ATUAL | A sua revista | Junho e Julho 2021

PONTO DE VISTA
Prof. Chiquinho
Minha Ideologia é o Humanismo
ISBN 978-85-366-4868-2
Pacto de sujeição e consentimento da pobreza - Parte I
A dependência da mobilidade social que se perpetua
um primeiro momento, vale ressaltar
Nque o empobrecimento estrutural é
crônico e difunde-se em várias
direções, impactando o setor social. As
sociedades do mundo periférico emergente
estão, em sua grande maioria, penhoradas e
pagarão um preço muito alto, tanto agora
quanto no pós-pandemia. As comunidades,
segregadas de quaisquer oportunidades de
bem viver, sofrem diferentes tipos de
v u l n e r a b i l i d a d e s n o p r o c e s s o d a
sobrevivência, permanecendo no fosso dos
invisíveis e caindo na triste situação do “se
correr o bicho pega e se ficar o bicho come”.
O planeta vive graus de contaminação pelo
COVID-19 alarmantes e sofre o agravamento
d a s p e r d a s t a m b é m n a á r e a d o
conhecimento. Assim, vemos atingido o
setor educacional, que é outro problema
bastante crônico, sem projetos de longo
p r a z o e q u e s e t o r n o u u m q u a d r o
insustentável. Tudo isso é um sinal de alerta
que espelha o empobrecimento de milhões
de pessoas, material e intelectualmente,
provocando fome e afetando a questão
sociocultural de uma geração inteira,
comprometida pelo retrocesso, ao mesmo
tempo em que esboça, indiscutivelmente,
uma grave crise de consciência coletiva.
É óbvio e surpreendente observar que em
pleno século XXI o princípio entre os
“ o p o s t o s ” d o r a c i o n a l i s m o e d o
irracionalismo se atraem no espaço comum
da vala de horrores, onde se enterram
vontades, sonhos e indignações coletivas;
tudo isso feito de maneira vulgar, gerando
aquilo que nos resta na periferia social: a
extinção das oportunidades. O que está à
mesa de comando e negociações, nada mais
é que uma sociedade permissiva e seus
representantes legais, sob os caprichos de
uma democracia sem qualidade, já que o
consentimento que consolida a pobreza é
uma via de mão dupla, gerando fatalmente
maiores agonias e desafios. Autonomia
pressupõe poder, direito e saber e nada disso
faz parte do perfil da maioria da população,
visto isso ter se perdido no propósito
intencional da desinformação generalizada
na educação.
Liberdade e necessidade são aspectos de
um mesmo rosto e assim se consagram na
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vulnerabilidade do mundo contemporâneo
que insiste em ações anti-humanitárias.
Como exemplo disso, temos que o avanço da
pobreza na maioria dos países do mundo é
uma realidade consumada e tudo indica que a
única alternativa pensada é não resolver esse
dilema de forma definitiva. Vidas dispersas
passaram por fortes experiências partidárias
e i d e o l ó g i c a s , s e m n e n h u m reparo
substantivo, sendo a todo tempo maculadas
por vaidades políticas, passando bem longe
de quaisquer indicações ao “Oscar” do
Humanismo.
A pobreza, assim como a escravidão atual,
c r e s c e n u m r i t m o a c e l e r a d o e m
descompasso com a produção de alimentos
no mundo. Segundo um dos relatórios sociais
da ONU e de ativistas ligados a ações
humanitárias, a produção mundial de
alimentos é quatro vezes maior que a
necessidade da população. O entendimento
fica tão confuso quanto compreender as
intenções da própria ONU, que divulgou no dia
12/04/2021 a nomeação de um Embaixador
da Boa Vontade - o astronauta francês
Thomas Pesquet, para uma campanha
visando o desenvolvimento da quantidade e
da qualidade da agricultura e da alimentação
para as populações do futuro. Segundo
informou a entidade internacional, a
preocupação e o objetivo é atender aos mais
vulneráveis que perambulam e vivem sem
função social e profissional mundo afora.
Então, será que as ações humanitárias
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.
futuras irão priorizar o ÓCIO ao invés do
trabalho produtivo? Creio que o correto
seria a idealização de um projeto em
longo prazo para criação de empregos e
renda e a desconstrução daquilo que vem
se consolidando no planeta: sociedades
carentes, submissas e dependentes.
Precisamos entender melhor essa grande
distorção dos fatos e desvendar a
verdadeira intenção, antes de iniciar tal
projeto. A questão da fome, da liberdade e
da escravidão na atualidade, nos convida
a pensar com absoluta atenção e
vigilância. São ações que envolvem
produção, distribuição e desperdício e
tudo isso passa, sem dúvidas, pelo crivo
mercadológico. Precisa estar presente
nesses procedimentos a ideia de
fraternidade, que permeia o discurso
humanitário, conectado, acolhedor, que
se aproxima da natureza humana e
diminui a desigualdade social. Nota-se,
portanto, que a necessidade de ações
verdadeiramente humanitárias vem se
agigantando com nitidez em decorrência
da pandemia no planeta, mas, disfarçada
e ironicamente, tudo continua ocorrendo
com naturalidade, dando forma e vida à
nova expressão do momento: 'O NOVO
NORMAL'.
Tereza Color e a representante do mercado municipal de São Paulo com professor Chiquinho.
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