Consangüinidade: A Lagoa tem a solução ... - CRV Lagoa
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ARTIGO TÉCNICO LEITE<br />
Modelo test-day : A nova forma<br />
de cálculo de valor genético<br />
A partir de maio de 2002 o cálculo do valor<br />
genético para a característica de produção<br />
de leite começou a ser feito pelo modelo<br />
test-day (TDM). O TDM é o método mais<br />
avançado de estimativa do valor genético para<br />
as características de produção e foi desenvolvido,<br />
na Holanda, pelo NRS.<br />
Uma das características importantes do TDM<br />
é que são usados os registros diários de<br />
produção de leite (MRP) ao invés de somente<br />
a produção padronizada aos 305 dias e, ainda,<br />
são levadas em consideração as diferenças<br />
em persistência de lactação e taxa de<br />
maturidade das vacas. Persistência significa<br />
o quanto as vacas podem manter seu pico<br />
de produção e taxa de maturidade, refere-se<br />
ao aumento de produção da 1ª para a<br />
3ª lactação.<br />
Antes de Maio, as avaliações eram efetuadas<br />
pelo Modelo de Lactação, que considera a<br />
produção padronizada aos 305 dias, e em<br />
vacas que ainda não atingiram esse período a<br />
produção é prevista com uso de curvas de<br />
lactação padrão, sendo que o fato de algumas<br />
vacas serem mais ou menos persistentes que<br />
a média não era levado em consideração. No<br />
TDM, todos os dados do MRP são incluídos<br />
e a sua vantagem é que os valores genéticos<br />
para persistência também podem ser<br />
calculados. Ao mesmo <strong>tem</strong>po, por aumentar<br />
em cerca de 10 vezes o número de registros<br />
por animal, a comparação de uma vaca com<br />
as outras vacas no mesmo rebanho torna-se<br />
muito mais precisa.<br />
Persistência e taxa de maturidade<br />
Por também calcular o valor genético para<br />
persistência, as diferenças no período de<br />
lactação podem ser mais prontamente levadas<br />
em consideração. Para uma vaca recémparida,<br />
pode-se fazer uma predição mais<br />
acurada a respeito de sua produção no final de<br />
lactação. A informação sobre persistência é<br />
derivada da curva de produção em uma<br />
lactação anterior, essa se houver, e de<br />
informações de parentesco. No TDM, cada<br />
vaca e touro receberão valores genéticos para<br />
lactações 1, 2 e 3. Esse valores genéticos<br />
podem diferir um do outro. Alguns touros,<br />
como Skalsumer Sunny Boy, deixou filhas<br />
que são boas produtoras como novilhas, mas,<br />
na 3ª lactação, elas são ainda melhores. Há<br />
diferenças razoavelmente grandes entre touros<br />
com respeito à taxa de maturidade. Há touros<br />
que, na lactação 3, têm um valor genético para<br />
Inet 50 euros mais baixo ou mais alto do que<br />
na lactação 1.<br />
Peso igual para lactação 1, 2 e 3<br />
Os valores genéticos para lactação 1, 2 e 3 são<br />
combinados em um valor genético total para<br />
kg de leite, % gordura, % proteína, kg gordura,<br />
kg proteína e INET. No valor genético total,<br />
todas as lactações recebem o mesmo peso,<br />
pois pesquisas mostram ser a forma mais<br />
econômica de ponderação em um rebanho. É<br />
verdade que a maioria dos rebanhos leiteiros<br />
<strong>tem</strong> mais novilhas que vacas de terceira<br />
lactação, mas as lactações 2 e 3 merecem<br />
peso adicional porque elas também refle<strong>tem</strong><br />
como as vacas vão se comportar a partir da<br />
4ª lactação.<br />
Para um touro jovem como Crosby, que só<br />
<strong>tem</strong> filhas novilhas, os valores genéticos para<br />
lactação 2 e 3 são baseados no desempenho<br />
da 1ª lactação das suas filhas, combinadas<br />
com as informações disponíveis sobre taxa de<br />
maturidade. Para Crosby, essa informação vem<br />
de seus pais: Havep Marconi e Johanna 141<br />
(filha de Sunny Boy). Logo que suas filhas<br />
começarem a lactação 2, elas definirão a taxa<br />
de maturidade de Crosby e a influência de<br />
seus pais irá rapidamente diminuir.<br />
Valores genéticos estáveis<br />
Por levar a taxa de maturidade e persistência<br />
em consideração, os valores genéticos irão<br />
tornar-se ainda mais estáveis. Isso será notado<br />
principalmente quando a segunda geração de<br />
filhas do touro entrar em produção. Para touros<br />
como Sunny Boy e Jabot, ocorreu no passado<br />
o efeito chamado “rip-dip”, quando um<br />
grande número de filhas da segunda geração<br />
entrou em produção. O modelo de lactação,<br />
que era utilizado e que até então incluía<br />
lactações curtas, não conseguia lidar com a<br />
maturidade tardia das filhas do Sunny Boy e a<br />
boa persistência das filhas do Jabot. As<br />
novilhas não pareciam ser boas o suficiente e<br />
elas levavam a uma queda dos valores<br />
genéticos desses touros quando eram<br />
consideradas as avaliações. Porém, à medida<br />
que elas iam ficando mais velhas seus índices<br />
de produção melhoravam ainda mais. Para<br />
CANAL LAGOA / JULHO 2002<br />
evitar o efeito “rip-dip”, não foram mais<br />
incluídas lactações com <strong>tem</strong>po inferior a 180<br />
dias nas estimativas dos valores genéticos.<br />
Agora, a TDM é capaz de lidar com a<br />
persistência e taxa de maturidade, e as<br />
lactações curtas podem ser incluídas<br />
novamente sem causar o efeito “rip-dip”. Isso<br />
dá mais estabilidade para os touros mais<br />
jovens, como Osmond e Beautiful, porque<br />
suas filhas mais velhas, que já chegaram no<br />
final da primeira lactação ou no começo da<br />
segunda, fornecem as informações sobre<br />
persistência e taxa de maturidade.<br />
Alguns touros tiveram mudanças nos índices<br />
de produção, e essa foi na maioria causada<br />
por um peso maior nas lactações 2 e 3 no<br />
TDM.<br />
A uma primeira análise verifica-se que não há<br />
tendência genética tanto para persistência<br />
como para taxa de maturidade. Isso significa<br />
que a média do valor genético para todos os<br />
touros em IA não aumentou ou diminui nos<br />
últimos 15 anos. A correlação entre persistência<br />
e taxa de maturidade é muito baixa, 0.13.<br />
Se uma vaca é persistente não podemos dizer<br />
nada sobre sua taxa de maturidade. Ao mesmo<br />
<strong>tem</strong>po, não foi encontrada nenhuma correlação<br />
de persistência e taxa de maturidade com<br />
outros valores genéticos, como durabilidade,<br />
sanidade ou conformação corporal. A teoria de<br />
que vacas persistentes têm melhor fertilidade<br />
parece não ser verdade. E é o mesmo para taxa<br />
de maturidade e durabilidade, pois a correlação<br />
entre as duas é zero.<br />
Conclusões<br />
• O modelo test-day será usado para estimar<br />
valor genético para a produção de leite a partir<br />
de maio de 2002<br />
• Todos os dados do MRP são usados,<br />
permitindo o uso de lactações inferiores a<br />
180 dias<br />
• Considerando as taxas de persistência e<br />
maturidade, os valores genéticos serão ainda<br />
mais estáveis<br />
• O valor genético de touros que produzem<br />
filhas com maturidade tardia irá aumentar.<br />
Adaptado e traduzido do artigo de:<br />
A P.W. de Roos, M. Sc., NRS Researcher<br />
I. Hamming, B. Sc., NRS Product Specialist<br />
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