FEIRAS FRANCAS - Freguesias de Portugal

Geraz do Lima (Santa Maria) tem
mais 8,62 hectares mas a polémica
dos limites continua
O último capitulo da polémica em torno dos limites administrativos
entre as freguesias de Geraz do Lima (Santa Maria) e
Geraz do Lima (Santa Leocádia) foi encerrado com a passagem
de 8,6 hectares para dentro da área geográfica de Santa Maria.
O desentendimento entre Santa Maria e Santa Leocádia por
causa dos limites administrativos não é recente, e nos últimos
anos agravou-se com a publicação da actual Carta Administrativa
Oficial de Portugal, que alegadamente contem erros na demarcação
dos limites no monte de Santa Maria. Na actual Carta,
parte da área do monte de Santa Maria está dentro dos limites
de Deocriste e Santa Leocádia, segundo a Junta de Santa Maria.
Em 2007, realizou-se uma reunião, convocada pela Junta de
Santa Leocádia, com as juntas de freguesia de Carvoeiro, Deocriste,
Portela Susã, Santa Maria e Poiares (concelho de Ponte de
Lima), para dar início ao Processo de Delimitação Administrativa
(PDA). O PDA parece estar longe de estar terminado, uma
vez que, segundo a Junta de Santa Maria, a sua congénere em
Santa Leocádia se desinteressou pelo processo que ela própria
iniciou. A mesma fonte adianta ainda que continuará a trabalhar
no sentido de resolver os problemas, designadamente com
a área que está dentro dos limites administrativos de Deocriste. |
BREVES
Onde está o brasão de Geraz do Lima (Santa Maria)?
Desde 2000 que a Junta de Freguesia iniciou o processo de
criação do brasão para Geraz do Lima (Santa Maria). O brasão
de quatro torres (símbolo de sede concelhia) foi atribuido,
pela Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP), a
Geraz do Lima (Santa Leocádia). Considerando esta situação
injusta, já que os documentos históricos que tem na sua posse
indicam que a sede de concelho foi Santa Maria, a Junta de
Freguesia e uma comissão heráldica, tem vindo a reinvindicar,
desde então, junto da AAP, o brasão com as quatro torres para
a freguesia. Para além disso, a Junta tem contactado também
algumas entidades especializadas em Geneologia e Heráldica. |
Folha de Santa Maria
Agosto 2008
Rancho de Geraz do Lima comemora
XXVII aniversário com Festival
de Folclore
Nos dias 9, 10 e 11 de Agosto, Geraz do Lima (Santa Maria)
recebe um Festival de Folclore no âmbito das comemorações dos 27
anos de existência do Rancho Folclórico das Terras de Geraz do Lima.
Durante os três dias são muitas as iniciativas que decorrerão no Largo
da Feira da freguesia, com especial destaque para Festival de Folclore,
no domingo, pelas 15h00, que conta com as actuações de diversos
ranchos de todo o país, nomeadamente, Santarém, Oliveira do Bairro,
Mesão Frio, Marco de Canavezes, Felgueiras e, claro, Geraz do Lima.
No sábado, quem quiser pode participar no concurso da malha, e divertir-se
com a actuação do “Grupo XYTEMA” que actuará até às 02h00.
A festa termina na segunda-feira, dia 11 de Agosto, com a tradicional
sardinhada ao som do grupo musical “Sucessos”.
O Rancho Folclórico das Terras de Geraz do Lima é uma instituição
cultural que, ao longo dos últimos 27 anos , tem espalhado
o nome de Geraz do Lima além fronteiras. Parabéns! |
Atleta de Geraz do Lima (Santa Maria) ganha medalha em Itália
Domingos Barros ganhou a medalha de bronze no campeonato mundial de pista
CSIT (Confédération Sportive Internationale du Travail) nos 10 mil metros. A prova,
onde participaram 15 países, realizou-se nos dias 3 e 4 de Julho de 2008, em Rimini
(700Km de Milão), Itália. O atleta filiado na Inatel de Braga desde 2000, ficou ainda em
7º lugar nos 5 mil metros. Esta foi a terceira internacionalização de Domingos Barros,
que já foi campeão nacional também dos 10 mil metros. Visivelmemente feliz por ter
conquistado a medalha, Domingos disse à Folha de Santa Maria que se sentiu “orgulhoso
por ter representado o país”. Este campeão tem 40 anos e é atleta desde 1994. |
A.S.M.C.D.G.L. estuda novas iniciativas até final do ano
A Associação de Santa Maria Cultura e Desporto Geraz do
Lima entrou agora num periodo de reflexão para estudar um plano
de actividades para o final do ano.
A curto prazo não existem iniciativas devido à falta de tempo
dos seus associados para se dedicarem à associação. Esta limitação
tem levado à desmotivação e consequente falta de dinamismo.
Porém, é intenção da direcção retomar as rédeas e iniciar um
novo percurso associativo, mais dinâmico e interventivo para a
freguesia. Para tal, fonte da associação disse à Folha de Santa
Maria, que conta também com o apoio de todos os que se queiram
juntar ao projecto para torná-lo melhor. |
Feiras Francas de Geraz do Lima:
200 anos de História e de estórias
Passam agora mais de 200 anos
desde que as Feiras Francas foram instituídas
no então concelho de Geraz do Lima,
por ordem da Câmara. Interrompidas por
diversas vezes, as Feiras Francas já foram
responsáveis pelo maior dinamismo
económico e social que o concelho teve.
Este ano, à semelhança dos anos anteriores,
o Largo da Gândara não se encherá
de gente nem do convívio de outros tempos.
Recentemente, a falta de motivação
associada à responsabilidade que a organização
de um acontecimento desta ídole
provoca, serão, alegadamente, os motivos
que justificam a sua não execução.
Confrontada com a falta de iniciativas
que paira sobre a freguesia, a
Junta adiantou à Folha de Santa Maria
que pretende suscitar a discussão
no sentido de reunir um concenso para
que, em 2009, a feira seja retomada.
UM POUCO DE HISTÓRIA...
Em 1797, as feiras realizaram-se desde
Março até Novembro junto aos Paços
do Concelho, segundo a informação recolhida
por José Viriato Capela no seu estudo
“As contas da Câmara do Concelho de
Geraz do Lima (1753/1833)”. Neste estudo
económico sobre a Câmara de Geraz
do Lima, pode depreender-se nas entrelinhas
que as Feiras Francas foram uma
boa aposta comercial para município.
A renda do barco de passagem que
ia para os cofres municipais aumentou
exponencialmente a partir de 1800. Segundo
a mesma fonte, de cerca de 15
mil reis anuais em 1796, a renda passou
para 35 mil reis em 1805. A razão subjacente
a tal aumento prende-se indubitavelmente
com o aumento do número
de pessoas que vinham do outro lado do
rio para fazer parte da “animação da feira
da sede do concelho” de Geraz. A Câmara
levou tão a sério a organização da
feira que obrigou todos os moradores do
concelho a vir à festa. Quem desrespeitou
essa ordem foi multado com 50 reis.
FEIRA DE GADO
As descrições que se fazem da feira,
apesar de recentes, ilustram bem a alegria
e animação daqueles dias. É comum
ver os mais velhos referirem-se à feira
com um sorriso nos lábios. Naquela feira
comercializava-se gado bovino, onde
actualmente se situa o Largo da Gândara,
e gado suíno e ovino no Largo da Corga.
Os demais produtos típicos de feira
espalhavam-se à volta do centro da freguesia,
enchendo as ruas envolventes
de pessoas e movimento. Algumas descrições
dão conta que durante os dias
de feira a animação era garantida pela
vinda de bombos, bandas de música e
rendilheiras [sic] para dançar e cantar.
Faziam-se restaurantes improvisados
para comer cabrito ou serrabulho,
dançava-se, cantava-se e namorava-se.
FEIRA FOI EXCOMUNGADA
Não se sabe ao certo a data em que a feira
acabou pela primeira vez. Porém, o motivo
que lhe esteve na origem é por demais
Folha de Santa Maria
Agosto 2008
conhecido. Sem rigor histórico, comentase
que, alegadamente, num dos dias de feira
enquanto passava o Senhor aos Enfermos
numa procissão típica daquela época,
um grupo de homens que estava a discutir
e a agredir-se mutuamente não parou para
deixar passar a procissão. O padre, indignado
com a falta de respeito, excomungou
a feira que a partir de então foi perdendo
força até culminar na sua extinção.
ABAIXO ASSINADO IMPEDE VEN-
DA DOS TERRENOS DA FEIRA
Em 1928, um abaixo assinado dos
paroquianos de Geraz do Lima (Santa
Maria) impediu a venda dos lotes nº 2 e
3 do Lugar da Gândara por ser esse o local
da feira e ser sua vontade retomá-la.
Em 1933, dando seguimento ao pedido
de Manuel Barros, o então presidente
da Junta de Freguesia, a Câmara Municipal
de Viana do Castelo deu a autorização
“para que seja novamente restabelecida a
feira do Souto da Gândara desta freguesia”.
Ainda nesse ano foram convocadas as
freguesias de Geraz do Lima (Santa Leocádia),
Moreira de Geraz do Lima, Deão,
Deocriste, Subportela, Vitorino das Donas
e Facha a comparecerem no local da feira
da Gândara para tratar da sua propaganda.
EM 1935 É OFERECIDA A PEDRA
COMEMORATIVA E BANDEIRA
Em 1935, foi erguida no Largo da Feira
uma pedra comemorativa do 2º aniversário
das festas. Faziam parte da comissão
de festas desse ano os seguintes cidadãos:
Domingos Barros da Rocha; Manuel Rodrigues
Pereira; “Pintos da Venda” (Deão),
Manuel Lago Magalhães; Frederico Arriscado
(Deocriste); José Rio de Castro e
Manuel Ribeiro (Geraz do Lima – Santa
Leocádia). Para além da pedra comemorativa,
também foi oferecida uma bandeira,
da qual se desconhece o paradeiro.
A titulo de curiosidade e para dar conta
da importância que as Feiras Francas já tiveram,
em 1948, o presidente da Junta, João
Vicente Gonçalves Pereira enviou um ofício
para a Câmara de Viana a protestar a realização
da Feira da freguesia das Neves nos
mesmos dias da Feira de Geraz do Lima. |