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Fábio Domingos Batista A TECNOLOGIA CONSTRUTIVA EM ...

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Universidade Federal de Santa Catarina<br />

Programa de Pós-Graduação em<br />

Arquitetura e Urbanismo<br />

<strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong><br />

A <strong>TECNOLOGIA</strong> <strong>CONSTRUTIVA</strong> <strong>EM</strong> MADEIRA NA REGIÃO DE CURITIBA:<br />

da Casa Tradicional à Contemporânea.<br />

Dissertação de Mestrado<br />

Florianópolis<br />

2007


<strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong><br />

A <strong>TECNOLOGIA</strong> <strong>CONSTRUTIVA</strong> <strong>EM</strong> MADEIRA NA REGIÃO DE CURITIBA:<br />

da Casa Tradicional à Contemporânea.<br />

Florianópolis<br />

2007<br />

Dissertação apresentada ao<br />

Programa de Pós Graduação em<br />

Arquitetura e Urbanismo da<br />

Universidade Federal de Santa Catarina<br />

como requisito para obtenção do grau de<br />

Mestre em Arquitetura e Urbanismo.<br />

Orientador:<br />

Prof. Carlos Alberto Szücs, Dr.


Universidade Federal de Santa Catarina<br />

Centro Tecnológico<br />

Programa de Pós-Graduação em<br />

Arquitetura e Urbanismo<br />

Área de Concentração:<br />

Projeto e Tecnologia do Ambiente Construído.<br />

Linha de Pesquisa:<br />

Sistemas e Processos Construtivos<br />

<strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong><br />

A <strong>TECNOLOGIA</strong> <strong>CONSTRUTIVA</strong> <strong>EM</strong> MADEIRA NA REGIÃO DE CURITIBA:<br />

da Casa Tradicional à Contemporânea.<br />

Dissertação de Mestrado<br />

Florianópolis<br />

2007


<strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong><br />

A <strong>TECNOLOGIA</strong> <strong>CONSTRUTIVA</strong> <strong>EM</strong> MADEIRA NA REGIÃO DE CURITIBA:<br />

da Casa Tradicional à Contemporânea.<br />

Esta dissertação foi julgada para a obtenção do grau de<br />

MESTRE <strong>EM</strong> ARQUITETURA E URBANISMO<br />

na especialidade de PROJETO E <strong>TECNOLOGIA</strong> DO AMBIENTE CONSTRUÍDO<br />

- SIST<strong>EM</strong>AS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS e aprovado na sua versão<br />

final pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo<br />

- Pós-ARQ da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.<br />

Florianópolis, 14 de junho de 2007.<br />

Orientador/Moderador/Presidente: Dr. Carlos Alberto Szücs, Pós-ARQ/UFSC<br />

Coordenadora do Pós-ARQ: Dra. Alina Gonçalves Santiago<br />

BANCA EXAMINADORA:<br />

Avaliador 1: Dra. Ângela do Valle<br />

Avaliador 2: Dr. Wilson Jesus da Cunha Silveira<br />

Avaliador Externo ao Programa: Dr. Key Imaguire Jr. CAU/UFPR


B333t. <strong>Batista</strong>, <strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong>.<br />

A Tecnologia Construtiva em Madeira na Região de Curitiba:<br />

da Casa Tradicional à Contemporânea / <strong>Fábio</strong> <strong>Domingos</strong> <strong>Batista</strong>; orientador<br />

Carlos Alberto Szücs. – Florianópolis, 2007<br />

181f.:il.<br />

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina,<br />

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2007.<br />

Inclui bibliografi a<br />

1. Sistemas Construtivos em Madeira. 2. Casa de Araucária. 3. Préfabricação.<br />

4. RVPSC. 5. Arquitetura em Madeira. I. Szücs, Carlos Alberto.<br />

II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em<br />

Arquitetura e Urbanismo. III. Título.<br />

CDD 721.0448


O T<strong>EM</strong>PO<br />

“O Tempo é o maior tesouro que um homem pode dispor;<br />

embora incomensurável, o tempo é o nosso melhor alimento;<br />

sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso<br />

bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim;<br />

é um pomo exótico que não pode ser repartido, podendo<br />

entretanto prover igualmente a todo mundo; onipresente, o<br />

tempo está em tudo; existe tempo, por exemplo nessa mesa<br />

antiga: existiu primeiro uma terra propícia, existiu depois<br />

uma árvore secular feita de anos sossegados, e existiu<br />

finalmente uma prancha nodosa e dura, trabalhada pelas<br />

mãos de um artesão dia após dia; existe tempo nas cadeiras<br />

onde sentamos, nos outros móveis da família, nas paredes<br />

de nossa casa, na água que bebemos, na terra que fecunda,<br />

na semente que germina, nos frutos que colhemos, no pão<br />

em cima da mesa, na massa fértil de nossos corpos, na luz<br />

que nos ilumina, nas coisas que nos passam pela cabeça,<br />

no pó que dissemina, assim em tudo que nos rodeia; rico<br />

não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de<br />

moedas, e nem aquele devasso, que se estende, mãos e<br />

braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu,<br />

piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se<br />

dele com ternura, não contrariando suas disposições, não<br />

se rebelando contra seu curso, não irritando sua corrente,<br />

estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com<br />

sabedoria para receber dele os favores e não sua ira; o<br />

equilíbrio da vida depende essencialmente desse bem<br />

supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar,<br />

ou de espera, que se deve por nas coisas, não corre nunca<br />

risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é”<br />

Casas de madeira da família <strong>Domingos</strong><br />

no Norte Velho do Paraná.<br />

Fonte: Acervo do autor,<br />

data provável: década de 50.<br />

Fonte:<br />

NASSAR, R. Lavoura Arcaica.<br />

São Paulo: Companhia das Letras, 1989.<br />

I


MINHA VISÃO DA ARQUITETURA<br />

A minha intenção com este trabalho, é estudar a arquitetura<br />

de madeira e compreender como uma arquitetura feita<br />

sem arquitetos atingiu este alto grau de complexidade e<br />

diversificação, sendo o sistema construtivo tão simples.<br />

Durante meus primeiros anos na graduação, sempre me<br />

questionei qual postura adotar frente ao projeto. Qual<br />

seria a melhor forma de interação arquiteto/cliente.<br />

Nossas universidades não nos preparam para o cliente. A<br />

arquitetura é sempre o objeto final, contudo o cliente ocupa<br />

funções diversas no ato de projetar: ora um catalisador<br />

que proporciona um objeto arquitetônico singular, ora<br />

um complicador, que nos impede de criar tal objeto.<br />

A arquitetura traz em si o reflexo da individualidade,<br />

ilusão esta criada pela modernidade. A ilusão do<br />

homem como indivíduo, do homem como criador, que<br />

munido de inspiração é capaz de sozinho mudar o<br />

mundo com uma simples idéia ou ação. Esta ilusão<br />

desvincula o homem do meio em que está inserido,<br />

esquecendo que o meio é o principal responsável pelo<br />

ato de criação e que este ato é sempre coletivo.<br />

Minha formação foi embasada no mito do arquiteto brilhante,<br />

aquele munido de talento, que figurará entre vários nomes<br />

da arquitetura internacional, que com um simples risco,<br />

é capaz de mudar os rumos da arquitetura, de alterar as<br />

relações do indivíduo, com o seu meio e espaço. Minha<br />

busca na arquitetura foi um pouco diferente, meu fim maior<br />

sempre foi o cliente, não o objeto arquitetônico em sí. Vi na<br />

interação arquiteto/cliente um desafio maior, o de perceber o<br />

cliente, como ele vive e quais seus anseios. Tentei conhecêlo<br />

antes de pensar na arquitetura para ele e durante a fase<br />

de projeto, tento muni-lo do máximo de informações para que<br />

as minhas decisões de projeto sejam divididas com ele. Que<br />

minha participação seja pequena, porém importante e que,<br />

no final, quando a obra esteja concluída, as pessoas digam:<br />

“Que bonita a casa de fulano”. E não se<br />

lembrem do nome do arquiteto.<br />

É o que acontece com a “Casa de Araucária”. Temos poucos<br />

autores conhecidos. É uma arquitetura anônima de produção<br />

coletiva. Produzida com estreito vínculo entre o cliente e o<br />

construtor, vínculo este esquecido na arquitetura moderna.<br />

Casas de madeira da família <strong>Domingos</strong><br />

no Norte Velho do Paraná.<br />

Fonte: Acervo do autor,<br />

data provável: década de 50.<br />

II


AGRADECIMENTOS<br />

Primeiramente, agradeço a Deus da maneira que o concebo, ainda que<br />

um pouco indefinida, porém com a certeza de que me ajudou bastante.<br />

A minha família, com ênfase nos meus avós maternos,<br />

minha mãe, meus irmãos, afilhados, tios e primos.<br />

A meus professores, sendo a maioria deles de escola pública.<br />

À Universidade Federal do Paraná, pela minha graduação, onde<br />

tive o privilégio de cursar Arquitetura e Urbanismo em uma<br />

universidade pública e gratuita com ensino de qualidade.<br />

A Universidade Federal de Santa Catarina, pela oportunidade de<br />

cursar mestrado e renovar meus conhecimentos acadêmicos em<br />

uma universidade pública e gratuita com ensino de qualidade.<br />

A meu orientador, o professor Carlos Alberto Szücs, pela<br />

paciência de me guiar pelo mundo da construção em madeira.<br />

Ao professor Key Imaguire Júnior, mentor e amigo, que me<br />

guiou dentro da arquitetura brasileira já nos primeiros anos<br />

da graduação e um dos principais responsáveis pelo meu<br />

interesse pela arquitetura tradicional de madeira.<br />

Aos membros das bancas de qualificação e defesa:<br />

professora Ângela do Valle, Key Imaguire Júnior, Sílvia<br />

Correa e Wilson Jesus da Cunha Silveira<br />

Aos professores do Pós-ARQ, com ênfase na professora<br />

Sílvia Correa, professora Vera Bins Ely, professora<br />

Marta Dischinger e professor Fernando Ruttkay.<br />

À Ivonete, pela atenção e competência.<br />

Aos meus amigos que me ajudaram muito durante este processo,<br />

ora com alguma foto de casas de madeira, ora pelas longas<br />

conversas e conselhos durante a grande fase de transição pessoal<br />

e profissional que caracterizou meu mestrado, sendo em especial<br />

ao Maurício, Gerson, Ramon, Aline, Karina, Lindy, Jussara, Jardel,<br />

Zé, Sandra, Alexandre, Bia, Fabiani, Gislaine, Yole, Adriano,<br />

Jack, Bruno Rággio, Simone, Adierson, entre tantos outros.<br />

Aos meus amigos e colegas de mestrado Gabriela,<br />

Michele, Cristian, Themis, Miguel, Cláudio, Cláudia,<br />

Virgínia, Douglas, Alberto, Alexander entre outros.<br />

Aos meus colegas da Ambiens e da Arquibrasil, pessoas por quem<br />

tenho grande admiração e respeito pessoal e profissional.<br />

A Marialba Rocha Gaspar Imaguire que me ajudou com a maioria dos<br />

levantamentos fotográficos e em todo o processo do mestrado.<br />

Ao professor e amigo José La Pastina, pela<br />

ajuda durante o processo de seleção.<br />

Ao Emerson, pela ajuda com o plano de mestrado durante a<br />

fase de seleção e pelo tempo de amizade e trabalho.<br />

A Yole e a Gislaine pela tradução do resumo, a Carolina<br />

pela ajuda com o texto e ao Marcelo pelas fotos.<br />

A todos os meus clientes que me possibilitaram<br />

conhecer intimamente a arquitetura.<br />

À Bárbara e a Leila pela ajuda profissional e pessoal.<br />

A meus colegas de trabalho André, Bruno, Renato e Igor.<br />

A todos os proprietários e moradores de casas de madeira, que por seu<br />

ato de resistência ao que chamamos de “modernidade” e “progresso”<br />

nos oferecem a possibilidade de estudar esta importante arquitetura.<br />

Esta dissertação é uma produção coletiva.<br />

Gosto muito da frase do Newton que diz:<br />

“se ví longe foi porque subi no ombro de gigantes”.<br />

Muito Obrigado!<br />

Construção mista. Paredes externas<br />

de alvenaria e internas de madeira.<br />

Propriedade da família <strong>Domingos</strong><br />

no Norte Velho do Paraná.<br />

Fonte: Acervo do autor, sem data.<br />

Construção de madeira no Vale da<br />

Ribeira, entre o Paraná e São Paulo.<br />

Foto: Maurício A. Maas, 1993.<br />

III


RESUMO<br />

O presente trabalho tem como objetivo o estudo<br />

comparativo entre as construções residenciais em<br />

madeira no sistema tradicional conhecido como<br />

”tábua e mata-juntas” e as feitas com tecnologias<br />

contemporâneas.<br />

As construções tradicionais foram nomeadas por<br />

IMAGUIRE (1993) como “Casa de Araucária”, em<br />

função da madeira utilizada ser proveniente da<br />

Araucária angustifolia.<br />

A análise é feita ao longo da passagem do tempo,<br />

sendo estudada a evolução do sistema construtivo<br />

tradicional até seu esgotamento e a comparação<br />

desta com os sistemas construtivos atuais.<br />

O recorte do tema se dá pelo viés da pré-fabricação<br />

e pela delimitação geográfica, sendo focada a região<br />

metropolitana de Curitiba.<br />

Outra questão abordada é o acesso à moradia. Para<br />

tanto foi pesquisada uma empresa que produziu casas<br />

de madeira para seus funcionários no sistema em<br />

questão, que se trata da Rede Viação Paraná Santa<br />

Catarina – RVPSC.<br />

As construções contemporâneas analisadas são em<br />

madeira proveniente de florestas plantadas ou nativas,<br />

tendo em comum a possibilidade de industrialização<br />

e pré-fabricação.<br />

Palavras-chave: sistemas construtivos em madeira,<br />

Casa de Araucária, pré-fabricação, RVPSC, arquitetura<br />

em madeira.<br />

IV


ABSTRACT<br />

This work aims to compare residential constructions<br />

in wood, under the traditional system known as “tábua<br />

e mata-juntas” and the contemporary technologies.<br />

The traditional constructions were nominated by<br />

IMAGUIRE (1993) as the “Araucaria House”, because<br />

the wood which was used was extracted from the tree<br />

Araucaria angustifolia.<br />

The analysis is made throughout time, upon the evolution<br />

of the traditional system, until its exhaustion, and the<br />

comparison with current construction systems.<br />

The focus of the analysis is based on pre-fabrication and<br />

the geographical limitation, which is the metropolitan<br />

region of Curitiba.<br />

The other topic brought to discussion is the access<br />

to housing. For that, there is the analysis of the<br />

company responsible for building the houses for its<br />

employees, the Rede Viação Paraná Santa Catarina<br />

– RVPSC[1].<br />

The contemporary constructions being analysed in<br />

this work are made by wood originated from native or<br />

grown forests, both having in common the possibility<br />

to industrialization and pre-fabrication.<br />

Key-words: construction systems in wood, Araucaria<br />

House, pre-fabrication, RVPSC, architecture in<br />

wood.<br />

[1] The only train company at that period, when it was the main means<br />

of transportation on the states of Paraná and Santa Catarina, in south Brazil.<br />

V


RESUMEN<br />

El objeto de este trabajo es el estudio comparativo<br />

entre: construcciones residenciales en madera del<br />

sistema tradicional, conocido como “tabla y mata-juntas”<br />

y las hechas con tecnologías contemporáneas.<br />

Las construcciones tradicionales fueron designadas<br />

por IMAGUIRE (1993) como “Casa de Araucária”,<br />

debido a que la madera utilizada provenía de la<br />

Araucaria angustifolia.<br />

El análisis es temporal, y se ha hecho un trabajo<br />

exhaustivo con el estudio de la evolución del sistema<br />

constructivo tradicional y la comparación de este con<br />

los sistemas constructivos actuales.<br />

La línea de estudio electa se configura por la<br />

prefabricación dentro de la delimitación geográfica,<br />

con especial interés en la región metropolitana de<br />

Curitiba.<br />

Otra cuestión analizada es el acceso a la vivienda.<br />

Y para tal se investigo una fábrica que producía<br />

casas de madera para sus empleados con el sistema<br />

mencionada. Se trataba de la Red Viaria Paraná Santa<br />

Catarina –RVPSC.<br />

Las construcciones contemporáneas analizadas están<br />

hechas en madera sacadas de bosques de reforestación<br />

o de bosques autóctonos; con la posibilidad de<br />

industrialización y de prefabricar.<br />

Palavras-clave: sistemas constructivos de madera,<br />

Casa de Araucaria, prefabricados, RVPSC, arquitectura<br />

en madera.<br />

VI


RELAÇÃO DE FIGURAS<br />

Figura 1.1 - Casa de troncos na Colônia Muricy - município de São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.2 - Serraria de pinho, propriedade de Zarpelão e Burgo - Iraty – PR. Fonte: Álbum do Estado do Paraná, 1920.<br />

Figura 1.3 - Foto com o pinheiro sendo derrubado. Fonte: SCHEIER, P. O Paraná<br />

no seu Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />

Figura 1.4 - “criança olha o cemitério de toras após a batalha das derrubadas” Fonte: SCHEIER,<br />

P. O Paraná no seu Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />

Figura 1.5 - Frente de expansão do norte do Paraná - Fonte: Museu Paranaense, sem data.<br />

Figura 1.6 - Conjunto de edificações de madeira com o pinheiral ao fundo. Área<br />

rural de Prudentópolis-PR. Foto Marialba R. G. Imaguire, 2006.<br />

Figura 1.7 - Casa Travessa Armando Mann, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 1.8 - Casa São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.9 - Comunidade rural no Paraná, não identificada.<br />

Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no seu Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />

Figura 1.10 - Casa de madeira sendo gradativamente substituída por alvenaria.<br />

Rua Jacarezinho, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.11 - Casa de madeira à venda. Rua Trajano Reis, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.12 - Casa de madeira sendo demolida. Rua Trajano Reis, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.13 - Mapa com o remanescente da Floresta de Araucária. Fonte: CN-RBMA - Projeto<br />

Inventário dos Recursos Florestais da Mata Atlântica, site www.rbma.org.br .<br />

Figura 1.14 - Casa produzida pela U.S. Home, com sede em Curitiba, no sistema<br />

steel frame. Site www.ushome.com.br. Acesso em 15 de abril de 2007.<br />

Figura 1.15 - Casa modelo Dinamarca, produzida pela M.B. representações em Curitiba.<br />

Site www.casascuritibasp.com.br. Acesso em 15 de abril de 2007.<br />

Figura 1.16 - Casa em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 1.17 - Casa em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 1.18 - Casa em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 1.19 - Casa Rua Henrique Itiberê da Cunha, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.20 - Casa Rua Pe. Francisco Aulling, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.21 - Casa Rua <strong>Domingos</strong> Nacimento, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.22 - Casa Rua Dr Raul C. Filho, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.23 - Casa Rua Ângelo Sampaio, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.24 - Casa Rua José Kloss, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.25 - Casa na área rural de Almirante Tamandaré. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.26 - Casa Rua Ubaldino do Amaral, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.27 - Casa Rua Itupava, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.28 - Casa Rua Pnta. Luís Thomaszeck, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 1.29 - Casa em Rio Claro do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.30 - Casa em Rio Claro do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.31 - Casa Rua Francisco Scremin em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.32 - Casa Rua Nicola Pellanda em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.33 - Casa Rua Nicola Pellanda em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.34 - Casa Colônia Muricy em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.35 - Casa em Irati-PR. Foto Marialba R. G. Imaguire, 2005.<br />

Figura 1.36 - Casa em Cruz Machado-PR. Foto Marialba R. G. Imaguire, 2005.<br />

Figura 2.1 - Projeto da Praça do Comércio, Projeto feito por Grandjean Montegny em 1819-<br />

20. Coleção Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. Fonte: BANDEIRA, J.; XEXÉO, P. M. C.;<br />

CONDURU, R. A Missão Francesa. Rio de Janeiro: Sextante Artes, 2003.<br />

Figura 2.2 - Amazônia: A Arte da Vida Ribeirinha. foto Pedro Martinelli, sem data.<br />

Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura do Brasil. São Paulo: Editora Abril, 1999.<br />

Figura 2.3 - Disney Concert Hall. Projeto do arquiteto Frank Gehy. Fonte: http://<br />

blog.miragestudio7.com. Acesso em 19 de abril de 2007<br />

Figura 2.4 - Mestre Carpinteiro. Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no Seu<br />

Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />

VII


Figura 2.5 - Casa Bandeirista. Fonte: BARDI, P. M. Engenharia e Arquitetura<br />

na Construção. São Paulo: Raizes Artes Gráficas, 1985.<br />

Figura 2.6 - Maloca Yanomami. Foto de René Fuerst, 1961.<br />

Fonte: site www.socioambiental.org. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.7 - Casa Rua Nicola Pelanda no Umbará em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.8 - Casa em Irati-PR. Foto de Jussara Valentini, 2007.<br />

Figura 2.9 - Casa Farnsworth do arquiteto Mies Van der Rohe. Foto de Maria Thereza,<br />

2005. Fonte: www.farnsworthhousefriends.org. Acesso em 19 de abril de 2007<br />

Figura 2.10 - Detalhe das janelas substituida por panos de vidro. Casa Rua Manoel Ribas em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.11 - Janelas com vários ar-condicionados. Fonte: http://wordsimages.<br />

blogspot.com. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.12 - Conjunto do BNH em Ji-Paraná-Ro, sem data. Fonte: http://<br />

biblioteca.ibge.gov.br. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.13 - Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.14 - Detalhes internos. Casa Pereira em São Mateus do Sul-<br />

PR. Foto de Marialba Gaspar Rocha Imaguire, sem data.<br />

Figura 2.15 - Serraria de Pinho, propriedade de Nicolau Harmuch em<br />

Iraty – PR. Fonte: Album do Estado do Paraná, 1920<br />

Figura 2.16 - Serraria Santo Antônio, Município de Rebouças–PR. Fonte: Album do Estado do Paraná, 1921.<br />

Figura 2.17 - Detalhe dos lambrequins e soltura do oitão. Foto Marialba Gaspar Rocha Imaguire, sem data<br />

Figura 2.18 - Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”. Colônia Muricy<br />

em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.19 - Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”. Colônia Muricy<br />

em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.20 - Conjunto arquitetônico de uma fazenda de café em Japira-PR. A Foto de Maurício Maas, 1985.<br />

Figura 2.21 - Detalhe pilar do Sítio do Padre Inácio em Cotia-SP. Foto sem autor e data. Fonte: Curso de<br />

Arquitetura e Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 2.22 e figura 2.23 - Rio de Janeiro: A Paisagem de Lúcio Costa. foto Nana Moraes, sem data.<br />

Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura do Brasil. São Paulo: Editora Abril, 1999.<br />

Figura 2.24 - Igreja do Espírito Santo do Serrado em Uberlândia-SP.<br />

Fonte: FERRAZ, M. C. Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1993.<br />

Figura 2.25 - Residência Severiano Porto, Manaus AM, 1971. Arquiteto Severiano Mário Porto. Foto Severiano Porto.<br />

Fonte: www.vitruvius.com.br. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.26 - Escada do Solar do Unhão em Salvador-BA. Fonte: FERRAZ, M. C.<br />

Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1993.<br />

Figura 2.27 - Projeto da Escada do Solar do Unhão em Salvador-BA. Fonte: FERRAZ, M.<br />

C. Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1993.<br />

Figura 2.28 - Maquete eletrônica do Shopping Estação Plaza Show em Curitiba-<br />

PR.Fonte: www.amanha.terra.com.br. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.29 - Tenerife Ópera House do arquiteto Santiago de Calatrava iniciada<br />

em 1991. Fonte:www.arch.mcgill.ca. Acesso em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.30 e figura 2.31 - Edifício construído na década de 90 para abrigar<br />

a Sede do IPHAN em Tiradentes-MG. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.32 - Vista da Rua XV de Novembro provavelmente no final do século<br />

XIX. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />

Figura 2.33 - Vista da Rua XV de Novembro provavelmente no início do<br />

século XX. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />

Figura 2.34 - Vista do bairro Batel, 1906. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />

Figura 2.35 - Casa Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.36 - Casa Rua Henrique Itiberê da Cunha em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.37 - Conjunto arquitetônico na Colônia Mariental em Balsa Nova-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.38 - Serraria de Pinho no Paraná, 1906. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />

Figura 2.39 - Habitações temporárias para os imigrantes ucranianos em Prudentópolis-<br />

PR datadas do final do século XIX. Fonte: Museu do Milênio em Prudentópolis-PR.<br />

Figura 2.40 - Casa de Peroba da década de 50 em Londina-PR. Fonte: ZANI,<br />

L. C. Arquitetura em Madeira. São Paulo: IMESP, 2003.<br />

Figura 3.1 - Mata de Araucária. fonte: SCHEIER, P. O Paraná no Seu<br />

Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />

VIII


Figura 3.2 - Detalhe da parede de tábua e mata-juntas. Casa Erbo Stenzel,<br />

parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005<br />

Figura 3.3 - Serraria de pinho, propriedade de Zarpelão e Burgo - Iraty – PR . Fonte Album do Estado do Paraná, 1920.<br />

Figura 3.4 - Mapa da Ocorrência da Mata de Araucária. Fonte CN-RBMA - Projeto Inventário dos<br />

Recursos Florestais da Mata Atlântica, site www.rbma.org.br. Acesso em 22 de abril de 2007.<br />

Figura 3.5 - Casa tradicional na Islândia. fonte: GAUZIN-MULLER, D. Le Bois Dans La Contruction. Paris: Le Montier, 1990.<br />

Figura 3.6 - Casa Cruses, 1895 em Puren, Chile. fonte site www.municipalidadpuren.<br />

blogspot.com. Acesso em 22 de abril de 2007.<br />

Figura 3.7 - Conjunto de casas de imigração italiana em Antônio Prado-RS. Fonte:<br />

site www.cameraviajante.com.br. Acesso em 22 de abril de 2007.<br />

Figura 3.8 - Casa com lambrequins. Rua Desembargador Motta em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006<br />

Figura 3.9 - Imagem da casa “dita polonesa” na periferia de Curitiba. Fonte: WEIMER,<br />

G. Arquitetura Popular Brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 2005<br />

Figura 3.10 - Lambrequins. Fonte: acervo do autor.<br />

Figura 3.11 - Maquete de detalhe construtivo de telhado com lambrequins. Fonte: Curso de Arquitetura<br />

e Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 3.12 - Casa na Rua Anita Garibaldi, bairro Barreirinha em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.13 - Casa de alvenaria em Almirante Tamandaré-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.14 - Casa no bairro Vila Isabel em Curitiba-PR, com a mesma volumetria da<br />

figura 3.13, porém com as proporções menores. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.15 - Projeto de casa de madeira em Curitiba no início do século XX. Fonte: SUTIL,<br />

M. Arquitetura Eclética de Curitiba. Curitiba: Máquina Produções, 2002.<br />

Figura 3.16 - Projeto de casa de madeira com frente em alvenaria em Curitiba no início do século<br />

XX. Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética de Curitiba. Curitiba: Máquina Produções, 2002.<br />

Figura 3.17 - Casa de madeira com frente em alvenaria nas imediações da área<br />

central em Curitiba-PR (Rua Marechal Floriano). Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.18 - Casa de madeira nas imediações da área central em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.19 - Casa de madeira com frente em alvenaria nas imediações da área central em Curitiba-PR<br />

(Rua Celestino JR.) Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.20 - Casa de madeira com frente em alvenaria nas imediações da área<br />

central em Curitiba-PR (Rua Francisco Torres). Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.21 - Casa de madeira nas imediações da área central em Curitiba-PR (Rua Dr. Faivre). Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.22 - Desenho da Casa já demolida na Rua Prudente de Moraes. Fonte: Curso de Arquitetura<br />

e Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 3.23 - Casa Rua XV de Novembro em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.24 - Casa Rua 21 de Abril em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.25 - Casa Rua Desembargador Motta em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.26 - Casa Rua Júlia Wanderley em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.27 - Casa Rua Desembargador Vieira Cavalcanti em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.28 - Casa Rua 24 de Maio em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.29 - Casa Rua Virgínio de Oliveira Mello em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.30 - Casa Rua Nicola Pelanda no Umbará em Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 3.31 - Casa em alvenaria na Rua Carlos Cavalcanti em Curitiba-PR, datada de 1906. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.32 - Casa em Ouro Preto-MG, datada provavelmente do início do século XX. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.33 - Casa em Tiradentes-MG, datada provavelmente do início do século XX. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.34 - Casa em Itaiópolis-SC. Detalhe de pintura decorativa na varanda. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.35 - Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.36 - Casa Rua Alberto Foloni em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.37 - Casa em alvenaria Rua Duque de Caxias. em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.38 - Casa em madeira Rua Marechal Deodoro em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.39 - Casa Rua Francisco Alves Guimarães em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.40 - Conjunto de casas rua Julia Wanderley em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.41 - Casa Rua Noel Rosa em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.42 - Casa em Ivaí-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.43 - Casa Rua Francisco Alves Guimarães em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

IX


Figura 3.44 - Casa Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.45 - Casa Rua Frei Gaspar da Madre de Deus Ramos em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.46 - Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”. Colônia Muricy<br />

em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.47 - Casa de tábuas e mata-juntas. Colônia Muricy em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.48 - Casa mista com frente em alvenaria e restante em tábuas e matajuntas.<br />

Rua Guaratuba em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.49 - Casa Rua Ulisses Vieira em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.50 - Casa Rua Carlos de Paula Soares em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.51 - Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”. Colônia Muricy<br />

em São José dos Pinhais-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.52 - Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.53 - Casa em Rio Branco do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.54 - Casa Rua Paulo Martins em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.55 - Casa Rua Desembargador Vieira Cavalcanti em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.56 - Casa Rua Alcides Munhos em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.57 - Casa Rua Cel. Agostinho de Macedo em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.58 - Vista do alto das Mercês em 1906, Curitiba-PR. Fonte Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.<br />

Figura 3.59 - Casa tipo chalé em série. Rua Guaratuba em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.60 - Casa tipo bungalows em série. São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.61 - Casa tipo quatro águas em série. Rua Júlia Wanderley em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.62 - Casa tipo quatro águas em série. Rua Pe. Agostinho em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.63 - Casa tipo modernista em série. Rua Alvaro Jorge em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.64 - Casa mista tipo luso-brasileira. Rua 7 de Setembro em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.65 - Casa mista tipo Chalé. Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.66 - Casa mista tipo Bungalows. Rua Guaratuba em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.67 - Casa mista com telhado em quatro águas em série. Rua Colombo em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.68 - Casa mista com telhado em quatro águas em série. Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.69 - Detalhe das peças de uma Casa de Araucária do início do século XX<br />

sendo demolida. Rua Trajano Reis em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.70 - Detalhe das peças de uma Casa de Araucária do início do século sendo<br />

demolida. Rua Trajano Reis em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.71 - Detalhe do lambrequim de uma Casa de Araucária do início do século XX<br />

sendo demolida. Rua Trajano Reis em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.72 - Detalhe do pilarete de fundação em madeira de alta densidade. Papanduva-SC. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.73 - Detalhe do pilarete de fundação em alvenaria. Rua Pe. Anchieta em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.74 - Detalhe do fechamento do vão entre o solo e o piso da casa<br />

em madeira. Rio Claro do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.75 - Detalhe do fechamento do vão entre o solo e o piso da casa em<br />

cobogó de tijolos. Rua Itupava em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.76 - Detalhe do aproveitamento do vão entre o solo e o piso da casa<br />

como porão. Rio Branco do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.77 - Corte de projeto de casa de madeira em Curitiba no início do século XX. Detalhe da tesoura chamada<br />

linha alta. Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética de Curitiba. Curitiba: Máquina Produções, 2002.<br />

Figura 3.78 - Detalhe da tesoura em linha alta no telhado de quatro águas.<br />

Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.79 - Detalhe da deflexão do telhado. Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.80 - Detalhe da deflexão do telhado com lambrequins. Casa Rua Ivo Leão em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.81 - Lambrequins metálicos. Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo da<br />

UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 3.82 - Detalhe do janela na parede de tábua e mata-juntas. Casa Erbo<br />

Stenzel, parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 3.83 - Detalhe do encaixe macho e fêmea da tábua do piso. Casa sendo<br />

demolida, Rua Trajano Reis em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.84 - Detalhe do rodapé. Casa Erbo Stenzel, parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />

X


Figura 3.85 - Detalhe do piso da varanda. Casa Rua Raquel Prado em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.86 - Detalhe do forro. Casa mista em Prudentópolis-PR. Foto do autor, 2000.<br />

Figura 3.87 - Detalhe da meia cana do forro. Casa Erbo Stenzel, parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 3.88 - Detalhe da janela em 02 folhas. Casa Rua Francisco Alves Guimarães em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.89 - Detalhe da janela tipo vitrô. Casa Rua Silveira Neto em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.90 - Detalhe do oitão. Casa em Rio Claro do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.91 - Lambrequins. Fonte: acervo do autor.<br />

Figura 3.92 - Variação cromática em uma Casa de Araucária. Casa em Mallet-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.93 - Detalhe de pinturas de paisagens na varanda. Casa em Paulo Frontin -PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.94 - Detalhe do guarda corpo da varanda. Casa remontada no Campus<br />

da PUC em São José Pinhais -PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 3.95 - Detalhe das pinturas da parede. Casa <strong>Domingos</strong> Nascimento. Sede do IPHAN-PR Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.96 - Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.97 - Detalhe da ampliação do banheiro em alvenaria. Casa no<br />

bairro do Portão em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.98 - Detalhe do preenchimento em alvenaria provavelmente para inclusão<br />

de banheiro. Casa Rua Solimões em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.99 - Detalhe “cozinha suja” em uma casa em Papanduva-SC. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.100 - Casa em madeira com inclusão da fachada em alvenaria. Rua<br />

Barão de Antonina em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.101 - Sede do IPHAN-PR. Casa em madeira desmontada e montada<br />

na Rua José de Alencar em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.102 - Croqui do deslocamento da casa de madeira rolada sobre troncos e remontada em outro local do terreno.<br />

Fonte: desenho do autor, 2007.<br />

Figura 3.103 - Casa sendo transportada por caminhão. Fonte: Jornal Zero Hora, 9 de maio de 2004, página 03.<br />

Figura 3.104 - Casa Erbo Stenzel desmontada e montada no parque São Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 3.105 - Casa Estrela Rua Dr. Zamenhof em Curitiba-PR hoje encontra-se desmontada<br />

e futuramente será montada no campus da PUC-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.106 - Detalhe da placa de Erkulit. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.107 - Detalhe de aplicação da tela plástica sobre as placas de<br />

Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA.<br />

Figura 3.108 - Prospecto austríaco sobre placas de fibra de madeira mineralizada aplicadas para isolamento térmico.<br />

Base tecnológica para a criação das chapas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, sem data.<br />

Figura 3.109 - Mostruário de possibilidades de aplicação da placa de Erkulit. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.110 - Detalhe de aplicação da tela plástica sobre as placas de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, sem data.<br />

Figura 3.111 - Detalhe da textura característica das casas revestidas com placas de Erkulit. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.112 - Casa revestida com placas de Erkulit. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.113 - Casa antes do revestimento com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />

Figura 3.114 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />

Figura 3.115 - Casa antes do revestimento com placas de Erkulit. Fonte:<br />

Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, sem data.<br />

Figura 3.116 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, sem data.<br />

Figura 3.117 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />

Figura 3.118 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />

Figura 3.119 - Casa revestida com placas de Erkulit. Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com. LTDA, 1972.<br />

Figura 4.1 - Artesão produzindo Blocos de adobe em Tiradentes-MG. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.2 - Pirâmides da Planície de Gisé no Egito. Construidas com blocos de pedra. Foto de Carlos Nieto, sem data.<br />

Site www.grupokeystone.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.3 - Transporte da madeira beneficiada. Fonte: SCHEIER, P. O Paraná<br />

no Seu Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense, 1953.<br />

Figura 4.4 - Tabela com a evolução da industrialização e pré-fabricação da casa de madeira.<br />

Fonte: BENDER, R. Una Visión de la Construcción Industrializada.<br />

Barcelona: Gustavo Gili, 1973. Adaptado e traduzido pelo autor.<br />

Figura 4.5 - Casa projetada pelo escritório paulistano MMBB no bairro de Perdizes,<br />

São Paulo-SP. Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

XI


Figura 4.6 - Casa Flávia e Osmar Valentim em Carapicuíba, SP. Projeto do UNA Arquitetos e construído<br />

pela ITA Engenharia em 1999. Site www.itaconstrutora.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.7 - Colocação de painel GRFC (painel de concreto reforçado com fibra de<br />

vidro). Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.8 - Painel de OSB. Site www.masisa.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.9 - Painel de MDF. Site www.e-emeri.com. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.10 - Casa produzida pela U.S. Home, com sede em Curitiba. Site www.<br />

ushome.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.11 - Módulo com cozinha e banheiro da empresa Pavi. Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.12 - Celas modulares em concreto armado. Foto de Osvaldo Ribeiro/<br />

SESP. Site www.aenoticias.pr.gov.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.13 - Imagem do Palácio Imperial de Katsura-Japão, datado de 1620.<br />

Site www.library.osu.edu. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.14 - Imagem interna do do Palácio Imperial de Katsura-Japão, datado de<br />

1620. Site www.library.osu.edu. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.15 - Pessoas confeccionando blocos de solo cimento com prensa manual.<br />

Site www.changemakers.net. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.16 - Parede com blocos de solo cimento. Site www.construcaoeconomica.<br />

tripod.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.17 - Escola construída com elementos de concreto pré-moldado no sistema<br />

pilar/viga.Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.18 - Edifício sendo construído com estrutura em aço. Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.19 - Montagem de paredes internas com placas de gesso acartonado.<br />

Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.20 - Casa construída com painéis de chapa cimentícia. Site www.eternit.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.21- Montagem esquadria de alumínio.Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.22 - Esquadria de madeira de abrir e tombar. Site www.scheid.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.23 - Ambiente com esquadria de PVC. Site www.arcoweb.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.24 - Foto de Casa construída no sistema Steel Freme publicado na revista Engenharia e Construção - Abril 2004.<br />

Figura 4.25 - Casa em madeira na França. Fonte: Maison & Bois International, agosto de 2006.<br />

Figura 4.26 - Casa em madeira na França. Fonte: Maison & Bois International, maio de 2006.<br />

Figura 4.27 - Casa em madeira estampada na capa da revista “Arquitetura e<br />

Construção” da editora abril. Edição de fevereiro de 2007.<br />

Figura 4.28 - Casa em madeira estampada na capa da revista “Arquitetura<br />

e Construção” da editora abril. Edição de março de 2007.<br />

Figura 4.29 - Balloon Frame House construida em 1862. Site www.<br />

franzosenbuschheritageproject.org. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.30 - Casa Av. Monteiro Tourinho, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 4.31 - Casa Rua Bruno Filgueira, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2007.<br />

Figura 4.32 - Foto de Wenceslau Braz – PR, fonte Álbum do Cinqüentenário<br />

da Estrada de Ferro do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />

Figura 4.33 - Detalhe da varanda. Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.34 - Detalhe da varanda. Casa em Irati-PR. Foto de Jussara Valentini, 2007.<br />

Figura 4.35 - Anúncio de Casas Pré-fabricadas. Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1937.<br />

Figura 4.36 - Serraria anunciando Casas Pré-fabricadas. Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1949.<br />

Figura 4.37 - Anúncio de Casas Pré-fabricadas. Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1965.<br />

Figura 4.38 - Conjunto de casas Rua Pe. Anchieta. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 4.39 - Detalhe do acabamento do encontro da tábua com o pilarete de<br />

embasamento.Conjunto de casas Rua Pe. Anchieta. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.40 - Detalhe do acabamento da varanda.Casa muito reproduzida em<br />

Curitiba. Rua Pe. Agostinho em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.41 - Casa construída com restos de madeira. Site www.abbra.eng.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.42 - Conjunto de casas populares fotografado na década de 90, local não<br />

especificado. Site www.andrepaiva.com.br. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.43 - Mutirão para construção em adobe. Site www.ecocentro.org. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.44 - Mutirão para construção em super-adobe. Site www.ecocentro.org. Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

XII


Figura 4.45 - Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.46 - Casa em Irenópolis-SC. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.47 - Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.48 - Casa na colônia Marmeleiro, em Almirante Tamandaré-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 5.1 - Mapa das linhas da RVPSC em 1937. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />

Figura 5.2 - A estação de Jacarehy, sem data. Município de Morretes-PR. Foto cedida por Eduardo<br />

Coelho. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />

Figura 5.3 - Fornecedores de madeira para a ferrovia em Roseira no município de Rio Negro-PR. Cessão<br />

Elza Maria de Lima Lourenço. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />

Figura 5.4 - Estação Porto de Cima, Município de Morretes. Fonte Álbum do<br />

Cinqüentenário da Estrada de Ferro do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />

Figura 5.5 - A estação Espalha Brasa, anos 1930, município de Pirai do Sul-PR. Acervo Arthur Wischral,<br />

cedida por Nilson Rodrigues. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />

Figura 5.6 - Composicão parada na estação de Passaúna, provavelmente anos 60. Foto do acervo<br />

da ABPF do Paraná. Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso em 02 de maio de 2007.<br />

Figura 5.7 - Estação Cachoeira em Madeira. Almirante Tamandaré-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 5.8 - Oficina de manutenção de pontes. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1944.<br />

Figura 5.9 - Pavilhão do Cinqüentenário da Estrada de Ferro do Paraná em 1935.<br />

Fonte Álbum do Cinqüentenário da Estrada de Ferro do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />

Figura 5.10 - Casas da vila ferroviária de Rio Negro. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />

Figura 5.11 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

Figura 5.12 - Reportagem do Correio dos Ferroviários sobre a construção de casas e<br />

Caixa de Pensões e Aposentadoria. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />

Figura 5.13 - Reportagem do Correio dos Ferroviários sobre a construção de casas e<br />

Caixa de Pensões e Aposentadoria. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />

Figura 5.14 - Despacho presidencial sobre habitação popular. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1944.<br />

Figura 5.15 - Propaganda oferecendo casas de madeira para ferroviários “15<br />

lindos bangalôs”. Fonte: Correio dos Ferroviários, 1938.<br />

Figura 5.16 - Vila Colorado em Curitiba-Pr, foto provavelmente do final da década de 80. Fonte: Curso de<br />

Arquitetura e Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 5.17 - Vila Ferroviária de Apucarana-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 5.18 - Projeto de casa de alvenaria. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.19 - Projeto de casa de alvenaria. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.20 - Projeto de casa de alvenaria. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.21 - Projeto de casa de alvenaria. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.22 - Projeto Casa Tipo “C”. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.23 - Projeto Casa Tipo “C”. Desenho da Fachada. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.24 - Projeto Casa Tipo “C”. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.25 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Provavelmente a Tipo “C”. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

Figura 5.26 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Provavelmente a Tipo “C”. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

Figura 5.27 - Projeto Casa para Turmeiro Volante. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.28 - Projeto Casa para Turmeiro Volante. Elevação e Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.29 - Projeto Casa para Turmeiro Volante. Corte. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.30 - Projeto Casa Tipo “D”. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.31 - Projeto Casa Tipo “D”. Fachada. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.32 - Projeto Casa Tipo “D”. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.33 - Casa da vila ferroviária de Serra Morena, em Uraí-PR. Provavelmente Tipo “D”. Foto Douglas Razaboni, 2002.<br />

Figura 5.34 - Projeto Casa de Madeira. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.35 - Projeto Casa Tipo “G”. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.36 - Projeto Casa Tipo “G”. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.37 - Casas da estação de Raul Mesquita em Piraí do Sul-<br />

PR. Provavelmente tipo “G”. Foto Nilson Rodrigues, 1992.<br />

Figura 5.38 - Projeto Casa do Guarda Chaves. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.39 - Projeto Casa do Guarda Chaves. Planta e Corte transversal. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

XIII


Figura 5.40 - Conjunto de casas do Guarda Chaves. Bairro Bacacherí em Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 5.41 - Casa do Guarda Chaves. Bairro Bacacherí em Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 5.42 - Projeto Casa Desmontável para Funcionário. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.43 - Projeto Casa Desmontável para Funcionário. Planta de Fundação<br />

e Planta Baixa. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.44 - Projeto Casa Desmontável para Funcionário. Fachada. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.45 - Projeto Casa Desmontável para Funcionário. Painel Frontal. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.46 - Projeto Casa Tipo “A” Ampliada. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.47 - Projeto Casa Tipo “A” Ampliada. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.48 - Croqui da provável Casa tipo “A” da Vila Colorado. Fonte: Curso de Arquitetura e<br />

Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 5.49 - Casa provavelmente Tipo “A”. Vila Colorado, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 5.50 - Casa provavelmente Tipo “A”. Vila Colorado, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 5.51 - Projeto Casa de Engenheiro. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.52 - Casa de Engenheiro.croqui do autor com base no projeto.<br />

Figura 5.53 - Projeto Casa de Engenheiro. Cortes e Cobertura. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.54 - Projeto Casa Tipo “C”. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.55 - Projeto Casa Tipo “C”. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.56 - Casa Tipo “C”. Estação Portão, Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 5.57 - Projeto de Casa Transportável para Trabalhadores. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.58 - Projeto Transportável para Trabalhadores. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.59 - Casa para Operário. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.60 - Casa para Operário. Elevação e Planta Cobertura. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.61 - Casa para Operário. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.62 - Casa Tipo D para Empregados. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.63 - Casa Tipo D para Empregados. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.64 - Casa Tipo D para Empregados. Elevação e Corte. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.65 - Casa Tipo F. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.66 - Casa Tipo F. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.67 - Casa Tipo F. Elevações. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.68 - Casa Tipo F. Corte. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.69 - Casa de Madeira. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.70 - Casa de Madeira. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.71 - Casa de Madeira. Corte e Elevação. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.72 - Casa de Madeira. Cortes. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.73 - Casa para 02 Moradias. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.74 - Casa para 02 Moradias. Corte e Elevação. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.75 - Casa para 02 Moradias. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.76 - Casa em Madeira. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.77 - Casa em Madeira. Planta e Elevação. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.78 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

Figura 5.79 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

Figura 5.80 - Casa para Agente. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.81 - Casa para Agente. Planta. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.82 - Maquete da Casa para Agente. Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 5.83 - Maquete da Casa para Agente. Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 5.84 - Implantação da Vila Colorado, Curitiba-PR. Fonte: Curso de Arquitetura e<br />

Urbanismo da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 5.85 - Conjunto de casas do Guarda Chaves. Bairro Bacacherí em Curitiba-PR. Foto do autor, 2005.<br />

Figura 5.86 - Conjunto de casas da estação Hugo Lange, foto sem data. Jornal Gazeta do Povo, 23-11-1991.<br />

Figura 5.87 - Projeto Casa para Turmeiro Volante. Corte. Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

XIV


Figura 5.88 - Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR. Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

Figura 5.89 - Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 5.90 - Casa provavelmente Tipo “C” com telhado de quatro águas. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 6.1 - Torre de Sauvebelin, projeto do Prof. Julius Natterer. Site: www.tourde-sauvabelin-lausanne.ch.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.2 - Complexo de piscinas em Bad Dürrheim, na Alemanha. Site: www.<br />

commons.bcit.ca. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.3 - Propaganda de empresas que constroem casas de madeira na<br />

França. Fonte: Revista Maison & Bois Internacional, ago-set 2006.<br />

Figura 6.4 - Propaganda de empresas que constroem casas de madeira na França.<br />

Fonte: Revista Maison & Bois Internacional, abr-maio 2006.<br />

Figura 6.5 - Detalhe do guarda-corpo em madeira da Casa dos Contos em Ouro Preto. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 6.6 - Detalhes em madeira no interior da Igreja Matriz de Tiradentes. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 6.7 - Casa no Rio de Janeiro de Zanine Caldas. Fonte: SILVA, S. F.<br />

Zanine: Sentir e Fazer. Rio de Janeiro: Agir Editora, 1991.<br />

Figura 6.8 - Casa na Ilha dos Poldros, no Maranhão. Projeto de Gerson Castelo Branco, na<br />

década de 90. Site:www.gersoncastelobranco.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.9 - Parque Hotel São Clemente do arquiteto Lúcio Costa, 1948. Site:<br />

www.arcoweb.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.10 - Vila Serra do Navio de Osvaldo Bratke, construída na década de 50. Site: www. biblioteca.ibge.gov.br.<br />

Figura 6.11 - Casa de Hélio Olga projetada por Marcos Acayaba em 1990. Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />

Figura 6.12 - Casa de Hélio Olga projetada por Marcos Acayaba em 1990. Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />

Figura 6.13 - detalhe dos encaixes das peças de madeira da casa de Hélio Olga projetada por Marcos Acayaba em 1990<br />

Site: www.marcosacayaba.arq.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.14 - Planta da casa padrão da Vila Nossa Senhora da Luz em Curitiba-PR. Fonte:<br />

DUDEQUE, I. T. Espirais de Madeira. São Paulo: Editora Nobel, 2001.<br />

Figura 6.15 - Conjunto de casas, Vila Nossa Senhora da Luz em Curitiba-PR. Fonte:<br />

DUDEQUE, I. T. Espirais de Madeira. São Paulo: Editora Nobel, 2001.<br />

Figura 6.16 - Sotão habitável, casa da Vila Nossa Senhora da Luz em Curitiba-PR. Fonte:<br />

DUDEQUE, I. T. Espirais de Madeira. São Paulo: Editora Nobel, 2001.<br />

Figura 6.17 - Universidade Livre do Meio Ambiente em Curitiba-PR. Site: http://<br />

flickr.com/photos/mrisobe/page7/. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.18 e Figura 6.19 - Sede do IPPUC em Curitiba-PR. Site: www.curitiba.pr.gov.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.20 e Figura 6.21 - Sede do Secretaria Municipal do Meio Ambiente em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 6.22 - Ciclo de absorção do CO2 pela madeira. Site: www.denviro.dk. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.23 - Ciclo de absorção do CO2 pela madeira. Site: www.mountainflame.com. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.24 e Figura 6.25 - Casa Sucesso - 58m2. Custo R$13.200,00. Site:<br />

www.hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.26 e Figura 6.27 - Casa Maravilha - 40m2. Custo R$9.857,00. Site:<br />

www.hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.28 e Figura 6.29 - Casa Flor - 30m2. Custo R$8.200,00. Site: www.<br />

hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.30 e Figura 6.31 - Casa Feliz - 58.50m2. Custo R$12.620,00. Site: www.<br />

hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.32 e Figura 6.33 - Casa Jade - 52.50m2. Custo R$10.860,00. Site:<br />

www.hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.34 - Casa construída pela Hilmann, provavelmente o tipo Casa Maravilha.<br />

Site: www.hillmann.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.35 - Kit Americano fornecido pela empresa Casas Paraná. Site:www.<br />

casasparana.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.36 - Desenho do sistema construtivo da casa da empresa Condor. Site:<br />

www.casascondor.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.37 - Detalhe da parede externa da casa da empresa Condor. Site:<br />

www.casascondor.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.38 e Figura 6.39 - Detalhe construtivo da parede interna da casa da empresa<br />

Condor. Site:www.casascondor.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.40 - Detalhe do encaixe entre a tábua e o montante vertical. Fonte: VELOSO, J. G.; TEREZO, R. F. Sistemas<br />

Construtivos em Madeira. Florianópolis: Monografia, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, 2005.<br />

XV


Figura 6.41 e Figura 6.42 - Casa Lugano. Site:www.casasparana.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.43 e Figura 6.44 - Casa Los Angeles. Site:www.casasparana.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.45 e Figura 6.46 - Casa Lavras Novas. Site:www.precasa.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.47 e Figura 6.48 - Casa Projeto 1. Site:www.casabella.etc.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.49 e Figura 6.50 - Casa Projeto 8. Site:www.casabella.etc.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.51 - Detalhe de encaixes da casa de troncos. Fonte: Gustavo Lacerda Dias, 2005.<br />

Apresentação disciplina “A Madeira na Construção Civil”. PósARQ/UFSC.<br />

Figura 6.52 - Seqüência Construtiva do Sistema Plataforma. Fonte: Gustavo Lacerda Dias,<br />

2005. Apresentação disciplina “A Madeira na Construção Civil”. PósARQ/UFSC.<br />

Figura 6.53 à Figura 6.60 - Seqüência Construtiva do Protótipo construído<br />

no Sistema Plataforma na UFSC. Fonte: GI<strong>EM</strong>/UFSC, 2003.<br />

Figura 6.61 - Casa sendo construída no sistema Still Frame em Curitiba-<br />

PR. Site: www.ushome.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.62 - Interior de casa sendo construída no sistema Still Frame em Curitiba-<br />

PR. Site: www.ushome.com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.63 e Figura 6.64 - Imagens interna e externa do protótipo construído em painel de eucalipto laminado encaixado.<br />

Fonte: Revista Arquitetura e Construção, novembro de 2005.<br />

Figura 6.65 e Figura 6.66 - Detalhe do sistema construtivo. Fonte: Revista Arquitetura e Construção, novembro de 2005.<br />

Figura 6.67 à Figura 6.69 - Detalhe do painel e foto da montagem. Fonte:<br />

Revista Arquitetura e Construção, novembro de 2005.<br />

Figura 7.1 - Casa em Campo do Tenente-PR. Foto de Marialba G. R. Imaguire, 2006.<br />

Figura 7.2 - Casa no bairro Umbará em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.3 - Casa em Irineópolis-SC. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.4 - Casa em Itaiópolis-SC. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.5 - Casa em Mallet-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.6 - Casa em Matinhos-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.7 - Casa Rua Desembargador Vieira Cavalcanti, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.8 - Casa em Papanduva-SC. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.9 - Casa em Paulo Frontim-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.10 - Casa no bairro Portão, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.11 - Casa Rua Desmbargador Vieira Cavalcanti, em Curitiba-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.12 - Casa em São Mateus do Sul-PR. Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.13 - Casa Moosmann-Hämmerle. Austria, 2002. Fonte: BRAGHIERI, N.<br />

Casas de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

Figura 7.14 e figura 7.15 - Casa Denicolá. Suiça, 2002. Fonte: BRAGHIERI, N.<br />

Casas de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

Figura 7.16 - Grupo de habitações na Holanda. Fonte:GAUZIN-MULLER, D.<br />

Le Bois Dans La Contruction. Paris: Le Montier, 1990.<br />

Figura 7.17 - Grupo de habitações datadas de 1965. Fonte:GAUZIN-MULLER,<br />

D. Le Bois Dans La Contruction. Paris: Le Montier, 1990.<br />

Figura 7.18 - Edificação de madeira em Frankfurt, Alemanha. site www.architekten24.de. Acesso em 11 de maio de 2007.<br />

Figura 7.19 - Habitação coletiva em madeira. site www.holzbau-kaernten.at/. Acesso em 11 de maio de 2007.<br />

Figura 7.20 - Habitação em madeira. site www.homag-gruppe.de. Acesso em 11 de maio de 2007.<br />

Figura 7.21 - Casa GucklHupf. Áustria, 1993. Fonte:BRAGHIERI, N. Casas<br />

de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

Figura 7.22 - Casa de férias. Áustria, 2000. Fonte:BRAGHIERI, N. Casas<br />

de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

Figura 7.23 - Casa Convercey. França, 2001.Fonte:BRAGHIERI, N. Casas<br />

de Madeira. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

XVI


SUMÁRIO<br />

1. Introdução 01<br />

1.1. Objetivos 07<br />

1.1.1. Objetivos Gerais 07<br />

1.1.2. Objetivos Específicos 08<br />

1.2. Método 08<br />

1.3. Estrutura da Dissertação 10<br />

2. Arquitetura Popular 15<br />

2.1. Arquitetura Popular no Brasil 24<br />

2.2. Arquitetura Popular no Paraná 28<br />

3. A Casa de Araucária 31<br />

3.1. Conceituação 31<br />

3.2. A Relação entre a Casa de Araucária e a<br />

Imigração 33<br />

3.3. Legislação Municipal 35<br />

3.4. Tipologias 37<br />

3.5. Questões Construtivas 53<br />

3.5.1. A Fundação 54<br />

3.5.2. A Estrutura 55<br />

3.5.3. A Cobertura 56<br />

3.5.4. Paredes 58<br />

3.5.5. Assoalho 58<br />

3.5.6. O Forro 59<br />

3.5.7. Portas e Janelas 60<br />

3.5.8. Elementos Decorativos 60<br />

3.5.9. Adaptações Posteriores<br />

3.5.9.1. Ampliação da Casa e<br />

62<br />

Alteração Volumétrica 62<br />

3.5.9.2. Inclusão de Elementos ou<br />

Espaços em Alvenaria 63<br />

3.5.9.3. Relocação da Casa 64<br />

3.5.9.4. O Erkulit 66<br />

4. Industrialização e Pré-fabricação 70<br />

4.1. A Industrialização e a Pré-fabricação<br />

4.2. Relação da Industrialização<br />

70<br />

com a Casa de Araucária 79<br />

4.3. Industrialização e o Acesso a Moradia<br />

5. A Casa de araucária e a Habitação Social: Estudo<br />

82<br />

de Caso Rede Viação Paraná e Santa Catarina 88<br />

5.1. Breve Hitórico da RVPSC 89<br />

5.2. RVPSC e a Casa de Araucária 91<br />

XVII


5.3. A RVPSC e a Habitação Social 92<br />

5.4. Tipologias 97<br />

5.4.1. Casa Tipo C - Projeto 824 99<br />

5.4.2. Casa para Turmeiro Volante - Prjeto 300 100<br />

5.4.3. Casa Tipo D - Projeto 956 101<br />

5.4.4. Casa de Madeira - Projeto 1663 102<br />

5.4.5. Casa Tipo G - Projeto 1680 103<br />

5.4.6. Casa do Guarda Chaves - Projeto 1705 104<br />

5.4.7. Casa Desmontável para Funcionário 105<br />

5.4.8. Casa Tipo A Ampliada - Projeto 1851 106<br />

5.4.9. Casa de Engenheiro - Projeto 2100 107<br />

5.4.10. Casa Tipo C - Projeto 2350 108<br />

5.4.11. Casa Transportável para Trabalhadores -<br />

Projeto 2306 109<br />

5.4.12. Casa para Operário 110<br />

5.4.13. Casa Tipo D de Empregados - Projeto 461 111<br />

5.4.14. Casa Tipo F - Projeto 1568 112<br />

5.4.15. Casa de Madeira 113<br />

5.4.16. Casa para 02 Moradias - Projeto 1619 114<br />

5.4.17. Casa em Madeira 115<br />

5.4.18. Casa para Agente - Projeto 462 116<br />

5.5. Questões Construtivas 117<br />

6. A Casa de Madeira Contemporânea 121<br />

6.1. Quadro da Arquitetura em Madeira na Europa 121<br />

6.2. Quadro da Arquitetura em Madeira no Brasil<br />

6.3. Quadro da Arquitetura em Madeira na<br />

122<br />

Região de Curitiba 126<br />

6.4. Questões Ambientais 128<br />

6.5. Sistemas Construtivos Contemporâneos 131<br />

6.5.1. Sistema de Tábuas e Mata-Juntas 132<br />

6.5.2. Sistema de Tábuas Horizontais Pregadas 133<br />

6.5.3. Sistema de Tábuas Horizontais Empilhadas 135<br />

6.5.4. Sistema de com Toras Empilhadas 137<br />

6.5.5. Sistema Plataforma 138<br />

6.5.6. Sistema Steel Frame 139<br />

6.5.7. Painel de Eucalípto Laminado Encaixados 139<br />

6.6.Da Casa Tradicional à Contemporânea 140<br />

7. Conclusão 147<br />

8. Referências 154<br />

XVIII


1. INTRODUÇÃO<br />

As transformações ocorridas no Brasil após a segunda<br />

metade do século XIX foram marcadas por um início<br />

de modernidade. O modelo urbano colonial foi sendo<br />

gradativamente substituído e a intensa imigração<br />

proveniente da Europa foi um fator determinante<br />

destas mudanças. O imigrante europeu introduziu<br />

no país novas tecnologias construtivas e o início da<br />

industrialização possibilitou a confecção de novos<br />

equipamentos e a produção de novos materiais.<br />

Surgem no cenário paranaense as construções em<br />

madeira, inicialmente executadas com pouco apuro<br />

tecnológico, construídas com troncos empilhados<br />

encaixados, sendo estas construções introduzidas<br />

pelos imigrantes poloneses (figura 1.1). Com o<br />

surgimento das primeiras serrarias movidas por<br />

máquinas a vapor (figura 1.2), foi possível uma maior<br />

eficiência no desdobramento da madeira, surgindo,<br />

então, uma padronização de bitolas, que possibilitou<br />

uma maior eficiência construtiva.<br />

O Paraná possuía três fatores que contribuíram para<br />

o surgimento, desenvolvimento e reprodução desta<br />

arquitetura:<br />

a. Possuía uma grande reserva de araucária, madeira<br />

de excepcional qualidade, linear e com galhos apenas<br />

Figura 1.1<br />

Casa de troncos na Colônia Muricy - município<br />

de São José dos Pinhais-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.2<br />

Serraria de pinho. Propriedade de Zarpelão<br />

e Burgo - Iraty – PR.<br />

Fonte: Album do Estado do Paraná, 1920.<br />

1


em uma das extremidades (figura 1.3) . As matas de<br />

araucária cobriam uma boa parte do estado, sendo<br />

consideradas na época de sua exploração como<br />

infindáveis e isto encorajou a exploração desmedida<br />

até quase sua total extinção (figura 1.4 e figura<br />

1.5).<br />

b. Possuía grande quantidade de mão-de-obra de<br />

qualidade aliada a grande oferta de material. Este<br />

quadro possibilitou a aquisição destas habitações<br />

para todas as camadas da população. Esta mão-<br />

de-obra era formada primeiramente por imigrantes<br />

provenientes de diversas localidades, com culturas<br />

construtivas distintas, o que produziu uma arquitetura<br />

singular, sem exemplares nos seus países de origem.<br />

Esta simbiose construtiva nomeada por Imaguire<br />

(1993) como “Casa de Araucária” é uma arquitetura<br />

exclusivamente brasileira, comum ainda hoje nas<br />

paisagens urbanas e rurais do Sul do Brasil (figura<br />

1.6).<br />

c. A industrialização da extração da madeira<br />

proveniente das serrarias possibilitou uma padronização<br />

construtiva. Esta padronização permitiu a formação<br />

de grande quantidade de mão de obra. O sistema<br />

construtivo era simples, porém não limitado. Há<br />

exemplos de casas singelas com plantas simplificadas,<br />

Figura 1.3<br />

“A civilização devassa os caminhos e devasta<br />

a floresta. Quase sempre é preciso derrubar<br />

para construir” texto que acompanha a foto<br />

com o pinheiro sendo derrubado.<br />

Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no seu<br />

Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense,<br />

1953.<br />

Figura 1.4<br />

“criança olha o cemitério de toras após a<br />

batalha das derrubadas” Textos como este,<br />

que associam a derrubada das matas de<br />

araucária como uma ação necessária ao<br />

progresso do estado, são comuns em livros<br />

e revistas datados da primeira metade do<br />

século XX. Também é comum a idéia da<br />

inesgotabilidade das reservas.<br />

Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no seu<br />

Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense,<br />

1953.<br />

2


que eram vendidas em kits pelas madeireiras (figura<br />

1.7) e exemplos de casas extremamente complexas<br />

que testemunham o apuro construtivo dos antigos<br />

carpinteiros (figura 1.8). No entanto, a técnica<br />

construtiva, a padronização das peças e a qualidade<br />

da madeira eram as mesmas. Além de residências<br />

com até 03 pavimentos e mais o porão em alvenaria,<br />

há muitas variedades de edifícios, construídos com<br />

esta tecnologia, como igrejas, hospitais, clubes, entre<br />

outros.<br />

Esta arquitetura de madeira se estendeu por todos os<br />

estados do Sul do Brasil, acompanhando as florestas<br />

de araucária, e segundo Weimer (2001), no auge da<br />

extração madeireira mais da metade das construções<br />

registradas na municipalidade eram deste material (o<br />

autor se refere às cidades do Rio Grande do Sul).<br />

No Paraná, a madeira foi o principal material<br />

construtivo formando uma paisagem caracterizada<br />

por estas edificações, como comprovam as fotos<br />

antigas (figura 1.9).<br />

Há uma variação tipológica entre as primeiras<br />

edificações e as mais recentes, comprovando a<br />

flexibilidade construtiva do sistema e a grande<br />

capacidade técnica e criativa dos construtores. Segundo<br />

Imaguire (1993), esta variação é uma evolução dos<br />

estilos construtivos.<br />

Figura 1.5<br />

Floresta destruída para ceder lugar à<br />

agricultura.<br />

Frente de expansão do norte do Paraná -<br />

Fonte: Museu Paranaense, sem data.<br />

Figura 1.6<br />

Conjunto de edificações de madeira com o<br />

pinheiral ao fundo. Paisagem muito comum na<br />

primeira metade do século XX no Paraná.<br />

Área rural de Prudentópolis-PR.<br />

Foto Marialba R. G. Imaguire, 2006.<br />

3


Essa evolução de estilos acompanhou uma evolução<br />

tecnológica. Há diferenças entre as casas do início<br />

do século XIX e as casas da década de sessenta<br />

no que se refere aos materiais utilizados, como, por<br />

exemplo, nas áreas úmidas, elementos metálicos,<br />

esquadrias, forros entre outros detalhes construtivos.<br />

Porém, a madeira utilizada e a lógica construtiva da<br />

tábua e mata-junta se manteve. Existem alguns poucos<br />

exemplares de casas com paredes duplas e com<br />

tábuas horizontais. Também há alguns exemplares de<br />

fechamento externo no sistema “macho e fêmea”. Mas,<br />

com o esgotamento das reservas naturais, há uma<br />

ruptura, fazendo com que este sistema construtivo<br />

deixe de ser executado, diminuindo a freqüência das<br />

construções.<br />

Muitos fatores contribuíram para este panorama: o<br />

advento do modernismo, a degradação das reservas<br />

naturais e a desvalorização, como expressão<br />

construtiva, fizeram com que a madeira cedesse<br />

lugar às construções em alvenaria, chamadas<br />

popularmente de casas de “material”. A tecnologia<br />

e o conhecimento acumulado por gerações foram se<br />

perdendo e os poucos exemplares hoje existentes<br />

tendem a desaparecer devido a falta de manutenção<br />

e as pressões imobiliárias (figura 1.10, figura 1.11<br />

e figura 1.12).<br />

Figura 1.7<br />

Casa Travessa Armando Mann,<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 1.8<br />

Casa São Mateus do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.9<br />

Comunidade rural no Paraná, não<br />

identificada.<br />

Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no seu<br />

Centenário.. Curitiba: Imprensa Paranaense,<br />

1953.<br />

4


O estudo desta arquitetura, que sofreu contínua<br />

mudança no decorrer do tempo é relevante, pois<br />

permite um resgate da tecnologia empregada e<br />

a análise de sua evolução, aliada ao conceito de<br />

pré-fabricação e industrialização, tendo origem nas<br />

primeiras serrarias até as tecnologias contemporâneas<br />

de industrialização do material. Esta análise pretende<br />

contribuir para a compreensão desta arquitetura,<br />

auxiliando os arquitetos e construtores a não só a<br />

valorização deste material, mas também mostrar<br />

uma nova saída para questões relacionadas à falta<br />

de moradias e degradação ambiental de nossas<br />

cidades.<br />

Para este trabalho não será proposto um resgate<br />

documental e sim um estudo de sua transformação<br />

histórica e técnica até a construção contemporânea<br />

de madeira. Esta análise terá como pressuposto a<br />

construção fruto do processo de industrialização onde<br />

os elementos construtivos seguem uma padronização.<br />

Pode-se, através desta delimitação, traçar um<br />

panorama entre a “Casa de Araucária” e a “Casa<br />

Pré-fabricada Contemporânea”; analisar mudanças<br />

tecnológicas, bio-climáticas e culturais e questionar,<br />

também, a mudança de atitude da população frente<br />

a construção em madeira. A outra questão a ser<br />

analisada é a possibilidade da madeira contribuir<br />

Figura 1.10<br />

Casa de madeira sendo gradativamente<br />

substituída por alvenaria. Rua Jacarezinho,<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Na finalização do trabalho a casa de madeira<br />

encontra-se totalmente demolida.<br />

Figura 1.11<br />

Casa de madeira à venda.<br />

Rua Trajano Reis, Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.12<br />

Casa de madeira sendo demolida.<br />

Rua Trajano Reis, Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

5


para redução do custo habitacional, pois além de<br />

algumas experiências e pesquisas na área têm-se<br />

atualmente no estado do Paraná, amplas áreas de<br />

floresta de madeira plantada destinada a produção<br />

de painéis, celulose e combustível.<br />

Este trabalho propõe o resgate da tecnologia de<br />

construção em madeira, devido também a atual<br />

abundância do material no estado. A intenção não é<br />

voltar à arquitetura tradicional e sim analisar a atual<br />

produção arquitetônica em madeira, especificamente a<br />

pré-fabricada e com o resgate tecnológico, propor uma<br />

arquitetura melhor adaptada a realidade sociocultural<br />

da região.<br />

Pode-se afirmar que existiu uma tecnologia de<br />

construção pré-fabricada em madeira que se perdeu<br />

e a que ainda existe, de baixa qualidade, como se<br />

os construtores tivessem desaprendido a utilizar<br />

adequadamente esta técnica. Pode-se, também,<br />

afirmar que a tecnologia disponível hoje em painéis<br />

estruturais como o OSB e o MDF são pouco usadas<br />

por arquitetos, pelo simples desconhecimento destes<br />

sistemas construtivos. Não se constrói hoje em madeira,<br />

pois se desconhece a tecnologia tradicional e não<br />

há o material disponível para se reproduzir estas<br />

técnicas. O pinho proveniente da araucária está em<br />

Figura 1.13<br />

Mapa com o remanescente da Floresta de<br />

Araucária.<br />

Fonte: CN-RBMA - Projeto Inventário dos<br />

Recursos Florestais da Mata Atlântica,<br />

site www.rbma.org.br. Acesso em 15 abril<br />

de 2007.<br />

6


extinção (figura 1.13) e o corte é proibido. Não há<br />

madeira no mercado que forneça a preço acessível<br />

tábuas com altura de até 17’ (5,18m), como eram<br />

usadas nas casas tradicionais.<br />

Não há uma produção significativa que utilize os<br />

painéis de madeira hoje disponíveis no mercado, e<br />

quando estes são usados resultam em uma arquitetura<br />

importada com referências à arquitetura tradicional<br />

européia e norte americana (figura 1.14). O que se<br />

encontra com maior freqüência são as casas com o<br />

sistema de tábuas horizontais empilhadas que possuem<br />

pouca variação volumétrica e sua concepção formal<br />

não tem caráter urbano (figura 1.15), pois não possui<br />

relação direta com o lote como no caso da “Casa de<br />

Araucária”.<br />

1.1. OBJETIVOS:<br />

1.1.1. OBJETIVOS GERAIS<br />

- Contribuir para a evolução tecnológica/industrial<br />

da madeira para construção civil no Brasil.<br />

- Estudar a arquitetura de madeira de araucária e<br />

analisar o sistema construtivo, questões tecnológicas<br />

e culturais da mesma.<br />

Figura 1.14<br />

Casa produzida pela U.S. Home, com<br />

sede em Curitiba, no sistema steel frame.<br />

Site www.ushome.com.br. Acesso em 15<br />

abril de 2007.<br />

Figura 1.15<br />

Casa modelo Dinamarca, produzida pela<br />

M.B. representações em Curitiba.<br />

Site www.casascuritibasp.com.br. Acesso<br />

em 15 abril de 2007.<br />

7


1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS<br />

- Estudar a Arquitetura Tradicional em Araucária no<br />

Paraná, com ênfase no Planalto de Curitiba.<br />

- Analisar comparativamente a tecnologia tradicional<br />

empregada na arquitetura de madeira com a tecnologia<br />

contemporânea disponível na região sul do Brasil,<br />

tendo como referência o processo de industrialização<br />

e o conceito de pré-fabricação e industrialização.<br />

- Analisar um estudo de caso referente à Arquitetura<br />

Tradicional em Araucária aplicada à habitação<br />

construída em série.<br />

- Caracterizar a arquitetura contemporânea em madeira<br />

na região de Curitiba.<br />

- Apresentar uma análise compartaiva entre a<br />

casa de madeira tradicional e a casa de madeira<br />

contemporânea produzida dentro do recorte geográfico<br />

do trabalho.<br />

1.2. MÉTODO<br />

O metodo proposto é a análise histórica através<br />

do levantamento das técnicas no tempo e análise<br />

comparativa entre a “Casa de Araucária” e a casa<br />

contemporânea em madeira com ênfase nos sistemas<br />

construtivos existentes hoje no mercado.<br />

Figura 1.16<br />

Casa em São José dos Pinhais-PR.<br />

Foto do autor, 2005.<br />

Figura 1.17<br />

Casa em São José dos Pinhais-PR.<br />

Foto do autor, 2005.<br />

Figura 1.18<br />

Casa em São José dos Pinhais-PR.<br />

Foto do autor, 2005.<br />

8


O foco principal desta análise é a pré-fabricação e<br />

industrialização da arquitetura em madeira. Existem<br />

algumas pesquisas relevantes sobre o tema em Curitiba:<br />

O livro “A Arquitetura em Madeira: Uma Tradição<br />

Paranaense” de 1987. A tese do professor Imaguire<br />

de 1993. E a dissertação de mestrado da professora<br />

Stinghen de 2002. Informalmente, há na Universidade<br />

Federal do Paraná, uma linha de pesquisa da qual<br />

participam alguns professores e ex-alunos, sendo<br />

que os trabalhos desenvolvidos apresentam alguma<br />

evolução com relação aos trabalhos anteriores.<br />

A dissertação proposta faz referência aos trabalhos<br />

anteriores e traz como acréscimo as questões<br />

relacionadas à industrialização desta arquitetura<br />

tradicional e traz também questões referentes à<br />

produção de uma arquitetura social que possibilitou<br />

acesso à moradia para as pessoas de baixa renda.<br />

Propõe um estudo de caso de uma empresa que<br />

produziu em série habitação de interesse social. Foi<br />

apresentada uma análise das técnicas existentes e<br />

sua relação com o acesso à habitação.<br />

A pesquisa ocorreu nas seguintes fases:<br />

- Estudo da bibliografia existente.<br />

- Foi elencado um número significativo de casas<br />

tradicionais de madeira na região de Curitiba e<br />

Figura 1.19<br />

Casa Rua Henrique Itiberê da Cunha, em<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.20<br />

Casa Rua Pe. Francisco Aulling,<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.21<br />

Casa Rua <strong>Domingos</strong> Nacimento,<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

9


feita uma análise do sistema construtivo, questões<br />

sócio-ambientais, tipologias entre outras questões<br />

analisadas.<br />

- Levantamento Fotográfico. Foram fotografadas<br />

aproximadamente duas mil casas (um total de 4280<br />

fotos), tendo como parâmetro a classificação tipologica<br />

das casas de madeira curitibanas proposta por<br />

Imaguire (2001). As fotos classificadas servem como<br />

documentação e comprovação da técnica construtiva,<br />

bem como a variação tecnológica e a flexibilidade<br />

do sistema.<br />

- Foram estudadas as habitações produzidas pela<br />

Rede Ferroviária entre o final do século XIX até a<br />

década de 1970 (foi quando a Rede Ferroviária deixou<br />

de produzir casas de madeira).<br />

- Foi estudada a tecnologia de pré-fabricação em<br />

madeira das casas analisadas.<br />

- Foram analisadas as técnicas contemporâneas<br />

existentes e alguns exemplares construídos.<br />

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO<br />

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO.<br />

Neste capítulo é explicado o contexto da pesquisa,<br />

os objetivos, a metodologia adotada e a estrutura<br />

da dissertação.<br />

Figura 1.22<br />

Casa Rua Dr. Raul C. Filho,<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.23<br />

Casa Rua Ângelo Sampaio,<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.24<br />

Casa Rua José Kloss,<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

10


CAPÍTULO 2 - ARQUITETURA POPULAR.<br />

Neste capítulo será apresentada a definição de<br />

arquitetura popular, que usualmente é chamada de<br />

arquitetura vernacular. Como o estudo proposto é<br />

sobre arquitetura de madeira tradicional, a importância<br />

deste capítulo é fundamental para compreensão dos<br />

fatores que possibilitaram a existência da “Casa de<br />

Araucária”. Será apresentado, além da definição de<br />

arquitetura popular, sob o ponto de vista de alguns<br />

autores, um panorama geral da arquitetura popular,<br />

relação da arquitetura popular e imigração e a<br />

arquitetura popular em Curitiba.<br />

CAPÍTULO 3 - A CASA DE ARAUCÁRIA.<br />

Conceituação e detalhamento da “Casa de Araucária”<br />

tendo como referência as pesquisas que abordam<br />

o tema e levantamento de campo. Este capítulo<br />

tem como objetivo um detalhamento das técnicas<br />

e saberes construtivos, antecedentes históricos,<br />

evolução tecnológica, abrangência destas construções<br />

e possíveis origens destas tipologias com referência<br />

ao processo de imigração. Também, questões<br />

relacionadas ao uso destas construções, evolução<br />

tipológica e legislação urbana.<br />

No que se refere à questão construtiva serão analisadas<br />

Figura 1.25<br />

Casa na área rural de Almirante Tamandaré-<br />

PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.26<br />

Casa Rua Ubaldino do Amaral,<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.27<br />

Casa Rua Itupava, em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

11


as serrarias e padronização de bitolas, o detalhamento<br />

estrutural e detalhes construtivos.<br />

CAPÍTULO 4 – INDUSTRIALIZAÇÃO E PRÉ-<br />

FABRICAÇÃO.<br />

Neste capítulo serão apresentadas definições de<br />

alguns autores sobre industrialização, pré-fabricação<br />

e suas relações com a arquitetura. Também será feita<br />

uma análise da pré-fabricação, industrialização de<br />

construções em madeira e quais são as possibilidades<br />

do uso deste material para a produção de residências<br />

em série. Quais são os sistemas industriais existentes<br />

e a possibilidade de acesso moradia que eles<br />

proporcionam.<br />

Será feita uma análise entre a industrialização, pre-<br />

fabricação com relação ao acesso às moradias e<br />

questões habitacionais.<br />

CAPÍTULO 5 - A CASA DE ARAUCÁRIA E A<br />

HABITAÇÃO SOCIAL: ESTUDO DE CASO REDE<br />

DE VIAÇÃO PARANÁ-SANTA CATARINA.<br />

Neste capítulo será apresentado um estudo de caso de<br />

uma empresa que produziu um número significativo de<br />

habitações em madeira, com o objetivo de verificar a<br />

Figura 1.28<br />

Casa Rua Pnta. Luís Thomaszeck,<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 1.29<br />

Casa em Rio Claro do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.30<br />

Casa em Rio Claro do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

12


suposição de que a arquitetura em madeira possibilitou<br />

maior acesso à moradia. Cumprindo esse objetivo será<br />

apresentado o estudo de caso referente a produção<br />

de habitações feitas pela Rede de Viação Paraná-<br />

Santa Catarina. Neste sentido foram estudados os<br />

projetos destas casas que se encontram disponíveis<br />

nos arquivos da RVPSV em Curitiba. A partir deste<br />

material coletado será feito um breve histórico da<br />

habitação social financiada pela RVPSC, um estudo<br />

tipológico das casas e levantamento fotográfico dos<br />

exemplares remanescentes.<br />

CAPÍTULO 6 - A CASA DE MADEIRA<br />

CONT<strong>EM</strong>PORÂNEA.<br />

Neste capítulo serão apresentados os novos paradigmas<br />

da construção em madeira, a produção contemporânea<br />

desta arquitetura com ênfase na arquitetura brasileira<br />

e curitibana. O objetivo é montar um panorama do<br />

que se produz aqui no Brasil e em Curitiba. Há uma<br />

variedade de bibliografia disponível e mensalmente<br />

são publicados exemplares nas principais revistas<br />

de arquitetura do país.<br />

Serão discutidas questões como a relação entre a<br />

construção em madeira e a preservação do meio<br />

ambiente.<br />

Figura 1.31<br />

Casa Rua Francisco Scremin<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.32<br />

Casa Rua Nicola Pellanda<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.33<br />

Casa Rua Nicola Pellanda<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

13


CAPÍTULO 7 - CONCLUSÃO E<br />

PERSPECTIVAS<br />

Apresentação das considerações finais, fazendo uma<br />

relação entre os capítulos apresentados.<br />

Será apresentada a relação entra a arquitetura<br />

tradicional e contemporânea, um dos pontos principais<br />

do trabalho.<br />

Neste capítulo serão apresentadas as perspectivas<br />

da construção em madeira com base no material<br />

analisado. Também será elencada uma série de<br />

possíveis rumos para pesquisas nesta área, as<br />

dificuldades encontradas e as complementações<br />

necessária para pesquisas futuras.<br />

Figura 1.34<br />

Casa Colônia Muricy em São José dos<br />

Pinhais-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 1.35<br />

Casa em Irati-PR.<br />

Foto Marialba R. G. Imaguire, 2005.<br />

Figura 1.36<br />

Casa em Cruz Machado-PR.<br />

Foto Marialba R. G. Imaguire, 2005.<br />

14


2. ARQUITETURA POPULAR<br />

O termo “arquitetura”é muitas vezes vinculado a uma<br />

edificação projetada por um arquiteto (figura 2.1).<br />

Dificilmente se considera uma construção feita pelas<br />

camadas médias e pobres e como tal, atribuindo<br />

a estas construções pouco valor. Isto fica claro na<br />

escassa bibliografia especializada neste assunto.<br />

Existem poucos livros sobre as construções mais<br />

simples, feitas à revelia das vanguardas e das correntes<br />

acadêmicas. Porém, a grande maioria das construções,<br />

principalmente no Brasil, não são projetadas por<br />

arquitetos e nem mesmo por outros profissionais, como<br />

técnicos em edificações ou engenheiros (figura 2.2).<br />

Como afirma Weimer (2005), a arquitetura popular,<br />

de forma genérica, não faz parte do imaginário dos<br />

arquitetos. A maioria dos trabalhos e levantamentos<br />

feitos sobre o tema são produzidos em outras áreas,<br />

principalmente nas ciências humanas. São poucos os<br />

estudos feitos por arquitetos sobre estas manifestações<br />

populares. O que nos leva a crer que esta arquitetura<br />

não é de interesse destes profissionais, que têm como<br />

foco principal as vanguardas arquitetônicas, que na<br />

maioria das vezes, são produzidas no exterior (figura<br />

2.3).<br />

Todavia, esta arquitetura existe e está presente em<br />

nossas cidades e no campo. Ela possui qualidades<br />

técnicas, plásticas e funcionais. E, segundo Silva<br />

Figura 2.1<br />

Projeto da Praça do Comércio, Projeto feito<br />

por Grandjean Montegny em 1819-20.<br />

Coleção Biblioteca Nacional, Rio de<br />

Janeiro.<br />

Fonte: BANDEIRA, J.; XEXÉO, P. M. C.;<br />

CONDURU, R. A Missão Francesa. Rio<br />

de Janeiro: Sextante Artes, 2003.<br />

Figura 2.2<br />

Amazônia: A Arte da Vida Ribeirinha.<br />

foto Pedro Martinelli, sem data.<br />

Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura<br />

do Brasil. São Paulo: Editora Abril,<br />

1999.<br />

15


(2005), várias vezes, não possui autor e, sim, uma<br />

autoria coletiva, baseada em tradições construtivas,<br />

com o saber construir transmitido de geração para<br />

geração sem muita contestação (figura 2.4). Estas<br />

técnicas construtivas, de domínio público, foram as<br />

responsáveis pela configuração de nossas cidades,<br />

apresentando uma diversidade de soluções que<br />

corresponde a diversidade cultural do nosso país.<br />

Não há como traçar uma divisão rígida entre a<br />

arquitetura popular e a acadêmica, haja visto que<br />

algumas edificações, provenientes do saber popular,<br />

são eleitas como eruditas devido ao seu alto grau<br />

de qualidades arquitetônicas, como é o caso da<br />

arquitetura residêncial do ciclo mineiro ou a casa<br />

bandeirista (figura 2.5). E em algumas sociedades,<br />

como a japonesa, as propostas de arquitetos são<br />

baseadas em saberes populares de carpinteiros e<br />

artesões.<br />

Contudo, neste trabalho classifica-se a arquitetura em<br />

erudita e popular, segundo a definição a seguir:<br />

O termo “erudito”, como define Houaiss (2001), está<br />

relacionado ao sujeito que tem erudição, o qual por<br />

sua vez, é definido como instrução, conhecimento ou<br />

cultura variada adquirida por meio de estudo. A palavra<br />

“erudito” tem sua raiz no latim “eruditio”, que significa:<br />

ação de ensinar, instrução, saber e conhecimento.<br />

Figura 2.3<br />

Disney Concert Hall.<br />

Projeto do aquiteto Frank Gehy<br />

Fonte: http://blog.miragestudio7.com. Acesso<br />

em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.4<br />

Mestre Carpinteiro.<br />

Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no Seu<br />

Centenário. Curitiba: Imprensa Paranaense,<br />

1953.<br />

Figura 2.5<br />

Casa Bandeirista.<br />

Fonte: BARDI, P. M. Engenharia e<br />

Arquitetura na Construção. São Paulo:<br />

Raizes Artes Gráficas, 1985.<br />

16


Pode-se afirmar que a arquitetura erudita é produzida<br />

por pessoas que obtem seus conhecimentos sobre<br />

arquitetura e construção por meio de instrução, leitura,<br />

isto é, de maneira acadêmica e formal.<br />

Já o termo “popular”, segundo Houaiss (2001), tem<br />

origem na palavra latina “populus”, que significa “do<br />

povo”. conclui-se então, que a arquitetura popular é<br />

aquela que é produzida pelo povo, pela gente comum.<br />

Weimer (2005) salienta que a arquitetura popular é<br />

a arquitetura própria das camadas intermediárias da<br />

população. Ele busca a origem do termo “popular”<br />

no termo latino “populus”, que designa o conjunto de<br />

cidadãos, onde se excluíam os mais privilegiados e os<br />

escravos, sendo o “populus” os menos afortunados,<br />

a plebe. O autor conclui que a arquitetura popular é<br />

própria do povo e por ele é construída.<br />

É usual encontrar em alguns textos o termo “vernacular”<br />

para caracterizar a arquitetura não erudita. O termo<br />

vernacular caracteriza, segundo Houaiss (2001), algo<br />

próprio de um país ou região. A palavra “vernáculo”<br />

tem sua origem na palavra latina “vernacùlus”, que<br />

significa escravo nascido na casa do senhor. Weimer<br />

(2005) considera que o uso do termo “arquitetura<br />

vernacular” dá caráter pejorativo a ela, sendo mais<br />

prudente chamar a arquitetura não erudita de arquitetura<br />

popular.<br />

ERUDIÇÃO<br />

Datação 1563 HPint I 358<br />

Acepções<br />

substantivo feminino<br />

1 instrução, conhecimento ou cultura<br />

variada, adquiridos esp. por meio da<br />

leitura<br />

2 qualidade de erudito<br />

Etimologia<br />

lat. eruditìo,ìnis ‘ação de ensinar, instrução,<br />

saber, conhecimento’; ver rud-; f.hist. 1563<br />

erudiçam<br />

POPULAR<br />

Datação sXIV cf. RLor<br />

Acepções<br />

adjetivo de dois gêneros<br />

1 relativo ou pertencente ao povo, esp.<br />

à gente comum<br />

2 feito pelas pessoas simples, sem muita<br />

instrução<br />

3 relativo às pessoas como um todo, esp.<br />

aos cidadãos de um país qualificados para<br />

participar de uma eleição<br />

4 encarado com aprovação ou afeto pelo<br />

público em geral<br />

5 aprovado ou querido por uma ou mais<br />

pessoas; famoso<br />

6 que prevalece junto ao grande público,<br />

esp. às massas menos instruídas<br />

7 dirigido às massas consumidoras<br />

8 adaptado ao nível cultural ou ao gosto<br />

das massas<br />

9 ao alcance dos não ricos; barato<br />

Etimologia<br />

lat. populáris,e ‘do povo, público, popular’;<br />

ver popul-; f.hist. sXIV popullares, sXV<br />

popular.<br />

VERNÁCULO<br />

Datação 1708 cf. MBFlos<br />

Acepções<br />

adjetivo<br />

1 próprio de um país, nação, região<br />

2 Derivação: sentido figurado.<br />

diz-se de linguagem correta, sem<br />

estrangeirismos na pronúncia, vocabulário<br />

ou construções sintáticas; castiço<br />

substantivo masculino<br />

3 a língua própria de um país ou de uma<br />

região; língua nacional, idioma vernáculo<br />

Etimologia<br />

lat. vernacùlus,a,um ‘de escravo nascido na<br />

casa do amo; doméstico, de casa, nascido<br />

ou produzido no país, nacional, próprio do<br />

país’, der. de verna,ae ‘escravo nascido<br />

na casa do senhor; escravo, bobo; patife,<br />

velhaco’; ver verna-<br />

Fonte: Dicionário Houaiss da Língua<br />

Portuguesa, 2001<br />

17


A arquitetura popular difere da arquitetura erudita não<br />

somente por não ser uma arquitetura acadêmica ou<br />

formal. A arquitetura popular tem um vínculo estreito<br />

com o meio ambiente onde está inserida (figura 2.6).<br />

Segundo Weimer (2005), isto acontece em virtude<br />

das limitações econômicas as quais esta arquitetura<br />

está sujeita. Esta arquitetura apresenta soluções<br />

construtivas simples, com pouca diversidade de<br />

materiais. Por este motivo apresenta soluções criativas<br />

e boa adaptabilidade ao lugar de sua implantação<br />

(figura 2.7).<br />

Outra questão que agrega valor à arquitetura popular<br />

é o fato de que esta possui um estreito vínculo com<br />

uma tradição construtiva. Essa tradição é expressa por<br />

elementos e formas que identificam as construções de<br />

um grupo de pessoas, onde algumas questões técnicas<br />

como: melhor projeção dos beirais, dimensão e forma<br />

das janelas, vãos e pés direitos, são estabelecidas<br />

através de gerações de construtores. Cada nova<br />

produção, apresenta-se um progresso significativo<br />

em relação a anterior, até o momento em que se<br />

consegue uma solução precisamente definitiva para<br />

o problema e esta solução é repetida quase que<br />

inconscientemente (figura 2.8). Fathy (1980) afirma<br />

que há tradições construtivas que remontam aos<br />

primórdios da sociedade humana e, ainda, estão<br />

vivas. Algumas completaram seu ciclo e acabaram<br />

Figura 2.6<br />

Maloca Yanomami.<br />

Foto de René Fuerst, 1961.<br />

Fonte: site www.socioambiental.org. Acesso<br />

em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.7<br />

Casa Rua Nicola Pelanda no Umbará<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.8<br />

Detalhe dos lambrequins cujas funções são<br />

proteger os caibros e servir como pingadeira<br />

protegendo as paredes das interpéries. Por<br />

possuir muita plasticidades este elemento foi<br />

sendo reproduzido e alterado apresentando<br />

grande variação de desenhos e formas. Sua<br />

função é quase que esquecida tornando-se<br />

um elemento estético.<br />

Casa em Irati-PR.<br />

Foto de Jussara Valentini, 2007.<br />

18


desaparecendo. Outras estão surgindo recentemente<br />

e outras são sufocadas pela arquitetura erudita, tendo<br />

como agente principal o arquiteto. Fathy (1980) cita,<br />

como exemplo, o tamanho correto de uma janela, onde<br />

gerações de construtores chegaram a uma solução<br />

precisa, através de décadas para dimensioná-la,<br />

seguindo suas tradições arquitetônicas, estreitamente<br />

vinculadas a questões ambientais locais. A alteração<br />

deste vão, grosseiramente substituído por uma parede<br />

de vidro proveniente da arquitetura erudita, mais<br />

precisamente do modernismo (figura 2.9 e figura 2.10),<br />

gera muitos problemas. Há um aumento considerável de<br />

irradiação em um espaço onde existia uma luz difusa<br />

e suave, proveniente do conhecimento de gerações,<br />

é substituído por um espaço que apresenta claridade<br />

excessiva. Geralmente esta alteração se repete em<br />

outras construções por se tratar de algo novo e moderno.<br />

A tradição construtiva é substituída e posteriormente,<br />

esquecida. Este processo contribui para a perda de<br />

qualidade das construções e o aumento do consumo<br />

de energia, quando a nova construção se desvincula<br />

das questões ambientais locais (figura 2.11).<br />

O autor afirma que as qualidades artísticas do<br />

arquiteto não serão sufocadas caso ele caminhe<br />

dentro da tradição de sua cultura. Pelo contrário,<br />

estas qualidades se espressarão em contribuições<br />

relevantes à tradição e concorrerão para o avanço<br />

Figura 2.9<br />

Casa Farnsworth do arquiteto Mies Van<br />

der Rohe<br />

Foto de Maria Thereza, 2005.<br />

Fonte: www.farnsworthhousefriends.org.<br />

Acesso em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.10<br />

Detalhe das janelas substituída por panos<br />

de vidro.<br />

Casa Rua Manoel Ribas em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.11<br />

Janelas com vários ar-condicionados<br />

Gasto de energia em função da arquitetura<br />

não estar adaptada ao ambiente onde foi<br />

inserida.<br />

Fonte: http://wordsimages.blogspot.com.<br />

Acesso em 19 de abril de 2007.<br />

19


de sua cultura e sua sociedade.<br />

Com o movimento moderno e a estandartização da<br />

construção, a arquitetura feita pelo povo foi perdendo<br />

cada vez mais espaço para arquitetura dita erudita<br />

(figura 2.12) . O arquiteto, detentor do conhecimento<br />

acadêmico e com influências dos movimentos<br />

internacionais de vanguarda, não deu a devida<br />

importância à construção feita pelo homem do povo,<br />

tampouco compreendeu sua complexidade e suas<br />

estreitas relações com costumes locais, aspectos<br />

sociais, culturais e ambientais. Esta arquitetura, que<br />

erroneamente não era classificada como tal, foi deixando<br />

de ser produzida. Seus artesãos e construtores, ao<br />

procurar outros ofícios, deixaram que o conhecimento<br />

acumulado por gerações se tornasse obsoleto (figura<br />

2.13 e figura 2.14). Este processo de substituição,<br />

de uma técnica tradicional por uma outra moderna, é<br />

algo inerente ao homem. Dentro da própria arquitetura<br />

tradicional, isto acontece com a descoberta de novos<br />

materiais ou o esgotamento de outros, porém, esta<br />

substituição não se dá de maneira tão brusca como<br />

aconteceu no século passado, devido aos progressos<br />

da industrialização e evolução tecnológicas do processo<br />

construtivo. Pode-se afirmar que esta arquitetura,<br />

chamada de popular, vernacular ou tradicional está<br />

vinculada a um primeiro estágio de modernidade onde<br />

os materiais empregados na construção das habitações<br />

Figura 2.12<br />

Conjunto do BNH em Ji-Paraná-Ro, sem<br />

data.<br />

Fonte: http://biblioteca.ibge.gov.br. Acesso<br />

em 19 de abril de 2007.<br />

Figura 2.13<br />

Riqueza de detalhamento demonstra a<br />

criatividade dos mestres carpinteiros.<br />

Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.14<br />

Detalhes internos.<br />

Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR.<br />

Foto de Marialba Gaspar Rocha Imaguire,<br />

sem data.<br />

20


e demais edifícios são extraídos diretamente do meio<br />

natural (figura 2.15 e figura 2.16). A transformação<br />

de tais materiais em habitação, não requer uma<br />

transformação das características físicas e mecânicas<br />

destes. A madeira continua sendo madeira, a pedra<br />

continua sendo pedra e o barro continua sendo barro.<br />

O conhecimento tecnológico é aplicado na extração<br />

destes materiais para que eles tenham uma maior<br />

durabilidade na confecção e preparo das peças, para<br />

que apresentem um melhor desempenho mecânico<br />

com relação a questões estruturais da edificação e<br />

respondam, de maneira eficiente, ao meio ambiental<br />

onde estão inseridos; salientando questões como<br />

intempéries, radiação solar, ventos e proteção contra<br />

insetos e fungos (figura 2.17).<br />

Desta junção de materiais nasce a arquitetura popular.<br />

É o que Lévi-Strauss (1962) nomeia como “bricolage”.<br />

O autor afirma que o “bricoleur” está apto a realizar<br />

um grande número de tarefas diversificadas, porém<br />

comparando-o com o engenheiro, este não subordina<br />

nenhuma delas à obtenção de matérias-primas<br />

específicas e utensílios procurados à medida em que<br />

concebe seu projeto. O “bricoleur” tem seu universo<br />

fechado e produz sua construção com um conjunto<br />

sempre finito de utensílios e materiais variados (figura<br />

2.18). Ele não possui oportunidades que se apresentam<br />

de maneira variada, para renovar e enriquecer as<br />

Figura 2.15<br />

Serraria de Pinho, propriedade de Nicolau<br />

Harmuch em Iraty – PR.<br />

Fonte: Album do Estado do Paraná, 1920.<br />

Figura 2.16<br />

Serraria Santo Antônio, Município de<br />

Rebouças–PR.<br />

Fonte: Album do Estado do Paraná, 1921.<br />

Figura 2.17<br />

Detalhe dos lambrequins e soltura do<br />

oitão, ambos funcinam como proteção as<br />

interpéries aumentando a longevidade da<br />

construção.<br />

Foto Marialba Gaspar Rocha Imaguire,<br />

sem data<br />

21


técnicas construtivas. O conjunto que se apresenta<br />

é limitado ao uso, onde cada elemento se restringe<br />

a um emprego exato e determinado. Por sua vez, o<br />

engenheiro tem ao seu dispor uma grande variedade<br />

de instrumentos e materiais. Ele os classifica e escolhe<br />

segundo um projeto específico.<br />

Pode-se afirmar que o conhecimento do “bricoleur”<br />

faz com que sua produção não exceda a capacidade<br />

de sustentação deste universo e não extrapole seu<br />

tênue equilíbrio (cultural ou ambiental). A construção<br />

do “bricoleur” é a arquitetura popular. Já o engenheiro,<br />

por ter a sua disponibilidade grande quantidade de<br />

instrumentos e materiais, não compreende os estreitos<br />

vínculos existentes no universo fechado do “bricoleur“,<br />

correndo o risco de produzir uma construção erudita,<br />

sem qualquer vínculo cultural ou ambiental com este<br />

universo. Por este motivo, é tão importante para os<br />

arquitetos o estudo desta arquitetura popular. Não<br />

para repetí-la sem qualquer questionamento, mas<br />

para se ter o conhecimento destas várias arquiteturas,<br />

já que este conhecimento os auxiliará em questões<br />

como: conforto ambiental, diminuição dos custos<br />

das construções e compreensão do nosso passado<br />

arquitetônico.<br />

Saia (1978) afirma que a arquitetura tradicional merece<br />

ser estudada pelos arquitetos contemporâneos, no<br />

BRICOLAG<strong>EM</strong><br />

Acepções<br />

substantivo feminino<br />

trabalho ou conjunto de trabalhos manuais<br />

feitos em casa, na escola etc., como distração<br />

ou por economia<br />

Etimologia<br />

fr. bricolage ‘trabalho intermitente’, der. de<br />

bricoler (1480) ‘movimento de ir e vir’, de<br />

orig.contrv.<br />

Uso<br />

gal. mais corrente em Portugal<br />

Figura 2.18<br />

Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”.<br />

Colônia Muricy em São José dos Pinhais-<br />

PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.19<br />

Casa de troncos chamada de “Casa Polaca”.<br />

Colônia Muricy em São José dos Pinhais-<br />

PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

As figuras 2.18 e 2.18 expõe uma arquitetura<br />

totalmente vinculada com o meio em que<br />

está inserida. Os materiais de contrução<br />

são extraidos diretamente da natureza,<br />

sem possibilidade de uso de materiais<br />

provenientes de outros locais.<br />

Tendo disponível somente a madeira a<br />

casa é construída com troncos encaixados<br />

e a cobertura original era em tábuas de<br />

madeira.<br />

Esta seria a arquitetura produzida pelo<br />

“Bricoleur” como afirma LÉVI-STAUSS<br />

(1962) .<br />

22


sentido de contribuir com sua formação em questões<br />

vinculadas ao ordenamento do espaço e a escolha dos<br />

esquemas construtivos mais satisfatórios. Sua apurada<br />

sensibilidade de selecionar os resultados plásticos<br />

verdadeiramente expressivos conferem a construção<br />

um maior significado social (figura 2.20). Segundo o<br />

autor, uma das qualidades essênciais do arquiteto é<br />

a sensibilidade de perceber os fatores regionais e as<br />

realidades sociais para quem a arquitetura se destina.<br />

porque esta deverá sempre estar em sintonia com a<br />

estrutura íntima desta comunidade. A interpretação<br />

direta destes problemas confere a arquitetura uma<br />

simplicidade apenas aparente, porém capaz de<br />

solucionar os problemas propostos (figura 2.21).<br />

A inteligência da arquitetura tradicional consiste,<br />

basicamente em resolver sem pretenções, os problemas<br />

propostos pela comunidade. Segundo Saia (1978),<br />

esta arquitetura se mantém num alto nível de respeito<br />

próprio o que a deferencia de alguns exemplares<br />

modernistas da década se setenta, cuja repetição de<br />

soluções previamente determinadas (como rampas,<br />

pilotis e brise-soleil) conferia a elas apenas uma<br />

busca formal para incluí-los dentro do movimento<br />

modernista. Sendo esta busca totalmente desvinculada<br />

das realidades sociais das comunidades para quem<br />

eram destinadas.<br />

Figura 2.20<br />

Conjunto arquitetônico de uma fazenda de<br />

café em Japira-PR.<br />

A hierarquia das construções está vinculada<br />

com questões sociais e funcionais. A casa<br />

fica no alto possibilitando visualizar desde<br />

a colheita até a secagem do café.<br />

O terreiro é em degraus o que favorece a<br />

separação e classificação dos grãos.<br />

A Foto de Maurício Maas, 1985.<br />

Figura 2.21<br />

Detalhe pilar do Sítio do Padre Inácio em<br />

Cotia-SP.<br />

Foto sem autor e data.<br />

Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />

- Professor Key Imaguire Jr.<br />

23


2.1. Arquitetura Popular no Brasil<br />

A arquitetura popular no Brasil apresenta diversidade<br />

de soluções e tipologias, fruto da grande extensão<br />

territorial e diversidade cultural presentes na formação<br />

e evolução do país.<br />

Há muitos estudos relevantes sobre a arquitetura popular<br />

brasileira, alguns feitos por profissionais das ciências<br />

sociais e outros elaborados por arquitetos, muitos<br />

deles modernistas. Têm-se a compreensão errônea de<br />

que o movimento modernista brasileiro rompeu com a<br />

arquitetura tradicional. Há um rompimento, mas este<br />

não acontece de maneira definitiva. Muitos arquitetos<br />

vão buscar na racionalidade e funcionalidade da<br />

arquitetura popular inspiração, como se pode verificar<br />

no trabalho de muitos arquitetos como Lúcio Costa<br />

(figura 2.22 e figura 2.23), Lina Bo Bardi (figura 2.24)<br />

e Severiano Porto (figura 2.25).<br />

A arquiteta Lina Bo Bardi era uma defensora da<br />

arquitetura e da arte popular. Mesmo fiel aos preceitos<br />

da arquitetura modernista alguns de seus projetos<br />

tem referências claras do saber construir do homem<br />

do povo. Temos, como exemplo, a escada do Museu<br />

de Arte Popular do Unhão em Salvador, onde Bardi<br />

(1959) constrói uma nova escada com um sistema de<br />

encaixes dos antigos carros de boi (figura 2.26 e figura<br />

2.27). Neste exemplo, a tecnologia tradicional milenar<br />

Figura 2.22<br />

Rio de Janeiro:<br />

A Paisagem de Lúcio Costa<br />

foto Nana Moraes, sem data.<br />

Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura<br />

do Brasil. São Paulo: Editora Abril,<br />

1999.<br />

Figura 2.23<br />

Rio de Janeiro:<br />

A Paisagem de Lúcio Costa<br />

foto Nana Moraes, sem data.<br />

Fonte: PALMA, A.; ORAGGIO, L. Arquitetura<br />

do Brasil. São Paulo: Editora Abril,<br />

1999.<br />

Nas figuras 2.22 e 2.23 verifica-se a relação<br />

entre a arquitetura modernista e a popular.<br />

Lúcio Costa mesmo usando a pele de<br />

vido, uma solução modernista, controla o<br />

excesso de luz com cobogos cerâmicos, o<br />

que nos lembra as rótulas e moxarabis da<br />

arquitetura colonial.<br />

24


é transportada para um outro objeto e transformada<br />

na obra focal da intervenção arquitetônica. O saber<br />

construir tradicional se transforma em arquitetura<br />

erudita e se afirma como obra de arte.<br />

Bardi (1992) defende a idéia de que o homem do povo<br />

é o arquiteto de verdade. Sendo Bardi uma das grandes<br />

expressões da arquitetura modernista paulistana, a<br />

afirmação tem importância, pois subvertendo toda a<br />

lógica entre arquitetura popular e erudita. No texto,<br />

a autora afirma que as qualidades da arquitetura<br />

modernista são as mesmas da arquitetura popular e traça<br />

uma dura crítica a influencia do mercado imobiliário e<br />

dos modismos na arquitetura brasileira, que segundo a<br />

autora resultam em uma arquitetura de má qualidade,<br />

em uma não arquitetura. Em seu texto publicado em<br />

1992, afirma que a verdadeira arquitetura, sem erros,<br />

sem o conjunto de aparências e preconceitos frutos da<br />

pseudo cultura, é a produzida pelo homem do povo.<br />

“O homem do povo é o arquiteto de verdade, mesmo<br />

que por intuição”, sem o conhecimento erudito, pois<br />

constrói para suprir as exigências de sua vida. “A<br />

harmonia de suas construções é a harmonia natural<br />

das coisas não contaminadas pela falsa cultura, pela<br />

soberba e pelo dinheiro”, visto pela arquiteta como<br />

os modismos arquitetônicos propostos pelo mercado<br />

imobiliário. Bardi (1992) entende por “falsa cultura” as<br />

referências históricas e os influências arquitetônicos<br />

Figura 2.24<br />

Igreja do Espírito Santo do Serrado em<br />

Uberlândia-SP<br />

Fonte: FERRAZ, M. C. Lina Bo Bardi.<br />

São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria<br />

Bardi, 1993.<br />

Figura 2.25<br />

Residência Severiano Porto, Manaus AM,<br />

1971. Arquiteto Severiano Mário Porto. Foto<br />

Severiano Porto.<br />

Fonte: www.vitruvius.com.br. Acesso em 19<br />

de abril de 2007.<br />

Figura 2.26<br />

Escada do Solar do Unhão em Salvador-<br />

BA. A estrutura é em encaixes de madeira<br />

inspirada nos antigos carros de boi.<br />

Fonte: FERRAZ, M. C. Lina Bo Bardi.<br />

São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria<br />

Bardi, 1993.<br />

25


aceitas pelas correntes ditas pós-modernas. Sendo fiel<br />

aos preceitos modernistas, condena o uso de elementos<br />

decorativos (segue os preceitos de Adolph Loos em<br />

seu artigo publicado em 1908, intitulado: “Ornamneto<br />

é Crime”), como afirmou e considerados supérfulos<br />

ou o uso de estilos arquitetônicos importados, sem<br />

nenhuma referência com o local de implantação.<br />

Em seu texto, defende a casa do homem comum,<br />

que tem qualidades arquitetônicas semelhantes as<br />

mesmas propostas pelos modernistas, onde a casa é<br />

um espaço simples e sem retóricas, com os lugares<br />

cuidadosamente calibrados e pensados, onde é possível<br />

viver e principalmente pensar, e onde se encontra a<br />

poesia da arquitetura. Estas qualidades modernistas,<br />

como a ausência de elementos que não encontram<br />

uma função específica na construção e a racionalidade<br />

dos espaços assinalados como “cuidadosamente<br />

calibrados e pensados”, são facilmente encontradas<br />

na arquitetura produzida pelas camadas populares<br />

do país e são pouco absorvidas pelo grande mercado<br />

consumidor, que não vê as casas somente como um<br />

objeto que cumpre a função de moradia e, sim, como<br />

um produto a ser comercializado (figura 2.28). Saia<br />

(1978) compartilha da mesma idéia, porém, sua crítica<br />

é focada no uso indevido de elementos modernistas,<br />

colocados a revelia por alguns arquitetos para afirmar<br />

o estilo. Esta arquitetura também foi produzida e<br />

Figura 2.27<br />

Projeto da Escada do Solar do Unhão em<br />

Salvador-BA. Fonte: FERRAZ, M. C. Lina<br />

Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e<br />

Pietro Maria Bardi, 1993.<br />

Figura 2.28<br />

Maquete eletrônica do Shopping Estação<br />

Plaza Show em Curitiba-PR.<br />

O projeto foi executado mesmo tendo ao lado<br />

um importantíssimo edifício que abrigava<br />

a antiga estação ferroviária de Curitiba. O<br />

projeto atual não respeitou o antigo edifício<br />

e sua volumetria não possui nenhum vínculo<br />

com a arquitetura local.<br />

Fonte: www.amanha.terra.com.br.<br />

Acesso em 19 de abril de 2007.<br />

26


absorvida pelo mercado consumidor da mesma maneira<br />

que a arquitetura pós-moderna.<br />

Os dois autores buscam um vínculo estreito entre a<br />

arquitetura e as questões sociais, culturais e físicas<br />

do local onde a arquitetura é implantada e a relação<br />

desta com a comunidade para quem ela se destina.<br />

Questões como estas estão muito distantes da vida<br />

profissional de muitos arquitetos que se desvinculam<br />

das questões locais e buscam referências formais e<br />

tecnológicas externas sem um maior comprometimento<br />

com o usuário final (figura 2.29).<br />

Segundo Saia (1978), “A análise da arquitetura<br />

tradicional é, por isso de estimável ajuda na formação<br />

do arquiteto comtemporâneo: no sentido de contribuir<br />

substancialmente para a criação de uma estrutura mental<br />

capaz de enfrentar, com propriedade e adequação, as<br />

questões de ordenamento do espaço; esclarecida o<br />

suficiente para a escolha dos esquemas construtivos<br />

mais satisfatórios para cada caso (...).”<br />

No entanto, não se pode esquecer que a arquitetura<br />

é também um símbolo de status econômico e cultural,<br />

portanto, não é possível retornar à pureza funcional e<br />

formal da arquitetura vernacular (figuras 2.30 e 2.31).<br />

Esta merece ser estudada, todavia não podemos<br />

reproduzi-la, pois como afirma Saia (1978), “Se cada<br />

época e cada comunidade tem uma temática expressiva<br />

Figura 2.29<br />

Tenerife Ópera House do arquiteto Santiago<br />

de Calatrava iniciada em 1991.<br />

Fonte:www.arch.mcgill.ca. Acesso em 19<br />

de abril de 2007.<br />

Figura 2.30<br />

Edifício construído na década de 90 para<br />

abrigar a Sede do IPHAN em Tiradentes-<br />

MG.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.31<br />

Edifício construído na década de 90 para<br />

abrigar a Sede do IPHAN em Tiradentes-<br />

MG.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

As figura 2.30 e 2.31 mostram a simples<br />

reprodução de uma arquitetura popular<br />

produzida no século XVIII sem nenhum<br />

questionamento ou adaptação ao modo de<br />

viver da época quando foi implantada.<br />

27


e uma intenção peculiar, é evidente teimosia pretender<br />

repetir experiências plásticas destituindo-as de senso<br />

de funcionalidade, (...)”.<br />

Podem-se, portanto compreender os fenômenos que<br />

a fazem surgir e através deste entendimento, propor<br />

uma arquitetura que possua os mesmos vínculos da<br />

arquitetura popular e também, produzir uma arquitetura<br />

contemporânea, que reflita as questões culturais,<br />

sociais e econômicas do nosso tempo.<br />

2.2. Arquitetura Popular no Paraná<br />

No Paraná, a arquitetura está intimamente ligada aos<br />

movimentos de imigração que ocorreram no final do<br />

século XIX até a primeira metade do século XX. Neste<br />

período, as arquiteturas de origem portuguesa e a de<br />

origem indígena, também consideradas populares,<br />

foram cedendo lugar à arquitetura do imigrante e,<br />

hoje, poucos exemplares desta arquitetura colonial<br />

permaneceram (figuras 2.32, 2.33 e 2.34).<br />

O imigrante não encontrou no Brasil os mesmos<br />

materiais existentes no seu país de origem, para a<br />

confecção das moradias. A adaptação das técnicas<br />

construtivas destes imigrantes, provenientes de vários<br />

países europeus e asiáticos, com o ambiente natural<br />

rico e diversificado resultou em uma arquitetura rica<br />

e singular.<br />

Figura 2.32<br />

Vista da Rua XV de Novembro provavelmente<br />

no final do século XIX.<br />

Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />

Paraná.<br />

Figura 2.33<br />

Vista da Rua XV de Novembro provavelmente<br />

no início do século XX.<br />

Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />

Paraná.<br />

Figura 2.34<br />

Vista do bairro Batel, 1906.<br />

Chalés em alvenaria em primeiro plano.<br />

Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />

Paraná.<br />

28


Weimer (1987), relatando sobre a arquitetura do<br />

imigrante alemão no Rio Grande do Sul, afirma que<br />

este imigrante agiu de acordo com um repertório que<br />

lhe era familiar e tentou reproduzí-lo de acordo com<br />

suas possibilidades materiais. Esta adaptação está<br />

presente em toda a arquitetura da imigração no Brasil.<br />

Segundo Imaguire (1993), o colonizador europeu, no<br />

Brasil, tinha disponiveis os três materiais básicos para<br />

construção: a madeira, o barro e a pedra, porém, a<br />

madeira era o mais rico em possibilidades.<br />

O exemplar mais significativo desta arquitetura de<br />

imigração no Paraná é a “Casa de Araucária” (figuras<br />

2.35, 2.36 e 2.37), intitulada assim por Imaguire<br />

(1993).<br />

A “Casa de Araucária” é a arquitetura típica da<br />

região onde se encontrava a mata de araucária,<br />

que se estendia pelos estados do Sul do país e sua<br />

maior densidade era no estado do Paraná. É uma<br />

arquitetura feita com madeira extraída da araucária<br />

em processo industrial, através das serrarias (figura<br />

2.38). A construção é formada basicamente com<br />

madeira. As paredes são com tábuas e mata-juntas. E<br />

o soalho, o forro, as esquadrias e tesouras do telhado<br />

são deste material. As fundações são em pedra,<br />

tijolo e, em alguns exemplos, em madeira mais dura,<br />

como imbúia. E a cobertura com telhas cerâmicas,<br />

sendo que, nos primeiros exemplares, a cobertura<br />

Figura 2.35<br />

Casa Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.36<br />

Casa Rua Henrique Itiberê da Cunha em<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 2.37<br />

Conjunto arquitetônico na Colônia Mariental<br />

em Balsa Nova-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

29


também era feita com tábuas de madeira, chamadas<br />

“tabuinhas” (figura 2.39).<br />

Imaguire (1993) afirma que a “Casa de Araucária” é um<br />

sincretismo construtivo de origem indefinível, mas de<br />

afirmação e expressão paranaense. Esta arquitetura<br />

sofreu uma contínua evolução e adaptação, inclusive<br />

com a alteração da espécie de madeira, como ocorreu<br />

na região denominada Norte Novo (figura 2.40) e está<br />

presente em quase todas as cidades do Paraná, sendo<br />

sua mais expressiva arquitetura popular. Embora, em<br />

alguns casos, como a Casa Pereira, em São Mateus<br />

do Sul, a Casa Estrela e a Casa e a Casa <strong>Domingos</strong><br />

Nascimento (hoje sede do IPHAN) em Curitiba, a<br />

arquitetura deixa de ser popular e figure entre a<br />

arquitetura erudita paranaense.<br />

Atualmente, esta técnica ainda persiste, porém sem<br />

a expressão arquitetônica e apuro construtivo dos<br />

exemplares tradicionais e com madeiras de menor<br />

qualidade. Fica assim demonstrado, que cumpriu<br />

seu ciclo evolutivo e por isso merece ser estudada<br />

e relatada.<br />

Figura 2.38<br />

Serraria de Pinho no Paraná, 1906.<br />

Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />

Paraná.<br />

Figura 2.39<br />

Habitações temporarias para os imigrantes<br />

ucranianos em Prudentópolis-PR datadas<br />

do final do século XIX.<br />

Fonte: Museu do Milênio<br />

em Prudentópolis-PR.<br />

Figura 2.40<br />

Casa de Peroba, da década de 50, em<br />

Londina-PR<br />

Fonte: ZANI, L. C. Arquitetura em<br />

Madeira. São Paulo: IMESP, 2003.<br />

30


3. A CASA DE ARAUCÁRIA<br />

3.1. CONCEITUAÇÃO<br />

O Termo “Casa de Araucária” foi proposto por Imaguire<br />

(1993) para caracterizar a construção onde se utiliza<br />

como matéria-prima a madeira proveniente da Araucária<br />

angustifólia (figura 3.1), popularmente conhecida<br />

como “Pinheiro do Paraná”. Outra característica é<br />

o sistema construtivo adotado para confecção das<br />

paredes, conhecido como tábuas verticais e mata-<br />

juntas (figura 3.2).<br />

Imaguire (1993) afirma que na casa paranaense a<br />

obtenção industrial da madeira é pressuposto e esta<br />

industrialização ocorreu com o aparecimento das<br />

primeiras serrarias a vapor que resultavam em um<br />

maior aproveitamento da madeira e normatização<br />

das dimensões e bitolas, pressupondo um sistema<br />

construtivo, sendo que a totalidade das construções<br />

apresentam apenas seis secções de madeiras, como<br />

constatado em levantamentos (figura 3.3).<br />

A Casa de Araucária foi a arquitetura popular mais<br />

marcante nas paisagens do Rio Paraná, porém sua<br />

ocorrência não se limitou às divisas do estado.<br />

Em quase toda extensão da floresta de araucária<br />

(figura 4.4), que abrangia principalmente os estados<br />

do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,<br />

Figura 3.1<br />

Araucária<br />

Fonte: SCHEIER, P. O Paraná no<br />

Seu Centenário. Curitiba: Imprensa<br />

Paranaense, 1953.<br />

Figura 3.2<br />

Detalhe da parede de tábua e matajuntas.<br />

Casa Erbo Stenzel, parque São<br />

Lourenço, Curitiba-PR. Foto do autor,<br />

2005<br />

Figura 3.3<br />

Serraria de pinho, propriedade de<br />

Zarpelão e Burgo - Iraty – PR.<br />

Fonte: Album do Estado do Paraná, 1920.<br />

31


encontra-se remanescentes desta arquitetura, com<br />

muitas variações regionais, mas que na essência<br />

mantém as mesmas características construtivas e<br />

tecnológicas, fato este também constatado durante<br />

as fases de pesquisas e levantamentos de campo<br />

para este trabalho.<br />

O sistema construtivo denominado tábua e mata-juntas<br />

também não é característico apenas da arquitetura<br />

feita com araucária e sim as coníferas de um modo<br />

geral. Por apresentarem fibras longas e um tronco<br />

retilíneo e serem árvores de grande porte, a matéria-<br />

prima pressume a técnica e o mais coerente é o uso<br />

do sistema de tábuas verticais e mata-junta como<br />

acabamento e junta de dilatação.<br />

Durante a pesquisa foi constatada a existência deste<br />

sistema construtivo em Países Nórdicos (figura 3.5), no<br />

Chile (figura 3.6), Canadá e Estados Unidos, contudo,<br />

como a pesquisa fora do território nacional não foi<br />

abrangente, acredita-se na hipótese deste sistema<br />

ser recorrente em outras áreas onde se encontram<br />

coníferas. Verificou-se que este sistema não foi<br />

importado destes países para o Brasil, pois a casa<br />

de araucária aconteceu sem influências externas,<br />

sendo fruto de um sincretismo arquitetônico, como<br />

caracterizado anteriormente.<br />

Figura 3.4<br />

Mapa da Ocorrência da Mata de<br />

Araucária.<br />

Fonte: CN-RBMA - Projeto Inventário dos<br />

Recursos Florestais da Mata Atlântica,<br />

site www.rbma.org.br. Acesso em 22 de<br />

abril de 2007.<br />

Figura 3.5<br />

Casa tradicional na Islândia. Fonte:<br />

GAUZIN-MULLER, D. Le Bois Dans La<br />

Contruction. Paris: Le Montier, 1990.<br />

Figura 3.6<br />

Casa Cruses datada de 1895 em Puren,<br />

Chile<br />

Fonte: site www.municipalidadpuren.<br />

blogspot.com. Acesso em 22 de abril de<br />

2007.<br />

32


3.2. A RELAÇÃO ENTRE A CASA DE ARAUCÁRIA<br />

E A IMIGRAÇÃO<br />

A Casa de Araucária é uma arquitetura vinculada<br />

principalmente à imigração. Não há remanescentes<br />

ou documentos que comprovem a existência deste<br />

sistema construtivo no Brasil Colonial e também, não<br />

há referências desta arquitetura nos países de origem<br />

dos imigrantes. Como afirma Imaguire (1993), é um<br />

sincretismo arquitetônico.<br />

Weimer (2005), referindo-se à arquitetura popular<br />

do imigrante italiano no Rio Grande do Sul, afirma<br />

que embora muitos historiadores tenham valorizado<br />

as construções em pedra, por manterem um vínculo<br />

com a Itália, as construções em tábua são as mais<br />

significativas por expressarem a verdadeira dimensão<br />

da criatividade e da capacidade de adaptação do<br />

imigrante no novo meio (figura 3.7). Na região de<br />

Curitiba, é muito comum vincula-se as construções com<br />

tábua e mata-juntas com presença de lambrequins,<br />

aos poloneses (figura 3.8). Ao se referir a este sistema<br />

construtivo, Weimer (2005) apresenta uma imagem<br />

de uma casa de tábuas com a referência: “uma casa<br />

dita polonesa na periferia de Curitiba, Paraná, com<br />

destaque para os lambrequins”(figura 3.9).<br />

Dudeque (2001) afirma: “acreditou-se que os<br />

lambrequins eram uma prova clara e claríssima da<br />

Figura 3.7<br />

Conjunto de casas de imigração italiana<br />

em Antônio Prado-RS.<br />

Fonte: site www.cameraviajante.com.br.<br />

Acesso em 22 de abril de 2007.<br />

Figura 3.8<br />

Casa com lambrequins. Rua<br />

Desembargador Motta em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006<br />

Figura 3.9<br />

Imagem da casa “dita polonesa” na<br />

periferia de Curitiba.<br />

Fonte: WEIMER, G. Arquitetura<br />

Popular Brasileira. São Paulo: Martins<br />

Fontes, 2005<br />

33


influência germânica ou italiana, pois os construtores<br />

alemães eram os mais ativos da cidade no final do<br />

século XX. Mas como alemães e italianos havia em<br />

outras partes do Brasil, onde os lambrequins (figura<br />

3.10 e figura 3.11) não eram tão triviais, a solução<br />

foi inventar genealogias que acabaram ligando os<br />

lambrequins aos poloneses. Ora, se a maioria dos<br />

poloneses que imigraram para o Brasil se estabeleceram<br />

na região de Curitiba, e como só em Curitiba todas as<br />

casas de madeira foram decoradas com lambrequins, o<br />

lambrequim só podia estar relacionado aos poloneses<br />

ou, pelo menos, esta seria a ‘origem mais provável’<br />

(...)”. No entanto Dudeque (2001) questiona esta<br />

hipótese, se referindo à legislação urbana do final do<br />

século XIX, que incentivava o uso deste ornamento,<br />

destacando seu uso na arquitetura curitibana, tanto<br />

de madeira como de alvenaria (figura 3.12).<br />

Os antecedentes históricos da Casa de Araucária<br />

são de difícil definição. Pode-se constatar que os<br />

portugueses e os indígenas brasileiros não usaram<br />

esta técnica construtiva e também que os imigrantes<br />

não a trouxeram de seus países de origem, pois não<br />

se conhece remanescentes na Itália, Alemanha,<br />

Ucrânia, Japão e Polônia. A hipótese mais provável<br />

é que estes imigrantes conheciam as técnicas<br />

construtivas para trabalhar com a madeira. E a<br />

Figura 3.10<br />

Lambrequins.<br />

Fonte: acervo do autor.<br />

Figura 3.11<br />

Maquete de detalhe construtivo de<br />

telhado com lambrequins.<br />

Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura<br />

Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 3.12<br />

Casa na Rua Anita Garibaldi em Curitiba-<br />

PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

34


araucária apresentava características mecânicas<br />

que facilitavam o manuseio, ocorrendo o sistema<br />

construtivo de maneira intuitiva.<br />

A araucária possibilitava o desdobre em tábuas<br />

com 30cm de largura, com alturas a partir de quatro<br />

metros. O sistema construtivo mais adequado para<br />

esta madeira, que existia em abundância, era o de<br />

tábuas com mata juntas. Já quanto à volumetria, a<br />

Casa de Araucária possui volumetria semelhante a<br />

das casas de alvenaria feitas no Brasil e na Europa no<br />

período da imigração. Apenas o material é substituído,<br />

pois em vez do tijolo ou a pedra é usada a madeira<br />

(figura 3.13 e figura 3.14).<br />

3.3. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL<br />

Outra questão importante que influenciou esta<br />

arquitetura foi a legislação municipal, assunto este<br />

analisado por Sutil (1996) em sua dissertação de<br />

mestrado intitulada “O Espelho e a Miragem: Ecletismo,<br />

Moradia e Modernidade na Curitiba do início do<br />

Século”.<br />

A análise da legislação urbana fornece subsídios para<br />

se entender algumas questões (como implantação,<br />

recuos), regras de construção (como pés direitos,<br />

presença de varandas e lambrequins).Também<br />

Figura 3.13<br />

Casa de alvenaria em Almirante<br />

Tamandaré-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.14<br />

Casa de madeira no bairro Vila Isabel em<br />

Curitiba-PR, com a mesma volumetria da<br />

figura 3.13, porém com as proporções<br />

menores<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.15<br />

Projeto de casa de madeira em Curitiba<br />

no início do século XX.<br />

Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética<br />

de Curitiba. Curitiba: Máquina<br />

Produções, 2002.<br />

35


questões como setores dentro da malha urbana, onde<br />

era permitida a construção das casas de madeira<br />

(figura 3.15 e figura 3.16).<br />

Fica claro o preconceito existente já no início do<br />

século com relação a estas construções. A câmara<br />

municipal de Curitiba em 1919 divide a cidade em três<br />

zonas, sendo permitido na primeira, que abrange a<br />

área central, somente construções que possuem pelo<br />

menos as paredes externas em alvenaria (figura 3.17<br />

e figura 3.18). Nas demais zonas as construções em<br />

madeira sofriam algumas restrições como:<br />

- O afastamento do alinhamento predial deveria ser<br />

de no mínimo, dez metros. E os afastamentos laterais<br />

de, no mínimo, dois metros;<br />

- O muro frontal deveria ser de grades de ferro sobre<br />

alicerce de alvenaria;<br />

- A casa deveria ser construída sobre um alicerce<br />

de alvenaria com um metro, no mínimo, sobre um<br />

terreno nivelado. E com meio metro em um terreno<br />

inclinado;<br />

- Possuir lambrequins nos beirais frontais e<br />

laterais;<br />

- Possuir varandas com largura mínima de um metro e<br />

cinqüenta centímetros, como passagem intermediária<br />

entre a casa e a rua;<br />

Figura 3.16<br />

Projeto de casa de madeira com frente<br />

em alvenaria em Curitiba no início do<br />

século XX.<br />

Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética<br />

de Curitiba. Curitiba: Máquina<br />

Produções, 2002.<br />

Figura 3.17<br />

Casa de madeira com frente em alvenaria<br />

nas imediações da área central em<br />

Curitiba-PR (Rua Marechal Floriano)<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.18<br />

Casa de madeira nas imediações da área<br />

central em Curitiba-PR.<br />

Há alguns remanecentes de casas de<br />

madeira na área central da cidade<br />

e imediações e muitas casas com<br />

a fachada frontal em alvenaria. Isto<br />

demonstra que a lei de 1916 não foi<br />

cumprida com relação as restrições às<br />

construção em madeira.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

36


- Os compartimentos internos deveriam possuir, no<br />

mínimo, trinta e seis metros cúbicos com um pé direito<br />

de no mínimo quatro metros. E as janelas com as<br />

dimensões mínimas de dois metros e trinta centímetros<br />

de altura por um metro e dez centímetros de largura.<br />

- Possuir janelas, portas, forros, paredes internas e<br />

externas além de lambrequins com pintura a óleo.<br />

Sutil (1996) conclui que a simples existência destas leis<br />

não garantia sua aplicação. A distância mínima de dez<br />

metros, como comprovado na fase de levantamento, não<br />

foi respeitada, existindo pouquíssimos exemplares com<br />

este afastamento. Outra questão é a obrigatoriedade<br />

do invólucro ser em alvenaria. Há poucos exemplos,<br />

na área central, de casas inteiramente de madeira e<br />

muitos exemplos de casas com a fachada em alvenaria<br />

e o restante em madeira, fato este levantado pelo<br />

autor como uma maneira de burlar esta legislação<br />

(figura 3.19, figura 3.20 e figura 3.21). Outra questão<br />

importante é que o código de obras de 1953 é o,issp<br />

no que se refere a construção em madeira.<br />

3.4. TIPOLOGIAS<br />

Há duas classificações tipológicas para a Casa de<br />

Araucária: a primeira, feita por Sánches (1987), no<br />

trabalho intitulado “A Arquitetura em Madeira: Uma<br />

Figura 3.19<br />

Casa de madeira com frente em alvenaria<br />

nas imediações da área central em<br />

Curitiba-PR (Rua Celestino JR.)<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.20<br />

Casa de madeira com frente em alvenaria<br />

nas imediações da área central em<br />

Curitiba-PR (Rua Francisco Torres)<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.21<br />

Casa de madeira nas imediações da área<br />

central em Curitiba-PR (Rua Dr. Faivre)<br />

Foto do autor, 2006.<br />

37


Tradição Paranaense” e outra, proposta por Imaguire<br />

(2001), em uma pesquisa encomendada de Instituto<br />

de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba<br />

(IPPUC).<br />

No primeiro trabalho, foram analisadas diversas casas<br />

de madeira na cidade de Curitiba e, posteriormente,<br />

classificadas em nove tipologias, sendo elas:<br />

Tipo 1 – telhado de duas águas, com caimento<br />

frontal ao alinhamento predial, sem varandas e com<br />

lambrequins (figura 3.22).<br />

Tipo 2 – telhado com duas águas com caimento frontal<br />

com deflexão e varanda frontal e contínua, presença<br />

de lambrequins frontais e no arremate da varanda<br />

(figura 3.23).<br />

Tipo 3 – telhado com duas águas, com caimento<br />

lateral com deflexão, presença de varanda lateral<br />

interrompida com lambrequins frontais e laterais em<br />

alguns casos.<br />

Tipo 4 – telhado com duas águas, com caimento lateral<br />

com deflexão, presença de varanda lateral completa<br />

com lambrequins frontais e laterais em alguns casos<br />

(figura 3.24).<br />

Tipo 5 – telhado com duas águas, com caimento frontal<br />

com deflexão, varanda frontal e contínua e presença<br />

de lambrequins frontais em alguns casos.<br />

Figura 3.22<br />

Desenho da Casa já demolida na Rua<br />

Prudente de Moraes.<br />

Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura<br />

Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 3.23<br />

Casa Rua XV de Novembro<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.24<br />

Casa Rua 21 de Abril<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

38


Tipo 6 – telhado composto ou de quatro águas com<br />

varanda frontal interrompida, presença de bow window<br />

em alguns casos (figura 3.25).<br />

Tipo 7 – telhado composto com varanda frontal,<br />

volume frontal saliente arrematado por volume de<br />

telhado (figura 3.26).<br />

Tipo 8 - telhado composto com bow window frontal, em<br />

alguns casos, a varanda sustentada por tubo metálico,<br />

pilares em alvenaria ou pedra (figura 3.27).<br />

Tipo 9 – telhado composto com volume saliente<br />

frontal. Há ocorrência de varanda sustentada por<br />

tubo metálico, pilares em alvenaria ou pedra.<br />

O trabalho analisado é de extrema importância por<br />

apresentar um rico levantamento de alguns dos<br />

exemplares mais significativos da arquitetura de<br />

madeira de Curitiba, muitos dos quais desapareceram,<br />

fato este comprovado na fase de pesquisa. Grande<br />

partde das casas foram demolidas, porém, algumas<br />

eram exemplares únicos destas tipologias, como<br />

no caso da casa 01, localizada na rua Prudente de<br />

Morais, nº 255, da qual resta apenas o testemunho<br />

documental de sua existência neste livro.<br />

Sobre a classificação tipológica proposta, a divisão<br />

das casas de madeira curitibanas em nove tipos gera<br />

uma certa confusão na classificação. Durante a fase<br />

Figura 3.25<br />

Casa Rua Desembargador Motta<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.26<br />

Casa Rua Júlia Wanderley<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.27<br />

Casa Rua Desembargador Vieira<br />

Cavalcanti em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

39


de pesquisa evidenciou-se dúvida na classificação<br />

de alguns exemplares levantados, pois não havia<br />

clareza se classificar-se-ia como tipo nove ou sete;<br />

ou como os tipo dois e cinco, por exemplo.<br />

A segunda classificação tipológica existente de<br />

Imaguire (2001), foi intitulada “A Casa de Araucária:<br />

Estudo Tipológico”. Este trabalho propõe a divisão<br />

da casa de araucária em cinco tipos, os quais são:<br />

Tipo 1 - Casa Luso-brasileira:<br />

São as casas mais antigas. Apesar de não haver<br />

registro sobre as datas da construção, supõe-se que<br />

datam do final do século XIX. O que identifica este<br />

tipo é a relação do telhado com a implantação no<br />

lote. O telhado tem inclinação para frente e fundos do<br />

terreno. Geralmente, há varanda na face frontal e, nos<br />

fundos, um acréscimo para a cozinha. É chamada de<br />

luso-brasileira por apresentar implantação semelhante<br />

as das casas urbanas construídas no período colonial<br />

(figura 3.28 e figura 3.29).<br />

Tipo 2 – Casas de imigração:<br />

Estas casas também não apresentam documentação<br />

que comprovem a data de suas construções. Presupõe-<br />

se que as mesmas datam do final do século XIX até as<br />

décadas de vinte e trinta. O que identifica este tipo,<br />

também, é a relação do telhado com a implantação<br />

Figura 3.28<br />

Casa Rua 24 de Maio em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.29<br />

Casa Rua Virgínio de Oliveira Mello<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.30<br />

Casa Rua Nicola Pelanda no Umbará<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2005.<br />

40


no lote. O telhado é inclinado para as laterais do<br />

terreno e a entrada da casa fica em uma das laterais<br />

geralmente protegida por varanda (figura 3.30).<br />

Estas casas possuem área maior que as luso-brasileiras<br />

e há aproveitamento do sótão para os quartos.<br />

Supomos que esta tipologia esteja vinculada ao Chalé<br />

Francês, de referência eclética, o que explica o uso<br />

de lambrequins, comuns na arquitetura eclética de<br />

alvenaria e ferro (figura 3.31).<br />

Veríssimo (1999), no livro sobre os quinhentos anos da<br />

casa no Brasil, cita a transformação da casa brasileira<br />

no final do século XIX, onde salienta um dos modelos<br />

europeus transpostos para o Brasil: “O chalé é um<br />

excelente exemplo com seus lambrequins de madeira<br />

e ferro nos beirais, seu porão elevado, o ferro fundido<br />

nos balcões, pilares e vigotas, com seu ar de clima<br />

temperado, trazendo a visão romântica dos espaços<br />

ideais, bucólicos(...). Os modelos considerados<br />

nobres são reproduzidos e interpretados. Encontra-<br />

se casas populares e vilas operárias com suas casas<br />

ecléticas e conjuntos de chalés, procurando, numa<br />

imitação, a identificação com a ideologia do espaço<br />

dominante (...)”.<br />

O chalé é freqüente em quase todo o território<br />

nacional no final do século XIX e início do século XX.<br />

Figura 3.31<br />

Casa em alvanaria na Rua Carlos<br />

Cavalcanti em Curitiba-PR, datada de<br />

1906. Arquitetura influenciada pelo chalé<br />

francês<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.32<br />

Casa em Ouro Preto-MG, datada<br />

provavelmente do início do século XX.<br />

Arquitetura influenciada pelo chalé<br />

francês<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.33<br />

Casa em Tiradentes-MG, datada<br />

provavelmente do início do século XX.<br />

Presença de lambrequins influenciado<br />

pelo ecletismo francês<br />

Foto do autor, 2006.<br />

41


Encontram-sa na fase de pesquisa remanescentes<br />

desta arquitetura, com a presença de lambrequins no<br />

Rio de Janeiro, São Paulo, Ouro Preto (figura 3.32),<br />

Tiradentes (figura 3.33), Belo Horizonte, Olinda e<br />

Belém.<br />

Supondo que a volumetria da casa de imigração<br />

esteja vinculada a dois fatores principais: a corrente<br />

eclética adotada em todo o território nacional, pois<br />

não há diferenciação volumétrica ou compositiva entre<br />

o chalé eclético de alvenaria ou de ferro do chalé<br />

de araucária. Também em termos de distribuição<br />

dos espaços internos e a setorização dos usos não<br />

há diferenciação, o que varia são as possibilidades<br />

construtivas do material empregado. O outro fator é<br />

a legislação municipal, que incentivou a propagação<br />

desta tipologia na cidade de Curitiba.<br />

Porém, esta tipologia não ocorre somente em Curitiba,<br />

mas, sim, em toda região da mata de araucária (figura<br />

3.34). O que contribuiu para sua disseminação foi a<br />

grande quantidade de matéria-prima disponível, já<br />

beneficiada industrialmente, e o processo de imigração<br />

que possibilitou uma grande quantidade de mão de<br />

obra qualificada.<br />

Tipo 3 - Casa com Chanfro:<br />

Esta tipologia tem como característica o corte nas<br />

Figura 3.34<br />

Casa em Itaiópolis-SC. Possui as mesmas<br />

características construtivas da Casa de<br />

Araucária curitibana e paranaense.<br />

Detalhe de pintura decorativa na varanda.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.35<br />

Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.36<br />

Casa Rua Alberto Foloni em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

42


extremidades do encontro das águas do telhado,<br />

chamado por Imaguire (2001) de chanfro (figura 3.35<br />

e figura 3.36). É caracterizada por projetos mais<br />

elaborados, exigindo o trabalho de bons carpinteiros.<br />

Possui mais volumes de varandas e alguns elementos<br />

em alvenaria, como escadas e colunas. Pressupomos<br />

que esta tipologia também esteja vinculada à arquitetura<br />

eclética, tendo como referência o “bungalow”.<br />

Veríssimo (1999) afirma que nas décadas de vinte há<br />

diversas publicações no Brasil onde aparecem esta<br />

arquitetura europeizada e ressalta que o uso dos<br />

“bungalows” e residências “normandas” conferiam<br />

um ar erudito aos seus proprietários. Comparando os<br />

“bungalows” em alvenaria (figura 3.37 e figura 3.38)<br />

e a casa com chanfro, afirma-se que a volumetria é<br />

semelhante, variando apenas os adornos na fachada,<br />

impossibilitados pelo uso da madeira como material<br />

construtivo. Esta tipologia não se limitou às camadas<br />

mais ricas da população. Nos subúrbios e áreas<br />

onde se concentram a classe média e pobre, estas<br />

residências também estão presentes, tendo apenas<br />

suas proporções reduzidas.<br />

Tipo 4 – Casa com telhado de quatro águas:<br />

Esta tipologia apresenta o volume da cobertura formado<br />

por um telhado de quatro águas e, geralmente, possui<br />

varanda em, pelo menos, uma das faces (figura<br />

Figura 3.37<br />

Casa em alvenaria Rua Duque de Caxias<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.38<br />

Casa em madeira Rua Marechal Deodoro<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.39<br />

Casa Rua Francisco Alves Guimarães<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

43


3.39). Encontra-se casas com dimensões reduzidas,<br />

e produzidas em série (figura 3.40) e até exemplares<br />

maiores, que apresentam plantas mais complexas e<br />

apuro nos detalhes construtivos.<br />

Tipo 5 – Casa modernista:<br />

Data, aproximadamente, a partir da década de<br />

sessenta. Possui maior racionalidade construtiva,<br />

com pé direito mais baixo e maior complexidade na<br />

volumetria do telhado, usando elementos metálicos<br />

como esquadrias, pilares, rufos e calhas. Apresenta<br />

grande variação volumétrica, que acompanha a<br />

variação volumétrica das casas de alvenaria.<br />

Foi verificado, na fase de pesquisa, que os exemplares<br />

mais antigos apresentam características da arquitetura<br />

eclética. Posteriormente, a influência é da arquitetura<br />

neocolonial e californiana, comuns nas décadas de<br />

trinta e quarenta. Após a consolidação do modernismo<br />

brasileiro com a construção do conjunto da Pampulha<br />

e, depois, Brasília, a casa de araucária começa a<br />

apresentar alguns exemplares referenciando algumas<br />

formas da arquitetura modernista (figura 3.42 e figura<br />

3.43).<br />

A tipologia proposta por Imaguire (2001) é a mais<br />

completa, mais referenciada nos trabalhos sobre o<br />

tema e foi a que norteou a fase de pesquisa e de<br />

Figura 3.40<br />

Conjunto de casas rua Julia Wanderley<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.41<br />

Casa Rua Noel Rosa em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.42<br />

Casa em Ivaí-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

44


levantamento de campo. Contudo, após análise do<br />

material coletado, acha-se prudente propor uma<br />

revisão tipológica da casa de araucária, pois foram<br />

constatadas as seguintes questões:<br />

- As tipologias propostas não relacionam as casas<br />

de madeira com as casas construídas com alvenaria<br />

ou mistas, sendo que estas sofreram as mesmas<br />

influências.<br />

- As tipologias propostas congelam o tipo em um<br />

espaço temporal. Por exemplo, a casa de chanfro<br />

datada das primeiras décadas do século XX difere da<br />

casa de chanfro produzida até a década de setenta,<br />

porém, ambas estão classificadas na mesma tipologia<br />

(figura 3.43 e figura 3.44).<br />

- Não há uma diferenciação clara das casas<br />

produzidas em série, através dos chamados kits,<br />

das casas singulares que são exemplares únicos<br />

(figura 3.45).<br />

Após esta análise, foi proposta uma classificação<br />

tipológica tendo como referência os seguintes<br />

fatores:<br />

a. Questões relacionadas ao sistema construtivo e<br />

materiais:<br />

- casa de tronco, vulgarmente chamada casa polaca<br />

(figura 3.46);<br />

Figura 3.43<br />

Casa Rua Francisco Alves Guimarães<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.44<br />

Casa Rua Anita Garibaldi<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.45<br />

Casa Rua Frei Gaspar da Madre de Deus<br />

Ramos em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

45


- casa com tábuas verticais e mata juntas (figura<br />

3.47);<br />

- casas mistas que sofrem ainda a subdivisão em casa<br />

com o invólucro de alvenaria e divisões internas de<br />

madeira e casas com frente em alvenaria e restante<br />

em madeira (figura 3.48).<br />

Não são consideradas casas mistas os exemplares que<br />

sofreram adaptações em alvenaria, como acréscimo<br />

de banheiros ou ampliação.<br />

b. Questões relacionadas com a influência das<br />

correntes arquitetônicas que nortearam a tipologia<br />

e volumetria das construções, sendo divididas entre<br />

arquitetura eclética de influência francesa - que datam<br />

do século XIX até a década de trinta - (figura 3.49) e<br />

a arquitetura chamada de funcionalista ou moderna<br />

(figura 3.50), conceituada como uma arquitetura<br />

racional e funcional.<br />

Veríssimo (1999) descreve esta arquitetura: “Os<br />

anos quarenta vão encontrar a sociedade brasileira<br />

verdadeiramente fascinada pelo american-way-of-<br />

life, abandonando, em grande parte, seus hábitos<br />

franceses, já quase tradicionais. A moradia também<br />

recebe esta influência, principalmente quanto ao seu<br />

funcionamento (...). (Nos anos cinqüenta) nossas<br />

habitações procuram novo caminho quanto ao<br />

Figura 3.46<br />

Casa de troncos chamada de “Casa<br />

Polaca”. Colônia Muricy em São José dos<br />

Pinhais-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.47<br />

Casa de tábuas e mata-juntas. Colônia<br />

Muricy em São José dos Pinhais-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.48<br />

Casa mista tipo chalé com frente em<br />

alvenaria e restante em tábuas e matajuntas.<br />

Rua Guaratuba em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

46


aspecto formal e ao gosto moderno, com fachadas<br />

retilíneas, formas geométricas simples e janelas de<br />

correr(...)”.<br />

c. Questões referentes à industrialização e reprodução<br />

em série das casas, sendo classificadas em casas<br />

singulares e industrializadas, que são produzidas em<br />

série.<br />

A partir desta análise, a divisão tipológica proposta<br />

é a seguinte;<br />

Casa de produção singular:<br />

Tipo Derivação Características<br />

Tipo 01<br />

Casa Polaca<br />

(figura 3.51)<br />

Esta é a casa construída pelos<br />

imigrantes poloneses no final<br />

do século XIX. O sistema<br />

construtivo é segundo Valentini<br />

(1982), em troncos falquejados<br />

com secção quadrada em torno<br />

de vinte centímetros. E estes<br />

são dispostos horizontalmente,<br />

uns sobre os outros e<br />

encaixados nas extremidades<br />

formando um quadrilátero.<br />

Figura 3.49<br />

Casa Rua Ulisses Vieira em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.50<br />

Casa Rua Carlos de Paula Soares em<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.51<br />

Casa de troncos chamada de “Casa<br />

Polaca”. Colônia Muricy em São José dos<br />

Pinhais-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

47


Tipo 02<br />

Casa Eclética<br />

Tipo 03<br />

Casa com<br />

telhado de<br />

quatro águas<br />

(figura 3.55)<br />

Com implantação tipo<br />

luso-brasileira (figura<br />

3.52)<br />

Tipo Chalé (figura<br />

3.53)<br />

Tipo Bungalows ou<br />

de chanfro (figura<br />

3.54)<br />

Esta casa tem as mesmas<br />

características da casa tipo<br />

luso-brasileira proposta por<br />

Imaguire (2001). São os<br />

exemplares mais antigos,<br />

datados do final do século XIX<br />

e primeiras décadas do século<br />

XX. O que a caracteriza é a<br />

implantação com o telhado, com<br />

as águas para frente e para os<br />

fundos do lote, semelhante à<br />

implantação das casas urbanas<br />

no período colonial brasileiro.<br />

Geralmente, possui lambrequins<br />

e varanda na fachada frontal.<br />

Esta casa é a que sofre maior<br />

influência do ecletismo. Tem as<br />

águas do telhado voltadas para<br />

as laterais do terreno e o oitão é<br />

o elemento marcante na fachada<br />

frontal. É o que Imaguire<br />

(2001) caracterizou como tipo<br />

imigração. Possui pé direito<br />

um pouco mais alto que a casa<br />

de implantação luso-brasileira,<br />

geralmente tem varanda lateral<br />

e lambrequins nas faces frontais<br />

e laterais do telhado.<br />

Esta casa sofre influência<br />

da imigração germânica e<br />

normanda e seus exemplares<br />

construídos em alvenaria são<br />

mais comuns em Curitiba. Sua<br />

principal característica é o<br />

telhado que possui inclinação<br />

semelhante a do chalé, porém,<br />

nas extremidades do encontro<br />

das águas do telhado possui<br />

um corte ou chanfro. Esta casa<br />

tem pé direito alto e grandes<br />

proporções volumétricas.<br />

Sua característica é o telhado<br />

que possui quatro águas e,<br />

geralmente, possui varanda. São<br />

casas grandes e necessitam<br />

terrenos singulares, o que limita<br />

sua ocorrência.<br />

Figura 3.52<br />

Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.53<br />

Casa em Rio Branco do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.54<br />

Casa Rua Paulo Martins em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

48


Tipo 04<br />

Casa<br />

funcionalista ou<br />

moderna (figura<br />

3.56 e figura<br />

57)<br />

Sofre influência do movimento<br />

modernista e da construção de<br />

Brasília no início da década de<br />

sessenta.<br />

Possui pé direito mais baixo,<br />

em torno de dois metros e<br />

cinqüenta centímetros, telhados<br />

com águas desencontradas,<br />

com formas volumétricas<br />

semelhantes às casas de<br />

alvenaria produzidas na época.<br />

Outra característica é que<br />

acompanham a evolução<br />

tecnológica da indústria<br />

da construção civil, com a<br />

incorporação de elementos<br />

industrializados, como janelas<br />

metálicas, pilares em tubos,<br />

calhas e condutores.<br />

Figura 3.55<br />

Casa Rua Desembargador Vieira<br />

Cavalcanti em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.56<br />

Casa Rua Alcides Munhos<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.57<br />

Casa Rua Cel. Agostinho de Macedo<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

49


Casas de produção seriada:<br />

Tipo Derivação Características<br />

Tipo 02<br />

Com produção<br />

seriada<br />

Tipo 03<br />

Casa com<br />

telhado de<br />

quatro águas<br />

Com produção<br />

seriada<br />

(figura 3.61 e<br />

figura 3.62))<br />

Tipo 04<br />

Casa<br />

funcionalista ou<br />

moderna<br />

(figura 3.63)<br />

Com implantação tipo<br />

luso-brasileira<br />

(figura 3.58)<br />

Tipo Chalé<br />

(figura 3.59)<br />

Tipo Bungalows ou<br />

de chanfro<br />

(figura 3.60)<br />

Possui as mesmas<br />

características da casa<br />

tipo luso-brasileira, porém,<br />

é produzida em série nos<br />

chamados “kits”. Possui o pé<br />

direito mais baixo e proporções<br />

mais reduzidas que o exemplar<br />

eclético. Raramente são<br />

encontrados lambrequins.<br />

Também possui as mesmas<br />

características da casa tipo<br />

chalé, porém, com proporções<br />

reduzidas e pé direito mais<br />

baixo.<br />

Há algumas derivações com a<br />

inclusão de um outro telhado<br />

menor, formando uma varanda<br />

ou simplesmente um jogo<br />

volumétrico.<br />

Esta tipologia é muito comum<br />

em Curitiba, o que não ocorre<br />

com o exemplar eclético.<br />

Sua construção requer bons<br />

carpinteiros e possui telhados<br />

mais complexos e elaborados<br />

formando varandas e bowwindows.<br />

Isso não acontece na<br />

casa de chanfro singular.<br />

Esta tipologia foi muito<br />

reproduzida em Curitiba. Ainda<br />

é possível ver agrupamentos<br />

destas pelos bairros da cidade.<br />

Por ser de construção mais<br />

simples e ter as dimensões<br />

reduzidas, foi uma habitação<br />

bastante procurada pelas<br />

camadas mais pobres.<br />

Raramente possuía varandas.<br />

Não é muito reproduzida<br />

e possui formas variadas.<br />

Esta tipologia possibilitou<br />

a liberdade criativa dos<br />

construtores atestada pela<br />

diversidade de soluções<br />

encontradas.<br />

Figura 3.58<br />

Vista do alto das Mercês em 1906,<br />

Curitiba-PR. Detalhe para casas tipo lusobrasileiras<br />

em série.<br />

Fonte Instituto Histórico e Geográfico do<br />

Paraná.<br />

Figura 3.59<br />

Casa tipo chalé em série. Rua Guaratuba<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.60<br />

Casa tipo bungalows em série. São<br />

Mateus do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

50


O tipo 02 ao tipo 04 são caracterizados por edificações<br />

de produção singular e possuem derivações dentro da<br />

própria tipologia, segundo o material de construção.<br />

Por exemplo, o tipo 02 pode ser construído totalmente<br />

em madeira, possuir a frente em alvenaria e o restante<br />

da casa construído em madeira ou, ainda, possuir<br />

o invólucro em alvenaria e divisões internas em<br />

madeira.<br />

Figura 3.61<br />

Casa tipo quatro águas em série. Rua<br />

Júlia Wanderley em Curitiba-PR<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.62<br />

Casa tipo quatro águas em série. Rua Pe.<br />

Agostinho em Curitiba-PR<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.63<br />

Casa tipo modernista em série. Rua<br />

Alvaro Jorge em Curitiba-PR.<br />

A volumetria é igual, porém a casa da<br />

direita possui varanda.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

51


Tipo<br />

Tipo 02<br />

Casa Eclética<br />

Derivação Material<br />

Com implantação<br />

tipo<br />

luso-brasileira<br />

Tipo Chalé<br />

Tipo Bungalows ou<br />

de chanfro<br />

Construção em madeira<br />

Construção<br />

mista<br />

Construção em madeira<br />

Construção<br />

mista<br />

Construção em madeira<br />

Construção<br />

mista<br />

Frente em alvenaria<br />

e o restante em<br />

madeira<br />

(figura 3.64)<br />

Invólucro em<br />

alvenaria e divisões<br />

internas em madeira<br />

Frente em alvenaria<br />

e o restante em<br />

madeira<br />

(figura 3.65)<br />

Invólucro em<br />

alvenaria e divisões<br />

internas em madeira<br />

Frente em alvenaria<br />

e o restante em<br />

madeira<br />

(figura 3.66)<br />

Invólucro em<br />

alvenaria e divisões<br />

internas em madeira<br />

Figura 3.64<br />

Casa mista tipo luso-brasileira.<br />

Rua 7 de Setembro em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.65<br />

Casa mista tipo Chalé.<br />

Rua Anita Garibaldi em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.66<br />

Casa mista tipo Bungalows.<br />

Rua Guaratuba em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

52


Tipo 03<br />

Casa com<br />

telhado de<br />

quatro águas<br />

Tipo 04<br />

Casa<br />

funcionalista<br />

ou moderna<br />

Construção em madeira<br />

Construção<br />

mista<br />

Construção em madeira<br />

Construção<br />

mista<br />

3.5. QUESTÕES <strong>CONSTRUTIVA</strong>S<br />

Frente em alvenaria<br />

e o restante em<br />

madeira<br />

(figura 3.67 e figura<br />

3.68)<br />

Invólucro em<br />

alvenaria e divisões<br />

internas em madeira<br />

Frente em alvenaria<br />

e o restante em<br />

madeira<br />

Invólucro em<br />

alvenaria e divisões<br />

internas em madeira<br />

As questões construtivas da “Casa de Araucária” estão<br />

vinculadas à industrialização do corte da madeira. A<br />

instalação das primeiras serrarias movidas a vapor<br />

forneceu a padronização das peças de madeira<br />

e da montagem destas peças, surge a “Casa de<br />

Araucária”.<br />

Apesar de ser um sistema aparentemente fechado e<br />

possuir apenas seis bitolas, esta arquitetura possui<br />

uma diversidade de soluções surpreendentes, fato<br />

este evidenciado pela complexidade de uma regra<br />

Figura 3.67<br />

Casa mista com telhado em quatro águas<br />

em série.<br />

Rua Colombo em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.68<br />

Casa mista com telhado em quatro águas<br />

em série.<br />

Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.69<br />

Detalhe das peças de uma Casa de<br />

Araucária do início do século XX sendo<br />

demolida.<br />

Rua Trajano Reis em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

53


tipológica para esta arquitetura.<br />

Ao todo, são 06 bitolas, como afirma Imaguire<br />

(1993):<br />

- A estrutura possui vigotes com secção de quatro<br />

por quatro polegadas (figura 3.69);<br />

- As tesouras possuem vigotes com secção de duas<br />

por quatro polegadas;<br />

- As tábuas para vedação das paredes possuem<br />

secção de uma por doze polegadas, sendo esta<br />

última medida, a referência de modulação do sistema<br />

(figura 3.70);<br />

- Os ornamentos como lambrequins (figura 3.71) e<br />

guarda corpos são confeccionados com tábuas de<br />

meia polegada;<br />

- As ripas do telhado são confeccionadas com madeira,<br />

com secção de uma por duas polegadas.<br />

- As mata juntas são confeccionadas com ripas, com<br />

secção de uma por duas polegadas.<br />

3.5.1. A FUNDAÇÃO<br />

A fundação é comumente feita em alvenaria de tijolos,<br />

porém pode-se encontrar exemplos com a fundação<br />

em pedra ou em madeira de alta densidade, como a<br />

imbúia (figura 3.72). A fundação consistia em uma base<br />

Figura 3.70<br />

Detalhe das peças de uma Casa de<br />

Araucária do início do século sendo<br />

demolida.<br />

Rua Trajano Reis em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.71<br />

Detalhe do lambrequim de uma Casa de<br />

Araucária do início do século XX sendo<br />

demolida.<br />

Rua Trajano Reis em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.72<br />

Detalhe do pilarete de fundação em<br />

madeira de alta densidade.<br />

Papanduva-SC<br />

Foto do autor, 2006.<br />

54


de pedra e sobre esta, um pilarete em alvenaria de<br />

tijolos maciços (figura 3.73). Segundo Imaguire (1993),<br />

esta fundação media quarenta e cinco centímetros em<br />

ambos os lados, ou seja, um tijolo e meio, por uma<br />

altura que varia ao redor de sessenta centímetros. O<br />

vão entre os pilaretes varia, em média, de dois a quatro<br />

metros e são localizados sobre o ponto de apoio das<br />

estruturas. Este deslocamento da casa do solo ao<br />

piso, é necessário para a ventilação sob o assoalho,<br />

o que impede que a umidade danifique a madeira.<br />

O vão entre o assoalho e o terreno, na maioria dos<br />

casos, é vedado verticalmente para impedir a entrada<br />

de animais. Há muitas formas de vedação como: uma<br />

simples fileira de arbustos; malhas transversais ou<br />

verticais em madeira, com a mesma bitola usada para<br />

confeccionar as mata-juntas (figura 3.74); cobogós<br />

em tijolos (figura 3.75) ou vedação com alvenaria,<br />

sendo a ventilação feita com gateiras, com grades<br />

de ferro. Em muitos exemplares, este espaço é usado<br />

como porão, a depender das condições topográficas<br />

do terreno (figura 3.76).<br />

3.5.2. A ESTRUTURA<br />

A estrutura é feita com pilaretes de quatro por quatro<br />

polegadas formando o que chamamos de gaiola. O<br />

Figura 3.73<br />

Detalhe do pilarete de fundação em<br />

alvenaria.<br />

Rua Pe. Anchieta em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.74<br />

Detalhe do fechamento do vão entre o<br />

solo e o piso da casa em madeira.<br />

Rio Claro do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.75<br />

Detalhe do fechamento do vão entre o<br />

solo e o piso da casa em cobogó de<br />

tijolos. Rua Itupava em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

55


encaixe das peças são simples segundo Imaguire<br />

(1993). As peças de baldrame recebem, na face<br />

externa, a parte inferior das tábuas de vedação e na<br />

superior, os esteios e assoalhos. Os esteios são as<br />

peças que recebem o esforço vertical, sendo estes<br />

colocados nos ângulos do encontro das paredes.<br />

Apoiado sobre os esteios e encaixados neles vem a<br />

peça chamada de frechal, fechando o quadro superior<br />

da gaiola. O quadro inferior composto pela peça de<br />

baldrame, sendo ambos os quadros travado pelas<br />

tábuas que formam a parede. Na extremidade superior<br />

do frechal são apoiadas as tesouras do telhado.<br />

3.5.3. A COBERTURA<br />

De acordo com Imaguire (1993), as peças usadas<br />

para o telhado são de secção de duas por quatro<br />

polegadas. Nas construções chamadas de ecléticas,<br />

na tipologia proposta, os telhados são confeccionados<br />

por tesouras com um travamento horizontal, chamado<br />

linha alta (figura 3.77). Esta possibilita um espaço livre,<br />

que é destinado ao sótão. Quando o telhado possui<br />

quatro águas, o sistema é mantido, usando apenas<br />

um apoio vertical nos cantos do quadro formado pelo<br />

travamento horizontal (figura 3.78).<br />

As casas ecléticas possuem geralmente telhado de<br />

Figura 3.76<br />

Detalhe do aproveitamento do vão entre o<br />

solo e o piso da casa como porão.<br />

Rio Branco do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.77<br />

Corte de projeto de casa de madeira em<br />

Curitiba no início do século XX. Detalhe<br />

da tesoura chamada linha alta.<br />

Fonte: SUTIL, M. Arquitetura Eclética<br />

de Curitiba. Curitiba: Máquina<br />

Produções, 2002.<br />

Figura 3.78<br />

Detalhe da tesoura em linha alta no<br />

telhado de quatro águas.<br />

Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

56


duas águas com deflexão (figura 3.79), que é formada<br />

por uma perna com a mesma secção das outras peças<br />

do telhado. Sobre a tesoura, são pregadas ripas de<br />

uma por duas polegadas, que receberão as telhas.<br />

Os beirais tem, usualmente, oitenta centímetros de<br />

projeção e recebem lambrequins para proteger o<br />

topo dos caibros e também têm função de pingadeira<br />

(figura 3.80).<br />

O lambrequim possui uma imensa variedade de<br />

desenhos. É um dos elementos construtivos mais<br />

singulares da arquitetura deste período, estando<br />

presente tanto na casa de madeira quanto nas de<br />

alvenaria. Em Curitiba, não se vê muitos exemplares<br />

de lembrequins confeccionados em ferro (figura 3.81),<br />

como pode-se verificar no Rio de Janeiro, São Paulo,<br />

entre outras cidades.<br />

A cobertura de duas águas forma uma parede triangular<br />

denominada oitão, que possui um deslocamento em<br />

relação à parede da casa, formando uma pingadeira.<br />

Este recurso, além de ter uma função construtiva, é<br />

muito explorado esteticamente pelos construtores.<br />

Os telhados também possuem as águas furtadas,<br />

dando maior flexibilidade na ocupação do espaço<br />

do sótão para quartos.<br />

Figura 3.79<br />

Detalhe da deflexão do telhado.<br />

Casa Rua Mateus Leme em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.80<br />

Detalhe da deflexão do telhado com<br />

lambrequins.<br />

Casa Rua Ivo Leão em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.81<br />

Lambrequins metálicos.<br />

Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura<br />

Brasileira - Professor Key Imaguire Jr.<br />

57


3.5.4. PAREDES<br />

As paredes são confeccionadas de tábuas, com secção<br />

de doze por uma polegada (trinta centímetros), e é<br />

de doze polegadas a modulação da casa. Esta é<br />

usada no sentido vertical das fibras, favorecendo o<br />

escoamento das águas da chuva. O fechamento do<br />

vão entre as tábuas é feito com o mata-juntas na face<br />

interna e externa. O mata-junta também possibilita<br />

uma maior flexibilidade na modulação, permitindo<br />

ajustes. Com isto evita-se o corte transversal da<br />

tábua. O pé direito é maior nos exemplares chamados<br />

de eclético e possuem, geralmente, quatro metros,<br />

como determina o código de obras de 1916.<br />

As janelas e portas são inseridas dentro da lógica<br />

modular de trinta centímetros, apoiando-se diretamente<br />

sobre as tábuas sem a necessidade de pilaretes<br />

(figura 3.82), como ocorre nas tipologias em tábua<br />

e mata-juntas no Norte do Paraná, especificamente<br />

na região de Londrina.<br />

3.5.5. ASSOALHO<br />

As primeiras tipologias possuem o piso em tábuas<br />

com trinta centímetros, semelhantes as das paredes.<br />

Porém, encontra-se algumas tipologias com o piso<br />

confeccionado de tábuas com largura menor, formando<br />

Figura 3.82<br />

Detalhe do janela na parede de tábua e<br />

mata-juntas. Casa Erbo Stenzel, parque<br />

São Lourenço, Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2005.<br />

Figura 3.83<br />

Detalhe do encaixe macho e fêmea da<br />

tábua do piso.<br />

Casa sendo demolida, Rua Trajano Reis<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006<br />

Figura 3.84<br />

Detalhe do rodapé.<br />

Casa Erbo Stenzel, parque São Lourenço,<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2005<br />

58


desenhos mais elaborados, que possuem encaixe<br />

tipo macho e fêmea dando uma maior vedação. O<br />

acabamento entre a parede e o piso é feito com um<br />

rodapé também em madeira (figura 3.84).<br />

O piso da varanda é geralmente feito com tábuas<br />

com três por uma polegadas, deixando um vão de<br />

um centímetro entre as tábuas. Este vão é necessário<br />

para escoamento da água da chuva e para facilitar<br />

a limpeza da varanda (figura 3.85). Nos exemplares<br />

mais recentes, isto é, após o período eclético, a<br />

varanda é feita com alvenaria e o piso geralmente<br />

é cerâmico, de ladrilho hidráulico ou de cimento<br />

queimado, vulgarmente chamado de vermelhão.<br />

3.5.6. O FORRO<br />

As primeiras tipologias possuíam forro com tábuas que<br />

eram, na verdade, o piso do sótão. Com a evolução<br />

dos equipamentos de beneficiamento da madeira,<br />

possibilitou-se o uso de forros mais elaborados, com<br />

desenhos geométricos - o chamado “forro paulista”<br />

(figura 3.86). O acabamento entre o forro e a parede<br />

é feito por uma peça de madeira chamada meia-cana.<br />

(figura 3.87).<br />

Figura 3.85<br />

Detalhe do piso da varanda.<br />

Casa Rua Raquel Prado em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.86<br />

Detalhe do forro.<br />

Casa mista em Prudentópolis-PR.<br />

Foto do autor, 2000.<br />

Figura 3.87<br />

Detalhe da meia cana do forro.<br />

Casa Erbo Stenzel, parque São Lourenço,<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2005<br />

59


3.5.7. PORTAS E JANELAS<br />

As portas e janelas são instaladas seguindo a modulação<br />

de trinta centímetros e são geralmente compostas<br />

por duas folhas para melhor divisão do peso (figura<br />

3.88). Há uma enorme variedade de desenhos destes<br />

elementos, o que afirma a criatividade e a técnica<br />

dos construtores. Nos exemplares mais recentes,<br />

observa-se a inserção de janelas de correr de ferro<br />

chamadas “vitrô”, do francês “vitraux” (figura 3.89),<br />

e portas com uma só folha.<br />

3.5.8. EL<strong>EM</strong>ENTOS DECORATIVOS<br />

A Casa de Araucária, apesar de sua simplicidade<br />

construtiva possui grande diversidade de soluções<br />

em vários elementos que a compõe. Podemos citar<br />

alguns exemplos:<br />

- Os oitões possuem grande variedade de desenhos e<br />

em cada bairro de Curitiba ou cidade onde foi feito o<br />

levantamento de campo, observamos uma composição<br />

diferente (figura 3.90).<br />

- Os lambrequins também possuem uma grande<br />

variedade de soluções. Eles são um dos elementos<br />

de composição mais marcantes desta arquitetura<br />

(figura 3.91).<br />

Todos estes elementos têm uma função construtiva,<br />

Figura 3.88<br />

Detalhe da janela em 02 folhas.<br />

Casa Rua Francisco Alves Guimarães em<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.89<br />

Detalhe da janela tipo vitrô.<br />

Casa Rua Silveira Neto em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.90<br />

Detalhe do oitão.<br />

Casa em Rio Claro do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

60


contudo os construtores não se limitaram apenas<br />

a resolver um problema funcional, mas sim tiraram<br />

partido deste, criando importantes elementos de<br />

composição e tornando esta uma arquitetura complexa<br />

e expressiva.<br />

Além dos elementos citados pode-se verificar uma<br />

variedade cromática. Algumas casas são muito<br />

coloridas, geralmente com pintura impermeável a<br />

base de óleo (figura 3.92). Há alguns exemplares<br />

com pinturas decorativas nas varandas, formando<br />

paisagens, figuras geométricas ou até figuras religiosas<br />

(figura 3.93).<br />

Também há os elementos como guarda corpos das<br />

varandas (figura 3.94), que possuem uma variedade<br />

comparável a dos lambrequins e oitões; arcos internos,<br />

que tem função de divisória, geralmente encontrados<br />

no início de um corredor ou separando duas salas, as<br />

pinturas florais, aplicadas sobre uma tábua de trinta<br />

centímetros formando uma barra instalada na parede<br />

a aproximadamente cinqüenta centímetros do forro,<br />

entre muitas outras soluções (figura 3.95).<br />

Estes elementos decorativos, juntamente com os<br />

outros aspectos construtivos individualizaram este<br />

sistema. Há somente uma tecnologia construtiva,<br />

uma pequena disponibilidade de bitolas, uma única<br />

Figura 3.91<br />

Lambrequins.<br />

Fonte: acervo do autor.<br />

Figura 3.92<br />

Variação cromática em uma Casa de<br />

Araucária.<br />

Casa em Mallet-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.93<br />

Detalhe de pinturas de paisagens na<br />

varanda.<br />

Casa em Paulo Frontin -PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

61


madeira usada, todavia a variedade de soluções<br />

encontradas atesta que esta arquitetura possibilitou<br />

tanto o apuro técnico quanto a liberdade criativa de<br />

seus construtores e moradores (figura 3.96).<br />

3.5.9. ADAPTAÇÕES POSTERIORES<br />

São comuns nas casas de madeira, adaptações<br />

posteriores a construção, como ampliações,<br />

incorporações de elementos e volumes em alvenaria,<br />

entre outros.<br />

Na fase de pesquisa, encontra-se várias destas<br />

adaptações, mas as mais significativas foram:<br />

3.5.9.1. AMPLIAÇÃO DA CASA E ALTERAÇÃO<br />

VOLUMÉTRICA<br />

Muitas casas sofreram alterações e ampliações a<br />

partir do módulo inicial. Como afirmou Imaguire<br />

(1993), o construtor fornecia um módulo básico que<br />

era posteriormente adaptado e ampliado segundo as<br />

necessidades dos moradores, contudo é muito difícil<br />

saber, precisamente, qual foi o módulo inicial e se a<br />

casa realmente sofre ampliação ou adaptação. Já que<br />

a maioria dos exemplares estudados não passou por<br />

um processo de aprovação nas prefeituras e não há<br />

documentação sobre estas modificações e tampouco<br />

Figura 3.94<br />

Detalhe do guarda corpo da varanda.<br />

Casa remontada no Campus da PUC em<br />

São José Pinhais -PR.<br />

Foto do autor, 2005.<br />

Figura 3.95<br />

Detalhe das pinturas da parede.<br />

Casa <strong>Domingos</strong> Nascimento<br />

Sede do IPHAN-PR<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.96<br />

Casa Pereira em São Mateus do Sul-PR.<br />

Um dos exemplares que demonstram a<br />

qualidade e criatividade dos mestres<br />

carpinteiros e a flexibilidade do sistema<br />

construtivo.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

62


datas das construções e ampliações.<br />

Supõe-se que algumas casas foram ampliadas, mas<br />

para obter uma maior precisão do número e tipo de<br />

alteração dependeríamos de outra investigação. Por<br />

exemplo, com o uso da história oral.<br />

Tem-se apenas relatos dos próprios moradores de<br />

algumas edificações sobre estas ampliações e estes<br />

relatos também são de poucos exemplares, pois<br />

temos casas datadas do início do século e muitas<br />

delas foram vendidas para terceiros, o que dificulta<br />

a pesquisa.<br />

3.5.9.2. INCLUSÃO DE EL<strong>EM</strong>ENTOS OU ESPAÇOS<br />

<strong>EM</strong> ALVENARIAS<br />

A maioria das adaptações de espaços ou ampliações<br />

em alvenaria são relativas as áreas úmidas (figura 3.97<br />

e figura 3.98). É comum a presença de novos volumes<br />

em alvenaria ou a substituição de antigos em madeira<br />

para compor cozinhas e banheiros, principalmente<br />

nas edificações datadas das primeiras décadas do<br />

século XX. Nestas casas o banheiro era externo, o<br />

que era vulgarmente chamado de “casinha”.<br />

Também, as cozinhas, em algumas casas antigas eram<br />

divididas em dois espaços distintos: a cozinha que era<br />

incorporada a casa e a “cozinha suja” (figura 3.99),<br />

Figura 3.97<br />

Detalhe da ampliação do banheiro em<br />

alvenaria. Casa no bairro do Portão em<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.98<br />

Detalhe do preenchimento em alvenaria<br />

provavelmente para inclusão de banheiro.<br />

Casa Rua Solimões em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.99<br />

Detalhe “cozinha suja” em uma casa em<br />

Papanduva-SC.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

63


localizada em uma edificação separada do corpo da<br />

casa ou em uma área anexa. A “cozinha suja” era,<br />

geralmente, localizada próxima ao poço. Neste local<br />

se preparavam os alimentos que “sujavam a casa”<br />

e eram mortos os animais destinados ao consumo,<br />

como galinhas e porcos.<br />

Outra adaptação comum são as frentes em alvenaria. Foi<br />

difícil encontrar casas onde a frente foi comprovadamente<br />

construída a posteriori. Verificou-se poucos exemplares<br />

(figura 3.100). Em geral, o projeto de construção ou<br />

o simples planejamento, quando não havia projeto,<br />

já previa a frente em alvenaria, o que é erroneamente<br />

classificado como um anexo posterior.<br />

3.5.9.3. RELOCAÇÃO DA CASA<br />

Muitas casas de madeira foram construídas em um local<br />

específico e, posteriormente, foram transladadas ou<br />

para outro local no mesmo terreno ou até para outros<br />

bairros. Este translado era feito de muitas maneiras:<br />

ou se desmontava a casa e remontava em outro local<br />

(figura 3.101), ou simplesmente a casa era erguida<br />

com macacos hidráulicos. Neste caso se retiravam<br />

os pilaretes do alicerce e a casa era colocada sobre<br />

troncos, que eram “rolados” para o local destinado<br />

no terreno (figura 3.102). Freqüentemente a casa era<br />

Figura 3.100<br />

Casa em madeira com inclusão da<br />

fachada em alvenaria. Rua Barão de<br />

Antonina em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.101<br />

Casa <strong>Domingos</strong> Nascimento<br />

Sede do IPHAN-PR<br />

Casa desmontada e montada na Rua José<br />

de Alencar em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 3.102<br />

Croqui do deslocamento da casa<br />

de madeira rolada sobre troncos e<br />

remontada em outro local do terreno.<br />

Fonte: desenho do autor, 2007.<br />

64


deslocada para o fundo do terreno, para ser construída<br />

uma casa em alvenaria na frente, que era destinada<br />

a outros membros da família. Quando o transporte<br />

era feito para distâncias maiores, a casa era erguida<br />

com macacos hidráulicos, colocada em cima de um<br />

caminhão e transportada para outro local da cidade<br />

ou até para outro município (figura 3.103). Na fase de<br />

levantamento constatou-se que muitas casas foram<br />

relocadas dentro do próprio terreno usando- se macaco<br />

hidráulico e troncos. Outras foram transportadas via<br />

caminhão. Infelizmente, existem poucos registros<br />

fotográficos deste transporte.<br />

Há algumas casas significativas que foram desmontadas<br />

e remontadas em outro local, como a casa que é<br />

hoje a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e<br />

Artístico Nacional em Curitiba; a casa Erbo Stenzel<br />

(figura 3.104), montada no parque São Lourenço;<br />

a Casa Estrela (figura 3.105) que foi desmontada<br />

recentemente e será montada no campus da Pontifícia<br />

Universidade Católica do Paraná. A possibilidade<br />

de deslocamento é mais um fator que comprova a<br />

flexibilidade do sistema construtivo.<br />

Figura 3.103<br />

Casa sendo transportada por caminhão.<br />

Fonte: Jornal Zero Hora, 9 de maio de<br />

2004, página 03.<br />

Figura 3.104<br />

Casa Erbo Stenzel desmontada e<br />

montada no parque São Lourenço,<br />

Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2005.<br />

Figura 3.105<br />

Casa Estrela Rua Dr. Zamenhof em<br />

Curitiba-PR hoje encontra-se desmontada<br />

e futuramente será montada no campus<br />

da PUC-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

65


3.5.9.4. O ERKULIT<br />

O Erkulit é um dos casos mais interessantes de<br />

intervenção nas casas de madeira. É uma chapa<br />

composta por fibras de madeira mineralizada (figura<br />

3.106), que tem como função revestir a casa para que<br />

esta fique com o aspecto de uma casa de alvenaria. O<br />

slogan da empresa é “Mude sua casa sem mudar de<br />

endereço. Com chapas Erkulit sua casa de madeira<br />

se transformará em uma linda residência em material<br />

(figura 3.107)”.<br />

A empresa foi montada pelo austríaco Peter Petschel, na<br />

década de sessenta. Ele trouxe da Áustria a tecnologia<br />

da fabricação de chapas de fibra mineralizada de<br />

madeira, que eram utilizadas para isolamento térmico<br />

(figura 3.108). Peter adaptou o uso das chapas para<br />

o revestimento de casas de madeira.<br />

As chapas são pregadas nos mata-juntas deixando<br />

o espaço entre a tábua e a chapa de Erkulit para<br />

ventilação (figura 3.109). Posteriormente, é aplicada<br />

uma tela plástica nos cantos e nas juntas para evitar<br />

rachaduras (figura 3.110). Os pregos devem ficar com<br />

a cabeça um pouco para fora onde é feita uma malha<br />

com arame para aumentar a rigidez. Após a fixação da<br />

placa, é aplicada a argamassa e feito o acabamento<br />

com pintura ou textura, que é característica das casas<br />

Figura 3.106<br />

Detalhe da placa de Erkulit.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.107<br />

Detalhe de aplicação da tela plástica<br />

sobre as placas de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />

LTDA.<br />

Figura 3.108<br />

Prospecto austríaco sobre placas de fibra<br />

de madeira mineralizada aplicadas para<br />

isolamento térmico. Base tecnológica<br />

para a criação das chapas de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />

LTDA, sem data.<br />

66


evestidas com Erkulit (figura 3.111).<br />

Durante a fase inicial da pesquisa, observou-se<br />

que em algumas regiões havia casas de madeira<br />

idênticas as casas de alvenaria vizinhas. Pensou-se,<br />

então, várias hipóteses sobre qual delas influenciou a<br />

outra na volumetria. Com o andamento da pesquisa,<br />

descobriu-se que se tratavam de casas revestidas<br />

com Erkulit.<br />

Em entrevista com o Sr. Peter, este nos informou<br />

que em mais de quarenta anos de empresa, já<br />

foram revestidas, aproximadamente, vinte mil casas<br />

na cidade de Curitiba e arredores. O prospecto da<br />

empresa confirma os dados da entrevista. Também<br />

pode-se verificar a aplicação do material em uma<br />

casa de madeira, já em fase final (figura 3.112). O<br />

tempo médio de aplicação é de quinze dias e a obra<br />

se dá na área externa da casa, sem transtorno para<br />

os moradores. As paredes ficam protegidas contra a<br />

umidade e o frio, que são um dos problemas da Casa<br />

de Araucária e também fica com um bom isolamento<br />

acústico, incômodo muito presente nas casas próximas<br />

a vias de trânsito intenso.<br />

Pode-se com esta experiência demonstrar a criatividade<br />

dos construtores na adaptação e inclusão de sistemas<br />

construtivos. No caso, o Erkulit foi a leitura de uma<br />

Figura 3.109<br />

Mostruário de possibilidades de<br />

aplicação da placa de Erkulit.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.110<br />

Detalhe de aplicação da tela plástica<br />

sobre as placas de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />

LTDA, sem data.<br />

Figura 3.111<br />

Detalhe da textura característica das<br />

casas revestidas com placas de Erkulit.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

67


tecnologia utilizada para um fim específico e adaptada<br />

para revestimento das casas de madeira.<br />

Um fato interessante é que, se retirarmos as placas,<br />

a casa está intacta. É uma adaptação reversível, pois<br />

somente os mata-juntas são um pouco danificados.<br />

Outra questão importante é com relação ao preconceito<br />

existente com a casa de madeira. É um sonho de<br />

muitos moradores de casas de madeira morar em<br />

uma casa de alvenaria, símbolo de status e de<br />

modernidade. O Erkulit criava esta possibilidade a<br />

um custo acessível e a procura foi intensa. Segundo<br />

o Sr. Peter, foi revestido em média trinta e seis casas<br />

por mês, um número significativo que demonstra tanto<br />

o anseio de morar em uma casa de alvenaria quanto<br />

o número expressivo de casas de madeira existentes<br />

em Curitiba.<br />

Figura 3.115<br />

Casa antes do revestimento com placas<br />

de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />

Com. LTDA, sem data.<br />

Figura 3.116<br />

Casa revestida com placas de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />

Com. LTDA, sem data.<br />

Figura 3.112<br />

Casa revestidas com placas de Erkulit.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 3.113<br />

Casa antes do revestimento com placas<br />

de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />

LTDA, 1972.<br />

Figura 3.114<br />

Casa revestida com placas de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e Com.<br />

LTDA, 1972.<br />

68


Figura 3.117<br />

Casa revestida com placas de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />

Com. LTDA, 1972.<br />

Figura 3.118<br />

Casa revestida com placas de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />

Com. LTDA, 1972.<br />

Figura 3.119<br />

Casa revestida com placas de Erkulit.<br />

Fonte: Acervo empresa Erkulit Ind. e<br />

Com. LTDA, 1972.<br />

69


4. INDUSTRIALIZAÇÃO E PRÉ-<br />

FABRICAÇÃO<br />

4.1. A INDUSTRIALIZAÇÃO E A PRÉ-<br />

FABRICAÇÃO<br />

A construção de um edifício depende de alguns fatores<br />

de ordem prática. Além do projeto e do planejamento,<br />

é necessária a quantidade certa de mão de obra<br />

e de matéria prima para que haja execução. Nas<br />

construções antigas, toda a matéria prima provinha<br />

de locais próximos ao da implantação da obra e estes<br />

materiais eram transformados no próprio canteiro.<br />

Com a evolução do modo de construir, muitos destes<br />

materiais passaram a vir para o canteiro já moldados nas<br />

dimensões previstas pelos construtores. Esta produção<br />

fora do canteiro é chamada de pré-fabricação.<br />

A pré-fabricação é toda a produção de material<br />

empregado na construção, que seja produzido fora da<br />

obra, possuindo dimensões definidas anteriormente<br />

a sua produção. Pode-se afirmar que a produção<br />

de tijolos é um processo de pré-fabricação (figura<br />

4.1) , assim como a produção de blocos de pedra<br />

(figura 4.2) e de peças de madeira com bitolas pré-<br />

estabelecidas (figura 4.3).<br />

O processo de pré-fabricação tem como objetivo<br />

Figura 4.1<br />

Artesão produzindo Blocos de<br />

adobe em Tiradentes-MG.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.2<br />

Pirâmides da Planície de Gisé no Egito.<br />

Constridas com blocos de pedra.<br />

Foto de Carlos Nieto, sem data.<br />

Site www.grupokeystone.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.3<br />

Transporte da madeira beneficiada.<br />

Fonte: SCHEIER, P. O Paraná<br />

no Seu Centenário. Curitiba:<br />

Imprensa Paranaense, 1953.<br />

70


a rapidez da execução, economia dos materiais<br />

empregados na obra, redução de mão-de-obra e<br />

melhoramento na qualidade do produto final. Este<br />

processo requer um maior planejamento, tanto na<br />

fase de projeto quanto na organização e capacitação<br />

do canteiro de obra.<br />

- SERRAR A MADEIRA<br />

- PRODUÇÃO DE<br />

FERRAGENS E PINTURA<br />

- MÓVEIS DE FÁBRICA<br />

- SERRAR A MADEIRA<br />

- PRODUÇÃO DE<br />

FERRAGENS E PINTURA<br />

- PRODUÇÃO DE MÓVEIS,<br />

CARPINTARIA, JANELAS<br />

E ESCADAS.<br />

- DESENHO E FABRICAÇÃO<br />

DE UM GRUPO DE<br />

COMPONENTES<br />

COORDENADOS PARA<br />

ESTRUTURA,<br />

FECHAMENTOS,<br />

BLOCOS TÉCNICOS,<br />

JANELAS, PORTAS,<br />

DIVISÕES, INTERIORES E<br />

UNIDADES DE<br />

ARMAZENAG<strong>EM</strong><br />

- PRODUÇÃO COMPLETA DE<br />

UMA CASA PRÉ-FABRICADA<br />

COM TODOS OS<br />

ACABAMENTOS E<br />

EXIGÊNCIAS<br />

- CORTAR ÁRVORE<br />

- CONFORMAR E<br />

PREPARAR OS TRONCOS<br />

- DESBASTAR TÁBUAS<br />

O TETO, PISOS E MÓVEIS.<br />

- CORTE E PREPARAÇÃO<br />

DA MADEIRA PARA<br />

A ESTRUTURA.<br />

- CONSTRUÇÃO DE<br />

JANELAS, PORTAS,<br />

ESCADAS, CARPINTARIA.<br />

- PINTURA E<br />

ACABAMENTOS.<br />

- CORTE E PREPARAÇÃO<br />

DA MADEIRA PARA<br />

A ESTRUTURA E<br />

FECHAMENTOS<br />

- INSTALAÇÃO DE<br />

EL<strong>EM</strong>ENTOS PRÉ-<br />

FABRICADOS.<br />

- PINTURA E<br />

ACABAMENTOS<br />

- MONTAG<strong>EM</strong> DOS<br />

COMPONENTES PRÉ-<br />

FABRICADOS.<br />

FABRICAÇÃO<br />

Datação 1764 cf. JM3<br />

Acepções<br />

substantivo feminino<br />

1 ato, processo ou efeito de<br />

produzir (algo); fábrica, fabrico<br />

1.1 Derivação: por metonímia.<br />

produto deste processo<br />

2 a criação de algo<br />

3 ação de maquinar; ideação<br />

4 ato de espalhar algo; difusão<br />

5 Rubrica: contabilidade.<br />

título de conta da escrituração<br />

industrial, em que é feito o registro<br />

dos custos de produção<br />

6 Rubrica: economia.<br />

conjunto dos processos<br />

técnicos aplicados à matériaprima<br />

para torná-la um bem útil<br />

Locuções<br />

f. em série<br />

Rubrica: indústria.<br />

produção (de algo) em grande escala,<br />

segundo padrões estabelecidos<br />

Etimologia<br />

lat. fabricátió,ónis, prov. infl. do fr.<br />

fabrication ‘ato de fabricar, construir,<br />

a estrutura (do homem)’; ver fabr-<br />

PRÉ-FABRICAÇÃO<br />

Acepções<br />

substantivo feminino<br />

1 fabricação em série de porções<br />

ou componentes de uma unidade<br />

maior, para posterior montagem<br />

2 Rubrica: arquitetura, engenharia.<br />

fabricação em série de elementos de<br />

construção destinados a serem reunidos<br />

mais tarde, de acordo com um projeto<br />

3 Rubrica: arquitetura, engenharia.<br />

modo de construção fundamentado<br />

no uso destes elementos<br />

Fonte: Dicionário Houaiss da<br />

Língua Portuguesa, 2001<br />

Figura 4.4<br />

Tabela com a evolução da<br />

industrialização e pré-fabricação<br />

da casa de madeira.<br />

Fonte: BENDER, R. Una Visión de<br />

la Construcción Industrializada.<br />

Barcelona: Gustavo Gili, 1973.<br />

Adaptado e traduzido pelo autor<br />

71


Industrialização é todo o processo que resulta na<br />

produção de elementos construtivos idênticos e<br />

de maneira seriada, ou seja, a multiplicidade deste<br />

elemento com o auxílio de máquinas.<br />

Oliveri (1972) conceitua o sistema de pré-fabricação<br />

relacionado com a construção civil como sendo<br />

capaz de:<br />

- programar o ciclo produtivo nos aspectos técnicos,<br />

econômicos, financeiros, temporais, entre outros;<br />

- projetar integralmente um edifício, em todas as<br />

suas partes segundo um metodologia previamente<br />

estabelecida;<br />

- produzir industrialmente os distintos componentes, em<br />

quantidade e qualidade prevista, limitando ao mínimo<br />

as operações de montagem e de acabamento.<br />

O autor classifica os sistemas de pré-fabricação em<br />

três:<br />

- Sistema linear, quando uma dimensão prevalece<br />

sobre as outras. Em geral, são usados em pilares<br />

ou vigas e componentes bidimensionais, ou seja, a<br />

modulação se dá somente em uma das dimensões.<br />

Este sistema possui uma flexibilidade horizontal ou<br />

vertical e é vulgarmente chamado de esqueleto.<br />

No Brasil, encontramos uma variedade de sistemas<br />

lineares de pré-fabricação, principalmente nas<br />

INDUSTRIALIZAÇÃO<br />

Datação 1899 cf. CF1<br />

Acepções<br />

substantivo feminino<br />

ação ou efeito de industrializar(-se)<br />

1 aplicação de técnicas industriais em<br />

2 ato ou efeito de submeter<br />

a um processo industrial<br />

Ex.: a i. da soja<br />

3 desenvolvimento com<br />

base na indústria<br />

Etimologia<br />

industrializar + -ção; ver industri- e -stru-<br />

Lat. industrìa,ae ‘zelo, atividade,<br />

aplicação, empenho, trabalho, esforço;<br />

diligência, rapidez’, do lat. indu<br />

‘end(o)-’ e v.lat. strùó,is,úxí,úctum,ère<br />

‘reunir, juntar, ordenar, dispor (em<br />

pilhas), amontoar, acumular, construir,<br />

edificar, cumular, cobrir, levantar,<br />

fechar, tampar’; ver industri- e -stru-<br />

; f.hist. sXIV jndustria, sXV endustria<br />

‘destreza, engenho’, sXIX indústria<br />

‘conjunto de atividades econômicas’<br />

fabrication ‘ato de fabricar, construir,<br />

a estrutura (do homem)’; ver fabr-<br />

Fonte: Dicionário Houaiss da<br />

Língua Portuguesa, 2001<br />

Figura 4.5<br />

Casa projetada pelo escritório<br />

paulistano MMBB no bairro de<br />

Perdizes, São Paulo-SP.<br />

Site www.arcoweb.com.br<br />

Detalhe para os pilares e vigas prémoldados.<br />

Construção no sistema linear.<br />

72


construções em concreto (figura 4.5) e aço, porém,<br />

existem algumas empresas que fornecem tais peças<br />

em madeira (figura 4.6).<br />

- Sistema plano, quando se trabalha com planos<br />

pré-determinados, como a utilização de painéis<br />

autoportantes. É o sistema composto por placas e<br />

possui uma flexibilidade média, onde é necessário<br />

trabalhar dentro de uma modulação. Encontra-se, no<br />

Brasil, pouca variedade de sistemas planos. Os mais<br />

comuns são: o sistema de placas cimentícias, painéis<br />

de concreto reforçado com fibra de vidro (figura<br />

4.7), o sistema de gesso acartonado e os painéis<br />

de madeira em OSB (figura 4.8) ou MDF (figura 4.9),<br />

que são um dos componentes do sistema construtivo<br />

proveniente da América do Norte e Europa, conhecido<br />

como sistema plataforma. Há algumas empresas<br />

atuando no Brasil, reproduzindo a mesma arquitetura<br />

dos países de origem, com poucas adaptações ao<br />

modo de morar do brasileiro (figura 4.10).<br />

- Sistema tridimensional, quando se trabalha com<br />

elementos tridimensionais que somente são encaixados<br />

no canteiro de obra. Este sistema prevê um maior<br />

processo de industrialização e é chamado vulgarmente<br />

de caixa. É um sistema bastante limitado e esta<br />

limitação é determinada pela linha de produção e<br />

Figura 4.6<br />

Casa Flávia e Osmar Valentim<br />

em Carapicuíba, SP<br />

Projeto do UNA Arquitetos e construído<br />

pela ITA Engenharia em 1999.<br />

Site www.itaconstrutora.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.7<br />

Colocação de painel GRFC (painel de<br />

concreto reforçado com fibra de vidro).<br />

Site www.arcoweb.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.8<br />

Painel de OSB.<br />

A sigla OSB vem do inglês “Oriented<br />

Strand Board” e significa “Painel de<br />

Tiras de Madeira Orientadas”.<br />

Site www.masisa.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

73


possibilidade de transporte do bloco.<br />

Aplica-se, no Brasil o sistema tridimensonal em alguns<br />

casos isolados, como na construção de presídios ou<br />

blocos de áreas úmidas como sanitários e cozinhas<br />

(figura 4.11). No caso dos presídios, as celas são<br />

produzidas de modo industrial, e somente acopladas<br />

no canteiro de obra. Isto para garantir um maior<br />

controle da resistência do concreto e impedir falhas<br />

e fissuras (figura 4.12).<br />

Oliveri (1972), analisando os conceitos existentes<br />

de pré-fabricação propõe a “fabricação aberta”. A<br />

“fabricação aberta ou sistema pré-fabricado aberto”<br />

é, segundo o autor, a produção de elementos em<br />

série, aptos a serem utilizados em qualquer projeto de<br />

qualquer projetista e postos em obra por empresas de<br />

montagem. Este sistema tem flexibilidade planimétrica<br />

e volumétrica e a construção ocorre seguindo uma<br />

modulação pré-determinada, segundo o objeto modular,<br />

que comporta todas as possibilidades construtivas<br />

e formais de uma determinada cultura arquitetônica.<br />

Como exemplo, pode-se citar a arquitetura tradicional<br />

japonesa, onde o módulo é, ao mesmo tempo, objeto<br />

e unidade de medida (figura 4.13). A normatização<br />

da construção tradicional japonesa está vinculada<br />

à alguns elementos como o número de “tatamis”<br />

Figura 4.9<br />

Painel de MDF.<br />

A sigla MDF vem do inglês “Medium<br />

Density Fiberboard” e significa<br />

“Fibras de Densidade Média”.<br />

Site www.e-emeri.com.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.10<br />

Casa produzida pela U.S. Home,<br />

com sede em Curitiba.<br />

Site www.ushome.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.11<br />

Módulo com cozinha e banheiro<br />

da empresa Pavi.<br />

Site www.arcoweb.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

74


(espécie de esteira que é utilizada como piso nas<br />

casas japonesas), que na verdade é ao mesmo tempo<br />

a dimensão modular da construção e objeto que ocupa<br />

uma função determinada. O mesmo acontece com o<br />

“shoji” e “fusuma” (paineis divisórios), figura 4.14.<br />

Este princípio resultaria em três situações:<br />

- A esquematização das funções;<br />

- O reagrupamento por categoria;<br />

- Um projeto rápido e flexível.<br />

Uma questão importante neste sistema é a liberdade<br />

criativa e de projeto para que o sistema não fique<br />

obsoleto, ou seja, que sempre produza uma tipologia<br />

arquitetônica contemporânea. Esta liberdade<br />

está relacionada com a adequação do edifício às<br />

necessidades de moradia e flexibilidade de uso,<br />

à liberdade de incorporação da indústria no ciclo<br />

produtivo da construção e na liberdade de configuração<br />

espacial do edifício.<br />

Segundo Meyer (1967), existem três modos distintos<br />

de pré-fabricação:<br />

- pré-fabricação móvel ao pé da obra;<br />

- pré-fabricação estacionária;<br />

- pré-fabricação em cadeia.<br />

A pré-fabricação móvel ao pé da obra se dá com a<br />

Figura 4.12<br />

Celas modulares em concreto armado.<br />

Foto de Osvaldo Ribeiro/SESP<br />

Site www.aenoticias.pr.gov.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.13<br />

Imagem do Palácio Imperial de<br />

Katsura-Japão, datado de 1620.<br />

Site www.library.osu.edu.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.14<br />

Imagem interna do do Palácio Imperial<br />

de Katsura-Japão, datado de 1620.<br />

Detalhe dos painéis “Shoji” e o “tatami”.<br />

Site www.library.osu.edu.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

75


instalação da linha de produção no próprio canteiro<br />

onde é montada a linha de produção dos elementos<br />

pré-moldados. A pré-fabricação móvel exige reduzidos<br />

elementos de instalação, porém sua capacidade<br />

de produção também é limitada. Sua vantagem é<br />

a facilidade de adaptação do sistema a todos os<br />

tipos de obras, plantas e formas arquitetônicas. A<br />

pré-fabricação móvel se monta em cada caso para<br />

um determinado projeto. Este sistema é utilizado<br />

em algumas obras onde existem elementos que se<br />

repetem. Geralmente, é feito um molde e o elemento<br />

é repetido no próprio canteiro. É comum encontrar a<br />

fabricação móvel em uma construção feita no regime<br />

de mutirão. Como exemplo, pode-se citar a produção<br />

de tijolos de adobe ou blocos de soloestabilizado,<br />

vulgarmente conhecido por solo-cimento (figura<br />

4.15 e figura 4.16) ou a produção de elementos de<br />

concreto pré-moldados.<br />

A pré-fabricação estacionária é feita no local de<br />

produção das peças pré-fabricadas, que são<br />

transportadas até o canteiro de obra. A produção é<br />

separada do canteiro, o que significa maiores gastos<br />

com transporte. Este modo de produção exige do<br />

projetista o prévio conhecimento dos elementos pré-<br />

moldados antes da confecção do projeto (figura 4.17). É<br />

necessário, também, que o projeto seja pensado dentro<br />

Figura 4.15<br />

Pessoas confeccionando blocos de<br />

solo estabilizado com prensa manual.<br />

Site www.changemakers.net.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.16<br />

Parede com blocos de solo estabilizado.<br />

Site www.construcaoeconomica.<br />

tripod.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.17<br />

Escola construída com elementos<br />

de concreto pré-moldado<br />

no sistema pilar/viga.<br />

Site www.arcoweb.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

76


de uma modulação especificada pelos fabricantes,<br />

evitando com isso desperdícios, perdas e adaptações<br />

inadequadas do elemento pré-fabricado. Este não é<br />

um sistema construtivo que limita a criatividade do<br />

projetista, todavia não fornece a liberdade da pré-<br />

fabricação móvel ao pé da obra.<br />

A pré-fabricação em cadeia exige uma linha de<br />

montagem mais complexa dos elementos que formam<br />

o sistema industrializado.Estes elementos são<br />

fabricados em série, dentro de uma linha industrial<br />

de produção. É o grau máximo da pré-fabricação e<br />

requer a mecanização nas distintas fases de produção.<br />

Como toda produção em cadeia, esta requer uma maior<br />

demanda por parte do mercado, pois a produção é<br />

feita em larga escala. As vantagens da pré-fabricação<br />

em cadeia são a economia da mão-de-obra durante a<br />

fase de produção e um maior controle de qualidade do<br />

produto final, já que a linha de produção em cadeia<br />

exige tecnologia mais avançada do que os outros<br />

modos de produção. O projetista por sua vez tem os<br />

mesmos desafios da pré-fabricação estacionária, ou<br />

seja, tem que ter um conhecimento prévio do sistema<br />

construtivo e a modulação exigida antes da confecção<br />

do projeto.<br />

No Brasil a industrialização da construção acontece<br />

Figura 4.18<br />

Edifício sendo construído<br />

com estrutura em aço.<br />

Site www.arcoweb.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.19<br />

Montagem de paredes internas<br />

com placas de gesso acartonado.<br />

Site www.arcoweb.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.20<br />

Casa construída com painéis<br />

de chapa cimentícia.<br />

Site www.eternit.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

77


em edifícios industriais e de grande porte (figura<br />

4.18), porém quanto aos edifícios residenciais,<br />

encontra-se poucos exemplares isolados nas revistas<br />

especializadas em arquitetura, que se limitam quase que<br />

exclusivamente, ao concreto armado no sistema linear,<br />

ou seja, pilar/viga. Há pouco uso do aço e madeira<br />

industrializada, utilizando-se apenas, componentes e<br />

acessórios como: painéis divisórios, como o caso do<br />

gesso acartonado (figura 4.19), painéis de madeira<br />

e placas cimentícias (figura 4.20).<br />

A indústria da construção de edifícios no país, está<br />

quase que exclusivamente voltada para a produção de<br />

acessórios como coberturas, tubulações, componentes<br />

elétricos e hidráulicos, esquadrias de alumínio (figura<br />

4.21), madeira (figura 4.22), PVC (figura 4.23) e ferro,<br />

entre outros.<br />

Este quadro é devido a vários fatores: o baixo custo<br />

da mão de obra, sua pouca especialização, a cultura<br />

arquitetônica vigente e a falta de prática dos projetistas<br />

em relação a construção pré-fabricada.<br />

No caso das construções em madeira, o quadro<br />

é mais crítico. Encontram-se poucos exemplares<br />

construídos dentro de uma lógica pré-fabricada nas<br />

revistas especializadas em arquitetura. As poucas<br />

construções são réplicas da Casa Vitoriana Americana<br />

Figura 4.21<br />

Montagem esquadria de alumínio.<br />

Site www.arcoweb.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.22<br />

Esquadria de madeira de abrir e tombar.<br />

Site www.scheid.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.23<br />

Ambiente com esquadria de PVC.<br />

Site www.arcoweb.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

78


(figura 4.24), fato este que se supõe ser um dos<br />

contribuintes para a resistência dos arquitetos à pré-<br />

fabricação, pois estas reportagens passam a falsa<br />

impressão de limitação destes sistemas construtivos,<br />

cujos resultados possíveis vão muito além da Casa<br />

Colonial Americana (figura 4.25 e figura 4.26). Há<br />

muitas reportagens sobre construções em madeira<br />

e estas são , na maior parte dos casos, construídas<br />

no sistema pilar/viga, com as peças dimensionadas<br />

e beneficiadas segundo o projeto específico, sem<br />

nenhuma industrialização ou pré-fabricação (figura<br />

4.27 e figura 4.28).<br />

4.2. RELAÇÃO DA INDUSTRIAIZAÇÃO COM<br />

A CASA DE ARAUCÁRIA<br />

Analisando a tecnologia de pré-fabricação da Casa<br />

de Araucária, afirma-se que ela possuía um sistema<br />

linear, com modulação de trinta centímetros. Trata-<br />

se de uma pré-fabricação sem grandes avanços<br />

tecnológicos, já que não houve evolução no sistema<br />

construtivo através da inclusão na indústria de novos<br />

elementos que ajudassem a melhorar a qualidade da<br />

construção. Diferentemente do que ocorreu à casa<br />

de madeira americana, a chamada “Balloon Frame”<br />

(figura 4.29), que hoje dispõe de toda uma linha de<br />

Figura 4.24<br />

Foto de Casa construída no sistema<br />

Steel Freme publicado na revista<br />

Engenharia e Construção - Abril 2004<br />

Figura 4.25<br />

Casa em madeira na França construída no<br />

mesmo sistema que a casa da figura 4.24.<br />

Fonte: Maison & Bois International,<br />

agosto de 2006.<br />

Figura 4.26<br />

Casa em madeira na França construída no<br />

mesmo sistema que a casa da figura 4.24.<br />

Fonte: Maison & Bois<br />

International, maio de 2006.<br />

79


produção de vários componentes e encaixes que<br />

acompanharam a evolução tecnológica industrial.<br />

Muitos elementos contribuíram para esta falta de<br />

avanços tecnológicos. Entre eles, pode-se citar os<br />

dois principais:<br />

- o rápido esgotamento das reservas naturais o que<br />

impediu que houvesse tal evolução;<br />

- o preconceito existente com as construções em<br />

madeira.<br />

Porém, mesmo com a aparente baixa tecnologia,<br />

a Casa de Araucária atingiu uma expressividade<br />

arquitetônica e acompanhou a evolução do modo<br />

de morar, mesmo empregando sempre a mesma<br />

tecnologia. Compararando uma casa construída nas<br />

primeiras décadas do século XX (figura 4.30) com<br />

uma outra, da década de sessenta (figura 4.31).<br />

Ambas possuem o mesmo sistema construtivo,<br />

porém sua volumetria é completamente diferente.<br />

O mesmo não acontece com a casa americana,<br />

como afirma Oliveri (1972): “a casa pré-fabricada<br />

americana onde o valor tecnológico é notável, porém<br />

entra em contradição com a figuratividade obsoleta<br />

inspirada em precedentes modelos arquitetônicos<br />

de estilo vitoriano”. Segundo o autor, este sistema<br />

está concebido em reproduzir grosseiramente o que<br />

Figura 4.27<br />

Casa em madeira estampada na capa<br />

da revista “Arquitetura e Construção” da<br />

editora abril. Edição de fevereiro de 2007.<br />

Figura 4.28<br />

Casa em madeira estampada na capa<br />

da revista “Arquitetura e Construção” da<br />

editora abril. Edição de março de 2007.<br />

80


se fazia com tijolos e por conseguinte, são limitados<br />

sobre o ponto de vista criativo e equivocados sobre<br />

o ponto de vista cultural.<br />

Outra questão importante presente na pré-fabricação<br />

da Casa de Araucária é o fato desta arquitetura ser tão<br />

difundida nos estados onde ocorreu. Analisando fotos<br />

antigas de Curitiba e cidades do interior do Paraná<br />

vê-se a presença marcante da Casa de Araucária<br />

(figura 4.32). Presupõe que o fato desta arquitetura<br />

ser pré-fabricada, contribuiu para a absorção desta<br />

tecnologia por um grande número de construtores.<br />

A simplicidade do sistema, aliada com a grande<br />

quantidade de matéria-prima no mercado, favoreceu<br />

a difusão deste sistema construtivo, todavia, esta<br />

simplicidade não limitava o sistema. A imensa gama<br />

de possibilidades construtivas é atestada pela grande<br />

variação tipológica de seus remanescentes. Pode-se,<br />

com isso, afirmar que a pré-fabricação da Casa de<br />

Araucária criou um “Sistema Construtivo Aberto” e<br />

que a limitação da modulação de trinta centímetros,<br />

na verdade favoreceu a liberdade criativa de seus<br />

construtores. E por ser este um sistema construtivo<br />

simples, os mestres carpinteiros direcionaram sua<br />

liberdade criativa na produção dos detalhes de<br />

acabamentos individualizando cada construção (figura<br />

4.33 e figura 4.34).<br />

Figura 4.29<br />

Balloon Frame House construída em 1862.<br />

Site: www.<br />

franzosenbuschheritageproject.org.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.30<br />

Casa Av. Monteiro Tourinho,<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

Figura 4.31<br />

Casa Rua Bruno Filgueira, em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2007.<br />

81


Muitas das casas remanescentes foram produzidas<br />

em série nas próprias serrarias, vendidas, pré-<br />

cortadas e levadas ao local de implantação apenas<br />

para a montagem, o que se chama vulgarmente de<br />

kits (figura 4.35, figura 4.36 e figura 4.37).<br />

Várias destas casas eram depois ampliadas; ou alguns<br />

detalhes específicos como: acabamento dos oitões,<br />

pilares das varandas, entre outros, eram modificados<br />

para individualizar a casa. Contudo há, ainda, em<br />

Curitiba alguns grupos de casas idênticas (figura<br />

4.38), que segundo o relato de Imaguire (2006),<br />

pertenciam à mesma família e considera-se uma espécie<br />

de investimento para obtenção de renda através do<br />

aluguel. Mesmos estes exemplares são muito bem<br />

construídos e possuem acabamentos singulares (figura<br />

4.39 e figura 4.40), o que dificilmente se encontra<br />

hoje, nas atuais construções em série.<br />

4.3. INDUSTRIALIZAÇÃO E O ACESSO A<br />

MORADIA<br />

Inicialmente, pensou-se para este trabalho, discorrer<br />

sobre um sistema construtivo simples e de fácil<br />

montagem usando a tecnologia tradicional da Casa<br />

de Araucária e aliando a esta os avanços tecnológicos<br />

da indústria da construção de edifícios, com o intuito<br />

Figura 4.32<br />

Paisagem típica das cidades paranaenses<br />

na primeira metade do século XX, foto<br />

de Wenceslau Braz – PR, fonte Álbum<br />

do Cinqüentenário da Estrada de Ferro<br />

do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />

Figura 4.33<br />

Detalhe da varanda.<br />

Casa em São Mateus do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.34<br />

Detalhe da varanda.<br />

Casa em Irati-PR.<br />

Foto de Jussara Valentini, 2007.<br />

82


de auxiliar na diminuição do déficit de moradias,<br />

um dos grandes problemas de nosso país. Após<br />

pesquisa sobre o assunto observa-se que muitos<br />

autores concluíram que o déficit de moradias é um<br />

problema político e não técnico e também que há<br />

muitos bons projetos de baixo custo, que não são<br />

implantados por questões políticas. Por outro lado,<br />

as pesquisas relacionadas a projetos de baixo custo<br />

são necessárias, porque muitos governantes tem<br />

direcionado recursos significativos para o setor de<br />

habitação popular e neste caso estas pesquisas são<br />

importantes. Sob este ponto de vista, não se tem<br />

intenção de afirmar que as edificações pesquisadas<br />

vão resolver o problema habitacional brasileiro ou que<br />

a madeira seja a única solução. A mudança vem da<br />

comprovação da viabilidade construtiva. É importante<br />

que o material apontado seja utilizado por todas as<br />

classes sociais, pois o uso direcionado somente a<br />

habitação social, resulta em preconceito, tanto por<br />

parte da comunidade onde vai ser empregada, quanto<br />

à própria tecnologia construtiva.<br />

Ribeiro (1983) afirma que o principal fator que gera a<br />

crise na falta de moradias são questões relacionadas<br />

à propriedade privada da terra, tema que não será<br />

discutido neste trabalho. A existência de uma demanda<br />

solvável estreita é a principal causa desta crise. Do<br />

Figura 4.35<br />

Anúncio de Casas Pré-fabricadas.<br />

Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1937.<br />

Figura 4.36<br />

Serraria anunciando Casas<br />

Pré-fabricadas.<br />

Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1949.<br />

Figura 4.37<br />

Anúncio de Casas Pré-fabricadas.<br />

Detalhe para opções com<br />

parede simples e dupla.<br />

Fonte: Liste Telefônica do Paraná, 1965.<br />

83


déficit existente de moradias, apenas uma pequena<br />

parte tem condições financeiras de adquirir uma casa,<br />

por se tratar de uma população carente (figura 4.41).<br />

Por esta questão, a falta de moradia é um problema<br />

político, pois cabe ao estado financiar a produção de<br />

casas em condições diferentes da lógica de mercado,<br />

pois se a demanda é solvável, pelas leis de mercado<br />

a crise não deve existir.<br />

Outro fator relevante no mercado da construção civil<br />

é a existência de um grande número de pequenas<br />

empresas e um pequeno número de grandes. Isto<br />

faz com que este ramo apresente um baixo índice<br />

de concentração de capital. O fato deste setor não<br />

possuir uma adequada concentração de renda, cria<br />

um obstáculo com relação a investimentos necessários<br />

à industrialização, tornando o produto final, que é a<br />

moradia, um produto feito de maneira quase artesanal<br />

e onerosa, que é apenas adquirida por um consumidor<br />

que possua condições financeiras adequadas.<br />

A falta de industrialização do setor ocorre, também,<br />

por outros fatores como a descontinuidade no tempo<br />

e espaço existente na produção de moradias. Não há<br />

reserva de solo para o desencadeamento da produção<br />

em larga escala, gerando uma produção fragmentada.<br />

Como cada canteiro possui características singulares<br />

como tipo do solo, insolação, possibilidade de divisão<br />

Figura 4.38<br />

Conjunto de casas Rua Pe. Anchieta.<br />

Foto do autor, 2005.<br />

Figura 4.39<br />

Detalhe do acabamento do encontro da<br />

tábua com o pilarete de embasamento.<br />

Conjunto de casas Rua Pe. Anchieta.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.40<br />

Detalhe do acabamento da varanda.<br />

Casa muito reproduzida em Curitiba.<br />

Rua Pe. Agostinho em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

84


de lotes entre outros a produção de moradias se dá<br />

de maneira decontínua, caracterizando cada canteiro<br />

como uma lógica de produção. Esta descontinuidade<br />

também acontece em relação ao tempo. Não há uma<br />

política que possibilite um planejamento em longo<br />

prazo, para a produção contínua de casas, o que<br />

favorece a industrialização do setor pela criação de<br />

uma demanda estável. Também a não possibilidade<br />

do produto ser pré-determinado durante a produção<br />

em série, como acontece por exemplo na indústria<br />

automobilística. A produção de residências em série,<br />

em grandes áreas, gera a não apropriação pelo<br />

morador devido a falta de individualidade da casa<br />

(figura 4.42), como se vê nos conjuntos habitacionais<br />

construídos nas décadas de sessenta e setenta, pelo<br />

extinto Banco Nacional de Habitação.<br />

Segundo Ribeiro (1983) é necessária a criação de<br />

condições que favoreçam ao construtor a organizar<br />

o processo de produção de maneira tal a torná-lo<br />

gerador de um valor superior ao do capital inicial e<br />

também, a realização de um novo valor incorporado<br />

à mercadoria produzida. Essas condições são<br />

necessárias em todos os setores de produção.<br />

Outra questão importante é que a expansão da produção<br />

de uma determinada mercadoria tende a destruir a<br />

forma de produção pré-existente como por exemplo o<br />

Figura 4.41<br />

Casa construída com restos de madeira.<br />

Moradia insalubre e apresenta risco<br />

à segurança dos moradores.<br />

Site www.abbra.eng.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.42<br />

Conjunto de casas populares fotografado<br />

na década de 90, local não especificado.<br />

Site www.andrepaiva.com.br.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

85


artesanato, levando a uma proletarização os antigos<br />

produtores. No Brasil, esta expansão aconteceu em<br />

alguns setores da construção civil, porém no que se<br />

refere a construção de habitações, principalmente as<br />

destinadas as camadas mais pobres, é ainda feita na<br />

maioria das vezes, de maneira artesanal. Isto devido à<br />

descontinuidade de investimentos no setor tornando<br />

difícil a aplicação permanente de investimentos e<br />

consequentemente, a adoção de métodos industriais.<br />

O resultado é que o investidor provavelmente utilizará<br />

métodos de produção manual, evitando o uso de<br />

máquinas e não deixando uma grande quantidade<br />

de capital imobilizado.<br />

A solução proposta para o problema apresentado é a<br />

pré-fabricação de elementos construtivos. De acordo<br />

com a lógica proposta por Oliveri (1972), a fabricação<br />

aberta, criando com isso, dentro de uma modulação,<br />

elementos pré-fabricados que forneçam ao projetista<br />

e ao construtor uma variedade de possibilidades<br />

construtivas, que sejam flexíveis ao programa exigido<br />

para habitação, com a possibilidade de implantação<br />

e com a volumetria desejada. Também a produção<br />

industrial em série dos elementos construtivos, que são<br />

de fácil montagem, já que pode ser executada pelas<br />

pequenas empresas de construção, ou até mesmo<br />

pelos moradores nos regimes de mutirão (figura 4.43<br />

Figura 4.43<br />

Mutirão para construção em adobe.<br />

Site www.ecocentro.org.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.44<br />

Mutirão para construção em super-adobe.<br />

Site www.ecocentro.org.<br />

Acesso em 27 de abril de 2007.<br />

Figura 4.45<br />

Casa em São Mateus do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

86


e figura 4.44). O sistema proposto resgata a lógica<br />

construtiva da Casa de Araucária.<br />

Como visto anteriormente, com apenas seis bitolas<br />

se tem uma imensa possibilidade construtiva e de<br />

fácil execução. Principalmente, porque não apresenta<br />

limitações à criatividade dos projetistas e construtores<br />

(figura 4.45 a figura 4.48).<br />

Figura 4.46<br />

Casa em Irenópolis-SC.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.47<br />

Casa em São Mateus do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 4.48<br />

Casa na colônia Marmeleiro, em<br />

Almirante Tamandaré-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

87


5. A CASA DE ARAUCÁRIA E A<br />

HABITAÇÃO SOCIAL: ESTUDO DE<br />

CASO REDE VIAÇÃO PARANÁ SANTA<br />

CATARINA<br />

A implantação da malha ferroviária nos estados<br />

do Paraná e Santa Catarina foi o principal agentel<br />

urbanizador destes estados. Muitas cidades nasceram<br />

e se desenvolveram a partir da implantação da estação<br />

de trem. A rapidez do deslocamento e escoamento<br />

da produção foi também um agente modernizante,<br />

trazendo desenvolvimento e progresso para estes<br />

estados.<br />

É impossível um estudo sobre a arquitetura de<br />

madeira no estado do Paraná sem uma análise do<br />

papel da RVPSC. A grande quantidade de matéria<br />

prima disponível só foi possível com o escoamento<br />

da madeira através da malha ferroviária.<br />

A escolha da RVPSC como estudo de caso de uma<br />

empresa que construíu casas para seus operários<br />

em madeira foi pelos seguintes fatores:<br />

- A RVPSC era uma das maiores empresas do<br />

estado e tinha em seu quadro um grande número de<br />

empregados;<br />

- A RVPSC construíu diversas edificações em madeira,<br />

como estações, garagens, oficinas e casas.<br />

Figura 5.1<br />

Mapa das linhas da RVPSC em 1937.<br />

Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />

em 02 de maio de 2007.<br />

Figura 5.2<br />

A estação de Jacarehy, sem data. Município<br />

de Morretes-PR.<br />

Foto cedida por Eduardo Coelho<br />

Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />

em 02 de maio de 2007.<br />

Figura 5.3<br />

Fornecedores de madeira para a ferrovia<br />

em Roseira no município de Rio Negro-PR.<br />

Cessão Elza Maria de Lima Lourenço<br />

Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />

em 02 de maio de 2007.<br />

88


- Cada trecho da linha de trem era mantida por uma<br />

“turma” com profissionais variados. Estes residiam<br />

em casas construídas pela empresa;<br />

- As primeiras “vilas ferroviárias” eram de madeira e<br />

ainda hoje existem remanecentes destas construções<br />

em diversas cidades do estado do Paraná, inclusive<br />

em Curitiba.<br />

5.1. BREVE HISTÓRICO DA RVPSC<br />

As primeiras ligações ferroviárias do Paraná datam do<br />

final do século XIX, sendo o trecho ligando Curitiba<br />

a Paranaguá inaugurado em 1885. Posteriormente,<br />

a rede ferroviária foi expandida para outras cidades<br />

paranaenses (figura 5.1) e, no ano de 1942, toda<br />

a malha ferroviária dos estados do Paraná e Santa<br />

Catarina foram encampadas pelo governo federal e<br />

se transformaram na Rede Viação Paraná e Santa<br />

Catarina (RVPSC), com sede em Curitiba. A RVPSC<br />

passou a pertencer a Rede Ferroviária Federal S. A.<br />

em 1957, empresa estatal que reunia vinte e duas<br />

outras ferrovias.<br />

A RFFSA foi privatizada na década de noventa. O<br />

trecho pertencente a RVPSC adquirido pela empresa<br />

Ferrovia Sul Atlântico, passando a chamar América<br />

Latina Logística em 1999.<br />

Figura 5.4<br />

Estação Porto de Cima, Município de<br />

Morretes. Fonte Álbum do Cinqüentenário<br />

da Estrada de Ferro do Paraná em 1935,<br />

acervo RVPSC.<br />

Figura 5.5<br />

A estação Espalha Brasa, anos 1930,<br />

município de Pirai do Sul-PR.<br />

Acervo Arthur Wischral, cedida por Nilson<br />

Rodrigues<br />

Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />

em 02 de maio de 2007.<br />

Figura 5.6<br />

Composicão parada na estação de Passaúna,<br />

provavelmente anos 60. Foto do acervo da<br />

ABPF do Paraná.<br />

Site www.estacoesferroviarias.com.br. Acesso<br />

em 02 de maio de 2007.<br />

89


A ferrovia no Paraná está intimamente ligada ao<br />

processo de urbanização do estado. Muitas cidades<br />

nasceram a partir da estação ferroviária (figura 5.2).<br />

A ferrovia possibilitou o escoamento da madeira de<br />

pinho extraída da floresta de araucária (figura 5.3)<br />

e utilizou o pinho como principal material utilizado<br />

para construção das primeiras estações e da infra-<br />

estrutura necessária à implantação e expansão de<br />

sua malha.<br />

O Paraná, na primeira metade do século XX, tinha<br />

sua paisagem urbana formada em sua maioria, por<br />

edificações em madeira, sendo a rede ferroviária<br />

um dos principais consumidores desta tecnologia<br />

construtiva (figura 5.4). Analisando o arquivo fotográfico<br />

da extinta RVPSC vê-se muitas cidades nascendo ao<br />

redor da pequena estação de madeira (figura 5.5),<br />

tendo ao lado algumas casas também em madeira,<br />

construídas no sistema tábua e mata-juntas. Junto a<br />

estação ou em suas proximidades era construída a<br />

vila ferroviária (figura 5.6).<br />

A empresa nos 113 anos de existência foi uma das<br />

principais construtoras de casas operárias. Há registros<br />

datados, a partir da década de trinta, de reivindicações<br />

dos funcionários para financiamentos e possibilidades<br />

de acesso a moradia. Todos os projetos e documentos<br />

referentes às construções estão arquivados no porão<br />

Figura 5.7<br />

Estação Cachoeira em Madeira.<br />

Almirante Tamandaré-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 5.8<br />

Oficina de manutenção de pontes. Edifício<br />

em madeira.<br />

Fonte: Correio dos Ferroviários, 1944.<br />

Figura 5.9<br />

Pavilhão do Cinqüentenário da Estrada de<br />

Ferro do Paraná em 1935.<br />

Fonte Álbum do Cinqüentenário da Estrada de<br />

Ferro do Paraná em 1935, acervo RVPSC.<br />

90


de sua antiga sede na cidade de Curitiba. Durante a<br />

fase de levantamento, foram pesquisados os arquivos<br />

no que se refere a construções de madeira, que são<br />

menos 10% dos projetos armazenados. O material<br />

encontrado foi fotografado e copiado, porém a forma<br />

de armazenamento em que se encontra é preocupante,<br />

pois este material está exposto à umidade e a insetos<br />

e os sinais de decomposição e degradação estão<br />

visíveis.<br />

5.2. RVPSC E A CASA DE ARAUCÁRIA<br />

Um dos principais sistemas construtivos adotado pela<br />

rede ferroviária foi a tábua e mata-juntas. Grande<br />

parte das primeiras estações eram em madeira<br />

(figura 5.7). Também as casas dos funcionários e os<br />

edifícios de apoio, como garagens, oficinas (figura<br />

5.8) e depósitos, eram construídos neste material.<br />

Aparentemente, não havia preconceito no uso do<br />

material. O pavilhão destinado a exposição ferroviária,<br />

construído em 1935 para a comemoração dos cinqüenta<br />

anos da estrada de ferro no Paraná, foi construído<br />

no sistema tábuas e mata-juntas (figura 5.9).<br />

Ao contrário do que acontecia na maioria das<br />

construções neste sistema construtivo, a construção<br />

seguia um projeto feito por um engenheiro da empresa,<br />

sendo planejada e padronizada. As estações eram<br />

Figura 5.10<br />

Casas da vila ferroviária de Rio Negro.<br />

Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />

Figura 5.11<br />

Casa da RVPSC em Wenceslau Brás.<br />

Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

91


dimensionadas de acordo com a capacidade do<br />

local de instalação e as residências hierarquizadas<br />

pelo tamanho, de acordo com o cargo ocupado na<br />

empresa pelo morador.<br />

As construções não seguem uma tipologia específica,<br />

e sim a mesma volumetria das casas anteriormente<br />

estudadas. No entanto, possuem menor complexidade<br />

nos acabamentos, similar às construções convencionais<br />

produzidas em série.<br />

Comparando-se as primeiras construções com as<br />

mais recentes, também se verifica que há a mesma<br />

variação volumétrica presente na Casa de Araucária.<br />

Encontra-se as primeiras construções com referências<br />

ecléticas (figura 5.10) e, as construções feitas a partir<br />

da década de sessenta, com referências modernistas<br />

(figura 5.11).<br />

5.3. RVPSC E HABITAÇÃO SOCIAL<br />

Pesquisando o Correio Ferroviário, um periódico<br />

publicado pela RVPSC a partir de 1933 (figura 5.12<br />

a figura 5.15), constatou-se que o acesso à moradia<br />

era uma questão importante.<br />

Um artigo de 1936 salienta: “um dos principais<br />

problemas humanos da atualidade é a habitação e o<br />

governo brasileiro resolveu confiá-lo às organizações<br />

autônomas, mas de caráter oficial, como as Caixas<br />

Figura 5.12<br />

Reportagem do Correio dos Ferroviários<br />

sobre a construção de casas e a Caixa de<br />

Pensões e Aposentadoria.<br />

Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />

Figura 5.13<br />

Reportagem do Correio dos Ferroviários<br />

sobre a construção de casas e a Caixa de<br />

Pensões e Aposentadoria.<br />

Fonte: Correio dos Ferroviários, 1937.<br />

92


de Aposentadorias e Pensões”.<br />

Com este dispositivo legal a Caixa de Aposentadorias<br />

e Pensões dos Ferroviários inicia a construção de<br />

casas para os ferroviários.<br />

No artigo publicado em novembro de 1937: “(...)<br />

a propriedade exerce na economia particular uma<br />

influência primordial. O indivíduo, com sua propriedade,<br />

sente-se por maneira influenciado para o bem e para<br />

o trabalho.”<br />

Em 28 de julho de 1937, é exposto o regulamento<br />

para a aquisição de moradias, que tem como objetivo<br />

facilitar o acesso à habitação “ao alcance dos<br />

modestos recursos dos associados “ e apresenta<br />

questões como:<br />

- prazo de vinte anos para o pagamento;<br />

- no caso de família composta por mais de quatro<br />

filhos menores de 16 anos, o prazo se estende a<br />

vinte cinco anos;<br />

- resgate da dívida não poderá ser superior a 45%<br />

dos vencimentos mensais do associado;<br />

- possibilidade de compra de habitação, compra<br />

de terreno e posterior construção da habitação,<br />

empréstimo para construção de habitação em terreno<br />

anteriormente adquirido, remodelação de habitação<br />

existente, venda de prédios construídos ou adquiridos<br />

Figura 5.14<br />

Despacho presidencial sobre habitação<br />

popular.<br />

Fonte: Correio dos Ferroviários, 1944.<br />

Figura 5.15<br />

Propaganda oferecendo casas de madeira<br />

para ferroviários “15 lindos bangalôs”.<br />

Fonte: Correio dos Ferroviários, 1938.<br />

93


por iniciativa direta e venda de apartamentos. Os<br />

dois últimos itens possibilitam a uma empresa obter<br />

financiamento da caixa de pensão para construção<br />

de habitações destinadas à venda para os próprios<br />

associados.<br />

- obrigatoriedade de apresentação de plantas de<br />

situação e orientação da construção na escala 1:500<br />

e planta de cada pavimento na escala 1:100. No<br />

caso de remodelação de habitação, apresentação<br />

de fotografia 18x24cm da fachada principal;<br />

- No caso de construção de habitações para venda,<br />

torna-se necessário que “os apartamentos serão<br />

do tipo econômico, respeitado a simplicidade de<br />

concepção, o emprego racional dos materiais e os<br />

requisitos de higiene e conforto e de conservação<br />

fácil e módica”.<br />

- a localização terá sempre em vista a proximidade<br />

da sede de trabalho do associado ou a facilidade de<br />

transporte barato deste;<br />

- taxa de juros inicial de 6% ao ano, podendo ser elevada<br />

a 8% se exigirem as condições financeiras;<br />

- obrigatoriedade de seguro de vida e contra fogo;<br />

- em casos especiais, poderá ser realizada, em regiões<br />

apropriadas, a construção de casas de madeira,<br />

mediante prévia aprovação do Conselho Nacional<br />

Figura 5.16<br />

Vila Colorado em Curitiba-Pr, foto<br />

provavelmente do final da década de 80.<br />

Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />

- Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 5.17<br />

Vila Ferroviária de Apucarana-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

94


do Trabalho, não podendo o prazo de pagamento<br />

exceder 10 anos;<br />

A preocupação com o acesso à moradia exposto<br />

no regulamento é permeada por questões como<br />

a localização das habitações operárias em áreas<br />

próximas do local de trabalho, criando assim as ”vilas<br />

ferroviárias” (figura 5.16 e figura 5.17) presentes<br />

até hoje em muitas cidades paranaenses. Outra<br />

preocupação são as questões sanitaristas, que<br />

aparecem em alguns termos como “casas higiênicas”<br />

e de “fácil manutenção e limpeza”. Também verifica-<br />

se o preconceito existente com a habitação em<br />

madeira, pois esta requeria uma maior burocracia<br />

para aprovação do financiamento, além de possuir<br />

a metade do prazo para a sua quitação, todavia, isto<br />

não impediu a construção de casas de madeira, pois<br />

a própria RVPSC as construiu para seus funcionários.<br />

Provavelmente, o prazo era menor devido o custo da<br />

construção em relação à casa de alvenaria.<br />

Em outro texto, datado de março de 1938, é solicitado<br />

à RVPSC o transporte gratuito dos materiais de<br />

construção, principalmente nas grandes cidades, como<br />

Curitiba e Ponta Grossa, onde as vilas ferroviárias<br />

são afastadas do centro.<br />

Não foi possível determinar a quantidade de habitações<br />

produzidas através do financiamento da Caixa de<br />

Figura 5.18<br />

Projeto de casa de alvenaria.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.19<br />

Projeto de casa de alvenaria.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

95


Aposentadoria e Pensão da RVPSC e tampouco,<br />

localizar com exatidão todas as tipologias construídas.<br />

O material disponível nos arquivos pesquisados se<br />

refere apenas às construções a partir de década de<br />

40. Também, há uma diferenciação entre as casas de<br />

propriedade da RVPSC construídas para os funcionários<br />

e as casas que foram financiadas pela Caixa de<br />

Aposentadoria e Pensão, contudo supõe-se que não<br />

há uma diferenciação tipológica marcante entre as<br />

casas construídas pela RVPSC para seus funcionários<br />

e as casas adquiridas pelo mercado imobiliário. Esta<br />

diferença se daria em algumas questões projetuais,<br />

entretanto, as dimensões e quantidades de cômodo<br />

seguem a lógica do mercado imobiliário, como se<br />

constata comparando as habitações produzidas pela<br />

RVPSC com outras contemporâneas a estas.<br />

Para análise deste trabalho, focou-se somente<br />

as tipologias produzidas pela própria RVPSC,<br />

independentemente destas serem de propriedade<br />

da empresa ou não. Não foi possível localizar as<br />

tipologias construídas por outras empresas, pois não<br />

se localizaram nos arquivos pesquisados nenhuma<br />

referência.<br />

Figura 5.20<br />

Projeto de casa de alvenaria.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

96


5.4. TIPOLOGIAS<br />

A proposta tipológica das casas de madeira produzidas<br />

pela RVPSC tem como base os projetos da própria<br />

empresa, analisados na fase de pesquisa. Foram<br />

encontrados dezoito projetos, de casas de madeira<br />

e em torno de cinquenta projetos de casas de<br />

alvenaria (figura 5.18 a figura 5.21) . Não há uma<br />

diferenciação cronológica da produção das casas de<br />

madeira e alvenaria. Estas ocorriam paralelamente<br />

no tempo, sendo que alguns projetos em alvenaria<br />

são anteriores a 1943, data do primeiro projeto de<br />

madeira encontrado.<br />

Outro ponto importante referente às casas de madeira<br />

é que foram construídas casas anteriores aos últimos<br />

projetos encontrados, fato este comprovado pelas<br />

fotos pertencentes a RVPSC, o que se supõe que estas<br />

casas eram construídas por mestres carpinteiros ou<br />

que seus projetos foram perdidos.<br />

Paralelo a pesquisa feita no arquivo da RVPSC, foi feito<br />

um levantamento fotográfico das casas de madeira<br />

ainda existentes no estado do Paraná. Constatou-se<br />

que muitas foram substituídas por construções em<br />

alvenaria, provavelmente nas décadas de setenta<br />

e oitenta, segundo relatos orais, sem comprovação<br />

documental. Todas as casas de madeira encontradas<br />

e fotografadas foram comparadas com os projetos<br />

Figura 5.21<br />

Projeto de casa de alvenaria.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.22<br />

Projeto Casa Tipo “C”.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

97


existentes e relata-se que, em todos os casos, a casa<br />

construída seguiu um projeto específico. As alterações<br />

levantadas foram posteriores à construção<br />

As casas de alvenaria que substituíram as de madeira<br />

também seguiam um projeto específico feito por<br />

técnicos da empresa. Estas substituições ocorreram<br />

também em outros edifícios, como estações, depósitos<br />

e oficinas. Estas substituições foram propostas pela<br />

empresa como uma forma de modernização, visto que<br />

a construção em madeira era algo vinculado, como<br />

uma não modernidade.<br />

Figura 5.23<br />

Projeto Casa Tipo “C”.<br />

Desenho da Fachada<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

98


5.4.1. CASA TIPO C-PROJETO 824<br />

Área: 61,80m2<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Data do Projeto: 23/11/1943.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria 45x45cm, com 65cm de<br />

altura até a base do baldrame.<br />

Baldrame: Viga com 3”x6”<br />

Barrotes: Viga com 3”x6”<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilar com 4”x4”<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />

especificadas<br />

Pé-direito: 300cm<br />

Forro: tipo Não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: Telhado com 02 águas com beiral não especificado<br />

e volume saliente sobre a varanda. Estrutura em linha<br />

alta com inclinação de 50%.<br />

Frechal: Viga com 3”x5”<br />

Pernas: Viga com 3”x4”<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janelas com dimensões não<br />

especificadas.<br />

A janela frontal é tipo guilhotina com 02 folhas cegas<br />

de abrir.<br />

Portas: Portas de eixo vertical com dimensões não<br />

especificadas.<br />

A porta frontal possui almofadas.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal semi-embutida no corpo da<br />

casa, formando um volume saliente no telhado.<br />

Singularidade<br />

Possui meia parede hidráulica do banheiro em alvenaria<br />

e o banheiro possui laje em concreto armado.<br />

Figura 5.24<br />

Projeto Casa Tipo “C”.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.25<br />

Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />

Provavelmente a Tipo “C”<br />

Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

Figura 5.26<br />

Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />

Provavelmente a Tipo “C”<br />

Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

99


5.4.2. CASA PARA TURMEIRO VOLANTE<br />

PROJETO 300<br />

Área:17,50m2<br />

Desenhado por Lídio C. Rodin.<br />

Data do Projeto: 25/03/1948<br />

Embasamento<br />

Fundação: Feito com estacas de madeira bruta sem<br />

especificação da altura.<br />

Baldrame: Viga com 6x10 cm<br />

Barrotes: Viga com 6x10 cm<br />

Assoalho: Tábua bruta de 1”<br />

Paredes<br />

Pilares: 8x8cm<br />

Vedação: Tábua horizontal<br />

Pé-direito: 250cm<br />

Forro<br />

Tipo: Aparentemente sem forro.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas, com beiral não especificado e com<br />

estrutura em linha alta.<br />

Inclinação de 100%. A telha provavelmente é de madeira<br />

com dimensões 15x75cm colocadas na horizontal.<br />

Frechal: Viga com 6x10cm<br />

Pernas: Viga com 6x8cm<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janela 80x100 com 02 folhas cegas de abrir<br />

Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />

70x200cm<br />

Varanda<br />

Não possui varanda.<br />

Singularidade<br />

A casa é geminada e, aparentemente, serve como<br />

moradia transitória, não há especificação de<br />

banheiro.<br />

Figura 5.27<br />

Projeto Casa para Turmeiro Volante.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.28<br />

Projeto Casa para Turmeiro Volante.<br />

Elevação e Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.29<br />

Projeto Casa para Turmeiro Volante.<br />

Corte.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

100


5.4.3. CASA TIPO D-PROJETO 956<br />

Área: 39,00m2<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Verificado por: Djalma Palmeira.<br />

Data do Projeto: 19/11/1948.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 30cm de altura<br />

até baldrame. O pilar está 40cm do nível do solo.<br />

Baldrame: Viga com 3”x6”<br />

Barrotes: Viga com 3”x5”<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilares com 4”x4”<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />

especificadas<br />

Pé-direito: 300cm<br />

Forro<br />

Tipo: Não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas com beiral não especificado, com estrutura<br />

em linha alta. Inclinação de 50%.<br />

Frechal: Viga com 3”x6”<br />

Pernas: Viga com 2”x3”<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janela 100x150 tipo guilhotina na maioria dos<br />

cômodos, no banheiro 90x100cm e na sala 90x150cm<br />

Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />

70x240cm no acesso externo à cozinha, nos quartos<br />

70x210cm, no banheiro 60x210cm e a porta de acesso<br />

à varanda tem 80x240cm.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal dentro do volume do<br />

telhado.<br />

Singularidade<br />

O piso do banheiro é em concreto e a parede hidráulica<br />

em alvenaria.<br />

Figura 5.30<br />

Projeto Casa Tipo “D”.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.31<br />

Projeto Casa Tipo “D”.<br />

Fachada.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

101


5.4.4. CASA DE MADEIRA-PROJETO 1663<br />

Área: 45,00m2<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Data do Projeto: 14/01/1957<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 70cm de<br />

altura até o baldrame.<br />

Baldrame: Viga com 3”x6”<br />

Barrotes: Viga com 3”x5”<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilares de 4”x4”<br />

Vedação: Tábua e mata-junta sem dimensão<br />

especificada<br />

Pé-direito: 300cm<br />

Forro<br />

Tipo: Não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas com beiral de 50cm, com estrutura<br />

em linha alta. Inclinação de 50%.<br />

Frechal: Viga com 3”x6”<br />

Pernas: Viga 3”x4”<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Tipo guilhotina, na maioria dos cômodos possui<br />

dimensões de 100x140cm e peitoril com 90cm.<br />

Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />

70x210cm e no banheiro 60x210cm.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal.<br />

Figura 5.32<br />

Projeto Casa Tipo “D”.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.33<br />

Casa da vila ferroviária de Serra Morena,<br />

em Uraí-PR. Provavelmente Tipo “D”.<br />

Foto Douglas Razaboni, 2002.<br />

Figura 5.34<br />

Projeto Casa de Madeira.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

102


5.4.5. CASA TIPO G-PROJETO 1680<br />

Área: 48,90m2<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Verificado por João de Araújo Neto<br />

Data do Projeto: 12/03/1957<br />

Embasamento<br />

Fundação : Pilar de alvenaria 40x40cm com 70cm de<br />

altura até o piso acabado.<br />

Baldrame: Viga com 3”x6”<br />

Barrotes: Viga com 3”x5”<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Não especificado.<br />

Vedação: Tábua e mata-junta sem dimensão<br />

especificada<br />

Pé-direito: 280cm<br />

Forro<br />

Tipo Não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas com beiral de 50cm, com estrutura<br />

em linha alta. Inclinação de 46%. O volume da varanda<br />

é destacado.<br />

Frechal: Viga com 3”x5”.<br />

Pernas: Viga com 2”x4”.<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Na maioria dos cômodos, possui janela<br />

tipo guilhotina com 02 folhas cegas de eixo vertical<br />

com dimensões de 100x150cm e peitoril com 90cm.<br />

No banheiro possui janela com 90x100cm tipo não<br />

especificado.<br />

Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical<br />

com 80x210cm e no banheiro 70x210cm e na porta<br />

frontal 80x240cm.<br />

Varanda<br />

Não possui varanda.<br />

Singularidade<br />

O piso do banheiro é especificado em concreto.<br />

Figura 5.35<br />

Projeto Casa Tipo “G”.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.36<br />

Projeto Casa Tipo “G”.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.37<br />

Casas da estação de Raul Mesquita em Piraí<br />

do Sul-PR. Provavelmente tipo “G”.<br />

Foto Nilson Rodrigues, 1992.<br />

103


5.4.6. CASA DO GUARDA CHAVES<br />

PROJETO 1705<br />

Área: 58,00m2.<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Verificado por João de Araújo Neto<br />

Data do Projeto: 23/07/1957.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria dimensão não especificada.<br />

Distância do solo até o piso acabado de 60cm.<br />

Baldrame: Viga com 3”x6”.<br />

Barrotes: Viga com 3”x6”.<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Não especificado.<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />

especificadas.<br />

Pé-direito: 280cm .<br />

Forro<br />

Tipo: Não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: Estrutura em tesoura. Telhado com 02 águas<br />

com beiral de 50cm.<br />

Frechal: Viga com 3”x6”<br />

Pernas: Viga com 3”x4”<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janelas tipo guilhotina 100x140cm, no banheiro<br />

100x40cm.<br />

Portas: Portas de eixo vertical 80x210cm.<br />

Varanda<br />

Não possui varanda.<br />

Singularidade<br />

No banheiro foi especificado pintura a óleo a 150cm do<br />

piso e possui piso em concreto sob terra apiloada.<br />

Figura 5.38<br />

Projeto Casa do Guarda Chaves.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.39<br />

Projeto Casa do Guarda Chaves.<br />

Planta e Corte transversal.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.40<br />

Conjunto de casas do Guarda Chaves.<br />

Bairro Bacacherí em Curitiba-PR<br />

Foto do autor, 2005.<br />

Figura 5.41<br />

Casa do Guarda Chaves.<br />

Bairro Bacacherí em Curitiba-PR<br />

Foto do autor, 2005.<br />

104


5.4.7. CASA DESMONTÁVEL PARA<br />

FUNCIONÁRIO<br />

Área: 27,00m2<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Data do Projeto: 28/04/1958.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilares formando malha de 225x300cm com<br />

dimensão não especificada.<br />

Baldrame: Não especificado.<br />

Barrotes: Não especificado.<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

A parede é formada por painel com modulação de<br />

150x300cm, sendo o quadro formado por peças de 2”x2”.<br />

O painel é revestido com tábuas verticais, possivelmente<br />

pregadas e com encaixe macho e fêmea.<br />

Pé-direito 300cm na face frontal.<br />

Forro<br />

Tipo: Não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: Não especificado.<br />

Frechal: Não especificado.<br />

Pernas: Não especificado.<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janelas com 100x70cm em veneziana e vidro<br />

fixo.<br />

Portas: Portas de eixo vertical externas com 70x205cm<br />

e internas com 70x200cm, a porta do banheiro é de<br />

60x200cm.<br />

Varanda<br />

Não possui varanda<br />

Singularidade<br />

O sistema construtivo prevê a montagem e desmontagem<br />

da casa sendo somente o embasamento construído<br />

convencionalmente.<br />

Figura 5.42<br />

Projeto Casa Desmontável para<br />

Funcionário.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.43<br />

Projeto Casa Desmontável para<br />

Funcionário.<br />

Planta Planta Baixa.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.44<br />

Projeto Casa Desmontável para<br />

Funcionário.<br />

Fachada.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.45<br />

Projeto Casa Desmontável para<br />

Funcionário.<br />

Painel Frontal.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

105


5.4.8. CASA TIPO A AMPLIADA<br />

PROJETO 1851<br />

Área: 63,00m2<br />

Desenhada por Álvaro Heiva Passos<br />

Verificado por João de Araújo Neto<br />

Data do Projeto: 18/08/1959.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 55cm de<br />

altura até a base do baldrame.<br />

Baldrame: Viga com 3”x6”<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilares com 3”x3”<br />

Vedação: Tábua e mata-junta sem dimensão<br />

especificada<br />

Pé-direito: 280cm.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas com beiral de 50cm, com estrutura<br />

em linha alta. Inclinação de 35%, a área da cozinha<br />

e banheiro possui pé direito mais baixo.<br />

Frechal: Viga com 3”x5”.<br />

Pernas: Viga 2”x4”.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Tipo guilhotina, na maioria dos cômodos<br />

possui dimensões de 80x140cm e peitoril de 90cm. No<br />

banheiro possui dimensão de 100x90cm.e peitoril de<br />

100cm e, na despensa, 80x50cm e peitoril de 90cm.<br />

Não é possível determinar o sistema de abertura no<br />

banheiro e despensa.<br />

Portas: Na maioria dos cômodos possui porta com<br />

dimensões de 80x210cm com 01 folha de eixo vertical.<br />

A porta interna da cozinha tem dimensões de 70x210cm<br />

e a porta externa 90x210cm.<br />

Varanda<br />

Sem varanda.<br />

Figura 5.46<br />

Projeto Casa Tipo “A” Ampliada.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.47<br />

Projeto Casa Tipo “A” Ampliada.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.48<br />

Croqui da provável Casa tipo “A” da Vila<br />

Colorado.<br />

Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />

- Professor Key Imaguire Jr.<br />

Figura 5.49 e figura 5.50<br />

Casa provavelmente Tipo “A”.<br />

Vila Colorado, Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

106


5.4.9. CASA DE ENGENHEIRO<br />

PROJETO 2100<br />

Área: 168,64m2<br />

Projetado, desenhado e calculado pelo departamento<br />

técnico.<br />

Dta do Projeto 04/02/1963<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria 50x50cm, com 25cm de<br />

altura até a base do baldrame.<br />

Baldrame: Viga com 6”x8”.<br />

Barrotes: Viga com 4”x8”.<br />

Assoalho: Tábuas de 1”.<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilar com 4”x4”.<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas<br />

Pé-direito: 300cm.<br />

Forro<br />

Tipo: não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: Estrutura em linha alta. Beiral de 67cm.<br />

Vários volumes com inclinação não especificada.<br />

Frechal: Viga com 3”x6”<br />

Pernas: Viga com 3”x4”<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janelas tipo guilhotina e, nos quartos, guilhotina<br />

com 02 folhas cegas de eixo vertical. Dimensões não<br />

legíveis.<br />

Portas: Portas de eixo vertical externas com 70x205cm<br />

e internas com 70x200cm. A porta do banheiro é de<br />

60x200cm.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal e, nos fundos, incorporadas<br />

no volume do telhado.<br />

Singularidade<br />

É a casa que possui planta mais complexa, com detalhes<br />

construtivos singulares. O painel que divide a sala<br />

de estar do corredor. Os banheiros são em alvenaria<br />

com piso em concreto armado. Possui cômodos como<br />

o escritório e quarto de empregada.<br />

Figura 5.51<br />

Projeto Casa de Engenheiro.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.52<br />

Casa de Engenheiro.<br />

croqui do autor com base no projeto.<br />

Figura 5.53<br />

Projeto Casa de Engenheiro.<br />

Cortes e Cobertura.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

107


5.4.10. CASA TIPO C-PROJETO 2350<br />

Área: 61,80m2.<br />

Desenhado por Roger Marinho.<br />

Data do Projeto 08/03/1966.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Não especificado com 60cm até o baldrame.<br />

O piso abaixo da casa é impermeabilizado.<br />

Baldrame: Não especificado.<br />

Barrotes: Não especificado.<br />

Assoalho: Indicado, porém sem especificação.<br />

Paredes<br />

Pilares: Não especificado.<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />

especificadas. Pé-direito: 280cm.<br />

Forro<br />

Tipo: Forro Paulista.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas, com beiral de 45cm, com volume<br />

saliente sobre a varanda. Estrutura em linha alta com<br />

inclinação de 50%.<br />

Frechal: Não especificado.<br />

Pernas: Viga com 2”x4”<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janela 100x150cm com guilhotina e 02 folhas<br />

cegas de eixo vertical nos quartos, 160x150cm com<br />

02 guilhotinas e 02 folhas cegas de eixo vertical no<br />

quarto frontal e na sala. Na cozinha, 160x100cm, tipo<br />

não especificado e, no banheiro, janela de 80x60cm<br />

também não especificada.<br />

Portas: Portas de 80x210cm exceto no banheiro<br />

70x210cm.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal semi-embutida no corpo da<br />

casa, formando um volume saliente no telhado.<br />

Singularidade<br />

O piso abaixo da casa é impermeabilizado. O piso do<br />

banheiro é em concreto sobre base de terra apiloada.<br />

A parede hidráulica do banheiro é em alvenaria.<br />

Na parede da cozinha está especificado pintura<br />

a óleo até 150cm do piso. O projeto apresenta a<br />

implantação de 06 casas junto à estação do Portão,<br />

em Curitiba.<br />

Figura 5.54<br />

Projeto Casa Tipo “C”.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.55<br />

Projeto Casa Tipo “C”.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.56<br />

Casa Tipo “C”.<br />

Estação Portão, Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

108


5.4.11. CASA TRANSPORTÁVEL PARA<br />

TRABALHADORES-PROJETO 2306<br />

Área: 11,04m2<br />

Projetado pela secção técnica.<br />

Desenhado por Silvio Teixeira de azevedo.<br />

Data do Projeto: 06/07/1975.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Sem fundação<br />

Baldrame: Viga com 3”x4”<br />

Barrotes: Viga com 4”x2”<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilar 3”x3”<br />

Vedação: Não especificada.<br />

Pé-direito: 200cm<br />

Forro<br />

Tipo: Sem forro.<br />

Telhado<br />

Tipo: Telhado de chapa de zinco ondulada com beiral<br />

de 15cm.<br />

Frechal: Viga com 3”x4”<br />

Pernas: Viga com 3”x4”<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Venezianas com 80x20cm e janela não especificada<br />

de 80x100cm.<br />

Portas: Portas de eixo vertical 70x200cm.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal e nos fundos, ambas dentro<br />

do volume do telhado.<br />

Singularidade<br />

A casa possui beliches e armários, serve apenas<br />

para dormitório e não possui banheiro.<br />

Figura 5.57<br />

Projeto de Casa Transportável para<br />

Trabalhadores.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.58<br />

Projeto Transportável para Trabalhadores.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

109


5.4.12. CASA PARA OPERÁRIO<br />

Área: 32,50m2.<br />

Desenhada por Heliana<br />

Data do Projeto: 06/02/1979<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 80cm de<br />

altura até a piso acabado.<br />

Baldrame: Viga de pinho com 3”x6” .<br />

Assoalho: Em tábuas de pinho ¾”x3”.<br />

Paredes<br />

Pilares: Não especificado as dimensões<br />

Vedação: Tábua de pinho com ¾”x12”x300cm e matajunta<br />

sem dimensão especificada.<br />

Pé-direito: 300cm.<br />

Forro<br />

Tipo: Forro Paulista.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas com beiral de 50cm, com estrutura<br />

em linha alta. Inclinação de 43%.<br />

Frechal: Viga com 3”x6”.<br />

Pernas: Viga 4”x5”.<br />

Ripas: ½”x3”.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Tipo guilhotina. Na maioria dos cômodos possui<br />

dimensões de 100x130cm e peitoril não especificado.<br />

Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />

75x210cm.<br />

Varanda<br />

Sem varanda.<br />

Singularidade<br />

Possui o banheiro afastado do corpo da casa com<br />

dimensões de 150x150cm.<br />

Figura 5.59<br />

Casa para Operário.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.60<br />

Casa para Operário.<br />

Elevação<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.61<br />

Casa para Operário.Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

110


5.4.13. CASA TIPO D DE <strong>EM</strong>PREGADOS<br />

PROJETO 461<br />

Área: 77,26m2m2.<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Verificado por Laércio Forbuck<br />

Data do Projeto: não especificada.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm sobre base de<br />

70x70cm de mateiral não identificado, com 70cm de<br />

altura até a base do baldrame.<br />

Baldrame: Viga de pinho com 5”x10”.<br />

Barrotes: Vigas de 4”x6” na varanda<br />

e 4”x8” no restante da casa.<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilares de 4”x4”<br />

Vedação: Tábua e mata-junta sem dimensão<br />

especificada.<br />

Pé-direito: 280cm.<br />

Forro<br />

Tipo: Não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas com beiral de 60cm, com estrutura<br />

em tesoura. Inclinação de aproximadamente 70%.<br />

Frechal: Viga com 4”x6½”.<br />

Pernas: Viga 3”x6½”.<br />

Ripas: Não especificado.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Na maioria dos cômodos possui janela tipo<br />

guilhotina com 02 folhas cegas de eixo vertical. Possui<br />

dimensões de 100x150cm e peitoril não especificado.<br />

A despensa possui janela de 80x120cm, tipo não<br />

especificado, e o banheiro, 100x70cm, basculante.<br />

Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />

80x240cm, provavelmente possui bandeira.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal e nos fundos.<br />

Figura 5.62<br />

Casa Tipo D para Empregados.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.63<br />

Casa Tipo D para Empregados.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.64<br />

Casa Tipo D para Empregados.<br />

Elevação e Corte.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

111


5.4.14. CASA TIPO F-PROJETO 1568<br />

Área: 25,00m2.<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Verificado por Djalma Palmeira.<br />

Data do Projeto: sem data.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm com 50cm de altura<br />

até baldrame. O pilar está 30cm do nível do solo.<br />

Baldrame: Viga com 3”x6”.<br />

Barrotes: Viga com 3”x6”.<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilares com 3”x4”.<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />

especificadas.<br />

Pé-direito: 230cm.<br />

Forro<br />

Tipo: Forro com tábuas com ½”x9” sarrafeado.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas com beiral não especificado, com<br />

estrutura em linha alta. Inclinação de 50%.<br />

Frechal: Viga com 3”x5”.<br />

Pernas: Viga com 3”x4”.<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janela 70x100 tipo guilhotina<br />

Portas: Possui portas de 01 folha de eixo vertical com<br />

70x200cm.<br />

Varanda<br />

Não possui varanda.<br />

Singularidade<br />

Não há especificação de banheiro.<br />

Figura 5.65<br />

Casa Tipo F.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.66<br />

Casa Tipo F.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.67<br />

Casa Tipo F.<br />

Elevações.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.68<br />

Casa Tipo F.<br />

Corte.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

112


5.4.15. CASA DE MADEIRA<br />

Área: 73,50m2.<br />

Projetado, desenhado e calculado pelo departamento<br />

técnico.<br />

Data do Projeto: não consta.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria sem dimensão especificada,<br />

com 75cm de altura até a base do baldrame.<br />

Baldrame: Viga com 4”x8”.<br />

Barrotes: Viga com 3”x7”.<br />

Assoalho: Não especificado, somente no banheiro<br />

revestimento plástico.<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilar com 4”x4”.<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />

especificadas<br />

Pé-direito: 280cm.<br />

Forro<br />

Tipo: Não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: Estrutura em linha alta. Beiral de 60cm.<br />

Com 02 águas e inclinação 42%.<br />

Frechal: Viga com 3”x6”.<br />

Pernas: Viga com 3”x4”.<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janelas tipo guilhotina 100x140cm, com 02<br />

folhas cegas de abrir e, no banheiro, 60x100cm não<br />

especificada.<br />

Portas: Portas de eixo vertical 80x210cm.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal descolada do corpo da casa,<br />

porém coberta com a continuação do telhado.<br />

Singularidade<br />

As paredes úmidas do banheiro são revestidas com<br />

erkulit até 150cm do piso e possui parede dupla para<br />

instalações hidráulicas.<br />

Figura 5.69<br />

Casa de Madeira.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.70<br />

Casa de Madeira.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.71<br />

Casa de Madeira.<br />

Corte e Elevação.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.72<br />

Casa de Madeira.<br />

Cortes.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

113


5.4.16. CASA PARA 02 MORADIAS<br />

PROJETO 1619<br />

Área: 100,80m2.<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Data do Projeto: não consta.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria com 40x40cm, com 50cm de<br />

altura até a base do baldrame e 50cm abaixo do solo.<br />

Baldrame: Não especificado.<br />

Barrotes: Viga com 3”x6”.<br />

Assoalho: Tábuas de 1”x9”.<br />

Paredes<br />

Pilares: Não especificado.<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />

especificadas.<br />

Pé-direito: 280cm.<br />

Forro<br />

Tipo: Tábuas de ½”x9”.<br />

Telhado<br />

Tipo: Estrutura em linha alta. Beiral não especificado<br />

com 02 águas.<br />

Frechal: Viga com 3”x4”.<br />

Pernas: Viga com 2”x4”.<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janelas tipo guilhotina 100x140cm.<br />

Portas: Portas de eixo vertical, 80x210cm, com quadro<br />

em vidro a 70cm do piso.<br />

Varanda<br />

Não possui varanda.<br />

Singularidade<br />

Casa geminada, com banheiro em alvenaria descolado<br />

do corpo da edificação aos fundos. O banheiro<br />

possui somente latrina com fossa negra, vulgarmente<br />

chamada de casinha.<br />

Figura 5.73<br />

Casa para 02 Moradias.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.74<br />

Casa para 02 Moradias.<br />

Corte e Elevação.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.75<br />

Casa para 02 Moradias.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

114


5.4.17. CASA <strong>EM</strong> MADEIRA<br />

Área: 134,40m2.<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Data do Projeto: não está legível.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria dimensão não<br />

especificada.<br />

Baldrame: Viga com 3”x6”.<br />

Barrotes: Viga com 3”x6”.<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Não especificado.<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />

especificadas.<br />

Pé-direito: 280cm.<br />

Forro<br />

Tipo: não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: Estrutura em tesoura. Telhado com 03 águas.<br />

Frechal: Viga com 3”x6”.<br />

Pernas: Viga com 3”x4”.<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janelas de ferro (vitraux) com 200x150cm na<br />

maioria dos cômodos. No banheiro, 100x100cm, e, na<br />

cozinha, 150x150cm.<br />

Portas: Portas de eixo vertical, 80x210cm, no banheiro<br />

de serviço e, quarto de empregada, 70x210cm.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal e nos fundos, ambas dentro<br />

do volume do telhado.<br />

Singularidade<br />

A casa possui linhas modernistas com jogo de<br />

telhados e janelas metálicas.<br />

Figura 5.76<br />

Casa em Madeira.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.77<br />

Casa em Madeira.<br />

Planta e Elevação.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.78<br />

Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />

Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

Figura 5.79<br />

Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />

Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

115


5.4.18. CASA PARA AGENTE-PROJETO 462<br />

Área: 105,88m2.<br />

Projetado, desenhado e calculado pela secção<br />

técnica.<br />

Verificado por Laércio Forbuck.<br />

Data do Projeto: não especificada.<br />

Embasamento<br />

Fundação: Pilar de alvenaria 40x40cm sobre base de<br />

70x70cm de material não identificado, com 30cm de<br />

altura até a base do baldrame.<br />

Baldrame: Viga com 6”x10”.<br />

Barrotes: Viga com 4”x8”.<br />

Assoalho: Não especificado.<br />

Paredes<br />

Pilares: Pilares com 4”x4”.<br />

Vedação: Tábuas e mata-juntas sem dimensões<br />

especificadas.<br />

Pé-direito: 280cm.<br />

Forro<br />

Tipo: não especificado.<br />

Telhado<br />

Tipo: 02 águas com beiral de 60cm com deflexão<br />

no volume da dispensa. Estrutura em tesoura com<br />

inclinação de 52%.<br />

Frechal: Viga com 3”x4 ½”.<br />

Pernas: Viga com 3”x6 ½”.<br />

Ripas: Não especificada.<br />

Esquadrias<br />

Janelas: Janela 100x150cm com guilhotina e duas<br />

folhas cegas de eixo vertical na maioria dos cômodos.<br />

Na despensa, 80x120cm, tipo não especificado e, no<br />

banheiro, janela basculante de 100x70cm.<br />

Nesta tipologia, aparece vitraux (janela com perfil de<br />

ferro) de 80x150cm no hall e 150x150cm entre o hall e<br />

o living room.<br />

Portas: Possui portas internas de 01 folha de eixo vertical<br />

com 70x210cm. A porta externa da varanda é 80x220cm,<br />

do hall 80x210cm e da cozinha 60x210cm.<br />

Varanda<br />

Possui varanda frontal.<br />

Singularidade<br />

Presença de hall no fundo da casa com janelas de<br />

ferro (vitraux).<br />

Figura 5.80<br />

Casa para Agente.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.81<br />

Casa para Agente.<br />

Planta.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

Figura 5.82 e figura 5.83<br />

Maquete da Casa para Agente.<br />

Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />

- Professor Key Imaguire Jr.<br />

116


5.5. QUESTÕES <strong>CONSTRUTIVA</strong>S<br />

O recorte proposto para este trabalho limita-se ao<br />

estudo das construções em madeira, porém, para uma<br />

melhor análise, pesquisou-se também as tipologias<br />

em alvenaria. As casas de alvenaria na maioria<br />

dos casos, é destinada a funcionários com maior<br />

graduação, como engenheiros ou gerentes, contudo<br />

encontramos estas tipologias também em madeira.<br />

A grande maioria das construções em madeira eram<br />

destinadas a operários e empregados.<br />

Os projetos analisados possuem as mesmas<br />

características das outras habitações levantadas neste<br />

trabalho com algumas poucas particularidades.<br />

- Implantação<br />

As casas eram implantadas em conjuntos, formando<br />

as chamadas Vilas Ferroviárias. Em alguns casos,<br />

formavam bairros, como o caso da Vila Colorado (figura<br />

5.84) e da Vila Oficinas em Curitiba. Estas Vilas eram<br />

geralmente construídas em linha, acompanhando os<br />

trilhos do trem (figura 5.85 e figura 5.86). A principal<br />

característica era a repetição de unidades idênticas,<br />

ou seja, a construção das casas na lógica da produção<br />

em série.<br />

Outro fator importante é a proximidade das moradias<br />

dos locais de trabalho, sendo que, ao longo de toda<br />

a ferrovia, havia pontos eqüidistantes onde eram<br />

Figura 5.84<br />

Implantação da Vila Colorado,<br />

Curitiba-PR.<br />

Fonte: Curso de Arquitetura e Urbanismo<br />

da UFPR. Cadeira de Arquitetura Brasileira<br />

- Professor Key Imaguire Jr.<br />

117


implantadas as vilas, facilitando a manutenção e<br />

fiscalização de toda malha ferroviária.<br />

- Plantas<br />

Possuem plantas semelhantes às das casas de<br />

madeira estudadas, exceto algumas destinadas a usos<br />

específicos, como as casas para guarda-chaves, que<br />

por se encontrarem ao longo da ferrovia e possuírem<br />

terreno longo e estreito, a edificação tem um formato<br />

singular. Também, as edificações destinadas a<br />

alojamentos temporários possuem plantas diferenciadas.<br />

As demais edificações têm as mesmas características<br />

encontradas nas Casas de Araucária pesquisadas,<br />

que também sofrem a mesma evolução tipológica,<br />

contudo a casa produzida na década de quarenta<br />

diferencia-se da casa da década de sessenta. Há<br />

uma diferenciação em função do público para quem é<br />

destinado, sendo a casa do engenheiro ou do agente<br />

com área maior e planta mais complexa do que as<br />

casas destinadas aos operários e empregados.<br />

- Fundação<br />

A fundação é feita com pilaretes de tijolos, tendo na<br />

maioria dos casos, 40x40cm. Na Casa de Araucária<br />

encontram-se pilaretes de 45x45cm. Foi constatada<br />

fundação em madeira em uma das tipologias estudadas.<br />

Este tipo de fundação é feita com madeira de alta<br />

densidade (figura 5.87) e foi encontrada em algumas<br />

Figura 5.85<br />

Conjunto de casas do Guarda Chaves.<br />

Bairro Bacacherí em Curitiba-PR<br />

Foto do autor, 2005.<br />

Figura 5.86<br />

Conjunto de casas da estação Hugo Lange,<br />

foto sem data.<br />

Jornal Gazeta do Povo, 23-11-1991.<br />

118


casas tradicionais na fase de pesquisa.<br />

- Estrutura<br />

O sistema construtivo é o mesmo da Casa de<br />

Araucária: estrutura em madeira com pilares e vigas,<br />

formando uma gaiola, e vedação com tábuas e mata-<br />

juntas. As bitolas empregadas nas estruturas sofrem<br />

uma maior variação do que na Casa de Araucária.<br />

Provavelmente, pelo fato destas casas serem projetadas<br />

por engenheiros e terem a possibilidade de um cálculo<br />

estrutural preciso.<br />

- Cobertura<br />

A cobertura também tem as mesmas características<br />

das construções tradicionais, contudo possuem uma<br />

maior simplicidade. Não foi encontrado nenhuma<br />

tipologia com a presença de lambrequins. O telhado,<br />

freqüentemente, é de duas ou quatro águas, tendo<br />

uma maior complexidade na presença de varanda.<br />

Há exemplar com as águas desencontradas,<br />

semelhante ao da Casa de Araucária Modernista<br />

(figura 5.88 e figura 5.89), comprovando o fato de<br />

que as habitações produzidas pela RVPSC sofriam<br />

as mesmas influências das construções das outras<br />

construções estudadas.<br />

- Paredes<br />

As paredes são construídas no sistema tábuas e mata-<br />

juntas, idêntico ao da Casa de Araucária. Há algumas<br />

Figura 5.87<br />

Projeto Casa para Turmeiro Volante.<br />

Corte.<br />

Acervo Escritório da RFFSA, Curitiba-PR.<br />

119


tipologias que apresentam paredes de alvenaria nas<br />

áreas úmidas, especificamente nos banheiros e em<br />

um dos casos parede revestida com Erkulit.<br />

- Assoalho e forros<br />

Os assoalhos e forros são semelhantes ao da Casa<br />

de Araucária. Porém, possuem maior simplicidade.<br />

- Portas e janelas<br />

Os exemplares mais antigos possuem portas e janelas<br />

de madeira com folhas com eixo vertical. Há casos<br />

de janelas tipo guilhotina com folhas cegas de eixo<br />

vertical, geralmente nos quartos. Os exemplares a partir<br />

da década de sessenta apresentam janelas de ferro<br />

chamadas de vitraux, um símbolo de modernidade.<br />

- Elementos decorativos<br />

Por ser uma arquitetura mais funcional produzida<br />

dentro de uma lógica de repetição não se encontra<br />

a riqueza de detalhes e de elementos decorativos<br />

presentes na Casa de Araucária.<br />

Entretanto, esta arquitetura não é completamente<br />

desprovida deles, que estão presentes, com maior<br />

freqüencia, nos guarda-corpos, oitões (figura 5.90) e<br />

pilares das varandas. As casas com plantas maiores<br />

e mais complexas possuem maior detalhamento.<br />

Figura 5.88<br />

Casa da RVPSC em Wenceslau Brás-PR.<br />

Foto Marcelo Calixto, 2006.<br />

Figura 5.89<br />

Casa em São Mateus do Sul-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 5.90<br />

Casa provavelmente Tipo “C” com telhado<br />

de quatro águas.<br />

Detalhe do oitão com pequena janela em<br />

losango. Vila Colorado em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

120


6. A CASA DE MADEIRA<br />

CONT<strong>EM</strong>PORÂNEA<br />

6.1. QUADRO DA ARQUITETURA <strong>EM</strong> MADEIRA<br />

NA EUROPA<br />

Na Europa a construção em madeira foi retomada na<br />

década de setenta, sendo construidos vários exemplares<br />

isolados, desde simples casas no sistema pilar-viga,<br />

até grandes vão em arcos construídos com madeira<br />

laminada . Em 1978 foi criada na Suiça, a primeira<br />

cátedra sobre o assunto, tendo a frente, o engenheiro<br />

alemão Julius Natterer (figura 6.1 e figura 6.2). Seus<br />

ensinamentos foram propagados por toda Europa,<br />

tendo hoje, em paises como França e Alemanha, uma<br />

tradição construtiva em madeira.<br />

Havia uma condição propícia para o desenvolvimento<br />

desta arquitetura. Após a primeira guerra mundial a<br />

França e a Alemanha fizeram um maciço reflorestamento,<br />

tendo na década de setenta, uma grande oferta de<br />

madeira no mercado.<br />

Segundo Müeller (2005), há cerca de quinze anos,<br />

o mercado madeireiro na Europa vem tendo uma<br />

crescente industrialização. Há investimentos na<br />

fabricação de produtos derivados de alto desempenho e<br />

maquinários, conferindo ao corte da madeira, precisão<br />

Figura 6.1<br />

Torre de Sauvebelin, projeto<br />

do Prof. Julius Natterer.<br />

Site: www.tour-de-sauvabelin-lausanne.ch.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.2<br />

Complexo de piscinas em Bad<br />

Dürrheim, na Alemanha.<br />

Site: www.commons.bcit.ca.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

121


milimétrica. Esta evolução tecnológica possibilitou a<br />

confecção de painéis de grandes dimensões, com<br />

alta performance mecânica, possibilitando uma nova<br />

abordagem do material.<br />

Segundo a autora, a madeira ocupa hoje um lugar<br />

importante no mercado da construção, principalmente<br />

residencial, tendo como principal catalisador a questão<br />

ambiental, por se tratar de um material renovável.<br />

A Europa produz casas de madeira econômicas,<br />

acessíveis a classe média, com sistemas construtivos<br />

otimizados (figura 6.3 e figura 6.4). Atualmente a<br />

proporção de casas de madeira é de aproximadamente<br />

10% na França, 20% na Alemanha, 60% na Finlândia<br />

e 90% na Suécia.<br />

6.2. QUADRO DA ARQUITETURA <strong>EM</strong> MADEIRA<br />

NO BRASIL<br />

O Brasil possui o maior maciço florestal do planeta,<br />

porém não há no país uma tradição construtiva em<br />

madeira.<br />

Com a colonização, aos poucos foi sendo introduzido<br />

no Brasil a construção em pedra ou em barro. A<br />

madeira era usada como: estrutura dos telhados, nas<br />

tramas do pau-a-pique, para confeccionar esquadrias,<br />

escadas, pisos e forros. Sempre um complemento da<br />

Figura 6.3<br />

Propaganda de empresas que constroem<br />

casas de madeira na França.<br />

Fonte: Revista Maison & Bois<br />

Internacional, ago-set 2006.<br />

Figura 6.4<br />

Propaganda de empresas que constroem<br />

casas de madeira na França.<br />

Fonte: Revista Maison & Bois<br />

Internacional, abr-maio 2006.<br />

122


construção e não o elemento principal.<br />

Vauthier (1840-46) descreve o emprego da madeira,<br />

no Brasil, apenas nos pisos e forros. Quanto aos<br />

revestimentos, no interior da edificação, é incomum se<br />

encontrar o material. As paredes internas são raras.<br />

A falta de uso da madeira não acontece por escassez<br />

de matéria prima, adequada à construção e nem por<br />

falta de mão de obra especializada (figura 6.5 e figura<br />

6.6) como o autor salienta no texto abaixo:<br />

As fl orestas do Brasil, sem exagero algum, fornecem as mais belas<br />

e melhores madeiras de construção conhecidas. Para Vigamento,<br />

vinte espécies se disputam a preferência e rivalizam em rigidez,<br />

dureza e elasticidade (.....). Já observaste a singular disposição das<br />

tesouras dos telhados formados de vigas horizontais que se apóiam<br />

pelas duas extremidades nas empenas (...). O perfeito desempenho<br />

destes telhados é de um dos traços que mais impressionam a vista do<br />

construtor, diante do aspecto de uma cidade brasileira.<br />

(...) Os carpinteiros e marceneiros brasileiros, assim como os demais<br />

operários de construção, são em geral hábeis nos pormenores da<br />

execução.(...)<br />

A Casa de Araucária foi uma exceção, apesar de<br />

encontrarmos em todo o país, construções em madeira,<br />

Elas são casos isolados e não caracterizaram uma<br />

tradição arquitetônica, como aconteceu nos estados do<br />

Sul.<br />

Após o esgotamento das reservas naturais e o<br />

crescente preconceito, com tais construções, as<br />

casas de madeira se tornaram cada vez mais raras,<br />

acontecendo nos dois extremos da sociedade brasileira,<br />

ora os mais pobres constroem precariamente, sua<br />

casa com material de má qualidade, ora os mais<br />

Figura 6.5<br />

Detalhe do guarda-corpo em madeira<br />

da Casa dos Contos em Ouro Preto.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 6.6<br />

Detalhes em madeira no interior<br />

da Igreja Matriz de Tiradentes.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

123


icos constroem belíssimos exemplares em madeira,<br />

sendo esta construção singular, com riqueza de<br />

detalhamento e tecnologia. Como o caso das casas<br />

projetadas por renomados arquitetos, pode-se citar<br />

Marcos Acayaba e Zanine Caldas (figura 6.7). Têm-se<br />

também construções artesanais, que são verdadeiras<br />

obras de arte, como as casas de Gerson Castelo<br />

Branco (figura 6.8). Porém, em ambos os casos, estas<br />

construções não são acessíveis a grande parte da<br />

população brasileira, por vários motivos:<br />

- a falta de mão de obra especializada para trabalhar<br />

com o material,<br />

- A dificuldade encontrada pelos arquitetos e<br />

engenheiros para confeccionar projetos que utilizem<br />

madeira.<br />

- O preconceito existente com as edificações em<br />

madeira por parte dos clientes,<br />

- O preconceito existente com as edificações em<br />

madeira com relação as legislações urbanas, código<br />

de obras e normas de prevenção de incêndio.<br />

Há alguns ensaios dos arquitetos modernistas no<br />

que se refere à construção em madeira, temos como<br />

exemplo:<br />

- O Parque Hotel São Clemente, de Lúcio Costa, em<br />

Nova Friburgo (figura 6.9);<br />

Figura 6.7<br />

Casa no Rio de Janeiro de Zanine Caldas.<br />

Fonte: SILVA, S. F. Zanine:<br />

Sentir e Fazer.<br />

Rio de Janeiro: Agir Editora, 1991.<br />

Figura 6.8<br />

Casa na Ilha dos Poldros, no Maranhão.<br />

Projeto de Gerson Castelo<br />

Branco, na década de 90.<br />

Site:www.gersoncastelobranco.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

124


- As casas de funcionários na Vila Serra do Navio,<br />

de Osvaldo Brattke no Amapá (figura 6.10),<br />

- A Casa Ferreira Fernandes de Vila Nova Artigas,<br />

- A Casa Valéria Cirell, de Lina Bo Bardi, em São<br />

Paulo,<br />

- Os diversos edifício de Severiano Porto.<br />

Encontra-se poucos exemplares de casas feitas para<br />

a classe média, misturadas na malha urbana de<br />

nossas cidades. O que o mercado da construção civil<br />

oferece, são na maioria das vezes, edificações com<br />

referências rurais, que geralmente são construídas<br />

em chácaras ou em locais de veraneio, ou casas no<br />

estilo Colonial Americano, que tem como referência as<br />

casas de alvenaria ou até mesmo casas em alvenaria,<br />

que nos lembram as edificações de madeira.<br />

Este quadro, apresenta algumas mudanças, a partir<br />

da década de noventa, tendo como principal expoente<br />

a casa do engenheiro Hélio Olga, projetada pelo<br />

arquiteto Marcos Acayaba (figura 6.11 a figura 6.13).<br />

A casa foi construída pela ITA, empresa de Olga, e foi<br />

confeccionada com madeira industrializada, com um<br />

sistema construtivo desenvolvido, aliando as peças de<br />

madeira aparelhadas com elementos de articulação.<br />

A casa de Hélio Olga é uma das obras brasileiras<br />

mais publicadas no exterior, segundo Wisnik (2005).<br />

Figura 6.9<br />

Parque Hotel São Clemente do<br />

arquiteto Lúcio Costa, 1948.<br />

Site:www.arcoweb.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.10<br />

Vila Serra do Navio de Osvaldo Bratke,<br />

construida na década de 50.<br />

Site: www. biblioteca.ibge.gov.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

125


É expoente da possibilidade construtiva e tecnológica<br />

existente no país. Esta tecnologia ainda é dirigida<br />

para construções singulares, não havendo nenhuma<br />

intenção de produção seriada, o que resultaria em<br />

um baixo custo de produção, porém a criatividade e<br />

simplicidade do sistema resultaria na produção de<br />

habitações de qualidade com um custo reduzido.<br />

6.3. QUADRO DA ARQUITETURA <strong>EM</strong> MADEIRA<br />

NA REGIÃO DE CURITIBA<br />

A arquitetura de madeira em Curitiba encontra-se<br />

hoje inexpressiva. Há algumas edificações isoladas,<br />

porém, estas não traduzem o requinte das Casas de<br />

Araucária.<br />

Em 1965, a Companhia de Habitação de Curitiba edificou<br />

na Vila Nossa Senhora da Luz (figura 6.14 a figura<br />

6.16), um conjunto de casas populares, tendo como<br />

referência a Casa de Araucária. A edificação era de<br />

alvenaria, tendo o telhado com uma inclinação suficiente<br />

para formar um sótão habitável. O fechamento do oitão<br />

era feito com madeira e a estrutura do telhado era em<br />

“linha alta”, o que possibilita um espaço semelhante<br />

à casa tradicional. Esta tentativa de referenciar a<br />

arquitetura tradicional não foi repetida, supõe-se<br />

que não houve boa aceitabilidade dos moradores,<br />

Figura 6.11<br />

Casa de Hélio Olga projetada por<br />

Marcos Acayaba em 1990<br />

Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.12<br />

Casa de Hélio Olga projetada por<br />

Marcos Acayaba em 1990<br />

Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.13<br />

detalhe dos encaixes das peças de<br />

madeira da casa de Hélio Olga projetada<br />

por Marcos Acayaba em 1990<br />

Site: www.marcosacayaba.arq.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

126


fato este comprovado pelas inúmeras adaptações<br />

posteriores que o modelo inicial sofreu.<br />

A maior produção arquitetônica em madeira foi<br />

executada pelo poder público municipal, e ocorreu<br />

principalmente na década de noventa, contudo estes<br />

exemplares, são em sua grande maioria, prédios<br />

públicos construídos com estrutura em toras de<br />

eucalipto e vedações em alvenaria, ou edificações<br />

que trazem uma leitura contemporânea da Casas de<br />

Araucária.<br />

Como exemplo, pode-se citar: a Universidade Livre do<br />

Meio Ambiente (figura 6.17), os edifícios do Instituto<br />

de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba<br />

(figura 6.18 e figura 6.19) e a Secretaria Municipal<br />

do Meio Ambiente (figura 6.20 e figura 6.21) e alguns<br />

equipamentos implantados nos parques urbanos.<br />

Há uma tentativa de referenciar a arquitetura do<br />

imigrante, como a Casa Polaca (feita com troncos) ou a<br />

Casa de Araucária, mas as edificações contemporâneas<br />

não apresentam o requinte técnico das construções<br />

tradicionais.<br />

Há em Curitiba, cerca de trinta empresas, que<br />

oferecem casas pré-fabricadas em madeira. A maioria<br />

adota o sistema de “tábuas horizontais empilhadas”,<br />

há algumas empresas que constroem no sistema<br />

Figura 6.14<br />

Planta da casa padrão da Vila Nossa<br />

Senhora da Luz em Curitiba-PR<br />

Fonte: DUDEQUE, I. T. Espirais<br />

de Madeira. São Paulo:<br />

Editora Nobel, 2001.<br />

Figura 6.15<br />

Conjunto de casas, Vila Nossa<br />

Senhora da Luz em Curitiba-PR<br />

Fonte: DUDEQUE, I. T. Espirais<br />

de Madeira. São Paulo:<br />

Editora Nobel, 2001.<br />

Figura 6.16<br />

Sotão habitável, casa da Vila Nossa<br />

Senhora da Luz em Curitiba-PR<br />

Fonte: DUDEQUE, I. T. Espirais<br />

de Madeira. São Paulo:<br />

Editora Nobel, 2001.<br />

127


“toras empilhados”, conhecido como “Log Home” e<br />

apenas uma empresa que oferece casas no sistema<br />

conhecido como ”Stell Frame”(fonte lista telefônica<br />

de Curitiba).<br />

6.4. QUESTÕES AMBIENTAIS<br />

O uso da madeira na construção é abordado por<br />

alguns autores, como um posicionamento que preza<br />

pela preservação do meio ambiente. Esta abordagem,<br />

é justificada, pela madeira ser um bem renovável e<br />

sua extração, quando feita adequadamente, causa um<br />

menor impacto no meio-ambiente do que a extração<br />

de outros materiais como: o cimento, a cal, minérios<br />

de ferro, tijolos, entre outros.<br />

Outro fator importante é a possibilidade que a madeira<br />

nos oferece de retirar o carbono da atmosfera, um<br />

dos principais causadores do aquecimento global.<br />

Segundo Geraldo (2007), um metro cúbico de madeira<br />

é capaz de armazenar em média 0,8 a 0,9 toneladas<br />

de dióxido de carbono. Como a madeira é renovável,<br />

o corte de uma árvore e o conseqüente plantio de<br />

outra, cria um ciclo de retirada de CO2 da atmosfera,<br />

porém é necessário transformar a madeira cortada em<br />

bem durável, pois, o seu apodrecimento ou combustão<br />

devolve o CO2 ao meio-ambiente.<br />

Figura 6.17<br />

Universidade Livre do Meio<br />

Ambiente em Curitiba-PR.<br />

Site: http://flickr.com/photos/mrisobe/<br />

page7/. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.18<br />

Sede do IPPUC em Curitiba-PR.<br />

Em primeiro plano uma casa que foi<br />

remontada no local. Ao fundo edificação<br />

contemporânea em madeira com<br />

referências a arquitetura tradicional.<br />

Site: www.curitiba.pr.gov.br. Acesso<br />

em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.19<br />

Sede do IPPUC em Curitiba-PR.<br />

Edificação contemporânea em madeira<br />

com referências a arquitetura tradicional.<br />

Site: www.curitiba.pr.gov.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

128


A emissão de CO2 aumenta em média 2,5% ao ano<br />

(segundo reportagem veiculada pela Revista Veja<br />

em dezembro de 2006). Em 1997, foi assinado um<br />

acordo em uma conferência das Nações Unidas<br />

(ONU), chamado de protocolo de Kioto, que tem<br />

hoje a adesão de 189 nações. Neste documento, os<br />

países se comprometem a reduzir os níveis de emissão<br />

do gás, até retornar à níveis inferiores a 1990. Há<br />

duas ações possíveis: a empresa ou nação efetiva a<br />

diminuição de produção do gás ou pode-se comprar<br />

créditos de outras companhias, situadas em países em<br />

desenvolvimento, para compensar a poluição gerada.<br />

Os créditos são computados através de ações que<br />

retiram o carbono da atmosfera, sendo o plantio de<br />

árvores, um dos meios de seqüestrar o CO2. Cada<br />

crédito equivale a retirada de uma tonelada do gás,<br />

sendo que um metro cúbico de madeira equivale entre<br />

0,8 e 0,9 metros cúbicos, como citado acima.<br />

A construção com madeira cumpre com todos os<br />

requisitos necessários com relação as questões<br />

ambientais. Além de não impactar o meio-ambiente,<br />

como os outros materiais, ela contribui para a<br />

diminuição do aquecimento global.<br />

Conforme o Código de Moradias Sustentáveis do<br />

Reino Unido, apresentado pelo site “Wood for Good”,<br />

Figura 6.20<br />

Sede do Secretaria Municipal do<br />

Meio Ambiente em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006<br />

Figura 6.21<br />

Sede do Secretaria Municipal do<br />

Meio Ambiente em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006<br />

129


o uso da madeira na construção civil é uma postura<br />

ecológica:<br />

- A madeira cresce naturalmente, ao contrário de outros<br />

materiais. Sua manufatura demanda pouquíssima<br />

energia. Isto falando de florestas manejadas<br />

adequadamente.<br />

- A madeira é um bom isolante, aumenta a eficiência<br />

térmica da construção, reduz custos energéticos e<br />

as emissões de dióxido de carbono ao longo de sua<br />

vida útil (daí a relevância do tratamento preservativo<br />

correto em função dos usos e correspondentes<br />

classes de risco).<br />

- A madeira pode ser reutilizada ou reciclada ao final<br />

de sua vida útil, nos projetos construtivos.<br />

- Ao final de sua vida útil, a madeira pode gerar<br />

energia, em substituição a combustíveis fósseis.<br />

Outro fato importante, com o protocolo de Kioto, é<br />

que muitos empresários estão investindo no plantio de<br />

florestas, para vender os créditos. Em conseqüência,<br />

haverá em um futuro próximo, uma grande oferta do<br />

produto no mercado. Para tanto, os profissionais<br />

da construção de edifícios deverão estar aptos a<br />

trabalhar com o material, tendo a possibilidade de<br />

criar ou adaptar sistemas construtivos que absorvam<br />

esta oferta e possibilitem uma opção acessível de<br />

Figura 6.22<br />

Ciclo de absorção do CO2 pela madeira.<br />

Site: www.denviro.dk.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.23<br />

Ciclo de absorção do CO2 pela madeira.<br />

Site: www.mountainflame.com.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

130


moradia a população.<br />

Vale lembrar que o uso ambientalmente correto da<br />

madeira está vinculado com sua forma de plantio<br />

e extração. Só há uma postura ambientalmente<br />

correta se for empregado um material certificado,<br />

que garanta que o manejo, a produção, transporte e<br />

emprego da mão de obra estão dentro dos critérios<br />

legais, principalmente no que se refere ao plantio<br />

de espécies exóticas. As florestas plantadas devem<br />

garantir o mínimo impacto na sobrevivência da fauna<br />

e flora nativa, respeitando sua biodiversidade e não<br />

criando os chamados desertos verdes.<br />

6.5. SIST<strong>EM</strong>AS CONSTRUTIVOS<br />

CONT<strong>EM</strong>PORÂNEOS<br />

Neste capítulo serão analisados apenas os<br />

sistemas construtivos em madeira pré-fabricados ou<br />

industrializados. A pesquisa não se limitou apenas as<br />

empresas que atuam na região de Curitiba, visto que,<br />

não se encontrou nenhum sistema com características<br />

regionais ou que usem somente madeira proveniente<br />

do Paraná. Outra questão é a facilidade de transporte,<br />

constataram-se alguns exemplares, construídos em<br />

Curitiba, que utilizaram empresas provenientes de<br />

outros estados do Sul e Sudoeste.<br />

Figura 6.24 e Figura 6.25<br />

Casa Sucesso - 58m2<br />

Custo R$13.200,00<br />

Site: www.hillmann.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.26 e Figura 6.27<br />

Casa Maravilha - 40m2. Custo R$9.857,00<br />

Site: www.hillmann.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

131


6.5.1. SIST<strong>EM</strong>A DE TÁBUAS E MATA-<br />

JUNTAS<br />

Semelhante ao sistema construtivo da Casa de Araucária,<br />

utiliza o pinus como madeira, para confeccionar o<br />

piso, paredes e estrutura do telhado. Apenas as<br />

esquadrias são de madeira de alta densidade.<br />

No piso, é utilizado assoalho com encaixe macho e<br />

fêmea, com madeira beneficiada ele é apoiado sobre<br />

barrotes de 2”x3”, com modulação de 50 centímetros.<br />

Os barrotes são apoiados sobre pilares de tijolos,<br />

distantes 40 centímetro do solo.<br />

A parede é formada por tábuas e mata-juntas, com<br />

altura média de 2,5 metros (externa) e pregadas nos<br />

barrotes e frechais.<br />

A cobertura é feita com caibros de 2”x3” em modulação<br />

de 90 centímetros. A telha é de fibrocimento.<br />

As áreas úmidas são em alvenaria.<br />

O custo por metro quadrado varia de R$215,00 a<br />

R$275,00 e a área varia entre 30,00m2 e 58,00m2.<br />

O tempo de execução não é especificado.<br />

A empresa não fornece: vidros, pintura, fossa,<br />

sumidouro, aterro, hidráulica e elétrica externa,<br />

projetos (Prefeitura, Alvarás, CREA, etc), INSS, calhas,<br />

rufos e tratamento na madeira contra fungos, cupins,<br />

Figura 6.28 e figura 6.29<br />

Casa Flor - 30m2. Custo R$8.200,00<br />

Site: www.hillmann.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.30 e figura 6.31<br />

Casa Feliz - 58.50m2. Custo R$12.620,00<br />

Site: www.hillmann.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

132


ocas ou manchas.<br />

Empresa pesquisada: Hilmann (figura 6.24 a figura<br />

6.34). Fonte: site www.hillmann.com.br.<br />

A empresa Casas Paraná (figura 6.35) também fornece<br />

casas neste sistema, chamadas “casas econômicas”,<br />

que tem um custo médio de R$300,00 o metro quadrado.<br />

A madeira não é especificada.<br />

Há várias outras empresas de pequeno porte que<br />

oferecem este tipo de construção, porém, as empresas<br />

pesquisadas, foram uma das poucas, que possuem<br />

diversidade de Kits construtivos.<br />

6.5.2. SIST<strong>EM</strong>A DE TÁBUAS HORIZONTAIS<br />

PREGADAS<br />

Este utiliza tábuas horizontais, pregadas em montantes<br />

verticais, com modulação específica.<br />

O sistema que pode ser confeccionado com parede<br />

simples ou dupla, com manta isolante.<br />

Não foram encontradas empresas com este sistema<br />

construtivo em Curitiba.<br />

Há ocorrência deste tipo de construção no estado de<br />

São Paulo e Santa Catarina, como comprovado em<br />

revistas especializadas em construção e trabalhos<br />

sobre o assunto.<br />

Figura 6.32 e Figura 6.33<br />

Casa Jade - 52.50m2. Custo R$10.860,00<br />

Site: www.hillmann.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.34<br />

Casa construída pela Hilmann,<br />

provavelmente o tipo Casa Maravilha.<br />

Site: www.hillmann.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.35<br />

Kit Americano fornecido pela<br />

empresa Casas Paraná.<br />

Site:www.casasparana.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

133


O sistema construtivo separa a edificação em duas<br />

partes distintas. O embasamento e as áreas úmidas<br />

são feitos em alvenaria e o restante da casa em<br />

madeira.<br />

A parede é dupla, sendo a face externa construída<br />

com imbúia e a face interna com cedrinho. A parede é<br />

apoiada sobre o baldrame de concreto onde é fixada<br />

a trave inferior. O vazio da parede é preenchido com<br />

lã de rocha. A espessura final da parede é de 10cm.<br />

O telhado é apoiado sobre o quadro da parede.<br />

A empresa também fornece o sistema construtivo<br />

com paredes simples.<br />

O custo médio da construção é de R$650,00 o metro<br />

quadrado e o tempo de execução é de 90 a 120 dias<br />

(fonte revista Arquitetura e Construção, janeiro de<br />

2006). O kit não inclui vidros nem o material básico<br />

em alvenaria.<br />

Empresa pesquisada:<br />

Condor (site www.casascondor.com.br) que possui<br />

vinte projetos padrão.<br />

Há outras empresas citadas por Velloso (2005),<br />

Empresa Casa de Madeira, que atua na região Sul e<br />

São Paulo; empresa Versátil, que atua em Florianópolis<br />

e a empresa Manoach.<br />

Figura 6.36<br />

Desenho do sistema construtivo<br />

da casa da empresa Condor.<br />

Site:www.casascondor.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.37<br />

Detalhe da parede externa da<br />

casa da empresa Condor.<br />

Site:www.casascondor.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.38 e Figura 6.39<br />

Detalhe construtivo da parede interna<br />

da casa da empresa Condor.<br />

Site:www.casascondor.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

134


6.5.3. SIST<strong>EM</strong>A COM TÁBUAS HORIZONTAIS<br />

<strong>EM</strong>PILHADAS<br />

Este é o sistema construtivo mais comum. É formado<br />

por montantes verticais em duplo “T”, onde são<br />

empilhadas tábuas horizontais, que possuem encaixe<br />

tipo macho e fêmea (figura 6.40).<br />

Há várias empresas atuando no mercado e fornecem<br />

diversos projetos padrão. Este possui maior grau<br />

de pré-fabricação que os anteriores e a construção<br />

possui uma modulação linear formada pelos montantes<br />

em duplo ”T”.<br />

Há a separação dos sistemas construtivos: a área<br />

úmidas que é feita em alvenaria, e o restante da casa<br />

que é em madeira.<br />

A fundação é feita com base em concreto, e a estrutura<br />

é fixada à fundação, através de pinos metálicos<br />

embutidos na base dos pilares.<br />

Para parede, é utilizado as madeiras angelim-pedra<br />

ou grápia maciça, com 3,5cm de espessura ,aplicados<br />

sobre montante maciço de 10,5x10,5cm.<br />

As tesouras, caibros e vigas são em madeira de alta<br />

densidade serrada. Os montantes da varanda, abrigo<br />

e área de serviço, o oitão externo, também em madeira<br />

de alta densidade. O oitão interno é em tábuas com<br />

encaixe macho e fêmea, utilizados para o forro. O<br />

Figura 6.40<br />

Detalhe do encaixe entre a<br />

tábua e o montante vertical.<br />

Fonte: VELOSO, J. G.; TEREZO, R.<br />

F. Sistemas Construtivos em<br />

Madeira. Florianópolis: Monografia,<br />

Programa de Pós-graduação<br />

em Engenharia Civil, 2005<br />

Figura 6.41 e Figura 6.42<br />

Casa Lugano.<br />

Site:www.casasparana.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

135


eiral, tem largura aproximada, de 50 centímetros.<br />

O forro é de cedrinho, cambará ou angelim.<br />

A cobertura é de telhas cerâmicas.<br />

O acabamento externo e interno é em verniz.<br />

O custo médio da construção varia entre, R$600,00 a<br />

R$800,00, o metro quadrado e o prazo de construção<br />

é, em média de 90 dias. (fonte revista Arquitetura e<br />

Construção, janeiro de 2006)<br />

Empresas pesquisadas:<br />

Casas Paraná, atua na região Sul, São Paulo e Minas<br />

Gerais.<br />

Casema, atua em todo o Brasil e exporta para Europa,<br />

América do Sul e África (uma das empresas mais antigas<br />

do país a oferecer este sistema construtivo).<br />

Blockhauss, atua no Sul do Brasil, São Paulo e<br />

mercado externo.<br />

Precasa, atua em todo o Brasil e exporta para Europa,<br />

América do Sul e África.<br />

Casas Curitiba, atua no Paraná e São Paulo.<br />

Uma questão, levantada durante a fase de pesquisa, é<br />

que neste sistema, após aproximadamente dois anos,<br />

é necessário a compactação das peças empilhadas.<br />

Isto devido à estabilização da madeira com relação<br />

à umidade. Como a maioria das madeiras utilizadas<br />

Figura 6.43 e Figura 6.44<br />

Casa Los Angeles. Site:www.casasparana.<br />

com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.45 e figura 6.46<br />

Casa Lavras Novas. Site:www.precasa.<br />

com.br. Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

136


provem de regiões mais úmidas, as peças sofrem<br />

retração, o que cria frestas nas paredes. Após a<br />

estabilização geralmente é adicionado mais uma peça<br />

com objetivo de preencher o espaço vazio.<br />

6.5.4. SIST<strong>EM</strong>A COM TORAS <strong>EM</strong>PILHADAS<br />

Este sistema é formado por toras (madeira roliça),<br />

empilhada horizontalmente e encaixadas entre si.<br />

É o mesmo sistema construtivo da Casa Polaca.<br />

As paredes são construídas com toras de pinus,<br />

tratada com autoclave. As toras possuem diâmetro de<br />

12,5 cm, comprimento padrão entre 2,50 e 4 metros,<br />

e são encaixadas e sobrepostas horizontalmente.<br />

A estrutura do telhado é construída com eucalipto,<br />

também autoclavado. As paredes das áreas úmidas<br />

são executadas no mesmo sistema construtivo, porém<br />

é aplicado revestimento cerâmico.<br />

O custo médio da construção é de R$590,00, o metro<br />

quadrado, e o tempo de execução é de 120 dias (fonte<br />

revista Arquitetura e Construção, março de 2007).<br />

O custo médio da empresa Casa Bella varia entre<br />

R$700,00 a R$900,00 o metro quadrado.<br />

Figura 6.47 e Figura 6.48<br />

Casa Projeto 1. Site:www.casabella.etc.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.49 e Figura 6.50<br />

Casa Projeto 8. Site:www.casabella.etc.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.51<br />

Detalhe de encaixes da casa de troncos.<br />

Fonte: Gustavo Lacerda Dias, 2005.<br />

Apresentação disciplina “A Madeira<br />

na Construção Civil”. PósARQ/UFSC.<br />

137


6.5.5. SIST<strong>EM</strong>A PLATAFORMA.<br />

É o sistema mais difundido no mundo. Consiste em<br />

painéis de madeira onde são apoiados o piso do<br />

pavimento superior ou o telhado.<br />

O embasamento é feito em concreto armado, onde<br />

se deixa as esperas, para fixação dos painéis.<br />

Os painéis são compostos por uma estrutura em<br />

madeira de baixa densidade, geralmente o pinus<br />

autoclavado, formada por montantes verticais com<br />

modulação entre 40 a 60cm. Estes montantes têm<br />

dimensão aproximada de 9x4cm. Na face interna da<br />

placa é fixada uma chapa de OSB ou compensado,<br />

que trava quadro. Na parte externa é colocada uma<br />

manta de proteção e, posteriormente, aplicado o<br />

revestimento, que, usualmente é feito com tábuas<br />

horizontais, com encaixe macho e fêmea, pregadas<br />

nos montantes verticais.<br />

O piso é executado sobre a parede, respeitando a<br />

mesma modulação dos montantes verticais (entre 40 e<br />

60cm). As vigas de piso é, geralmente, confeccionada<br />

com chapas de OSB e vigotes de pinus, formando<br />

uma viga “I”.<br />

A estrutura do telhado também é de pinus, é feita<br />

com tesouras confeccionadas com chapas prego.<br />

O custo médio da construção é de R$1.000,00 o<br />

Figura 6.52<br />

Seqüência Construtiva do<br />

Sistema Plataforma.<br />

Fonte: Gustavo Lacerda Dias, 2005.<br />

Apresentação disciplina “A Madeira<br />

na Construção Civil”. PósARQ/UFSC<br />

138


metro quadrado e o tempo de execução é de 10 dias<br />

(fonte TEREZO, R. F.; VELLOSO, J. G. Sistemas<br />

Construtivos em Madeira. Florianópolis:<br />

Monografia, Programa de Pós-graduação em Engenharia<br />

Civil, 2005).<br />

O sistema plataforma é o que possui maior flexibilidade<br />

construtiva e possibilita a liberdade criativa do<br />

projetista.<br />

6.5.6. SIST<strong>EM</strong>A STEEL FRAME<br />

O Steel Frame é semelhante ao Sistema Plataforma,<br />

tendo como diferenciação, o uso de montantes<br />

metálicos, de aço galvanizado.<br />

Tem um custo médio entre R$600,00 e R$1500,00 e o<br />

tempo de execução é de quatro meses (fonte revista<br />

Arquitetura e Construção, abril de 2004).<br />

Empresa pesquisada: U.S. Home, com sede em<br />

Curitiba-PR.<br />

6.5.7. PAINEL DE EUCALIPTO LAMINADO<br />

ENCAIXADOS<br />

Este sistema foi desenvolvido e patenteado pela<br />

Universidade Federal de Minas Gerais.<br />

Consiste em módulos de 5 a 12 metros de comprimento,<br />

Figura 6.53<br />

Figura 6.54<br />

Figura 6.55<br />

Figura 6.56<br />

Figura 6.53 a Figura 6.56<br />

Seqüência Construtiva do<br />

Protótipo construído no Sistema<br />

Plataforma na UFSC.<br />

Fonte: GI<strong>EM</strong>/UFSC, 2003.<br />

139


por 50 centímetros de largura. Estes módulos são<br />

confeccionados com lâminas de eucalipto colado.<br />

O sistema construtivo é simples. Os módulos são<br />

encaixados no sistema macho e fêmea, formando a<br />

parede, piso e forro. Sobre a laje, formada também<br />

com os módulos, é instalado as tesouras que sustentam<br />

o telhado. Também há a opção de impermeabilizar,<br />

a laje de madeira, com uma manta, como é feito nas<br />

lajes de concreto.<br />

O custo médio da construção é de R$900,00 o metro<br />

quadrado (sem contar com os custos de transporte,<br />

instalações elétricas e hospedagem e refeição dos<br />

trabalhadores), o prazo de execução é de quatro dias<br />

(fonte revista Arquitetura e Construção, novembro<br />

de 2005).<br />

6.6. DA CASA TRADICIONAL A<br />

CONT<strong>EM</strong>PORÂNEA<br />

Analisando, comparativamente, a Casa de Araucária<br />

com as tecnologias construtivas contemporâneas<br />

em madeira, existentes, conclui-se os seguintes<br />

pontos:<br />

- A casa tradicional é uma arquitetura popular de<br />

produção coletiva. As relações existentes entre o<br />

morador/cliente e o construtor eram mais próximas e<br />

Figura 6.57<br />

Figura 6.57 a Figura 6.58<br />

Seqüência Construtiva do<br />

Protótipo construído no Sistema<br />

Plataforma na UFSC.<br />

Fonte: GI<strong>EM</strong>/UFSC, 2003.<br />

140<br />

Figura 6.58


não havia nenhuma figura intermediária entre eles. O<br />

construtor compreendia o anseio do morador e ambos<br />

tinham uma participação criativa na construção. Com a<br />

complexidade do construir e com a divisão do trabalho,<br />

surge a figura do arquiteto, que anteriormente atuava<br />

somente para o Estado e para clientes oriundos das<br />

classes mais ricas. O arquiteto se posicionou como<br />

detentor da parte criativa da arquitetura e legou ao<br />

construtor somente a execução da obra. O cliente,<br />

em muitos casos, não consegue extrair do arquiteto<br />

seus desejos perante o projeto, pois o projeto é mais<br />

voltado às vanguardas artísticas do que para as<br />

necessidades dele. Portanto, o quadro necessário<br />

para o desenvolvimento da Casa de Araucária foi<br />

quebrado. O projeto voltado para as vanguardas<br />

arquitetônicas dificilmente irá ter as mesmas diretrizes<br />

de uma arquitetura popular, pois o universo que<br />

abrange a arquitetura é muito maior do que o universo<br />

do construtor, nomeado por Lévi-Strauss (1962) de<br />

“bricoleur”. Dificilmente a arquitetura erudita, irá<br />

apresentar uma tipologia tão variada e complexa, como<br />

a produzida pela arquitetura tradicional. A diferenciação<br />

acontece tanto por questões regionais, quanto pela<br />

experiência do construtor. O cliente adiciona alguns<br />

elementos singulares, antes ou durante a construção,<br />

e estes são negociados diretamente com o executor<br />

Figura 6.60<br />

Figura 6.59 a Figura 6.60<br />

Seqüência Construtiva do<br />

Protótipo construído no Sistema<br />

Plataforma na UFSC.<br />

Fonte: GI<strong>EM</strong>/UFSC, 2003.<br />

141<br />

Figura 6.59


da obra sem nenhum intermediário.<br />

- No estudo de caso feito na RVPSC as casas<br />

construídas, não caracterizam por definição, uma<br />

arquitetura popular e sim uma arquitetura erudita. Os<br />

projetistas produziram uma arquitetura semelhante<br />

a arquitetura popular, seguindo a mesma evolução<br />

tipológica. Neste caso não havia a figura do cliente,<br />

o que resultou em uma arquitetura de qualidade, mas,<br />

sem a riqueza de detalhes da arquitetura popular.<br />

A falta dos elementos decorativos não prejudicou<br />

essa arquitetura, tornando-a apenas mais sóbria e<br />

adequada, para o fim para a que foi destinada.<br />

- Constatou-se que a Casa de Araucária é um sistema<br />

construtivo aberto e oferecia infinitas possibilidades,<br />

dentro do mesmo sistema construtivo.<br />

- Não há entre os arquitetos o hábito de utilizar os<br />

sistemas construtivos de madeira pré-fabricada. A<br />

limitação criativa destes também é resultante da falta<br />

de interesse dos profissionais de criar dentro de<br />

suas possibilidades construtivas e não simplesmente<br />

reproduzí-los.<br />

- A modulação exigida na pré-fabricação, não é bem<br />

assimilada pela maioria dos projetistas. Vemos poucas<br />

construções nas revistas especializadas em arquitetura,<br />

feitas a partir de módulos. Os sistemas pré-fabricados<br />

Figura 6.61<br />

Casa sendo construída no sistema<br />

Still Frame em Curitiba-PR<br />

Site: www.ushome.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

Figura 6.62<br />

Interior de casa sendo construída no<br />

sistema Still Frame em Curitiba-PR<br />

Site: www.ushome.com.br.<br />

Acesso em 07 de maio de 2007.<br />

142


ou industrializados são pouco utilizados por estes<br />

profissionais. Vemos o mesmo quadro quando com<br />

relação ao concreto ou aço.<br />

- O sistema tábua e mata-juntas contemporâneo,<br />

resultam em uma construção de má qualidade e com<br />

pouca durabilidade. As madeiras utilizadas não são<br />

adequadas ao uso e nem devidamente tratadas. Na<br />

cobertura, são utilizadas telhas de fibrocimento, sem<br />

nenhum isolamento térmico/acústico. A reprodução desta<br />

arquitetura, sem a qualidade construtiva adequada,<br />

é também um dos fatores que denigrem a arquitetura<br />

tradicional. Estas construções contemporâneas,<br />

caracterizam uma moradia transitória, construída<br />

quando há falta de recursos para a aquisição de<br />

uma casa de melhor qualidade. A industrialização se<br />

limita ao corte da madeira, em tábuas e vigas, que<br />

são serradas e ajustadas na obra, o que resulta em<br />

sobras e perda de material.<br />

Um dos fatores determinantes da degradação deste<br />

sistema construtivo é o esgotamento das reservas<br />

naturais, que resultou na impossibilidade da<br />

utilização tábuas, nas mesmas dimensões da casa<br />

tradicional.<br />

- O sistema com tábuas horizontais pregadas,<br />

apresenta uma melhor qualidade construtiva que o<br />

Figura 6.63 e Figura 6.64<br />

Imagens interna e externa do<br />

protótipo construído em painel de<br />

eucalipto laminado encaixado.<br />

Fonte: Revista Arquitetura e<br />

Construção, novembro de 2005.<br />

143


de tábuas e mata-juntas. A madeira utilizada é de<br />

melhor qualidade. Não exigem peças com grandes<br />

dimensões. Este sistema é flexível. O projetista<br />

pode criar uma modulação própria, e trabalhar o<br />

projeto dentro desta. Não há, uma pré-fabricação<br />

determinada por nenhum elemento construtivo, pois<br />

não são utilizados nenhum elemento desenvolvido<br />

especialmente para este tipo de construção.<br />

- O sistema com tábuas horizontais empilhadas é o<br />

sistema mais utilizado. Possui uma modulação linear,<br />

formada pelo distanciamento dos elementos verticais<br />

(perfis em “I”). Não foi encontrada uma diversificação<br />

de soluções, no que se refere à tipologia. As casas<br />

são muito parecidas entre si e reproduzem elementos<br />

da arquitetura tradicional européia, como o bow-<br />

window. As construções lembram tipologias rurais e<br />

não se adaptam a grande parte dos lotes urbanos,<br />

que geralmente são estreitos e compridos. Não foram<br />

encontradas soluções diferenciadas, que demonstrem<br />

criatividade dos construtores ou arquitetos.<br />

Foi constatado que algumas das empresas pesquisadas<br />

possuem arquitetos ou projetistas nos seu quadro de<br />

funcionário, porém estes se limitam a repetição das<br />

tipologias vigentes.<br />

- O sistema com toras empilhadas é o mais limitado<br />

Figura 6.65 Figura 6.66<br />

Detalhe do sistema construtivo.<br />

Fonte: Revista Arquitetura e<br />

Construção, novembro de 2005.<br />

144


no que se refere à modulação. Não proporciona uma<br />

liberdade criativa para os projetistas e reproduz uma<br />

arquitetura primitiva.<br />

As casas têm características rurais e dificilmente se<br />

adaptam aos lotes urbanos. É um sistema construtivo<br />

com uma modulação bem específica, determinada<br />

pelo tamanho do quadro formado pelos troncos,<br />

porém, o grau de pré-fabricação é maior do que os<br />

sistemas de tábuas horizontais pregadas e tábua<br />

e mata-juntas. Uma das questões levantadas é a<br />

dificuldade de transporte das toras, devido suas<br />

grandes dimensões.<br />

- O sistema plataforma e o steel-frame possuem uma<br />

maior flexibilidade, dos que os anteriores estudados.<br />

Estes compõem um sistema aberto, possibilitando<br />

infinitas soluções de projeto, contudo os projetistas<br />

brasileiros o desconhecem. Não foram encontrados<br />

exemplos de arquitetura contemporânea feitos dentro<br />

desta lógica construtiva no Brasil, com exceção do<br />

protótipo construído na UFSC. A maioria das casas<br />

encontradas, reproduzem a Casa Vitoriana. Supõe-se<br />

que isto seja uma das principais causa do não uso<br />

desta tecnologia, pelos arquitetos.<br />

Esta tecnologia possui um alto grau de industrialização<br />

na Europa e América do Norte. No Brasil, recentemente<br />

Figura 6.67 e Figura 6.68<br />

Detalhe do painel e foto da montagem.<br />

Fonte: Revista Arquitetura e<br />

Construção, novembro de 2005.<br />

145


está sendo comercializado por algumas empresas.<br />

Este é o sistema construtivo mais bem sucedido,<br />

dentro dos estudados, que alia a flexibilidade de<br />

projeto a pré-fabricação, podendo chegar a níveis<br />

de industrialização que viabilize moradia barata às<br />

camadas mais pobres da população, como ocorreu<br />

com a Casa de Araucária.<br />

- O sistema de painel de eucalipto laminado tem vários<br />

pontos positivos: é de fácil montagem, utiliza madeira<br />

de floresta plantada e demonstra a criatividade do seu<br />

criador, postura necessária para o desenvolvimento<br />

das construções em madeira no Brasil.<br />

O sistema construtivo é simples e de fácil montagem<br />

e possibilita flexibilidade de projeto.<br />

Não é aconselhável simplesmente importar um<br />

sistema construtivo e sim analisar criticamente se<br />

ele atende as necessidades do brasileiro, se ele se<br />

adapta ao modo de morar e viver do país. A repetição<br />

de elementos provenientes da arquitetura colonial<br />

americana ou da Europa, coloca a construção civil<br />

brasileira em posição passiva, que não corresponde<br />

sua história de criatividade e arrojo.<br />

Figura 6.69 e Figura 6.70<br />

Detalhe do painel e foto da montagem.<br />

Fonte: Revista Arquitetura e<br />

Construção, novembro de 2005.<br />

146


07. CONCLUSÃO<br />

O estudo comparativo entre a Casa de Araucária com<br />

a Casa de Madeira Contemporânea é complexo, e<br />

requer muita dedicação e pesquisa.<br />

A arquitetura tradicional apresenta muitas variações,<br />

decorrentes da localização geográfica ou da<br />

linguagem do construtor, mesmo dentro da cidade<br />

de Curitiba.<br />

A proposta tipológica é uma forma classificatória de<br />

facilitar tal análise, mas não contemplam todas as<br />

construções estudadas. Existem muitas edificações<br />

singulares, o que comprova a flexibilidade do sistema<br />

e criatividade dos construtores.<br />

A análise tipológica adotada só contemplou a<br />

implantação no terreno e a forma da cobertura. Seria<br />

ideal, para um estudo mais aprofundado, a análise<br />

das plantas, os acabamentos internos, as relação<br />

estre as edificações vizinhas e os dados sobre época<br />

da construção. E para quem se destinava a casa e<br />

o nome dos construtores, porém esta análise não foi<br />

possível, dentro do que o trabalho propunha.<br />

Outra questão importante levantada é a necessidade<br />

de um estudo dos exemplares no ato de sua demolição.<br />

Durante a fase de levantamento, foram detectados<br />

muitas casas sendo demolidas. A grande maioria<br />

Figura 7.1<br />

Casa em Campo do Tenente-PR<br />

Foto de Marialba G. R. Imaguire, 2006.<br />

Figura 7.2<br />

Casa no bairro Umbará em Curitiba-PR<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.3<br />

Casa em Irineópolis-SC.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

147


das edificações em madeira não são “Unidade de<br />

Interesse de Preservação” e para sua demolição é<br />

necessário a retirada de alvará junto à prefeitura<br />

municipal. Poderia haver um convênio entre a Secretaria<br />

de Urbanismo e as Universidades, para efetuar o<br />

levantamento minucioso, do sistema construtivo e as<br />

técnicas empregadas. Este levantamento é urgente,<br />

pois existem hoje, poucos exemplares, datados da<br />

transição do século XIX para o XX, e as tipologias<br />

mais contemporâneas, se encontram também em fase<br />

de demolição.<br />

Houve a preocupação de dar continuidade aos<br />

trabalhos anteriores que tratam do tema, mas não<br />

há a pretensão de este ser um trabalho definitivo,<br />

há muito que completar e discutir, sobre o assunto<br />

abordado, a intenção principal desta dissertação é<br />

que ela seja criticada, discutida por outros estudantes,<br />

pesquisadores e demais pessoas interessadas,<br />

como o que acontece com o trabalho do professor<br />

Imaguire.<br />

Sobre a pré-fabricação, foram analisados vários<br />

exemplares da Casa de Araucária e foi constatado, que<br />

o sistema construtivo partia do dimensionamento das<br />

bitolas, estabelecido pelas serrarias. Seria necessário<br />

um estudo mais profundo para comparar um conjunto<br />

de casas construídas em épocas distintas, para<br />

Figura 7.4<br />

Casa em Itaiópolis-SC.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.5<br />

Casa em Mallet-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.6<br />

Casa em Matinhos-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

148


uma análise da evolução ou da estagnação deste<br />

dimensionamento.<br />

Como foi visto no capítulo sobre Arquitetura Popular,<br />

há sempre uma evolução do sistema construtivo,<br />

onde cada geração o aprimora até se chegar a uma<br />

solução ideal. Possivelmente isto também ocorreu<br />

com o dimensionamento das peças de madeira.<br />

Analisando os sistemas de pré-fabricação e<br />

industrialização da construção de edificações em<br />

madeira chegaram-se as seguintes conclusões:<br />

- Não há o hábito dos projetistas brasileiros de<br />

trabalhar dentro de um sistema de pré-fabricação e<br />

industrialização.<br />

- A mesma barreira enfrentada pelas tecnologias<br />

de pré-fabricação e industrialização da madeira<br />

é também encontrada nos sistemas que utilizam o<br />

concreto e o aço.<br />

- A maneira de desenvolver os sistemas de pré-<br />

fabricação e industrialização é inserir estas questões<br />

na formação dos profissionais para criar uma maior<br />

familiaridade com os sistemas existente e seus<br />

possíveis desdobramentos e até a criação de novas<br />

tecnologias construtivas.<br />

O estudo feito na RVPSC foi tardio, existem poucos<br />

exemplares de casas, a maioria já foi demolida. Os<br />

Figura 7.7<br />

Casa Rua Desembargador Vieira Cavalcanti,<br />

em Curitiba-PR.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.8<br />

Casa em Papanduva-SC.<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.9<br />

Casa em Paulo Frontim-PR<br />

Foto do autor, 2006.<br />

149


levantamentos fotográficos encontrados tem como<br />

referência somente as estações, pontes, túneis e os<br />

próprios trilhos. As imagens encontradas das casas<br />

formam um universo muito pequeno, em relação ao<br />

acervo disponível sobre outras construções, nos<br />

arquivos da RVPSC. O capítulo teve como embasamento<br />

os projetos pesquisados na própria RVPSC, hoje<br />

pertencente ao patrimônio da Rede Ferroviária Federal<br />

S.A. Foram encontradas algumas poucas casas<br />

remanescentes das Vilas Ferroviárias.<br />

Ficou comprovado que a Rede Ferroviária construía em<br />

madeira, pelos mesmos motivos que possibilitaram o<br />

surgimento e desenvolvimento da Casa de Araucária:<br />

facilidade construtiva, disponibilidade de matéria<br />

prima barata e de qualidade, disponibilidade de<br />

mão de obra especializada e rapidez construtiva. O<br />

preconceito existente em relação a madeira também<br />

teve reflexo na empresa, nas décadas de setenta e<br />

oitenta muitas casas foram demolidas e substituídas<br />

por casas de alvenaria, fato este comprovado na fase<br />

de pesquisa.<br />

No Brasil, a arquitetura contemporânea em madeira, ainda<br />

é produzida de maneira quase que artesanal no sistema<br />

pilar/viga. As outras tecnologias estudadas, reproduzem<br />

construções com pouca qualidade arquitetônica, sem<br />

referências à arquitetura contemporânea. Supõe-se,<br />

Figura 7.10<br />

Casa no bairro Portão, em Curitiba-PR<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.11<br />

Casa Rua Desmbargador Vieira Cavalcanti,<br />

em Curitiba-PR<br />

Foto do autor, 2006.<br />

Figura 7.12<br />

Casa em São Mateus do Sul-PR<br />

Foto do autor, 2006.<br />

150


que este quadro acontece devido o afastamento e<br />

desconhecimento dos profissionais, como arquitetos e<br />

engenheiros, de questões referentes a industrialização<br />

e a pré-fabricação.<br />

Das tecnologias construtivas pesquisadas, o Sistema<br />

Plataforma é o que oferece maior possibilidade criativa<br />

e de projeto, contudo, em muitos casos, ele resulta<br />

em casas com característica colonial americana. Este<br />

sistema é aberto, como a Casa de Araucária, sua<br />

modulação é linear (baseado no tamanho da placa<br />

de OSB ou Chapa Compensada). Mas esta tecnologia<br />

é ainda desconhecida ou pouco explorada pelos<br />

projetistas e arquitetos brasileiros.<br />

O preconceito existente com as edificações em madeira<br />

não é a principal barreira que impede tais construções.<br />

Preconceito, como significa a palavra, é um conceito<br />

prévio, sem um conhecimento mais aprofundado do<br />

material. Se tivermos bons profissionais que utilizem a<br />

madeira e usuários satisfeitos, este preconceito será<br />

dissipado. Isto possivelmente ocorrerá em poucas<br />

décadas, impulsionado pelas questões ambientais.<br />

Quanto a Casa de Araucária, o sistema construtivo<br />

possivelmente desaparecerá, ou será revisto e alterado,<br />

como acontece com muitas tecnologias construtivas<br />

de saber popular. este sistema concluiu seu ciclo,<br />

como afirmou WEIMER (2005), no capítulo 02. Não<br />

Figura 7.13<br />

Casa Moosmann-Hämmerle. Austria, 2002<br />

Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />

Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

Figura 7.14 e figura 7.15<br />

Casa Denicolá. Suiça, 2002<br />

Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />

Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

Figura 7.16<br />

Grupo de habitações na Holanda.<br />

Fonte:GAUZIN-MULLER, D. Le Bois<br />

Dans La Contruction. Paris: Le Montier,<br />

1990.<br />

151


há disponibilidade de madeira para confeccionar as<br />

paredes de tábua e mata-juntas, também as novas<br />

tecnologias disponíveis possibilitam casas com melhor<br />

conforto térmico e acústico, porém esta arquitetura<br />

merece ser estudada, pois representa todo um período<br />

histórico de imigração e urbanização, dos estados<br />

do Sul do Brasil. Esta história, também nos conta, a<br />

destruição desenfreada dos recursos naturais, que<br />

caracterizou o século XX. A Araucária está extinta<br />

como ecossistema, porém há a preocupação de<br />

preservar as poucas áreas de remanescentes, de<br />

floresta nativa. O mesmo acontece com a tecnologia<br />

construtiva. Há muita pesquisa ainda a ser feita.<br />

Algumas casas estão sendo preservadas, pelo<br />

poder público ou por universidades, o que garante<br />

a proteção de alguns exemplares mais significativos.<br />

Estudos sobre o tema são urgentes, pois a cada dia,<br />

possivelmente um exemplar está sendo demolido. Os<br />

mestres carpinteiros não têm mais para quem repassar<br />

seu saber. O que importante é pesquisar, analisar e<br />

relatar este patrimônio material e imaterial para que<br />

o mesmo chegue às gerações futuras.<br />

A Casa de Araucária marcou uma época de abundância<br />

de material (o que resultava em um custo baixo),<br />

aplicado na construção de uma habitação, que seguia<br />

uma modulação, procedente das dimensões comercias<br />

Figura 7.17<br />

Grupo de habitações datadas de 1965.<br />

Fonte:GAUZIN-MULLER, D. Le Bois<br />

Dans La Contruction. Paris: Le Montier,<br />

1990.<br />

Figura 7.18<br />

Edificação de madeira em Frankfurt,<br />

Alemanha.<br />

site www.architekten24.de.<br />

Acesso em 11 de maio de 2007.<br />

Figura 7.19<br />

Habitação coletiva em madeira.<br />

site www.holzbau-kaernten.at/<br />

Acesso em 11 de maio de 2007.<br />

Figura 7.20<br />

Habitação em madeira.<br />

site www.homag-gruppe.de<br />

Acesso em 11 de maio de 2007.<br />

152


da madeira naquela época. Seguia uma tecnologia<br />

facilmente absorvida pelos carpinteiros.<br />

A Casa Contemporânea está inserida em uma época<br />

de escassez de material, oriundo das florestas nativas.<br />

Atualmente é necessario do uso das madeiras oriundas<br />

das florestas plantadas, comercializadas ainda jovens<br />

(sem grande formação do cerne).<br />

A Casa Contemporânea requer novas tecnologias de<br />

uso da madeira e racionalização de seu emprego, com<br />

considerável grau de industrialização, o que caracteriza<br />

o sistema construtivo como pré-industrializado,<br />

permitindo o ganho de tempo de construção, um<br />

menor custo e conforto ambiental adequado.<br />

Outra questão relevante é a modulação que deve<br />

respeitar as dimensões dos produtos derivados de<br />

madeira, como chapas, disponíveis no mercado, como<br />

chapas portantes de OSB e compensados. Somente<br />

o conhecimento destes materiais irá produzir uma<br />

arquitetura de qualidade.<br />

O Brasil só irá produzir uma boa arquitetura de<br />

madeira quando os profissionais da construção civil<br />

e as universidades se interessarem pelo assunto. E a<br />

sociedade nacional se despir dos preconceitos com<br />

relação a este material.<br />

Figura 7.21<br />

Casa GucklHupf. Áustria, 1993.<br />

Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />

Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

Figura 7.22<br />

Casa de férias. Áustria, 2000.<br />

Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />

Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

Figura 7.23<br />

Casa Convercey. França, 2001.<br />

Fonte:BRAGHIERI, N. Casas de Madeira.<br />

Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.<br />

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