18.11.2020 Views

Apresentacao Livro 25 anos

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

34 PARQUE NATURAL DO VALE DO GUADIANA | 25 ANOS

35

O RIO GUADIANA

Rio Guadiana

Dos três grandes rios que nos vêm de Espanha, o Guadiana

é aquele que corre em zonas de menor altitude e possui

menor caudal. Ainda na Mancha, o rio é um curso de

água inconstante e ao entrar em Portugal, represado pela barragem

do Alqueva, espraia-se por vasta albufeira. A norte de Mértola,

o Guadiana serpenteia entre escarpas destacando-se, entre Serpa

e Mértola, a cascata do Pulo do Lobo, acidente geológico onde

ocorre uma zona de rápidos quando dos maiores caudais.

Em torno do rio estende-se uma planície ondulada pautada

por uma ou outra elevação de diminuta altitude, caso das serras

de São Barão e de Alcaria, em que sobressaem os vales encaixados

dos seus afluentes, parte do ano pobres em água. Chove bem

pouco por estas paragens em que o sol chega a queimar no auge

da estiagem e aridez não é uma palavra vã. Esta realidade, aliada à

magreza dos solos, reflete-se na natureza dos habitats, no coberto

vegetal e na fauna presente.

Nas estepes cerealíferas, paisagens abertas sem arvoredo,

cultivadas, em pousio ou alqueive, surgem o sisão e a abetarda.

O esteval, associado aos pousios ou cobrindo as terras

abandonadas abriga espécies como o lince-ibérico, fruto de

um persistente esforço de recuperação, e o javali. O montado,

sobretudo de azinho, é importante para as aves que nidificam em

árvores. As zonas de vegetação ribeirinha são habitats de lontra.

Nas escarpas em vales encaixados das linhas de água refugiam-se

numerosas aves de presa como o grifo, a cegonha-preta e a águiaimperial-ibérica.

O matagal mediterrânico, cobrindo as zonas

mais inacessíveis, é povoado por zambujeiros e aroeiras. A fauna

piscícola inclui onze endemismos ibéricos, caso do saramugo

e a boga-do-guadiana, sendo ainda possível encontrar espécies

migradoras tais como a savelha e a lampreia.

Outrora porto, aberto ao comércio marítimo, a vila de Mértola

assenta num imponente esporão rochoso que marca o término

de navegabilidade do Guadiana. Torres e muralhas dominam

o antigo casco urbano lembrando épocas distantes em que

foi importante praça deste ocidente ibérico. O castelo, antiga

acrópole romana e alcáçova de uma fortificação islâmica, a Igreja

matriz, outrora mesquita, a curiosa Torre do Rio, bem como

as coleções de cerâmica da época islâmica, em que se inclui a

tigela datada do século XI ostentando a ave de presa símbolo do

Parque Natural do Vale do Guadiana contam uma outra Mértola:

histórias de agricultores, pastores e artesãos vivendo a gesta

humilde do quotidiano, sabendo manter um precário equilíbrio

entre os seus interesses e o carácter do suporte natural.

Parque Natural do Vale do Guadiana,

POR DANIEL PINHEIRO

[tempo 02:50]

PEDRO CASTRO HENRIQUES

João Santos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!