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ÍNDICE
49
Fotos Gilson Abreu/AEN
A
família Santos tem uma tradição
que se repete de tempos
em tempos em Reserva, nos
Campos Gerais. Quando podem, se
reúnem em torno de uma boa mesa
para celebrar a vida. Tudo regado a
muito molho vermelho, com os tomates
colhidos na hora, no quintal de casa.
O fruto faz a alegria do clã há anos.
O patriarca, Sebastião da Silva
Santos, de 55 anos, contabiliza quase
três décadas de lida na roça. Conhece
os altos e baixos da produção como
poucos. Ainda assim, não tem do que
reclamar. Começou com 5 mil pés
plantados no já distante ano de 1994,
começo do Plano Real no País, e agora
bate na casa das 100 mil árvores de
tomate, considerando as duas safras.
Produção de 18 mil caixas por ano. Ou
cerca de 432 mil quilos do fruto. Todos
com um padrão de qualidade que
beira o perfeccionismo.
“É uma vida toda. Antes plantava
feijão e milho, mas decidi migrar
para o tomate quando vi que os vizinhos
começaram a se dar bem. Desde
então, só mexo com tomate”, diz ele,
que espalha o produto pelo Paraná,
Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato
Grosso do Sul.
Trajetória que, inegavelmente, encorajou
o filho. Eleandro Marcos Santos,
de 38 anos, tratou de ter a sua própria
roça. Cerca a cerca com o pai, a propriedade
já tem 40 mil pés de tomate,
o que praticamente dobra a produção
familiar, dando maior poder de negociação
na hora da comercialização.
“Tenho 17 anos de tomate e, com
orgulho, posso dizer que aprendi tudo
com o meu pai”, ressalta o agricultor,
que vê na disparada do dólar um inimigo
a ser combatido com a mesma
força com que tenta proteger a plantação
de pragas indesejadas. “Do ano
passado para cá os insumos ficaram
40% mais caros, atrapalha muito a
nossa vida”.
PRODUÇÃO
Os Santos são essenciais na engrenagem
que fez com que a cidade
de 26.825 habitantes retomasse o
apelido informal de capital paranaense
do tomate. De acordo com o
Departamento de Economia Rural
(Deral) da Secretaria de Estado da
Agricultura e do Abastecimento,
Reserva produziu 32,4 mil toneladas
do fruto no somatório das duas safras,
entre 2019/2020.
Na primeira, de agosto a dezembro
foram 17.550 toneladas. Na segunda,
entre janeiro e maio, mais 14.850
toneladas. Estima-se que hoje o município
tenha em torno de 18 milhões de
pés de tomate, entre grandes e pequenos
produtores. “É muito tomate por
aqui mesmo”, diz Eleandro.
RANKING NACIONAL
A cultura cobre aproximadamente 3,6
mil hectares do Estado, com volume de 221
mil toneladas na última safra. Resultado que
dá ao Paraná uma posição de destaque no
ranking nacional do tomate.
Segundo dados do censo agropecuário
do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a produção comercial de
tomate está distribuída em 24 unidades da
Federação, com estoque nacional estimado
em 3,7 milhões de toneladas. O Paraná é, ao
lado da Bahia, o quarto principal fornecedor
de tomate, respondendo por 6% do mercado.
Fica atrás de Goiás (29%), São Paulo
(23%), Minas Gerais (13%).
O fruto mais comercializado no Brasil
para consumo in natura é o salada longa
vida, seguido pelo italiano e os minitomates
(cereja). “A primeira safra costuma ser
mais significativa do que a segunda. Aqui
no Paraná os núcleos de Ponta Grossa, do
qual Reserva faz parte, Curitiba, Ivaiporã,
Jacarezinho, Cornélio Procópio e Apucarana
são os que mais se destacam”, destaca
o economista do Deral, Marcelo Garrido.
O tomate de Reserva faz parte da série
de reportagens “Paraná que alimenta o
mundo”, desenvolvida pela Agência Estadual
de Notícias (AEN), que mostra o potencial
do agronegócio paranaense.