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Veredas Revista Literária e Artística - Edição nº 1 - Abril de 2020

A revista que hoje o leitor tem em mãos nasceu no dia 07.04.2020, em plena segunda-feira, na cidade de Acreúna – Goiás, a partir das ideias de Manoel Martins Parreira Neto, Breno Alves de Oliveira, e Ruyter Fernandes, sob o pano de fundo de uma desesperança muito grande ao redor do mundo. Por diversos canais, nos chegam tristes notícias de mortes quase ao desamparo, de pessoas tendo que lidar com um cotidiano totalmente atribulado para seguirem suas vidas, pessoas que, apesar de tudo, ainda lutam para manter o senso de beleza e dignidade. A literatura, nesse momento, assume um papel essencial, como parte da cultura, no sentido de permitir que as pessoas tenham o conforto da história do semelhante que sofre as diversas mortes de todo dia, como dizia João Cabral de Melo Neto. Da mesma sorte, a literatura, seja por ser capaz de condensar na fotografia eterna da poesia, conto ou crônica anseios que diversas vezes as pessoas sentem, mas não são capazes de externar como a dureza da situação lhes impõe, seja por ser capaz de trazer consigo o registro escrito que eterniza a palavra uma vez verbalizada, e que se perde na noite dos tempos, a literatura descreve o mundo e conta as histórias dos homens, permitindo que o testemunho de uma geração seja passado à outra de maneira atemporal. Dessa forma, esperamos tornar essa revista um canal de comunicação entre a arte e o leitor, onde trazendo suas manifestações artísticas à comunidade, esta possa ver em si uma oportunidade de também se manifestar artisticamente pois todos nós, homens e mulheres, somos capazes de sentir e transmitir emoções Os editores.

A revista que hoje o leitor tem em mãos
nasceu no dia 07.04.2020, em plena
segunda-feira, na cidade de Acreúna –
Goiás, a partir das ideias de Manoel
Martins Parreira Neto, Breno Alves de
Oliveira, e Ruyter Fernandes, sob o
pano de fundo de uma desesperança muito
grande ao redor do mundo. Por diversos
canais, nos chegam tristes notícias de
mortes quase ao desamparo, de pessoas
tendo que lidar com um cotidiano
totalmente atribulado para seguirem suas
vidas, pessoas que, apesar de tudo, ainda
lutam para manter o senso de beleza e
dignidade.
A literatura, nesse momento, assume um
papel essencial, como parte da cultura, no
sentido de permitir que as pessoas tenham
o conforto da história do semelhante que
sofre as diversas mortes de todo dia, como
dizia João Cabral de Melo Neto. Da mesma
sorte, a literatura, seja por ser capaz de
condensar na fotografia eterna da poesia,
conto ou crônica anseios que diversas vezes
as pessoas sentem, mas não são capazes de
externar como a dureza da situação lhes
impõe, seja por ser capaz de trazer consigo
o registro escrito que eterniza a palavra
uma vez verbalizada, e que se perde na
noite dos tempos, a literatura descreve o
mundo e conta as histórias dos homens,
permitindo que o testemunho de uma
geração seja passado à outra de maneira
atemporal.
Dessa forma, esperamos tornar essa revista
um canal de comunicação entre a arte e o
leitor, onde trazendo suas manifestações
artísticas à comunidade, esta possa ver em
si uma oportunidade de também se
manifestar artisticamente pois todos nós,
homens e mulheres, somos capazes de
sentir e transmitir emoções
Os editores.

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tenho um caso concreto, tinha uma reaval

para fazer. Por motivos de interesse maior,

tinha conseguido estudar apenas o mínimo

possível. Mesmo assim, desesperançado,

mas já conformado com qualquer resultado,

decidi ir fazer a prova. Cheguei atrasado,

enquanto o professor ainda ditava as

questões da prova. Infelizmente, acabei não

pude fazê-la. O professor disse que havia

chegado atrasado e que, por favor, me

retirasse, porque estava atrapalhando a

aplicação da avaliação. A prova, como você

percebe, não havia começado, ditava-se

ainda as questões, mas não pude fazer.

Penso que, agora, reprovado na matéria,

teria alguma boa lição pra tirar desse

episódio. Depois de muito procurar por

alguma, me dei conta de que talvez não

existisse nenhuma, e a partir de então, tudo

ficou mais claro.

Fernando: Posso imaginar isso

acontecendo, já ouvi casos de colegas que

tiveram infortúnios dessa natureza. Mas,

meu caro, não devemos desanimar, nem

perder a fé. Tanto você quanto eu sabemos

que a Universidade tem uma missão muito

maior, etérea, e que a faculdade, esses

corpos burocráticos, muitas vezes não

passam de instituições mundanas. Deve ser

sempre lembrado que o conhecimento, o ato

de conhecer é uma arte, e que ars totum

requirit hominem, a arte requer o homem

total. Adquirir sabedoria não é ato nem

resultado da ciência e do conhecimento, mas

é experiência e reflexão, exercício do pensar,

diz o professor Tércio.

Manoel: Tenho a impressão de que nadamos

contra uma corrente que se alimenta da

nossa própria indignação. Vejo que nossas

críticas são absorvidas pelo sistema e,

transformadas em demandas, depois são

papel, processos, estatísticas. Como você

pode ver, alimentamos esse monstro que

nos engole, colaboramos pra que a

burocracia se exerça na sua plenitude. Veja

você que há certa arte nisso. A padronização

total pelas regras, abrangindo todos os

aspectos da nossa pobre existência, tornado

possível por nosso raciocínio jurídico,

também não deixa de ser uma arte. Há quem

a cultue, quem a exerça com um rigor

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parnasiano e com um alto grau de

individualismo. Na cabeça de muitos de

nossos juristas ocorre uma fatal dissociação:

reconhecem a norma como, de fato, geral e

abstrata, mas os frutos de sua aplicação são

direcionados para uma finalidade

totalmente particular.

Fernando: Sabemos disso por discursos que

ouvimos nas aulas. O assunto da chamada

está relacionado a toda essa problemática

das normas, das instituições, burocracia.

Sabemos que as normas são formuladas

visando um bem amplo, que abranja o maior

número de pessoas. Em sistemas como o

nosso, de tradição romano-germânica, a

caraterística da norma de ser a mais geral

possível, assume uma importância

fundamental. A chamada, pensada como

mecanismo de controle da frequência dos

alunos, tem como objetivo ser auxiliar no

processo pedagógico, seus fins estão

vinculados a algo maior e que está

essencialmente conectado com o Zeitgeist

atual das faculdades. Esse espírito tenta nos

comunicar que o aprendizado hoje ocorre

muito mais fora das salas de aula, muito

mais do que em qualquer época anterior que

se possa comparar. Nós alunos, temos que

admitir que não nos vemos presos aos slides

e aos discursos planejados para que

aprendamos algo. Muitos tem conflitos

particulares, certas necessidades especiais,

que só são superadas fora do ambiente

coberto pelo planejamento burocrático.

Manoel: Muito do descaso com a

individualidade e subjetividade pode ser

encontrado na atenção que se dá a seção de

literatura da nossa biblioteca. Vê-se uma

estante, nas profundezas da biblioteca, com

alguns volumes. Livros bons, é claro,

grandes autores, clássicos, poucos, mas

bons. Contudo, a devida importância dada

ao homem concreto exigiria uma presença

mais ostensiva da literatura em nosso meio.

É por ela que as ruas e os homens entram em

toda sua complexidade e concretude nas

faculdades

Fernando: De fato o regimento nos nega

muitas flores e versos. E me esforçando pra

perceber algo além do que minhas vistas se

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