Jornal Povo - Edição de Sexta-Feira 28 de Agosto de 2020
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INFO
Sexta-Feira 28 de Agosto de 2020
ESPORTES
POR QUÊ?
PARA TODOS
Brasileirão 2020 tem 68% mais
paradas para uso do VAR em
comparação com a edição de 2019
onsiderados
os pri-
C
meiros 54
jogos disputados
no
Brasileirão,
houve em
2020 um
acréscimo
de 68% no
número de
vezes em que as partidas foram
paralisadas para consulta
do VAR na comparação com
o ano passado (de 84 paralisações
de jogo em 2019 para
141 paralisações em 2020). O
tempo médio consumido por
essas paralisações cresceu
apenas 3% (de 1min40s para
1min43s), mas o crescimento
das intervenções, houve um
crescimento de 74% no total
de tempo parado para consulta
ao videoárbitro (de 139
minutos no ano passado para
242 minutos neste ano).
Com uma lupa maior sobre
a arbitragem, no Brasileirão
2020 houve também um crescimento
no número de vezes
em que os árbitros mudaram
as decisões iniciais de campo.
No ano passado, em 54 jogos
foram mudadas 26 decisões e
neste ano, foram alteradas 32
decisões, alta de 23%. O maior
crescimento está nos lances em
que a decisão inicial do árbitro
foi mantida após a paralisação
do VAR (de 58 paralisações passou
para 109, alta de 88%).
- Está muito claro para mim
que o árbitro de campo não está
bem preparado, ele está dependente
da ferramenta do VAR.
O árbitro brasileiro perdeu o
conceito do que é falta. O mesmo
árbitro que apitava os jogos
sem o VAR e tinha um ótimo
conceito sobre o que era e não
era falta, hoje não tem mais. O
posicionamento, a mecânica de
arbitragem, a forma de apitar o
jogo... A cartilha foi abandonada
em detrimento da ferramenta.
Me parece que a CBF capacitou
e treinou muito mais só
para o VAR. Vale destacar que
a CBF não forma árbitro. Quem
forma árbitro são as federações.
A CBF só aperfeiçoa. E as horas
de treinamento para o vídeo
foram muito maiores do que
as horas para treinamento de
campo de jogo. Na Série B vejo
árbitros apitando bem. Na Série
A deixam de marcar faltas. Neste
fim de semana teve uma entrada
do Nino Paraíba no Lucas
Luma que não tem como o árbitro
não ver. Não marcou falta,
não deu amarelo, mas era uma
jogada para cartão vermelho. É
um erro muito grave de um árbitro
Fifa (Bruno Arleu de Araújo)
- afirmou o comentarista de
arbitragem do esporte da Globo
Sálvio Spinola.
- O número de mudanças de
decisão por erros claros é uma
das formas para avaliar o desempenho
da arbitragem. Este ano,
temos seis mudanças de decisão
por rodada (ano passado,
eram cinco). É um número alto
quando comparado a padrões
internacionais (três mudanças
a cada dez jogos). A paralisação
por conta da pandemia atrapalhou
bastante o ritmo dos árbitros
e também dos jogadores,
que estão fazendo mais faltas,
por exemplo. O VAR precisa ainda
de alguns ajustes no que diz
respeito a critério de chamada
do árbitro. Mas isso não é só no
Brasil, mas no mundo inteiro. A
Foto: Divulgação
Ramon observa jogo entre Santos e Flamengo
origem dos erros no Brasileirão
não está no VAR, mas na falta
de treinamento contínuo para
os árbitros. Afinal, o VAR ganha
outra dimensão quando o árbitro
erra no campo. Não se pode
exigir excelência de quem não
treina diariamente no campo
de jogo. Enquanto essa realidade
da arbitragem brasileira não
mudar, as consequências serão
sentidas em campo. Reclamar
quando acontece o erro é
jogar para a torcida - afirmou
o comentarista de arbitragem
do esporte da Globo Sandro
Meira Ricci.