Fábio Domingos Batista A TECNOLOGIA CONSTRUTIVA EM ...
Fábio Domingos Batista A TECNOLOGIA CONSTRUTIVA EM ...
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Universidade Federal de Santa Catarina<br />
Programa de Pós-Graduação em<br />
Arquitetura e Urbanismo<br />
<strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong><br />
A <strong>TECNOLOGIA</strong> <strong>CONSTRUTIVA</strong> <strong>EM</strong> MADEIRA NA REGIÃO DE CURITIBA:<br />
da Casa Tradicional à Contemporânea.<br />
Dissertação de Mestrado<br />
Florianópolis<br />
2007
<strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong><br />
A <strong>TECNOLOGIA</strong> <strong>CONSTRUTIVA</strong> <strong>EM</strong> MADEIRA NA REGIÃO DE CURITIBA:<br />
da Casa Tradicional à Contemporânea.<br />
Florianópolis<br />
2007<br />
Dissertação apresentada ao<br />
Programa de Pós Graduação em<br />
Arquitetura e Urbanismo da<br />
Universidade Federal de Santa Catarina<br />
como requisito para obtenção do grau de<br />
Mestre em Arquitetura e Urbanismo.<br />
Orientador:<br />
Prof. Carlos Alberto Szücs, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina<br />
Centro Tecnológico<br />
Programa de Pós-Graduação em<br />
Arquitetura e Urbanismo<br />
Área de Concentração:<br />
Projeto e Tecnologia do Ambiente Construído.<br />
Linha de Pesquisa:<br />
Sistemas e Processos Construtivos<br />
<strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong><br />
A <strong>TECNOLOGIA</strong> <strong>CONSTRUTIVA</strong> <strong>EM</strong> MADEIRA NA REGIÃO DE CURITIBA:<br />
da Casa Tradicional à Contemporânea.<br />
Dissertação de Mestrado<br />
Florianópolis<br />
2007
<strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong><br />
A <strong>TECNOLOGIA</strong> <strong>CONSTRUTIVA</strong> <strong>EM</strong> MADEIRA NA REGIÃO DE CURITIBA:<br />
da Casa Tradicional à Contemporânea.<br />
Esta dissertação foi julgada para a obtenção do grau de<br />
MESTRE <strong>EM</strong> ARQUITETURA E URBANISMO<br />
na especialidade de PROJETO E <strong>TECNOLOGIA</strong> DO AMBIENTE CONSTRUÍDO<br />
- SIST<strong>EM</strong>AS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS e aprovado na sua versão<br />
final pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo<br />
- Pós-ARQ da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.<br />
Florianópolis, 14 de junho de 2007.<br />
Orientador/Moderador/Presidente: Dr. Carlos Alberto Szücs, Pós-ARQ/UFSC<br />
Coordenadora do Pós-ARQ: Dra. Alina Gonçalves Santiago<br />
BANCA EXAMINADORA:<br />
Avaliador 1: Dra. Ângela do Valle<br />
Avaliador 2: Dr. Wilson Jesus da Cunha Silveira<br />
Avaliador Externo ao Programa: Dr. Key Imaguire Jr. CAU/UFPR
B333t. <strong>Batista</strong>, <strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong>.<br />
A Tecnologia Construtiva em Madeira na Região de Curitiba:<br />
da Casa Tradicional à Contemporânea / <strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong>; orientador<br />
Carlos Alberto Szücs. – Florianópolis, 2007<br />
181f.:il.<br />
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina,<br />
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2007.<br />
Inclui bibliografi a<br />
1. Sistemas Construtivos em Madeira. 2. Casa de Araucária. 3. Préfabricação.<br />
4. RVPSC. 5. Arquitetura em Madeira. I. Szücs, Carlos Alberto.<br />
II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em<br />
Arquitetura e Urbanismo. III. Título.<br />
CDD 721.0448
O T<strong>EM</strong>PO<br />
“O Tempo é o maior tesouro que um homem pode dispor;<br />
embora incomensurável, o tempo é o nosso melhor alimento;<br />
sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso<br />
bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim;<br />
é um pomo exótico que não pode ser repartido, podendo<br />
entretanto prover igualmente a todo mundo; onipresente, o<br />
tempo está em tudo; existe tempo, por exemplo nessa mesa<br />
antiga: existiu primeiro uma terra propícia, existiu depois<br />
uma árvore secular feita de anos sossegados, e existiu<br />
finalmente uma prancha nodosa e dura, trabalhada pelas<br />
mãos de um artesão dia após dia; existe tempo nas cadeiras<br />
onde sentamos, nos outros móveis da família, nas paredes<br />
de nossa casa, na água que bebemos, na terra que fecunda,<br />
na semente que germina, nos frutos que colhemos, no pão<br />
em cima da mesa, na massa fértil de nossos corpos, na luz<br />
que nos ilumina, nas coisas que nos passam pela cabeça,<br />
no pó que dissemina, assim em tudo que nos rodeia; rico<br />
não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de<br />
moedas, e nem aquele devasso, que se estende, mãos e<br />
braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu,<br />
piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se<br />
dele com ternura, não contrariando suas disposições, não<br />
se rebelando contra seu curso, não irritando sua corrente,<br />
estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com<br />
sabedoria para receber dele os favores e não sua ira; o<br />
equilíbrio da vida depende essencialmente desse bem<br />
supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar,<br />
ou de espera, que se deve por nas coisas, não corre nunca<br />
risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é”<br />
Casas de madeira da família <strong>Domingos</strong><br />
no Norte Velho do Paraná.<br />
Fonte: Acervo do autor,<br />
data provável: década de 50.<br />
Fonte:<br />
NASSAR, R. Lavoura Arcaica.<br />
São Paulo: Companhia das Letras, 1989.<br />
I
MINHA VISÃO DA ARQUITETURA<br />
A minha intenção com este trabalho, é estudar a arquitetura<br />
de madeira e compreender como uma arquitetura feita<br />
sem arquitetos atingiu este alto grau de complexidade e<br />
diversificação, sendo o sistema construtivo tão simples.<br />
Durante meus primeiros anos na graduação, sempre me<br />
questionei qual postura adotar frente ao projeto. Qual<br />
seria a melhor forma de interação arquiteto/cliente.<br />
Nossas universidades não nos preparam para o cliente. A<br />
arquitetura é sempre o objeto final, contudo o cliente ocupa<br />
funções diversas no ato de projetar: ora um catalisador<br />
que proporciona um objeto arquitetônico singular, ora<br />
um complicador, que nos impede de criar tal objeto.<br />
A arquitetura traz em si o reflexo da individualidade,<br />
ilusão esta criada pela modernidade. A ilusão do<br />
homem como indivíduo, do homem como criador, que<br />
munido de inspiração é capaz de sozinho mudar o<br />
mundo com uma simples idéia ou ação. Esta ilusão<br />
desvincula o homem do meio em que está inserido,<br />
esquecendo que o meio é o principal responsável pelo<br />
ato de criação e que este ato é sempre coletivo.<br />
Minha formação foi embasada no mito do arquiteto brilhante,<br />
aquele munido de talento, que figurará entre vários nomes<br />
da arquitetura internacional, que com um simples risco,<br />
é capaz de mudar os rumos da arquitetura, de alterar as<br />
relações do indivíduo, com o seu meio e espaço. Minha<br />
busca na arquitetura foi um pouco diferente, meu fim maior<br />
sempre foi o cliente, não o objeto arquitetônico em sí. Vi na<br />
interação arquiteto/cliente um desafio maior, o de perceber o<br />
cliente, como ele vive e quais seus anseios. Tentei conhecêlo<br />
antes de pensar na arquitetura para ele e durante a fase<br />
de projeto, tento muni-lo do máximo de informações para que<br />
as minhas decisões de projeto sejam divididas com ele. Que<br />
minha participação seja pequena, porém importante e que,<br />
no final, quando a obra esteja concluída, as pessoas digam:<br />
“Que bonita a casa de fulano”. E não se<br />
lembrem do nome do arquiteto.<br />
É o que acontece com a “Casa de Araucária”. Temos poucos<br />
autores conhecidos. É uma arquitetura anônima de produção<br />
coletiva. Produzida com estreito vínculo entre o cliente e o<br />
construtor, vínculo este esquecido na arquitetura moderna.<br />
Casas de madeira da família <strong>Domingos</strong><br />
no Norte Velho do Paraná.<br />
Fonte: Acervo do autor,<br />
data provável: década de 50.<br />
II
AGRADECIMENTOS<br />
Primeiramente, agradeço a Deus da maneira que o concebo, ainda que<br />
um pouco indefinida, porém com a certeza de que me ajudou bastante.<br />
A minha família, com ênfase nos meus avós maternos,<br />
minha mãe, meus irmãos, afilhados, tios e primos.<br />
A meus professores, sendo a maioria deles de escola pública.<br />
À Universidade Federal do Paraná, pela minha graduação, onde<br />
tive o privilégio de cursar Arquitetura e Urbanismo em uma<br />
universidade pública e gratuita com ensino de qualidade.<br />
A Universidade Federal de Santa Catarina, pela oportunidade de<br />
cursar mestrado e renovar meus conhecimentos acadêmicos em<br />
uma universidade pública e gratuita com ensino de qualidade.<br />
A meu orientador, o professor Carlos Alberto Szücs, pela<br />
paciência de me guiar pelo mundo da construção em madeira.<br />
Ao professor Key Imaguire Júnior, mentor e amigo, que me<br />
guiou dentro da arquitetura brasileira já nos primeiros anos<br />
da graduação e um dos principais responsáveis pelo meu<br />
interesse pela arquitetura tradicional de madeira.<br />
Aos membros das bancas de qualificação e defesa:<br />
professora Ângela do Valle, Key Imaguire Júnior, Sílvia<br />
Correa e Wilson Jesus da Cunha Silveira<br />
Aos professores do Pós-ARQ, com ênfase na professora<br />
Sílvia Correa, professora Vera Bins Ely, professora<br />
Marta Dischinger e professor Fernando Ruttkay.<br />
À Ivonete, pela atenção e competência.<br />
Aos meus amigos que me ajudaram muito durante este processo,<br />
ora com alguma foto de casas de madeira, ora pelas longas<br />
conversas e conselhos durante a grande fase de transição pessoal<br />
e profissional que caracterizou meu mestrado, sendo em especial<br />
ao Maurício, Gerson, Ramon, Aline, Karina, Lindy, Jussara, Jardel,<br />
Zé, Sandra, Alexandre, Bia, Fabiani, Gislaine, Yole, Adriano,<br />
Jack, Bruno Rággio, Simone, Adierson, entre tantos outros.<br />
Aos meus amigos e colegas de mestrado Gabriela,<br />
Michele, Cristian, Themis, Miguel, Cláudio, Cláudia,<br />
Virgínia, Douglas, Alberto, Alexander entre outros.<br />
Aos meus colegas da Ambiens e da Arquibrasil, pessoas por quem<br />
tenho grande admiração e respeito pessoal e profissional.<br />
A Marialba Rocha Gaspar Imaguire que me ajudou com a maioria dos<br />
levantamentos fotográficos e em todo o processo do mestrado.<br />
Ao professor e amigo José La Pastina, pela<br />
ajuda durante o processo de seleção.<br />
Ao Emerson, pela ajuda com o plano de mestrado durante a<br />
fase de seleção e pelo tempo de amizade e trabalho.<br />
A Yole e a Gislaine pela tradução do resumo, a Carolina<br />
pela ajuda com o texto e ao Marcelo pelas fotos.<br />
A todos os meus clientes que me possibilitaram<br />
conhecer intimamente a arquitetura.<br />
À Bárbara e a Leila pela ajuda profissional e pessoal.<br />
A meus colegas de trabalho André, Bruno, Renato e Igor.<br />
A todos os proprietários e moradores de casas de madeira, que por seu<br />
ato de resistência ao que chamamos de “modernidade” e “progresso”<br />
nos oferecem a possibilidade de estudar esta importante arquitetura.<br />
Esta dissertação é uma produção coletiva.<br />
Gosto muito da frase do Newton que diz:<br />
“se ví longe foi porque subi no ombro de gigantes”.<br />
Muito Obrigado!<br />
Construção mista. Paredes externas<br />
de alvenaria e internas de madeira.<br />
Propriedade da família <strong>Domingos</strong><br />
no Norte Velho do Paraná.<br />
Fonte: Acervo do autor, sem data.<br />
Construção de madeira no Vale da<br />
Ribeira, entre o Paraná e São Paulo.<br />
Foto: Maurício A. Maas, 1993.<br />
III
RESUMO<br />
O presente trabalho tem como objetivo o estudo<br />
comparativo entre as construções residenciais em<br />
madeira no sistema tradicional conhecido como<br />
”tábua e mata-juntas” e as feitas com tecnologias<br />
contemporâneas.<br />
As construções tradicionais foram nomeadas por<br />
IMAGUIRE (1993) como “Casa de Araucária”, em<br />
função da madeira utilizada ser proveniente da<br />
Araucária angustifolia.<br />
A análise é feita ao longo da passagem do tempo,<br />
sendo estudada a evolução do sistema construtivo<br />
tradicional até seu esgotamento e a comparação<br />
desta com os sistemas construtivos atuais.<br />
O recorte do tema se dá pelo viés da pré-fabricação<br />
e pela delimitação geográfica, sendo focada a região<br />
metropolitana de Curitiba.<br />
Outra questão abordada é o acesso à moradia. Para<br />
tanto foi pesquisada uma empresa que produziu casas<br />
de madeira para seus funcionários no sistema em<br />
questão, que se trata da Rede Viação Paraná Santa<br />
Catarina – RVPSC.<br />
As construções contemporâneas analisadas são em<br />
madeira proveniente de florestas plantadas ou nativas,<br />
tendo em comum a possibilidade de industrialização<br />
e pré-fabricação.<br />
Palavras-chave: sistemas construtivos em madeira,<br />
Casa de Araucária, pré-fabricação, RVPSC, arquitetura<br />
em madeira.<br />
IV
ABSTRACT<br />
This work aims to compare residential constructions<br />
in wood, under the traditional system known as “tábua<br />
e mata-juntas” and the contemporary technologies.<br />
The traditional constructions were nominated by<br />
IMAGUIRE (1993) as the “Araucaria House”, because<br />
the wood which was used was extracted from the tree<br />
Araucaria angustifolia.<br />
The analysis is made throughout time, upon the evolution<br />
of the traditional system, until its exhaustion, and the<br />
comparison with current construction systems.<br />
The focus of the analysis is based on pre-fabrication and<br />
the geographical limitation, which is the metropolitan<br />
region of Curitiba.<br />
The other topic brought to discussion is the access<br />
to housing. For that, there is the analysis of the<br />
company responsible for building the houses for its<br />
employees, the Rede Viação Paraná Santa Catarina<br />
– RVPSC[1].<br />
The contemporary constructions being analysed in<br />
this work are made by wood originated from native or<br />
grown forests, both having in common the possibility<br />
to industrialization and pre-fabrication.<br />
Key-words: construction systems in wood, Araucaria<br />
House, pre-fabrication, RVPSC, architecture in<br />
wood.<br />
[1] The only train company at that period, when it was the main means<br />
of transportation on the states of Paraná and Santa Catarina, in south Brazil.<br />
V
RESUMEN<br />
El objeto de este trabajo es el estudio comparativo<br />
entre: construcciones residenciales en madera del<br />
sistema tradicional, conocido como “tabla y mata-juntas”<br />
y las hechas con tecnologías contemporáneas.<br />
Las construcciones tradicionales fueron designadas<br />
por IMAGUIRE (1993) como “Casa de Araucária”,<br />
debido a que la madera utilizada provenía de la<br />
Araucaria angustifolia.<br />
El análisis es temporal, y se ha hecho un trabajo<br />
exhaustivo con el estudio de la evolución del sistema<br />
constructivo tradicional y la comparación de este con<br />
los sistemas constructivos actuales.<br />
La línea de estudio electa se configura por la<br />
prefabricación dentro de la delimitación geográfica,<br />
con especial interés en la región metropolitana de<br />
Curitiba.<br />
Otra cuestión analizada es el acceso a la vivienda.<br />
Y para tal se investigo una fábrica que producía<br />
casas de madera para sus empleados con el sistema<br />
mencionada. Se trataba de la Red Viaria Paraná Santa<br />
Catarina –RVPSC.<br />
Las construcciones contemporáneas analizadas están<br />
hechas en madera sacadas de bosques de reforestación<br />
o de bosques autóctonos; con la posibilidad de<br />
industrialización y de prefabricar.<br />
Palavras-clave: sistemas constructivos de madera,<br />
Casa de Araucaria, prefabricados, RVPSC, arquitectura<br />
en madera.<br />
VI
RELAÇÃO DE FIGURAS<br />
Figura 1.1 - Casa de troncos na Colônia Muricy - município de São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.2 - Serraria de pinho, propriedade de Zarpelão e Burgo - Iraty – PR. Fonte: Álbum do Estado do Paraná, 1920.<br />
Figura 1.3 - Foto com o pinheiro sendo derrubado. Fonte: SCHEIER, P. O Paraná<br />
no seu Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />
Figura 1.4 - “criança olha o cemitério de toras após a batalha das derrubadas” Fonte: SCHEIER,<br />
P. O Paraná no seu Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />
Figura 1.5 - Frente de expansão do norte do Paraná - Fonte: Museu Paranaense, sem data.<br />
Figura 1.6 - Conjunto de edificações de madeira com o pinheiral ao fundo. Área<br />
rural de Prudentópolis-PR. Foto Marialba R. G. Imaguire, 2006.<br />
Figura 1.7 - Casa Travessa Armando Mann, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 1.8 - Casa São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.9 - Comunidade rural no Paraná, não identificada.<br />
Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no seu Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />
Figura 1.10 - Casa de madeira sendo gradativamente substituída por alvenaria.<br />
Rua Jacarezinho, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.11 - Casa de madeira à venda. Rua Trajano Reis, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.12 - Casa de madeira sendo demolida. Rua Trajano Reis, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.13 - Mapa com o remanescente da Floresta de Araucária. Fonte: CN-RBMA - Projeto<br />
Inventário dos Recursos Florestais da Mata Atlântica, site www.rbma.org.br .<br />
Figura 1.14 - Casa produzida pela U.S. Home, com sede em Curitiba, no sistema<br />
steel frame. Site www.ushome.com.br. Acesso em 15 de abril de 2007.<br />
Figura 1.15 - Casa modelo Dinamarca, produzida pela M.B. representações em Curitiba.<br />
Site www.casascuritibasp.com.br. Acesso em 15 de abril de 2007.<br />
Figura 1.16 - Casa em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 1.17 - Casa em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 1.18 - Casa em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 1.19 - Casa Rua Henrique Itiberê da Cunha, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.20 - Casa Rua Pe. Francisco Aulling, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.21 - Casa Rua <strong>Domingos</strong> Nacimento, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.22 - Casa Rua Dr Raul C. Filho, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.23 - Casa Rua Ângelo Sampaio, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.24 - Casa Rua José Kloss, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.25 - Casa na área rural de Almirante Tamandaré. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.26 - Casa Rua Ubaldino do Amaral, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.27 - Casa Rua Itupava, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.28 - Casa Rua Pnta. Luís Thomaszeck, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 1.29 - Casa em Rio Claro do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.30 - Casa em Rio Claro do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.31 - Casa Rua Francisco Scremin em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.32 - Casa Rua Nicola Pellanda em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.33 - Casa Rua Nicola Pellanda em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.34 - Casa Colônia Muricy em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.35 - Casa em Irati-PR. Foto Marialba R. G. Imaguire, 2005.<br />
Figura 1.36 - Casa em Cruz Machado-PR. Foto Marialba R. G. Imaguire, 2005.<br />
Figura 2.1 - Projeto da Praça do Comércio, Projeto feito por Grandjean Montegny em 1819-<br />
20. Coleção Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. Fonte: BANDEIRA, J.; XEXÉO, P. M. C.;<br />
CONDURU, R. A Missão Francesa. Rio de Janeiro: Sextante Artes, 2003.<br />
Figura 2.2 - Amazônia: A Arte da Vida Ribeirinha. foto Pedro Martinelli, sem data.<br />
Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura do Brasil. São Paulo: Editora Abril, 1999.<br />
Figura 2.3 - Disney Concert Hall. Projeto do arquiteto Frank Gehy. Fonte: http://<br />
blog.miragestudio7.com. Acesso em 19 de abril de 2007<br />
Figura 2.4 - Mestre Carpinteiro. Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no Seu<br />
Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />
VII
Figura 2.5 - Casa Bandeirista. Fonte: BARDI, P. M. Engenharia e Arquitetura<br />
na Construção. São Paulo: Raizes Artes Gráficas, 1985.<br />
Figura 2.6 - Maloca Yanomami. Foto de René Fuerst, 1961.<br />
Fonte: site www.socioambiental.org. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.7 - Casa Rua Nicola Pelanda no Umbará em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.8 - Casa em Irati-PR. Foto de Jussara Valentini, 2007.<br />
Figura 2.9 - Casa Farnsworth do arquiteto Mies Van der Rohe. Foto de Maria Thereza,<br />
2005. Fonte: www.farnsworthhousefriends.org. Acesso em 19 de abril de 2007<br />
Figura 2.10 - Detalhe das janelas substituida por panos de vidro. Casa Rua Manoel Ribas em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.11 - Janelas com vários ar-condicionados. Fonte: http://wordsimages.<br />
blogspot.com. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.12 - Conjunto do BNH em Ji-Paraná-Ro, sem data. Fonte: http://<br />
biblioteca.ibge.gov.br. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.13 - Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.14 - Detalhes internos. Casa Pereira em São Mateus do Sul-<br />
PR. Foto de Marialba Gaspar Rocha Imaguire, sem data.<br />
Figura 2.15 - Serraria de Pinho, propriedade de Nicolau Harmuch em<br />
Iraty – PR. Fonte: Album do Estado do Paraná, 1920<br />
Figura 2.16 - Serraria Santo Antônio, Município de Rebouças–PR. Fonte: Album do Estado do Paraná, 1921.<br />
Figura 2.17 - Detalhe dos lambrequins e soltura do oitão. Foto Marialba Gaspar Rocha Imaguire, sem data<br />
Figura 2.18 - Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”. Colônia Muricy<br />
em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.19 - Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”. Colônia Muricy<br />
em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.20 - Conjunto arquitetônico de uma fazenda de café em Japira-PR. A Foto de Maurício Maas, 1985.<br />
Figura 2.21 - Detalhe pilar do Sítio do Padre Inácio em Cotia-SP. Foto sem autor e data. Fonte: Curso de<br />
Arquitetura e Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 2.22 e figura 2.23 - Rio de Janeiro: A Paisagem de Lúcio Costa. foto Nana Moraes, sem data.<br />
Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura do Brasil. São Paulo: Editora Abril, 1999.<br />
Figura 2.24 - Igreja do Espírito Santo do Serrado em Uberlândia-SP.<br />
Fonte: FERRAZ, M. C. Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1993.<br />
Figura 2.25 - Residência Severiano Porto, Manaus AM, 1971. Arquiteto Severiano Mário Porto. Foto Severiano Porto.<br />
Fonte: www.vitruvius.com.br. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.26 - Escada do Solar do Unhão em Salvador-BA. Fonte: FERRAZ, M. C.<br />
Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1993.<br />
Figura 2.27 - Projeto da Escada do Solar do Unhão em Salvador-BA. Fonte: FERRAZ, M.<br />
C. Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1993.<br />
Figura 2.28 - Maquete eletrônica do Shopping Estação Plaza Show em Curitiba-<br />
PR.Fonte: www.amanha.terra.com.br. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.29 - Tenerife Ópera House do arquiteto Santiago de Calatrava iniciada<br />
em 1991. Fonte:www.arch.mcgill.ca. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.30 e figura 2.31 - Edifício construído na década de 90 para abrigar<br />
a Sede do IPHAN em Tiradentes-MG. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.32 - Vista da Rua XV de Novembro provavelmente no final do século<br />
XIX. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />
Figura 2.33 - Vista da Rua XV de Novembro provavelmente no início do<br />
século XX. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />
Figura 2.34 - Vista do bairro Batel, 1906. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />
Figura 2.35 - Casa Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.36 - Casa Rua Henrique Itiberê da Cunha em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.37 - Conjunto arquitetônico na Colônia Mariental em Balsa Nova-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.38 - Serraria de Pinho no Paraná, 1906. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />
Figura 2.39 - Habitações temporárias para os imigrantes ucranianos em Prudentópolis-<br />
PR datadas do final do século XIX. Fonte: Museu do Milênio em Prudentópolis-PR.<br />
Figura 2.40 - Casa de Peroba da década de 50 em Londina-PR. Fonte: ZANI,<br />
L. C. Arquitetura em Madeira. São Paulo: IMESP, 2003.<br />
Figura 3.1 - Mata de Araucária. fonte: SCHEIER, P. O Paraná no Seu<br />
Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />
VIII
Figura 3.2 - Detalhe da parede de tábua e mata-juntas. Casa Erbo Stenzel,<br />
parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005<br />
Figura 3.3 - Serraria de pinho, propriedade de Zarpelão e Burgo - Iraty – PR . Fonte Album do Estado do Paraná, 1920.<br />
Figura 3.4 - Mapa da Ocorrência da Mata de Araucária. Fonte CN-RBMA - Projeto Inventário dos<br />
Recursos Florestais da Mata Atlântica, site www.rbma.org.br. Acesso em 22 de abril de 2007.<br />
Figura 3.5 - Casa tradicional na Islândia. fonte: GAUZIN-MULLER, D. Le Bois Dans La Contruction. Paris: Le Montier, 1990.<br />
Figura 3.6 - Casa Cruses, 1895 em Puren, Chile. fonte site www.municipalidadpuren.<br />
blogspot.com. Acesso em 22 de abril de 2007.<br />
Figura 3.7 - Conjunto de casas de imigração italiana em Antônio Prado-RS. Fonte:<br />
site www.cameraviajante.com.br. Acesso em 22 de abril de 2007.<br />
Figura 3.8 - Casa com lambrequins. Rua Desembargador Motta em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006<br />
Figura 3.9 - Imagem da casa “dita polonesa” na periferia de Curitiba. Fonte: WEIMER,<br />
G. Arquitetura Popular Brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 2005<br />
Figura 3.10 - Lambrequins. Fonte: acervo do autor.<br />
Figura 3.11 - Maquete de detalhe construtivo de telhado com lambrequins. Fonte: Curso de Arquitetura<br />
e Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 3.12 - Casa na Rua Anita Garibaldi, bairro Barreirinha em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.13 - Casa de alvenaria em Almirante Tamandaré-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.14 - Casa no bairro Vila Isabel em Curitiba-PR, com a mesma volumetria da<br />
figura 3.13, porém com as proporções menores. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.15 - Projeto de casa de madeira em Curitiba no início do século XX. Fonte: SUTIL,<br />
M. Arquitetura Eclética de Curitiba. Curitiba: Máquina Produções, 2002.<br />
Figura 3.16 - Projeto de casa de madeira com frente em alvenaria em Curitiba no início do século<br />
XX. Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética de Curitiba. Curitiba: Máquina Produções, 2002.<br />
Figura 3.17 - Casa de madeira com frente em alvenaria nas imediações da área<br />
central em Curitiba-PR (Rua Marechal Floriano). Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.18 - Casa de madeira nas imediações da área central em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.19 - Casa de madeira com frente em alvenaria nas imediações da área central em Curitiba-PR<br />
(Rua Celestino JR.) Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.20 - Casa de madeira com frente em alvenaria nas imediações da área<br />
central em Curitiba-PR (Rua Francisco Torres). Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.21 - Casa de madeira nas imediações da área central em Curitiba-PR (Rua Dr. Faivre). Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.22 - Desenho da Casa já demolida na Rua Prudente de Moraes. Fonte: Curso de Arquitetura<br />
e Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 3.23 - Casa Rua XV de Novembro em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.24 - Casa Rua 21 de Abril em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.25 - Casa Rua Desembargador Motta em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.26 - Casa Rua Júlia Wanderley em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.27 - Casa Rua Desembargador Vieira Cavalcanti em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.28 - Casa Rua 24 de Maio em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.29 - Casa Rua Virgínio de Oliveira Mello em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.30 - Casa Rua Nicola Pelanda no Umbará em Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 3.31 - Casa em alvenaria na Rua Carlos Cavalcanti em Curitiba-PR, datada de 1906. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.32 - Casa em Ouro Preto-MG, datada provavelmente do início do século XX. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.33 - Casa em Tiradentes-MG, datada provavelmente do início do século XX. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.34 - Casa em Itaiópolis-SC. Detalhe de pintura decorativa na varanda. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.35 - Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.36 - Casa Rua Alberto Foloni em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.37 - Casa em alvenaria Rua Duque de Caxias. em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.38 - Casa em madeira Rua Marechal Deodoro em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.39 - Casa Rua Francisco Alves Guimarães em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.40 - Conjunto de casas rua Julia Wanderley em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.41 - Casa Rua Noel Rosa em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.42 - Casa em Ivaí-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.43 - Casa Rua Francisco Alves Guimarães em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
IX
Figura 3.44 - Casa Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.45 - Casa Rua Frei Gaspar da Madre de Deus Ramos em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.46 - Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”. Colônia Muricy<br />
em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.47 - Casa de tábuas e mata-juntas. Colônia Muricy em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.48 - Casa mista com frente em alvenaria e restante em tábuas e matajuntas.<br />
Rua Guaratuba em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.49 - Casa Rua Ulisses Vieira em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.50 - Casa Rua Carlos de Paula Soares em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.51 - Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”. Colônia Muricy<br />
em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.52 - Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.53 - Casa em Rio Branco do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.54 - Casa Rua Paulo Martins em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.55 - Casa Rua Desembargador Vieira Cavalcanti em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.56 - Casa Rua Alcides Munhos em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.57 - Casa Rua Cel. Agostinho de Macedo em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.58 - Vista do alto das Mercês em 1906, Curitiba-PR. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />
Figura 3.59 - Casa tipo chalé em série. Rua Guaratuba em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.60 - Casa tipo bungalows em série. São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.61 - Casa tipo quatro águas em série. Rua Júlia Wanderley em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.62 - Casa tipo quatro águas em série. Rua Pe. Agostinho em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.63 - Casa tipo modernista em série. Rua Alvaro Jorge em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.64 - Casa mista tipo luso-brasileira. Rua 7 de Setembro em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.65 - Casa mista tipo Chalé. Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.66 - Casa mista tipo Bungalows. Rua Guaratuba em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.67 - Casa mista com telhado em quatro águas em série. Rua Colombo em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.68 - Casa mista com telhado em quatro águas em série. Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.69 - Detalhe das peças de uma Casa de Araucária do início do século XX<br />
sendo demolida. Rua Trajano Reis em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.70 - Detalhe das peças de uma Casa de Araucária do início do século sendo<br />
demolida. Rua Trajano Reis em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.71 - Detalhe do lambrequim de uma Casa de Araucária do início do século XX<br />
sendo demolida. Rua Trajano Reis em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.72 - Detalhe do pilarete de fundação em madeira de alta densidade. Papanduva-SC. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.73 - Detalhe do pilarete de fundação em alvenaria. Rua Pe. Anchieta em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.74 - Detalhe do fechamento do vão entre o solo e o piso da casa<br />
em madeira. Rio Claro do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.75 - Detalhe do fechamento do vão entre o solo e o piso da casa em<br />
cobogó de tijolos. Rua Itupava em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.76 - Detalhe do aproveitamento do vão entre o solo e o piso da casa<br />
como porão. Rio Branco do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.77 - Corte de projeto de casa de madeira em Curitiba no início do século XX. Detalhe da tesoura chamada<br />
linha alta. Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética de Curitiba. Curitiba: Máquina Produções, 2002.<br />
Figura 3.78 - Detalhe da tesoura em linha alta no telhado de quatro águas.<br />
Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.79 - Detalhe da deflexão do telhado. Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.80 - Detalhe da deflexão do telhado com lambrequins. Casa Rua Ivo Leão em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.81 - Lambrequins metálicos. Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo da<br />
UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 3.82 - Detalhe do janela na parede de tábua e mata-juntas. Casa Erbo<br />
Stenzel, parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 3.83 - Detalhe do encaixe macho e fêmea da tábua do piso. Casa sendo<br />
demolida, Rua Trajano Reis em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.84 - Detalhe do rodapé. Casa Erbo Stenzel, parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />
X
Figura 3.85 - Detalhe do piso da varanda. Casa Rua Raquel Prado em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.86 - Detalhe do forro. Casa mista em Prudentópolis-PR. Foto do autor, 2000.<br />
Figura 3.87 - Detalhe da meia cana do forro. Casa Erbo Stenzel, parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 3.88 - Detalhe da janela em 02 folhas. Casa Rua Francisco Alves Guimarães em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.89 - Detalhe da janela tipo vitrô. Casa Rua Silveira Neto em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.90 - Detalhe do oitão. Casa em Rio Claro do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.91 - Lambrequins. Fonte: acervo do autor.<br />
Figura 3.92 - Variação cromática em uma Casa de Araucária. Casa em Mallet-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.93 - Detalhe de pinturas de paisagens na varanda. Casa em Paulo Frontin -PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.94 - Detalhe do guarda corpo da varanda. Casa remontada no Campus<br />
da PUC em São José Pinhais -PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 3.95 - Detalhe das pinturas da parede. Casa <strong>Domingos</strong> Nascimento. Sede do IPHAN-PR Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.96 - Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.97 - Detalhe da ampliação do banheiro em alvenaria. Casa no<br />
bairro do Portão em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.98 - Detalhe do preenchimento em alvenaria provavelmente para inclusão<br />
de banheiro. Casa Rua Solimões em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.99 - Detalhe “cozinha suja” em uma casa em Papanduva-SC. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.100 - Casa em madeira com inclusão da fachada em alvenaria. Rua<br />
Barão de Antonina em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.101 - Sede do IPHAN-PR. Casa em madeira desmontada e montada<br />
na Rua José de Alencar em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.102 - Croqui do deslocamento da casa de madeira rolada sobre troncos e remontada em outro local do terreno.<br />
Fonte: desenho do autor, 2007.<br />
Figura 3.103 - Casa sendo transportada por caminhão. Fonte: Jornal Zero Hora, 9 de maio de 2004, página 03.<br />
Figura 3.104 - Casa Erbo Stenzel desmontada e montada no parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 3.105 - Casa Estrela Rua Dr. Zamenhof em Curitiba-PR hoje encontra-se desmontada<br />
e futuramente será montada no campus da PUC-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.106 - Detalhe da placa de Erkulit. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.107 - Detalhe de aplicação da tela plástica sobre as placas de<br />
Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA.<br />
Figura 3.108 - Prospecto austríaco sobre placas de fibra de madeira mineralizada aplicadas para isolamento térmico.<br />
Base tecnológica para a criação das chapas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, sem data.<br />
Figura 3.109 - Mostruário de possibilidades de aplicação da placa de Erkulit. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.110 - Detalhe de aplicação da tela plástica sobre as placas de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, sem data.<br />
Figura 3.111 - Detalhe da textura característica das casas revestidas com placas de Erkulit. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.112 - Casa revestida com placas de Erkulit. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.113 - Casa antes do revestimento com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />
Figura 3.114 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />
Figura 3.115 - Casa antes do revestimento com placas de Erkulit. Fonte:<br />
Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, sem data.<br />
Figura 3.116 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, sem data.<br />
Figura 3.117 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />
Figura 3.118 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />
Figura 3.119 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />
Figura 4.1 - Artesão produzindo Blocos de adobe em Tiradentes-MG. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.2 - Pirâmides da Planície de Gisé no Egito. Construidas com blocos de pedra. Foto de Carlos Nieto, sem data.<br />
Site www.grupokeystone.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.3 - Transporte da madeira beneficiada. Fonte: SCHEIER, P. O Paraná<br />
no Seu Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />
Figura 4.4 - Tabela com a evolução da industrialização e pré-fabricação da casa de madeira.<br />
Fonte: BENDER, R. Una Visión de la Construcción Industrializada.<br />
Barcelona: Gustavo Gili, 1973. Adaptado e traduzido pelo autor.<br />
Figura 4.5 - Casa projetada pelo escritório paulistano MMBB no bairro de Perdizes,<br />
São Paulo-SP. Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
XI
Figura 4.6 - Casa Flávia e Osmar Valentim em Carapicuíba, SP. Projeto do UNA Arquitetos e construído<br />
pela ITA Engenharia em 1999. Site www.itaconstrutora.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.7 - Colocação de painel GRFC (painel de concreto reforçado com fibra de<br />
vidro). Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.8 - Painel de OSB. Site www.masisa.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.9 - Painel de MDF. Site www.e-emeri.com. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.10 - Casa produzida pela U.S. Home, com sede em Curitiba. Site www.<br />
ushome.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.11 - Módulo com cozinha e banheiro da empresa Pavi. Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.12 - Celas modulares em concreto armado. Foto de Osvaldo Ribeiro/<br />
SESP. Site www.aenoticias.pr.gov.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.13 - Imagem do Palácio Imperial de Katsura-Japão, datado de 1620.<br />
Site www.library.osu.edu. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.14 - Imagem interna do do Palácio Imperial de Katsura-Japão, datado de<br />
1620. Site www.library.osu.edu. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.15 - Pessoas confeccionando blocos de solo cimento com prensa manual.<br />
Site www.changemakers.net. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.16 - Parede com blocos de solo cimento. Site www.construcaoeconomica.<br />
tripod.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.17 - Escola construída com elementos de concreto pré-moldado no sistema<br />
pilar/viga.Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.18 - Edifício sendo construído com estrutura em aço. Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.19 - Montagem de paredes internas com placas de gesso acartonado.<br />
Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.20 - Casa construída com painéis de chapa cimentícia. Site www.eternit.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.21- Montagem esquadria de alumínio.Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.22 - Esquadria de madeira de abrir e tombar. Site www.scheid.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.23 - Ambiente com esquadria de PVC. Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.24 - Foto de Casa construída no sistema Steel Freme publicado na revista Engenharia e Construção - Abril 2004.<br />
Figura 4.25 - Casa em madeira na França. Fonte: Maison & Bois International, agosto de 2006.<br />
Figura 4.26 - Casa em madeira na França. Fonte: Maison & Bois International, maio de 2006.<br />
Figura 4.27 - Casa em madeira estampada na capa da revista “Arquitetura e<br />
Construção” da editora abril. Edição de fevereiro de 2007.<br />
Figura 4.28 - Casa em madeira estampada na capa da revista “Arquitetura<br />
e Construção” da editora abril. Edição de março de 2007.<br />
Figura 4.29 - Balloon Frame House construida em 1862. Site www.<br />
franzosenbuschheritageproject.org. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.30 - Casa Av. Monteiro Tourinho, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 4.31 - Casa Rua Bruno Filgueira, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />
Figura 4.32 - Foto de Wenceslau Braz – PR, fonte Álbum do Cinqüentenário<br />
da Estrada de Ferro do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />
Figura 4.33 - Detalhe da varanda. Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.34 - Detalhe da varanda. Casa em Irati-PR. Foto de Jussara Valentini, 2007.<br />
Figura 4.35 - Anúncio de Casas Pré-fabricadas. Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1937.<br />
Figura 4.36 - Serraria anunciando Casas Pré-fabricadas. Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1949.<br />
Figura 4.37 - Anúncio de Casas Pré-fabricadas. Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1965.<br />
Figura 4.38 - Conjunto de casas Rua Pe. Anchieta. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 4.39 - Detalhe do acabamento do encontro da tábua com o pilarete de<br />
embasamento.Conjunto de casas Rua Pe. Anchieta. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.40 - Detalhe do acabamento da varanda.Casa muito reproduzida em<br />
Curitiba. Rua Pe. Agostinho em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.41 - Casa construída com restos de madeira. Site www.abbra.eng.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.42 - Conjunto de casas populares fotografado na década de 90, local não<br />
especificado. Site www.andrepaiva.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.43 - Mutirão para construção em adobe. Site www.ecocentro.org. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.44 - Mutirão para construção em super-adobe. Site www.ecocentro.org. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
XII
Figura 4.45 - Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.46 - Casa em Irenópolis-SC. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.47 - Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.48 - Casa na colônia Marmeleiro, em Almirante Tamandaré-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 5.1 - Mapa das linhas da RVPSC em 1937. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />
Figura 5.2 - A estação de Jacarehy, sem data. Município de Morretes-PR. Foto cedida por Eduardo<br />
Coelho. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />
Figura 5.3 - Fornecedores de madeira para a ferrovia em Roseira no município de Rio Negro-PR. Cessão<br />
Elza Maria de Lima Lourenço. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />
Figura 5.4 - Estação Porto de Cima, Município de Morretes. Fonte Álbum do<br />
Cinqüentenário da Estrada de Ferro do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />
Figura 5.5 - A estação Espalha Brasa, anos 1930, município de Pirai do Sul-PR. Acervo Arthur Wischral,<br />
cedida por Nilson Rodrigues. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />
Figura 5.6 - Composicão parada na estação de Passaúna, provavelmente anos 60. Foto do acervo<br />
da ABPF do Paraná. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />
Figura 5.7 - Estação Cachoeira em Madeira. Almirante Tamandaré-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 5.8 - Oficina de manutenção de pontes. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1944.<br />
Figura 5.9 - Pavilhão do Cinqüentenário da Estrada de Ferro do Paraná em 1935.<br />
Fonte Álbum do Cinqüentenário da Estrada de Ferro do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />
Figura 5.10 - Casas da vila ferroviária de Rio Negro. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />
Figura 5.11 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
Figura 5.12 - Reportagem do Correio dos Ferroviários sobre a construção de casas e<br />
Caixa de Pensões e Aposentadoria. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />
Figura 5.13 - Reportagem do Correio dos Ferroviários sobre a construção de casas e<br />
Caixa de Pensões e Aposentadoria. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />
Figura 5.14 - Despacho presidencial sobre habitação popular. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1944.<br />
Figura 5.15 - Propaganda oferecendo casas de madeira para ferroviários “15<br />
lindos bangalôs”. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1938.<br />
Figura 5.16 - Vila Colorado em Curitiba-Pr, foto provavelmente do final da década de 80. Fonte: Curso de<br />
Arquitetura e Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 5.17 - Vila Ferroviária de Apucarana-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 5.18 - Projeto de casa de alvenaria. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.19 - Projeto de casa de alvenaria. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.20 - Projeto de casa de alvenaria. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.21 - Projeto de casa de alvenaria. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.22 - Projeto Casa Tipo “C”. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.23 - Projeto Casa Tipo “C”. Desenho da Fachada. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.24 - Projeto Casa Tipo “C”. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.25 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Provavelmente a Tipo “C”. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
Figura 5.26 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Provavelmente a Tipo “C”. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
Figura 5.27 - Projeto Casa para Turmeiro Volante. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.28 - Projeto Casa para Turmeiro Volante. Elevação e Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.29 - Projeto Casa para Turmeiro Volante. Corte. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.30 - Projeto Casa Tipo “D”. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.31 - Projeto Casa Tipo “D”. Fachada. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.32 - Projeto Casa Tipo “D”. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.33 - Casa da vila ferroviária de Serra Morena, em Uraí-PR. Provavelmente Tipo “D”. Foto Douglas Razaboni, 2002.<br />
Figura 5.34 - Projeto Casa de Madeira. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.35 - Projeto Casa Tipo “G”. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.36 - Projeto Casa Tipo “G”. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.37 - Casas da estação de Raul Mesquita em Piraí do Sul-<br />
PR. Provavelmente tipo “G”. Foto Nilson Rodrigues, 1992.<br />
Figura 5.38 - Projeto Casa do Guarda Chaves. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.39 - Projeto Casa do Guarda Chaves. Planta e Corte transversal. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
XIII
Figura 5.40 - Conjunto de casas do Guarda Chaves. Bairro Bacacherí em Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 5.41 - Casa do Guarda Chaves. Bairro Bacacherí em Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 5.42 - Projeto Casa Desmontável para Funcionário. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.43 - Projeto Casa Desmontável para Funcionário. Planta de Fundação<br />
e Planta Baixa. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.44 - Projeto Casa Desmontável para Funcionário. Fachada. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.45 - Projeto Casa Desmontável para Funcionário. Painel Frontal. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.46 - Projeto Casa Tipo “A” Ampliada. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.47 - Projeto Casa Tipo “A” Ampliada. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.48 - Croqui da provável Casa tipo “A” da Vila Colorado. Fonte: Curso de Arquitetura e<br />
Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 5.49 - Casa provavelmente Tipo “A”. Vila Colorado, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 5.50 - Casa provavelmente Tipo “A”. Vila Colorado, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 5.51 - Projeto Casa de Engenheiro. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.52 - Casa de Engenheiro.croqui do autor com base no projeto.<br />
Figura 5.53 - Projeto Casa de Engenheiro. Cortes e Cobertura. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.54 - Projeto Casa Tipo “C”. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.55 - Projeto Casa Tipo “C”. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.56 - Casa Tipo “C”. Estação Portão, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 5.57 - Projeto de Casa Transportável para Trabalhadores. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.58 - Projeto Transportável para Trabalhadores. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.59 - Casa para Operário. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.60 - Casa para Operário. Elevação e Planta Cobertura. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.61 - Casa para Operário. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.62 - Casa Tipo D para Empregados. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.63 - Casa Tipo D para Empregados. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.64 - Casa Tipo D para Empregados. Elevação e Corte. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.65 - Casa Tipo F. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.66 - Casa Tipo F. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.67 - Casa Tipo F. Elevações. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.68 - Casa Tipo F. Corte. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.69 - Casa de Madeira. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.70 - Casa de Madeira. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.71 - Casa de Madeira. Corte e Elevação. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.72 - Casa de Madeira. Cortes. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.73 - Casa para 02 Moradias. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.74 - Casa para 02 Moradias. Corte e Elevação. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.75 - Casa para 02 Moradias. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.76 - Casa em Madeira. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.77 - Casa em Madeira. Planta e Elevação. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.78 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
Figura 5.79 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
Figura 5.80 - Casa para Agente. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.81 - Casa para Agente. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.82 - Maquete da Casa para Agente. Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 5.83 - Maquete da Casa para Agente. Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 5.84 - Implantação da Vila Colorado, Curitiba-PR. Fonte: Curso de Arquitetura e<br />
Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 5.85 - Conjunto de casas do Guarda Chaves. Bairro Bacacherí em Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />
Figura 5.86 - Conjunto de casas da estação Hugo Lange, foto sem data. Jornal Gazeta do Povo, 23-11-1991.<br />
Figura 5.87 - Projeto Casa para Turmeiro Volante. Corte. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
XIV
Figura 5.88 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
Figura 5.89 - Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 5.90 - Casa provavelmente Tipo “C” com telhado de quatro águas. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 6.1 - Torre de Sauvebelin, projeto do Prof. Julius Natterer. Site: www.tourde-sauvabelin-lausanne.ch.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.2 - Complexo de piscinas em Bad Dürrheim, na Alemanha. Site: www.<br />
commons.bcit.ca. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.3 - Propaganda de empresas que constroem casas de madeira na<br />
França. Fonte: Revista Maison & Bois Internacional, ago-set 2006.<br />
Figura 6.4 - Propaganda de empresas que constroem casas de madeira na França.<br />
Fonte: Revista Maison & Bois Internacional, abr-maio 2006.<br />
Figura 6.5 - Detalhe do guarda-corpo em madeira da Casa dos Contos em Ouro Preto. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 6.6 - Detalhes em madeira no interior da Igreja Matriz de Tiradentes. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 6.7 - Casa no Rio de Janeiro de Zanine Caldas. Fonte: SILVA, S. F.<br />
Zanine: Sentir e Fazer. Rio de Janeiro: Agir Editora, 1991.<br />
Figura 6.8 - Casa na Ilha dos Poldros, no Maranhão. Projeto de Gerson Castelo Branco, na<br />
década de 90. Site:www.gersoncastelobranco.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.9 - Parque Hotel São Clemente do arquiteto Lúcio Costa, 1948. Site:<br />
www.arcoweb.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.10 - Vila Serra do Navio de Osvaldo Bratke, construída na década de 50. Site: www. biblioteca.ibge.gov.br.<br />
Figura 6.11 - Casa de Hélio Olga projetada por Marcos Acayaba em 1990. Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />
Figura 6.12 - Casa de Hélio Olga projetada por Marcos Acayaba em 1990. Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />
Figura 6.13 - detalhe dos encaixes das peças de madeira da casa de Hélio Olga projetada por Marcos Acayaba em 1990<br />
Site: www.marcosacayaba.arq.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.14 - Planta da casa padrão da Vila Nossa Senhora da Luz em Curitiba-PR. Fonte:<br />
DUDEQUE, I. T. Espirais de Madeira. São Paulo: Editora Nobel, 2001.<br />
Figura 6.15 - Conjunto de casas, Vila Nossa Senhora da Luz em Curitiba-PR. Fonte:<br />
DUDEQUE, I. T. Espirais de Madeira. São Paulo: Editora Nobel, 2001.<br />
Figura 6.16 - Sotão habitável, casa da Vila Nossa Senhora da Luz em Curitiba-PR. Fonte:<br />
DUDEQUE, I. T. Espirais de Madeira. São Paulo: Editora Nobel, 2001.<br />
Figura 6.17 - Universidade Livre do Meio Ambiente em Curitiba-PR. Site: http://<br />
flickr.com/photos/mrisobe/page7/. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.18 e Figura 6.19 - Sede do IPPUC em Curitiba-PR. Site: www.curitiba.pr.gov.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.20 e Figura 6.21 - Sede do Secretaria Municipal do Meio Ambiente em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 6.22 - Ciclo de absorção do CO2 pela madeira. Site: www.denviro.dk. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.23 - Ciclo de absorção do CO2 pela madeira. Site: www.mountainflame.com. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.24 e Figura 6.25 - Casa Sucesso - 58m2. Custo R$13.200,00. Site:<br />
www.hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.26 e Figura 6.27 - Casa Maravilha - 40m2. Custo R$9.857,00. Site:<br />
www.hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.28 e Figura 6.29 - Casa Flor - 30m2. Custo R$8.200,00. Site: www.<br />
hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.30 e Figura 6.31 - Casa Feliz - 58.50m2. Custo R$12.620,00. Site: www.<br />
hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.32 e Figura 6.33 - Casa Jade - 52.50m2. Custo R$10.860,00. Site:<br />
www.hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.34 - Casa construída pela Hilmann, provavelmente o tipo Casa Maravilha.<br />
Site: www.hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.35 - Kit Americano fornecido pela empresa Casas Paraná. Site:www.<br />
casasparana.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.36 - Desenho do sistema construtivo da casa da empresa Condor. Site:<br />
www.casascondor.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.37 - Detalhe da parede externa da casa da empresa Condor. Site:<br />
www.casascondor.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.38 e Figura 6.39 - Detalhe construtivo da parede interna da casa da empresa<br />
Condor. Site:www.casascondor.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.40 - Detalhe do encaixe entre a tábua e o montante vertical. Fonte: VELOSO, J. G.; TEREZO, R. F. Sistemas<br />
Construtivos em Madeira. Florianópolis: Monografia, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, 2005.<br />
XV
Figura 6.41 e Figura 6.42 - Casa Lugano. Site:www.casasparana.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.43 e Figura 6.44 - Casa Los Angeles. Site:www.casasparana.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.45 e Figura 6.46 - Casa Lavras Novas. Site:www.precasa.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.47 e Figura 6.48 - Casa Projeto 1. Site:www.casabella.etc.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.49 e Figura 6.50 - Casa Projeto 8. Site:www.casabella.etc.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.51 - Detalhe de encaixes da casa de troncos. Fonte: Gustavo Lacerda Dias, 2005.<br />
Apresentação disciplina “A Madeira na Construção Civil”. PósARQ/UFSC.<br />
Figura 6.52 - Seqüência Construtiva do Sistema Plataforma. Fonte: Gustavo Lacerda Dias,<br />
2005. Apresentação disciplina “A Madeira na Construção Civil”. PósARQ/UFSC.<br />
Figura 6.53 à Figura 6.60 - Seqüência Construtiva do Protótipo construído<br />
no Sistema Plataforma na UFSC. Fonte: GI<strong>EM</strong>/UFSC, 2003.<br />
Figura 6.61 - Casa sendo construída no sistema Still Frame em Curitiba-<br />
PR. Site: www.ushome.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.62 - Interior de casa sendo construída no sistema Still Frame em Curitiba-<br />
PR. Site: www.ushome.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.63 e Figura 6.64 - Imagens interna e externa do protótipo construído em painel de eucalipto laminado encaixado.<br />
Fonte: Revista Arquitetura e Construção, novembro de 2005.<br />
Figura 6.65 e Figura 6.66 - Detalhe do sistema construtivo. Fonte: Revista Arquitetura e Construção, novembro de 2005.<br />
Figura 6.67 à Figura 6.69 - Detalhe do painel e foto da montagem. Fonte:<br />
Revista Arquitetura e Construção, novembro de 2005.<br />
Figura 7.1 - Casa em Campo do Tenente-PR. Foto de Marialba G. R. Imaguire, 2006.<br />
Figura 7.2 - Casa no bairro Umbará em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.3 - Casa em Irineópolis-SC. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.4 - Casa em Itaiópolis-SC. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.5 - Casa em Mallet-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.6 - Casa em Matinhos-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.7 - Casa Rua Desembargador Vieira Cavalcanti, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.8 - Casa em Papanduva-SC. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.9 - Casa em Paulo Frontim-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.10 - Casa no bairro Portão, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.11 - Casa Rua Desmbargador Vieira Cavalcanti, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.12 - Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.13 - Casa Moosmann-Hämmerle. Austria, 2002. Fonte: BRAGHIERI, N.<br />
Casas de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
Figura 7.14 e figura 7.15 - Casa Denicolá. Suiça, 2002. Fonte: BRAGHIERI, N.<br />
Casas de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
Figura 7.16 - Grupo de habitações na Holanda. Fonte:GAUZIN-MULLER, D.<br />
Le Bois Dans La Contruction. Paris: Le Montier, 1990.<br />
Figura 7.17 - Grupo de habitações datadas de 1965. Fonte:GAUZIN-MULLER,<br />
D. Le Bois Dans La Contruction. Paris: Le Montier, 1990.<br />
Figura 7.18 - Edificação de madeira em Frankfurt, Alemanha. site www.architekten24.de. Acesso em 11 de maio de 2007.<br />
Figura 7.19 - Habitação coletiva em madeira. site www.holzbau-kaernten.at/. Acesso em 11 de maio de 2007.<br />
Figura 7.20 - Habitação em madeira. site www.homag-gruppe.de. Acesso em 11 de maio de 2007.<br />
Figura 7.21 - Casa GucklHupf. Áustria, 1993. Fonte:BRAGHIERI, N. Casas<br />
de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
Figura 7.22 - Casa de férias. Áustria, 2000. Fonte:BRAGHIERI, N. Casas<br />
de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
Figura 7.23 - Casa Convercey. França, 2001.Fonte:BRAGHIERI, N. Casas<br />
de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
XVI
SUMÁRIO<br />
1. Introdução 01<br />
1.1. Objetivos 07<br />
1.1.1. Objetivos Gerais 07<br />
1.1.2. Objetivos Específicos 08<br />
1.2. Método 08<br />
1.3. Estrutura da Dissertação 10<br />
2. Arquitetura Popular 15<br />
2.1. Arquitetura Popular no Brasil 24<br />
2.2. Arquitetura Popular no Paraná 28<br />
3. A Casa de Araucária 31<br />
3.1. Conceituação 31<br />
3.2. A Relação entre a Casa de Araucária e a<br />
Imigração 33<br />
3.3. Legislação Municipal 35<br />
3.4. Tipologias 37<br />
3.5. Questões Construtivas 53<br />
3.5.1. A Fundação 54<br />
3.5.2. A Estrutura 55<br />
3.5.3. A Cobertura 56<br />
3.5.4. Paredes 58<br />
3.5.5. Assoalho 58<br />
3.5.6. O Forro 59<br />
3.5.7. Portas e Janelas 60<br />
3.5.8. Elementos Decorativos 60<br />
3.5.9. Adaptações Posteriores<br />
3.5.9.1. Ampliação da Casa e<br />
62<br />
Alteração Volumétrica 62<br />
3.5.9.2. Inclusão de Elementos ou<br />
Espaços em Alvenaria 63<br />
3.5.9.3. Relocação da Casa 64<br />
3.5.9.4. O Erkulit 66<br />
4. Industrialização e Pré-fabricação 70<br />
4.1. A Industrialização e a Pré-fabricação<br />
4.2. Relação da Industrialização<br />
70<br />
com a Casa de Araucária 79<br />
4.3. Industrialização e o Acesso a Moradia<br />
5. A Casa de araucária e a Habitação Social: Estudo<br />
82<br />
de Caso Rede Viação Paraná e Santa Catarina 88<br />
5.1. Breve Hitórico da RVPSC 89<br />
5.2. RVPSC e a Casa de Araucária 91<br />
XVII
5.3. A RVPSC e a Habitação Social 92<br />
5.4. Tipologias 97<br />
5.4.1. Casa Tipo C - Projeto 824 99<br />
5.4.2. Casa para Turmeiro Volante - Prjeto 300 100<br />
5.4.3. Casa Tipo D - Projeto 956 101<br />
5.4.4. Casa de Madeira - Projeto 1663 102<br />
5.4.5. Casa Tipo G - Projeto 1680 103<br />
5.4.6. Casa do Guarda Chaves - Projeto 1705 104<br />
5.4.7. Casa Desmontável para Funcionário 105<br />
5.4.8. Casa Tipo A Ampliada - Projeto 1851 106<br />
5.4.9. Casa de Engenheiro - Projeto 2100 107<br />
5.4.10. Casa Tipo C - Projeto 2350 108<br />
5.4.11. Casa Transportável para Trabalhadores -<br />
Projeto 2306 109<br />
5.4.12. Casa para Operário 110<br />
5.4.13. Casa Tipo D de Empregados - Projeto 461 111<br />
5.4.14. Casa Tipo F - Projeto 1568 112<br />
5.4.15. Casa de Madeira 113<br />
5.4.16. Casa para 02 Moradias - Projeto 1619 114<br />
5.4.17. Casa em Madeira 115<br />
5.4.18. Casa para Agente - Projeto 462 116<br />
5.5. Questões Construtivas 117<br />
6. A Casa de Madeira Contemporânea 121<br />
6.1. Quadro da Arquitetura em Madeira na Europa 121<br />
6.2. Quadro da Arquitetura em Madeira no Brasil<br />
6.3. Quadro da Arquitetura em Madeira na<br />
122<br />
Região de Curitiba 126<br />
6.4. Questões Ambientais 128<br />
6.5. Sistemas Construtivos Contemporâneos 131<br />
6.5.1. Sistema de Tábuas e Mata-Juntas 132<br />
6.5.2. Sistema de Tábuas Horizontais Pregadas 133<br />
6.5.3. Sistema de Tábuas Horizontais Empilhadas 135<br />
6.5.4. Sistema de com Toras Empilhadas 137<br />
6.5.5. Sistema Plataforma 138<br />
6.5.6. Sistema Steel Frame 139<br />
6.5.7. Painel de Eucalípto Laminado Encaixados 139<br />
6.6.Da Casa Tradicional à Contemporânea 140<br />
7. Conclusão 147<br />
8. Referências 154<br />
XVIII
1. INTRODUÇÃO<br />
As transformações ocorridas no Brasil após a segunda<br />
metade do século XIX foram marcadas por um início<br />
de modernidade. O modelo urbano colonial foi sendo<br />
gradativamente substituído e a intensa imigração<br />
proveniente da Europa foi um fator determinante<br />
destas mudanças. O imigrante europeu introduziu<br />
no país novas tecnologias construtivas e o início da<br />
industrialização possibilitou a confecção de novos<br />
equipamentos e a produção de novos materiais.<br />
Surgem no cenário paranaense as construções em<br />
madeira, inicialmente executadas com pouco apuro<br />
tecnológico, construídas com troncos empilhados<br />
encaixados, sendo estas construções introduzidas<br />
pelos imigrantes poloneses (figura 1.1). Com o<br />
surgimento das primeiras serrarias movidas por<br />
máquinas a vapor (figura 1.2), foi possível uma maior<br />
eficiência no desdobramento da madeira, surgindo,<br />
então, uma padronização de bitolas, que possibilitou<br />
uma maior eficiência construtiva.<br />
O Paraná possuía três fatores que contribuíram para<br />
o surgimento, desenvolvimento e reprodução desta<br />
arquitetura:<br />
a. Possuía uma grande reserva de araucária, madeira<br />
de excepcional qualidade, linear e com galhos apenas<br />
Figura 1.1<br />
Casa de troncos na Colônia Muricy - município<br />
de São José dos Pinhais-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.2<br />
Serraria de pinho. Propriedade de Zarpelão<br />
e Burgo - Iraty – PR.<br />
Fonte: Album do Estado do Paraná, 1920.<br />
1
em uma das extremidades (figura 1.3) . As matas de<br />
araucária cobriam uma boa parte do estado, sendo<br />
consideradas na época de sua exploração como<br />
infindáveis e isto encorajou a exploração desmedida<br />
até quase sua total extinção (figura 1.4 e figura<br />
1.5).<br />
b. Possuía grande quantidade de mão-de-obra de<br />
qualidade aliada a grande oferta de material. Este<br />
quadro possibilitou a aquisição destas habitações<br />
para todas as camadas da população. Esta mão-<br />
de-obra era formada primeiramente por imigrantes<br />
provenientes de diversas localidades, com culturas<br />
construtivas distintas, o que produziu uma arquitetura<br />
singular, sem exemplares nos seus países de origem.<br />
Esta simbiose construtiva nomeada por Imaguire<br />
(1993) como “Casa de Araucária” é uma arquitetura<br />
exclusivamente brasileira, comum ainda hoje nas<br />
paisagens urbanas e rurais do Sul do Brasil (figura<br />
1.6).<br />
c. A industrialização da extração da madeira<br />
proveniente das serrarias possibilitou uma padronização<br />
construtiva. Esta padronização permitiu a formação<br />
de grande quantidade de mão de obra. O sistema<br />
construtivo era simples, porém não limitado. Há<br />
exemplos de casas singelas com plantas simplificadas,<br />
Figura 1.3<br />
“A civilização devassa os caminhos e devasta<br />
a floresta. Quase sempre é preciso derrubar<br />
para construir” texto que acompanha a foto<br />
com o pinheiro sendo derrubado.<br />
Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no seu<br />
Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense,<br />
1953.<br />
Figura 1.4<br />
“criança olha o cemitério de toras após a<br />
batalha das derrubadas” Textos como este,<br />
que associam a derrubada das matas de<br />
araucária como uma ação necessária ao<br />
progresso do estado, são comuns em livros<br />
e revistas datados da primeira metade do<br />
século XX. Também é comum a idéia da<br />
inesgotabilidade das reservas.<br />
Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no seu<br />
Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense,<br />
1953.<br />
2
que eram vendidas em kits pelas madeireiras (figura<br />
1.7) e exemplos de casas extremamente complexas<br />
que testemunham o apuro construtivo dos antigos<br />
carpinteiros (figura 1.8). No entanto, a técnica<br />
construtiva, a padronização das peças e a qualidade<br />
da madeira eram as mesmas. Além de residências<br />
com até 03 pavimentos e mais o porão em alvenaria,<br />
há muitas variedades de edifícios, construídos com<br />
esta tecnologia, como igrejas, hospitais, clubes, entre<br />
outros.<br />
Esta arquitetura de madeira se estendeu por todos os<br />
estados do Sul do Brasil, acompanhando as florestas<br />
de araucária, e segundo Weimer (2001), no auge da<br />
extração madeireira mais da metade das construções<br />
registradas na municipalidade eram deste material (o<br />
autor se refere às cidades do Rio Grande do Sul).<br />
No Paraná, a madeira foi o principal material<br />
construtivo formando uma paisagem caracterizada<br />
por estas edificações, como comprovam as fotos<br />
antigas (figura 1.9).<br />
Há uma variação tipológica entre as primeiras<br />
edificações e as mais recentes, comprovando a<br />
flexibilidade construtiva do sistema e a grande<br />
capacidade técnica e criativa dos construtores. Segundo<br />
Imaguire (1993), esta variação é uma evolução dos<br />
estilos construtivos.<br />
Figura 1.5<br />
Floresta destruída para ceder lugar à<br />
agricultura.<br />
Frente de expansão do norte do Paraná -<br />
Fonte: Museu Paranaense, sem data.<br />
Figura 1.6<br />
Conjunto de edificações de madeira com o<br />
pinheiral ao fundo. Paisagem muito comum na<br />
primeira metade do século XX no Paraná.<br />
Área rural de Prudentópolis-PR.<br />
Foto Marialba R. G. Imaguire, 2006.<br />
3
Essa evolução de estilos acompanhou uma evolução<br />
tecnológica. Há diferenças entre as casas do início<br />
do século XIX e as casas da década de sessenta<br />
no que se refere aos materiais utilizados, como, por<br />
exemplo, nas áreas úmidas, elementos metálicos,<br />
esquadrias, forros entre outros detalhes construtivos.<br />
Porém, a madeira utilizada e a lógica construtiva da<br />
tábua e mata-junta se manteve. Existem alguns poucos<br />
exemplares de casas com paredes duplas e com<br />
tábuas horizontais. Também há alguns exemplares de<br />
fechamento externo no sistema “macho e fêmea”. Mas,<br />
com o esgotamento das reservas naturais, há uma<br />
ruptura, fazendo com que este sistema construtivo<br />
deixe de ser executado, diminuindo a freqüência das<br />
construções.<br />
Muitos fatores contribuíram para este panorama: o<br />
advento do modernismo, a degradação das reservas<br />
naturais e a desvalorização, como expressão<br />
construtiva, fizeram com que a madeira cedesse<br />
lugar às construções em alvenaria, chamadas<br />
popularmente de casas de “material”. A tecnologia<br />
e o conhecimento acumulado por gerações foram se<br />
perdendo e os poucos exemplares hoje existentes<br />
tendem a desaparecer devido a falta de manutenção<br />
e as pressões imobiliárias (figura 1.10, figura 1.11<br />
e figura 1.12).<br />
Figura 1.7<br />
Casa Travessa Armando Mann,<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 1.8<br />
Casa São Mateus do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.9<br />
Comunidade rural no Paraná, não<br />
identificada.<br />
Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no seu<br />
Centenário.. Curitiba: Imprensa Paranaense,<br />
1953.<br />
4
O estudo desta arquitetura, que sofreu contínua<br />
mudança no decorrer do tempo é relevante, pois<br />
permite um resgate da tecnologia empregada e<br />
a análise de sua evolução, aliada ao conceito de<br />
pré-fabricação e industrialização, tendo origem nas<br />
primeiras serrarias até as tecnologias contemporâneas<br />
de industrialização do material. Esta análise pretende<br />
contribuir para a compreensão desta arquitetura,<br />
auxiliando os arquitetos e construtores a não só a<br />
valorização deste material, mas também mostrar<br />
uma nova saída para questões relacionadas à falta<br />
de moradias e degradação ambiental de nossas<br />
cidades.<br />
Para este trabalho não será proposto um resgate<br />
documental e sim um estudo de sua transformação<br />
histórica e técnica até a construção contemporânea<br />
de madeira. Esta análise terá como pressuposto a<br />
construção fruto do processo de industrialização onde<br />
os elementos construtivos seguem uma padronização.<br />
Pode-se, através desta delimitação, traçar um<br />
panorama entre a “Casa de Araucária” e a “Casa<br />
Pré-fabricada Contemporânea”; analisar mudanças<br />
tecnológicas, bio-climáticas e culturais e questionar,<br />
também, a mudança de atitude da população frente<br />
a construção em madeira. A outra questão a ser<br />
analisada é a possibilidade da madeira contribuir<br />
Figura 1.10<br />
Casa de madeira sendo gradativamente<br />
substituída por alvenaria. Rua Jacarezinho,<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Na finalização do trabalho a casa de madeira<br />
encontra-se totalmente demolida.<br />
Figura 1.11<br />
Casa de madeira à venda.<br />
Rua Trajano Reis, Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.12<br />
Casa de madeira sendo demolida.<br />
Rua Trajano Reis, Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
5
para redução do custo habitacional, pois além de<br />
algumas experiências e pesquisas na área têm-se<br />
atualmente no estado do Paraná, amplas áreas de<br />
floresta de madeira plantada destinada a produção<br />
de painéis, celulose e combustível.<br />
Este trabalho propõe o resgate da tecnologia de<br />
construção em madeira, devido também a atual<br />
abundância do material no estado. A intenção não é<br />
voltar à arquitetura tradicional e sim analisar a atual<br />
produção arquitetônica em madeira, especificamente a<br />
pré-fabricada e com o resgate tecnológico, propor uma<br />
arquitetura melhor adaptada a realidade sociocultural<br />
da região.<br />
Pode-se afirmar que existiu uma tecnologia de<br />
construção pré-fabricada em madeira que se perdeu<br />
e a que ainda existe, de baixa qualidade, como se<br />
os construtores tivessem desaprendido a utilizar<br />
adequadamente esta técnica. Pode-se, também,<br />
afirmar que a tecnologia disponível hoje em painéis<br />
estruturais como o OSB e o MDF são pouco usadas<br />
por arquitetos, pelo simples desconhecimento destes<br />
sistemas construtivos. Não se constrói hoje em madeira,<br />
pois se desconhece a tecnologia tradicional e não<br />
há o material disponível para se reproduzir estas<br />
técnicas. O pinho proveniente da araucária está em<br />
Figura 1.13<br />
Mapa com o remanescente da Floresta de<br />
Araucária.<br />
Fonte: CN-RBMA - Projeto Inventário dos<br />
Recursos Florestais da Mata Atlântica,<br />
site www.rbma.org.br. Acesso em 15 abril<br />
de 2007.<br />
6
extinção (figura 1.13) e o corte é proibido. Não há<br />
madeira no mercado que forneça a preço acessível<br />
tábuas com altura de até 17’ (5,18m), como eram<br />
usadas nas casas tradicionais.<br />
Não há uma produção significativa que utilize os<br />
painéis de madeira hoje disponíveis no mercado, e<br />
quando estes são usados resultam em uma arquitetura<br />
importada com referências à arquitetura tradicional<br />
européia e norte americana (figura 1.14). O que se<br />
encontra com maior freqüência são as casas com o<br />
sistema de tábuas horizontais empilhadas que possuem<br />
pouca variação volumétrica e sua concepção formal<br />
não tem caráter urbano (figura 1.15), pois não possui<br />
relação direta com o lote como no caso da “Casa de<br />
Araucária”.<br />
1.1. OBJETIVOS:<br />
1.1.1. OBJETIVOS GERAIS<br />
- Contribuir para a evolução tecnológica/industrial<br />
da madeira para construção civil no Brasil.<br />
- Estudar a arquitetura de madeira de araucária e<br />
analisar o sistema construtivo, questões tecnológicas<br />
e culturais da mesma.<br />
Figura 1.14<br />
Casa produzida pela U.S. Home, com<br />
sede em Curitiba, no sistema steel frame.<br />
Site www.ushome.com.br. Acesso em 15<br />
abril de 2007.<br />
Figura 1.15<br />
Casa modelo Dinamarca, produzida pela<br />
M.B. representações em Curitiba.<br />
Site www.casascuritibasp.com.br. Acesso<br />
em 15 abril de 2007.<br />
7
1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS<br />
- Estudar a Arquitetura Tradicional em Araucária no<br />
Paraná, com ênfase no Planalto de Curitiba.<br />
- Analisar comparativamente a tecnologia tradicional<br />
empregada na arquitetura de madeira com a tecnologia<br />
contemporânea disponível na região sul do Brasil,<br />
tendo como referência o processo de industrialização<br />
e o conceito de pré-fabricação e industrialização.<br />
- Analisar um estudo de caso referente à Arquitetura<br />
Tradicional em Araucária aplicada à habitação<br />
construída em série.<br />
- Caracterizar a arquitetura contemporânea em madeira<br />
na região de Curitiba.<br />
- Apresentar uma análise compartaiva entre a<br />
casa de madeira tradicional e a casa de madeira<br />
contemporânea produzida dentro do recorte geográfico<br />
do trabalho.<br />
1.2. MÉTODO<br />
O metodo proposto é a análise histórica através<br />
do levantamento das técnicas no tempo e análise<br />
comparativa entre a “Casa de Araucária” e a casa<br />
contemporânea em madeira com ênfase nos sistemas<br />
construtivos existentes hoje no mercado.<br />
Figura 1.16<br />
Casa em São José dos Pinhais-PR.<br />
Foto do autor, 2005.<br />
Figura 1.17<br />
Casa em São José dos Pinhais-PR.<br />
Foto do autor, 2005.<br />
Figura 1.18<br />
Casa em São José dos Pinhais-PR.<br />
Foto do autor, 2005.<br />
8
O foco principal desta análise é a pré-fabricação e<br />
industrialização da arquitetura em madeira. Existem<br />
algumas pesquisas relevantes sobre o tema em Curitiba:<br />
O livro “A Arquitetura em Madeira: Uma Tradição<br />
Paranaense” de 1987. A tese do professor Imaguire<br />
de 1993. E a dissertação de mestrado da professora<br />
Stinghen de 2002. Informalmente, há na Universidade<br />
Federal do Paraná, uma linha de pesquisa da qual<br />
participam alguns professores e ex-alunos, sendo<br />
que os trabalhos desenvolvidos apresentam alguma<br />
evolução com relação aos trabalhos anteriores.<br />
A dissertação proposta faz referência aos trabalhos<br />
anteriores e traz como acréscimo as questões<br />
relacionadas à industrialização desta arquitetura<br />
tradicional e traz também questões referentes à<br />
produção de uma arquitetura social que possibilitou<br />
acesso à moradia para as pessoas de baixa renda.<br />
Propõe um estudo de caso de uma empresa que<br />
produziu em série habitação de interesse social. Foi<br />
apresentada uma análise das técnicas existentes e<br />
sua relação com o acesso à habitação.<br />
A pesquisa ocorreu nas seguintes fases:<br />
- Estudo da bibliografia existente.<br />
- Foi elencado um número significativo de casas<br />
tradicionais de madeira na região de Curitiba e<br />
Figura 1.19<br />
Casa Rua Henrique Itiberê da Cunha, em<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.20<br />
Casa Rua Pe. Francisco Aulling,<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.21<br />
Casa Rua <strong>Domingos</strong> Nacimento,<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
9
feita uma análise do sistema construtivo, questões<br />
sócio-ambientais, tipologias entre outras questões<br />
analisadas.<br />
- Levantamento Fotográfico. Foram fotografadas<br />
aproximadamente duas mil casas (um total de 4280<br />
fotos), tendo como parâmetro a classificação tipologica<br />
das casas de madeira curitibanas proposta por<br />
Imaguire (2001). As fotos classificadas servem como<br />
documentação e comprovação da técnica construtiva,<br />
bem como a variação tecnológica e a flexibilidade<br />
do sistema.<br />
- Foram estudadas as habitações produzidas pela<br />
Rede Ferroviária entre o final do século XIX até a<br />
década de 1970 (foi quando a Rede Ferroviária deixou<br />
de produzir casas de madeira).<br />
- Foi estudada a tecnologia de pré-fabricação em<br />
madeira das casas analisadas.<br />
- Foram analisadas as técnicas contemporâneas<br />
existentes e alguns exemplares construídos.<br />
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO<br />
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO.<br />
Neste capítulo é explicado o contexto da pesquisa,<br />
os objetivos, a metodologia adotada e a estrutura<br />
da dissertação.<br />
Figura 1.22<br />
Casa Rua Dr. Raul C. Filho,<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.23<br />
Casa Rua Ângelo Sampaio,<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.24<br />
Casa Rua José Kloss,<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
10
CAPÍTULO 2 - ARQUITETURA POPULAR.<br />
Neste capítulo será apresentada a definição de<br />
arquitetura popular, que usualmente é chamada de<br />
arquitetura vernacular. Como o estudo proposto é<br />
sobre arquitetura de madeira tradicional, a importância<br />
deste capítulo é fundamental para compreensão dos<br />
fatores que possibilitaram a existência da “Casa de<br />
Araucária”. Será apresentado, além da definição de<br />
arquitetura popular, sob o ponto de vista de alguns<br />
autores, um panorama geral da arquitetura popular,<br />
relação da arquitetura popular e imigração e a<br />
arquitetura popular em Curitiba.<br />
CAPÍTULO 3 - A CASA DE ARAUCÁRIA.<br />
Conceituação e detalhamento da “Casa de Araucária”<br />
tendo como referência as pesquisas que abordam<br />
o tema e levantamento de campo. Este capítulo<br />
tem como objetivo um detalhamento das técnicas<br />
e saberes construtivos, antecedentes históricos,<br />
evolução tecnológica, abrangência destas construções<br />
e possíveis origens destas tipologias com referência<br />
ao processo de imigração. Também, questões<br />
relacionadas ao uso destas construções, evolução<br />
tipológica e legislação urbana.<br />
No que se refere à questão construtiva serão analisadas<br />
Figura 1.25<br />
Casa na área rural de Almirante Tamandaré-<br />
PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.26<br />
Casa Rua Ubaldino do Amaral,<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.27<br />
Casa Rua Itupava, em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
11
as serrarias e padronização de bitolas, o detalhamento<br />
estrutural e detalhes construtivos.<br />
CAPÍTULO 4 – INDUSTRIALIZAÇÃO E PRÉ-<br />
FABRICAÇÃO.<br />
Neste capítulo serão apresentadas definições de<br />
alguns autores sobre industrialização, pré-fabricação<br />
e suas relações com a arquitetura. Também será feita<br />
uma análise da pré-fabricação, industrialização de<br />
construções em madeira e quais são as possibilidades<br />
do uso deste material para a produção de residências<br />
em série. Quais são os sistemas industriais existentes<br />
e a possibilidade de acesso moradia que eles<br />
proporcionam.<br />
Será feita uma análise entre a industrialização, pre-<br />
fabricação com relação ao acesso às moradias e<br />
questões habitacionais.<br />
CAPÍTULO 5 - A CASA DE ARAUCÁRIA E A<br />
HABITAÇÃO SOCIAL: ESTUDO DE CASO REDE<br />
DE VIAÇÃO PARANÁ-SANTA CATARINA.<br />
Neste capítulo será apresentado um estudo de caso de<br />
uma empresa que produziu um número significativo de<br />
habitações em madeira, com o objetivo de verificar a<br />
Figura 1.28<br />
Casa Rua Pnta. Luís Thomaszeck,<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 1.29<br />
Casa em Rio Claro do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.30<br />
Casa em Rio Claro do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
12
suposição de que a arquitetura em madeira possibilitou<br />
maior acesso à moradia. Cumprindo esse objetivo será<br />
apresentado o estudo de caso referente a produção<br />
de habitações feitas pela Rede de Viação Paraná-<br />
Santa Catarina. Neste sentido foram estudados os<br />
projetos destas casas que se encontram disponíveis<br />
nos arquivos da RVPSV em Curitiba. A partir deste<br />
material coletado será feito um breve histórico da<br />
habitação social financiada pela RVPSC, um estudo<br />
tipológico das casas e levantamento fotográfico dos<br />
exemplares remanescentes.<br />
CAPÍTULO 6 - A CASA DE MADEIRA<br />
CONT<strong>EM</strong>PORÂNEA.<br />
Neste capítulo serão apresentados os novos paradigmas<br />
da construção em madeira, a produção contemporânea<br />
desta arquitetura com ênfase na arquitetura brasileira<br />
e curitibana. O objetivo é montar um panorama do<br />
que se produz aqui no Brasil e em Curitiba. Há uma<br />
variedade de bibliografia disponível e mensalmente<br />
são publicados exemplares nas principais revistas<br />
de arquitetura do país.<br />
Serão discutidas questões como a relação entre a<br />
construção em madeira e a preservação do meio<br />
ambiente.<br />
Figura 1.31<br />
Casa Rua Francisco Scremin<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.32<br />
Casa Rua Nicola Pellanda<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.33<br />
Casa Rua Nicola Pellanda<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
13
CAPÍTULO 7 - CONCLUSÃO E<br />
PERSPECTIVAS<br />
Apresentação das considerações finais, fazendo uma<br />
relação entre os capítulos apresentados.<br />
Será apresentada a relação entra a arquitetura<br />
tradicional e contemporânea, um dos pontos principais<br />
do trabalho.<br />
Neste capítulo serão apresentadas as perspectivas<br />
da construção em madeira com base no material<br />
analisado. Também será elencada uma série de<br />
possíveis rumos para pesquisas nesta área, as<br />
dificuldades encontradas e as complementações<br />
necessária para pesquisas futuras.<br />
Figura 1.34<br />
Casa Colônia Muricy em São José dos<br />
Pinhais-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 1.35<br />
Casa em Irati-PR.<br />
Foto Marialba R. G. Imaguire, 2005.<br />
Figura 1.36<br />
Casa em Cruz Machado-PR.<br />
Foto Marialba R. G. Imaguire, 2005.<br />
14
2. ARQUITETURA POPULAR<br />
O termo “arquitetura”é muitas vezes vinculado a uma<br />
edificação projetada por um arquiteto (figura 2.1).<br />
Dificilmente se considera uma construção feita pelas<br />
camadas médias e pobres e como tal, atribuindo<br />
a estas construções pouco valor. Isto fica claro na<br />
escassa bibliografia especializada neste assunto.<br />
Existem poucos livros sobre as construções mais<br />
simples, feitas à revelia das vanguardas e das correntes<br />
acadêmicas. Porém, a grande maioria das construções,<br />
principalmente no Brasil, não são projetadas por<br />
arquitetos e nem mesmo por outros profissionais, como<br />
técnicos em edificações ou engenheiros (figura 2.2).<br />
Como afirma Weimer (2005), a arquitetura popular,<br />
de forma genérica, não faz parte do imaginário dos<br />
arquitetos. A maioria dos trabalhos e levantamentos<br />
feitos sobre o tema são produzidos em outras áreas,<br />
principalmente nas ciências humanas. São poucos os<br />
estudos feitos por arquitetos sobre estas manifestações<br />
populares. O que nos leva a crer que esta arquitetura<br />
não é de interesse destes profissionais, que têm como<br />
foco principal as vanguardas arquitetônicas, que na<br />
maioria das vezes, são produzidas no exterior (figura<br />
2.3).<br />
Todavia, esta arquitetura existe e está presente em<br />
nossas cidades e no campo. Ela possui qualidades<br />
técnicas, plásticas e funcionais. E, segundo Silva<br />
Figura 2.1<br />
Projeto da Praça do Comércio, Projeto feito<br />
por Grandjean Montegny em 1819-20.<br />
Coleção Biblioteca Nacional, Rio de<br />
Janeiro.<br />
Fonte: BANDEIRA, J.; XEXÉO, P. M. C.;<br />
CONDURU, R. A Missão Francesa. Rio<br />
de Janeiro: Sextante Artes, 2003.<br />
Figura 2.2<br />
Amazônia: A Arte da Vida Ribeirinha.<br />
foto Pedro Martinelli, sem data.<br />
Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura<br />
do Brasil. São Paulo: Editora Abril,<br />
1999.<br />
15
(2005), várias vezes, não possui autor e, sim, uma<br />
autoria coletiva, baseada em tradições construtivas,<br />
com o saber construir transmitido de geração para<br />
geração sem muita contestação (figura 2.4). Estas<br />
técnicas construtivas, de domínio público, foram as<br />
responsáveis pela configuração de nossas cidades,<br />
apresentando uma diversidade de soluções que<br />
corresponde a diversidade cultural do nosso país.<br />
Não há como traçar uma divisão rígida entre a<br />
arquitetura popular e a acadêmica, haja visto que<br />
algumas edificações, provenientes do saber popular,<br />
são eleitas como eruditas devido ao seu alto grau<br />
de qualidades arquitetônicas, como é o caso da<br />
arquitetura residêncial do ciclo mineiro ou a casa<br />
bandeirista (figura 2.5). E em algumas sociedades,<br />
como a japonesa, as propostas de arquitetos são<br />
baseadas em saberes populares de carpinteiros e<br />
artesões.<br />
Contudo, neste trabalho classifica-se a arquitetura em<br />
erudita e popular, segundo a definição a seguir:<br />
O termo “erudito”, como define Houaiss (2001), está<br />
relacionado ao sujeito que tem erudição, o qual por<br />
sua vez, é definido como instrução, conhecimento ou<br />
cultura variada adquirida por meio de estudo. A palavra<br />
“erudito” tem sua raiz no latim “eruditio”, que significa:<br />
ação de ensinar, instrução, saber e conhecimento.<br />
Figura 2.3<br />
Disney Concert Hall.<br />
Projeto do aquiteto Frank Gehy<br />
Fonte: http://blog.miragestudio7.com. Acesso<br />
em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.4<br />
Mestre Carpinteiro.<br />
Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no Seu<br />
Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense,<br />
1953.<br />
Figura 2.5<br />
Casa Bandeirista.<br />
Fonte: BARDI, P. M. Engenharia e<br />
Arquitetura na Construção. São Paulo:<br />
Raizes Artes Gráficas, 1985.<br />
16
Pode-se afirmar que a arquitetura erudita é produzida<br />
por pessoas que obtem seus conhecimentos sobre<br />
arquitetura e construção por meio de instrução, leitura,<br />
isto é, de maneira acadêmica e formal.<br />
Já o termo “popular”, segundo Houaiss (2001), tem<br />
origem na palavra latina “populus”, que significa “do<br />
povo”. conclui-se então, que a arquitetura popular é<br />
aquela que é produzida pelo povo, pela gente comum.<br />
Weimer (2005) salienta que a arquitetura popular é<br />
a arquitetura própria das camadas intermediárias da<br />
população. Ele busca a origem do termo “popular”<br />
no termo latino “populus”, que designa o conjunto de<br />
cidadãos, onde se excluíam os mais privilegiados e os<br />
escravos, sendo o “populus” os menos afortunados,<br />
a plebe. O autor conclui que a arquitetura popular é<br />
própria do povo e por ele é construída.<br />
É usual encontrar em alguns textos o termo “vernacular”<br />
para caracterizar a arquitetura não erudita. O termo<br />
vernacular caracteriza, segundo Houaiss (2001), algo<br />
próprio de um país ou região. A palavra “vernáculo”<br />
tem sua origem na palavra latina “vernacùlus”, que<br />
significa escravo nascido na casa do senhor. Weimer<br />
(2005) considera que o uso do termo “arquitetura<br />
vernacular” dá caráter pejorativo a ela, sendo mais<br />
prudente chamar a arquitetura não erudita de arquitetura<br />
popular.<br />
ERUDIÇÃO<br />
Datação 1563 HPint I 358<br />
Acepções<br />
substantivo feminino<br />
1 instrução, conhecimento ou cultura<br />
variada, adquiridos esp. por meio da<br />
leitura<br />
2 qualidade de erudito<br />
Etimologia<br />
lat. eruditìo,ìnis ‘ação de ensinar, instrução,<br />
saber, conhecimento’; ver rud-; f.hist. 1563<br />
erudiçam<br />
POPULAR<br />
Datação sXIV cf. RLor<br />
Acepções<br />
adjetivo de dois gêneros<br />
1 relativo ou pertencente ao povo, esp.<br />
à gente comum<br />
2 feito pelas pessoas simples, sem muita<br />
instrução<br />
3 relativo às pessoas como um todo, esp.<br />
aos cidadãos de um país qualificados para<br />
participar de uma eleição<br />
4 encarado com aprovação ou afeto pelo<br />
público em geral<br />
5 aprovado ou querido por uma ou mais<br />
pessoas; famoso<br />
6 que prevalece junto ao grande público,<br />
esp. às massas menos instruídas<br />
7 dirigido às massas consumidoras<br />
8 adaptado ao nível cultural ou ao gosto<br />
das massas<br />
9 ao alcance dos não ricos; barato<br />
Etimologia<br />
lat. populáris,e ‘do povo, público, popular’;<br />
ver popul-; f.hist. sXIV popullares, sXV<br />
popular.<br />
VERNÁCULO<br />
Datação 1708 cf. MBFlos<br />
Acepções<br />
adjetivo<br />
1 próprio de um país, nação, região<br />
2 Derivação: sentido figurado.<br />
diz-se de linguagem correta, sem<br />
estrangeirismos na pronúncia, vocabulário<br />
ou construções sintáticas; castiço<br />
substantivo masculino<br />
3 a língua própria de um país ou de uma<br />
região; língua nacional, idioma vernáculo<br />
Etimologia<br />
lat. vernacùlus,a,um ‘de escravo nascido na<br />
casa do amo; doméstico, de casa, nascido<br />
ou produzido no país, nacional, próprio do<br />
país’, der. de verna,ae ‘escravo nascido<br />
na casa do senhor; escravo, bobo; patife,<br />
velhaco’; ver verna-<br />
Fonte: Dicionário Houaiss da Língua<br />
Portuguesa, 2001<br />
17
A arquitetura popular difere da arquitetura erudita não<br />
somente por não ser uma arquitetura acadêmica ou<br />
formal. A arquitetura popular tem um vínculo estreito<br />
com o meio ambiente onde está inserida (figura 2.6).<br />
Segundo Weimer (2005), isto acontece em virtude<br />
das limitações econômicas as quais esta arquitetura<br />
está sujeita. Esta arquitetura apresenta soluções<br />
construtivas simples, com pouca diversidade de<br />
materiais. Por este motivo apresenta soluções criativas<br />
e boa adaptabilidade ao lugar de sua implantação<br />
(figura 2.7).<br />
Outra questão que agrega valor à arquitetura popular<br />
é o fato de que esta possui um estreito vínculo com<br />
uma tradição construtiva. Essa tradição é expressa por<br />
elementos e formas que identificam as construções de<br />
um grupo de pessoas, onde algumas questões técnicas<br />
como: melhor projeção dos beirais, dimensão e forma<br />
das janelas, vãos e pés direitos, são estabelecidas<br />
através de gerações de construtores. Cada nova<br />
produção, apresenta-se um progresso significativo<br />
em relação a anterior, até o momento em que se<br />
consegue uma solução precisamente definitiva para<br />
o problema e esta solução é repetida quase que<br />
inconscientemente (figura 2.8). Fathy (1980) afirma<br />
que há tradições construtivas que remontam aos<br />
primórdios da sociedade humana e, ainda, estão<br />
vivas. Algumas completaram seu ciclo e acabaram<br />
Figura 2.6<br />
Maloca Yanomami.<br />
Foto de René Fuerst, 1961.<br />
Fonte: site www.socioambiental.org. Acesso<br />
em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.7<br />
Casa Rua Nicola Pelanda no Umbará<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.8<br />
Detalhe dos lambrequins cujas funções são<br />
proteger os caibros e servir como pingadeira<br />
protegendo as paredes das interpéries. Por<br />
possuir muita plasticidades este elemento foi<br />
sendo reproduzido e alterado apresentando<br />
grande variação de desenhos e formas. Sua<br />
função é quase que esquecida tornando-se<br />
um elemento estético.<br />
Casa em Irati-PR.<br />
Foto de Jussara Valentini, 2007.<br />
18
desaparecendo. Outras estão surgindo recentemente<br />
e outras são sufocadas pela arquitetura erudita, tendo<br />
como agente principal o arquiteto. Fathy (1980) cita,<br />
como exemplo, o tamanho correto de uma janela, onde<br />
gerações de construtores chegaram a uma solução<br />
precisa, através de décadas para dimensioná-la,<br />
seguindo suas tradições arquitetônicas, estreitamente<br />
vinculadas a questões ambientais locais. A alteração<br />
deste vão, grosseiramente substituído por uma parede<br />
de vidro proveniente da arquitetura erudita, mais<br />
precisamente do modernismo (figura 2.9 e figura 2.10),<br />
gera muitos problemas. Há um aumento considerável de<br />
irradiação em um espaço onde existia uma luz difusa<br />
e suave, proveniente do conhecimento de gerações,<br />
é substituído por um espaço que apresenta claridade<br />
excessiva. Geralmente esta alteração se repete em<br />
outras construções por se tratar de algo novo e moderno.<br />
A tradição construtiva é substituída e posteriormente,<br />
esquecida. Este processo contribui para a perda de<br />
qualidade das construções e o aumento do consumo<br />
de energia, quando a nova construção se desvincula<br />
das questões ambientais locais (figura 2.11).<br />
O autor afirma que as qualidades artísticas do<br />
arquiteto não serão sufocadas caso ele caminhe<br />
dentro da tradição de sua cultura. Pelo contrário,<br />
estas qualidades se espressarão em contribuições<br />
relevantes à tradição e concorrerão para o avanço<br />
Figura 2.9<br />
Casa Farnsworth do arquiteto Mies Van<br />
der Rohe<br />
Foto de Maria Thereza, 2005.<br />
Fonte: www.farnsworthhousefriends.org.<br />
Acesso em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.10<br />
Detalhe das janelas substituída por panos<br />
de vidro.<br />
Casa Rua Manoel Ribas em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.11<br />
Janelas com vários ar-condicionados<br />
Gasto de energia em função da arquitetura<br />
não estar adaptada ao ambiente onde foi<br />
inserida.<br />
Fonte: http://wordsimages.blogspot.com.<br />
Acesso em 19 de abril de 2007.<br />
19
de sua cultura e sua sociedade.<br />
Com o movimento moderno e a estandartização da<br />
construção, a arquitetura feita pelo povo foi perdendo<br />
cada vez mais espaço para arquitetura dita erudita<br />
(figura 2.12) . O arquiteto, detentor do conhecimento<br />
acadêmico e com influências dos movimentos<br />
internacionais de vanguarda, não deu a devida<br />
importância à construção feita pelo homem do povo,<br />
tampouco compreendeu sua complexidade e suas<br />
estreitas relações com costumes locais, aspectos<br />
sociais, culturais e ambientais. Esta arquitetura, que<br />
erroneamente não era classificada como tal, foi deixando<br />
de ser produzida. Seus artesãos e construtores, ao<br />
procurar outros ofícios, deixaram que o conhecimento<br />
acumulado por gerações se tornasse obsoleto (figura<br />
2.13 e figura 2.14). Este processo de substituição,<br />
de uma técnica tradicional por uma outra moderna, é<br />
algo inerente ao homem. Dentro da própria arquitetura<br />
tradicional, isto acontece com a descoberta de novos<br />
materiais ou o esgotamento de outros, porém, esta<br />
substituição não se dá de maneira tão brusca como<br />
aconteceu no século passado, devido aos progressos<br />
da industrialização e evolução tecnológicas do processo<br />
construtivo. Pode-se afirmar que esta arquitetura,<br />
chamada de popular, vernacular ou tradicional está<br />
vinculada a um primeiro estágio de modernidade onde<br />
os materiais empregados na construção das habitações<br />
Figura 2.12<br />
Conjunto do BNH em Ji-Paraná-Ro, sem<br />
data.<br />
Fonte: http://biblioteca.ibge.gov.br. Acesso<br />
em 19 de abril de 2007.<br />
Figura 2.13<br />
Riqueza de detalhamento demonstra a<br />
criatividade dos mestres carpinteiros.<br />
Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.14<br />
Detalhes internos.<br />
Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR.<br />
Foto de Marialba Gaspar Rocha Imaguire,<br />
sem data.<br />
20
e demais edifícios são extraídos diretamente do meio<br />
natural (figura 2.15 e figura 2.16). A transformação<br />
de tais materiais em habitação, não requer uma<br />
transformação das características físicas e mecânicas<br />
destes. A madeira continua sendo madeira, a pedra<br />
continua sendo pedra e o barro continua sendo barro.<br />
O conhecimento tecnológico é aplicado na extração<br />
destes materiais para que eles tenham uma maior<br />
durabilidade na confecção e preparo das peças, para<br />
que apresentem um melhor desempenho mecânico<br />
com relação a questões estruturais da edificação e<br />
respondam, de maneira eficiente, ao meio ambiental<br />
onde estão inseridos; salientando questões como<br />
intempéries, radiação solar, ventos e proteção contra<br />
insetos e fungos (figura 2.17).<br />
Desta junção de materiais nasce a arquitetura popular.<br />
É o que Lévi-Strauss (1962) nomeia como “bricolage”.<br />
O autor afirma que o “bricoleur” está apto a realizar<br />
um grande número de tarefas diversificadas, porém<br />
comparando-o com o engenheiro, este não subordina<br />
nenhuma delas à obtenção de matérias-primas<br />
específicas e utensílios procurados à medida em que<br />
concebe seu projeto. O “bricoleur” tem seu universo<br />
fechado e produz sua construção com um conjunto<br />
sempre finito de utensílios e materiais variados (figura<br />
2.18). Ele não possui oportunidades que se apresentam<br />
de maneira variada, para renovar e enriquecer as<br />
Figura 2.15<br />
Serraria de Pinho, propriedade de Nicolau<br />
Harmuch em Iraty – PR.<br />
Fonte: Album do Estado do Paraná, 1920.<br />
Figura 2.16<br />
Serraria Santo Antônio, Município de<br />
Rebouças–PR.<br />
Fonte: Album do Estado do Paraná, 1921.<br />
Figura 2.17<br />
Detalhe dos lambrequins e soltura do<br />
oitão, ambos funcinam como proteção as<br />
interpéries aumentando a longevidade da<br />
construção.<br />
Foto Marialba Gaspar Rocha Imaguire,<br />
sem data<br />
21
técnicas construtivas. O conjunto que se apresenta<br />
é limitado ao uso, onde cada elemento se restringe<br />
a um emprego exato e determinado. Por sua vez, o<br />
engenheiro tem ao seu dispor uma grande variedade<br />
de instrumentos e materiais. Ele os classifica e escolhe<br />
segundo um projeto específico.<br />
Pode-se afirmar que o conhecimento do “bricoleur”<br />
faz com que sua produção não exceda a capacidade<br />
de sustentação deste universo e não extrapole seu<br />
tênue equilíbrio (cultural ou ambiental). A construção<br />
do “bricoleur” é a arquitetura popular. Já o engenheiro,<br />
por ter a sua disponibilidade grande quantidade de<br />
instrumentos e materiais, não compreende os estreitos<br />
vínculos existentes no universo fechado do “bricoleur“,<br />
correndo o risco de produzir uma construção erudita,<br />
sem qualquer vínculo cultural ou ambiental com este<br />
universo. Por este motivo, é tão importante para os<br />
arquitetos o estudo desta arquitetura popular. Não<br />
para repetí-la sem qualquer questionamento, mas<br />
para se ter o conhecimento destas várias arquiteturas,<br />
já que este conhecimento os auxiliará em questões<br />
como: conforto ambiental, diminuição dos custos<br />
das construções e compreensão do nosso passado<br />
arquitetônico.<br />
Saia (1978) afirma que a arquitetura tradicional merece<br />
ser estudada pelos arquitetos contemporâneos, no<br />
BRICOLAG<strong>EM</strong><br />
Acepções<br />
substantivo feminino<br />
trabalho ou conjunto de trabalhos manuais<br />
feitos em casa, na escola etc., como distração<br />
ou por economia<br />
Etimologia<br />
fr. bricolage ‘trabalho intermitente’, der. de<br />
bricoler (1480) ‘movimento de ir e vir’, de<br />
orig.contrv.<br />
Uso<br />
gal. mais corrente em Portugal<br />
Figura 2.18<br />
Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”.<br />
Colônia Muricy em São José dos Pinhais-<br />
PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.19<br />
Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”.<br />
Colônia Muricy em São José dos Pinhais-<br />
PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
As figuras 2.18 e 2.18 expõe uma arquitetura<br />
totalmente vinculada com o meio em que<br />
está inserida. Os materiais de contrução<br />
são extraidos diretamente da natureza,<br />
sem possibilidade de uso de materiais<br />
provenientes de outros locais.<br />
Tendo disponível somente a madeira a<br />
casa é construída com troncos encaixados<br />
e a cobertura original era em tábuas de<br />
madeira.<br />
Esta seria a arquitetura produzida pelo<br />
“Bricoleur” como afirma LÉVI-STAUSS<br />
(1962) .<br />
22
sentido de contribuir com sua formação em questões<br />
vinculadas ao ordenamento do espaço e a escolha dos<br />
esquemas construtivos mais satisfatórios. Sua apurada<br />
sensibilidade de selecionar os resultados plásticos<br />
verdadeiramente expressivos conferem a construção<br />
um maior significado social (figura 2.20). Segundo o<br />
autor, uma das qualidades essênciais do arquiteto é<br />
a sensibilidade de perceber os fatores regionais e as<br />
realidades sociais para quem a arquitetura se destina.<br />
porque esta deverá sempre estar em sintonia com a<br />
estrutura íntima desta comunidade. A interpretação<br />
direta destes problemas confere a arquitetura uma<br />
simplicidade apenas aparente, porém capaz de<br />
solucionar os problemas propostos (figura 2.21).<br />
A inteligência da arquitetura tradicional consiste,<br />
basicamente em resolver sem pretenções, os problemas<br />
propostos pela comunidade. Segundo Saia (1978),<br />
esta arquitetura se mantém num alto nível de respeito<br />
próprio o que a deferencia de alguns exemplares<br />
modernistas da década se setenta, cuja repetição de<br />
soluções previamente determinadas (como rampas,<br />
pilotis e brise-soleil) conferia a elas apenas uma<br />
busca formal para incluí-los dentro do movimento<br />
modernista. Sendo esta busca totalmente desvinculada<br />
das realidades sociais das comunidades para quem<br />
eram destinadas.<br />
Figura 2.20<br />
Conjunto arquitetônico de uma fazenda de<br />
café em Japira-PR.<br />
A hierarquia das construções está vinculada<br />
com questões sociais e funcionais. A casa<br />
fica no alto possibilitando visualizar desde<br />
a colheita até a secagem do café.<br />
O terreiro é em degraus o que favorece a<br />
separação e classificação dos grãos.<br />
A Foto de Maurício Maas, 1985.<br />
Figura 2.21<br />
Detalhe pilar do Sítio do Padre Inácio em<br />
Cotia-SP.<br />
Foto sem autor e data.<br />
Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />
- Professor Key Imaguire Jr.<br />
23
2.1. Arquitetura Popular no Brasil<br />
A arquitetura popular no Brasil apresenta diversidade<br />
de soluções e tipologias, fruto da grande extensão<br />
territorial e diversidade cultural presentes na formação<br />
e evolução do país.<br />
Há muitos estudos relevantes sobre a arquitetura popular<br />
brasileira, alguns feitos por profissionais das ciências<br />
sociais e outros elaborados por arquitetos, muitos<br />
deles modernistas. Têm-se a compreensão errônea de<br />
que o movimento modernista brasileiro rompeu com a<br />
arquitetura tradicional. Há um rompimento, mas este<br />
não acontece de maneira definitiva. Muitos arquitetos<br />
vão buscar na racionalidade e funcionalidade da<br />
arquitetura popular inspiração, como se pode verificar<br />
no trabalho de muitos arquitetos como Lúcio Costa<br />
(figura 2.22 e figura 2.23), Lina Bo Bardi (figura 2.24)<br />
e Severiano Porto (figura 2.25).<br />
A arquiteta Lina Bo Bardi era uma defensora da<br />
arquitetura e da arte popular. Mesmo fiel aos preceitos<br />
da arquitetura modernista alguns de seus projetos<br />
tem referências claras do saber construir do homem<br />
do povo. Temos, como exemplo, a escada do Museu<br />
de Arte Popular do Unhão em Salvador, onde Bardi<br />
(1959) constrói uma nova escada com um sistema de<br />
encaixes dos antigos carros de boi (figura 2.26 e figura<br />
2.27). Neste exemplo, a tecnologia tradicional milenar<br />
Figura 2.22<br />
Rio de Janeiro:<br />
A Paisagem de Lúcio Costa<br />
foto Nana Moraes, sem data.<br />
Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura<br />
do Brasil. São Paulo: Editora Abril,<br />
1999.<br />
Figura 2.23<br />
Rio de Janeiro:<br />
A Paisagem de Lúcio Costa<br />
foto Nana Moraes, sem data.<br />
Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura<br />
do Brasil. São Paulo: Editora Abril,<br />
1999.<br />
Nas figuras 2.22 e 2.23 verifica-se a relação<br />
entre a arquitetura modernista e a popular.<br />
Lúcio Costa mesmo usando a pele de<br />
vido, uma solução modernista, controla o<br />
excesso de luz com cobogos cerâmicos, o<br />
que nos lembra as rótulas e moxarabis da<br />
arquitetura colonial.<br />
24
é transportada para um outro objeto e transformada<br />
na obra focal da intervenção arquitetônica. O saber<br />
construir tradicional se transforma em arquitetura<br />
erudita e se afirma como obra de arte.<br />
Bardi (1992) defende a idéia de que o homem do povo<br />
é o arquiteto de verdade. Sendo Bardi uma das grandes<br />
expressões da arquitetura modernista paulistana, a<br />
afirmação tem importância, pois subvertendo toda a<br />
lógica entre arquitetura popular e erudita. No texto,<br />
a autora afirma que as qualidades da arquitetura<br />
modernista são as mesmas da arquitetura popular e traça<br />
uma dura crítica a influencia do mercado imobiliário e<br />
dos modismos na arquitetura brasileira, que segundo a<br />
autora resultam em uma arquitetura de má qualidade,<br />
em uma não arquitetura. Em seu texto publicado em<br />
1992, afirma que a verdadeira arquitetura, sem erros,<br />
sem o conjunto de aparências e preconceitos frutos da<br />
pseudo cultura, é a produzida pelo homem do povo.<br />
“O homem do povo é o arquiteto de verdade, mesmo<br />
que por intuição”, sem o conhecimento erudito, pois<br />
constrói para suprir as exigências de sua vida. “A<br />
harmonia de suas construções é a harmonia natural<br />
das coisas não contaminadas pela falsa cultura, pela<br />
soberba e pelo dinheiro”, visto pela arquiteta como<br />
os modismos arquitetônicos propostos pelo mercado<br />
imobiliário. Bardi (1992) entende por “falsa cultura” as<br />
referências históricas e os influências arquitetônicos<br />
Figura 2.24<br />
Igreja do Espírito Santo do Serrado em<br />
Uberlândia-SP<br />
Fonte: FERRAZ, M. C. Lina Bo Bardi.<br />
São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria<br />
Bardi, 1993.<br />
Figura 2.25<br />
Residência Severiano Porto, Manaus AM,<br />
1971. Arquiteto Severiano Mário Porto. Foto<br />
Severiano Porto.<br />
Fonte: www.vitruvius.com.br. Acesso em 19<br />
de abril de 2007.<br />
Figura 2.26<br />
Escada do Solar do Unhão em Salvador-<br />
BA. A estrutura é em encaixes de madeira<br />
inspirada nos antigos carros de boi.<br />
Fonte: FERRAZ, M. C. Lina Bo Bardi.<br />
São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria<br />
Bardi, 1993.<br />
25
aceitas pelas correntes ditas pós-modernas. Sendo fiel<br />
aos preceitos modernistas, condena o uso de elementos<br />
decorativos (segue os preceitos de Adolph Loos em<br />
seu artigo publicado em 1908, intitulado: “Ornamneto<br />
é Crime”), como afirmou e considerados supérfulos<br />
ou o uso de estilos arquitetônicos importados, sem<br />
nenhuma referência com o local de implantação.<br />
Em seu texto, defende a casa do homem comum,<br />
que tem qualidades arquitetônicas semelhantes as<br />
mesmas propostas pelos modernistas, onde a casa é<br />
um espaço simples e sem retóricas, com os lugares<br />
cuidadosamente calibrados e pensados, onde é possível<br />
viver e principalmente pensar, e onde se encontra a<br />
poesia da arquitetura. Estas qualidades modernistas,<br />
como a ausência de elementos que não encontram<br />
uma função específica na construção e a racionalidade<br />
dos espaços assinalados como “cuidadosamente<br />
calibrados e pensados”, são facilmente encontradas<br />
na arquitetura produzida pelas camadas populares<br />
do país e são pouco absorvidas pelo grande mercado<br />
consumidor, que não vê as casas somente como um<br />
objeto que cumpre a função de moradia e, sim, como<br />
um produto a ser comercializado (figura 2.28). Saia<br />
(1978) compartilha da mesma idéia, porém, sua crítica<br />
é focada no uso indevido de elementos modernistas,<br />
colocados a revelia por alguns arquitetos para afirmar<br />
o estilo. Esta arquitetura também foi produzida e<br />
Figura 2.27<br />
Projeto da Escada do Solar do Unhão em<br />
Salvador-BA. Fonte: FERRAZ, M. C. Lina<br />
Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e<br />
Pietro Maria Bardi, 1993.<br />
Figura 2.28<br />
Maquete eletrônica do Shopping Estação<br />
Plaza Show em Curitiba-PR.<br />
O projeto foi executado mesmo tendo ao lado<br />
um importantíssimo edifício que abrigava<br />
a antiga estação ferroviária de Curitiba. O<br />
projeto atual não respeitou o antigo edifício<br />
e sua volumetria não possui nenhum vínculo<br />
com a arquitetura local.<br />
Fonte: www.amanha.terra.com.br.<br />
Acesso em 19 de abril de 2007.<br />
26
absorvida pelo mercado consumidor da mesma maneira<br />
que a arquitetura pós-moderna.<br />
Os dois autores buscam um vínculo estreito entre a<br />
arquitetura e as questões sociais, culturais e físicas<br />
do local onde a arquitetura é implantada e a relação<br />
desta com a comunidade para quem ela se destina.<br />
Questões como estas estão muito distantes da vida<br />
profissional de muitos arquitetos que se desvinculam<br />
das questões locais e buscam referências formais e<br />
tecnológicas externas sem um maior comprometimento<br />
com o usuário final (figura 2.29).<br />
Segundo Saia (1978), “A análise da arquitetura<br />
tradicional é, por isso de estimável ajuda na formação<br />
do arquiteto comtemporâneo: no sentido de contribuir<br />
substancialmente para a criação de uma estrutura mental<br />
capaz de enfrentar, com propriedade e adequação, as<br />
questões de ordenamento do espaço; esclarecida o<br />
suficiente para a escolha dos esquemas construtivos<br />
mais satisfatórios para cada caso (...).”<br />
No entanto, não se pode esquecer que a arquitetura<br />
é também um símbolo de status econômico e cultural,<br />
portanto, não é possível retornar à pureza funcional e<br />
formal da arquitetura vernacular (figuras 2.30 e 2.31).<br />
Esta merece ser estudada, todavia não podemos<br />
reproduzi-la, pois como afirma Saia (1978), “Se cada<br />
época e cada comunidade tem uma temática expressiva<br />
Figura 2.29<br />
Tenerife Ópera House do arquiteto Santiago<br />
de Calatrava iniciada em 1991.<br />
Fonte:www.arch.mcgill.ca. Acesso em 19<br />
de abril de 2007.<br />
Figura 2.30<br />
Edifício construído na década de 90 para<br />
abrigar a Sede do IPHAN em Tiradentes-<br />
MG.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.31<br />
Edifício construído na década de 90 para<br />
abrigar a Sede do IPHAN em Tiradentes-<br />
MG.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
As figura 2.30 e 2.31 mostram a simples<br />
reprodução de uma arquitetura popular<br />
produzida no século XVIII sem nenhum<br />
questionamento ou adaptação ao modo de<br />
viver da época quando foi implantada.<br />
27
e uma intenção peculiar, é evidente teimosia pretender<br />
repetir experiências plásticas destituindo-as de senso<br />
de funcionalidade, (...)”.<br />
Podem-se, portanto compreender os fenômenos que<br />
a fazem surgir e através deste entendimento, propor<br />
uma arquitetura que possua os mesmos vínculos da<br />
arquitetura popular e também, produzir uma arquitetura<br />
contemporânea, que reflita as questões culturais,<br />
sociais e econômicas do nosso tempo.<br />
2.2. Arquitetura Popular no Paraná<br />
No Paraná, a arquitetura está intimamente ligada aos<br />
movimentos de imigração que ocorreram no final do<br />
século XIX até a primeira metade do século XX. Neste<br />
período, as arquiteturas de origem portuguesa e a de<br />
origem indígena, também consideradas populares,<br />
foram cedendo lugar à arquitetura do imigrante e,<br />
hoje, poucos exemplares desta arquitetura colonial<br />
permaneceram (figuras 2.32, 2.33 e 2.34).<br />
O imigrante não encontrou no Brasil os mesmos<br />
materiais existentes no seu país de origem, para a<br />
confecção das moradias. A adaptação das técnicas<br />
construtivas destes imigrantes, provenientes de vários<br />
países europeus e asiáticos, com o ambiente natural<br />
rico e diversificado resultou em uma arquitetura rica<br />
e singular.<br />
Figura 2.32<br />
Vista da Rua XV de Novembro provavelmente<br />
no final do século XIX.<br />
Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />
Paraná.<br />
Figura 2.33<br />
Vista da Rua XV de Novembro provavelmente<br />
no início do século XX.<br />
Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />
Paraná.<br />
Figura 2.34<br />
Vista do bairro Batel, 1906.<br />
Chalés em alvenaria em primeiro plano.<br />
Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />
Paraná.<br />
28
Weimer (1987), relatando sobre a arquitetura do<br />
imigrante alemão no Rio Grande do Sul, afirma que<br />
este imigrante agiu de acordo com um repertório que<br />
lhe era familiar e tentou reproduzí-lo de acordo com<br />
suas possibilidades materiais. Esta adaptação está<br />
presente em toda a arquitetura da imigração no Brasil.<br />
Segundo Imaguire (1993), o colonizador europeu, no<br />
Brasil, tinha disponiveis os três materiais básicos para<br />
construção: a madeira, o barro e a pedra, porém, a<br />
madeira era o mais rico em possibilidades.<br />
O exemplar mais significativo desta arquitetura de<br />
imigração no Paraná é a “Casa de Araucária” (figuras<br />
2.35, 2.36 e 2.37), intitulada assim por Imaguire<br />
(1993).<br />
A “Casa de Araucária” é a arquitetura típica da<br />
região onde se encontrava a mata de araucária,<br />
que se estendia pelos estados do Sul do país e sua<br />
maior densidade era no estado do Paraná. É uma<br />
arquitetura feita com madeira extraída da araucária<br />
em processo industrial, através das serrarias (figura<br />
2.38). A construção é formada basicamente com<br />
madeira. As paredes são com tábuas e mata-juntas. E<br />
o soalho, o forro, as esquadrias e tesouras do telhado<br />
são deste material. As fundações são em pedra,<br />
tijolo e, em alguns exemplos, em madeira mais dura,<br />
como imbúia. E a cobertura com telhas cerâmicas,<br />
sendo que, nos primeiros exemplares, a cobertura<br />
Figura 2.35<br />
Casa Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.36<br />
Casa Rua Henrique Itiberê da Cunha em<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 2.37<br />
Conjunto arquitetônico na Colônia Mariental<br />
em Balsa Nova-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
29
também era feita com tábuas de madeira, chamadas<br />
“tabuinhas” (figura 2.39).<br />
Imaguire (1993) afirma que a “Casa de Araucária” é um<br />
sincretismo construtivo de origem indefinível, mas de<br />
afirmação e expressão paranaense. Esta arquitetura<br />
sofreu uma contínua evolução e adaptação, inclusive<br />
com a alteração da espécie de madeira, como ocorreu<br />
na região denominada Norte Novo (figura 2.40) e está<br />
presente em quase todas as cidades do Paraná, sendo<br />
sua mais expressiva arquitetura popular. Embora, em<br />
alguns casos, como a Casa Pereira, em São Mateus<br />
do Sul, a Casa Estrela e a Casa e a Casa <strong>Domingos</strong><br />
Nascimento (hoje sede do IPHAN) em Curitiba, a<br />
arquitetura deixa de ser popular e figure entre a<br />
arquitetura erudita paranaense.<br />
Atualmente, esta técnica ainda persiste, porém sem<br />
a expressão arquitetônica e apuro construtivo dos<br />
exemplares tradicionais e com madeiras de menor<br />
qualidade. Fica assim demonstrado, que cumpriu<br />
seu ciclo evolutivo e por isso merece ser estudada<br />
e relatada.<br />
Figura 2.38<br />
Serraria de Pinho no Paraná, 1906.<br />
Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />
Paraná.<br />
Figura 2.39<br />
Habitações temporarias para os imigrantes<br />
ucranianos em Prudentópolis-PR datadas<br />
do final do século XIX.<br />
Fonte: Museu do Milênio<br />
em Prudentópolis-PR.<br />
Figura 2.40<br />
Casa de Peroba, da década de 50, em<br />
Londina-PR<br />
Fonte: ZANI, L. C. Arquitetura em<br />
Madeira. São Paulo: IMESP, 2003.<br />
30
3. A CASA DE ARAUCÁRIA<br />
3.1. CONCEITUAÇÃO<br />
O Termo “Casa de Araucária” foi proposto por Imaguire<br />
(1993) para caracterizar a construção onde se utiliza<br />
como matéria-prima a madeira proveniente da Araucária<br />
angustifólia (figura 3.1), popularmente conhecida<br />
como “Pinheiro do Paraná”. Outra característica é<br />
o sistema construtivo adotado para confecção das<br />
paredes, conhecido como tábuas verticais e mata-<br />
juntas (figura 3.2).<br />
Imaguire (1993) afirma que na casa paranaense a<br />
obtenção industrial da madeira é pressuposto e esta<br />
industrialização ocorreu com o aparecimento das<br />
primeiras serrarias a vapor que resultavam em um<br />
maior aproveitamento da madeira e normatização<br />
das dimensões e bitolas, pressupondo um sistema<br />
construtivo, sendo que a totalidade das construções<br />
apresentam apenas seis secções de madeiras, como<br />
constatado em levantamentos (figura 3.3).<br />
A Casa de Araucária foi a arquitetura popular mais<br />
marcante nas paisagens do Rio Paraná, porém sua<br />
ocorrência não se limitou às divisas do estado.<br />
Em quase toda extensão da floresta de araucária<br />
(figura 4.4), que abrangia principalmente os estados<br />
do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,<br />
Figura 3.1<br />
Araucária<br />
Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no<br />
Seu Centenário. Curitiba: Imprensa<br />
Paranaense, 1953.<br />
Figura 3.2<br />
Detalhe da parede de tábua e matajuntas.<br />
Casa Erbo Stenzel, parque São<br />
Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor,<br />
2005<br />
Figura 3.3<br />
Serraria de pinho, propriedade de<br />
Zarpelão e Burgo - Iraty – PR.<br />
Fonte: Album do Estado do Paraná, 1920.<br />
31
encontra-se remanescentes desta arquitetura, com<br />
muitas variações regionais, mas que na essência<br />
mantém as mesmas características construtivas e<br />
tecnológicas, fato este também constatado durante<br />
as fases de pesquisas e levantamentos de campo<br />
para este trabalho.<br />
O sistema construtivo denominado tábua e mata-juntas<br />
também não é característico apenas da arquitetura<br />
feita com araucária e sim as coníferas de um modo<br />
geral. Por apresentarem fibras longas e um tronco<br />
retilíneo e serem árvores de grande porte, a matéria-<br />
prima pressume a técnica e o mais coerente é o uso<br />
do sistema de tábuas verticais e mata-junta como<br />
acabamento e junta de dilatação.<br />
Durante a pesquisa foi constatada a existência deste<br />
sistema construtivo em Países Nórdicos (figura 3.5), no<br />
Chile (figura 3.6), Canadá e Estados Unidos, contudo,<br />
como a pesquisa fora do território nacional não foi<br />
abrangente, acredita-se na hipótese deste sistema<br />
ser recorrente em outras áreas onde se encontram<br />
coníferas. Verificou-se que este sistema não foi<br />
importado destes países para o Brasil, pois a casa<br />
de araucária aconteceu sem influências externas,<br />
sendo fruto de um sincretismo arquitetônico, como<br />
caracterizado anteriormente.<br />
Figura 3.4<br />
Mapa da Ocorrência da Mata de<br />
Araucária.<br />
Fonte: CN-RBMA - Projeto Inventário dos<br />
Recursos Florestais da Mata Atlântica,<br />
site www.rbma.org.br. Acesso em 22 de<br />
abril de 2007.<br />
Figura 3.5<br />
Casa tradicional na Islândia. Fonte:<br />
GAUZIN-MULLER, D. Le Bois Dans La<br />
Contruction. Paris: Le Montier, 1990.<br />
Figura 3.6<br />
Casa Cruses datada de 1895 em Puren,<br />
Chile<br />
Fonte: site www.municipalidadpuren.<br />
blogspot.com. Acesso em 22 de abril de<br />
2007.<br />
32
3.2. A RELAÇÃO ENTRE A CASA DE ARAUCÁRIA<br />
E A IMIGRAÇÃO<br />
A Casa de Araucária é uma arquitetura vinculada<br />
principalmente à imigração. Não há remanescentes<br />
ou documentos que comprovem a existência deste<br />
sistema construtivo no Brasil Colonial e também, não<br />
há referências desta arquitetura nos países de origem<br />
dos imigrantes. Como afirma Imaguire (1993), é um<br />
sincretismo arquitetônico.<br />
Weimer (2005), referindo-se à arquitetura popular<br />
do imigrante italiano no Rio Grande do Sul, afirma<br />
que embora muitos historiadores tenham valorizado<br />
as construções em pedra, por manterem um vínculo<br />
com a Itália, as construções em tábua são as mais<br />
significativas por expressarem a verdadeira dimensão<br />
da criatividade e da capacidade de adaptação do<br />
imigrante no novo meio (figura 3.7). Na região de<br />
Curitiba, é muito comum vincula-se as construções com<br />
tábua e mata-juntas com presença de lambrequins,<br />
aos poloneses (figura 3.8). Ao se referir a este sistema<br />
construtivo, Weimer (2005) apresenta uma imagem<br />
de uma casa de tábuas com a referência: “uma casa<br />
dita polonesa na periferia de Curitiba, Paraná, com<br />
destaque para os lambrequins”(figura 3.9).<br />
Dudeque (2001) afirma: “acreditou-se que os<br />
lambrequins eram uma prova clara e claríssima da<br />
Figura 3.7<br />
Conjunto de casas de imigração italiana<br />
em Antônio Prado-RS.<br />
Fonte: site www.cameraviajante.com.br.<br />
Acesso em 22 de abril de 2007.<br />
Figura 3.8<br />
Casa com lambrequins. Rua<br />
Desembargador Motta em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006<br />
Figura 3.9<br />
Imagem da casa “dita polonesa” na<br />
periferia de Curitiba.<br />
Fonte: WEIMER, G. Arquitetura<br />
Popular Brasileira. São Paulo: Martins<br />
Fontes, 2005<br />
33
influência germânica ou italiana, pois os construtores<br />
alemães eram os mais ativos da cidade no final do<br />
século XX. Mas como alemães e italianos havia em<br />
outras partes do Brasil, onde os lambrequins (figura<br />
3.10 e figura 3.11) não eram tão triviais, a solução<br />
foi inventar genealogias que acabaram ligando os<br />
lambrequins aos poloneses. Ora, se a maioria dos<br />
poloneses que imigraram para o Brasil se estabeleceram<br />
na região de Curitiba, e como só em Curitiba todas as<br />
casas de madeira foram decoradas com lambrequins, o<br />
lambrequim só podia estar relacionado aos poloneses<br />
ou, pelo menos, esta seria a ‘origem mais provável’<br />
(...)”. No entanto Dudeque (2001) questiona esta<br />
hipótese, se referindo à legislação urbana do final do<br />
século XIX, que incentivava o uso deste ornamento,<br />
destacando seu uso na arquitetura curitibana, tanto<br />
de madeira como de alvenaria (figura 3.12).<br />
Os antecedentes históricos da Casa de Araucária<br />
são de difícil definição. Pode-se constatar que os<br />
portugueses e os indígenas brasileiros não usaram<br />
esta técnica construtiva e também que os imigrantes<br />
não a trouxeram de seus países de origem, pois não<br />
se conhece remanescentes na Itália, Alemanha,<br />
Ucrânia, Japão e Polônia. A hipótese mais provável<br />
é que estes imigrantes conheciam as técnicas<br />
construtivas para trabalhar com a madeira. E a<br />
Figura 3.10<br />
Lambrequins.<br />
Fonte: acervo do autor.<br />
Figura 3.11<br />
Maquete de detalhe construtivo de<br />
telhado com lambrequins.<br />
Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura<br />
Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 3.12<br />
Casa na Rua Anita Garibaldi em Curitiba-<br />
PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
34
araucária apresentava características mecânicas<br />
que facilitavam o manuseio, ocorrendo o sistema<br />
construtivo de maneira intuitiva.<br />
A araucária possibilitava o desdobre em tábuas<br />
com 30cm de largura, com alturas a partir de quatro<br />
metros. O sistema construtivo mais adequado para<br />
esta madeira, que existia em abundância, era o de<br />
tábuas com mata juntas. Já quanto à volumetria, a<br />
Casa de Araucária possui volumetria semelhante a<br />
das casas de alvenaria feitas no Brasil e na Europa no<br />
período da imigração. Apenas o material é substituído,<br />
pois em vez do tijolo ou a pedra é usada a madeira<br />
(figura 3.13 e figura 3.14).<br />
3.3. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL<br />
Outra questão importante que influenciou esta<br />
arquitetura foi a legislação municipal, assunto este<br />
analisado por Sutil (1996) em sua dissertação de<br />
mestrado intitulada “O Espelho e a Miragem: Ecletismo,<br />
Moradia e Modernidade na Curitiba do início do<br />
Século”.<br />
A análise da legislação urbana fornece subsídios para<br />
se entender algumas questões (como implantação,<br />
recuos), regras de construção (como pés direitos,<br />
presença de varandas e lambrequins).Também<br />
Figura 3.13<br />
Casa de alvenaria em Almirante<br />
Tamandaré-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.14<br />
Casa de madeira no bairro Vila Isabel em<br />
Curitiba-PR, com a mesma volumetria da<br />
figura 3.13, porém com as proporções<br />
menores<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.15<br />
Projeto de casa de madeira em Curitiba<br />
no início do século XX.<br />
Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética<br />
de Curitiba. Curitiba: Máquina<br />
Produções, 2002.<br />
35
questões como setores dentro da malha urbana, onde<br />
era permitida a construção das casas de madeira<br />
(figura 3.15 e figura 3.16).<br />
Fica claro o preconceito existente já no início do<br />
século com relação a estas construções. A câmara<br />
municipal de Curitiba em 1919 divide a cidade em três<br />
zonas, sendo permitido na primeira, que abrange a<br />
área central, somente construções que possuem pelo<br />
menos as paredes externas em alvenaria (figura 3.17<br />
e figura 3.18). Nas demais zonas as construções em<br />
madeira sofriam algumas restrições como:<br />
- O afastamento do alinhamento predial deveria ser<br />
de no mínimo, dez metros. E os afastamentos laterais<br />
de, no mínimo, dois metros;<br />
- O muro frontal deveria ser de grades de ferro sobre<br />
alicerce de alvenaria;<br />
- A casa deveria ser construída sobre um alicerce<br />
de alvenaria com um metro, no mínimo, sobre um<br />
terreno nivelado. E com meio metro em um terreno<br />
inclinado;<br />
- Possuir lambrequins nos beirais frontais e<br />
laterais;<br />
- Possuir varandas com largura mínima de um metro e<br />
cinqüenta centímetros, como passagem intermediária<br />
entre a casa e a rua;<br />
Figura 3.16<br />
Projeto de casa de madeira com frente<br />
em alvenaria em Curitiba no início do<br />
século XX.<br />
Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética<br />
de Curitiba. Curitiba: Máquina<br />
Produções, 2002.<br />
Figura 3.17<br />
Casa de madeira com frente em alvenaria<br />
nas imediações da área central em<br />
Curitiba-PR (Rua Marechal Floriano)<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.18<br />
Casa de madeira nas imediações da área<br />
central em Curitiba-PR.<br />
Há alguns remanecentes de casas de<br />
madeira na área central da cidade<br />
e imediações e muitas casas com<br />
a fachada frontal em alvenaria. Isto<br />
demonstra que a lei de 1916 não foi<br />
cumprida com relação as restrições às<br />
construção em madeira.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
36
- Os compartimentos internos deveriam possuir, no<br />
mínimo, trinta e seis metros cúbicos com um pé direito<br />
de no mínimo quatro metros. E as janelas com as<br />
dimensões mínimas de dois metros e trinta centímetros<br />
de altura por um metro e dez centímetros de largura.<br />
- Possuir janelas, portas, forros, paredes internas e<br />
externas além de lambrequins com pintura a óleo.<br />
Sutil (1996) conclui que a simples existência destas leis<br />
não garantia sua aplicação. A distância mínima de dez<br />
metros, como comprovado na fase de levantamento, não<br />
foi respeitada, existindo pouquíssimos exemplares com<br />
este afastamento. Outra questão é a obrigatoriedade<br />
do invólucro ser em alvenaria. Há poucos exemplos,<br />
na área central, de casas inteiramente de madeira e<br />
muitos exemplos de casas com a fachada em alvenaria<br />
e o restante em madeira, fato este levantado pelo<br />
autor como uma maneira de burlar esta legislação<br />
(figura 3.19, figura 3.20 e figura 3.21). Outra questão<br />
importante é que o código de obras de 1953 é o,issp<br />
no que se refere a construção em madeira.<br />
3.4. TIPOLOGIAS<br />
Há duas classificações tipológicas para a Casa de<br />
Araucária: a primeira, feita por Sánches (1987), no<br />
trabalho intitulado “A Arquitetura em Madeira: Uma<br />
Figura 3.19<br />
Casa de madeira com frente em alvenaria<br />
nas imediações da área central em<br />
Curitiba-PR (Rua Celestino JR.)<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.20<br />
Casa de madeira com frente em alvenaria<br />
nas imediações da área central em<br />
Curitiba-PR (Rua Francisco Torres)<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.21<br />
Casa de madeira nas imediações da área<br />
central em Curitiba-PR (Rua Dr. Faivre)<br />
Foto do autor, 2006.<br />
37
Tradição Paranaense” e outra, proposta por Imaguire<br />
(2001), em uma pesquisa encomendada de Instituto<br />
de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba<br />
(IPPUC).<br />
No primeiro trabalho, foram analisadas diversas casas<br />
de madeira na cidade de Curitiba e, posteriormente,<br />
classificadas em nove tipologias, sendo elas:<br />
Tipo 1 – telhado de duas águas, com caimento<br />
frontal ao alinhamento predial, sem varandas e com<br />
lambrequins (figura 3.22).<br />
Tipo 2 – telhado com duas águas com caimento frontal<br />
com deflexão e varanda frontal e contínua, presença<br />
de lambrequins frontais e no arremate da varanda<br />
(figura 3.23).<br />
Tipo 3 – telhado com duas águas, com caimento<br />
lateral com deflexão, presença de varanda lateral<br />
interrompida com lambrequins frontais e laterais em<br />
alguns casos.<br />
Tipo 4 – telhado com duas águas, com caimento lateral<br />
com deflexão, presença de varanda lateral completa<br />
com lambrequins frontais e laterais em alguns casos<br />
(figura 3.24).<br />
Tipo 5 – telhado com duas águas, com caimento frontal<br />
com deflexão, varanda frontal e contínua e presença<br />
de lambrequins frontais em alguns casos.<br />
Figura 3.22<br />
Desenho da Casa já demolida na Rua<br />
Prudente de Moraes.<br />
Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura<br />
Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 3.23<br />
Casa Rua XV de Novembro<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.24<br />
Casa Rua 21 de Abril<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
38
Tipo 6 – telhado composto ou de quatro águas com<br />
varanda frontal interrompida, presença de bow window<br />
em alguns casos (figura 3.25).<br />
Tipo 7 – telhado composto com varanda frontal,<br />
volume frontal saliente arrematado por volume de<br />
telhado (figura 3.26).<br />
Tipo 8 - telhado composto com bow window frontal, em<br />
alguns casos, a varanda sustentada por tubo metálico,<br />
pilares em alvenaria ou pedra (figura 3.27).<br />
Tipo 9 – telhado composto com volume saliente<br />
frontal. Há ocorrência de varanda sustentada por<br />
tubo metálico, pilares em alvenaria ou pedra.<br />
O trabalho analisado é de extrema importância por<br />
apresentar um rico levantamento de alguns dos<br />
exemplares mais significativos da arquitetura de<br />
madeira de Curitiba, muitos dos quais desapareceram,<br />
fato este comprovado na fase de pesquisa. Grande<br />
partde das casas foram demolidas, porém, algumas<br />
eram exemplares únicos destas tipologias, como<br />
no caso da casa 01, localizada na rua Prudente de<br />
Morais, nº 255, da qual resta apenas o testemunho<br />
documental de sua existência neste livro.<br />
Sobre a classificação tipológica proposta, a divisão<br />
das casas de madeira curitibanas em nove tipos gera<br />
uma certa confusão na classificação. Durante a fase<br />
Figura 3.25<br />
Casa Rua Desembargador Motta<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.26<br />
Casa Rua Júlia Wanderley<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.27<br />
Casa Rua Desembargador Vieira<br />
Cavalcanti em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
39
de pesquisa evidenciou-se dúvida na classificação<br />
de alguns exemplares levantados, pois não havia<br />
clareza se classificar-se-ia como tipo nove ou sete;<br />
ou como os tipo dois e cinco, por exemplo.<br />
A segunda classificação tipológica existente de<br />
Imaguire (2001), foi intitulada “A Casa de Araucária:<br />
Estudo Tipológico”. Este trabalho propõe a divisão<br />
da casa de araucária em cinco tipos, os quais são:<br />
Tipo 1 - Casa Luso-brasileira:<br />
São as casas mais antigas. Apesar de não haver<br />
registro sobre as datas da construção, supõe-se que<br />
datam do final do século XIX. O que identifica este<br />
tipo é a relação do telhado com a implantação no<br />
lote. O telhado tem inclinação para frente e fundos do<br />
terreno. Geralmente, há varanda na face frontal e, nos<br />
fundos, um acréscimo para a cozinha. É chamada de<br />
luso-brasileira por apresentar implantação semelhante<br />
as das casas urbanas construídas no período colonial<br />
(figura 3.28 e figura 3.29).<br />
Tipo 2 – Casas de imigração:<br />
Estas casas também não apresentam documentação<br />
que comprovem a data de suas construções. Presupõe-<br />
se que as mesmas datam do final do século XIX até as<br />
décadas de vinte e trinta. O que identifica este tipo,<br />
também, é a relação do telhado com a implantação<br />
Figura 3.28<br />
Casa Rua 24 de Maio em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.29<br />
Casa Rua Virgínio de Oliveira Mello<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.30<br />
Casa Rua Nicola Pelanda no Umbará<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2005.<br />
40
no lote. O telhado é inclinado para as laterais do<br />
terreno e a entrada da casa fica em uma das laterais<br />
geralmente protegida por varanda (figura 3.30).<br />
Estas casas possuem área maior que as luso-brasileiras<br />
e há aproveitamento do sótão para os quartos.<br />
Supomos que esta tipologia esteja vinculada ao Chalé<br />
Francês, de referência eclética, o que explica o uso<br />
de lambrequins, comuns na arquitetura eclética de<br />
alvenaria e ferro (figura 3.31).<br />
Veríssimo (1999), no livro sobre os quinhentos anos da<br />
casa no Brasil, cita a transformação da casa brasileira<br />
no final do século XIX, onde salienta um dos modelos<br />
europeus transpostos para o Brasil: “O chalé é um<br />
excelente exemplo com seus lambrequins de madeira<br />
e ferro nos beirais, seu porão elevado, o ferro fundido<br />
nos balcões, pilares e vigotas, com seu ar de clima<br />
temperado, trazendo a visão romântica dos espaços<br />
ideais, bucólicos(...). Os modelos considerados<br />
nobres são reproduzidos e interpretados. Encontra-<br />
se casas populares e vilas operárias com suas casas<br />
ecléticas e conjuntos de chalés, procurando, numa<br />
imitação, a identificação com a ideologia do espaço<br />
dominante (...)”.<br />
O chalé é freqüente em quase todo o território<br />
nacional no final do século XIX e início do século XX.<br />
Figura 3.31<br />
Casa em alvanaria na Rua Carlos<br />
Cavalcanti em Curitiba-PR, datada de<br />
1906. Arquitetura influenciada pelo chalé<br />
francês<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.32<br />
Casa em Ouro Preto-MG, datada<br />
provavelmente do início do século XX.<br />
Arquitetura influenciada pelo chalé<br />
francês<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.33<br />
Casa em Tiradentes-MG, datada<br />
provavelmente do início do século XX.<br />
Presença de lambrequins influenciado<br />
pelo ecletismo francês<br />
Foto do autor, 2006.<br />
41
Encontram-sa na fase de pesquisa remanescentes<br />
desta arquitetura, com a presença de lambrequins no<br />
Rio de Janeiro, São Paulo, Ouro Preto (figura 3.32),<br />
Tiradentes (figura 3.33), Belo Horizonte, Olinda e<br />
Belém.<br />
Supondo que a volumetria da casa de imigração<br />
esteja vinculada a dois fatores principais: a corrente<br />
eclética adotada em todo o território nacional, pois<br />
não há diferenciação volumétrica ou compositiva entre<br />
o chalé eclético de alvenaria ou de ferro do chalé<br />
de araucária. Também em termos de distribuição<br />
dos espaços internos e a setorização dos usos não<br />
há diferenciação, o que varia são as possibilidades<br />
construtivas do material empregado. O outro fator é<br />
a legislação municipal, que incentivou a propagação<br />
desta tipologia na cidade de Curitiba.<br />
Porém, esta tipologia não ocorre somente em Curitiba,<br />
mas, sim, em toda região da mata de araucária (figura<br />
3.34). O que contribuiu para sua disseminação foi a<br />
grande quantidade de matéria-prima disponível, já<br />
beneficiada industrialmente, e o processo de imigração<br />
que possibilitou uma grande quantidade de mão de<br />
obra qualificada.<br />
Tipo 3 - Casa com Chanfro:<br />
Esta tipologia tem como característica o corte nas<br />
Figura 3.34<br />
Casa em Itaiópolis-SC. Possui as mesmas<br />
características construtivas da Casa de<br />
Araucária curitibana e paranaense.<br />
Detalhe de pintura decorativa na varanda.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.35<br />
Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.36<br />
Casa Rua Alberto Foloni em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
42
extremidades do encontro das águas do telhado,<br />
chamado por Imaguire (2001) de chanfro (figura 3.35<br />
e figura 3.36). É caracterizada por projetos mais<br />
elaborados, exigindo o trabalho de bons carpinteiros.<br />
Possui mais volumes de varandas e alguns elementos<br />
em alvenaria, como escadas e colunas. Pressupomos<br />
que esta tipologia também esteja vinculada à arquitetura<br />
eclética, tendo como referência o “bungalow”.<br />
Veríssimo (1999) afirma que nas décadas de vinte há<br />
diversas publicações no Brasil onde aparecem esta<br />
arquitetura europeizada e ressalta que o uso dos<br />
“bungalows” e residências “normandas” conferiam<br />
um ar erudito aos seus proprietários. Comparando os<br />
“bungalows” em alvenaria (figura 3.37 e figura 3.38)<br />
e a casa com chanfro, afirma-se que a volumetria é<br />
semelhante, variando apenas os adornos na fachada,<br />
impossibilitados pelo uso da madeira como material<br />
construtivo. Esta tipologia não se limitou às camadas<br />
mais ricas da população. Nos subúrbios e áreas<br />
onde se concentram a classe média e pobre, estas<br />
residências também estão presentes, tendo apenas<br />
suas proporções reduzidas.<br />
Tipo 4 – Casa com telhado de quatro águas:<br />
Esta tipologia apresenta o volume da cobertura formado<br />
por um telhado de quatro águas e, geralmente, possui<br />
varanda em, pelo menos, uma das faces (figura<br />
Figura 3.37<br />
Casa em alvenaria Rua Duque de Caxias<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.38<br />
Casa em madeira Rua Marechal Deodoro<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.39<br />
Casa Rua Francisco Alves Guimarães<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
43
3.39). Encontra-se casas com dimensões reduzidas,<br />
e produzidas em série (figura 3.40) e até exemplares<br />
maiores, que apresentam plantas mais complexas e<br />
apuro nos detalhes construtivos.<br />
Tipo 5 – Casa modernista:<br />
Data, aproximadamente, a partir da década de<br />
sessenta. Possui maior racionalidade construtiva,<br />
com pé direito mais baixo e maior complexidade na<br />
volumetria do telhado, usando elementos metálicos<br />
como esquadrias, pilares, rufos e calhas. Apresenta<br />
grande variação volumétrica, que acompanha a<br />
variação volumétrica das casas de alvenaria.<br />
Foi verificado, na fase de pesquisa, que os exemplares<br />
mais antigos apresentam características da arquitetura<br />
eclética. Posteriormente, a influência é da arquitetura<br />
neocolonial e californiana, comuns nas décadas de<br />
trinta e quarenta. Após a consolidação do modernismo<br />
brasileiro com a construção do conjunto da Pampulha<br />
e, depois, Brasília, a casa de araucária começa a<br />
apresentar alguns exemplares referenciando algumas<br />
formas da arquitetura modernista (figura 3.42 e figura<br />
3.43).<br />
A tipologia proposta por Imaguire (2001) é a mais<br />
completa, mais referenciada nos trabalhos sobre o<br />
tema e foi a que norteou a fase de pesquisa e de<br />
Figura 3.40<br />
Conjunto de casas rua Julia Wanderley<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.41<br />
Casa Rua Noel Rosa em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.42<br />
Casa em Ivaí-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
44
levantamento de campo. Contudo, após análise do<br />
material coletado, acha-se prudente propor uma<br />
revisão tipológica da casa de araucária, pois foram<br />
constatadas as seguintes questões:<br />
- As tipologias propostas não relacionam as casas<br />
de madeira com as casas construídas com alvenaria<br />
ou mistas, sendo que estas sofreram as mesmas<br />
influências.<br />
- As tipologias propostas congelam o tipo em um<br />
espaço temporal. Por exemplo, a casa de chanfro<br />
datada das primeiras décadas do século XX difere da<br />
casa de chanfro produzida até a década de setenta,<br />
porém, ambas estão classificadas na mesma tipologia<br />
(figura 3.43 e figura 3.44).<br />
- Não há uma diferenciação clara das casas<br />
produzidas em série, através dos chamados kits,<br />
das casas singulares que são exemplares únicos<br />
(figura 3.45).<br />
Após esta análise, foi proposta uma classificação<br />
tipológica tendo como referência os seguintes<br />
fatores:<br />
a. Questões relacionadas ao sistema construtivo e<br />
materiais:<br />
- casa de tronco, vulgarmente chamada casa polaca<br />
(figura 3.46);<br />
Figura 3.43<br />
Casa Rua Francisco Alves Guimarães<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.44<br />
Casa Rua Anita Garibaldi<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.45<br />
Casa Rua Frei Gaspar da Madre de Deus<br />
Ramos em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
45
- casa com tábuas verticais e mata juntas (figura<br />
3.47);<br />
- casas mistas que sofrem ainda a subdivisão em casa<br />
com o invólucro de alvenaria e divisões internas de<br />
madeira e casas com frente em alvenaria e restante<br />
em madeira (figura 3.48).<br />
Não são consideradas casas mistas os exemplares que<br />
sofreram adaptações em alvenaria, como acréscimo<br />
de banheiros ou ampliação.<br />
b. Questões relacionadas com a influência das<br />
correntes arquitetônicas que nortearam a tipologia<br />
e volumetria das construções, sendo divididas entre<br />
arquitetura eclética de influência francesa - que datam<br />
do século XIX até a década de trinta - (figura 3.49) e<br />
a arquitetura chamada de funcionalista ou moderna<br />
(figura 3.50), conceituada como uma arquitetura<br />
racional e funcional.<br />
Veríssimo (1999) descreve esta arquitetura: “Os<br />
anos quarenta vão encontrar a sociedade brasileira<br />
verdadeiramente fascinada pelo american-way-of-<br />
life, abandonando, em grande parte, seus hábitos<br />
franceses, já quase tradicionais. A moradia também<br />
recebe esta influência, principalmente quanto ao seu<br />
funcionamento (...). (Nos anos cinqüenta) nossas<br />
habitações procuram novo caminho quanto ao<br />
Figura 3.46<br />
Casa de troncos chamada de “Casa<br />
Polaca”. Colônia Muricy em São José dos<br />
Pinhais-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.47<br />
Casa de tábuas e mata-juntas. Colônia<br />
Muricy em São José dos Pinhais-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.48<br />
Casa mista tipo chalé com frente em<br />
alvenaria e restante em tábuas e matajuntas.<br />
Rua Guaratuba em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
46
aspecto formal e ao gosto moderno, com fachadas<br />
retilíneas, formas geométricas simples e janelas de<br />
correr(...)”.<br />
c. Questões referentes à industrialização e reprodução<br />
em série das casas, sendo classificadas em casas<br />
singulares e industrializadas, que são produzidas em<br />
série.<br />
A partir desta análise, a divisão tipológica proposta<br />
é a seguinte;<br />
Casa de produção singular:<br />
Tipo Derivação Características<br />
Tipo 01<br />
Casa Polaca<br />
(figura 3.51)<br />
Esta é a casa construída pelos<br />
imigrantes poloneses no final<br />
do século XIX. O sistema<br />
construtivo é segundo Valentini<br />
(1982), em troncos falquejados<br />
com secção quadrada em torno<br />
de vinte centímetros. E estes<br />
são dispostos horizontalmente,<br />
uns sobre os outros e<br />
encaixados nas extremidades<br />
formando um quadrilátero.<br />
Figura 3.49<br />
Casa Rua Ulisses Vieira em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.50<br />
Casa Rua Carlos de Paula Soares em<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.51<br />
Casa de troncos chamada de “Casa<br />
Polaca”. Colônia Muricy em São José dos<br />
Pinhais-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
47
Tipo 02<br />
Casa Eclética<br />
Tipo 03<br />
Casa com<br />
telhado de<br />
quatro águas<br />
(figura 3.55)<br />
Com implantação tipo<br />
luso-brasileira (figura<br />
3.52)<br />
Tipo Chalé (figura<br />
3.53)<br />
Tipo Bungalows ou<br />
de chanfro (figura<br />
3.54)<br />
Esta casa tem as mesmas<br />
características da casa tipo<br />
luso-brasileira proposta por<br />
Imaguire (2001). São os<br />
exemplares mais antigos,<br />
datados do final do século XIX<br />
e primeiras décadas do século<br />
XX. O que a caracteriza é a<br />
implantação com o telhado, com<br />
as águas para frente e para os<br />
fundos do lote, semelhante à<br />
implantação das casas urbanas<br />
no período colonial brasileiro.<br />
Geralmente, possui lambrequins<br />
e varanda na fachada frontal.<br />
Esta casa é a que sofre maior<br />
influência do ecletismo. Tem as<br />
águas do telhado voltadas para<br />
as laterais do terreno e o oitão é<br />
o elemento marcante na fachada<br />
frontal. É o que Imaguire<br />
(2001) caracterizou como tipo<br />
imigração. Possui pé direito<br />
um pouco mais alto que a casa<br />
de implantação luso-brasileira,<br />
geralmente tem varanda lateral<br />
e lambrequins nas faces frontais<br />
e laterais do telhado.<br />
Esta casa sofre influência<br />
da imigração germânica e<br />
normanda e seus exemplares<br />
construídos em alvenaria são<br />
mais comuns em Curitiba. Sua<br />
principal característica é o<br />
telhado que possui inclinação<br />
semelhante a do chalé, porém,<br />
nas extremidades do encontro<br />
das águas do telhado possui<br />
um corte ou chanfro. Esta casa<br />
tem pé direito alto e grandes<br />
proporções volumétricas.<br />
Sua característica é o telhado<br />
que possui quatro águas e,<br />
geralmente, possui varanda. São<br />
casas grandes e necessitam<br />
terrenos singulares, o que limita<br />
sua ocorrência.<br />
Figura 3.52<br />
Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.53<br />
Casa em Rio Branco do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.54<br />
Casa Rua Paulo Martins em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
48
Tipo 04<br />
Casa<br />
funcionalista ou<br />
moderna (figura<br />
3.56 e figura<br />
57)<br />
Sofre influência do movimento<br />
modernista e da construção de<br />
Brasília no início da década de<br />
sessenta.<br />
Possui pé direito mais baixo,<br />
em torno de dois metros e<br />
cinqüenta centímetros, telhados<br />
com águas desencontradas,<br />
com formas volumétricas<br />
semelhantes às casas de<br />
alvenaria produzidas na época.<br />
Outra característica é que<br />
acompanham a evolução<br />
tecnológica da indústria<br />
da construção civil, com a<br />
incorporação de elementos<br />
industrializados, como janelas<br />
metálicas, pilares em tubos,<br />
calhas e condutores.<br />
Figura 3.55<br />
Casa Rua Desembargador Vieira<br />
Cavalcanti em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.56<br />
Casa Rua Alcides Munhos<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.57<br />
Casa Rua Cel. Agostinho de Macedo<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
49
Casas de produção seriada:<br />
Tipo Derivação Características<br />
Tipo 02<br />
Com produção<br />
seriada<br />
Tipo 03<br />
Casa com<br />
telhado de<br />
quatro águas<br />
Com produção<br />
seriada<br />
(figura 3.61 e<br />
figura 3.62))<br />
Tipo 04<br />
Casa<br />
funcionalista ou<br />
moderna<br />
(figura 3.63)<br />
Com implantação tipo<br />
luso-brasileira<br />
(figura 3.58)<br />
Tipo Chalé<br />
(figura 3.59)<br />
Tipo Bungalows ou<br />
de chanfro<br />
(figura 3.60)<br />
Possui as mesmas<br />
características da casa<br />
tipo luso-brasileira, porém,<br />
é produzida em série nos<br />
chamados “kits”. Possui o pé<br />
direito mais baixo e proporções<br />
mais reduzidas que o exemplar<br />
eclético. Raramente são<br />
encontrados lambrequins.<br />
Também possui as mesmas<br />
características da casa tipo<br />
chalé, porém, com proporções<br />
reduzidas e pé direito mais<br />
baixo.<br />
Há algumas derivações com a<br />
inclusão de um outro telhado<br />
menor, formando uma varanda<br />
ou simplesmente um jogo<br />
volumétrico.<br />
Esta tipologia é muito comum<br />
em Curitiba, o que não ocorre<br />
com o exemplar eclético.<br />
Sua construção requer bons<br />
carpinteiros e possui telhados<br />
mais complexos e elaborados<br />
formando varandas e bowwindows.<br />
Isso não acontece na<br />
casa de chanfro singular.<br />
Esta tipologia foi muito<br />
reproduzida em Curitiba. Ainda<br />
é possível ver agrupamentos<br />
destas pelos bairros da cidade.<br />
Por ser de construção mais<br />
simples e ter as dimensões<br />
reduzidas, foi uma habitação<br />
bastante procurada pelas<br />
camadas mais pobres.<br />
Raramente possuía varandas.<br />
Não é muito reproduzida<br />
e possui formas variadas.<br />
Esta tipologia possibilitou<br />
a liberdade criativa dos<br />
construtores atestada pela<br />
diversidade de soluções<br />
encontradas.<br />
Figura 3.58<br />
Vista do alto das Mercês em 1906,<br />
Curitiba-PR. Detalhe para casas tipo lusobrasileiras<br />
em série.<br />
Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />
Paraná.<br />
Figura 3.59<br />
Casa tipo chalé em série. Rua Guaratuba<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.60<br />
Casa tipo bungalows em série. São<br />
Mateus do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
50
O tipo 02 ao tipo 04 são caracterizados por edificações<br />
de produção singular e possuem derivações dentro da<br />
própria tipologia, segundo o material de construção.<br />
Por exemplo, o tipo 02 pode ser construído totalmente<br />
em madeira, possuir a frente em alvenaria e o restante<br />
da casa construído em madeira ou, ainda, possuir<br />
o invólucro em alvenaria e divisões internas em<br />
madeira.<br />
Figura 3.61<br />
Casa tipo quatro águas em série. Rua<br />
Júlia Wanderley em Curitiba-PR<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.62<br />
Casa tipo quatro águas em série. Rua Pe.<br />
Agostinho em Curitiba-PR<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.63<br />
Casa tipo modernista em série. Rua<br />
Alvaro Jorge em Curitiba-PR.<br />
A volumetria é igual, porém a casa da<br />
direita possui varanda.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
51
Tipo<br />
Tipo 02<br />
Casa Eclética<br />
Derivação Material<br />
Com implantação<br />
tipo<br />
luso-brasileira<br />
Tipo Chalé<br />
Tipo Bungalows ou<br />
de chanfro<br />
Construção em madeira<br />
Construção<br />
mista<br />
Construção em madeira<br />
Construção<br />
mista<br />
Construção em madeira<br />
Construção<br />
mista<br />
Frente em alvenaria<br />
e o restante em<br />
madeira<br />
(figura 3.64)<br />
Invólucro em<br />
alvenaria e divisões<br />
internas em madeira<br />
Frente em alvenaria<br />
e o restante em<br />
madeira<br />
(figura 3.65)<br />
Invólucro em<br />
alvenaria e divisões<br />
internas em madeira<br />
Frente em alvenaria<br />
e o restante em<br />
madeira<br />
(figura 3.66)<br />
Invólucro em<br />
alvenaria e divisões<br />
internas em madeira<br />
Figura 3.64<br />
Casa mista tipo luso-brasileira.<br />
Rua 7 de Setembro em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.65<br />
Casa mista tipo Chalé.<br />
Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.66<br />
Casa mista tipo Bungalows.<br />
Rua Guaratuba em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
52
Tipo 03<br />
Casa com<br />
telhado de<br />
quatro águas<br />
Tipo 04<br />
Casa<br />
funcionalista<br />
ou moderna<br />
Construção em madeira<br />
Construção<br />
mista<br />
Construção em madeira<br />
Construção<br />
mista<br />
3.5. QUESTÕES <strong>CONSTRUTIVA</strong>S<br />
Frente em alvenaria<br />
e o restante em<br />
madeira<br />
(figura 3.67 e figura<br />
3.68)<br />
Invólucro em<br />
alvenaria e divisões<br />
internas em madeira<br />
Frente em alvenaria<br />
e o restante em<br />
madeira<br />
Invólucro em<br />
alvenaria e divisões<br />
internas em madeira<br />
As questões construtivas da “Casa de Araucária” estão<br />
vinculadas à industrialização do corte da madeira. A<br />
instalação das primeiras serrarias movidas a vapor<br />
forneceu a padronização das peças de madeira<br />
e da montagem destas peças, surge a “Casa de<br />
Araucária”.<br />
Apesar de ser um sistema aparentemente fechado e<br />
possuir apenas seis bitolas, esta arquitetura possui<br />
uma diversidade de soluções surpreendentes, fato<br />
este evidenciado pela complexidade de uma regra<br />
Figura 3.67<br />
Casa mista com telhado em quatro águas<br />
em série.<br />
Rua Colombo em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.68<br />
Casa mista com telhado em quatro águas<br />
em série.<br />
Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.69<br />
Detalhe das peças de uma Casa de<br />
Araucária do início do século XX sendo<br />
demolida.<br />
Rua Trajano Reis em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
53
tipológica para esta arquitetura.<br />
Ao todo, são 06 bitolas, como afirma Imaguire<br />
(1993):<br />
- A estrutura possui vigotes com secção de quatro<br />
por quatro polegadas (figura 3.69);<br />
- As tesouras possuem vigotes com secção de duas<br />
por quatro polegadas;<br />
- As tábuas para vedação das paredes possuem<br />
secção de uma por doze polegadas, sendo esta<br />
última medida, a referência de modulação do sistema<br />
(figura 3.70);<br />
- Os ornamentos como lambrequins (figura 3.71) e<br />
guarda corpos são confeccionados com tábuas de<br />
meia polegada;<br />
- As ripas do telhado são confeccionadas com madeira,<br />
com secção de uma por duas polegadas.<br />
- As mata juntas são confeccionadas com ripas, com<br />
secção de uma por duas polegadas.<br />
3.5.1. A FUNDAÇÃO<br />
A fundação é comumente feita em alvenaria de tijolos,<br />
porém pode-se encontrar exemplos com a fundação<br />
em pedra ou em madeira de alta densidade, como a<br />
imbúia (figura 3.72). A fundação consistia em uma base<br />
Figura 3.70<br />
Detalhe das peças de uma Casa de<br />
Araucária do início do século sendo<br />
demolida.<br />
Rua Trajano Reis em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.71<br />
Detalhe do lambrequim de uma Casa de<br />
Araucária do início do século XX sendo<br />
demolida.<br />
Rua Trajano Reis em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.72<br />
Detalhe do pilarete de fundação em<br />
madeira de alta densidade.<br />
Papanduva-SC<br />
Foto do autor, 2006.<br />
54
de pedra e sobre esta, um pilarete em alvenaria de<br />
tijolos maciços (figura 3.73). Segundo Imaguire (1993),<br />
esta fundação media quarenta e cinco centímetros em<br />
ambos os lados, ou seja, um tijolo e meio, por uma<br />
altura que varia ao redor de sessenta centímetros. O<br />
vão entre os pilaretes varia, em média, de dois a quatro<br />
metros e são localizados sobre o ponto de apoio das<br />
estruturas. Este deslocamento da casa do solo ao<br />
piso, é necessário para a ventilação sob o assoalho,<br />
o que impede que a umidade danifique a madeira.<br />
O vão entre o assoalho e o terreno, na maioria dos<br />
casos, é vedado verticalmente para impedir a entrada<br />
de animais. Há muitas formas de vedação como: uma<br />
simples fileira de arbustos; malhas transversais ou<br />
verticais em madeira, com a mesma bitola usada para<br />
confeccionar as mata-juntas (figura 3.74); cobogós<br />
em tijolos (figura 3.75) ou vedação com alvenaria,<br />
sendo a ventilação feita com gateiras, com grades<br />
de ferro. Em muitos exemplares, este espaço é usado<br />
como porão, a depender das condições topográficas<br />
do terreno (figura 3.76).<br />
3.5.2. A ESTRUTURA<br />
A estrutura é feita com pilaretes de quatro por quatro<br />
polegadas formando o que chamamos de gaiola. O<br />
Figura 3.73<br />
Detalhe do pilarete de fundação em<br />
alvenaria.<br />
Rua Pe. Anchieta em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.74<br />
Detalhe do fechamento do vão entre o<br />
solo e o piso da casa em madeira.<br />
Rio Claro do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.75<br />
Detalhe do fechamento do vão entre o<br />
solo e o piso da casa em cobogó de<br />
tijolos. Rua Itupava em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
55
encaixe das peças são simples segundo Imaguire<br />
(1993). As peças de baldrame recebem, na face<br />
externa, a parte inferior das tábuas de vedação e na<br />
superior, os esteios e assoalhos. Os esteios são as<br />
peças que recebem o esforço vertical, sendo estes<br />
colocados nos ângulos do encontro das paredes.<br />
Apoiado sobre os esteios e encaixados neles vem a<br />
peça chamada de frechal, fechando o quadro superior<br />
da gaiola. O quadro inferior composto pela peça de<br />
baldrame, sendo ambos os quadros travado pelas<br />
tábuas que formam a parede. Na extremidade superior<br />
do frechal são apoiadas as tesouras do telhado.<br />
3.5.3. A COBERTURA<br />
De acordo com Imaguire (1993), as peças usadas<br />
para o telhado são de secção de duas por quatro<br />
polegadas. Nas construções chamadas de ecléticas,<br />
na tipologia proposta, os telhados são confeccionados<br />
por tesouras com um travamento horizontal, chamado<br />
linha alta (figura 3.77). Esta possibilita um espaço livre,<br />
que é destinado ao sótão. Quando o telhado possui<br />
quatro águas, o sistema é mantido, usando apenas<br />
um apoio vertical nos cantos do quadro formado pelo<br />
travamento horizontal (figura 3.78).<br />
As casas ecléticas possuem geralmente telhado de<br />
Figura 3.76<br />
Detalhe do aproveitamento do vão entre o<br />
solo e o piso da casa como porão.<br />
Rio Branco do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.77<br />
Corte de projeto de casa de madeira em<br />
Curitiba no início do século XX. Detalhe<br />
da tesoura chamada linha alta.<br />
Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética<br />
de Curitiba. Curitiba: Máquina<br />
Produções, 2002.<br />
Figura 3.78<br />
Detalhe da tesoura em linha alta no<br />
telhado de quatro águas.<br />
Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
56
duas águas com deflexão (figura 3.79), que é formada<br />
por uma perna com a mesma secção das outras peças<br />
do telhado. Sobre a tesoura, são pregadas ripas de<br />
uma por duas polegadas, que receberão as telhas.<br />
Os beirais tem, usualmente, oitenta centímetros de<br />
projeção e recebem lambrequins para proteger o<br />
topo dos caibros e também têm função de pingadeira<br />
(figura 3.80).<br />
O lambrequim possui uma imensa variedade de<br />
desenhos. É um dos elementos construtivos mais<br />
singulares da arquitetura deste período, estando<br />
presente tanto na casa de madeira quanto nas de<br />
alvenaria. Em Curitiba, não se vê muitos exemplares<br />
de lembrequins confeccionados em ferro (figura 3.81),<br />
como pode-se verificar no Rio de Janeiro, São Paulo,<br />
entre outras cidades.<br />
A cobertura de duas águas forma uma parede triangular<br />
denominada oitão, que possui um deslocamento em<br />
relação à parede da casa, formando uma pingadeira.<br />
Este recurso, além de ter uma função construtiva, é<br />
muito explorado esteticamente pelos construtores.<br />
Os telhados também possuem as águas furtadas,<br />
dando maior flexibilidade na ocupação do espaço<br />
do sótão para quartos.<br />
Figura 3.79<br />
Detalhe da deflexão do telhado.<br />
Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.80<br />
Detalhe da deflexão do telhado com<br />
lambrequins.<br />
Casa Rua Ivo Leão em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.81<br />
Lambrequins metálicos.<br />
Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura<br />
Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />
57
3.5.4. PAREDES<br />
As paredes são confeccionadas de tábuas, com secção<br />
de doze por uma polegada (trinta centímetros), e é<br />
de doze polegadas a modulação da casa. Esta é<br />
usada no sentido vertical das fibras, favorecendo o<br />
escoamento das águas da chuva. O fechamento do<br />
vão entre as tábuas é feito com o mata-juntas na face<br />
interna e externa. O mata-junta também possibilita<br />
uma maior flexibilidade na modulação, permitindo<br />
ajustes. Com isto evita-se o corte transversal da<br />
tábua. O pé direito é maior nos exemplares chamados<br />
de eclético e possuem, geralmente, quatro metros,<br />
como determina o código de obras de 1916.<br />
As janelas e portas são inseridas dentro da lógica<br />
modular de trinta centímetros, apoiando-se diretamente<br />
sobre as tábuas sem a necessidade de pilaretes<br />
(figura 3.82), como ocorre nas tipologias em tábua<br />
e mata-juntas no Norte do Paraná, especificamente<br />
na região de Londrina.<br />
3.5.5. ASSOALHO<br />
As primeiras tipologias possuem o piso em tábuas<br />
com trinta centímetros, semelhantes as das paredes.<br />
Porém, encontra-se algumas tipologias com o piso<br />
confeccionado de tábuas com largura menor, formando<br />
Figura 3.82<br />
Detalhe do janela na parede de tábua e<br />
mata-juntas. Casa Erbo Stenzel, parque<br />
São Lourenço, Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2005.<br />
Figura 3.83<br />
Detalhe do encaixe macho e fêmea da<br />
tábua do piso.<br />
Casa sendo demolida, Rua Trajano Reis<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006<br />
Figura 3.84<br />
Detalhe do rodapé.<br />
Casa Erbo Stenzel, parque São Lourenço,<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2005<br />
58
desenhos mais elaborados, que possuem encaixe<br />
tipo macho e fêmea dando uma maior vedação. O<br />
acabamento entre a parede e o piso é feito com um<br />
rodapé também em madeira (figura 3.84).<br />
O piso da varanda é geralmente feito com tábuas<br />
com três por uma polegadas, deixando um vão de<br />
um centímetro entre as tábuas. Este vão é necessário<br />
para escoamento da água da chuva e para facilitar<br />
a limpeza da varanda (figura 3.85). Nos exemplares<br />
mais recentes, isto é, após o período eclético, a<br />
varanda é feita com alvenaria e o piso geralmente<br />
é cerâmico, de ladrilho hidráulico ou de cimento<br />
queimado, vulgarmente chamado de vermelhão.<br />
3.5.6. O FORRO<br />
As primeiras tipologias possuíam forro com tábuas que<br />
eram, na verdade, o piso do sótão. Com a evolução<br />
dos equipamentos de beneficiamento da madeira,<br />
possibilitou-se o uso de forros mais elaborados, com<br />
desenhos geométricos - o chamado “forro paulista”<br />
(figura 3.86). O acabamento entre o forro e a parede<br />
é feito por uma peça de madeira chamada meia-cana.<br />
(figura 3.87).<br />
Figura 3.85<br />
Detalhe do piso da varanda.<br />
Casa Rua Raquel Prado em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.86<br />
Detalhe do forro.<br />
Casa mista em Prudentópolis-PR.<br />
Foto do autor, 2000.<br />
Figura 3.87<br />
Detalhe da meia cana do forro.<br />
Casa Erbo Stenzel, parque São Lourenço,<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2005<br />
59
3.5.7. PORTAS E JANELAS<br />
As portas e janelas são instaladas seguindo a modulação<br />
de trinta centímetros e são geralmente compostas<br />
por duas folhas para melhor divisão do peso (figura<br />
3.88). Há uma enorme variedade de desenhos destes<br />
elementos, o que afirma a criatividade e a técnica<br />
dos construtores. Nos exemplares mais recentes,<br />
observa-se a inserção de janelas de correr de ferro<br />
chamadas “vitrô”, do francês “vitraux” (figura 3.89),<br />
e portas com uma só folha.<br />
3.5.8. EL<strong>EM</strong>ENTOS DECORATIVOS<br />
A Casa de Araucária, apesar de sua simplicidade<br />
construtiva possui grande diversidade de soluções<br />
em vários elementos que a compõe. Podemos citar<br />
alguns exemplos:<br />
- Os oitões possuem grande variedade de desenhos e<br />
em cada bairro de Curitiba ou cidade onde foi feito o<br />
levantamento de campo, observamos uma composição<br />
diferente (figura 3.90).<br />
- Os lambrequins também possuem uma grande<br />
variedade de soluções. Eles são um dos elementos<br />
de composição mais marcantes desta arquitetura<br />
(figura 3.91).<br />
Todos estes elementos têm uma função construtiva,<br />
Figura 3.88<br />
Detalhe da janela em 02 folhas.<br />
Casa Rua Francisco Alves Guimarães em<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.89<br />
Detalhe da janela tipo vitrô.<br />
Casa Rua Silveira Neto em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.90<br />
Detalhe do oitão.<br />
Casa em Rio Claro do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
60
contudo os construtores não se limitaram apenas<br />
a resolver um problema funcional, mas sim tiraram<br />
partido deste, criando importantes elementos de<br />
composição e tornando esta uma arquitetura complexa<br />
e expressiva.<br />
Além dos elementos citados pode-se verificar uma<br />
variedade cromática. Algumas casas são muito<br />
coloridas, geralmente com pintura impermeável a<br />
base de óleo (figura 3.92). Há alguns exemplares<br />
com pinturas decorativas nas varandas, formando<br />
paisagens, figuras geométricas ou até figuras religiosas<br />
(figura 3.93).<br />
Também há os elementos como guarda corpos das<br />
varandas (figura 3.94), que possuem uma variedade<br />
comparável a dos lambrequins e oitões; arcos internos,<br />
que tem função de divisória, geralmente encontrados<br />
no início de um corredor ou separando duas salas, as<br />
pinturas florais, aplicadas sobre uma tábua de trinta<br />
centímetros formando uma barra instalada na parede<br />
a aproximadamente cinqüenta centímetros do forro,<br />
entre muitas outras soluções (figura 3.95).<br />
Estes elementos decorativos, juntamente com os<br />
outros aspectos construtivos individualizaram este<br />
sistema. Há somente uma tecnologia construtiva,<br />
uma pequena disponibilidade de bitolas, uma única<br />
Figura 3.91<br />
Lambrequins.<br />
Fonte: acervo do autor.<br />
Figura 3.92<br />
Variação cromática em uma Casa de<br />
Araucária.<br />
Casa em Mallet-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.93<br />
Detalhe de pinturas de paisagens na<br />
varanda.<br />
Casa em Paulo Frontin -PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
61
madeira usada, todavia a variedade de soluções<br />
encontradas atesta que esta arquitetura possibilitou<br />
tanto o apuro técnico quanto a liberdade criativa de<br />
seus construtores e moradores (figura 3.96).<br />
3.5.9. ADAPTAÇÕES POSTERIORES<br />
São comuns nas casas de madeira, adaptações<br />
posteriores a construção, como ampliações,<br />
incorporações de elementos e volumes em alvenaria,<br />
entre outros.<br />
Na fase de pesquisa, encontra-se várias destas<br />
adaptações, mas as mais significativas foram:<br />
3.5.9.1. AMPLIAÇÃO DA CASA E ALTERAÇÃO<br />
VOLUMÉTRICA<br />
Muitas casas sofreram alterações e ampliações a<br />
partir do módulo inicial. Como afirmou Imaguire<br />
(1993), o construtor fornecia um módulo básico que<br />
era posteriormente adaptado e ampliado segundo as<br />
necessidades dos moradores, contudo é muito difícil<br />
saber, precisamente, qual foi o módulo inicial e se a<br />
casa realmente sofre ampliação ou adaptação. Já que<br />
a maioria dos exemplares estudados não passou por<br />
um processo de aprovação nas prefeituras e não há<br />
documentação sobre estas modificações e tampouco<br />
Figura 3.94<br />
Detalhe do guarda corpo da varanda.<br />
Casa remontada no Campus da PUC em<br />
São José Pinhais -PR.<br />
Foto do autor, 2005.<br />
Figura 3.95<br />
Detalhe das pinturas da parede.<br />
Casa <strong>Domingos</strong> Nascimento<br />
Sede do IPHAN-PR<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.96<br />
Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR.<br />
Um dos exemplares que demonstram a<br />
qualidade e criatividade dos mestres<br />
carpinteiros e a flexibilidade do sistema<br />
construtivo.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
62
datas das construções e ampliações.<br />
Supõe-se que algumas casas foram ampliadas, mas<br />
para obter uma maior precisão do número e tipo de<br />
alteração dependeríamos de outra investigação. Por<br />
exemplo, com o uso da história oral.<br />
Tem-se apenas relatos dos próprios moradores de<br />
algumas edificações sobre estas ampliações e estes<br />
relatos também são de poucos exemplares, pois<br />
temos casas datadas do início do século e muitas<br />
delas foram vendidas para terceiros, o que dificulta<br />
a pesquisa.<br />
3.5.9.2. INCLUSÃO DE EL<strong>EM</strong>ENTOS OU ESPAÇOS<br />
<strong>EM</strong> ALVENARIAS<br />
A maioria das adaptações de espaços ou ampliações<br />
em alvenaria são relativas as áreas úmidas (figura 3.97<br />
e figura 3.98). É comum a presença de novos volumes<br />
em alvenaria ou a substituição de antigos em madeira<br />
para compor cozinhas e banheiros, principalmente<br />
nas edificações datadas das primeiras décadas do<br />
século XX. Nestas casas o banheiro era externo, o<br />
que era vulgarmente chamado de “casinha”.<br />
Também, as cozinhas, em algumas casas antigas eram<br />
divididas em dois espaços distintos: a cozinha que era<br />
incorporada a casa e a “cozinha suja” (figura 3.99),<br />
Figura 3.97<br />
Detalhe da ampliação do banheiro em<br />
alvenaria. Casa no bairro do Portão em<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.98<br />
Detalhe do preenchimento em alvenaria<br />
provavelmente para inclusão de banheiro.<br />
Casa Rua Solimões em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.99<br />
Detalhe “cozinha suja” em uma casa em<br />
Papanduva-SC.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
63
localizada em uma edificação separada do corpo da<br />
casa ou em uma área anexa. A “cozinha suja” era,<br />
geralmente, localizada próxima ao poço. Neste local<br />
se preparavam os alimentos que “sujavam a casa”<br />
e eram mortos os animais destinados ao consumo,<br />
como galinhas e porcos.<br />
Outra adaptação comum são as frentes em alvenaria. Foi<br />
difícil encontrar casas onde a frente foi comprovadamente<br />
construída a posteriori. Verificou-se poucos exemplares<br />
(figura 3.100). Em geral, o projeto de construção ou<br />
o simples planejamento, quando não havia projeto,<br />
já previa a frente em alvenaria, o que é erroneamente<br />
classificado como um anexo posterior.<br />
3.5.9.3. RELOCAÇÃO DA CASA<br />
Muitas casas de madeira foram construídas em um local<br />
específico e, posteriormente, foram transladadas ou<br />
para outro local no mesmo terreno ou até para outros<br />
bairros. Este translado era feito de muitas maneiras:<br />
ou se desmontava a casa e remontava em outro local<br />
(figura 3.101), ou simplesmente a casa era erguida<br />
com macacos hidráulicos. Neste caso se retiravam<br />
os pilaretes do alicerce e a casa era colocada sobre<br />
troncos, que eram “rolados” para o local destinado<br />
no terreno (figura 3.102). Freqüentemente a casa era<br />
Figura 3.100<br />
Casa em madeira com inclusão da<br />
fachada em alvenaria. Rua Barão de<br />
Antonina em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.101<br />
Casa <strong>Domingos</strong> Nascimento<br />
Sede do IPHAN-PR<br />
Casa desmontada e montada na Rua José<br />
de Alencar em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 3.102<br />
Croqui do deslocamento da casa<br />
de madeira rolada sobre troncos e<br />
remontada em outro local do terreno.<br />
Fonte: desenho do autor, 2007.<br />
64
deslocada para o fundo do terreno, para ser construída<br />
uma casa em alvenaria na frente, que era destinada<br />
a outros membros da família. Quando o transporte<br />
era feito para distâncias maiores, a casa era erguida<br />
com macacos hidráulicos, colocada em cima de um<br />
caminhão e transportada para outro local da cidade<br />
ou até para outro município (figura 3.103). Na fase de<br />
levantamento constatou-se que muitas casas foram<br />
relocadas dentro do próprio terreno usando- se macaco<br />
hidráulico e troncos. Outras foram transportadas via<br />
caminhão. Infelizmente, existem poucos registros<br />
fotográficos deste transporte.<br />
Há algumas casas significativas que foram desmontadas<br />
e remontadas em outro local, como a casa que é<br />
hoje a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e<br />
Artístico Nacional em Curitiba; a casa Erbo Stenzel<br />
(figura 3.104), montada no parque São Lourenço;<br />
a Casa Estrela (figura 3.105) que foi desmontada<br />
recentemente e será montada no campus da Pontifícia<br />
Universidade Católica do Paraná. A possibilidade<br />
de deslocamento é mais um fator que comprova a<br />
flexibilidade do sistema construtivo.<br />
Figura 3.103<br />
Casa sendo transportada por caminhão.<br />
Fonte: Jornal Zero Hora, 9 de maio de<br />
2004, página 03.<br />
Figura 3.104<br />
Casa Erbo Stenzel desmontada e<br />
montada no parque São Lourenço,<br />
Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2005.<br />
Figura 3.105<br />
Casa Estrela Rua Dr. Zamenhof em<br />
Curitiba-PR hoje encontra-se desmontada<br />
e futuramente será montada no campus<br />
da PUC-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
65
3.5.9.4. O ERKULIT<br />
O Erkulit é um dos casos mais interessantes de<br />
intervenção nas casas de madeira. É uma chapa<br />
composta por fibras de madeira mineralizada (figura<br />
3.106), que tem como função revestir a casa para que<br />
esta fique com o aspecto de uma casa de alvenaria. O<br />
slogan da empresa é “Mude sua casa sem mudar de<br />
endereço. Com chapas Erkulit sua casa de madeira<br />
se transformará em uma linda residência em material<br />
(figura 3.107)”.<br />
A empresa foi montada pelo austríaco Peter Petschel, na<br />
década de sessenta. Ele trouxe da Áustria a tecnologia<br />
da fabricação de chapas de fibra mineralizada de<br />
madeira, que eram utilizadas para isolamento térmico<br />
(figura 3.108). Peter adaptou o uso das chapas para<br />
o revestimento de casas de madeira.<br />
As chapas são pregadas nos mata-juntas deixando<br />
o espaço entre a tábua e a chapa de Erkulit para<br />
ventilação (figura 3.109). Posteriormente, é aplicada<br />
uma tela plástica nos cantos e nas juntas para evitar<br />
rachaduras (figura 3.110). Os pregos devem ficar com<br />
a cabeça um pouco para fora onde é feita uma malha<br />
com arame para aumentar a rigidez. Após a fixação da<br />
placa, é aplicada a argamassa e feito o acabamento<br />
com pintura ou textura, que é característica das casas<br />
Figura 3.106<br />
Detalhe da placa de Erkulit.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.107<br />
Detalhe de aplicação da tela plástica<br />
sobre as placas de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />
LTDA.<br />
Figura 3.108<br />
Prospecto austríaco sobre placas de fibra<br />
de madeira mineralizada aplicadas para<br />
isolamento térmico. Base tecnológica<br />
para a criação das chapas de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />
LTDA, sem data.<br />
66
evestidas com Erkulit (figura 3.111).<br />
Durante a fase inicial da pesquisa, observou-se<br />
que em algumas regiões havia casas de madeira<br />
idênticas as casas de alvenaria vizinhas. Pensou-se,<br />
então, várias hipóteses sobre qual delas influenciou a<br />
outra na volumetria. Com o andamento da pesquisa,<br />
descobriu-se que se tratavam de casas revestidas<br />
com Erkulit.<br />
Em entrevista com o Sr. Peter, este nos informou<br />
que em mais de quarenta anos de empresa, já<br />
foram revestidas, aproximadamente, vinte mil casas<br />
na cidade de Curitiba e arredores. O prospecto da<br />
empresa confirma os dados da entrevista. Também<br />
pode-se verificar a aplicação do material em uma<br />
casa de madeira, já em fase final (figura 3.112). O<br />
tempo médio de aplicação é de quinze dias e a obra<br />
se dá na área externa da casa, sem transtorno para<br />
os moradores. As paredes ficam protegidas contra a<br />
umidade e o frio, que são um dos problemas da Casa<br />
de Araucária e também fica com um bom isolamento<br />
acústico, incômodo muito presente nas casas próximas<br />
a vias de trânsito intenso.<br />
Pode-se com esta experiência demonstrar a criatividade<br />
dos construtores na adaptação e inclusão de sistemas<br />
construtivos. No caso, o Erkulit foi a leitura de uma<br />
Figura 3.109<br />
Mostruário de possibilidades de<br />
aplicação da placa de Erkulit.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.110<br />
Detalhe de aplicação da tela plástica<br />
sobre as placas de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />
LTDA, sem data.<br />
Figura 3.111<br />
Detalhe da textura característica das<br />
casas revestidas com placas de Erkulit.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
67
tecnologia utilizada para um fim específico e adaptada<br />
para revestimento das casas de madeira.<br />
Um fato interessante é que, se retirarmos as placas,<br />
a casa está intacta. É uma adaptação reversível, pois<br />
somente os mata-juntas são um pouco danificados.<br />
Outra questão importante é com relação ao preconceito<br />
existente com a casa de madeira. É um sonho de<br />
muitos moradores de casas de madeira morar em<br />
uma casa de alvenaria, símbolo de status e de<br />
modernidade. O Erkulit criava esta possibilidade a<br />
um custo acessível e a procura foi intensa. Segundo<br />
o Sr. Peter, foi revestido em média trinta e seis casas<br />
por mês, um número significativo que demonstra tanto<br />
o anseio de morar em uma casa de alvenaria quanto<br />
o número expressivo de casas de madeira existentes<br />
em Curitiba.<br />
Figura 3.115<br />
Casa antes do revestimento com placas<br />
de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />
Com. LTDA, sem data.<br />
Figura 3.116<br />
Casa revestida com placas de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />
Com. LTDA, sem data.<br />
Figura 3.112<br />
Casa revestidas com placas de Erkulit.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 3.113<br />
Casa antes do revestimento com placas<br />
de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />
LTDA, 1972.<br />
Figura 3.114<br />
Casa revestida com placas de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />
LTDA, 1972.<br />
68
Figura 3.117<br />
Casa revestida com placas de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />
Com. LTDA, 1972.<br />
Figura 3.118<br />
Casa revestida com placas de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />
Com. LTDA, 1972.<br />
Figura 3.119<br />
Casa revestida com placas de Erkulit.<br />
Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />
Com. LTDA, 1972.<br />
69
4. INDUSTRIALIZAÇÃO E PRÉ-<br />
FABRICAÇÃO<br />
4.1. A INDUSTRIALIZAÇÃO E A PRÉ-<br />
FABRICAÇÃO<br />
A construção de um edifício depende de alguns fatores<br />
de ordem prática. Além do projeto e do planejamento,<br />
é necessária a quantidade certa de mão de obra<br />
e de matéria prima para que haja execução. Nas<br />
construções antigas, toda a matéria prima provinha<br />
de locais próximos ao da implantação da obra e estes<br />
materiais eram transformados no próprio canteiro.<br />
Com a evolução do modo de construir, muitos destes<br />
materiais passaram a vir para o canteiro já moldados nas<br />
dimensões previstas pelos construtores. Esta produção<br />
fora do canteiro é chamada de pré-fabricação.<br />
A pré-fabricação é toda a produção de material<br />
empregado na construção, que seja produzido fora da<br />
obra, possuindo dimensões definidas anteriormente<br />
a sua produção. Pode-se afirmar que a produção<br />
de tijolos é um processo de pré-fabricação (figura<br />
4.1) , assim como a produção de blocos de pedra<br />
(figura 4.2) e de peças de madeira com bitolas pré-<br />
estabelecidas (figura 4.3).<br />
O processo de pré-fabricação tem como objetivo<br />
Figura 4.1<br />
Artesão produzindo Blocos de<br />
adobe em Tiradentes-MG.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.2<br />
Pirâmides da Planície de Gisé no Egito.<br />
Constridas com blocos de pedra.<br />
Foto de Carlos Nieto, sem data.<br />
Site www.grupokeystone.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.3<br />
Transporte da madeira beneficiada.<br />
Fonte: SCHEIER, P. O Paraná<br />
no Seu Centenário. Curitiba:<br />
Imprensa Paranaense, 1953.<br />
70
a rapidez da execução, economia dos materiais<br />
empregados na obra, redução de mão-de-obra e<br />
melhoramento na qualidade do produto final. Este<br />
processo requer um maior planejamento, tanto na<br />
fase de projeto quanto na organização e capacitação<br />
do canteiro de obra.<br />
- SERRAR A MADEIRA<br />
- PRODUÇÃO DE<br />
FERRAGENS E PINTURA<br />
- MÓVEIS DE FÁBRICA<br />
- SERRAR A MADEIRA<br />
- PRODUÇÃO DE<br />
FERRAGENS E PINTURA<br />
- PRODUÇÃO DE MÓVEIS,<br />
CARPINTARIA, JANELAS<br />
E ESCADAS.<br />
- DESENHO E FABRICAÇÃO<br />
DE UM GRUPO DE<br />
COMPONENTES<br />
COORDENADOS PARA<br />
ESTRUTURA,<br />
FECHAMENTOS,<br />
BLOCOS TÉCNICOS,<br />
JANELAS, PORTAS,<br />
DIVISÕES, INTERIORES E<br />
UNIDADES DE<br />
ARMAZENAG<strong>EM</strong><br />
- PRODUÇÃO COMPLETA DE<br />
UMA CASA PRÉ-FABRICADA<br />
COM TODOS OS<br />
ACABAMENTOS E<br />
EXIGÊNCIAS<br />
- CORTAR ÁRVORE<br />
- CONFORMAR E<br />
PREPARAR OS TRONCOS<br />
- DESBASTAR TÁBUAS<br />
O TETO, PISOS E MÓVEIS.<br />
- CORTE E PREPARAÇÃO<br />
DA MADEIRA PARA<br />
A ESTRUTURA.<br />
- CONSTRUÇÃO DE<br />
JANELAS, PORTAS,<br />
ESCADAS, CARPINTARIA.<br />
- PINTURA E<br />
ACABAMENTOS.<br />
- CORTE E PREPARAÇÃO<br />
DA MADEIRA PARA<br />
A ESTRUTURA E<br />
FECHAMENTOS<br />
- INSTALAÇÃO DE<br />
EL<strong>EM</strong>ENTOS PRÉ-<br />
FABRICADOS.<br />
- PINTURA E<br />
ACABAMENTOS<br />
- MONTAG<strong>EM</strong> DOS<br />
COMPONENTES PRÉ-<br />
FABRICADOS.<br />
FABRICAÇÃO<br />
Datação 1764 cf. JM3<br />
Acepções<br />
substantivo feminino<br />
1 ato, processo ou efeito de<br />
produzir (algo); fábrica, fabrico<br />
1.1 Derivação: por metonímia.<br />
produto deste processo<br />
2 a criação de algo<br />
3 ação de maquinar; ideação<br />
4 ato de espalhar algo; difusão<br />
5 Rubrica: contabilidade.<br />
título de conta da escrituração<br />
industrial, em que é feito o registro<br />
dos custos de produção<br />
6 Rubrica: economia.<br />
conjunto dos processos<br />
técnicos aplicados à matériaprima<br />
para torná-la um bem útil<br />
Locuções<br />
f. em série<br />
Rubrica: indústria.<br />
produção (de algo) em grande escala,<br />
segundo padrões estabelecidos<br />
Etimologia<br />
lat. fabricátió,ónis, prov. infl. do fr.<br />
fabrication ‘ato de fabricar, construir,<br />
a estrutura (do homem)’; ver fabr-<br />
PRÉ-FABRICAÇÃO<br />
Acepções<br />
substantivo feminino<br />
1 fabricação em série de porções<br />
ou componentes de uma unidade<br />
maior, para posterior montagem<br />
2 Rubrica: arquitetura, engenharia.<br />
fabricação em série de elementos de<br />
construção destinados a serem reunidos<br />
mais tarde, de acordo com um projeto<br />
3 Rubrica: arquitetura, engenharia.<br />
modo de construção fundamentado<br />
no uso destes elementos<br />
Fonte: Dicionário Houaiss da<br />
Língua Portuguesa, 2001<br />
Figura 4.4<br />
Tabela com a evolução da<br />
industrialização e pré-fabricação<br />
da casa de madeira.<br />
Fonte: BENDER, R. Una Visión de<br />
la Construcción Industrializada.<br />
Barcelona: Gustavo Gili, 1973.<br />
Adaptado e traduzido pelo autor<br />
71
Industrialização é todo o processo que resulta na<br />
produção de elementos construtivos idênticos e<br />
de maneira seriada, ou seja, a multiplicidade deste<br />
elemento com o auxílio de máquinas.<br />
Oliveri (1972) conceitua o sistema de pré-fabricação<br />
relacionado com a construção civil como sendo<br />
capaz de:<br />
- programar o ciclo produtivo nos aspectos técnicos,<br />
econômicos, financeiros, temporais, entre outros;<br />
- projetar integralmente um edifício, em todas as<br />
suas partes segundo um metodologia previamente<br />
estabelecida;<br />
- produzir industrialmente os distintos componentes, em<br />
quantidade e qualidade prevista, limitando ao mínimo<br />
as operações de montagem e de acabamento.<br />
O autor classifica os sistemas de pré-fabricação em<br />
três:<br />
- Sistema linear, quando uma dimensão prevalece<br />
sobre as outras. Em geral, são usados em pilares<br />
ou vigas e componentes bidimensionais, ou seja, a<br />
modulação se dá somente em uma das dimensões.<br />
Este sistema possui uma flexibilidade horizontal ou<br />
vertical e é vulgarmente chamado de esqueleto.<br />
No Brasil, encontramos uma variedade de sistemas<br />
lineares de pré-fabricação, principalmente nas<br />
INDUSTRIALIZAÇÃO<br />
Datação 1899 cf. CF1<br />
Acepções<br />
substantivo feminino<br />
ação ou efeito de industrializar(-se)<br />
1 aplicação de técnicas industriais em<br />
2 ato ou efeito de submeter<br />
a um processo industrial<br />
Ex.: a i. da soja<br />
3 desenvolvimento com<br />
base na indústria<br />
Etimologia<br />
industrializar + -ção; ver industri- e -stru-<br />
Lat. industrìa,ae ‘zelo, atividade,<br />
aplicação, empenho, trabalho, esforço;<br />
diligência, rapidez’, do lat. indu<br />
‘end(o)-’ e v.lat. strùó,is,úxí,úctum,ère<br />
‘reunir, juntar, ordenar, dispor (em<br />
pilhas), amontoar, acumular, construir,<br />
edificar, cumular, cobrir, levantar,<br />
fechar, tampar’; ver industri- e -stru-<br />
; f.hist. sXIV jndustria, sXV endustria<br />
‘destreza, engenho’, sXIX indústria<br />
‘conjunto de atividades econômicas’<br />
fabrication ‘ato de fabricar, construir,<br />
a estrutura (do homem)’; ver fabr-<br />
Fonte: Dicionário Houaiss da<br />
Língua Portuguesa, 2001<br />
Figura 4.5<br />
Casa projetada pelo escritório<br />
paulistano MMBB no bairro de<br />
Perdizes, São Paulo-SP.<br />
Site www.arcoweb.com.br<br />
Detalhe para os pilares e vigas prémoldados.<br />
Construção no sistema linear.<br />
72
construções em concreto (figura 4.5) e aço, porém,<br />
existem algumas empresas que fornecem tais peças<br />
em madeira (figura 4.6).<br />
- Sistema plano, quando se trabalha com planos<br />
pré-determinados, como a utilização de painéis<br />
autoportantes. É o sistema composto por placas e<br />
possui uma flexibilidade média, onde é necessário<br />
trabalhar dentro de uma modulação. Encontra-se, no<br />
Brasil, pouca variedade de sistemas planos. Os mais<br />
comuns são: o sistema de placas cimentícias, painéis<br />
de concreto reforçado com fibra de vidro (figura<br />
4.7), o sistema de gesso acartonado e os painéis<br />
de madeira em OSB (figura 4.8) ou MDF (figura 4.9),<br />
que são um dos componentes do sistema construtivo<br />
proveniente da América do Norte e Europa, conhecido<br />
como sistema plataforma. Há algumas empresas<br />
atuando no Brasil, reproduzindo a mesma arquitetura<br />
dos países de origem, com poucas adaptações ao<br />
modo de morar do brasileiro (figura 4.10).<br />
- Sistema tridimensional, quando se trabalha com<br />
elementos tridimensionais que somente são encaixados<br />
no canteiro de obra. Este sistema prevê um maior<br />
processo de industrialização e é chamado vulgarmente<br />
de caixa. É um sistema bastante limitado e esta<br />
limitação é determinada pela linha de produção e<br />
Figura 4.6<br />
Casa Flávia e Osmar Valentim<br />
em Carapicuíba, SP<br />
Projeto do UNA Arquitetos e construído<br />
pela ITA Engenharia em 1999.<br />
Site www.itaconstrutora.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.7<br />
Colocação de painel GRFC (painel de<br />
concreto reforçado com fibra de vidro).<br />
Site www.arcoweb.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.8<br />
Painel de OSB.<br />
A sigla OSB vem do inglês “Oriented<br />
Strand Board” e significa “Painel de<br />
Tiras de Madeira Orientadas”.<br />
Site www.masisa.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
73
possibilidade de transporte do bloco.<br />
Aplica-se, no Brasil o sistema tridimensonal em alguns<br />
casos isolados, como na construção de presídios ou<br />
blocos de áreas úmidas como sanitários e cozinhas<br />
(figura 4.11). No caso dos presídios, as celas são<br />
produzidas de modo industrial, e somente acopladas<br />
no canteiro de obra. Isto para garantir um maior<br />
controle da resistência do concreto e impedir falhas<br />
e fissuras (figura 4.12).<br />
Oliveri (1972), analisando os conceitos existentes<br />
de pré-fabricação propõe a “fabricação aberta”. A<br />
“fabricação aberta ou sistema pré-fabricado aberto”<br />
é, segundo o autor, a produção de elementos em<br />
série, aptos a serem utilizados em qualquer projeto de<br />
qualquer projetista e postos em obra por empresas de<br />
montagem. Este sistema tem flexibilidade planimétrica<br />
e volumétrica e a construção ocorre seguindo uma<br />
modulação pré-determinada, segundo o objeto modular,<br />
que comporta todas as possibilidades construtivas<br />
e formais de uma determinada cultura arquitetônica.<br />
Como exemplo, pode-se citar a arquitetura tradicional<br />
japonesa, onde o módulo é, ao mesmo tempo, objeto<br />
e unidade de medida (figura 4.13). A normatização<br />
da construção tradicional japonesa está vinculada<br />
à alguns elementos como o número de “tatamis”<br />
Figura 4.9<br />
Painel de MDF.<br />
A sigla MDF vem do inglês “Medium<br />
Density Fiberboard” e significa<br />
“Fibras de Densidade Média”.<br />
Site www.e-emeri.com.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.10<br />
Casa produzida pela U.S. Home,<br />
com sede em Curitiba.<br />
Site www.ushome.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.11<br />
Módulo com cozinha e banheiro<br />
da empresa Pavi.<br />
Site www.arcoweb.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
74
(espécie de esteira que é utilizada como piso nas<br />
casas japonesas), que na verdade é ao mesmo tempo<br />
a dimensão modular da construção e objeto que ocupa<br />
uma função determinada. O mesmo acontece com o<br />
“shoji” e “fusuma” (paineis divisórios), figura 4.14.<br />
Este princípio resultaria em três situações:<br />
- A esquematização das funções;<br />
- O reagrupamento por categoria;<br />
- Um projeto rápido e flexível.<br />
Uma questão importante neste sistema é a liberdade<br />
criativa e de projeto para que o sistema não fique<br />
obsoleto, ou seja, que sempre produza uma tipologia<br />
arquitetônica contemporânea. Esta liberdade<br />
está relacionada com a adequação do edifício às<br />
necessidades de moradia e flexibilidade de uso,<br />
à liberdade de incorporação da indústria no ciclo<br />
produtivo da construção e na liberdade de configuração<br />
espacial do edifício.<br />
Segundo Meyer (1967), existem três modos distintos<br />
de pré-fabricação:<br />
- pré-fabricação móvel ao pé da obra;<br />
- pré-fabricação estacionária;<br />
- pré-fabricação em cadeia.<br />
A pré-fabricação móvel ao pé da obra se dá com a<br />
Figura 4.12<br />
Celas modulares em concreto armado.<br />
Foto de Osvaldo Ribeiro/SESP<br />
Site www.aenoticias.pr.gov.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.13<br />
Imagem do Palácio Imperial de<br />
Katsura-Japão, datado de 1620.<br />
Site www.library.osu.edu.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.14<br />
Imagem interna do do Palácio Imperial<br />
de Katsura-Japão, datado de 1620.<br />
Detalhe dos painéis “Shoji” e o “tatami”.<br />
Site www.library.osu.edu.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
75
instalação da linha de produção no próprio canteiro<br />
onde é montada a linha de produção dos elementos<br />
pré-moldados. A pré-fabricação móvel exige reduzidos<br />
elementos de instalação, porém sua capacidade<br />
de produção também é limitada. Sua vantagem é<br />
a facilidade de adaptação do sistema a todos os<br />
tipos de obras, plantas e formas arquitetônicas. A<br />
pré-fabricação móvel se monta em cada caso para<br />
um determinado projeto. Este sistema é utilizado<br />
em algumas obras onde existem elementos que se<br />
repetem. Geralmente, é feito um molde e o elemento<br />
é repetido no próprio canteiro. É comum encontrar a<br />
fabricação móvel em uma construção feita no regime<br />
de mutirão. Como exemplo, pode-se citar a produção<br />
de tijolos de adobe ou blocos de soloestabilizado,<br />
vulgarmente conhecido por solo-cimento (figura<br />
4.15 e figura 4.16) ou a produção de elementos de<br />
concreto pré-moldados.<br />
A pré-fabricação estacionária é feita no local de<br />
produção das peças pré-fabricadas, que são<br />
transportadas até o canteiro de obra. A produção é<br />
separada do canteiro, o que significa maiores gastos<br />
com transporte. Este modo de produção exige do<br />
projetista o prévio conhecimento dos elementos pré-<br />
moldados antes da confecção do projeto (figura 4.17). É<br />
necessário, também, que o projeto seja pensado dentro<br />
Figura 4.15<br />
Pessoas confeccionando blocos de<br />
solo estabilizado com prensa manual.<br />
Site www.changemakers.net.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.16<br />
Parede com blocos de solo estabilizado.<br />
Site www.construcaoeconomica.<br />
tripod.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.17<br />
Escola construída com elementos<br />
de concreto pré-moldado<br />
no sistema pilar/viga.<br />
Site www.arcoweb.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
76
de uma modulação especificada pelos fabricantes,<br />
evitando com isso desperdícios, perdas e adaptações<br />
inadequadas do elemento pré-fabricado. Este não é<br />
um sistema construtivo que limita a criatividade do<br />
projetista, todavia não fornece a liberdade da pré-<br />
fabricação móvel ao pé da obra.<br />
A pré-fabricação em cadeia exige uma linha de<br />
montagem mais complexa dos elementos que formam<br />
o sistema industrializado.Estes elementos são<br />
fabricados em série, dentro de uma linha industrial<br />
de produção. É o grau máximo da pré-fabricação e<br />
requer a mecanização nas distintas fases de produção.<br />
Como toda produção em cadeia, esta requer uma maior<br />
demanda por parte do mercado, pois a produção é<br />
feita em larga escala. As vantagens da pré-fabricação<br />
em cadeia são a economia da mão-de-obra durante a<br />
fase de produção e um maior controle de qualidade do<br />
produto final, já que a linha de produção em cadeia<br />
exige tecnologia mais avançada do que os outros<br />
modos de produção. O projetista por sua vez tem os<br />
mesmos desafios da pré-fabricação estacionária, ou<br />
seja, tem que ter um conhecimento prévio do sistema<br />
construtivo e a modulação exigida antes da confecção<br />
do projeto.<br />
No Brasil a industrialização da construção acontece<br />
Figura 4.18<br />
Edifício sendo construído<br />
com estrutura em aço.<br />
Site www.arcoweb.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.19<br />
Montagem de paredes internas<br />
com placas de gesso acartonado.<br />
Site www.arcoweb.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.20<br />
Casa construída com painéis<br />
de chapa cimentícia.<br />
Site www.eternit.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
77
em edifícios industriais e de grande porte (figura<br />
4.18), porém quanto aos edifícios residenciais,<br />
encontra-se poucos exemplares isolados nas revistas<br />
especializadas em arquitetura, que se limitam quase que<br />
exclusivamente, ao concreto armado no sistema linear,<br />
ou seja, pilar/viga. Há pouco uso do aço e madeira<br />
industrializada, utilizando-se apenas, componentes e<br />
acessórios como: painéis divisórios, como o caso do<br />
gesso acartonado (figura 4.19), painéis de madeira<br />
e placas cimentícias (figura 4.20).<br />
A indústria da construção de edifícios no país, está<br />
quase que exclusivamente voltada para a produção de<br />
acessórios como coberturas, tubulações, componentes<br />
elétricos e hidráulicos, esquadrias de alumínio (figura<br />
4.21), madeira (figura 4.22), PVC (figura 4.23) e ferro,<br />
entre outros.<br />
Este quadro é devido a vários fatores: o baixo custo<br />
da mão de obra, sua pouca especialização, a cultura<br />
arquitetônica vigente e a falta de prática dos projetistas<br />
em relação a construção pré-fabricada.<br />
No caso das construções em madeira, o quadro<br />
é mais crítico. Encontram-se poucos exemplares<br />
construídos dentro de uma lógica pré-fabricada nas<br />
revistas especializadas em arquitetura. As poucas<br />
construções são réplicas da Casa Vitoriana Americana<br />
Figura 4.21<br />
Montagem esquadria de alumínio.<br />
Site www.arcoweb.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.22<br />
Esquadria de madeira de abrir e tombar.<br />
Site www.scheid.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.23<br />
Ambiente com esquadria de PVC.<br />
Site www.arcoweb.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
78
(figura 4.24), fato este que se supõe ser um dos<br />
contribuintes para a resistência dos arquitetos à pré-<br />
fabricação, pois estas reportagens passam a falsa<br />
impressão de limitação destes sistemas construtivos,<br />
cujos resultados possíveis vão muito além da Casa<br />
Colonial Americana (figura 4.25 e figura 4.26). Há<br />
muitas reportagens sobre construções em madeira<br />
e estas são , na maior parte dos casos, construídas<br />
no sistema pilar/viga, com as peças dimensionadas<br />
e beneficiadas segundo o projeto específico, sem<br />
nenhuma industrialização ou pré-fabricação (figura<br />
4.27 e figura 4.28).<br />
4.2. RELAÇÃO DA INDUSTRIAIZAÇÃO COM<br />
A CASA DE ARAUCÁRIA<br />
Analisando a tecnologia de pré-fabricação da Casa<br />
de Araucária, afirma-se que ela possuía um sistema<br />
linear, com modulação de trinta centímetros. Trata-<br />
se de uma pré-fabricação sem grandes avanços<br />
tecnológicos, já que não houve evolução no sistema<br />
construtivo através da inclusão na indústria de novos<br />
elementos que ajudassem a melhorar a qualidade da<br />
construção. Diferentemente do que ocorreu à casa<br />
de madeira americana, a chamada “Balloon Frame”<br />
(figura 4.29), que hoje dispõe de toda uma linha de<br />
Figura 4.24<br />
Foto de Casa construída no sistema<br />
Steel Freme publicado na revista<br />
Engenharia e Construção - Abril 2004<br />
Figura 4.25<br />
Casa em madeira na França construída no<br />
mesmo sistema que a casa da figura 4.24.<br />
Fonte: Maison & Bois International,<br />
agosto de 2006.<br />
Figura 4.26<br />
Casa em madeira na França construída no<br />
mesmo sistema que a casa da figura 4.24.<br />
Fonte: Maison & Bois<br />
International, maio de 2006.<br />
79
produção de vários componentes e encaixes que<br />
acompanharam a evolução tecnológica industrial.<br />
Muitos elementos contribuíram para esta falta de<br />
avanços tecnológicos. Entre eles, pode-se citar os<br />
dois principais:<br />
- o rápido esgotamento das reservas naturais o que<br />
impediu que houvesse tal evolução;<br />
- o preconceito existente com as construções em<br />
madeira.<br />
Porém, mesmo com a aparente baixa tecnologia,<br />
a Casa de Araucária atingiu uma expressividade<br />
arquitetônica e acompanhou a evolução do modo<br />
de morar, mesmo empregando sempre a mesma<br />
tecnologia. Compararando uma casa construída nas<br />
primeiras décadas do século XX (figura 4.30) com<br />
uma outra, da década de sessenta (figura 4.31).<br />
Ambas possuem o mesmo sistema construtivo,<br />
porém sua volumetria é completamente diferente.<br />
O mesmo não acontece com a casa americana,<br />
como afirma Oliveri (1972): “a casa pré-fabricada<br />
americana onde o valor tecnológico é notável, porém<br />
entra em contradição com a figuratividade obsoleta<br />
inspirada em precedentes modelos arquitetônicos<br />
de estilo vitoriano”. Segundo o autor, este sistema<br />
está concebido em reproduzir grosseiramente o que<br />
Figura 4.27<br />
Casa em madeira estampada na capa<br />
da revista “Arquitetura e Construção” da<br />
editora abril. Edição de fevereiro de 2007.<br />
Figura 4.28<br />
Casa em madeira estampada na capa<br />
da revista “Arquitetura e Construção” da<br />
editora abril. Edição de março de 2007.<br />
80
se fazia com tijolos e por conseguinte, são limitados<br />
sobre o ponto de vista criativo e equivocados sobre<br />
o ponto de vista cultural.<br />
Outra questão importante presente na pré-fabricação<br />
da Casa de Araucária é o fato desta arquitetura ser tão<br />
difundida nos estados onde ocorreu. Analisando fotos<br />
antigas de Curitiba e cidades do interior do Paraná<br />
vê-se a presença marcante da Casa de Araucária<br />
(figura 4.32). Presupõe que o fato desta arquitetura<br />
ser pré-fabricada, contribuiu para a absorção desta<br />
tecnologia por um grande número de construtores.<br />
A simplicidade do sistema, aliada com a grande<br />
quantidade de matéria-prima no mercado, favoreceu<br />
a difusão deste sistema construtivo, todavia, esta<br />
simplicidade não limitava o sistema. A imensa gama<br />
de possibilidades construtivas é atestada pela grande<br />
variação tipológica de seus remanescentes. Pode-se,<br />
com isso, afirmar que a pré-fabricação da Casa de<br />
Araucária criou um “Sistema Construtivo Aberto” e<br />
que a limitação da modulação de trinta centímetros,<br />
na verdade favoreceu a liberdade criativa de seus<br />
construtores. E por ser este um sistema construtivo<br />
simples, os mestres carpinteiros direcionaram sua<br />
liberdade criativa na produção dos detalhes de<br />
acabamentos individualizando cada construção (figura<br />
4.33 e figura 4.34).<br />
Figura 4.29<br />
Balloon Frame House construída em 1862.<br />
Site: www.<br />
franzosenbuschheritageproject.org.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.30<br />
Casa Av. Monteiro Tourinho,<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
Figura 4.31<br />
Casa Rua Bruno Filgueira, em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2007.<br />
81
Muitas das casas remanescentes foram produzidas<br />
em série nas próprias serrarias, vendidas, pré-<br />
cortadas e levadas ao local de implantação apenas<br />
para a montagem, o que se chama vulgarmente de<br />
kits (figura 4.35, figura 4.36 e figura 4.37).<br />
Várias destas casas eram depois ampliadas; ou alguns<br />
detalhes específicos como: acabamento dos oitões,<br />
pilares das varandas, entre outros, eram modificados<br />
para individualizar a casa. Contudo há, ainda, em<br />
Curitiba alguns grupos de casas idênticas (figura<br />
4.38), que segundo o relato de Imaguire (2006),<br />
pertenciam à mesma família e considera-se uma espécie<br />
de investimento para obtenção de renda através do<br />
aluguel. Mesmos estes exemplares são muito bem<br />
construídos e possuem acabamentos singulares (figura<br />
4.39 e figura 4.40), o que dificilmente se encontra<br />
hoje, nas atuais construções em série.<br />
4.3. INDUSTRIALIZAÇÃO E O ACESSO A<br />
MORADIA<br />
Inicialmente, pensou-se para este trabalho, discorrer<br />
sobre um sistema construtivo simples e de fácil<br />
montagem usando a tecnologia tradicional da Casa<br />
de Araucária e aliando a esta os avanços tecnológicos<br />
da indústria da construção de edifícios, com o intuito<br />
Figura 4.32<br />
Paisagem típica das cidades paranaenses<br />
na primeira metade do século XX, foto<br />
de Wenceslau Braz – PR, fonte Álbum<br />
do Cinqüentenário da Estrada de Ferro<br />
do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />
Figura 4.33<br />
Detalhe da varanda.<br />
Casa em São Mateus do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.34<br />
Detalhe da varanda.<br />
Casa em Irati-PR.<br />
Foto de Jussara Valentini, 2007.<br />
82
de auxiliar na diminuição do déficit de moradias,<br />
um dos grandes problemas de nosso país. Após<br />
pesquisa sobre o assunto observa-se que muitos<br />
autores concluíram que o déficit de moradias é um<br />
problema político e não técnico e também que há<br />
muitos bons projetos de baixo custo, que não são<br />
implantados por questões políticas. Por outro lado,<br />
as pesquisas relacionadas a projetos de baixo custo<br />
são necessárias, porque muitos governantes tem<br />
direcionado recursos significativos para o setor de<br />
habitação popular e neste caso estas pesquisas são<br />
importantes. Sob este ponto de vista, não se tem<br />
intenção de afirmar que as edificações pesquisadas<br />
vão resolver o problema habitacional brasileiro ou que<br />
a madeira seja a única solução. A mudança vem da<br />
comprovação da viabilidade construtiva. É importante<br />
que o material apontado seja utilizado por todas as<br />
classes sociais, pois o uso direcionado somente a<br />
habitação social, resulta em preconceito, tanto por<br />
parte da comunidade onde vai ser empregada, quanto<br />
à própria tecnologia construtiva.<br />
Ribeiro (1983) afirma que o principal fator que gera a<br />
crise na falta de moradias são questões relacionadas<br />
à propriedade privada da terra, tema que não será<br />
discutido neste trabalho. A existência de uma demanda<br />
solvável estreita é a principal causa desta crise. Do<br />
Figura 4.35<br />
Anúncio de Casas Pré-fabricadas.<br />
Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1937.<br />
Figura 4.36<br />
Serraria anunciando Casas<br />
Pré-fabricadas.<br />
Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1949.<br />
Figura 4.37<br />
Anúncio de Casas Pré-fabricadas.<br />
Detalhe para opções com<br />
parede simples e dupla.<br />
Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1965.<br />
83
déficit existente de moradias, apenas uma pequena<br />
parte tem condições financeiras de adquirir uma casa,<br />
por se tratar de uma população carente (figura 4.41).<br />
Por esta questão, a falta de moradia é um problema<br />
político, pois cabe ao estado financiar a produção de<br />
casas em condições diferentes da lógica de mercado,<br />
pois se a demanda é solvável, pelas leis de mercado<br />
a crise não deve existir.<br />
Outro fator relevante no mercado da construção civil<br />
é a existência de um grande número de pequenas<br />
empresas e um pequeno número de grandes. Isto<br />
faz com que este ramo apresente um baixo índice<br />
de concentração de capital. O fato deste setor não<br />
possuir uma adequada concentração de renda, cria<br />
um obstáculo com relação a investimentos necessários<br />
à industrialização, tornando o produto final, que é a<br />
moradia, um produto feito de maneira quase artesanal<br />
e onerosa, que é apenas adquirida por um consumidor<br />
que possua condições financeiras adequadas.<br />
A falta de industrialização do setor ocorre, também,<br />
por outros fatores como a descontinuidade no tempo<br />
e espaço existente na produção de moradias. Não há<br />
reserva de solo para o desencadeamento da produção<br />
em larga escala, gerando uma produção fragmentada.<br />
Como cada canteiro possui características singulares<br />
como tipo do solo, insolação, possibilidade de divisão<br />
Figura 4.38<br />
Conjunto de casas Rua Pe. Anchieta.<br />
Foto do autor, 2005.<br />
Figura 4.39<br />
Detalhe do acabamento do encontro da<br />
tábua com o pilarete de embasamento.<br />
Conjunto de casas Rua Pe. Anchieta.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.40<br />
Detalhe do acabamento da varanda.<br />
Casa muito reproduzida em Curitiba.<br />
Rua Pe. Agostinho em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
84
de lotes entre outros a produção de moradias se dá<br />
de maneira decontínua, caracterizando cada canteiro<br />
como uma lógica de produção. Esta descontinuidade<br />
também acontece em relação ao tempo. Não há uma<br />
política que possibilite um planejamento em longo<br />
prazo, para a produção contínua de casas, o que<br />
favorece a industrialização do setor pela criação de<br />
uma demanda estável. Também a não possibilidade<br />
do produto ser pré-determinado durante a produção<br />
em série, como acontece por exemplo na indústria<br />
automobilística. A produção de residências em série,<br />
em grandes áreas, gera a não apropriação pelo<br />
morador devido a falta de individualidade da casa<br />
(figura 4.42), como se vê nos conjuntos habitacionais<br />
construídos nas décadas de sessenta e setenta, pelo<br />
extinto Banco Nacional de Habitação.<br />
Segundo Ribeiro (1983) é necessária a criação de<br />
condições que favoreçam ao construtor a organizar<br />
o processo de produção de maneira tal a torná-lo<br />
gerador de um valor superior ao do capital inicial e<br />
também, a realização de um novo valor incorporado<br />
à mercadoria produzida. Essas condições são<br />
necessárias em todos os setores de produção.<br />
Outra questão importante é que a expansão da produção<br />
de uma determinada mercadoria tende a destruir a<br />
forma de produção pré-existente como por exemplo o<br />
Figura 4.41<br />
Casa construída com restos de madeira.<br />
Moradia insalubre e apresenta risco<br />
à segurança dos moradores.<br />
Site www.abbra.eng.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.42<br />
Conjunto de casas populares fotografado<br />
na década de 90, local não especificado.<br />
Site www.andrepaiva.com.br.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
85
artesanato, levando a uma proletarização os antigos<br />
produtores. No Brasil, esta expansão aconteceu em<br />
alguns setores da construção civil, porém no que se<br />
refere a construção de habitações, principalmente as<br />
destinadas as camadas mais pobres, é ainda feita na<br />
maioria das vezes, de maneira artesanal. Isto devido à<br />
descontinuidade de investimentos no setor tornando<br />
difícil a aplicação permanente de investimentos e<br />
consequentemente, a adoção de métodos industriais.<br />
O resultado é que o investidor provavelmente utilizará<br />
métodos de produção manual, evitando o uso de<br />
máquinas e não deixando uma grande quantidade<br />
de capital imobilizado.<br />
A solução proposta para o problema apresentado é a<br />
pré-fabricação de elementos construtivos. De acordo<br />
com a lógica proposta por Oliveri (1972), a fabricação<br />
aberta, criando com isso, dentro de uma modulação,<br />
elementos pré-fabricados que forneçam ao projetista<br />
e ao construtor uma variedade de possibilidades<br />
construtivas, que sejam flexíveis ao programa exigido<br />
para habitação, com a possibilidade de implantação<br />
e com a volumetria desejada. Também a produção<br />
industrial em série dos elementos construtivos, que são<br />
de fácil montagem, já que pode ser executada pelas<br />
pequenas empresas de construção, ou até mesmo<br />
pelos moradores nos regimes de mutirão (figura 4.43<br />
Figura 4.43<br />
Mutirão para construção em adobe.<br />
Site www.ecocentro.org.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.44<br />
Mutirão para construção em super-adobe.<br />
Site www.ecocentro.org.<br />
Acesso em 27 de abril de 2007.<br />
Figura 4.45<br />
Casa em São Mateus do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
86
e figura 4.44). O sistema proposto resgata a lógica<br />
construtiva da Casa de Araucária.<br />
Como visto anteriormente, com apenas seis bitolas<br />
se tem uma imensa possibilidade construtiva e de<br />
fácil execução. Principalmente, porque não apresenta<br />
limitações à criatividade dos projetistas e construtores<br />
(figura 4.45 a figura 4.48).<br />
Figura 4.46<br />
Casa em Irenópolis-SC.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.47<br />
Casa em São Mateus do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 4.48<br />
Casa na colônia Marmeleiro, em<br />
Almirante Tamandaré-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
87
5. A CASA DE ARAUCÁRIA E A<br />
HABITAÇÃO SOCIAL: ESTUDO DE<br />
CASO REDE VIAÇÃO PARANÁ SANTA<br />
CATARINA<br />
A implantação da malha ferroviária nos estados<br />
do Paraná e Santa Catarina foi o principal agentel<br />
urbanizador destes estados. Muitas cidades nasceram<br />
e se desenvolveram a partir da implantação da estação<br />
de trem. A rapidez do deslocamento e escoamento<br />
da produção foi também um agente modernizante,<br />
trazendo desenvolvimento e progresso para estes<br />
estados.<br />
É impossível um estudo sobre a arquitetura de<br />
madeira no estado do Paraná sem uma análise do<br />
papel da RVPSC. A grande quantidade de matéria<br />
prima disponível só foi possível com o escoamento<br />
da madeira através da malha ferroviária.<br />
A escolha da RVPSC como estudo de caso de uma<br />
empresa que construíu casas para seus operários<br />
em madeira foi pelos seguintes fatores:<br />
- A RVPSC era uma das maiores empresas do<br />
estado e tinha em seu quadro um grande número de<br />
empregados;<br />
- A RVPSC construíu diversas edificações em madeira,<br />
como estações, garagens, oficinas e casas.<br />
Figura 5.1<br />
Mapa das linhas da RVPSC em 1937.<br />
Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />
em 02 de maio de 2007.<br />
Figura 5.2<br />
A estação de Jacarehy, sem data. Município<br />
de Morretes-PR.<br />
Foto cedida por Eduardo Coelho<br />
Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />
em 02 de maio de 2007.<br />
Figura 5.3<br />
Fornecedores de madeira para a ferrovia<br />
em Roseira no município de Rio Negro-PR.<br />
Cessão Elza Maria de Lima Lourenço<br />
Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />
em 02 de maio de 2007.<br />
88
- Cada trecho da linha de trem era mantida por uma<br />
“turma” com profissionais variados. Estes residiam<br />
em casas construídas pela empresa;<br />
- As primeiras “vilas ferroviárias” eram de madeira e<br />
ainda hoje existem remanecentes destas construções<br />
em diversas cidades do estado do Paraná, inclusive<br />
em Curitiba.<br />
5.1. BREVE HISTÓRICO DA RVPSC<br />
As primeiras ligações ferroviárias do Paraná datam do<br />
final do século XIX, sendo o trecho ligando Curitiba<br />
a Paranaguá inaugurado em 1885. Posteriormente,<br />
a rede ferroviária foi expandida para outras cidades<br />
paranaenses (figura 5.1) e, no ano de 1942, toda<br />
a malha ferroviária dos estados do Paraná e Santa<br />
Catarina foram encampadas pelo governo federal e<br />
se transformaram na Rede Viação Paraná e Santa<br />
Catarina (RVPSC), com sede em Curitiba. A RVPSC<br />
passou a pertencer a Rede Ferroviária Federal S. A.<br />
em 1957, empresa estatal que reunia vinte e duas<br />
outras ferrovias.<br />
A RFFSA foi privatizada na década de noventa. O<br />
trecho pertencente a RVPSC adquirido pela empresa<br />
Ferrovia Sul Atlântico, passando a chamar América<br />
Latina Logística em 1999.<br />
Figura 5.4<br />
Estação Porto de Cima, Município de<br />
Morretes. Fonte Álbum do Cinqüentenário<br />
da Estrada de Ferro do Paraná em 1935,<br />
acervo RVPSC.<br />
Figura 5.5<br />
A estação Espalha Brasa, anos 1930,<br />
município de Pirai do Sul-PR.<br />
Acervo Arthur Wischral, cedida por Nilson<br />
Rodrigues<br />
Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />
em 02 de maio de 2007.<br />
Figura 5.6<br />
Composicão parada na estação de Passaúna,<br />
provavelmente anos 60. Foto do acervo da<br />
ABPF do Paraná.<br />
Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />
em 02 de maio de 2007.<br />
89
A ferrovia no Paraná está intimamente ligada ao<br />
processo de urbanização do estado. Muitas cidades<br />
nasceram a partir da estação ferroviária (figura 5.2).<br />
A ferrovia possibilitou o escoamento da madeira de<br />
pinho extraída da floresta de araucária (figura 5.3)<br />
e utilizou o pinho como principal material utilizado<br />
para construção das primeiras estações e da infra-<br />
estrutura necessária à implantação e expansão de<br />
sua malha.<br />
O Paraná, na primeira metade do século XX, tinha<br />
sua paisagem urbana formada em sua maioria, por<br />
edificações em madeira, sendo a rede ferroviária<br />
um dos principais consumidores desta tecnologia<br />
construtiva (figura 5.4). Analisando o arquivo fotográfico<br />
da extinta RVPSC vê-se muitas cidades nascendo ao<br />
redor da pequena estação de madeira (figura 5.5),<br />
tendo ao lado algumas casas também em madeira,<br />
construídas no sistema tábua e mata-juntas. Junto a<br />
estação ou em suas proximidades era construída a<br />
vila ferroviária (figura 5.6).<br />
A empresa nos 113 anos de existência foi uma das<br />
principais construtoras de casas operárias. Há registros<br />
datados, a partir da década de trinta, de reivindicações<br />
dos funcionários para financiamentos e possibilidades<br />
de acesso a moradia. Todos os projetos e documentos<br />
referentes às construções estão arquivados no porão<br />
Figura 5.7<br />
Estação Cachoeira em Madeira.<br />
Almirante Tamandaré-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 5.8<br />
Oficina de manutenção de pontes. Edifício<br />
em madeira.<br />
Fonte: Correio dos Ferroviários, 1944.<br />
Figura 5.9<br />
Pavilhão do Cinqüentenário da Estrada de<br />
Ferro do Paraná em 1935.<br />
Fonte Álbum do Cinqüentenário da Estrada de<br />
Ferro do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />
90
de sua antiga sede na cidade de Curitiba. Durante a<br />
fase de levantamento, foram pesquisados os arquivos<br />
no que se refere a construções de madeira, que são<br />
menos 10% dos projetos armazenados. O material<br />
encontrado foi fotografado e copiado, porém a forma<br />
de armazenamento em que se encontra é preocupante,<br />
pois este material está exposto à umidade e a insetos<br />
e os sinais de decomposição e degradação estão<br />
visíveis.<br />
5.2. RVPSC E A CASA DE ARAUCÁRIA<br />
Um dos principais sistemas construtivos adotado pela<br />
rede ferroviária foi a tábua e mata-juntas. Grande<br />
parte das primeiras estações eram em madeira<br />
(figura 5.7). Também as casas dos funcionários e os<br />
edifícios de apoio, como garagens, oficinas (figura<br />
5.8) e depósitos, eram construídos neste material.<br />
Aparentemente, não havia preconceito no uso do<br />
material. O pavilhão destinado a exposição ferroviária,<br />
construído em 1935 para a comemoração dos cinqüenta<br />
anos da estrada de ferro no Paraná, foi construído<br />
no sistema tábuas e mata-juntas (figura 5.9).<br />
Ao contrário do que acontecia na maioria das<br />
construções neste sistema construtivo, a construção<br />
seguia um projeto feito por um engenheiro da empresa,<br />
sendo planejada e padronizada. As estações eram<br />
Figura 5.10<br />
Casas da vila ferroviária de Rio Negro.<br />
Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />
Figura 5.11<br />
Casa da RVPSC em Wenceslau Brás.<br />
Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
91
dimensionadas de acordo com a capacidade do<br />
local de instalação e as residências hierarquizadas<br />
pelo tamanho, de acordo com o cargo ocupado na<br />
empresa pelo morador.<br />
As construções não seguem uma tipologia específica,<br />
e sim a mesma volumetria das casas anteriormente<br />
estudadas. No entanto, possuem menor complexidade<br />
nos acabamentos, similar às construções convencionais<br />
produzidas em série.<br />
Comparando-se as primeiras construções com as<br />
mais recentes, também se verifica que há a mesma<br />
variação volumétrica presente na Casa de Araucária.<br />
Encontra-se as primeiras construções com referências<br />
ecléticas (figura 5.10) e, as construções feitas a partir<br />
da década de sessenta, com referências modernistas<br />
(figura 5.11).<br />
5.3. RVPSC E HABITAÇÃO SOCIAL<br />
Pesquisando o Correio Ferroviário, um periódico<br />
publicado pela RVPSC a partir de 1933 (figura 5.12<br />
a figura 5.15), constatou-se que o acesso à moradia<br />
era uma questão importante.<br />
Um artigo de 1936 salienta: “um dos principais<br />
problemas humanos da atualidade é a habitação e o<br />
governo brasileiro resolveu confiá-lo às organizações<br />
autônomas, mas de caráter oficial, como as Caixas<br />
Figura 5.12<br />
Reportagem do Correio dos Ferroviários<br />
sobre a construção de casas e a Caixa de<br />
Pensões e Aposentadoria.<br />
Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />
Figura 5.13<br />
Reportagem do Correio dos Ferroviários<br />
sobre a construção de casas e a Caixa de<br />
Pensões e Aposentadoria.<br />
Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />
92
de Aposentadorias e Pensões”.<br />
Com este dispositivo legal a Caixa de Aposentadorias<br />
e Pensões dos Ferroviários inicia a construção de<br />
casas para os ferroviários.<br />
No artigo publicado em novembro de 1937: “(...)<br />
a propriedade exerce na economia particular uma<br />
influência primordial. O indivíduo, com sua propriedade,<br />
sente-se por maneira influenciado para o bem e para<br />
o trabalho.”<br />
Em 28 de julho de 1937, é exposto o regulamento<br />
para a aquisição de moradias, que tem como objetivo<br />
facilitar o acesso à habitação “ao alcance dos<br />
modestos recursos dos associados “ e apresenta<br />
questões como:<br />
- prazo de vinte anos para o pagamento;<br />
- no caso de família composta por mais de quatro<br />
filhos menores de 16 anos, o prazo se estende a<br />
vinte cinco anos;<br />
- resgate da dívida não poderá ser superior a 45%<br />
dos vencimentos mensais do associado;<br />
- possibilidade de compra de habitação, compra<br />
de terreno e posterior construção da habitação,<br />
empréstimo para construção de habitação em terreno<br />
anteriormente adquirido, remodelação de habitação<br />
existente, venda de prédios construídos ou adquiridos<br />
Figura 5.14<br />
Despacho presidencial sobre habitação<br />
popular.<br />
Fonte: Correio dos Ferroviários, 1944.<br />
Figura 5.15<br />
Propaganda oferecendo casas de madeira<br />
para ferroviários “15 lindos bangalôs”.<br />
Fonte: Correio dos Ferroviários, 1938.<br />
93
por iniciativa direta e venda de apartamentos. Os<br />
dois últimos itens possibilitam a uma empresa obter<br />
financiamento da caixa de pensão para construção<br />
de habitações destinadas à venda para os próprios<br />
associados.<br />
- obrigatoriedade de apresentação de plantas de<br />
situação e orientação da construção na escala 1:500<br />
e planta de cada pavimento na escala 1:100. No<br />
caso de remodelação de habitação, apresentação<br />
de fotografia 18x24cm da fachada principal;<br />
- No caso de construção de habitações para venda,<br />
torna-se necessário que “os apartamentos serão<br />
do tipo econômico, respeitado a simplicidade de<br />
concepção, o emprego racional dos materiais e os<br />
requisitos de higiene e conforto e de conservação<br />
fácil e módica”.<br />
- a localização terá sempre em vista a proximidade<br />
da sede de trabalho do associado ou a facilidade de<br />
transporte barato deste;<br />
- taxa de juros inicial de 6% ao ano, podendo ser elevada<br />
a 8% se exigirem as condições financeiras;<br />
- obrigatoriedade de seguro de vida e contra fogo;<br />
- em casos especiais, poderá ser realizada, em regiões<br />
apropriadas, a construção de casas de madeira,<br />
mediante prévia aprovação do Conselho Nacional<br />
Figura 5.16<br />
Vila Colorado em Curitiba-Pr, foto<br />
provavelmente do final da década de 80.<br />
Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />
- Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 5.17<br />
Vila Ferroviária de Apucarana-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
94
do Trabalho, não podendo o prazo de pagamento<br />
exceder 10 anos;<br />
A preocupação com o acesso à moradia exposto<br />
no regulamento é permeada por questões como<br />
a localização das habitações operárias em áreas<br />
próximas do local de trabalho, criando assim as ”vilas<br />
ferroviárias” (figura 5.16 e figura 5.17) presentes<br />
até hoje em muitas cidades paranaenses. Outra<br />
preocupação são as questões sanitaristas, que<br />
aparecem em alguns termos como “casas higiênicas”<br />
e de “fácil manutenção e limpeza”. Também verifica-<br />
se o preconceito existente com a habitação em<br />
madeira, pois esta requeria uma maior burocracia<br />
para aprovação do financiamento, além de possuir<br />
a metade do prazo para a sua quitação, todavia, isto<br />
não impediu a construção de casas de madeira, pois<br />
a própria RVPSC as construiu para seus funcionários.<br />
Provavelmente, o prazo era menor devido o custo da<br />
construção em relação à casa de alvenaria.<br />
Em outro texto, datado de março de 1938, é solicitado<br />
à RVPSC o transporte gratuito dos materiais de<br />
construção, principalmente nas grandes cidades, como<br />
Curitiba e Ponta Grossa, onde as vilas ferroviárias<br />
são afastadas do centro.<br />
Não foi possível determinar a quantidade de habitações<br />
produzidas através do financiamento da Caixa de<br />
Figura 5.18<br />
Projeto de casa de alvenaria.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.19<br />
Projeto de casa de alvenaria.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
95
Aposentadoria e Pensão da RVPSC e tampouco,<br />
localizar com exatidão todas as tipologias construídas.<br />
O material disponível nos arquivos pesquisados se<br />
refere apenas às construções a partir de década de<br />
40. Também, há uma diferenciação entre as casas de<br />
propriedade da RVPSC construídas para os funcionários<br />
e as casas que foram financiadas pela Caixa de<br />
Aposentadoria e Pensão, contudo supõe-se que não<br />
há uma diferenciação tipológica marcante entre as<br />
casas construídas pela RVPSC para seus funcionários<br />
e as casas adquiridas pelo mercado imobiliário. Esta<br />
diferença se daria em algumas questões projetuais,<br />
entretanto, as dimensões e quantidades de cômodo<br />
seguem a lógica do mercado imobiliário, como se<br />
constata comparando as habitações produzidas pela<br />
RVPSC com outras contemporâneas a estas.<br />
Para análise deste trabalho, focou-se somente<br />
as tipologias produzidas pela própria RVPSC,<br />
independentemente destas serem de propriedade<br />
da empresa ou não. Não foi possível localizar as<br />
tipologias construídas por outras empresas, pois não<br />
se localizaram nos arquivos pesquisados nenhuma<br />
referência.<br />
Figura 5.20<br />
Projeto de casa de alvenaria.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
96
5.4. TIPOLOGIAS<br />
A proposta tipológica das casas de madeira produzidas<br />
pela RVPSC tem como base os projetos da própria<br />
empresa, analisados na fase de pesquisa. Foram<br />
encontrados dezoito projetos, de casas de madeira<br />
e em torno de cinquenta projetos de casas de<br />
alvenaria (figura 5.18 a figura 5.21) . Não há uma<br />
diferenciação cronológica da produção das casas de<br />
madeira e alvenaria. Estas ocorriam paralelamente<br />
no tempo, sendo que alguns projetos em alvenaria<br />
são anteriores a 1943, data do primeiro projeto de<br />
madeira encontrado.<br />
Outro ponto importante referente às casas de madeira<br />
é que foram construídas casas anteriores aos últimos<br />
projetos encontrados, fato este comprovado pelas<br />
fotos pertencentes a RVPSC, o que se supõe que estas<br />
casas eram construídas por mestres carpinteiros ou<br />
que seus projetos foram perdidos.<br />
Paralelo a pesquisa feita no arquivo da RVPSC, foi feito<br />
um levantamento fotográfico das casas de madeira<br />
ainda existentes no estado do Paraná. Constatou-se<br />
que muitas foram substituídas por construções em<br />
alvenaria, provavelmente nas décadas de setenta<br />
e oitenta, segundo relatos orais, sem comprovação<br />
documental. Todas as casas de madeira encontradas<br />
e fotografadas foram comparadas com os projetos<br />
Figura 5.21<br />
Projeto de casa de alvenaria.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.22<br />
Projeto Casa Tipo “C”.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
97
existentes e relata-se que, em todos os casos, a casa<br />
construída seguiu um projeto específico. As alterações<br />
levantadas foram posteriores à construção<br />
As casas de alvenaria que substituíram as de madeira<br />
também seguiam um projeto específico feito por<br />
técnicos da empresa. Estas substituições ocorreram<br />
também em outros edifícios, como estações, depósitos<br />
e oficinas. Estas substituições foram propostas pela<br />
empresa como uma forma de modernização, visto que<br />
a construção em madeira era algo vinculado, como<br />
uma não modernidade.<br />
Figura 5.23<br />
Projeto Casa Tipo “C”.<br />
Desenho da Fachada<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
98
5.4.1. CASA TIPO C-PROJETO 824<br />
Área: 61,80m2<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Data do Projeto: 23/11/1943.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria 45x45cm, com 65cm de<br />
altura até a base do baldrame.<br />
Baldrame: Viga com 3”x6”<br />
Barrotes: Viga com 3”x6”<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilar com 4”x4”<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />
especificadas<br />
Pé-direito: 300cm<br />
Forro: tipo Não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: Telhado com 02 águas com beiral não especificado<br />
e volume saliente sobre a varanda. Estrutura em linha<br />
alta com inclinação de 50%.<br />
Frechal: Viga com 3”x5”<br />
Pernas: Viga com 3”x4”<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janelas com dimensões não<br />
especificadas.<br />
A janela frontal é tipo guilhotina com 02 folhas cegas<br />
de abrir.<br />
Portas: Portas de eixo vertical com dimensões não<br />
especificadas.<br />
A porta frontal possui almofadas.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal semi-embutida no corpo da<br />
casa, formando um volume saliente no telhado.<br />
Singularidade<br />
Possui meia parede hidráulica do banheiro em alvenaria<br />
e o banheiro possui laje em concreto armado.<br />
Figura 5.24<br />
Projeto Casa Tipo “C”.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.25<br />
Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />
Provavelmente a Tipo “C”<br />
Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
Figura 5.26<br />
Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />
Provavelmente a Tipo “C”<br />
Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
99
5.4.2. CASA PARA TURMEIRO VOLANTE<br />
PROJETO 300<br />
Área:17,50m2<br />
Desenhado por Lídio C. Rodin.<br />
Data do Projeto: 25/03/1948<br />
Embasamento<br />
Fundação: Feito com estacas de madeira bruta sem<br />
especificação da altura.<br />
Baldrame: Viga com 6x10 cm<br />
Barrotes: Viga com 6x10 cm<br />
Assoalho: Tábua bruta de 1”<br />
Paredes<br />
Pilares: 8x8cm<br />
Vedação: Tábua horizontal<br />
Pé-direito: 250cm<br />
Forro<br />
Tipo: Aparentemente sem forro.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas, com beiral não especificado e com<br />
estrutura em linha alta.<br />
Inclinação de 100%. A telha provavelmente é de madeira<br />
com dimensões 15x75cm colocadas na horizontal.<br />
Frechal: Viga com 6x10cm<br />
Pernas: Viga com 6x8cm<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janela 80x100 com 02 folhas cegas de abrir<br />
Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />
70x200cm<br />
Varanda<br />
Não possui varanda.<br />
Singularidade<br />
A casa é geminada e, aparentemente, serve como<br />
moradia transitória, não há especificação de<br />
banheiro.<br />
Figura 5.27<br />
Projeto Casa para Turmeiro Volante.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.28<br />
Projeto Casa para Turmeiro Volante.<br />
Elevação e Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.29<br />
Projeto Casa para Turmeiro Volante.<br />
Corte.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
100
5.4.3. CASA TIPO D-PROJETO 956<br />
Área: 39,00m2<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Verificado por: Djalma Palmeira.<br />
Data do Projeto: 19/11/1948.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 30cm de altura<br />
até baldrame. O pilar está 40cm do nível do solo.<br />
Baldrame: Viga com 3”x6”<br />
Barrotes: Viga com 3”x5”<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilares com 4”x4”<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />
especificadas<br />
Pé-direito: 300cm<br />
Forro<br />
Tipo: Não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas com beiral não especificado, com estrutura<br />
em linha alta. Inclinação de 50%.<br />
Frechal: Viga com 3”x6”<br />
Pernas: Viga com 2”x3”<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janela 100x150 tipo guilhotina na maioria dos<br />
cômodos, no banheiro 90x100cm e na sala 90x150cm<br />
Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />
70x240cm no acesso externo à cozinha, nos quartos<br />
70x210cm, no banheiro 60x210cm e a porta de acesso<br />
à varanda tem 80x240cm.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal dentro do volume do<br />
telhado.<br />
Singularidade<br />
O piso do banheiro é em concreto e a parede hidráulica<br />
em alvenaria.<br />
Figura 5.30<br />
Projeto Casa Tipo “D”.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.31<br />
Projeto Casa Tipo “D”.<br />
Fachada.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
101
5.4.4. CASA DE MADEIRA-PROJETO 1663<br />
Área: 45,00m2<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Data do Projeto: 14/01/1957<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 70cm de<br />
altura até o baldrame.<br />
Baldrame: Viga com 3”x6”<br />
Barrotes: Viga com 3”x5”<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilares de 4”x4”<br />
Vedação: Tábua e mata-junta sem dimensão<br />
especificada<br />
Pé-direito: 300cm<br />
Forro<br />
Tipo: Não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas com beiral de 50cm, com estrutura<br />
em linha alta. Inclinação de 50%.<br />
Frechal: Viga com 3”x6”<br />
Pernas: Viga 3”x4”<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Tipo guilhotina, na maioria dos cômodos possui<br />
dimensões de 100x140cm e peitoril com 90cm.<br />
Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />
70x210cm e no banheiro 60x210cm.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal.<br />
Figura 5.32<br />
Projeto Casa Tipo “D”.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.33<br />
Casa da vila ferroviária de Serra Morena,<br />
em Uraí-PR. Provavelmente Tipo “D”.<br />
Foto Douglas Razaboni, 2002.<br />
Figura 5.34<br />
Projeto Casa de Madeira.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
102
5.4.5. CASA TIPO G-PROJETO 1680<br />
Área: 48,90m2<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Verificado por João de Araújo Neto<br />
Data do Projeto: 12/03/1957<br />
Embasamento<br />
Fundação : Pilar de alvenaria 40x40cm com 70cm de<br />
altura até o piso acabado.<br />
Baldrame: Viga com 3”x6”<br />
Barrotes: Viga com 3”x5”<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Não especificado.<br />
Vedação: Tábua e mata-junta sem dimensão<br />
especificada<br />
Pé-direito: 280cm<br />
Forro<br />
Tipo Não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas com beiral de 50cm, com estrutura<br />
em linha alta. Inclinação de 46%. O volume da varanda<br />
é destacado.<br />
Frechal: Viga com 3”x5”.<br />
Pernas: Viga com 2”x4”.<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Na maioria dos cômodos, possui janela<br />
tipo guilhotina com 02 folhas cegas de eixo vertical<br />
com dimensões de 100x150cm e peitoril com 90cm.<br />
No banheiro possui janela com 90x100cm tipo não<br />
especificado.<br />
Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical<br />
com 80x210cm e no banheiro 70x210cm e na porta<br />
frontal 80x240cm.<br />
Varanda<br />
Não possui varanda.<br />
Singularidade<br />
O piso do banheiro é especificado em concreto.<br />
Figura 5.35<br />
Projeto Casa Tipo “G”.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.36<br />
Projeto Casa Tipo “G”.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.37<br />
Casas da estação de Raul Mesquita em Piraí<br />
do Sul-PR. Provavelmente tipo “G”.<br />
Foto Nilson Rodrigues, 1992.<br />
103
5.4.6. CASA DO GUARDA CHAVES<br />
PROJETO 1705<br />
Área: 58,00m2.<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Verificado por João de Araújo Neto<br />
Data do Projeto: 23/07/1957.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria dimensão não especificada.<br />
Distância do solo até o piso acabado de 60cm.<br />
Baldrame: Viga com 3”x6”.<br />
Barrotes: Viga com 3”x6”.<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Não especificado.<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />
especificadas.<br />
Pé-direito: 280cm .<br />
Forro<br />
Tipo: Não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: Estrutura em tesoura. Telhado com 02 águas<br />
com beiral de 50cm.<br />
Frechal: Viga com 3”x6”<br />
Pernas: Viga com 3”x4”<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janelas tipo guilhotina 100x140cm, no banheiro<br />
100x40cm.<br />
Portas: Portas de eixo vertical 80x210cm.<br />
Varanda<br />
Não possui varanda.<br />
Singularidade<br />
No banheiro foi especificado pintura a óleo a 150cm do<br />
piso e possui piso em concreto sob terra apiloada.<br />
Figura 5.38<br />
Projeto Casa do Guarda Chaves.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.39<br />
Projeto Casa do Guarda Chaves.<br />
Planta e Corte transversal.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.40<br />
Conjunto de casas do Guarda Chaves.<br />
Bairro Bacacherí em Curitiba-PR<br />
Foto do autor, 2005.<br />
Figura 5.41<br />
Casa do Guarda Chaves.<br />
Bairro Bacacherí em Curitiba-PR<br />
Foto do autor, 2005.<br />
104
5.4.7. CASA DESMONTÁVEL PARA<br />
FUNCIONÁRIO<br />
Área: 27,00m2<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Data do Projeto: 28/04/1958.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilares formando malha de 225x300cm com<br />
dimensão não especificada.<br />
Baldrame: Não especificado.<br />
Barrotes: Não especificado.<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
A parede é formada por painel com modulação de<br />
150x300cm, sendo o quadro formado por peças de 2”x2”.<br />
O painel é revestido com tábuas verticais, possivelmente<br />
pregadas e com encaixe macho e fêmea.<br />
Pé-direito 300cm na face frontal.<br />
Forro<br />
Tipo: Não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: Não especificado.<br />
Frechal: Não especificado.<br />
Pernas: Não especificado.<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janelas com 100x70cm em veneziana e vidro<br />
fixo.<br />
Portas: Portas de eixo vertical externas com 70x205cm<br />
e internas com 70x200cm, a porta do banheiro é de<br />
60x200cm.<br />
Varanda<br />
Não possui varanda<br />
Singularidade<br />
O sistema construtivo prevê a montagem e desmontagem<br />
da casa sendo somente o embasamento construído<br />
convencionalmente.<br />
Figura 5.42<br />
Projeto Casa Desmontável para<br />
Funcionário.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.43<br />
Projeto Casa Desmontável para<br />
Funcionário.<br />
Planta Planta Baixa.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.44<br />
Projeto Casa Desmontável para<br />
Funcionário.<br />
Fachada.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.45<br />
Projeto Casa Desmontável para<br />
Funcionário.<br />
Painel Frontal.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
105
5.4.8. CASA TIPO A AMPLIADA<br />
PROJETO 1851<br />
Área: 63,00m2<br />
Desenhada por Álvaro Heiva Passos<br />
Verificado por João de Araújo Neto<br />
Data do Projeto: 18/08/1959.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 55cm de<br />
altura até a base do baldrame.<br />
Baldrame: Viga com 3”x6”<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilares com 3”x3”<br />
Vedação: Tábua e mata-junta sem dimensão<br />
especificada<br />
Pé-direito: 280cm.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas com beiral de 50cm, com estrutura<br />
em linha alta. Inclinação de 35%, a área da cozinha<br />
e banheiro possui pé direito mais baixo.<br />
Frechal: Viga com 3”x5”.<br />
Pernas: Viga 2”x4”.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Tipo guilhotina, na maioria dos cômodos<br />
possui dimensões de 80x140cm e peitoril de 90cm. No<br />
banheiro possui dimensão de 100x90cm.e peitoril de<br />
100cm e, na despensa, 80x50cm e peitoril de 90cm.<br />
Não é possível determinar o sistema de abertura no<br />
banheiro e despensa.<br />
Portas: Na maioria dos cômodos possui porta com<br />
dimensões de 80x210cm com 01 folha de eixo vertical.<br />
A porta interna da cozinha tem dimensões de 70x210cm<br />
e a porta externa 90x210cm.<br />
Varanda<br />
Sem varanda.<br />
Figura 5.46<br />
Projeto Casa Tipo “A” Ampliada.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.47<br />
Projeto Casa Tipo “A” Ampliada.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.48<br />
Croqui da provável Casa tipo “A” da Vila<br />
Colorado.<br />
Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />
- Professor Key Imaguire Jr.<br />
Figura 5.49 e figura 5.50<br />
Casa provavelmente Tipo “A”.<br />
Vila Colorado, Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
106
5.4.9. CASA DE ENGENHEIRO<br />
PROJETO 2100<br />
Área: 168,64m2<br />
Projetado, desenhado e calculado pelo departamento<br />
técnico.<br />
Dta do Projeto 04/02/1963<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria 50x50cm, com 25cm de<br />
altura até a base do baldrame.<br />
Baldrame: Viga com 6”x8”.<br />
Barrotes: Viga com 4”x8”.<br />
Assoalho: Tábuas de 1”.<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilar com 4”x4”.<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas<br />
Pé-direito: 300cm.<br />
Forro<br />
Tipo: não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: Estrutura em linha alta. Beiral de 67cm.<br />
Vários volumes com inclinação não especificada.<br />
Frechal: Viga com 3”x6”<br />
Pernas: Viga com 3”x4”<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janelas tipo guilhotina e, nos quartos, guilhotina<br />
com 02 folhas cegas de eixo vertical. Dimensões não<br />
legíveis.<br />
Portas: Portas de eixo vertical externas com 70x205cm<br />
e internas com 70x200cm. A porta do banheiro é de<br />
60x200cm.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal e, nos fundos, incorporadas<br />
no volume do telhado.<br />
Singularidade<br />
É a casa que possui planta mais complexa, com detalhes<br />
construtivos singulares. O painel que divide a sala<br />
de estar do corredor. Os banheiros são em alvenaria<br />
com piso em concreto armado. Possui cômodos como<br />
o escritório e quarto de empregada.<br />
Figura 5.51<br />
Projeto Casa de Engenheiro.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.52<br />
Casa de Engenheiro.<br />
croqui do autor com base no projeto.<br />
Figura 5.53<br />
Projeto Casa de Engenheiro.<br />
Cortes e Cobertura.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
107
5.4.10. CASA TIPO C-PROJETO 2350<br />
Área: 61,80m2.<br />
Desenhado por Roger Marinho.<br />
Data do Projeto 08/03/1966.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Não especificado com 60cm até o baldrame.<br />
O piso abaixo da casa é impermeabilizado.<br />
Baldrame: Não especificado.<br />
Barrotes: Não especificado.<br />
Assoalho: Indicado, porém sem especificação.<br />
Paredes<br />
Pilares: Não especificado.<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />
especificadas. Pé-direito: 280cm.<br />
Forro<br />
Tipo: Forro Paulista.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas, com beiral de 45cm, com volume<br />
saliente sobre a varanda. Estrutura em linha alta com<br />
inclinação de 50%.<br />
Frechal: Não especificado.<br />
Pernas: Viga com 2”x4”<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janela 100x150cm com guilhotina e 02 folhas<br />
cegas de eixo vertical nos quartos, 160x150cm com<br />
02 guilhotinas e 02 folhas cegas de eixo vertical no<br />
quarto frontal e na sala. Na cozinha, 160x100cm, tipo<br />
não especificado e, no banheiro, janela de 80x60cm<br />
também não especificada.<br />
Portas: Portas de 80x210cm exceto no banheiro<br />
70x210cm.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal semi-embutida no corpo da<br />
casa, formando um volume saliente no telhado.<br />
Singularidade<br />
O piso abaixo da casa é impermeabilizado. O piso do<br />
banheiro é em concreto sobre base de terra apiloada.<br />
A parede hidráulica do banheiro é em alvenaria.<br />
Na parede da cozinha está especificado pintura<br />
a óleo até 150cm do piso. O projeto apresenta a<br />
implantação de 06 casas junto à estação do Portão,<br />
em Curitiba.<br />
Figura 5.54<br />
Projeto Casa Tipo “C”.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.55<br />
Projeto Casa Tipo “C”.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.56<br />
Casa Tipo “C”.<br />
Estação Portão, Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
108
5.4.11. CASA TRANSPORTÁVEL PARA<br />
TRABALHADORES-PROJETO 2306<br />
Área: 11,04m2<br />
Projetado pela secção técnica.<br />
Desenhado por Silvio Teixeira de azevedo.<br />
Data do Projeto: 06/07/1975.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Sem fundação<br />
Baldrame: Viga com 3”x4”<br />
Barrotes: Viga com 4”x2”<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilar 3”x3”<br />
Vedação: Não especificada.<br />
Pé-direito: 200cm<br />
Forro<br />
Tipo: Sem forro.<br />
Telhado<br />
Tipo: Telhado de chapa de zinco ondulada com beiral<br />
de 15cm.<br />
Frechal: Viga com 3”x4”<br />
Pernas: Viga com 3”x4”<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Venezianas com 80x20cm e janela não especificada<br />
de 80x100cm.<br />
Portas: Portas de eixo vertical 70x200cm.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal e nos fundos, ambas dentro<br />
do volume do telhado.<br />
Singularidade<br />
A casa possui beliches e armários, serve apenas<br />
para dormitório e não possui banheiro.<br />
Figura 5.57<br />
Projeto de Casa Transportável para<br />
Trabalhadores.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.58<br />
Projeto Transportável para Trabalhadores.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
109
5.4.12. CASA PARA OPERÁRIO<br />
Área: 32,50m2.<br />
Desenhada por Heliana<br />
Data do Projeto: 06/02/1979<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 80cm de<br />
altura até a piso acabado.<br />
Baldrame: Viga de pinho com 3”x6” .<br />
Assoalho: Em tábuas de pinho ¾”x3”.<br />
Paredes<br />
Pilares: Não especificado as dimensões<br />
Vedação: Tábua de pinho com ¾”x12”x300cm e matajunta<br />
sem dimensão especificada.<br />
Pé-direito: 300cm.<br />
Forro<br />
Tipo: Forro Paulista.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas com beiral de 50cm, com estrutura<br />
em linha alta. Inclinação de 43%.<br />
Frechal: Viga com 3”x6”.<br />
Pernas: Viga 4”x5”.<br />
Ripas: ½”x3”.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Tipo guilhotina. Na maioria dos cômodos possui<br />
dimensões de 100x130cm e peitoril não especificado.<br />
Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />
75x210cm.<br />
Varanda<br />
Sem varanda.<br />
Singularidade<br />
Possui o banheiro afastado do corpo da casa com<br />
dimensões de 150x150cm.<br />
Figura 5.59<br />
Casa para Operário.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.60<br />
Casa para Operário.<br />
Elevação<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.61<br />
Casa para Operário.Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
110
5.4.13. CASA TIPO D DE <strong>EM</strong>PREGADOS<br />
PROJETO 461<br />
Área: 77,26m2m2.<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Verificado por Laércio Forbuck<br />
Data do Projeto: não especificada.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm sobre base de<br />
70x70cm de mateiral não identificado, com 70cm de<br />
altura até a base do baldrame.<br />
Baldrame: Viga de pinho com 5”x10”.<br />
Barrotes: Vigas de 4”x6” na varanda<br />
e 4”x8” no restante da casa.<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilares de 4”x4”<br />
Vedação: Tábua e mata-junta sem dimensão<br />
especificada.<br />
Pé-direito: 280cm.<br />
Forro<br />
Tipo: Não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas com beiral de 60cm, com estrutura<br />
em tesoura. Inclinação de aproximadamente 70%.<br />
Frechal: Viga com 4”x6½”.<br />
Pernas: Viga 3”x6½”.<br />
Ripas: Não especificado.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Na maioria dos cômodos possui janela tipo<br />
guilhotina com 02 folhas cegas de eixo vertical. Possui<br />
dimensões de 100x150cm e peitoril não especificado.<br />
A despensa possui janela de 80x120cm, tipo não<br />
especificado, e o banheiro, 100x70cm, basculante.<br />
Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />
80x240cm, provavelmente possui bandeira.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal e nos fundos.<br />
Figura 5.62<br />
Casa Tipo D para Empregados.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.63<br />
Casa Tipo D para Empregados.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.64<br />
Casa Tipo D para Empregados.<br />
Elevação e Corte.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
111
5.4.14. CASA TIPO F-PROJETO 1568<br />
Área: 25,00m2.<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Verificado por Djalma Palmeira.<br />
Data do Projeto: sem data.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 50cm de altura<br />
até baldrame. O pilar está 30cm do nível do solo.<br />
Baldrame: Viga com 3”x6”.<br />
Barrotes: Viga com 3”x6”.<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilares com 3”x4”.<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />
especificadas.<br />
Pé-direito: 230cm.<br />
Forro<br />
Tipo: Forro com tábuas com ½”x9” sarrafeado.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas com beiral não especificado, com<br />
estrutura em linha alta. Inclinação de 50%.<br />
Frechal: Viga com 3”x5”.<br />
Pernas: Viga com 3”x4”.<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janela 70x100 tipo guilhotina<br />
Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />
70x200cm.<br />
Varanda<br />
Não possui varanda.<br />
Singularidade<br />
Não há especificação de banheiro.<br />
Figura 5.65<br />
Casa Tipo F.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.66<br />
Casa Tipo F.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.67<br />
Casa Tipo F.<br />
Elevações.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.68<br />
Casa Tipo F.<br />
Corte.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
112
5.4.15. CASA DE MADEIRA<br />
Área: 73,50m2.<br />
Projetado, desenhado e calculado pelo departamento<br />
técnico.<br />
Data do Projeto: não consta.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria sem dimensão especificada,<br />
com 75cm de altura até a base do baldrame.<br />
Baldrame: Viga com 4”x8”.<br />
Barrotes: Viga com 3”x7”.<br />
Assoalho: Não especificado, somente no banheiro<br />
revestimento plástico.<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilar com 4”x4”.<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />
especificadas<br />
Pé-direito: 280cm.<br />
Forro<br />
Tipo: Não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: Estrutura em linha alta. Beiral de 60cm.<br />
Com 02 águas e inclinação 42%.<br />
Frechal: Viga com 3”x6”.<br />
Pernas: Viga com 3”x4”.<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janelas tipo guilhotina 100x140cm, com 02<br />
folhas cegas de abrir e, no banheiro, 60x100cm não<br />
especificada.<br />
Portas: Portas de eixo vertical 80x210cm.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal descolada do corpo da casa,<br />
porém coberta com a continuação do telhado.<br />
Singularidade<br />
As paredes úmidas do banheiro são revestidas com<br />
erkulit até 150cm do piso e possui parede dupla para<br />
instalações hidráulicas.<br />
Figura 5.69<br />
Casa de Madeira.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.70<br />
Casa de Madeira.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.71<br />
Casa de Madeira.<br />
Corte e Elevação.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.72<br />
Casa de Madeira.<br />
Cortes.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
113
5.4.16. CASA PARA 02 MORADIAS<br />
PROJETO 1619<br />
Área: 100,80m2.<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Data do Projeto: não consta.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria com 40x40cm, com 50cm de<br />
altura até a base do baldrame e 50cm abaixo do solo.<br />
Baldrame: Não especificado.<br />
Barrotes: Viga com 3”x6”.<br />
Assoalho: Tábuas de 1”x9”.<br />
Paredes<br />
Pilares: Não especificado.<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />
especificadas.<br />
Pé-direito: 280cm.<br />
Forro<br />
Tipo: Tábuas de ½”x9”.<br />
Telhado<br />
Tipo: Estrutura em linha alta. Beiral não especificado<br />
com 02 águas.<br />
Frechal: Viga com 3”x4”.<br />
Pernas: Viga com 2”x4”.<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janelas tipo guilhotina 100x140cm.<br />
Portas: Portas de eixo vertical, 80x210cm, com quadro<br />
em vidro a 70cm do piso.<br />
Varanda<br />
Não possui varanda.<br />
Singularidade<br />
Casa geminada, com banheiro em alvenaria descolado<br />
do corpo da edificação aos fundos. O banheiro<br />
possui somente latrina com fossa negra, vulgarmente<br />
chamada de casinha.<br />
Figura 5.73<br />
Casa para 02 Moradias.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.74<br />
Casa para 02 Moradias.<br />
Corte e Elevação.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.75<br />
Casa para 02 Moradias.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
114
5.4.17. CASA <strong>EM</strong> MADEIRA<br />
Área: 134,40m2.<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Data do Projeto: não está legível.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria dimensão não<br />
especificada.<br />
Baldrame: Viga com 3”x6”.<br />
Barrotes: Viga com 3”x6”.<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Não especificado.<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />
especificadas.<br />
Pé-direito: 280cm.<br />
Forro<br />
Tipo: não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: Estrutura em tesoura. Telhado com 03 águas.<br />
Frechal: Viga com 3”x6”.<br />
Pernas: Viga com 3”x4”.<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janelas de ferro (vitraux) com 200x150cm na<br />
maioria dos cômodos. No banheiro, 100x100cm, e, na<br />
cozinha, 150x150cm.<br />
Portas: Portas de eixo vertical, 80x210cm, no banheiro<br />
de serviço e, quarto de empregada, 70x210cm.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal e nos fundos, ambas dentro<br />
do volume do telhado.<br />
Singularidade<br />
A casa possui linhas modernistas com jogo de<br />
telhados e janelas metálicas.<br />
Figura 5.76<br />
Casa em Madeira.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.77<br />
Casa em Madeira.<br />
Planta e Elevação.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.78<br />
Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />
Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
Figura 5.79<br />
Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />
Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
115
5.4.18. CASA PARA AGENTE-PROJETO 462<br />
Área: 105,88m2.<br />
Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />
técnica.<br />
Verificado por Laércio Forbuck.<br />
Data do Projeto: não especificada.<br />
Embasamento<br />
Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm sobre base de<br />
70x70cm de material não identificado, com 30cm de<br />
altura até a base do baldrame.<br />
Baldrame: Viga com 6”x10”.<br />
Barrotes: Viga com 4”x8”.<br />
Assoalho: Não especificado.<br />
Paredes<br />
Pilares: Pilares com 4”x4”.<br />
Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />
especificadas.<br />
Pé-direito: 280cm.<br />
Forro<br />
Tipo: não especificado.<br />
Telhado<br />
Tipo: 02 águas com beiral de 60cm com deflexão<br />
no volume da dispensa. Estrutura em tesoura com<br />
inclinação de 52%.<br />
Frechal: Viga com 3”x4 ½”.<br />
Pernas: Viga com 3”x6 ½”.<br />
Ripas: Não especificada.<br />
Esquadrias<br />
Janelas: Janela 100x150cm com guilhotina e duas<br />
folhas cegas de eixo vertical na maioria dos cômodos.<br />
Na despensa, 80x120cm, tipo não especificado e, no<br />
banheiro, janela basculante de 100x70cm.<br />
Nesta tipologia, aparece vitraux (janela com perfil de<br />
ferro) de 80x150cm no hall e 150x150cm entre o hall e<br />
o living room.<br />
Portas: Possui portas internas de 01 folha de eixo vertical<br />
com 70x210cm. A porta externa da varanda é 80x220cm,<br />
do hall 80x210cm e da cozinha 60x210cm.<br />
Varanda<br />
Possui varanda frontal.<br />
Singularidade<br />
Presença de hall no fundo da casa com janelas de<br />
ferro (vitraux).<br />
Figura 5.80<br />
Casa para Agente.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.81<br />
Casa para Agente.<br />
Planta.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
Figura 5.82 e figura 5.83<br />
Maquete da Casa para Agente.<br />
Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />
- Professor Key Imaguire Jr.<br />
116
5.5. QUESTÕES <strong>CONSTRUTIVA</strong>S<br />
O recorte proposto para este trabalho limita-se ao<br />
estudo das construções em madeira, porém, para uma<br />
melhor análise, pesquisou-se também as tipologias<br />
em alvenaria. As casas de alvenaria na maioria<br />
dos casos, é destinada a funcionários com maior<br />
graduação, como engenheiros ou gerentes, contudo<br />
encontramos estas tipologias também em madeira.<br />
A grande maioria das construções em madeira eram<br />
destinadas a operários e empregados.<br />
Os projetos analisados possuem as mesmas<br />
características das outras habitações levantadas neste<br />
trabalho com algumas poucas particularidades.<br />
- Implantação<br />
As casas eram implantadas em conjuntos, formando<br />
as chamadas Vilas Ferroviárias. Em alguns casos,<br />
formavam bairros, como o caso da Vila Colorado (figura<br />
5.84) e da Vila Oficinas em Curitiba. Estas Vilas eram<br />
geralmente construídas em linha, acompanhando os<br />
trilhos do trem (figura 5.85 e figura 5.86). A principal<br />
característica era a repetição de unidades idênticas,<br />
ou seja, a construção das casas na lógica da produção<br />
em série.<br />
Outro fator importante é a proximidade das moradias<br />
dos locais de trabalho, sendo que, ao longo de toda<br />
a ferrovia, havia pontos eqüidistantes onde eram<br />
Figura 5.84<br />
Implantação da Vila Colorado,<br />
Curitiba-PR.<br />
Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />
- Professor Key Imaguire Jr.<br />
117
implantadas as vilas, facilitando a manutenção e<br />
fiscalização de toda malha ferroviária.<br />
- Plantas<br />
Possuem plantas semelhantes às das casas de<br />
madeira estudadas, exceto algumas destinadas a usos<br />
específicos, como as casas para guarda-chaves, que<br />
por se encontrarem ao longo da ferrovia e possuírem<br />
terreno longo e estreito, a edificação tem um formato<br />
singular. Também, as edificações destinadas a<br />
alojamentos temporários possuem plantas diferenciadas.<br />
As demais edificações têm as mesmas características<br />
encontradas nas Casas de Araucária pesquisadas,<br />
que também sofrem a mesma evolução tipológica,<br />
contudo a casa produzida na década de quarenta<br />
diferencia-se da casa da década de sessenta. Há<br />
uma diferenciação em função do público para quem é<br />
destinado, sendo a casa do engenheiro ou do agente<br />
com área maior e planta mais complexa do que as<br />
casas destinadas aos operários e empregados.<br />
- Fundação<br />
A fundação é feita com pilaretes de tijolos, tendo na<br />
maioria dos casos, 40x40cm. Na Casa de Araucária<br />
encontram-se pilaretes de 45x45cm. Foi constatada<br />
fundação em madeira em uma das tipologias estudadas.<br />
Este tipo de fundação é feita com madeira de alta<br />
densidade (figura 5.87) e foi encontrada em algumas<br />
Figura 5.85<br />
Conjunto de casas do Guarda Chaves.<br />
Bairro Bacacherí em Curitiba-PR<br />
Foto do autor, 2005.<br />
Figura 5.86<br />
Conjunto de casas da estação Hugo Lange,<br />
foto sem data.<br />
Jornal Gazeta do Povo, 23-11-1991.<br />
118
casas tradicionais na fase de pesquisa.<br />
- Estrutura<br />
O sistema construtivo é o mesmo da Casa de<br />
Araucária: estrutura em madeira com pilares e vigas,<br />
formando uma gaiola, e vedação com tábuas e mata-<br />
juntas. As bitolas empregadas nas estruturas sofrem<br />
uma maior variação do que na Casa de Araucária.<br />
Provavelmente, pelo fato destas casas serem projetadas<br />
por engenheiros e terem a possibilidade de um cálculo<br />
estrutural preciso.<br />
- Cobertura<br />
A cobertura também tem as mesmas características<br />
das construções tradicionais, contudo possuem uma<br />
maior simplicidade. Não foi encontrado nenhuma<br />
tipologia com a presença de lambrequins. O telhado,<br />
freqüentemente, é de duas ou quatro águas, tendo<br />
uma maior complexidade na presença de varanda.<br />
Há exemplar com as águas desencontradas,<br />
semelhante ao da Casa de Araucária Modernista<br />
(figura 5.88 e figura 5.89), comprovando o fato de<br />
que as habitações produzidas pela RVPSC sofriam<br />
as mesmas influências das construções das outras<br />
construções estudadas.<br />
- Paredes<br />
As paredes são construídas no sistema tábuas e mata-<br />
juntas, idêntico ao da Casa de Araucária. Há algumas<br />
Figura 5.87<br />
Projeto Casa para Turmeiro Volante.<br />
Corte.<br />
Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />
119
tipologias que apresentam paredes de alvenaria nas<br />
áreas úmidas, especificamente nos banheiros e em<br />
um dos casos parede revestida com Erkulit.<br />
- Assoalho e forros<br />
Os assoalhos e forros são semelhantes ao da Casa<br />
de Araucária. Porém, possuem maior simplicidade.<br />
- Portas e janelas<br />
Os exemplares mais antigos possuem portas e janelas<br />
de madeira com folhas com eixo vertical. Há casos<br />
de janelas tipo guilhotina com folhas cegas de eixo<br />
vertical, geralmente nos quartos. Os exemplares a partir<br />
da década de sessenta apresentam janelas de ferro<br />
chamadas de vitraux, um símbolo de modernidade.<br />
- Elementos decorativos<br />
Por ser uma arquitetura mais funcional produzida<br />
dentro de uma lógica de repetição não se encontra<br />
a riqueza de detalhes e de elementos decorativos<br />
presentes na Casa de Araucária.<br />
Entretanto, esta arquitetura não é completamente<br />
desprovida deles, que estão presentes, com maior<br />
freqüencia, nos guarda-corpos, oitões (figura 5.90) e<br />
pilares das varandas. As casas com plantas maiores<br />
e mais complexas possuem maior detalhamento.<br />
Figura 5.88<br />
Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />
Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />
Figura 5.89<br />
Casa em São Mateus do Sul-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 5.90<br />
Casa provavelmente Tipo “C” com telhado<br />
de quatro águas.<br />
Detalhe do oitão com pequena janela em<br />
losango. Vila Colorado em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
120
6. A CASA DE MADEIRA<br />
CONT<strong>EM</strong>PORÂNEA<br />
6.1. QUADRO DA ARQUITETURA <strong>EM</strong> MADEIRA<br />
NA EUROPA<br />
Na Europa a construção em madeira foi retomada na<br />
década de setenta, sendo construidos vários exemplares<br />
isolados, desde simples casas no sistema pilar-viga,<br />
até grandes vão em arcos construídos com madeira<br />
laminada . Em 1978 foi criada na Suiça, a primeira<br />
cátedra sobre o assunto, tendo a frente, o engenheiro<br />
alemão Julius Natterer (figura 6.1 e figura 6.2). Seus<br />
ensinamentos foram propagados por toda Europa,<br />
tendo hoje, em paises como França e Alemanha, uma<br />
tradição construtiva em madeira.<br />
Havia uma condição propícia para o desenvolvimento<br />
desta arquitetura. Após a primeira guerra mundial a<br />
França e a Alemanha fizeram um maciço reflorestamento,<br />
tendo na década de setenta, uma grande oferta de<br />
madeira no mercado.<br />
Segundo Müeller (2005), há cerca de quinze anos,<br />
o mercado madeireiro na Europa vem tendo uma<br />
crescente industrialização. Há investimentos na<br />
fabricação de produtos derivados de alto desempenho e<br />
maquinários, conferindo ao corte da madeira, precisão<br />
Figura 6.1<br />
Torre de Sauvebelin, projeto<br />
do Prof. Julius Natterer.<br />
Site: www.tour-de-sauvabelin-lausanne.ch.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.2<br />
Complexo de piscinas em Bad<br />
Dürrheim, na Alemanha.<br />
Site: www.commons.bcit.ca.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
121
milimétrica. Esta evolução tecnológica possibilitou a<br />
confecção de painéis de grandes dimensões, com<br />
alta performance mecânica, possibilitando uma nova<br />
abordagem do material.<br />
Segundo a autora, a madeira ocupa hoje um lugar<br />
importante no mercado da construção, principalmente<br />
residencial, tendo como principal catalisador a questão<br />
ambiental, por se tratar de um material renovável.<br />
A Europa produz casas de madeira econômicas,<br />
acessíveis a classe média, com sistemas construtivos<br />
otimizados (figura 6.3 e figura 6.4). Atualmente a<br />
proporção de casas de madeira é de aproximadamente<br />
10% na França, 20% na Alemanha, 60% na Finlândia<br />
e 90% na Suécia.<br />
6.2. QUADRO DA ARQUITETURA <strong>EM</strong> MADEIRA<br />
NO BRASIL<br />
O Brasil possui o maior maciço florestal do planeta,<br />
porém não há no país uma tradição construtiva em<br />
madeira.<br />
Com a colonização, aos poucos foi sendo introduzido<br />
no Brasil a construção em pedra ou em barro. A<br />
madeira era usada como: estrutura dos telhados, nas<br />
tramas do pau-a-pique, para confeccionar esquadrias,<br />
escadas, pisos e forros. Sempre um complemento da<br />
Figura 6.3<br />
Propaganda de empresas que constroem<br />
casas de madeira na França.<br />
Fonte: Revista Maison & Bois<br />
Internacional, ago-set 2006.<br />
Figura 6.4<br />
Propaganda de empresas que constroem<br />
casas de madeira na França.<br />
Fonte: Revista Maison & Bois<br />
Internacional, abr-maio 2006.<br />
122
construção e não o elemento principal.<br />
Vauthier (1840-46) descreve o emprego da madeira,<br />
no Brasil, apenas nos pisos e forros. Quanto aos<br />
revestimentos, no interior da edificação, é incomum se<br />
encontrar o material. As paredes internas são raras.<br />
A falta de uso da madeira não acontece por escassez<br />
de matéria prima, adequada à construção e nem por<br />
falta de mão de obra especializada (figura 6.5 e figura<br />
6.6) como o autor salienta no texto abaixo:<br />
As fl orestas do Brasil, sem exagero algum, fornecem as mais belas<br />
e melhores madeiras de construção conhecidas. Para Vigamento,<br />
vinte espécies se disputam a preferência e rivalizam em rigidez,<br />
dureza e elasticidade (.....). Já observaste a singular disposição das<br />
tesouras dos telhados formados de vigas horizontais que se apóiam<br />
pelas duas extremidades nas empenas (...). O perfeito desempenho<br />
destes telhados é de um dos traços que mais impressionam a vista do<br />
construtor, diante do aspecto de uma cidade brasileira.<br />
(...) Os carpinteiros e marceneiros brasileiros, assim como os demais<br />
operários de construção, são em geral hábeis nos pormenores da<br />
execução.(...)<br />
A Casa de Araucária foi uma exceção, apesar de<br />
encontrarmos em todo o país, construções em madeira,<br />
Elas são casos isolados e não caracterizaram uma<br />
tradição arquitetônica, como aconteceu nos estados do<br />
Sul.<br />
Após o esgotamento das reservas naturais e o<br />
crescente preconceito, com tais construções, as<br />
casas de madeira se tornaram cada vez mais raras,<br />
acontecendo nos dois extremos da sociedade brasileira,<br />
ora os mais pobres constroem precariamente, sua<br />
casa com material de má qualidade, ora os mais<br />
Figura 6.5<br />
Detalhe do guarda-corpo em madeira<br />
da Casa dos Contos em Ouro Preto.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 6.6<br />
Detalhes em madeira no interior<br />
da Igreja Matriz de Tiradentes.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
123
icos constroem belíssimos exemplares em madeira,<br />
sendo esta construção singular, com riqueza de<br />
detalhamento e tecnologia. Como o caso das casas<br />
projetadas por renomados arquitetos, pode-se citar<br />
Marcos Acayaba e Zanine Caldas (figura 6.7). Têm-se<br />
também construções artesanais, que são verdadeiras<br />
obras de arte, como as casas de Gerson Castelo<br />
Branco (figura 6.8). Porém, em ambos os casos, estas<br />
construções não são acessíveis a grande parte da<br />
população brasileira, por vários motivos:<br />
- a falta de mão de obra especializada para trabalhar<br />
com o material,<br />
- A dificuldade encontrada pelos arquitetos e<br />
engenheiros para confeccionar projetos que utilizem<br />
madeira.<br />
- O preconceito existente com as edificações em<br />
madeira por parte dos clientes,<br />
- O preconceito existente com as edificações em<br />
madeira com relação as legislações urbanas, código<br />
de obras e normas de prevenção de incêndio.<br />
Há alguns ensaios dos arquitetos modernistas no<br />
que se refere à construção em madeira, temos como<br />
exemplo:<br />
- O Parque Hotel São Clemente, de Lúcio Costa, em<br />
Nova Friburgo (figura 6.9);<br />
Figura 6.7<br />
Casa no Rio de Janeiro de Zanine Caldas.<br />
Fonte: SILVA, S. F. Zanine:<br />
Sentir e Fazer.<br />
Rio de Janeiro: Agir Editora, 1991.<br />
Figura 6.8<br />
Casa na Ilha dos Poldros, no Maranhão.<br />
Projeto de Gerson Castelo<br />
Branco, na década de 90.<br />
Site:www.gersoncastelobranco.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
124
- As casas de funcionários na Vila Serra do Navio,<br />
de Osvaldo Brattke no Amapá (figura 6.10),<br />
- A Casa Ferreira Fernandes de Vila Nova Artigas,<br />
- A Casa Valéria Cirell, de Lina Bo Bardi, em São<br />
Paulo,<br />
- Os diversos edifício de Severiano Porto.<br />
Encontra-se poucos exemplares de casas feitas para<br />
a classe média, misturadas na malha urbana de<br />
nossas cidades. O que o mercado da construção civil<br />
oferece, são na maioria das vezes, edificações com<br />
referências rurais, que geralmente são construídas<br />
em chácaras ou em locais de veraneio, ou casas no<br />
estilo Colonial Americano, que tem como referência as<br />
casas de alvenaria ou até mesmo casas em alvenaria,<br />
que nos lembram as edificações de madeira.<br />
Este quadro, apresenta algumas mudanças, a partir<br />
da década de noventa, tendo como principal expoente<br />
a casa do engenheiro Hélio Olga, projetada pelo<br />
arquiteto Marcos Acayaba (figura 6.11 a figura 6.13).<br />
A casa foi construída pela ITA, empresa de Olga, e foi<br />
confeccionada com madeira industrializada, com um<br />
sistema construtivo desenvolvido, aliando as peças de<br />
madeira aparelhadas com elementos de articulação.<br />
A casa de Hélio Olga é uma das obras brasileiras<br />
mais publicadas no exterior, segundo Wisnik (2005).<br />
Figura 6.9<br />
Parque Hotel São Clemente do<br />
arquiteto Lúcio Costa, 1948.<br />
Site:www.arcoweb.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.10<br />
Vila Serra do Navio de Osvaldo Bratke,<br />
construida na década de 50.<br />
Site: www. biblioteca.ibge.gov.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
125
É expoente da possibilidade construtiva e tecnológica<br />
existente no país. Esta tecnologia ainda é dirigida<br />
para construções singulares, não havendo nenhuma<br />
intenção de produção seriada, o que resultaria em<br />
um baixo custo de produção, porém a criatividade e<br />
simplicidade do sistema resultaria na produção de<br />
habitações de qualidade com um custo reduzido.<br />
6.3. QUADRO DA ARQUITETURA <strong>EM</strong> MADEIRA<br />
NA REGIÃO DE CURITIBA<br />
A arquitetura de madeira em Curitiba encontra-se<br />
hoje inexpressiva. Há algumas edificações isoladas,<br />
porém, estas não traduzem o requinte das Casas de<br />
Araucária.<br />
Em 1965, a Companhia de Habitação de Curitiba edificou<br />
na Vila Nossa Senhora da Luz (figura 6.14 a figura<br />
6.16), um conjunto de casas populares, tendo como<br />
referência a Casa de Araucária. A edificação era de<br />
alvenaria, tendo o telhado com uma inclinação suficiente<br />
para formar um sótão habitável. O fechamento do oitão<br />
era feito com madeira e a estrutura do telhado era em<br />
“linha alta”, o que possibilita um espaço semelhante<br />
à casa tradicional. Esta tentativa de referenciar a<br />
arquitetura tradicional não foi repetida, supõe-se<br />
que não houve boa aceitabilidade dos moradores,<br />
Figura 6.11<br />
Casa de Hélio Olga projetada por<br />
Marcos Acayaba em 1990<br />
Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.12<br />
Casa de Hélio Olga projetada por<br />
Marcos Acayaba em 1990<br />
Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.13<br />
detalhe dos encaixes das peças de<br />
madeira da casa de Hélio Olga projetada<br />
por Marcos Acayaba em 1990<br />
Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
126
fato este comprovado pelas inúmeras adaptações<br />
posteriores que o modelo inicial sofreu.<br />
A maior produção arquitetônica em madeira foi<br />
executada pelo poder público municipal, e ocorreu<br />
principalmente na década de noventa, contudo estes<br />
exemplares, são em sua grande maioria, prédios<br />
públicos construídos com estrutura em toras de<br />
eucalipto e vedações em alvenaria, ou edificações<br />
que trazem uma leitura contemporânea da Casas de<br />
Araucária.<br />
Como exemplo, pode-se citar: a Universidade Livre do<br />
Meio Ambiente (figura 6.17), os edifícios do Instituto<br />
de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba<br />
(figura 6.18 e figura 6.19) e a Secretaria Municipal<br />
do Meio Ambiente (figura 6.20 e figura 6.21) e alguns<br />
equipamentos implantados nos parques urbanos.<br />
Há uma tentativa de referenciar a arquitetura do<br />
imigrante, como a Casa Polaca (feita com troncos) ou a<br />
Casa de Araucária, mas as edificações contemporâneas<br />
não apresentam o requinte técnico das construções<br />
tradicionais.<br />
Há em Curitiba, cerca de trinta empresas, que<br />
oferecem casas pré-fabricadas em madeira. A maioria<br />
adota o sistema de “tábuas horizontais empilhadas”,<br />
há algumas empresas que constroem no sistema<br />
Figura 6.14<br />
Planta da casa padrão da Vila Nossa<br />
Senhora da Luz em Curitiba-PR<br />
Fonte: DUDEQUE, I. T. Espirais<br />
de Madeira. São Paulo:<br />
Editora Nobel, 2001.<br />
Figura 6.15<br />
Conjunto de casas, Vila Nossa<br />
Senhora da Luz em Curitiba-PR<br />
Fonte: DUDEQUE, I. T. Espirais<br />
de Madeira. São Paulo:<br />
Editora Nobel, 2001.<br />
Figura 6.16<br />
Sotão habitável, casa da Vila Nossa<br />
Senhora da Luz em Curitiba-PR<br />
Fonte: DUDEQUE, I. T. Espirais<br />
de Madeira. São Paulo:<br />
Editora Nobel, 2001.<br />
127
“toras empilhados”, conhecido como “Log Home” e<br />
apenas uma empresa que oferece casas no sistema<br />
conhecido como ”Stell Frame”(fonte lista telefônica<br />
de Curitiba).<br />
6.4. QUESTÕES AMBIENTAIS<br />
O uso da madeira na construção é abordado por<br />
alguns autores, como um posicionamento que preza<br />
pela preservação do meio ambiente. Esta abordagem,<br />
é justificada, pela madeira ser um bem renovável e<br />
sua extração, quando feita adequadamente, causa um<br />
menor impacto no meio-ambiente do que a extração<br />
de outros materiais como: o cimento, a cal, minérios<br />
de ferro, tijolos, entre outros.<br />
Outro fator importante é a possibilidade que a madeira<br />
nos oferece de retirar o carbono da atmosfera, um<br />
dos principais causadores do aquecimento global.<br />
Segundo Geraldo (2007), um metro cúbico de madeira<br />
é capaz de armazenar em média 0,8 a 0,9 toneladas<br />
de dióxido de carbono. Como a madeira é renovável,<br />
o corte de uma árvore e o conseqüente plantio de<br />
outra, cria um ciclo de retirada de CO2 da atmosfera,<br />
porém é necessário transformar a madeira cortada em<br />
bem durável, pois, o seu apodrecimento ou combustão<br />
devolve o CO2 ao meio-ambiente.<br />
Figura 6.17<br />
Universidade Livre do Meio<br />
Ambiente em Curitiba-PR.<br />
Site: http://flickr.com/photos/mrisobe/<br />
page7/. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.18<br />
Sede do IPPUC em Curitiba-PR.<br />
Em primeiro plano uma casa que foi<br />
remontada no local. Ao fundo edificação<br />
contemporânea em madeira com<br />
referências a arquitetura tradicional.<br />
Site: www.curitiba.pr.gov.br. Acesso<br />
em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.19<br />
Sede do IPPUC em Curitiba-PR.<br />
Edificação contemporânea em madeira<br />
com referências a arquitetura tradicional.<br />
Site: www.curitiba.pr.gov.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
128
A emissão de CO2 aumenta em média 2,5% ao ano<br />
(segundo reportagem veiculada pela Revista Veja<br />
em dezembro de 2006). Em 1997, foi assinado um<br />
acordo em uma conferência das Nações Unidas<br />
(ONU), chamado de protocolo de Kioto, que tem<br />
hoje a adesão de 189 nações. Neste documento, os<br />
países se comprometem a reduzir os níveis de emissão<br />
do gás, até retornar à níveis inferiores a 1990. Há<br />
duas ações possíveis: a empresa ou nação efetiva a<br />
diminuição de produção do gás ou pode-se comprar<br />
créditos de outras companhias, situadas em países em<br />
desenvolvimento, para compensar a poluição gerada.<br />
Os créditos são computados através de ações que<br />
retiram o carbono da atmosfera, sendo o plantio de<br />
árvores, um dos meios de seqüestrar o CO2. Cada<br />
crédito equivale a retirada de uma tonelada do gás,<br />
sendo que um metro cúbico de madeira equivale entre<br />
0,8 e 0,9 metros cúbicos, como citado acima.<br />
A construção com madeira cumpre com todos os<br />
requisitos necessários com relação as questões<br />
ambientais. Além de não impactar o meio-ambiente,<br />
como os outros materiais, ela contribui para a<br />
diminuição do aquecimento global.<br />
Conforme o Código de Moradias Sustentáveis do<br />
Reino Unido, apresentado pelo site “Wood for Good”,<br />
Figura 6.20<br />
Sede do Secretaria Municipal do<br />
Meio Ambiente em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006<br />
Figura 6.21<br />
Sede do Secretaria Municipal do<br />
Meio Ambiente em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006<br />
129
o uso da madeira na construção civil é uma postura<br />
ecológica:<br />
- A madeira cresce naturalmente, ao contrário de outros<br />
materiais. Sua manufatura demanda pouquíssima<br />
energia. Isto falando de florestas manejadas<br />
adequadamente.<br />
- A madeira é um bom isolante, aumenta a eficiência<br />
térmica da construção, reduz custos energéticos e<br />
as emissões de dióxido de carbono ao longo de sua<br />
vida útil (daí a relevância do tratamento preservativo<br />
correto em função dos usos e correspondentes<br />
classes de risco).<br />
- A madeira pode ser reutilizada ou reciclada ao final<br />
de sua vida útil, nos projetos construtivos.<br />
- Ao final de sua vida útil, a madeira pode gerar<br />
energia, em substituição a combustíveis fósseis.<br />
Outro fato importante, com o protocolo de Kioto, é<br />
que muitos empresários estão investindo no plantio de<br />
florestas, para vender os créditos. Em conseqüência,<br />
haverá em um futuro próximo, uma grande oferta do<br />
produto no mercado. Para tanto, os profissionais<br />
da construção de edifícios deverão estar aptos a<br />
trabalhar com o material, tendo a possibilidade de<br />
criar ou adaptar sistemas construtivos que absorvam<br />
esta oferta e possibilitem uma opção acessível de<br />
Figura 6.22<br />
Ciclo de absorção do CO2 pela madeira.<br />
Site: www.denviro.dk.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.23<br />
Ciclo de absorção do CO2 pela madeira.<br />
Site: www.mountainflame.com.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
130
moradia a população.<br />
Vale lembrar que o uso ambientalmente correto da<br />
madeira está vinculado com sua forma de plantio<br />
e extração. Só há uma postura ambientalmente<br />
correta se for empregado um material certificado,<br />
que garanta que o manejo, a produção, transporte e<br />
emprego da mão de obra estão dentro dos critérios<br />
legais, principalmente no que se refere ao plantio<br />
de espécies exóticas. As florestas plantadas devem<br />
garantir o mínimo impacto na sobrevivência da fauna<br />
e flora nativa, respeitando sua biodiversidade e não<br />
criando os chamados desertos verdes.<br />
6.5. SIST<strong>EM</strong>AS CONSTRUTIVOS<br />
CONT<strong>EM</strong>PORÂNEOS<br />
Neste capítulo serão analisados apenas os<br />
sistemas construtivos em madeira pré-fabricados ou<br />
industrializados. A pesquisa não se limitou apenas as<br />
empresas que atuam na região de Curitiba, visto que,<br />
não se encontrou nenhum sistema com características<br />
regionais ou que usem somente madeira proveniente<br />
do Paraná. Outra questão é a facilidade de transporte,<br />
constataram-se alguns exemplares, construídos em<br />
Curitiba, que utilizaram empresas provenientes de<br />
outros estados do Sul e Sudoeste.<br />
Figura 6.24 e Figura 6.25<br />
Casa Sucesso - 58m2<br />
Custo R$13.200,00<br />
Site: www.hillmann.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.26 e Figura 6.27<br />
Casa Maravilha - 40m2. Custo R$9.857,00<br />
Site: www.hillmann.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
131
6.5.1. SIST<strong>EM</strong>A DE TÁBUAS E MATA-<br />
JUNTAS<br />
Semelhante ao sistema construtivo da Casa de Araucária,<br />
utiliza o pinus como madeira, para confeccionar o<br />
piso, paredes e estrutura do telhado. Apenas as<br />
esquadrias são de madeira de alta densidade.<br />
No piso, é utilizado assoalho com encaixe macho e<br />
fêmea, com madeira beneficiada ele é apoiado sobre<br />
barrotes de 2”x3”, com modulação de 50 centímetros.<br />
Os barrotes são apoiados sobre pilares de tijolos,<br />
distantes 40 centímetro do solo.<br />
A parede é formada por tábuas e mata-juntas, com<br />
altura média de 2,5 metros (externa) e pregadas nos<br />
barrotes e frechais.<br />
A cobertura é feita com caibros de 2”x3” em modulação<br />
de 90 centímetros. A telha é de fibrocimento.<br />
As áreas úmidas são em alvenaria.<br />
O custo por metro quadrado varia de R$215,00 a<br />
R$275,00 e a área varia entre 30,00m2 e 58,00m2.<br />
O tempo de execução não é especificado.<br />
A empresa não fornece: vidros, pintura, fossa,<br />
sumidouro, aterro, hidráulica e elétrica externa,<br />
projetos (Prefeitura, Alvarás, CREA, etc), INSS, calhas,<br />
rufos e tratamento na madeira contra fungos, cupins,<br />
Figura 6.28 e figura 6.29<br />
Casa Flor - 30m2. Custo R$8.200,00<br />
Site: www.hillmann.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.30 e figura 6.31<br />
Casa Feliz - 58.50m2. Custo R$12.620,00<br />
Site: www.hillmann.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
132
ocas ou manchas.<br />
Empresa pesquisada: Hilmann (figura 6.24 a figura<br />
6.34). Fonte: site www.hillmann.com.br.<br />
A empresa Casas Paraná (figura 6.35) também fornece<br />
casas neste sistema, chamadas “casas econômicas”,<br />
que tem um custo médio de R$300,00 o metro quadrado.<br />
A madeira não é especificada.<br />
Há várias outras empresas de pequeno porte que<br />
oferecem este tipo de construção, porém, as empresas<br />
pesquisadas, foram uma das poucas, que possuem<br />
diversidade de Kits construtivos.<br />
6.5.2. SIST<strong>EM</strong>A DE TÁBUAS HORIZONTAIS<br />
PREGADAS<br />
Este utiliza tábuas horizontais, pregadas em montantes<br />
verticais, com modulação específica.<br />
O sistema que pode ser confeccionado com parede<br />
simples ou dupla, com manta isolante.<br />
Não foram encontradas empresas com este sistema<br />
construtivo em Curitiba.<br />
Há ocorrência deste tipo de construção no estado de<br />
São Paulo e Santa Catarina, como comprovado em<br />
revistas especializadas em construção e trabalhos<br />
sobre o assunto.<br />
Figura 6.32 e Figura 6.33<br />
Casa Jade - 52.50m2. Custo R$10.860,00<br />
Site: www.hillmann.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.34<br />
Casa construída pela Hilmann,<br />
provavelmente o tipo Casa Maravilha.<br />
Site: www.hillmann.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.35<br />
Kit Americano fornecido pela<br />
empresa Casas Paraná.<br />
Site:www.casasparana.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
133
O sistema construtivo separa a edificação em duas<br />
partes distintas. O embasamento e as áreas úmidas<br />
são feitos em alvenaria e o restante da casa em<br />
madeira.<br />
A parede é dupla, sendo a face externa construída<br />
com imbúia e a face interna com cedrinho. A parede é<br />
apoiada sobre o baldrame de concreto onde é fixada<br />
a trave inferior. O vazio da parede é preenchido com<br />
lã de rocha. A espessura final da parede é de 10cm.<br />
O telhado é apoiado sobre o quadro da parede.<br />
A empresa também fornece o sistema construtivo<br />
com paredes simples.<br />
O custo médio da construção é de R$650,00 o metro<br />
quadrado e o tempo de execução é de 90 a 120 dias<br />
(fonte revista Arquitetura e Construção, janeiro de<br />
2006). O kit não inclui vidros nem o material básico<br />
em alvenaria.<br />
Empresa pesquisada:<br />
Condor (site www.casascondor.com.br) que possui<br />
vinte projetos padrão.<br />
Há outras empresas citadas por Velloso (2005),<br />
Empresa Casa de Madeira, que atua na região Sul e<br />
São Paulo; empresa Versátil, que atua em Florianópolis<br />
e a empresa Manoach.<br />
Figura 6.36<br />
Desenho do sistema construtivo<br />
da casa da empresa Condor.<br />
Site:www.casascondor.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.37<br />
Detalhe da parede externa da<br />
casa da empresa Condor.<br />
Site:www.casascondor.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.38 e Figura 6.39<br />
Detalhe construtivo da parede interna<br />
da casa da empresa Condor.<br />
Site:www.casascondor.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
134
6.5.3. SIST<strong>EM</strong>A COM TÁBUAS HORIZONTAIS<br />
<strong>EM</strong>PILHADAS<br />
Este é o sistema construtivo mais comum. É formado<br />
por montantes verticais em duplo “T”, onde são<br />
empilhadas tábuas horizontais, que possuem encaixe<br />
tipo macho e fêmea (figura 6.40).<br />
Há várias empresas atuando no mercado e fornecem<br />
diversos projetos padrão. Este possui maior grau<br />
de pré-fabricação que os anteriores e a construção<br />
possui uma modulação linear formada pelos montantes<br />
em duplo ”T”.<br />
Há a separação dos sistemas construtivos: a área<br />
úmidas que é feita em alvenaria, e o restante da casa<br />
que é em madeira.<br />
A fundação é feita com base em concreto, e a estrutura<br />
é fixada à fundação, através de pinos metálicos<br />
embutidos na base dos pilares.<br />
Para parede, é utilizado as madeiras angelim-pedra<br />
ou grápia maciça, com 3,5cm de espessura ,aplicados<br />
sobre montante maciço de 10,5x10,5cm.<br />
As tesouras, caibros e vigas são em madeira de alta<br />
densidade serrada. Os montantes da varanda, abrigo<br />
e área de serviço, o oitão externo, também em madeira<br />
de alta densidade. O oitão interno é em tábuas com<br />
encaixe macho e fêmea, utilizados para o forro. O<br />
Figura 6.40<br />
Detalhe do encaixe entre a<br />
tábua e o montante vertical.<br />
Fonte: VELOSO, J. G.; TEREZO, R.<br />
F. Sistemas Construtivos em<br />
Madeira. Florianópolis: Monografia,<br />
Programa de Pós-graduação<br />
em Engenharia Civil, 2005<br />
Figura 6.41 e Figura 6.42<br />
Casa Lugano.<br />
Site:www.casasparana.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
135
eiral, tem largura aproximada, de 50 centímetros.<br />
O forro é de cedrinho, cambará ou angelim.<br />
A cobertura é de telhas cerâmicas.<br />
O acabamento externo e interno é em verniz.<br />
O custo médio da construção varia entre, R$600,00 a<br />
R$800,00, o metro quadrado e o prazo de construção<br />
é, em média de 90 dias. (fonte revista Arquitetura e<br />
Construção, janeiro de 2006)<br />
Empresas pesquisadas:<br />
Casas Paraná, atua na região Sul, São Paulo e Minas<br />
Gerais.<br />
Casema, atua em todo o Brasil e exporta para Europa,<br />
América do Sul e África (uma das empresas mais antigas<br />
do país a oferecer este sistema construtivo).<br />
Blockhauss, atua no Sul do Brasil, São Paulo e<br />
mercado externo.<br />
Precasa, atua em todo o Brasil e exporta para Europa,<br />
América do Sul e África.<br />
Casas Curitiba, atua no Paraná e São Paulo.<br />
Uma questão, levantada durante a fase de pesquisa, é<br />
que neste sistema, após aproximadamente dois anos,<br />
é necessário a compactação das peças empilhadas.<br />
Isto devido à estabilização da madeira com relação<br />
à umidade. Como a maioria das madeiras utilizadas<br />
Figura 6.43 e Figura 6.44<br />
Casa Los Angeles. Site:www.casasparana.<br />
com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.45 e figura 6.46<br />
Casa Lavras Novas. Site:www.precasa.<br />
com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
136
provem de regiões mais úmidas, as peças sofrem<br />
retração, o que cria frestas nas paredes. Após a<br />
estabilização geralmente é adicionado mais uma peça<br />
com objetivo de preencher o espaço vazio.<br />
6.5.4. SIST<strong>EM</strong>A COM TORAS <strong>EM</strong>PILHADAS<br />
Este sistema é formado por toras (madeira roliça),<br />
empilhada horizontalmente e encaixadas entre si.<br />
É o mesmo sistema construtivo da Casa Polaca.<br />
As paredes são construídas com toras de pinus,<br />
tratada com autoclave. As toras possuem diâmetro de<br />
12,5 cm, comprimento padrão entre 2,50 e 4 metros,<br />
e são encaixadas e sobrepostas horizontalmente.<br />
A estrutura do telhado é construída com eucalipto,<br />
também autoclavado. As paredes das áreas úmidas<br />
são executadas no mesmo sistema construtivo, porém<br />
é aplicado revestimento cerâmico.<br />
O custo médio da construção é de R$590,00, o metro<br />
quadrado, e o tempo de execução é de 120 dias (fonte<br />
revista Arquitetura e Construção, março de 2007).<br />
O custo médio da empresa Casa Bella varia entre<br />
R$700,00 a R$900,00 o metro quadrado.<br />
Figura 6.47 e Figura 6.48<br />
Casa Projeto 1. Site:www.casabella.etc.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.49 e Figura 6.50<br />
Casa Projeto 8. Site:www.casabella.etc.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.51<br />
Detalhe de encaixes da casa de troncos.<br />
Fonte: Gustavo Lacerda Dias, 2005.<br />
Apresentação disciplina “A Madeira<br />
na Construção Civil”. PósARQ/UFSC.<br />
137
6.5.5. SIST<strong>EM</strong>A PLATAFORMA.<br />
É o sistema mais difundido no mundo. Consiste em<br />
painéis de madeira onde são apoiados o piso do<br />
pavimento superior ou o telhado.<br />
O embasamento é feito em concreto armado, onde<br />
se deixa as esperas, para fixação dos painéis.<br />
Os painéis são compostos por uma estrutura em<br />
madeira de baixa densidade, geralmente o pinus<br />
autoclavado, formada por montantes verticais com<br />
modulação entre 40 a 60cm. Estes montantes têm<br />
dimensão aproximada de 9x4cm. Na face interna da<br />
placa é fixada uma chapa de OSB ou compensado,<br />
que trava quadro. Na parte externa é colocada uma<br />
manta de proteção e, posteriormente, aplicado o<br />
revestimento, que, usualmente é feito com tábuas<br />
horizontais, com encaixe macho e fêmea, pregadas<br />
nos montantes verticais.<br />
O piso é executado sobre a parede, respeitando a<br />
mesma modulação dos montantes verticais (entre 40 e<br />
60cm). As vigas de piso é, geralmente, confeccionada<br />
com chapas de OSB e vigotes de pinus, formando<br />
uma viga “I”.<br />
A estrutura do telhado também é de pinus, é feita<br />
com tesouras confeccionadas com chapas prego.<br />
O custo médio da construção é de R$1.000,00 o<br />
Figura 6.52<br />
Seqüência Construtiva do<br />
Sistema Plataforma.<br />
Fonte: Gustavo Lacerda Dias, 2005.<br />
Apresentação disciplina “A Madeira<br />
na Construção Civil”. PósARQ/UFSC<br />
138
metro quadrado e o tempo de execução é de 10 dias<br />
(fonte TEREZO, R. F.; VELLOSO, J. G. Sistemas<br />
Construtivos em Madeira. Florianópolis:<br />
Monografia, Programa de Pós-graduação em Engenharia<br />
Civil, 2005).<br />
O sistema plataforma é o que possui maior flexibilidade<br />
construtiva e possibilita a liberdade criativa do<br />
projetista.<br />
6.5.6. SIST<strong>EM</strong>A STEEL FRAME<br />
O Steel Frame é semelhante ao Sistema Plataforma,<br />
tendo como diferenciação, o uso de montantes<br />
metálicos, de aço galvanizado.<br />
Tem um custo médio entre R$600,00 e R$1500,00 e o<br />
tempo de execução é de quatro meses (fonte revista<br />
Arquitetura e Construção, abril de 2004).<br />
Empresa pesquisada: U.S. Home, com sede em<br />
Curitiba-PR.<br />
6.5.7. PAINEL DE EUCALIPTO LAMINADO<br />
ENCAIXADOS<br />
Este sistema foi desenvolvido e patenteado pela<br />
Universidade Federal de Minas Gerais.<br />
Consiste em módulos de 5 a 12 metros de comprimento,<br />
Figura 6.53<br />
Figura 6.54<br />
Figura 6.55<br />
Figura 6.56<br />
Figura 6.53 a Figura 6.56<br />
Seqüência Construtiva do<br />
Protótipo construído no Sistema<br />
Plataforma na UFSC.<br />
Fonte: GI<strong>EM</strong>/UFSC, 2003.<br />
139
por 50 centímetros de largura. Estes módulos são<br />
confeccionados com lâminas de eucalipto colado.<br />
O sistema construtivo é simples. Os módulos são<br />
encaixados no sistema macho e fêmea, formando a<br />
parede, piso e forro. Sobre a laje, formada também<br />
com os módulos, é instalado as tesouras que sustentam<br />
o telhado. Também há a opção de impermeabilizar,<br />
a laje de madeira, com uma manta, como é feito nas<br />
lajes de concreto.<br />
O custo médio da construção é de R$900,00 o metro<br />
quadrado (sem contar com os custos de transporte,<br />
instalações elétricas e hospedagem e refeição dos<br />
trabalhadores), o prazo de execução é de quatro dias<br />
(fonte revista Arquitetura e Construção, novembro<br />
de 2005).<br />
6.6. DA CASA TRADICIONAL A<br />
CONT<strong>EM</strong>PORÂNEA<br />
Analisando, comparativamente, a Casa de Araucária<br />
com as tecnologias construtivas contemporâneas<br />
em madeira, existentes, conclui-se os seguintes<br />
pontos:<br />
- A casa tradicional é uma arquitetura popular de<br />
produção coletiva. As relações existentes entre o<br />
morador/cliente e o construtor eram mais próximas e<br />
Figura 6.57<br />
Figura 6.57 a Figura 6.58<br />
Seqüência Construtiva do<br />
Protótipo construído no Sistema<br />
Plataforma na UFSC.<br />
Fonte: GI<strong>EM</strong>/UFSC, 2003.<br />
140<br />
Figura 6.58
não havia nenhuma figura intermediária entre eles. O<br />
construtor compreendia o anseio do morador e ambos<br />
tinham uma participação criativa na construção. Com a<br />
complexidade do construir e com a divisão do trabalho,<br />
surge a figura do arquiteto, que anteriormente atuava<br />
somente para o Estado e para clientes oriundos das<br />
classes mais ricas. O arquiteto se posicionou como<br />
detentor da parte criativa da arquitetura e legou ao<br />
construtor somente a execução da obra. O cliente,<br />
em muitos casos, não consegue extrair do arquiteto<br />
seus desejos perante o projeto, pois o projeto é mais<br />
voltado às vanguardas artísticas do que para as<br />
necessidades dele. Portanto, o quadro necessário<br />
para o desenvolvimento da Casa de Araucária foi<br />
quebrado. O projeto voltado para as vanguardas<br />
arquitetônicas dificilmente irá ter as mesmas diretrizes<br />
de uma arquitetura popular, pois o universo que<br />
abrange a arquitetura é muito maior do que o universo<br />
do construtor, nomeado por Lévi-Strauss (1962) de<br />
“bricoleur”. Dificilmente a arquitetura erudita, irá<br />
apresentar uma tipologia tão variada e complexa, como<br />
a produzida pela arquitetura tradicional. A diferenciação<br />
acontece tanto por questões regionais, quanto pela<br />
experiência do construtor. O cliente adiciona alguns<br />
elementos singulares, antes ou durante a construção,<br />
e estes são negociados diretamente com o executor<br />
Figura 6.60<br />
Figura 6.59 a Figura 6.60<br />
Seqüência Construtiva do<br />
Protótipo construído no Sistema<br />
Plataforma na UFSC.<br />
Fonte: GI<strong>EM</strong>/UFSC, 2003.<br />
141<br />
Figura 6.59
da obra sem nenhum intermediário.<br />
- No estudo de caso feito na RVPSC as casas<br />
construídas, não caracterizam por definição, uma<br />
arquitetura popular e sim uma arquitetura erudita. Os<br />
projetistas produziram uma arquitetura semelhante<br />
a arquitetura popular, seguindo a mesma evolução<br />
tipológica. Neste caso não havia a figura do cliente,<br />
o que resultou em uma arquitetura de qualidade, mas,<br />
sem a riqueza de detalhes da arquitetura popular.<br />
A falta dos elementos decorativos não prejudicou<br />
essa arquitetura, tornando-a apenas mais sóbria e<br />
adequada, para o fim para a que foi destinada.<br />
- Constatou-se que a Casa de Araucária é um sistema<br />
construtivo aberto e oferecia infinitas possibilidades,<br />
dentro do mesmo sistema construtivo.<br />
- Não há entre os arquitetos o hábito de utilizar os<br />
sistemas construtivos de madeira pré-fabricada. A<br />
limitação criativa destes também é resultante da falta<br />
de interesse dos profissionais de criar dentro de<br />
suas possibilidades construtivas e não simplesmente<br />
reproduzí-los.<br />
- A modulação exigida na pré-fabricação, não é bem<br />
assimilada pela maioria dos projetistas. Vemos poucas<br />
construções nas revistas especializadas em arquitetura,<br />
feitas a partir de módulos. Os sistemas pré-fabricados<br />
Figura 6.61<br />
Casa sendo construída no sistema<br />
Still Frame em Curitiba-PR<br />
Site: www.ushome.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
Figura 6.62<br />
Interior de casa sendo construída no<br />
sistema Still Frame em Curitiba-PR<br />
Site: www.ushome.com.br.<br />
Acesso em 07 de maio de 2007.<br />
142
ou industrializados são pouco utilizados por estes<br />
profissionais. Vemos o mesmo quadro quando com<br />
relação ao concreto ou aço.<br />
- O sistema tábua e mata-juntas contemporâneo,<br />
resultam em uma construção de má qualidade e com<br />
pouca durabilidade. As madeiras utilizadas não são<br />
adequadas ao uso e nem devidamente tratadas. Na<br />
cobertura, são utilizadas telhas de fibrocimento, sem<br />
nenhum isolamento térmico/acústico. A reprodução desta<br />
arquitetura, sem a qualidade construtiva adequada,<br />
é também um dos fatores que denigrem a arquitetura<br />
tradicional. Estas construções contemporâneas,<br />
caracterizam uma moradia transitória, construída<br />
quando há falta de recursos para a aquisição de<br />
uma casa de melhor qualidade. A industrialização se<br />
limita ao corte da madeira, em tábuas e vigas, que<br />
são serradas e ajustadas na obra, o que resulta em<br />
sobras e perda de material.<br />
Um dos fatores determinantes da degradação deste<br />
sistema construtivo é o esgotamento das reservas<br />
naturais, que resultou na impossibilidade da<br />
utilização tábuas, nas mesmas dimensões da casa<br />
tradicional.<br />
- O sistema com tábuas horizontais pregadas,<br />
apresenta uma melhor qualidade construtiva que o<br />
Figura 6.63 e Figura 6.64<br />
Imagens interna e externa do<br />
protótipo construído em painel de<br />
eucalipto laminado encaixado.<br />
Fonte: Revista Arquitetura e<br />
Construção, novembro de 2005.<br />
143
de tábuas e mata-juntas. A madeira utilizada é de<br />
melhor qualidade. Não exigem peças com grandes<br />
dimensões. Este sistema é flexível. O projetista<br />
pode criar uma modulação própria, e trabalhar o<br />
projeto dentro desta. Não há, uma pré-fabricação<br />
determinada por nenhum elemento construtivo, pois<br />
não são utilizados nenhum elemento desenvolvido<br />
especialmente para este tipo de construção.<br />
- O sistema com tábuas horizontais empilhadas é o<br />
sistema mais utilizado. Possui uma modulação linear,<br />
formada pelo distanciamento dos elementos verticais<br />
(perfis em “I”). Não foi encontrada uma diversificação<br />
de soluções, no que se refere à tipologia. As casas<br />
são muito parecidas entre si e reproduzem elementos<br />
da arquitetura tradicional européia, como o bow-<br />
window. As construções lembram tipologias rurais e<br />
não se adaptam a grande parte dos lotes urbanos,<br />
que geralmente são estreitos e compridos. Não foram<br />
encontradas soluções diferenciadas, que demonstrem<br />
criatividade dos construtores ou arquitetos.<br />
Foi constatado que algumas das empresas pesquisadas<br />
possuem arquitetos ou projetistas nos seu quadro de<br />
funcionário, porém estes se limitam a repetição das<br />
tipologias vigentes.<br />
- O sistema com toras empilhadas é o mais limitado<br />
Figura 6.65 Figura 6.66<br />
Detalhe do sistema construtivo.<br />
Fonte: Revista Arquitetura e<br />
Construção, novembro de 2005.<br />
144
no que se refere à modulação. Não proporciona uma<br />
liberdade criativa para os projetistas e reproduz uma<br />
arquitetura primitiva.<br />
As casas têm características rurais e dificilmente se<br />
adaptam aos lotes urbanos. É um sistema construtivo<br />
com uma modulação bem específica, determinada<br />
pelo tamanho do quadro formado pelos troncos,<br />
porém, o grau de pré-fabricação é maior do que os<br />
sistemas de tábuas horizontais pregadas e tábua<br />
e mata-juntas. Uma das questões levantadas é a<br />
dificuldade de transporte das toras, devido suas<br />
grandes dimensões.<br />
- O sistema plataforma e o steel-frame possuem uma<br />
maior flexibilidade, dos que os anteriores estudados.<br />
Estes compõem um sistema aberto, possibilitando<br />
infinitas soluções de projeto, contudo os projetistas<br />
brasileiros o desconhecem. Não foram encontrados<br />
exemplos de arquitetura contemporânea feitos dentro<br />
desta lógica construtiva no Brasil, com exceção do<br />
protótipo construído na UFSC. A maioria das casas<br />
encontradas, reproduzem a Casa Vitoriana. Supõe-se<br />
que isto seja uma das principais causa do não uso<br />
desta tecnologia, pelos arquitetos.<br />
Esta tecnologia possui um alto grau de industrialização<br />
na Europa e América do Norte. No Brasil, recentemente<br />
Figura 6.67 e Figura 6.68<br />
Detalhe do painel e foto da montagem.<br />
Fonte: Revista Arquitetura e<br />
Construção, novembro de 2005.<br />
145
está sendo comercializado por algumas empresas.<br />
Este é o sistema construtivo mais bem sucedido,<br />
dentro dos estudados, que alia a flexibilidade de<br />
projeto a pré-fabricação, podendo chegar a níveis<br />
de industrialização que viabilize moradia barata às<br />
camadas mais pobres da população, como ocorreu<br />
com a Casa de Araucária.<br />
- O sistema de painel de eucalipto laminado tem vários<br />
pontos positivos: é de fácil montagem, utiliza madeira<br />
de floresta plantada e demonstra a criatividade do seu<br />
criador, postura necessária para o desenvolvimento<br />
das construções em madeira no Brasil.<br />
O sistema construtivo é simples e de fácil montagem<br />
e possibilita flexibilidade de projeto.<br />
Não é aconselhável simplesmente importar um<br />
sistema construtivo e sim analisar criticamente se<br />
ele atende as necessidades do brasileiro, se ele se<br />
adapta ao modo de morar e viver do país. A repetição<br />
de elementos provenientes da arquitetura colonial<br />
americana ou da Europa, coloca a construção civil<br />
brasileira em posição passiva, que não corresponde<br />
sua história de criatividade e arrojo.<br />
Figura 6.69 e Figura 6.70<br />
Detalhe do painel e foto da montagem.<br />
Fonte: Revista Arquitetura e<br />
Construção, novembro de 2005.<br />
146
07. CONCLUSÃO<br />
O estudo comparativo entre a Casa de Araucária com<br />
a Casa de Madeira Contemporânea é complexo, e<br />
requer muita dedicação e pesquisa.<br />
A arquitetura tradicional apresenta muitas variações,<br />
decorrentes da localização geográfica ou da<br />
linguagem do construtor, mesmo dentro da cidade<br />
de Curitiba.<br />
A proposta tipológica é uma forma classificatória de<br />
facilitar tal análise, mas não contemplam todas as<br />
construções estudadas. Existem muitas edificações<br />
singulares, o que comprova a flexibilidade do sistema<br />
e criatividade dos construtores.<br />
A análise tipológica adotada só contemplou a<br />
implantação no terreno e a forma da cobertura. Seria<br />
ideal, para um estudo mais aprofundado, a análise<br />
das plantas, os acabamentos internos, as relação<br />
estre as edificações vizinhas e os dados sobre época<br />
da construção. E para quem se destinava a casa e<br />
o nome dos construtores, porém esta análise não foi<br />
possível, dentro do que o trabalho propunha.<br />
Outra questão importante levantada é a necessidade<br />
de um estudo dos exemplares no ato de sua demolição.<br />
Durante a fase de levantamento, foram detectados<br />
muitas casas sendo demolidas. A grande maioria<br />
Figura 7.1<br />
Casa em Campo do Tenente-PR<br />
Foto de Marialba G. R. Imaguire, 2006.<br />
Figura 7.2<br />
Casa no bairro Umbará em Curitiba-PR<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.3<br />
Casa em Irineópolis-SC.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
147
das edificações em madeira não são “Unidade de<br />
Interesse de Preservação” e para sua demolição é<br />
necessário a retirada de alvará junto à prefeitura<br />
municipal. Poderia haver um convênio entre a Secretaria<br />
de Urbanismo e as Universidades, para efetuar o<br />
levantamento minucioso, do sistema construtivo e as<br />
técnicas empregadas. Este levantamento é urgente,<br />
pois existem hoje, poucos exemplares, datados da<br />
transição do século XIX para o XX, e as tipologias<br />
mais contemporâneas, se encontram também em fase<br />
de demolição.<br />
Houve a preocupação de dar continuidade aos<br />
trabalhos anteriores que tratam do tema, mas não<br />
há a pretensão de este ser um trabalho definitivo,<br />
há muito que completar e discutir, sobre o assunto<br />
abordado, a intenção principal desta dissertação é<br />
que ela seja criticada, discutida por outros estudantes,<br />
pesquisadores e demais pessoas interessadas,<br />
como o que acontece com o trabalho do professor<br />
Imaguire.<br />
Sobre a pré-fabricação, foram analisados vários<br />
exemplares da Casa de Araucária e foi constatado, que<br />
o sistema construtivo partia do dimensionamento das<br />
bitolas, estabelecido pelas serrarias. Seria necessário<br />
um estudo mais profundo para comparar um conjunto<br />
de casas construídas em épocas distintas, para<br />
Figura 7.4<br />
Casa em Itaiópolis-SC.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.5<br />
Casa em Mallet-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.6<br />
Casa em Matinhos-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
148
uma análise da evolução ou da estagnação deste<br />
dimensionamento.<br />
Como foi visto no capítulo sobre Arquitetura Popular,<br />
há sempre uma evolução do sistema construtivo,<br />
onde cada geração o aprimora até se chegar a uma<br />
solução ideal. Possivelmente isto também ocorreu<br />
com o dimensionamento das peças de madeira.<br />
Analisando os sistemas de pré-fabricação e<br />
industrialização da construção de edificações em<br />
madeira chegaram-se as seguintes conclusões:<br />
- Não há o hábito dos projetistas brasileiros de<br />
trabalhar dentro de um sistema de pré-fabricação e<br />
industrialização.<br />
- A mesma barreira enfrentada pelas tecnologias<br />
de pré-fabricação e industrialização da madeira<br />
é também encontrada nos sistemas que utilizam o<br />
concreto e o aço.<br />
- A maneira de desenvolver os sistemas de pré-<br />
fabricação e industrialização é inserir estas questões<br />
na formação dos profissionais para criar uma maior<br />
familiaridade com os sistemas existente e seus<br />
possíveis desdobramentos e até a criação de novas<br />
tecnologias construtivas.<br />
O estudo feito na RVPSC foi tardio, existem poucos<br />
exemplares de casas, a maioria já foi demolida. Os<br />
Figura 7.7<br />
Casa Rua Desembargador Vieira Cavalcanti,<br />
em Curitiba-PR.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.8<br />
Casa em Papanduva-SC.<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.9<br />
Casa em Paulo Frontim-PR<br />
Foto do autor, 2006.<br />
149
levantamentos fotográficos encontrados tem como<br />
referência somente as estações, pontes, túneis e os<br />
próprios trilhos. As imagens encontradas das casas<br />
formam um universo muito pequeno, em relação ao<br />
acervo disponível sobre outras construções, nos<br />
arquivos da RVPSC. O capítulo teve como embasamento<br />
os projetos pesquisados na própria RVPSC, hoje<br />
pertencente ao patrimônio da Rede Ferroviária Federal<br />
S.A. Foram encontradas algumas poucas casas<br />
remanescentes das Vilas Ferroviárias.<br />
Ficou comprovado que a Rede Ferroviária construía em<br />
madeira, pelos mesmos motivos que possibilitaram o<br />
surgimento e desenvolvimento da Casa de Araucária:<br />
facilidade construtiva, disponibilidade de matéria<br />
prima barata e de qualidade, disponibilidade de<br />
mão de obra especializada e rapidez construtiva. O<br />
preconceito existente em relação a madeira também<br />
teve reflexo na empresa, nas décadas de setenta e<br />
oitenta muitas casas foram demolidas e substituídas<br />
por casas de alvenaria, fato este comprovado na fase<br />
de pesquisa.<br />
No Brasil, a arquitetura contemporânea em madeira, ainda<br />
é produzida de maneira quase que artesanal no sistema<br />
pilar/viga. As outras tecnologias estudadas, reproduzem<br />
construções com pouca qualidade arquitetônica, sem<br />
referências à arquitetura contemporânea. Supõe-se,<br />
Figura 7.10<br />
Casa no bairro Portão, em Curitiba-PR<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.11<br />
Casa Rua Desmbargador Vieira Cavalcanti,<br />
em Curitiba-PR<br />
Foto do autor, 2006.<br />
Figura 7.12<br />
Casa em São Mateus do Sul-PR<br />
Foto do autor, 2006.<br />
150
que este quadro acontece devido o afastamento e<br />
desconhecimento dos profissionais, como arquitetos e<br />
engenheiros, de questões referentes a industrialização<br />
e a pré-fabricação.<br />
Das tecnologias construtivas pesquisadas, o Sistema<br />
Plataforma é o que oferece maior possibilidade criativa<br />
e de projeto, contudo, em muitos casos, ele resulta<br />
em casas com característica colonial americana. Este<br />
sistema é aberto, como a Casa de Araucária, sua<br />
modulação é linear (baseado no tamanho da placa<br />
de OSB ou Chapa Compensada). Mas esta tecnologia<br />
é ainda desconhecida ou pouco explorada pelos<br />
projetistas e arquitetos brasileiros.<br />
O preconceito existente com as edificações em madeira<br />
não é a principal barreira que impede tais construções.<br />
Preconceito, como significa a palavra, é um conceito<br />
prévio, sem um conhecimento mais aprofundado do<br />
material. Se tivermos bons profissionais que utilizem a<br />
madeira e usuários satisfeitos, este preconceito será<br />
dissipado. Isto possivelmente ocorrerá em poucas<br />
décadas, impulsionado pelas questões ambientais.<br />
Quanto a Casa de Araucária, o sistema construtivo<br />
possivelmente desaparecerá, ou será revisto e alterado,<br />
como acontece com muitas tecnologias construtivas<br />
de saber popular. este sistema concluiu seu ciclo,<br />
como afirmou WEIMER (2005), no capítulo 02. Não<br />
Figura 7.13<br />
Casa Moosmann-Hämmerle. Austria, 2002<br />
Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />
Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
Figura 7.14 e figura 7.15<br />
Casa Denicolá. Suiça, 2002<br />
Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />
Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
Figura 7.16<br />
Grupo de habitações na Holanda.<br />
Fonte:GAUZIN-MULLER, D. Le Bois<br />
Dans La Contruction. Paris: Le Montier,<br />
1990.<br />
151
há disponibilidade de madeira para confeccionar as<br />
paredes de tábua e mata-juntas, também as novas<br />
tecnologias disponíveis possibilitam casas com melhor<br />
conforto térmico e acústico, porém esta arquitetura<br />
merece ser estudada, pois representa todo um período<br />
histórico de imigração e urbanização, dos estados<br />
do Sul do Brasil. Esta história, também nos conta, a<br />
destruição desenfreada dos recursos naturais, que<br />
caracterizou o século XX. A Araucária está extinta<br />
como ecossistema, porém há a preocupação de<br />
preservar as poucas áreas de remanescentes, de<br />
floresta nativa. O mesmo acontece com a tecnologia<br />
construtiva. Há muita pesquisa ainda a ser feita.<br />
Algumas casas estão sendo preservadas, pelo<br />
poder público ou por universidades, o que garante<br />
a proteção de alguns exemplares mais significativos.<br />
Estudos sobre o tema são urgentes, pois a cada dia,<br />
possivelmente um exemplar está sendo demolido. Os<br />
mestres carpinteiros não têm mais para quem repassar<br />
seu saber. O que importante é pesquisar, analisar e<br />
relatar este patrimônio material e imaterial para que<br />
o mesmo chegue às gerações futuras.<br />
A Casa de Araucária marcou uma época de abundância<br />
de material (o que resultava em um custo baixo),<br />
aplicado na construção de uma habitação, que seguia<br />
uma modulação, procedente das dimensões comercias<br />
Figura 7.17<br />
Grupo de habitações datadas de 1965.<br />
Fonte:GAUZIN-MULLER, D. Le Bois<br />
Dans La Contruction. Paris: Le Montier,<br />
1990.<br />
Figura 7.18<br />
Edificação de madeira em Frankfurt,<br />
Alemanha.<br />
site www.architekten24.de.<br />
Acesso em 11 de maio de 2007.<br />
Figura 7.19<br />
Habitação coletiva em madeira.<br />
site www.holzbau-kaernten.at/<br />
Acesso em 11 de maio de 2007.<br />
Figura 7.20<br />
Habitação em madeira.<br />
site www.homag-gruppe.de<br />
Acesso em 11 de maio de 2007.<br />
152
da madeira naquela época. Seguia uma tecnologia<br />
facilmente absorvida pelos carpinteiros.<br />
A Casa Contemporânea está inserida em uma época<br />
de escassez de material, oriundo das florestas nativas.<br />
Atualmente é necessario do uso das madeiras oriundas<br />
das florestas plantadas, comercializadas ainda jovens<br />
(sem grande formação do cerne).<br />
A Casa Contemporânea requer novas tecnologias de<br />
uso da madeira e racionalização de seu emprego, com<br />
considerável grau de industrialização, o que caracteriza<br />
o sistema construtivo como pré-industrializado,<br />
permitindo o ganho de tempo de construção, um<br />
menor custo e conforto ambiental adequado.<br />
Outra questão relevante é a modulação que deve<br />
respeitar as dimensões dos produtos derivados de<br />
madeira, como chapas, disponíveis no mercado, como<br />
chapas portantes de OSB e compensados. Somente<br />
o conhecimento destes materiais irá produzir uma<br />
arquitetura de qualidade.<br />
O Brasil só irá produzir uma boa arquitetura de<br />
madeira quando os profissionais da construção civil<br />
e as universidades se interessarem pelo assunto. E a<br />
sociedade nacional se despir dos preconceitos com<br />
relação a este material.<br />
Figura 7.21<br />
Casa GucklHupf. Áustria, 1993.<br />
Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />
Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
Figura 7.22<br />
Casa de férias. Áustria, 2000.<br />
Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />
Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
Figura 7.23<br />
Casa Convercey. França, 2001.<br />
Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />
Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />
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