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Gógol | Avenida Niévski & História da rixa entre os Ivans (amostra)

Participe até 8 novembro 2020: catarse.me/gogol-e-otto | O leitor que se deixar envolver pela História da rixa entre os Ivans (1835), afora rir-se deliciosamente (assim o fizeram tipógrafos que o puseram em livro em 1835), há de nela encontrar a estrutura da triste história de Caim e Abel, narrativa do gênero humano. Com efeito, os vizinhos Ivan Ivánovitch e Ivan Nikíforovitch, de grandes amigos passam a empedernidos contendores — por uma trágica confusão dos diabos (tema caríssimo a Nikolai Gógol).

Participe até 8 novembro 2020: catarse.me/gogol-e-otto | O leitor que se deixar envolver pela História da rixa entre os Ivans (1835), afora rir-se deliciosamente (assim o fizeram tipógrafos que o puseram em livro em 1835), há de nela encontrar a estrutura da triste história de Caim e Abel, narrativa do gênero humano. Com efeito, os vizinhos Ivan Ivánovitch e Ivan Nikíforovitch, de grandes amigos passam a empedernidos contendores — por uma trágica confusão dos diabos (tema caríssimo a Nikolai Gógol).

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em vigas de carvalho, e sob toda ela os bancos. Quando se eleva a

temperatura, despindo o casaco e as roupas de baixo, apenas em

camisola, Ivan Ivánovitch, sentado na varanda, descansa e observa

o quintal e a rua. Oh! as maçãs e as peras que tem sob suas janelas!

Basta abrir uma — e os galhos parece que entram pelo quarto

dentro. Pois isto é apenas o que fica na frente da casa; se vissem os

pomares! Que é que não existe neles! Ameixeiras, cerejeiras, toda

a espécie de legumes, girassóis, pepinos, melões, gravetos, eira e

até uma ferraria.

Que homem notável é este Ivan Ivánovitch! Adora melão. Seu

prato predileto. Imediatamente após o almoço, quando, apenas em

camisa, vem descansar sob a varanda, ordena que Gapka lhe traga

dois melões. Após parti-los, ele próprio separa as sementes num

papel previamente preparado, e senta-se para saboreá-los. A seguir,

manda Gapka trazer-lhe o tinteiro e, do próprio punho, escreve

no tal papel: “Comi este melão no dia...”. E quando alguma visita

assiste por acaso à cena, lá fica registrado: “Participou fulano de tal”.

O falecido juiz de Mírgorod era grande admirador da residência

de Ivan Ivánovitch. Sim, senhor, não é das piores a casinha. Ainda

mais me agrada por ser toda circundada de varandas e varandins;

por isso, quem a fita de longe, apenas vê telhados superpostos,

lembrando antes um prato de panquecas, ou melhor, essas esponjas

que nascem nos troncos das árvores. Aliás, todos os telhados são

cobertos de junco; sobre eles espalham seus ramos o salgueiro, o

carvalho e duas macieiras. Por entre as árvores, aparecem e desaparecem,

como se saltassem para a rua pequenas janelinhas com

venezianas brancas.

Que estupendo homem, esse Ivan Ivánovitch! O próprio

comissário de Poltava o conhece também. Sempre que regressa de

Khorol, este Dóroch Tarássovitch Pukhivôtchka faz-lhe sua visitinha.

Quando se reúnem em sua casa pelo menos cinco pessoas, o

arcipreste de Koliberd, Pedro, afirma infalivelmente não conhecer

2 Nikolai Gógol

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