CONTO_COLETIVO_NV

ESCREVER COM AMIGOS 

É AINDA MELHOR

Autores: Alunos da turma 7.ºC 

Responsáveis: 

Professora de Português: Suzanne Carvalho 

Professora de Educação Visual: Dulce Pino 

Professora Bibliotecária: Teresa Pinto 

Formatações texto e imagem: Professor Filipe Rocha 

Ano letivo 2018-19

INTRODUÇÃO 

Estimular a curiosidade, o gosto pela leitura e pela escrita, através da 

expressão de ideias e sentimentos, da partilha de experiências de leitura e 

escrita e do desenvolvimento do sentido estético e criativo, foram o mote 

para a desenvolver esta atividade. 

Assim, a partir da leitura da obra “O Cavaleiro da Dinamarca” de Sophia de 

Mello Breyner, nas aulas de Português, os alunos na biblioteca, em grupo, 

sob a orientação da professora de Português e da professora bibliotecária, 

recriaram personagens e narrativas e formaram novas histórias, 

considerando as viagens do cavaleiro e a descoberta do Mundo dando 

ênfase ao tema trabalhado em Cidadania e Desenvolvimento “Liberdade e 

Direitos do Homem”. Neste percurso realizou-se a articulação com as 

disciplinas de Geografia e História, na definição dos roteiros de viagens 

pelo mundo e na pesquisa de informação sobre aspetos históricos e 

culturais dos países escolhidos, e com a disciplina de Educação Visual no 

registo gráfico das narrativas criadas.

CURA DE MACAU 

No Brasil, na cidade de Marajá do Sena, vivia uma família, que embora muito 

humilde e pobre, era muito feliz! O único sustento da família era o pai, o senhor 

Joaquim, um homem de compleição robusta, com 48 anos, um coração bondoso e 

espírito aventureiro. 

Aurora, a mãe, era muito bonita, com a expressividade dos seus belos olhos 

verdes transmitia esperança e amor não só na família, mas a todos aqueles com 

quem convivia. Ilda e Alexandre eram crianças muito espertas e curiosas, com 

uma alegria e vivacidade contagiantes, mas, também, muito traquinas. 

Certo dia, estava a família reunida ao sabor do aconchego da sua casa, num serão 

em que como habitualmente falavam sobre as aventuras do dia, Aurora disse que 

se estava a sentir tonta e depressa desmaiou. Joaquim, em grande aflição, 

acalmou os filhos, sem pensar duas vezes colocou a maior responsabilidade 

neles, pediu-lhes que tomassem conta da mãe e saiu de casa, o mais rápido 

possível, à procura de ajuda. 

O seu vizinho Alberto foi a primeira pessoa que encontrou, este tomou conta dos 

seus filhos, enquanto Joaquim apoiou Aurora para não deixar de respirar. 

Joaquim sentia as lágrimas a descer pelo rosto, não aguentava a dor de viver 

sem o amor da sua vida. Os vizinhos, que entretanto se aperceberam do sucedido, 

chamaram a ambulância o mais rápido possível. Joaquim faria tudo para voltar a 

sentir o toque suave da sua mulher. 

A ambulância chegou em poucos minutos, retiraram a maca e colocaram Aurora 

em cima. Os paramédicos não hesitaram em usar o desfibrilador, chegaram ao 

hospital numa grande correria e, assim, Aurora seria internada. 

Todos os dias, todas as noites, Joaquim ficava com Aurora à espera de ouvir a sua 

voz. Durante o sono, Joaquim sonhava com uma quimera confusa, sem cores ou 

movimento. Percebeu que essa seria a sua vida sem Aurora. Então, acordou e 

apertou a mão de Aurora, como se não houvesse amanhã, até voltar a adormecer. 

Dormiu, num sono profundo. Sentiu um aperto na mão.

CURA DE MACAU 

Joaquim pensou que estava a sonhar até sentir novamente um toque na sua mão, 

um toque suave e perfeito como o de Aurora. Ela estava acordada. Não podia 

acreditar, mas ele nunca perder a esperança. 

Chamou os médicos. Em poucos segundos, concluíram que havia risco de esta 

situação se repetir e a cura mais próxima estava apenas disponível em França: um 

chá originário de Macau. 

Processando, imediatamente, a informação, Joaquim planeou uma jornada 

organizada, pois teria de pensar nos seus filhos. Rapidamente fez as malas e partiu 

para França. 

Sentia-se ansioso, mal podia esperar para chegar ao hospital mais próximo, onde 

obteria a informação acerca do tal chá “milagroso”. 

Estava muito calor. O mar estava próximo e a temperatura propícia a um mergulho. 

Nesse momento lembrou-se da sua lua-de-mel na praia, com a sua princesa 

encantada, cuja vida dependia de si. Logo reiniciou a sua caminhada, à procura do 

hospital que lhe traria de volta a paz. 

Foi recebido com toda a simpatia, mas infelizmente foi informado de que o chá 

estava esgotado. Sentiu-se a desvanecer, todo o seu esforço tinha sido em vão. Mas, 

mesmo assim, não aceitou a derrota. Então, decidiu partir para Macau. 

Uma das primeiras coisas que viu foi uma banca de chá. Problema resolvido! Mas 

depois de uma viagem tão longa, receou o custo do chá, teria o suficiente?! 

O dono da banca, logo o aclamou. 

-Olá, meu senhor, muito bom dia! Em que posso ajudar? 

-Bom dia! Procuro o “chá de Macau”. A minha mulher sofre de desmaios inesperados 

e os médicos recomendaram este chá para a sua cura. 

-Tenho exatamente o que procura. Mas antes gostaria de lhe expor as 

potencialidades deste chá e a sua origem. Conhece a lenda de Marina? Uma jovem 

linda e de imensa bondade? 

- Não, senhor! Adorava conhecer essa lenda!

CURA DE MACAU 

- Marina era uma jovem de cabelos doirados, de olhos verdes, com pele 

morena e de origem macaense, que tinha uma doença desconhecida. 

Experimentou mil e uma coisas, esperando pela cura. Não aceitava viver sem a 

filha e fez de tudo para a salvar. Certo dia, esgotado e derrotado, viu uma 

banca de ervas e chás medicinais, onde conheceu o chá de Macau. Embora lhe 

custasse acreditar nos benefícios deste chá, comprou uma saqueta. Chegou a 

casa em dois segundos, pôs a água a ferver e deu o chá a beber à filha. E assim 

a bela jovem viveu por muitos e muitos anos, sem doença alguma. É por isso 

que o nosso povo ainda bebe tanto chá! 

Cheio de confiança, Joaquim diz: 

- Comprarei algumas saquetas para a minha mulher. 

- Com certeza! 

Joaquim tira tudo do bolso, apenas encontra algumas moedas. Desesperado, 

não sabe o que fazer. 

-Desculpe, a viagem foi longa e é tudo o que tenho… 

-Meu caro senhor, não sofra mais. Eu não me importo de lhe oferecer o chá de 

Macau, aliás teria todo o prazer em fazê-lo! 

-Muito obrigada, vou ser eternamente grato! 

Joaquim regressava a França. O estado de sua esposa permanecia o mesmo. 

Preparou uma chávena de chá e, no hospital, deu-lho a beber. Esperavam os 

dois que aquela bebida salvasse as suas vidas. Dias depois, Aurora estava 

melhor. Era milagre! 

Regressaram a casa, para junto dos seus filhos, da sua família.

O CICLISTA ESPANHOL 

Era uma vez um ciclista espanhol, Diego Fernandez, de 22 anos, que vivia 

numa mansão em Vigo com sua esposa e os dois cães, Ruca e Rosinha. Este 

foi desafiado a partir numa grande jornada que iniciaria em Vigo e 

terminaria em Roma, cuja duração não conseguia prever. 

Assim, numa manhã de nevoeiro, Diego despediu-se da sua bela esposa e 

dos seus animais de estimação, meteu os pés nos pedais e arrancou. 

A sua primeira paragem foi numa bomba de gasolina em Madrid. O pneu 

da frente esvaziara e aproveitou, também, para comprar uma bebida 

energética, pois o cansaço começava a evidenciar-se. De seguida, partiu 

para Barcelona. 

Quando se aproximava de Barcelona, lembrou-se de um velho amigo que 

morava ali perto, Rafael Nadal, um grande tenista. Pediu para pernoitar em 

sua casa, porque precisava de descansar. Enquanto Diego relaxava na 

luxuosa piscina de Rafael, este treinava para a sua grande competição com 

Roger Federer, o seu grande rival. No dia seguinte, Diego parte rumo a 

Paris. 

A viagem durou dias. Debaixo de um sol tórrido ou de chuvas intensas, 

chegou a Paris. Nesta bela cidade, ficou chocado ao ver os lamentáveis 

danos que o incêndio provocara na catedral de Notre-Dame. E, assim, 

sentiu a necessidade de doar dinheiro para a sua reconstrução. Conheceu o 

novo arquiteto, responsável pela reconstrução da catedral, que lhe contou 

a história de Jean-Baptiste Antoine Lassus, arquiteto desta ilustre catedral. 

“Uma noite, Jean sonhou com uma igreja, onde seria o lugar de seu 

casamento. Casaria em breve com sua amada noiva. Dias se passaram e o 

dia, finalmente, chegou. Nesse dia, tudo estava perfeito, a noiva estava tal e 

qual como Jean sonhara.

O CICLISTA ESPANHOL 

Os convidados sorriam radiantemente. De repente, as pedras da igreja 

começaram a cair sobre todos os convidados, padre e noiva, deixando apenas 

Jean livre de lesões. Os gritos ecoavam pela igreja, o pânico espalhava-se e o 

noivo não sabia o que fazer. O único pensamento que lhe ocorria era sair dali a 

correr. Assim o fez, olhou pela última vez para a sua noiva, que jazia no chão, e 

desatou a correr. 

Jean acordou. Que sonho tão estranho! Ele nem namorada tinha … Como tinha 

tido coragem de deixar todos para trás?! 

Dois anos se tinham passado depois daquele pesadelo. Eis que surge uma 

oportunidade, como arquiteto tinha sido convidado para construir uma 

catedral. Neste momento, o sonho fazia sentido. Ele tinha sonhado com os 

defeitos de uma construção que teria de evitar. Jean, em conjunto com outros 

arquitetos, construíu a catedral de Notre-Dame, onde efetivamente realizaria o 

seu matrimónio anos mais tarde.” 

Por mais que Diego quisesse ficar, este não poderia desperdiçar mais tempo, 

tinha de partir. Dirigiu-se para Toulouse, onde passou 3 dias e 2 noites. Depois, 

partiu para Piedmont, cidade de Itália, onde descansou e, assim, partiu para 

Roma. 

Finalmente, em Roma, Diego uma placa de mérito e reconhecimento e pôde 

usufruir de uma visita guiada pelo centro turístico de Roma, que era um sonho. 

Visitou o Coliseu de Roma, a Torre de Pisa, entre outros. A admiração de Diego 

refletia-se nos olhos de Diego que brilhavam de satisfação. 

O regresso a casa fez-se num jato privado. No mesmo dia, quando chegou, a sua 

mulher abraçou-o e os animais de estimação saltaram para o colo do ciclista. 

Diego sentia-se feliz e completo, pois não só havia realizado um dos seus 

sonhos, mas também porque recebera a notícias que, muito em breve, 

alcançaria outro – ser pai.

O FUTEBOLISTA PORTUGUÊS 

Era uma vez um futebolista do Rio Ave chamado Tarantini. Certo dia, o grupo 

Desportivo Rio Ave apurou-se para a Liga Europa onde ia defrontar o Besiktas 

em Istambul, na Turquia. 

O Besiktas que era uma equipa bastante conhecida - Beşiktaş Jimnastik Kulübü, 

mais conhecido como Beşiktaş é um clube de futebol da cidade de Istambul, 

na Turquia. Fundado em 1903 no distrito de Beşiktaş em Istambul, também 

disputa de outras modalidades desportivas 

como voleibol, basquete, atletismo, desportos eletrónicos, entre outras. 

O primeiro presidente do clube foi Mehmet Şamil Bey e seu primeiro 

campeonato surgiu apenas 8 anos depois da inauguração do clube em 1919. 

O jogo estava marcado para o dia 30 de outubro às 18 horas. Então, eles 

chegaram a Besiktas no dia 10 de outubro. 

No dia seguinte, após o pequeno-almoço, decidiram ir dar uma volta pela 

cidade. Expectantes, começaram a percorrer as ruas e depararam-se com o 

palácio de Bucoleão e, mais à frente, avistaram o palácio de Topkapi. Quando se 

aperceberam, já estava na hora de ir para o treino. Desataram a correr, mas 

Tarantini caiu e, quando se levantou, virou a esquina. Estava só e perdido. Os 

colegas chegaram ao campo e repararam que Tarantini não tinha regressado. 

Tarantini, entretanto, decidira voltar para trás, mas estava demasiado cansado. 

Tentou pedir ajuda, mas não via ninguém naquele beco e, para piorar as coisas, 

começou a chover. Então, ele decidiu abrigar-se debaixo de uma varanda até 

parar de chover ou até avistar alguém, mas anoiteceu e ele acabou por 

adormecer. 

Os colegas preocupados decidiram ir procurá-lo. Na manhã do dia seguinte, 

quando se fez reluzir a primeira luz do dia, já eles estavam a procurá-lo por 

toda a cidade, mas não o encontraram. 

Quando acordou, Tarantini não sabia onde estava. O ambiente que o 

rodeava era de um palácio e, de repente, vê uma mulher elegante que foi ter 

com ele.


Antes de lhe dirigir uma palavra, pediu aos criados que lhe trouxessem o 

pequeno-almoço. A senhora aproximou-se a apresentou-se. Tarantini fez o 

mesmo. Depois de uns minutos de conversa, surgem os criados com o pequenoalmoço. 

Em toda a sua vida nunca tinha visto um pequeno-almoço com tanta 

variedade. Esta “pequena/grande” refeição era digna de um rei. 

Quando acabou de tomar o pequeno-almoço, a senhora foi sentar-se à beira dele 

e continuaram a conversa: 

-Tenho de me ir embora, pois vou ter jogo. 

-Mas onde é que é o jogo? 

-É em Istambul. 

-Mas nós estamos na Bulgária. 

Do outro lado, a sua equipa estava muito preocupada, pois faltava um dia para o 

jogo e estava sem o capitão. 

Então, Tarantini pediu à senhora para o levar ao estádio, pois tinha perdido o 

telemóvel e a carteira. Ela tinha de ir buscar o marido ao aeroporto, mas deixálo-ia 

numa praça próxima e, assim, ele poderia apanhar um táxi. A amável 

senhora deixou-o na praça Slaveykov. 

Assim que saiu do carro, ficou estupefacto com a beleza da praça. O espaço era 

enorme, cheio de cores, com árvores de todos os tipos e feitios, uma fonte no 

meio da praça, um jardim cheio de flores e uma bela rua cheia de cafés e 

restaurantes. Mas ele não podia distrair-se, tinha que apanhar um táxi para o 

estádio. 

Quando chegou ao estádio, faltava uma hora e meia para o jogo. Então, foi a 

correr ate ao balneário. A equipa ficou perplexa quando o viu entrar. 

Perguntaram-lhe o que se tinha passado e ele explicou-lhes. 

O jogo começou e a equipa entrou mal, começaram a perder. Quando 

chegou ao intervalo, estavam a perder 1:0. Então, o treinador ordenou que 

Tarantini entrasse na 2ª parte. E assim o Rio Ave começou a jogar melhor 

com a entrada do seu capitão Tarantini.


Quando o jogo acabou, eles ganharam 2:1, com dois golos de Tarantini que, 

apesar de ter jogado só a segunda parte, foi considerado o melhor em campo. 

Quando regressou a casa, contou tudo à família. Eles ficaram surpreendidos com 

a história e deram-lhe os parabéns pelo jogo.

O MÉDICO PORTUGUÊS 

Há uns anos atrás, para maior desgosto de um famoso médico português, um dos 

seus familiares, que vivia em África, voltou para Portugal bastante doente. Após 

descobrir a doença devastadora que este tinha, fez de tudo para lhe salvar a vida, 

algo que não conseguiu cumprir. Essa frustração que enfrentou com desespero, 

impulsionou-o para a descoberta do tratamento e prevenção da doença. Após um 

longo período de estudo e investigação, eis que reúne as condições para a 

concretização do seu propósito. Em nome do seu ente querido abraça, como 

objetivo de vida, a divulgação desta conquista. 

Com determinação, esperança e coragem, numa chuvosa manhã de abril partiu 

para Angola, para levar esperança de tratamento e cura a este povo com tão 

poucos recursos. Era solteiro e não tinha filhos, então partiu sem nenhuma 

promessa de regresso. Embarcou num navio e demorou dias e dias para chegar 

ao seu destino. Durante a viagem, conheceu uma mulher angolana que 

infelizmente também possuía a tal doença. Foi assim que completou o seu 

primeiro tratamento e aplicou a sua primeira vacina de prevenção. 

Quando desembarcou, dirigiu-se a Cligest-Clínica Vida, em Luanda, onde tentou a 

sua sorte. Ficou surpreendido e triste com as condições em que estava o local. 

Várias pessoas desesperadas encontravam-se à espera de serem atendidas, 

sabendo que provavelmente nunca o seriam. Ao ver tal, decidiu não ficar de 

braços cruzados, comprou uma pequena barraca e foi desta forma que começou o 

seu trabalho, ajudando as pessoas gratuitamente. O seu primeiro paciente já 

estava numa fase avançada da doença, já havia passado anos e nunca tinha sido 

curado. Após dias de tratamento, o paciente estava melhor e depois de tomar 

todos os remédios indicados, já não havia sinal de doença ou debilitação. O 

cliente ficou de tal maneira satisfeito que propagou o trabalho do médico, que em 

dias ficou bastante popular. 

Durante a noite de um longo dia de trabalho, dois médicos desempregados 

apareceram na barraca do português e disseram:


- Bom dia, gostaríamos de colaborar consigo para uma melhoria na saúde 

africana, de forma a ajudar nas doenças mais perigosas de África. 

- Adoraria receber a vossa ajuda, mas eu não cobro qualquer dinheiro para 

os tratamentos. 

- Não faz mal, nós apenas queremos ajudá-lo, pois vimos que já ganhou 

bastante popularidade e com isso trabalho. 

- Mas eu nos vos conheço, como é que vou confiar em vocês? 

-Tudo bem. Contar-lhe-emos a nossa história e como chegamos até aqui. 

-E assim um deles começou a relatar: “Tudo começou quando nos 

conhecemos na Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto. 

Eramos da mesma turma e num instante ficámos bastante amigos. Foi a 

partir daí que começámos uma grande aventura, procurar ajudar o maior 

número de pessoas possível e levar essa missão até ao fim das nossas 

vidas. A nossa primeira etapa foi cumprida com sucesso, conseguimos 

trabalhar em várias cidades de Angola. A nossa rota foi: Ambriz, Soyo, 

Cabinda, Malange, Luena, Menongue, Huambo, Lubango, Namibe, 

Benguela, Lobito, Porto Amboin e, por fim, voltámos para Luanda. Agora 

procuramos um lugar fixo para ficarmos. Claro que não é tudo um mar de 

rosas, por isso, pelo caminho tivemos que enfrentar um monte de obstáculos 

como não ter onde dormir, ficar vários dias sem ter onde dormir, passar 

fome, etc. Mas, no final, conseguimos superar todas as nossas dificuldades. 

Visto que o senhor não cobra nada aos pacientes, teremos que trabalhar em 

outro sítio também, pedimos-lhe que não se sinta incomodado com isso.” 

Não me importo de jeito nenhum. Muito pelo contrário! Muito obrigada pela 

ajuda. Em poucas semanas esta cabana será vossa, por favor cuidem bem 

dela. Eu continuarei a minha rota de forma a levar este tratamento pelo 

mundo fora. 

Agradecemos a sua confiança, não o desiludiremos senhor.


Passaram-se semanas, e foi então que o médico se despediu daquele lugar, 

partindo assim para Moçambique. Foi aí que tudo que tudo mudou ... 

Mal chegou a Tete, cidade de Moçambique, após instalar-se na sua nova casa 

alugada, dirigiu-se ao Hospital Provincial de Tete onde recordou vivências 

passadas. Via exatamente a mesma situação de Luanda: filas enormes, falhas 

enormes, mortes ... 

Desta vez as coisas correram de forma diferente. Quando foi visitar o Hospital 

encontrou outro médico que também avaliava o local. Então, começaram a 

conversar, o outro médico também tinha como principal intenção ajudar e foi 

assim que as coisas ficaram interessantes. Estabeleceram contato durante 

meses e sempre envoltos num mistério. Mas o que será que planejavam?! 

Ao fim de dois meses, foi revelado o suspense e os dois haviam criado... UM 

HOSPITAL! A história de vida do médico português mudara, pois outrora 

queria viajar por toda África. O que o levaria a alinhar neste projeto se nunca 

mais iria pôr os pés em Tete novamente?! Um hospital permitiria ajudar muitas 

pessoas, num determinado local e, em vez dele viajar por toda a África, 

apenas necessitava de criar um espaço com especialistas. O melhor de tudo é 

que era um dos hospitais mais baratos de sempre, sendo muito mais 

acessível. 

Passaram-se quatro anos. Tudo corria bem e foi então que o médico 

encontrou uma mulher que possuía aquela doença há uma década. Era muito 

arriscado e difícil fazer a cirurgia que a poderia salvar. Mas com coragem e 

determinação, o médico disse: 

Se não a conseguir salvar, acabou-se aqui e agora a minha vida. Iremos 

realizar a cirurgia, mas quero os cirurgiões mais experientes em campo! 

Ninguém vai morrer. 

Mas senhor a probabilidade de resultar é de 1% … 

Então vamos reverter a situação.


Foi a cirurgia mais tensa que alguma vez alguém havia presenciado. O 

médico sentia-se mais que obrigado a salvar aquela mulher, mas ele não 

podia desconcentrar-se com os olhos verdes dela, com a pele morena ... 

Parece que alguém estava apaixonado. Acabou a cirurgia. Demorara cerca 

de duas horas, mas valera a pena. Ela estava bem. Como dizer a uma 

paciente o que sentia por ela? 

À noite o médico preparou-se e foi ao quarto da paciente. Depois de 

conversarem sobre a cirurgia, começou a perceber que, se calhar, não era o 

único que sentia alguma coisa... Conversaram muito durante aquela noite. 

Cada dia que passava, o sentimento que nutriam um pelo outro crescia. Até 

que chegou o momento em que ela teve alta. O médico ficou extremamente 

triste, mas tinha de ser. A partir daí, todas as noites, a mulher aparecia à 

frente do hospital para conversar com o médico. Certa noite, o médico, 

finalmente, convidou-a para um encontro. Foi nesse encontro que o médico a 

pediu em namoro e pouco tempo depois sucedeu-se o casamento. 

Após quinze anos, o casal já tinha uma filha chamada Adelaide de 12 anos e 

um filho mais novo chamado Ricardo de 4 anos que amavam e educavam 

muito bem. Viveram vidas boas até que chegou o momento, tiveram que dizer 

adeus ao médico português, herói de África, que revolucionara a medicina. 

Morrera enquanto dormia. A sua família perpetuou o Homem e o seu trabalho, 

escrevendo todo o seu percurso num livro.

O PEDREIRO DA FINLÂNDIA 

Devido à localização geográfica do país, próximo do Ártico, o clima da Finlândia é 

frio. No entanto, a fauna é extremamente diversificada. 

No sul do país, havia uma montanha onde morava uma família muito pobre. O 

sustento da dela centrava-se no trabalho, pouco valorizado e remunerado, do pai 

que era pedreiro. 

Para enfrentar os invernos agrestes e gelados, as crianças desta família 

descobriram, no rio congelado que se encontrava perto da sua casa, uma fonte de 

divertimento e de aquecimento. Utilizavam o rio como pista de gelo e patinavam 

com uns patins velhos que possuíam. 

Passado o Natal, o pedreiro recebeu uma oferta de trabalho na Polónia, o que lhe 

provocou um sentimento contraditório: por um lado, necessitava daquela 

oportunidade, mas, por outro, teria de deixar a sua família, o seu país. 

Convidaram-no para trabalhar numa serralharia, teria uma vida financeira 

melhor e, assim, poderia ajudar a sua família, pelo que decidiu aceitar. 

Partiu no seu velho barco de pesca, atravessando o mar Báltico, para conseguir 

chegar à Estónia. Iria instalar-se em Pãrnu durante uns dias. Junto ao porto, 

encontrou uma cabana que parecia abandonada. Bateu. Ninguém respondeu. 

Como já era de noite e chovia torrencialmente, entrou para se abrigar. Lá dentro 

deparou-se com um velho senhor sentado junto à lareira, que o recebeu com 

muito carinho, dando-lhe de comer e algumas roupas para poder vestir, enquanto 

as suas secavam. 

No conforto daquele lar, o pedreiro sentia-se bem e questionado pelo 

velho senhor sobre o seu cansaço, respondeu que não tinha sono. Então, o senhor 

decidiu contar uma velha lenda de uma princesa que habitara em tempos em 

Pãrnu. Iniciou a narração: “Era uma vez uma princesa, filha única, que vivia num 

castelo muito antigo com seus pais. A princesa era muito rebelde, contrariava 

sempre qualquer ordem de seus pais, fazia imensas asneiras, tornando difícil a 

tarefa de todos, pelo que ninguém gostava dela.


O que ninguém sabia é que a princesa, todos os dias, se encontrava com um 

rapaz, cujo relacionamento já tinha sido proibido pelos pais. Até que houve um 

dia em que a princesa decidiu fugir com o seu amado. Desgostosos e infelizes, 

seus pais mandaram procurá-la por toda a parte, mas nunca mais se ouviu falar 

da rebelde princesa e do seu amado. No castelo, agora em ruinas, existe uma 

fonte de onde brota uma água límpida, mas um pouco salgada. Há quem diga 

que são as lágrimas daquele rei e daquela rainha que ainda hoje choram por 

sua filha. ”. 

Passados dois dias, depois do tempo melhorar, o pedreiro parte para a Letónia, 

onde iria passar a noite em Riga. Deixou o seu pequeno barco e partiu para 

Riga de comboio. Quando chegou já era muito tarde e todas as casas tinham as 

luzes desligadas, menos uma. A casa pertencia a uma mulher que era fanática 

pela leitura de livros da Grécia antiga, pelo que passava a noite a ler. Tocou à 

campainha, passado algum tempo aparece a mulher, praguejando irritada, pois 

pensava que se tratava da entrega atrasada dos livros encomendados. O 

pedreiro esclareceu quem era e o que pretendia, apenas abrigo. A mulher 

surpreendida deixou-o entrar, baixando o tom de voz, indicou-lhe um quarto ao 

lado onde poderia descansar. Antes de fechar a porta dos aposentos, ela ainda 

lhe ordenou que, por motivo algum, lhe voltasse a interromper a leitura. 

Ao nascer do sol, a senhora, que tinha preparado um bom pequeno-almoço, 

convidou-o para se juntar a ela e mais tarde conhecer a cidade de Riga. Os dois 

visitaram as principais atrações de Riga. No entanto, o pedreiro não esquecia o 

seu principal objetivo, tinha que partir para a Lituânia. 

Chegada a hora, parte num cavalo que lhe fora oferecido. Era manso, 

valente e veloz, branco como a neve e com uma estrela na crina. O próximo 

local seria Palanga, uma antiga localidade cheia de histórias e lendas. 

Quando chegou, encontrou um abrigo para sem-abrigos onde o acolheram 

com muito gosto. No decorrer da noite, ouviu outra lenda sobre uma 

donzela e o lobisomem.


“Todas as noites a donzela ouvia um uivo que a encantava e todas as noites 

estranhava. Até que houve um dia que ela, muito curiosa, decidiu ir procurar a 

origem do uivo. Estava cada vez mais próxima do som, até que avista uma 

sombra. Parecia um lobo, mas com a sua aproximação, a sombra desaparece. 

Desesperada corre em frente, numa direção ditada pelo coração. Mais à frente, 

encontrou um homem de costas. Ela começa baixinho a proferir palavras de 

conforto para não o assustar. Quando ele se virou, deparou-se com um 

lobisomem. Apavorada, foge sem rumo nem direção. Nunca mais se viu a donzela 

ou o lobisomem, mas em certas noites de lua cheia ouvem-se uivos e estranhas 

risadas nas florestas densas da região.” 

Após uma longa noite de descanso, eis que o pedreiro retoma o seu caminho. De 

repente, avista uma placa onde está escrito: “Polónia”. Seus pensamentos foram 

de agradecimento a Deus. 

Continuou caminho, desconhecendo o rumo do seu destino - Sosnowiec. Pouco 

depois, avista uma pequena loja, no meio do nada. Estava salvo. 

Faltavam 24km, não havia como aguentar, mas o senhor, proprietário daquele 

pequeno estabelecimento, oferecera-se para o levar na sua velha, mas resistente, 

furgoneta. Quando chegaram, o pedreiro, a quem já não restava uma só moeda, 

agradeceu àquele bondoso senhor a boleia, prometendo que, um dia, o visitaria e 

lhe pagaria pelo gesto. 

Decorridos alguns meses, tendo ganho algum dinheiro que lhe possibilitaria 

abrir um pequeno negócio no seu país, o pedreiro, saudoso da sua família e da 

terra natal, decide partir. Porém, o patrão, satisfeito com o seu trabalho, para 

evitar a sua partida, fez-lhe uma proposta. Com melhores condições de trabalho 

e uma remuneração superior, a família do pedreiro poderia juntar-se a si, no 

entanto, teria de deixar para trás a sua terra natal. A decisão era difícil, mas era a 

solução para muitos dos seus problemas.


Mais tarde, com a família instalada, o pedreiro voltou à loja, a 24km, onde 

pretendia encontrar e recompensar o nobre senhor que o havia ajudado. Para 

espanto dele, o estabelecimento encontrava-se fechado e nem sinal do seu 

proprietário. Regressou a casa e só mais tarde, perante a sua insistência, é que 

pôde saber que aquele bom samaritano havia falecido. A partir de então, este 

bom senhor fez parte das orações diárias do pedreiro, como reconhecimento da 

sua boa ação.

O VIAJANTE COLOMBIANO 

Algures na Colômbia, há umas décadas atrás, um homem pouco conhecido, 

mas muito sábio, decidiu viajar sem destino. Para ele viajar representava 

descoberta. Descoberta do mundo e de si próprio como forma de se abstrair 

de todos os problemas e confusões. 

Colômbia é um país localizado no nordeste da América do sul. Antigamente, 

uma colónia espanhola que ganhou a sua independência em 1819, após a 

Batalha de Boyaca. Este país é a pátria de diversos escritores de renome 

internacional, como Gabriel Garcia Márquez. Além disso, a Colômbia é 

bastante conhecida devido à gastronomia variada e singular, da qual se 

destaca o ensopado de frango. É o berço de diversos géneros musicais, tais 

como a cúmbia e o jazz. 

Este viajante decidiu partir à procura de paz e novas amizades, pois o seu 

país de origem encontrava-se em guerra civil e para agravar ainda mais a 

situação encontravam-se também em conflito com os Estados Unidos da 

América. Pablo Escobar, um narcotraficante candidato à presidência da 

Colômbia, foi o principal motivo da guerra entre dois países e da guerra civil 

colombiana. Este era um dos homens mais ricos do mundo e foi até intitulado 

de “O Senhor da Droga Colombiano”. Enquanto era considerado um inimigo 

do governo dos Estados Unidos e da Colômbia, Escobar era um herói para 

muitos colombianos. Contudo, com o passar do tempo a sua relação com a 

polícia colombiana e americana foi piorando, agravando as guerras e 

matando pessoas inocentes. Já não havia segurança na Colômbia. Então, a 

meados de agosto o viajante colombiano partiu, prometendo aos seus 

familiares e amigos estar de volta em breve. 

Passou meses por terra e mar, chegando a Paris no início de dezembro, onde 

se deparou com um mundo completamente diferente. No momento em que 

pisa terra, este viajante sente uma mistura de sentimentos totalmente 

distintos. Fica surpreso com toda a beleza de Paris, mas com receio de não 

ser aceite num país tão estável.


Na primeira noite em Paris, sem companhia, o viajante colombiano decide 

recolher alguma lenha e fazer uma fogueira na floresta. No meio do silêncio da 

noite, ouviu-se umas vozes. Decide, então, descobrir a origem delas, pensando 

que poderia encontrar alguém que o ajudasse. Por detrás de uns arbustos, 

encontra uma luxuosa casa totalmente isolada na floresta, longe da cidade e da 

confusão. De imediato, é visto por uma mulher idosa, um pouco estranha, mas 

muito simpática chamada Nicole. Esta recebe-o de braços abertos e convida-o a 

entrar em sua casa. Ambos se aquecem na fogueira e Nicole começa por avisá-lo 

dos perigos daquele país. 

Passa-se a primeira, a segunda e terceira noites, até que esta idosa senhora o 

informa que terá de se ausentar por uns tempos e convida-o a acompanhá-la. 

Ele aceita o convite e partem juntos na noite seguinte para Lyon, terra Natal da 

simpática senhora. 

Alojados num prédio com mais de 20 andares, os dois passam lá 5 dias. No dia 

de regresso, o sábio que se encontrava na varanda, avista uma jovem muito 

encantadora, Natalie, uma jovem órfã. Passou alguns instantes sem desviar o 

olhar dela. Nicole apercebeu- se do sucedido, aproximou-se do colombiano e 

começou a contar: 

- Aquela é Natalie, uma pobre refugiada. Não a conheço, mas já ouvi falar um 

pouco dela e da sua história. Fugiu do seu país que se encontrava em guerra, tal 

como tu. Digamos que até têm um passado idêntico! Mas o dela é um pouco 

mais grave. Com apenas 12 anos, o seu pai foi obrigado a combater numa guerra 

onde acabou por morrer. Nessa altura Natalie e sua mãe passaram por muitas 

dificuldades, pois o seu pai era o único que ganhava dinheiro para o sustento da 

casa. Sem ele não havia dinheiro nem para um único pão. Anos depois, nasce 

uma outra guerra no seu país, o que a obriga a fugir com sua mãe. Passaram 

dias e dias por mar sem comer e sem dormir e a sua mãe acabou por não 

resistir, morreu durante a viagem. Restava apenas ela. Natalie estava sozinha 

com uma grande missão: encontrar sítio onde ficar.


Coisa que ela nunca conseguiu. Anda de vila em vila, cidade em cidade, país em 

país sem ter onde dormir. 

O sábio, no primeiro instante, sentira uma grande alteração de espírito. Mal 

vira Natalie, o seu coração enchera-se de amor, mas hesitou, pois depois de 

tudo que tinha passado, sabia perfeitamente que o mundo não era “um mar 

de rosas” e que nada era perfeito. No entanto, neste caso parecia ser. 

Naquele preciso momento nascera um grande amor entre duas pessoas 

cheias de amor para dar e com grandes lições de vida. 

Passou-se um ano e o amor deste casal ainda prevalecia. A cada dia que 

passava, pareciam cada vez mais apaixonados. Com Pablo Escobar morto, a 

guerra terminara e ambos voltaram para a Colômbia.

A escrita com amigos é uma experiência enriquecedora.

CONTO_COLETIVO_NV

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