneos - quanto custa planear uma fotografia?
“Acho que as fotos conceituais são autênticas quando são baseadas num momento não planeado. Para não
perder o controlo dos objetivos e ideias escrevo-os num caderno. Não pretendo basear as imagens que
capturo num género específico. Falando dos meus métodos, recebo um “clique” de profundidade e variedade
o que me afasta de tirar fotos que se relacionem apenas com um estilo. É benéfico para mim empurrar
a minha arte na forma como eu mexo numa câmara, normalmente filmando. Pessoalmente, se não estás
satisfeito com o que estás a tentar representar no primeiro ou segundo esforços a foto acaba por perder a
sua singularidade.”
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PLACES TO HIDE
Cada um de nós necessita de um lugar para estar sozinho, para pensar, recarregar e relaxar - até crianças.
Enquanto algumas pessoas pensam que um pré-escolar num esconderijo será motivo de alarme, a pesquisa feita pela Dra. Kim Corson,
professora assistente de psicologia educacional da Penn State Behrend sugere o contrário.
“O segredo e o esconderijo tendem a ter uma conotação negativa para os adultos que muitas vezes associam essas palavras
com vergonha ou engano” afirma a doutora. No entanto, para crianças pequenas, esconder e segredo são palavras positivas.
Corson queria examinar segredos criados a partir de pensamentos e experiências de crianças, concentrando-se em esconderijos e
rapidamente descobriu que “eles [as crianças] vêem os esconderijos como algo mágico e associam os segredos que eles criam
com felicidade e qualidades positivas”. Ao entrevistar mais de 100 crianças entre os 3 e 5 anos, a doutora concluiu que “todas as
crianças tinham pelo menos um esconderijo para utilizar quando queriam estar sozinhos”, deixando-a surpreendida ao encontrar
provas de pensamento complexo sobre privacidade e segurança nos esconderijos escolhidos. “Mais do que quererem um lugar
para estar sozinhos, eles queriam estar seguros”, afirmou. “Eles reconheceram prontamente isso, dizendo-me quais lugares
não seriam seguros para se esconderem ou como eles criavam limites invisíveis que os protegeria, e manteria os adultos fora
do seu espaço pessoal”. As crianças afirmaram utilizar os esconderijos para pensar, ler, escrever, brincar com animais de estimção
e para lidarem com emoções, afirmando também que recorriam aos esconderijos quando estavam zangadas ou chateadas ou apenas
se queriam distanciar das pessoas - o que se reflete no que os adultos também fazem.
“Jovens ou não tão jovens todos temos razões individuais, sociais e coletivas para ter os nossos espaços privados e lugares
escondidos, em qualquer forma que estes possam ser” concluiu a doutora.
- Análise da Dra. Kim Corson sobre Places To Hide, publicada no site da Benn State Behrend em 2016
JULIAN
SCHULZE
- O que esperas que o público veja dos teus projetos?
“Quero deixar todos com perguntas sobre as fotos que publico; a
criação de uma história é mais desenhada a partir da definição de
uma imagem.”
- Que alguns conselhos podes dar para qualquer pessoa conseguir
capturar a foto perfeita?
“Pega na tua câmara e leva-a para todos os lugares - encaixa tudo
em qualquer ponto, pois nunca saberás quando é a situação certa.
É essencial. Examinar imagens que tu gostas é motivador, e pode
dar-te um impulso inspirador de originalidade mental, engenhosidade
e visão.”
-Entrevista por Rachel Oakley
LOST AT ET MINOR, 2015
Nascido em Hannover e atualmente
vivendo em Berlim, é considerado um
fotógrafo focado no género abstrato
e surreal da fotografia.
Tem um gosto peculiar por cores
ousadas bem como de combinações e
composições de cor; “Eu gosto das
coisas simples da vida quotidiana”.
A sua arte foca-se em abstração geométrica
composição minimalista,
estando a demonstrar uma variedade
de métodos que poderiam ser usados
para criar um sentimento abstrato relativamente
aos seus projetos.
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TÓPICOS
MENSAIS
Modelo ‘plus size’ critica desfile
da Victoria’s Secret
Fotógrafa Bettina Rheims fala sobre o seu trabalho,
feminismo e censura na arte
A modelo Ashley Graham, conhecida pelas suas curvas, partilhou
uma fotografia onde aparece de lingerie com asas de
‘anjo’. A imagem alterada digitalmente foi tirada num desfile
da Addition Elle que se realizou na Semana da Moda de Nova
Iorque, em 2016, no qual a modelo desfilou em lingerie. Ashley
Graham tem lutado contra o estereótipo relativo ao ‘corpo
ideal’ das modelos, e com esta fotografia, revelou que o show
da conhecida marca de lingerie só teria a ganhar se incluísse
manequins de várias medidas nos seus desfiles.
-Saiba mais em: https://www.cmjornal.pt/famosos/
detalhe/modelo-plus-size-critica-desfile-da-victorias-secret
Nome comum nas páginas de revistas de moda e por detrás
de campanhas milionárias, Bettina Rheims nunca evitou polêmicas.
Imagens de feministas nuas com mensagens pró-aborto
pintadas sobre o corpo foram o seu mais recente exemplo de
controvérsia – principalmente nas redes sociais. Em entrevista
à Marie Claire, a artista comenta sua carreira, o seu olhar particular
sobre as mulheres que fotografa, feminismo, e a onda de
censuras em relação da repressão à arte.
-Saiba mais em: http://revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-
Mundo/noticia/2017/11/ja-sofri-muitos-ataques-fotografabettina-rheims-fala-sobre-seu-trabalho-feminismoe-censura-na-arte.html
Semana Municipal da Igualdade «para combater
desigualdades, estereótipos e assimetrias»
‘Seja Parisiense Onde Quer Que Esteja’: um retrato
da mulher parisiense
Foi inaugurada esta terça-feira de manhã, no Edifício Paço
de Tavarede, a exposição fotográfica «Igualdade é Desenvolvimento»,
que marca o Dia Municipal para a Igualdade e o arranque
da Semana da Igualdade que, na Figueira da Foz, conta
com diversas atividades promovidas não apenas pelo Município
através da Divisão de Educação e Assuntos Sociais, mas
por diversas instituições locais que integram o Conselho Local
de Acção Social da Figueira da Foz, parceiras neste combate
«às desigualdades, estereótipos e assimetrias».
-Saiba mais em: http://www.fozaominuto.com/2017/10/
semana-municipal-da-igualdade-para.html
Em Seja Parisiense Onde Quer Que Esteja: Amor; estilo… e
maus hábitos, escrito por Anne Berest, Audrey Diwan, Caroline
de Maigret e Sophie Mas, nasce um retrato da mulher parisiense.
Alicerçando-se num design moderno, límpido e sóbrio, as
quatro autoras lançam-se às questões do amor, da atitude, da
moda, do sexo, da cultura e da experiência parisiense. É uma
leitura leve acompanhada de uma fotografia e um design interessantes.
O segredo para apreciar o livro é lembrarmo-nos
que se trata de um mero estereótipo.
-Saiba mais em: http://www.comunidadeculturaearte.com/seja-parisienseonde-quer-que-esteja-um-retrato-da-mulher-parisiense/
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JJ LEVINE
QUEER PORTRAITS
É considerado um artista transexual
com sede em Montreal que trabalha
em retrato íntimo. Está atualmente
matriculado num programa de
mestrado de belas artes em fotografia
na Universidade Concordia.
Um dos seus focos é fotografar a comunidade
transexal, sendo esse o
ponto principal dos seus trabalhos
fotográficos. A sua prática artística
equlibra uma agenda radical com uma
forte estética moral.
As séries que mais o fazem conhecido
são Alone Time, Switch e Queer
Portraits. Os seus trabalhos já foram
exibidos em galerias e festivais por
todo o Canadá, Estados Unidos e Europa
e mereceram destaque com prémios
e destaque em revistas de arte e
jornais conhecidos.
Em 2010 a revista italiana L’Huffington
Post escreveu sobre o seu trabalho:
“Levine trabalha sempre nestes
tópicos que lhe são pessoais; nas
obras muitas das personagens são
amigos e conhecidos da comunidde
transexual, acabando por dar aos
seus projetos uma perceção quase
militante, criando temas e ideias
que as pessoas pensem ”.
Assim comoa revista americana SLate
Magazine em 2014:
“O seu trabalho de retrato inclui
séries que são pessoais e íntimas
e outras que desafiam as maneiras
pelas quais a sexualidade e o género
se desenrolam na sociedade contemporânea”.
“Queer portraits são uma série de fotografias a cores que capturam o meu relacionamento com os
meus amigos, família, amantes e irmãos. Cada retrato é ocupado numa configuração doméstica diferente,
caracterizada por cores saturadas e, muitas vezes, fundamentos discursivos - usando iluminação
profissional e uma câmara de filme de formato médio, crio um estúdio dentro de cada ambiente
doméstico e coloco intencionalmente todos os objetos que aparecem dentro do quadro. Essas configurações
levantam questões sobre o espaço estranho privado como um domínio para o desenvolvimento
da comunidade e a expressão de géneros e sexualidades que geralmente são marginalizados
na esfera pública. Esta série de retratos íntimos explora a relação entre o fotógrafo e sujeito e expõe
o forte elemento de confiança que existe entre mim e os meus amigos, como eles aparecem em cada
fotografia. Estou interessado em expressar a ferocidade, beleza e resistência através do olhar de
confrontação deles e a estética de uma subcultura estranha, um objetivo que subjaz a série e o meu
trabalho como um todo”.
-JJ Levine fala sobre Queer Portraits
Em 2012, ano em que Levine exibiu
este projeto na RATS9 Gallery, a revista
alemã Catch Fire compareceu na
exibição e realizou uma pequena entrevista
com ele para descobrir mais
sobre o seu trabalho e a sua exposição,
destacando o seu reportório fotográfico
entre 2005 e 2012, em que
o artista continou a documentar o seu
ambiente “queer” ao tirar retratos de
pessoas ao redor dele nas suas casas
- algo que ele já pratica desde 2006.
Pode visualizar esta entrevista e imagens
do seu trabalho nas páginas seguintes.
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H: Como descreverias a abordagem que tens com os
trabalhos de retrato? Com o que queres contribuir?
J: “Eu apenas fotográfo pessoas com quem tenho
relações íntimas, então a minha abordagem é
muito pessoal. Quero contribuir com uma cultura
visual de criação de imagens baseada em identidade”.
H: Consegues ver-te em alguma tradição artística?
J: “Num plano técnico, a minha fotografia de retrato
é bastante tradicional; a minha abordagem
ao meio é de precisão e cuidado. Todo o meu trabalho
é filmado em filme e eu normalmente imprimo
usando um ampliador numa sala escura. No
entanto está longe de ser convencional”.
H: Como escolhes os teus modelos e quais
os teus critérios para perguntar a alguém
se ele ou ela quer ser fotografado/a?
J: “Eu fotográfo as pessoas ao meu redor:
os meus amigos, irmãos e amantes.
Normalmente aproximo-me deles quando
tenho uma ideia de uma fotografia ou
quando me sinto inspirado pelo espaço
doméstico. Tenho sorte que eles sejam
tão pacientes e cooperativos!”.
H: O que te fez decidir tirar a maioria dos
retratos nas casas em que as pessoas habitam
e não noutros locais onde eles possam
estar durante o seu dia-a-dia?
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J: “Penso que a casa - mais em espefícico
o lar estranho - levanta questões sobre
a privacidade e a intimidade. Estou
interressado em explorar as maneiras
pelas quais a estética se funde através
dos objetos com os quais nos cercamos.
A espera pública pode ser alienante e
indecorosa para aqueles que são marginalizados
pelo género e sexualidade.
Por outro lado, a casa muitas vezes
simboliza a segurança e o abrigo, tornando-os
assim num lugar de conforto
e de ternura”.
H: Fala-me um bocado sobre esta tua exposição
individual.
J: “A exposição é sobre os meus últimos retratos
queer. “Queer portraits” consiste numa série de
retratos de estúdio encenados dos meus amigos
e amantes nos seus próprios espaços domésticos.
Comecei este projeto em 2006 e assisti à consistência
nos últimos seis anos. A seleção dos meus
“Queer Portraits” em 2012 foram exibidos no Reino
Unido e em Toronto recentemente e publicados
em imensas revistas e jornais; contudo, esta
não será a minha primeira grande exposição em
Montreal. A maioria dos retratos que mostro são
dos últimos oito meses da minha prática artística,
e muitas dessas obras recentes não foram exibidas
ainda em lugar algum”.
-Entrevista por Hanno
Catch Fire, 2012
NATU
BEA
por Ben
RAL
UTY
Hopper
16
destaque do mês
BEN HOPPER
“Ben Hopper sempre realizou projetos muito interessantes,
criativos e estranhos. É o que realmente faz do trabalho dele
algo divertido.” (The Phoblographer)
“No que toca a projetos fotográficos, é fácil ficarmos atraídos
pelas imagens(...)no entanto, no trabalho de Ben Hopper
as imagens saltam para fora.” (Kickonomy)
“Fora e dentro, preto e branco e em cores, recortes ou corpos
inteiros. A fotografia de Ben Hopper é diversificada, mas
sempre em busca da estética perfeita.” (Art-Magazine)
O fotógrafo destacado deste mês toma a arte como a
sua inspiração principal e trabalha, principalmente, nas
artes do espetáculo. Nascido em Israel e vivendo e trabalhando
em Hacney Wick, Londres, mas viajando regularmente
e trabalhando um pouco por todo o mundo.
Desde 2007 que ele trabalha em colaborações de relação
próxima com artistas locais e internacionais, empresas e
locais com a finalidade de produzir imagens e materiais
promocionais para projetos criativos.
Alguns dos seus parceiros e clientes incluem nomes bem
conhecidos, como o Cirque du Soleil, The Roundhouse,
DOCH na Universidade de Artes de Estocolmo, e entre
estes tantos outros.
A sua fotografia tem sido exibida por uma ampla gama
de organizações presentes no setor das artes, incluindo
editores/expositores aclamados, lendários produtores de
eventos e uma variedade de locais e festivais culturais,
como por exemplo Jacksons Lane em Londres e CIRCa
Festival em França.
Para além de exibições, o seu trabalho também atingiu
uma ampla audiência online através dos meios de comunicação,
como é o caso do The Huffingtion Post, BuzzFeed,
ELLE, The Guardian, The Daily Mail e GQ.
Desde 2010 o fotógrafo participou em 30 exibições e
após uma bem sucedida campanha em 2013 para a empresa
Kickstarter, a sua primeira exibição a solo titulada de
“Giving Something Back” foi vista por mais de cinco mil
pessoas.
Em 2016 exibiu o seu projeto “Transfiguration” no
Festival Mondial du Cirque de Demain em Paris, sendo
esta seguida de uma segunda campanha de sucesso para
a empresa Kickstarter no final de 2015.
Teve também duas exibições em Londres: uma em Abril
de 2016 na The Roundhouse, fazendo parte do Circus-
Fest, um festival contemporâneo, e em Maio no The Truman
Brewery em Brick Lane. Ambas as exposições foram
apoiadas pela National Lottery trough Arts Council England e
foram foram vistas por mais de trinta e cinco mil pessoas.
De todos os seus projetos, “Natural Beauty” é o seu projeto
controverso que mais captou a atenção de milhões por todo o
mundo após se ter tornado viral em Abril de 2014.
“Apesar dos pêlos da axila serem um estado natural, as
pessoas tornaram-nos numa declaração. E porque é que
isso foi feito?
Durante quase um século foi-nos feita uma lavagem
cerrebral pela indústria da beleza, incentivando cada vez
mais a depilação.
Ao criar um contraste entre a beleza feminima denomidada
de comum e a aparência não convencional e bruta
de mulheres com pêlos nas axilas pensamentos serão
intrigados e através destes uma discussão é feita.
Este trabalho passa uma mensagem de confiança, quase
como se cada modelo dissesse que está confiante com o
corpo dela e que a opinião que têm sobre isso não lhe é
relevante ou importante.
A minha motivação é o meu gosto pessoal, pois acho
atraente mulheres com pêlos nas axilas e também uma
‘piada’ sobre a arte moderna e contemporânea, como se o
facto de se repetir alguma coisa muitas vezes fosse fazer
um impacto”.
- Ben Hopper fala sobre Natural Beauty
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“I think we are naturally attracted to beauty”
Uma conversa com Ben Hopper
C: O teu objetivo principal em fazer arte é...
B: “Para me entreter, para entreter os outros. Para ser
feliz e para fazer os outros felizes”.
C: ‘O sucesso da noite é um mito. Entre em quase todas
as histórias de sucesso durante a noite e encontrará cerca
de uma década de trabalho duro e perseverança.’- Austin
Kleon. É uma cituação no teu site do facebook. O que mais
para além de ganhares dinheiro com os teus trabalhos define
sucesso para ti?
J: “Principalmente liberdade. Liberdade para fazer
as coisas que eu quero tanto de forma pessoal quanto
criativa. O sucesso não é necessariamente sobre o
dinheiro para mim. O dinheiro estará lá, subsequente
e inevitavelmente, mas é o que o dinheiro te permite
fazer. É uma ferramenta.
Eu acho que quem quer dinheiro só pelo amor ao dinheiro,
está a falhar completamente o ponto”.
C: Vamos falar sobre o teu projeto ‘Natural Beauty’. ‘Eu
não quero dizer que as mulheres comecem a deixar crescer
os pêlos nas axilas. Eu só acho que é uma possibilidade e
as pessoas não devem descartá-la. Eu gostava que as pessoas
apenas questionassem [padrões de beleza], tudo.’ É a
tua citação de uma entrevista com o Huffington Post que
resume bem a tua intenção. Tens muita atenção para isso
- e a crítica?
J: “O projeto recebeu muita atenção e uma boa parte
disso foi crítica.
Muito disso circulou em torno da integridade. É uma
questão muito sensível e penso que a viralidade do
projeto se deveu ao facto de que todos tiveram algo a
dizer sobre isso, se concordavam ou não.
No geral, a minha intenção com o projeto foi boa. Isso
tornou as pessoas um pouco mais conscientes e talvez a
aceitar. Acho que isso fez uma boa mudança”.
C: Até a Madonna mostrou interesse. Como te faz isso sentir,
além de poderes ver que estás no caminho certo...
J: “A Madonna tem fotografias nua desde o início da
sua carreira com cabelos púbicos e pêlos na axila totalmente
grandes. Isso não é novidade.
Eu tenho trabalhado neste projeto há anos, mas não
consegui encontrar a estética visual certa que se sentiu
até ao início de 2014. Eu sabia que estava no caminho
certo porque eu vi como ele estava cada vez mais
voltando à moda novamente no Tumblr, por exemplo.
Quando a Madonna publicou a sua foto no Instagram
em Março de 2014 fez-me perceber que aquele era o
momento ideal para publicar ‘Natural Beauty’. No mês
seguinte, pré-visualizei o projeto no Huffington Post.”
C: Começaste em 2007. Já divulgaste algumas dessas imagens
naquela época e se sim qual foi a reação das pessoas
na altura? Se não, porque escolheste continuar e esperar
tanto tempo para que fosse público?
B: “Eu tenho algumas dessas imagens no meu site e no
meu blog. Qualquer imagem que não seja uma fotografia
de estúdio de fundo preto é desse período.
Algumas pessoas entenderam isso, algumas pessoas
não - o mesmo que acontece nos dias de hoje. Eu gosto
de pensar que é mais uma resposta positiva do que
uma resposta negativa. As imagens mais virais e mais
‘apreciadas’ na minha página do Facebook são essas
imagens.
Como eu disse na pergunta anterior - eu esperei porque
as imagens simplesmente não eram boas o suficiente.
Faltava algo. Era uma coleção de diferentes fotos de
assuntos diferentes, locais diferentes - eu não me senti
suficientemente contectado. A mesma instalação de estúdio
resolveu. Na verdade, eu evitei pensar que seria
muito óbvio e, eventualmente, voltou para ele.
A mesma iluminação, o mesmo fundo, brancos semelhantes
- parece uma espécie de mini-campanha.
Joga com todas as coisas que costumamos ver na
moda... e torce-a com uma aparência não convencional
dos cabelos”.
C: Porque achas que a sociedade cai sempre na armadilha
de ter certos padrões de beleza?
B: “Eu não acho que seja uma armadilha. Algumas empresas
que produzem produtos relacionados podem
abusar da venda de produtos, mas acho que somos
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todos naturalmente atraídos pela beleza. Tudo o que
temos que fazer é ir à natureza e olhar para as flores e
para os animais. Tudo está embutido no sistema. Claro
que podes encontrar beleza em tudo. Eu encontro
beleza em locais de construção demolidos e abandonados.
Também muda com a moda ao longo dos séculos
e, às vezes, meses ou semanas, mas existe uma beleza
inquestionável em simetria, proporção, harmonia e
aparência juvenil saudável quando se trata de pessoas,
- estas são apenas diretrizes gerais de consenso que
a maioria de nós se pode relacionar com. É a base da
nossa existência e da nossa reprodução. A sobrevivência
da nossa espécie.”
C: Existe outro tópico forte que já tenhas em mente com
que desejas criar um projeto semelhante? Algo que queiras
que a sociedade questione...
B: “Estou a planear um novo trabalho com as minhas
fotografias de máscaras. Este será mais social e baseado
em histórias. Mais sobre os próprios assuntos. Mais
perguntas sobre nudez e identidade, acho que numa
forma mais madura - ou pelo menos é assim que eu me
sinto sobre isso.
Existem também outros projetos em andamento. Estes
não necessariamente sobre fazer a sociedade questionar
as coisas, alguns deles apenas terão fotos interessantes,
espero.”
C: O último projeto que publicaste chama-se ‘The Forest
Project’, onde tu passaste três dias numa floresta com duas
artistas de circo femininas. Qual foi a parte mais interessante
dessa experiência ou algo novo que tenhas aprendido
com ela?
B: “Estar longa da cidade, naquele local em particular
- o que parecia ser uma floresta finlandesa distante,
ao lado da fronteira russa, sem água corrente, um lago
frio para te lavares após uma sauna, a comer alimentos
orgânicos saudáveis - toda essa experiência foi nova
para mim. Nunca estive na Finlândia ou em qualquer
lugar que fosse como este. As duas artistas com quem
trabalhei, Sade Kampilla e Viivi Roiha são extremamente
interessantes para trabalhar. Ambas são finlandesas
e o projeto é muito importante para elas. As pessoas
finlandesas têm uma relação e apreciação especial
para com as florestas. Quanto mais velho fico mais me
aperceboque somos parte da natureza. As cidades são
um luxo, mas não nos devemos esquecer da natureza.
C: Quais são as tuas ambições para o teu trabalho como
artista nos próximos anos?
B: “Gostaria de viajar mais e de fazer projetos maiores.
Gostaria de fazer mais trabalhos com performance
contemporânea. Também quero exploras novas disciplinas;
pintura, escultura, filme, multimédia digital,
coreografia talvez, música com sorte e talvez tenha
mais envolvimento pessoal com o meu trabalho - estar
na frente da câmara - porque para já parece-me muito
estranho.
C: Continuas a tocar a guitarra de vez em quando?
B: “Muito raramente. Eu espero que ‘volte para mim’ -
a vontade de tocar. Quero que ela venha naturalmente
tal como acontece com a câmara. Não o quero forçar.
Talvez acabe por o fazer no fim, tenho saudades de tocar.”
C: Sentes-te em casa em Londres? Do que sentes mais falta
de Israel?
B: “Eu sinto-me mais em casa em Londres, mas não sinto
que seja uma verdadeira casa para mim. Faz-me feliz
agora, na realidade, acho que por ser ainda jovem e não
tenho vontade de me estabelecer, mas também espero
que fique assim. O mundo é muito grande para ficar
num só lugar.
Sinto falta do clima em Israel, e os lugares. A minha
família como é óbvio e os meus amigos.
Também sinto falta da música, há alguns músicos de
jazz incríveis em Israel.
Cada vez que vou lá eu acabo sempre por tentar na
minha cabeça fotografar quantos lugares quanto possível.
É um país muito diversificado.
-Entrevista por Christine
C-Heads Magazine, 2012
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THE WORLD OF
STEVE McCURRY
EXPOSIÇÃO
14.10.2017
31.10.2017
Uma viagem extraordinária pela objetiva
de um dos mais notáveis mestres da fotografia
contemporânea.
ENTRADA
LIVRE
ALFÂNDEGA
DO PORTO