COMO SE EU FOSSE UM POETA RESIGNADO
Amostra das primeiras 50 páginas.
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de agora, de onde se avista um horizonte de retrocessos,
ataques aos direitos e um massificante antiintelectualismo
por meio do qual a burrice torna-se mais convincente
que qualquer argumento fundamentado. O que notabiliza
uma violência e um prejuízo incalculável ao país, não só
em termos políticos, econômicos e sociais, mas em termos
civilizatórios.
Se, em particular, a poesia brasileira precisa de resiliência,
elasticidade, abrir-se cada vez mais para pluralidade
de vozes que a compõem, já que por um longo período
seguiu na busca de um caminho hegemônico que me
atrevo a chamar, na falta de outro termo, de “construtivismo
ortodoxo”, ao tentar admitir apenas – não a concisão,
um longo poema de Walt Whitman, por exemplo, pode ser
considerado conciso – mas sim a máxima redução de elementos
e a frieza em detrimento das possíveis e diversas
formas de versos ou não versos, é preciso que a poesia brasileira
esteja também agora na resistência, mesmo que de
forma transversa – aliás, como sempre está – por meio da
transgressão da linguagem padronizada ou até como uma
arma involuntária de luta, ao modo do poema de Verlaine
que aqui me arrisco a traduzir – tarefa malograda como
quase toda tradução de poesia – na tentativa de manter a
proximidade com a sonoridade original do poema, já que
para o próprio Verlaine poesia é “a música acima de tudo”
e “o resto é literatura”.
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