02.08.2018 Views

O Lavrador - 523 (3954) 07 2018

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong><br />

BOLETIM INFORMATIVO DA SOCIEDADE UCRANIANA DO BRASIL<br />

Інформативний бюлетень Українського Товариства Бразилії<br />

Al. Augusto Stellfeld, 795 - CEP 80410-140 Curitiba - Paraná - Brasil - Fone/Fax: (41) 3224-5597 - e-mail: subras@sociedadeucraniana.com.br<br />

EDITORIAL<br />

Conforme o ponto de vista que tenho, nossa manifestação através do canto<br />

e da dança por este Brasil e afora, é apenas uma pequena parcela do que podemos<br />

fazer para sermos conhecidos e entendidos como ucranianos. Somos um povo que<br />

não esmorece, visto que há tanto tempo luta por paz dentro de sua terra negra<br />

(Tchornozem) que é também berço da cultura eslava e ainda nos dias atuais, mesmo<br />

após séculos, continua sendo cobiçada por seus vizinhos. O tempo passou, mas os<br />

fatos se mostram cíclicos, e ainda hoje é preciso permanecermos firmes na defesa da<br />

soberania e integridade do território ucraniano. Meios de comunicação que deveriam<br />

servir para informar, por vezes fazem o contrário, parece que tentando incutir na<br />

cabeça de seus leitores e expectadores falsas informações, seja propositadamente<br />

ou não. A Sociedade Ucraniana do Brasil completou 96 anos de existência. Com<br />

seus importantes departamentos, a Organização Feminina que dirige a Subotna<br />

Chkola Léssia Ukrainka e o Museu Ucraniano de Curitiba e, o Departamento de<br />

Folclore, muito bem representado pelo Folclore Ucraniano Barvinok, a Sociedade<br />

intensamente trabalha para de forma correta divulgar nossa cultura. Continuaremos<br />

com nosso trabalho de forma reta e séria, e mesmo há tantos quilômetros de<br />

distância da Ucrânia, apoiando sua soberania. Assim como bons brasileiros diremos<br />

em setembro Viva a Independência do Brasil, como bons ucranianos dizemos com<br />

alegria agora em agosto Viva os 27 anos de Independência da Ucrânia! Slava Ukraini!<br />

(Glória à Ucrânia). Heroiam Slava! (Glória aos heróis!). Que Deus conceda a todos<br />

os líderes ucranianos e nós diretores, a sabedoria na condução de nosso trabalho,<br />

sempre com humildade debaixo de Sua vontade e direção.<br />

Mirna Slava Kirylowicz Voloschen<br />

Presidente


2<br />

SLAVA UKRAINII! HEROIAM SLAVA!<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

Logo, se eu me oponho a Putin, me oponho ao<br />

comunismo, logo, se me oponho ao comunismo,<br />

sou um fascista. Essa é a leitura que muitas mentes<br />

pobres, sem tempo para leituras e estudo acerca<br />

do caso ucraniano, costumam fazer. Se é contra a<br />

Rússia, é contra a URSS, logo, só pode ser Nazista<br />

ou Fascista, algo assim.<br />

Borbulharam textos na internet nos últimos<br />

dias acerca da tradicional saudação nacional<br />

ucraniana. O fato se deu, principalmente, por um dos<br />

jogadores da Croácia, ter utilizado a frase durante a<br />

Copa da Rússia (foi punido, aliás).<br />

No Brasil, vários sites e críticos, que nunca<br />

escreveram uma única linha acerca da invasão russa<br />

na Criméia, resolveram tomar as dores de Putin.<br />

É preciso lembrarmos um pouco da História<br />

da Ucrânia para continuarmos, especialmente<br />

do período entre guerras. Movidos pelos ideais<br />

nacionalistas do final do século anterior (Primavera<br />

das Nações) e pela agitação causada pela Primeira<br />

Guerra Mundial, em 22 de janeiro de 1918, foi<br />

proclamada a independência da República Ucraniana.<br />

A Independência ucraniana durou poucos meses. O<br />

território foi logo tomado pela movimento soviético<br />

(incluindo seu exército) o que culminou na integração<br />

da Ucrânia à URSS. Nessa época, surgiram diversos<br />

exércitos ucranianos insurgentes, que buscavam a<br />

independência da Ucrânia e, entre eles a expressão<br />

"Slava Ukrainii" (Glória à Ucrânia), como modo de<br />

autoafirmação da luta pela independência.<br />

Com a II Grande Guerra, os exércitos<br />

insurgentes viram-se cercados, de um lado, os<br />

Nazistas, de outro, a URSS. Ainda que alguns líderes<br />

dos movimentos tenham negociado com um ou outro<br />

lado, o fato é que os ucranianos foram dizimados,<br />

por nazistas e por sovietes.<br />

A célebre expressão continuou sendo um sinal<br />

de busca pela liberdade e independência. Ganhou<br />

forças novamente após a Revolução da Dignidade e<br />

queda do presidente Yanukovich (corrupto, diga-se<br />

de passagem e aliado de Putin).<br />

O Partido Comunista e seus símbolos<br />

foram proibidos na Ucrânia desde a Revolução. O<br />

problema não é a ideologia em si, mas as feridas<br />

deixadas pelos longos anos de cativeiro soviete.<br />

Milhões morreram, outros milhares simplesmente<br />

desapareceram.<br />

No Brasil, a desinformação leva muitos a<br />

acreditarem que, pasmem vocês, Putin é Comunista.<br />

Bom, a expressão "Slava Ukrainii", utilizada<br />

normalmente por chefes de Estado, grupos folclóricos,<br />

organizações e até mesmo a Igreja (e agora por<br />

jogadores que entendem a situação atual da Ucrânia<br />

- jogaram lá) como forma de autoafirmação da<br />

própria nacionalidade foi associada a movimentos<br />

de extrema direita (pela imprensa do desserviço).<br />

Eu queria que todos buscassem as últimas<br />

informações das relações do governo ucraniano com<br />

as minorias étnicas (ou religiosas) incluindo aí judeus,<br />

muçulmanos, povos ciganos e, especialmente, os<br />

tártaros da Criméia. Conferissem as mudanças que<br />

a Ucrânia vem sofrendo em relação à educação,<br />

infraestrutura e direitos das mulheres (caminho<br />

longo, é bem verdade). Em seguida, buscassem<br />

sobre as mesmas informações, em relação ao<br />

Governo Russo. Em cinco minutos de pesquisa,<br />

conseguimos descobrir que o fascismo na verdade<br />

não mora na Ucrânia, mas ao lado, no país que está<br />

sediando a Copa do Mundo.<br />

Espero ter me feito entender, fiquem à<br />

vontade para compartilhar.<br />

SLAVA UKRAINII ! (de uma pessoa com<br />

tendência à esquerda, mas que consegue enxergar<br />

os horrores cometidos por regimes ditatoriais, de<br />

direita, esquerda ou de centro - um amante da<br />

liberdade e democracia).<br />

PS.: a) A Criméia é da Ucrânia.<br />

b) O Putin é um maluco, com<br />

tendências tsaristas e não Soviéticas<br />

(aliás, foi contra tendências assim que os<br />

bolcheviques lutaram, pelo amor de Marx!).<br />

c) A Rússia nunca aceitou e nunca vai<br />

aceitar que o berço de todas as civilizações<br />

eslavas orientais não é ela e não pertence<br />

mais a ela.<br />

PS2: A Embaixada da Ucrânia no Brasil<br />

soltou uma nota na página do Face, vale<br />

conferir.<br />

(Texto meu, sobre o que vi por aí e que até me fez<br />

tirar a poeira do meu face pessoal)<br />

ANDREIV CHOMA


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

História honesta<br />

Nota do Editor: Esta é a quarta edição do projeto<br />

“Honest History” do Kyiv Post, uma série que<br />

desmascara mitos sobre a história ucraniana usada<br />

por propagandistas. As histórias e vídeos são apoiados<br />

pelo Black Sea Trust, um projeto do German Marshall<br />

Fund dos Estados Unidos. As opiniões expressas não<br />

representam necessariamente as do Black Sea Trust,<br />

do German Marshall Fund ou de seus parceiros.<br />

Calor da Hungria. Como o passado húngaro<br />

da Transcarpácia criou seu presente<br />

tumultuado<br />

Por Veronika Melkozerova<br />

Publicado em 4 de maio.<br />

O centro de Berehove, uma cidade ucraniana ocidental,<br />

é exibido em 1940. A cidade, agora com 20.000<br />

habitantes, e o resto do Oblast de Zarkapattya, tornouse<br />

parte da Ucrânia soviética somente após a Segunda<br />

Guerra Mundial. A Hungria governou por séculos antes<br />

disso.<br />

Foto de Fortepan<br />

BEREHOVE, Ucrânia - Novos problemas<br />

com um vizinho difícil estão se formando para a<br />

Ucrânia, mas desta vez não é só da Rússia. Líderes<br />

na Hungria, uma nação de 9,8 milhões de habitantes,<br />

que faz fronteira com o Oblast de Zakarpattya, a 800<br />

quilômetros a sudoeste de Kiev, estão tornando a<br />

vida da Ucrânia a mais difícil possível.<br />

A região abriga cerca de 100.000 húngaros<br />

étnicos, que constituem 10% da população de 1<br />

milhão de habitantes de Zakarpattya.<br />

Como a Rússia fez no leste da Ucrânia, a Hungria<br />

está ampliando sua influência em Zakarpattya,<br />

tentando ditar à Ucrânia como conduzir seus<br />

assuntos internos, acusando-a de reprimir a minoria<br />

húngara e até ameaçando bloquear a integração da<br />

Ucrânia à União Européia e à OTAN.<br />

Conflito de hoje<br />

As tensões entre a Ucrânia e a Hungria<br />

aumentaram em setembro, quando o parlamento<br />

ucraniano introduziu uma legislação que torna o<br />

ucraniano a única língua de educação nas escolas<br />

estaduais do país. Embora a nova lei de língua<br />

visasse principalmente cortar a influência da língua<br />

russa, irritou a maioria dos países vizinhos da<br />

Ucrânia, que também a viram como supressão de<br />

suas línguas nacionais.<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 3<br />

As tensões com a Romênia e a Polônia sobre<br />

esta questão foram resolvidas diplomaticamente,<br />

mas a Rússia e a Hungria têm usado a lei da língua<br />

para reivindicar que a Ucrânia está discriminando as<br />

minorias nacionais.<br />

A mudança para a direita na política europeia<br />

não está ajudando: o radical partido político húngaro<br />

Jobbik, que em 2014 convocou abertamente o<br />

Zakarpattya a se unir à Hungria, ocupou 26 cadeiras<br />

no parlamento húngaro e ficou em segundo depois<br />

do atual primeiro-ministro Viktor Orban. aliança<br />

governista Fidesz-KNDP (133 assentos) na eleição<br />

parlamentar da Hungria em 8 de abril.<br />

Por sua vez, as provocações dos nacionalistas<br />

ucranianos contra as bandeiras húngaras e o que<br />

o Serviço de Segurança da Ucrânia alegou ser um<br />

ataque russo instigado a um centro cultural húngaro<br />

em Zakarpattya, foram amplamente cobertas pela<br />

mídia húngara e russa.<br />

Agora, o plano da Ucrânia para restaurar uma base<br />

militar em Berehove, uma cidade de 20 mil habitantes<br />

a cerca de 10 quilômetros da fronteira com a Hungria,<br />

se tornou o mais recente ponto dolorido nas relações<br />

ucraniano-húngaras.<br />

O ministro das Relações Exteriores da<br />

Hungria, Péter Szijjártó, expressou sua preocupação<br />

com o plano, que envolveria cerca de 800 soldados<br />

ucranianos na área, povoada principalmente por<br />

húngaros étnicos. Szijjártó disse que o governo<br />

ucraniano considerou a minoria húngara uma<br />

ameaça a Kiev e chamou a situação de "repugnante"<br />

em 19 de março.<br />

Mas, apesar do amplo envolvimento da<br />

Hungria na região, Zakarpattya está longe de ser<br />

dominado por húngaros étnicos. Na realidade, é uma<br />

terra multinacional. De acordo com o último censo<br />

nacional em 2001, Zakarpattya era maioritariamente<br />

habitada por ucranianos (1 milhão), húngaros<br />

(151.000), romenos, russos, ciganos, eslovacos,<br />

alemães e judeus.<br />

Então, por que a Hungria está intervindo<br />

nos assuntos ucranianos em Zakarpattya agora? As<br />

razões estão no passado da região.<br />

A catedral da elevação da cruz santamente no centro<br />

de Berehove, Zakarpattya é mostrada em 1940.<br />

(Fortepan)


4<br />

Os aldeões estão perto do vagão com os oxes em<br />

montanhas Carpathian. A data exata de uma imagem<br />

é desconhecida (Fortepan)<br />

Soldados do exército soviético lutam com as forças<br />

conjuntas da Hungria e da Alemanha nazista em uma<br />

vila nas montanhas dos Cárpatos em 1944. (Courtesy)<br />

As pessoas celebram o 50º aniversário da Revolução<br />

de Outubro na vila de Solotvyno, na província de<br />

Zakarpattya, em 1967. (Courtesy)<br />

Império perdido<br />

Zakarpattya, uma região de 12.800<br />

quilômetros quadrados na área ocidental das<br />

montanhas dos Cárpatos, só se tornou parte da<br />

Ucrânia há cerca de 70 anos, após a Segunda<br />

Guerra Mundial em 1946.<br />

A União Soviética posicionou isso como "a<br />

restauração da justiça histórica" - trazendo de volta<br />

uma terra habitada principalmente pelos ucranianos.<br />

Mas a Hungria viu a perda deste território como uma<br />

grande injustiça.<br />

Durante os cursos dos séculos 19 e 20, a área estava<br />

sob controle do Império Austríaco, do Império Austro-<br />

Húngaro, da Tchecoslováquia, da curta Ucrânia dos<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

Cárpatos, depois da Hungria, da União Soviética e<br />

da Ucrânia independente.<br />

Antes da Primeira Guerra Mundial, a Hungria<br />

fazia parte do Império Austro-Húngaro, o segundo<br />

maior estado da Europa depois do Império Russo.<br />

Durante a guerra de 1914-1918, o Império Austro-<br />

Húngaro, em aliança com o Império Alemão, o<br />

Império Osman e o Reino da Bulgária, lutou contra<br />

as Forças Aliadas do Reino Unido, França e Rússia.<br />

Perdeu a guerra e também os territórios que agora<br />

fazem parte da atual Sérvia, Romênia, Eslováquia e<br />

Ucrânia.<br />

Os aliados atribuíram os territórios aos<br />

vizinhos da Hungria sob os Tratados de Paz de Paris<br />

de 1918-1920. Zakarpattya, também conhecida<br />

como Rutênia Cárpata e Transcarpática, tornouse<br />

parte da Tchecoslováquia como resultado do<br />

Tratado de Saint-Germain em 1919, enquanto outros<br />

territórios foram dados ao Reino da Iugoslávia,<br />

Reino da Romênia e Tchecoslováquia sob o Tratado<br />

de 1920. do Trianon, o que muitos húngaros ainda<br />

consideram um trauma nacional.<br />

De acordo com Imre Szakal, professor de<br />

história do Ferenc Racoczi II Transcarpatian Institute<br />

de Berehove e de uma etnia húngara, os ucranianos<br />

da Transcarpathia saudaram a transição para a<br />

Tchecoslováquia, esperando que a nova regra<br />

construísse uma vida melhor para eles.<br />

Mas os húngaros ficaram arrasados. “Eles<br />

simplesmente não podiam acreditar que não estavam<br />

mais na Hungria. A velha ordem desapareceu. Eles<br />

tiveram que começar a aprender o idioma, as regras<br />

e as leis tchecas ”, disse Szakal.<br />

Eslavos e húngaros<br />

Os novos governantes tchecos eram liberais<br />

em relação à cultura ucraniana em Zakarpattya,<br />

disse Volodymyr Kenyyz, historiador e diretor do<br />

Berehivska Gymnasium em Berehove, ao jornal Kyiv<br />

Post.<br />

Kenyyz liga essa atitude liberal ao fato de que<br />

tanto os tchecos quanto os ucranianos são eslavos,<br />

enquanto os húngaros não são.<br />

Os historiadores discordam sobre quem<br />

dominou a região no passado: historiadores<br />

ucranianos acreditam que toda a área das Montanhas<br />

dos Cárpatos foi habitada principalmente por tribos<br />

eslavas do século VI ao século X.<br />

Acredita-se que os eslavos ocidentais,<br />

incluindo os hórvatas brancos, tchecos e poloneses,<br />

tenham suas origens nas tribos eslavas dos Cárpatos.<br />

Então vieram os húngaros.<br />

Eles vieram da região sul dos Urais (agora<br />

Rússia) e se estabeleceram entre o rio Tysa e o rio<br />

Danúbio no século IX, iniciando a era do domínio<br />

húngaro nessas terras.<br />

Gyorgy Csatary, o chefe do departamento<br />

de história do Instituto Transcaratian de Berehove,


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

argumenta que o domínio eslavo dessas terras não<br />

é comprovado.<br />

Húngaros na Ucrânia<br />

Os vizinhos da Ucrânia devem agora deixar<br />

as tensões históricas no passado e aprender a viver<br />

em paz e harmonia sob a ordem moderna, disse<br />

Kenyyz.<br />

Mas a Hungria não esqueceu que uma vez<br />

possuiu Zakarpattya.<br />

O atual governo húngaro do primeiroministro<br />

Viktor Orban vem conduzindo uma política<br />

conservadora nacionalista e fez dos húngaros que<br />

vivem no exterior um de seus principais focos.<br />

Logo depois que Orban chegou ao poder<br />

em 2010, a Hungria adotou um procedimento<br />

simplificado para conceder a cidadania húngara.<br />

A partir de 2016, mais de 760.000 estrangeiros<br />

receberam, com apenas 28.000 pedidos sendo<br />

rejeitados.<br />

Até 100.000 cidadãos de Zakarpattya<br />

receberam passaportes húngaros, de acordo com<br />

o vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia,<br />

Vasyl Bondar.<br />

Este é aproximadamente o número da<br />

diáspora húngara na região. E os húngaros<br />

recentemente confirmaram seu apoio ao nacionalista<br />

Orban: seu partido ganhou 133 dos 199 assentos no<br />

parlamento húngaro na eleição de 8 de abril.<br />

Dos territórios que faziam parte do Império<br />

Austro-Húngaro, a Ucrânia tem a menor diáspora<br />

húngara: cerca de 100.000 pessoas, quase todas<br />

em Zakarpattya.<br />

Em comparação, em 2013, havia 1,2 milhão<br />

de húngaros vivendo na Romênia, cerca de 459.000<br />

na Eslováquia e 251.000 na Sérvia.<br />

A porcentagem de etnia húngara na<br />

população geral também é de longe a mais baixa da<br />

Ucrânia - ela representa 0,24% da população de 42<br />

milhões de habitantes do país.<br />

Um homem monta um trator na aldeia de Bene, no<br />

distrito de Berehivskiy, no oblast de Zakarpattya, 800<br />

quilômetros a sudoeste de Kyiv, em 26 de abril.<br />

O distrito é habitado principalmente por húngaros<br />

étnicos. (Veronika Melkozerova)<br />

A vida em Zakarpattya<br />

A vida não é fácil em Zakarpattya, o menor<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 5<br />

dos oblasts da Ucrânia, com um orçamento de<br />

apenas 2,6 milhões de euros em <strong>2018</strong>.<br />

A cidadania húngara dá aos locais o direito<br />

de trabalhar na Hungria e em outros países da União<br />

Européia, dando a eles a chance de fazer muito mais<br />

do que poderiam em casa.<br />

O salário médio mensal em Zakarpattya é de<br />

210 euros, um dos mais baixos da Ucrânia. Do outro<br />

lado da fronteira, os húngaros ganham em média<br />

955 euros por mês.<br />

A cidade de Berehove e as aldeias vizinhas<br />

têm as maiores concentrações de húngaros em<br />

Zakarpattya. Aqui, os húngaros constituem 48%,<br />

superando os ucranianos, que compõem 39%.<br />

Se alguém perguntar que horas são em Berehove,<br />

os locais oferecem duas respostas: a hora ucraniana<br />

e a hora húngara, uma hora atrás.<br />

A estrada e as placas de rua estão escritas<br />

em húngaro e em ucraniano. Também vale para<br />

os nomes das pessoas: Zakarpattya Os húngaros<br />

geralmente têm um nome húngaro e um ucraniano.<br />

O governo húngaro também está presente na região.<br />

Oferece empréstimos sem juros para pessoas que<br />

buscam iniciar um negócio em Zakarpattya - tanto<br />

húngaros quanto ucranianos. Mas uma exigência<br />

fundamental é que o plano de negócios seja escrito<br />

em húngaro.<br />

A Hungria também financia centros<br />

educacionais em Zakarpattya e fornece vacinas<br />

gratuitas.<br />

Mesmo Deyak, um ativista nacionalista local,<br />

diz que a Ucrânia deveria aprender com a Hungria<br />

como tratar seu povo.<br />

As autoridades húngaras resolvem os<br />

problemas dos habitantes locais, enquanto o governo<br />

ucraniano nunca tem dinheiro para as necessidades<br />

do Zakarpattya, argumentou Deyak.<br />

“Claro, eles fazem isso em benefício próprio.<br />

Mais húngaros significam mais eleitores ”, disse<br />

Deyak.<br />

Kenyyz concordou, dizendo que "Orban<br />

governa Zakarpattya porque a Ucrânia não faz o<br />

suficiente para os habitantes locais".<br />

“Agora a questão nacional não é tão<br />

importante. As pessoas simplesmente vão para<br />

onde a vida é melhor ”, disse o professor de história<br />

Csatary.<br />

Brigas políticas<br />

A Hungria, por sua vez, afirma que um<br />

ressurgimento nacionalista ucraniano está<br />

estragando as relações de Kyiv com seus vizinhos.<br />

Desde que a Ucrânia introduziu a lei da língua escolar<br />

em outubro, a Hungria tem bloqueado as reuniões<br />

da Comissão Ucrânia-OTAN.<br />

Em resposta, o governo ucraniano prometeu<br />

adiar a implementação da lei até 2023.<br />

"Não somos contra aprender ucraniano,


6<br />

só queremos ter uma escolha, como em um país<br />

democrático", diz Csatary, falando em ucraniano.<br />

Ele aprendeu a língua enquanto estudava<br />

história na Universidade de Uzhhorod.<br />

Ao contrário dele, a maioria dos membros<br />

seniores da comunidade ucraniana-húngara não fala<br />

ucraniano.<br />

Os jovens falam ucraniano como língua<br />

estrangeira. Existem mais de 90 escolas públicas em<br />

Zakarpattya, onde as crianças estudam em húngaro.<br />

Quando a nova lei de língua entrar em vigor em<br />

2023, eles terão que mudar para o ucraniano.<br />

Mas Csatary acha que isso não será possível.<br />

“O governo quer que nossos filhos aprendam<br />

ucranianos como crianças ucranianas, usando os<br />

mesmos livros didáticos. Mas aqui tem que haver<br />

uma abordagem especial - ensinar ucraniano como<br />

língua estrangeira ”, diz ele.<br />

A dura resposta de Budapeste à legislação<br />

lingüística da Ucrânia, por sua vez, provocou uma<br />

reação dos nacionalistas ucranianos em Zakarpattya.<br />

A organização nacionalista local Svoboda em<br />

novembro arrancou a bandeira nacional húngara do<br />

prédio do Conselho Municipal de Berehove.<br />

A organização nacionalista dos Cárpatos, em<br />

março, realizou uma manifestação em Uzhhorod,<br />

que a mídia descreveu como anti-húngara. Deyak,<br />

no entanto, negou que fosse anti-húngaro.<br />

Ele disse que os ativistas nacionalistas<br />

locais suspenderam movimentos pró-separatistas<br />

inspirados por representantes russos em 2014,<br />

após o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia<br />

naquele ano.<br />

“Mas a Rússia não parou de minar a Ucrânia.<br />

Desta vez, está usando nossas tensões com a<br />

Hungria ”, diz Deyak.<br />

Houve dois ataques incendiários contra o<br />

Centro Cultural Húngaro em Uzhhorod em fevereiro,<br />

que as autoridades ucranianas alegaram terem sido<br />

ordenadas pela Rússia para promover o conflito<br />

entre a Ucrânia e a Hungria.<br />

No começo do ano, a Ucrânia decidiu reforçar<br />

sua fronteira ocidental reabrindo a base militar em<br />

Berehove.<br />

O Conselho Municipal de Berehove, formado<br />

principalmente por húngaros étnicos, apoiou a<br />

decisão. Mas Budapeste criticou o movimento.<br />

O ministro das Relações Exteriores, Szijjártó,<br />

disse que o governo ucraniano considerou a minoria<br />

húngara uma ameaça à integridade territorial da<br />

Ucrânia.<br />

Ele acrescentou que "a Hungria nunca fez<br />

nenhuma reivindicação por territórios ucranianos e<br />

respeita todos os acordos internacionais".<br />

O Ministério das Relações Exteriores da<br />

Ucrânia respondeu que cabia à Ucrânia decidir onde<br />

colocar bases militares em seu território.<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

“Como país em guerra, só queremos que não<br />

haja mais provocações em Zakarpattya. Mas tais<br />

alegações da Hungria estão beneficiando o Kremlin<br />

”, disse a porta-voz do Ministério das Relações<br />

Exteriores da Ucrânia, Mariana Betsa, ao canal de<br />

televisão ucraniano 112.<br />

Os moradores locais também não vêem<br />

nenhuma ameaça da Hungria, lembrando que foi um<br />

dos primeiros países a convidar veteranos de guerra<br />

de Donbas e suas famílias para tratamento médico,<br />

e um dos primeiros países a condenar a invasão da<br />

Criméia pela Rússia.<br />

"É <strong>2018</strong> e a Ucrânia faz parte da Europa",<br />

disse o nacionalista Deyak. "Por que eu deveria odiar<br />

os húngaros pelo que aconteceu 75 anos atrás?"<br />

fonte: (https://www.kyivpost.com/ukraine-politics/honest-history-heathungary-transcarpathias-hungarian-past-set-tumultuous-present.html)<br />

Levko Lukyanenko, um<br />

dos membros fundadores<br />

do Grupo Ucraniano de<br />

Helsinque, que passou 25<br />

anos em campos de trabalho<br />

soviéticos, morreu em Kiev<br />

depois de uma longa doença.<br />

Ele tinha 89 anos.<br />

Lukyanenko nasceu em 24 de agosto de<br />

1928 e, após a Segunda Guerra Mundial, formouse<br />

como advogado. Sua luta pela independência da<br />

Ucrânia começou em 1959, quando ele se tornou um<br />

dos fundadores de um partido clandestino chamado<br />

União Ucraniana de Trabalhadores e Camponeses<br />

[Українська робітничо-селянська спілка]<br />

A União ainda tinha que ir além das reuniões<br />

organizacionais quando, em janeiro de 1961,<br />

Lukyanenko, Ivan Kandyba e outros cinco membros<br />

foram presos.<br />

Lukyanenko foi acusado de "traição estatal"<br />

e "criação de uma organização nacionalista<br />

clandestina" e sentenciado à morte. Isso foi<br />

comutado para o campo de trabalho de 15 anos,<br />

que Lukyaneko passou nos campos políticos<br />

de Mordovian e Perm, assim como na prisão de<br />

Vladimir. Ele se recusou a ser abafado mesmo nos<br />

campos de trabalho, e escreveu vários apelos que<br />

teriam sido contrabandeados para fora dos campos,<br />

além de participar da luta para serem reconhecidos<br />

como prisioneiros políticos. Em 10 de dezembro de<br />

1975, por exemplo, ele e outros presos políticos<br />

declararam uma greve de fome para marcar o Dia<br />

Internacional dos Direitos Humanos.<br />

Ele foi enviado no mesmo dia para Chernihiv,<br />

onde cumpriu a sentença de 15 anos, sendo libertado<br />

em janeiro de 1976.<br />

Cerca de oito meses depois, Lukyanenko e


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

Kandyba foram abordados pelo escritor ucraniano<br />

Mykola Rudenko e perguntaram se eles iriam se<br />

juntar a ele para fundar o “Grupo Ucraniano de<br />

Helsinque” - UHG.<br />

O nome desse grupo incluía uma referência<br />

vital aos Acordos de Helsinque, que a União Soviética<br />

havia assinado em 1975. O documento continha<br />

compromissos importantes sobre a observação dos<br />

direitos humanos, incluindo a rejeição de qualquer<br />

perseguição por motivos políticos. Este não foi<br />

o primeiro nem o último documento que a URSS<br />

assinou sem qualquer intenção de observar, embora<br />

o compromisso tenha sido feito, e o movimento de<br />

Helsinque procurou manter publicamente o regime<br />

soviético em sua palavra.<br />

Isso garantiu que o peso da máquina<br />

repressiva desabasse sobre todos os membros<br />

do Grupo, que Lukyanenko e Kandyba, que<br />

tinham acabado de cumprir sentenças de 15 anos,<br />

entenderam muito bem. Mais tarde, Rudenko<br />

lembrou que Lukyanenko havia pedido tempo para<br />

pensar em se juntar - todos os trinta minutos.<br />

O grupo ucraniano de Helsínque anunciou<br />

sua formação em 9 de novembro de 1976.<br />

Todos os dez membros fundadores<br />

(Oleksandr Berdnyk; Petro Grigorenko; Ivan Kandyba;<br />

Levko Lukyaneko; Myroslav Marynovych; Mykola<br />

Matusevych; Oksana Meshko; Mykola Rudenko; Nina<br />

Strokata e Oleksiy Tykhiy) enfrentaram a repressão,<br />

mas isso não foi para dissuadir outros, embora em<br />

menor número, de ingressar na UHG.<br />

Lukyanenko foi novamente preso em 12<br />

de dezembro de 1977, acusado de “agitação e<br />

propaganda anti-soviética” e sentenciado em julho de<br />

1978 a 10 anos de “regime especial” [especialmente<br />

duro] e 5 anos de exílio, sendo declarado um infrator<br />

reincidente particularmente perigoso. . Ele cumpriu<br />

a sentença integralmente e foi enviado para o exílio<br />

em Tomsk, na Rússia.<br />

Os últimos prisioneiros políticos soviéticos<br />

foram libertados como parte da "perestroika" de<br />

Mikhail Gorbachev em 1988, e Lukyanenko foi<br />

"perdoado" em novembro daquele ano e libertado do<br />

exílio.<br />

Lukyanenko foi posteriormente ativo,<br />

primeiro na União Ucraniana de Helsinque, depois<br />

na política, e foi um dos autores da Declaração<br />

da Independência Ucraniana em 24 de agosto de<br />

1991. Ele foi mais tarde eleito para o parlamento<br />

por diversas vezes. Alguns de seus pontos de vista<br />

nos últimos anos suscitaram críticas, no entanto,<br />

ele foi amplamente respeitado como um defensor<br />

inabalável da independência da Ucrânia, que pagou<br />

um preço enorme por permanecer fiel às suas<br />

crenças e à Ucrânia.<br />

Вічна пам'ять ! Memória Eterna!<br />

fonte: (Vitorio Sorotiuk Ucranianos no Brasil - Українці в Бразилії/<br />

FACEBOOK)<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 7<br />

Zaitseve - frente de guerra atravessa<br />

as ruas desertas<br />

Um soldado ucraniano caminha entre as ruínas de uma casa<br />

bombardeada enquanto explora a área de combate na cidade de<br />

Zaitseve em 25 de junho.<br />

De Illia Ponomarenko , Volodymyr Petrov .<br />

Publicado a 13 de julho.<br />

Foto de Volodymyr Petrov<br />

ZAITSEVE, Ucrânia - Ao meio-dia em um<br />

recente e quente dia de verão, um esquadrão de<br />

soldados de infantaria ucranianos está sentado em<br />

um quarto sombrio atrás de uma parede de sacos de<br />

areia.<br />

Calmos, mas alertas, os soldados fumam<br />

e bebem bebidas energéticas em garrafas de<br />

plástico, segurando rifles nas mãos e ouvindo os<br />

sons distantes de tiros. É 25 de junho. A qualquer<br />

momento, a luta pode se espalhar para a posição<br />

deles, e eles estão prontos para atirar de volta no<br />

inimigo assim que receberem o comando.<br />

Seu abrigo fortificado já foi a sala de uma<br />

pequena casa antiga na pacata cidade de Zaitseve,<br />

cerca de 580 km a sudeste de Kiev. Antes da guerra,<br />

Zaitseve tinha uma população de cerca de 3.400<br />

pessoas e efetivamente, era apenas um subúrbio<br />

da cidade de Horlivka. Hoje, apenas 120 moradores<br />

ainda vivem na parte norte da cidade, ocupada pelos<br />

ucranianos.<br />

Agora, é um posto avançado de combate no<br />

coração da zona de guerra de Donbas, e tem sido<br />

obstinadamente defendido pelas tropas ucranianas<br />

durante vários anos.<br />

Os tiros de metralhadoras logo cessam, mas<br />

os soldados mostram poucos sinais de relaxamento.<br />

"Tudo bem, não fique na frente dos canhões - os<br />

atiradores podem estar nos observando agora", diz<br />

o soldado Mykola Buzhara, um velho guerreiro de<br />

cerca de 60 anos, quando se levanta, endireitandose,<br />

usando seu rifleAK envelhecido.<br />

"E não fale alto demais, os 'separadores'<br />

(separatistas) podem surtar e começar a atirar".<br />

Os soldados têm todos os motivos para serem<br />

cautelosos. Os combatentes das forças lideradas<br />

pelo Kremlin estão a apenas 30 metros de distância,<br />

abrigando seus próprios ninhos de armas fortificadas


8<br />

do outro lado da rua.<br />

Aqui nesta pequena cidade, a menos de 10<br />

quilômetros ao norte da cidade de Horlivka, ocupada<br />

pelos russos, a linha de combate da guerra da Rússia<br />

em Donbas corta as casas de campo e os jardins<br />

dos quintais.<br />

Entre as ruínas enegrecidas, as tropas<br />

adversárias colidem quase todas as noites em ferozes<br />

lutas, de casa em casa, com bombardeamentos<br />

ferozes. Houveram mudanças substanciais à forma<br />

desta frente de batalha durante anos.<br />

Em grande parte arruinada e abandonada<br />

pela maioria de seus civis, Zaitseve foi dividida ao<br />

meio, com com a 24ª Brigada do exército ucraniano<br />

ainda defendendo sua parte norte, e forças lideradas<br />

pela Rússia no controle do sul.<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

Ruínas de uma casa, na região fronteiriça de Donbas - Zaitseve,<br />

25 de junho. Foto: Volodymyr Petrov<br />

Soldado ucraniano observa as linhas inimigas em um posto<br />

de combate. Zaitseve, 25 de junho. Foto: Volodymyr Petrov<br />

Soldados ucranianos apertam as mãos , enquanto se<br />

cumprimentam em um posto de combate na cidade de Zaitseve<br />

em 25 de junho.<br />

Foto: Volodymyr Petrov<br />

Um soldado ucraniano ilumina um ninho de pássaro em<br />

uma casa em ruínas em Zaitseve, transformada em um<br />

posto de combate.Um pouco de distração em meio ao caos<br />

. Foto: Volodymyr Petrov<br />

Um civil ucraniano aparece por tras de um portão cravejado<br />

de balas.<br />

Foto: Volodymyr Petrov<br />

Um soldado ucraniano ferve água para tomar chá ns cozinha<br />

de uma casa abandonada na cidade de Zaitseve em 25 de<br />

junho.<br />

Foto: Volodymyr Petrov<br />

Ruínas de casas são vistas por toda cidade de Zaitseve.<br />

Foto: Volodymyr Petrov<br />

A primeira linha de defesa das forças<br />

ucranianas se estende ao longo da rua Smolenska,<br />

que vai de leste a oeste através do centro de Zaitseve.<br />

Uma típica rua tranquila antes da guerra,


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

esta rua foi transformada em uma rede altamente<br />

fortificada de trincheiras, abrigos e ninhos de<br />

metralhadoras, cheias de centenas de metros de<br />

arame farpado. Na terra de ninguém, em frente às<br />

defesas ucranianas, há um grande espaço com<br />

árvores mortas, despidas de suas folhas pelas ondas<br />

de choque dos bombardeios.<br />

As principais linhas inimigas estão escondidas<br />

atrás de uma densa cobertura de árvores, mas<br />

através de binóculos, figuras furtivas e sombrias<br />

podem ser vistas em posições avançadas do outro<br />

lado da rua.<br />

"Parece que eles estão se fortalecendo", diz<br />

Serhiy Synenykov, soldado ucraniano, enquanto<br />

examina as linhas inimigas através de um periscópio<br />

de vigilância a partir de um ponto de observação<br />

subterrâneo.<br />

Ele aponta para uma parede recémconstruída<br />

de sacos de areia brancos ao lado de um<br />

abrigo feito atrás de uma de vegetação.<br />

“Eu os desafio”, diz Artem Zabskiy, outro<br />

jovem soldado no posto de combate. Ele carrega<br />

calmamente cartuchos de 7,62 milímetros em seu<br />

rifle.<br />

"Deixe-os tentar e mostrarem-se - nós temos uma<br />

boa história lhes para contar", ele sorri, acenando<br />

para os lançadores de foguetes Shmel - tubos com<br />

rondas incendiárias encostadas nas paredes de<br />

madeira do abrigo.<br />

Nessa guerra tática de combate tão próximo,<br />

qualquer tentativa do inimigo de avançar, mesmo por<br />

alguns metros, não pode ser deixada sem resposta,<br />

mas isso alimenta novos combates ferozes.<br />

Logo atrás das defesas ucranianas, as<br />

ruas desertas de Zaitseve estão se deteriorando e<br />

ficando cobertas de grama e arbustos. No verão,<br />

essa próspera vegetação selvagem encobre<br />

um pouco a escuridão silenciosa desta cidade<br />

morta, obscurecendo a visão desoladora de casas<br />

destruídas.<br />

Muitas das casas próximas à atual linha de<br />

frente, arrumadas e bem conservadas antes da<br />

guerra, foram reduzidas a paredes destruídas por<br />

bombardeios regulares de granadas e artilharia.<br />

Suas chaminés de pedra, são as únicas partes de<br />

seus interiores não completamente destruídas pelo<br />

fogo.<br />

"Os ataques acontecem aqui quase todos<br />

os dias", diz outro jovem soldado ucraniano, Yuriy<br />

Chernyavskiy, enquanto caminha sobre uma pilha de<br />

vidros esmagados perto de uma garagem destruída.<br />

O vidro quebrado range sob as botas."Então, observe<br />

o seu passo - você nunca sabe onde um projétil nãodetonado<br />

pode estar esperando."<br />

À medida que os soldados caminham<br />

lentamente entre as ruínas, seus fuzis apoiados<br />

contra o peito, sons de tiros, explosões e estrondos<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 9<br />

podem ser ouvidos de vez em quando: os combates<br />

em toda a linha de frente dos 400 quilômetros nunca<br />

param completamente.<br />

Perdido e esquecido<br />

Mas Zaitseve não está tão deserta quanto<br />

parece à primeira vista. As pessoas ainda vivem em<br />

algumas das casas mais ou menos intactas, longe<br />

da linha de frente.<br />

Aqui e ali, por trás de velhos e enferrujados<br />

portões de metal crivados de buracos de estilhaços,<br />

os rostos dos últimos civis locais aparecem quando<br />

os soldados chamam.<br />

Entre eles estão Mykola e Tamara<br />

Vdovychenko, um casal de quase 70 anos.<br />

um casal de idosos local, fala sobre as dificuldades de sua<br />

vida cotidiana na cidade de Zaitseve. Foto: Volodymyr Petrov<br />

Como muitos milhares de idosos solitários<br />

presos na zona de guerra de Donbas, eles não têm<br />

mais para onde ir e não têm escolha a não ser morar<br />

a poucas centenas de metros da linha de frente.<br />

"Quando o bombardeio começa, nos<br />

escondemos embaixo da nossa garagem", Mykola<br />

diz em uma voz trêmula enquanto aponta para uma<br />

escada descendo em um porão de concreto frio. Ele<br />

nem olha para isso.<br />

"Somos muito velhos e, para nós, toda vez<br />

que vamos lá embaixo, é sempre uma tortura."<br />

Sua esposa Tamara é extremamente frágil<br />

e só pode se mover apoiando-se em uma armação<br />

improvisada. No entanto, ela sorri e parece feliz em<br />

falar sobre sua vida - muitas pessoas não manifestam<br />

interesse no casal de idosos, perdido e esquecido<br />

nesta zona de guerra.<br />

"A propósito, alguns dias atrás, uma bomba<br />

explodiu em nosso quintal de novo", diz ela.<br />

“Ela matou várias de nossas galinhas e<br />

quebrou nossa cerca. Meu marido diz que era<br />

uma granada de 82 milímetros. Graças a Deus, os<br />

soldados vieram em breve para verificar o buraco<br />

de impacto e rapidamente consertaram nossa velha<br />

cerca”.<br />

“Às vezes gosto de brincar com a minha vida”,<br />

continua ela. “Nasci no tempo da Segunda Guerra<br />

Mundial e agora parece que vou morrer durante<br />

outra guerra.”<br />

O casal vive em pobreza extrema e as roupas<br />

que vestem são sujas e surradas. Mesmo que eles


10<br />

recebam suas pensões, eles raramente têm a chance<br />

de se apossar do dinheiro - para isso, eles têm que<br />

arranjar alguém no exército, ou um vizinho, para<br />

pegar seus cartões bancários da zona de combate e<br />

ir sacar dinheiro o caixa eletrônico mais próximo.<br />

Eles mal têm força para ir além de seu próprio<br />

quintal.<br />

“Minha esposa precisa de cuidados<br />

constantes - ela não vai sobreviver sem mim”,<br />

diz Mykola, depois que Tamara sai devagar para<br />

descansar na casa. "Mas além disso, tenho meu<br />

próprio problema."<br />

Ele remove seus grandes óculos de sol<br />

pretos. Uma de suas pupilas é branca pálida e leitosa<br />

- ele tem catarata.<br />

“Estou quase cego. Não consigo ver nada,<br />

exceto flashes de luz do sol e formas sombrias de<br />

pessoas e objetos grandes ao meu redor”.<br />

No decorrer da conversa, após algumas<br />

tentativas de se esquivar da questão, Mykola admite<br />

que em 1987 ele atuou como especialista técnico na<br />

KGB soviética no Afeganistão.<br />

Desde então, ele e sua esposa viviam uma<br />

vida tranquila em Zaitseve - até que o Kremlin o<br />

encontrou novamente com sua mais recente guerra,<br />

três décadas depois.<br />

“Eu estava no exército, assim como aqueles<br />

jovens soldados cujas vozes às vezes ouço perto dos<br />

portões do nosso quintal”, diz ele com um suspiro.<br />

"Para ser honesto, eu sinto muito que eles tenham<br />

que passar seus melhores dias nesta maldita guerra,<br />

desencadeada pelo velho Putin."<br />

“Como ex-militar, eu entendo claramente de<br />

onde vêm todas as minas e granadas - todas são<br />

lançadas do sul, onde estão os separatistas”.<br />

...<br />

“E eu continuo me perguntando: 'Para que<br />

isso tudo? Por que eles estão lutando? Mais território<br />

para (o presidente russo Vladimir) Putin? '”<br />

"Putin não tem terras suficientes em sua<br />

Rússia?"<br />

fonte: KIYV POST( https://www.kyivpost.com/ukraine-politics/inzaitseve-war-front-runs-through-deserted-streets.html)<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

a possibilidade de realizar uma série de atentados no<br />

território da Crimeia ocupada em um futuro próximo<br />

(final de julho - início de agosto), incluindo ataques<br />

terroristas contra a população civil dos territórios<br />

ocupados. A Criméia teria baixas em massa”,<br />

escreveu Dmytro Tymchuk, coordenador do projeto<br />

“Resistência à Informação”, no Facebook .<br />

Segundo ele, os principais alvos podem ser<br />

locais públicos, como shoppings, mercados, eventos<br />

e infra-estruturas, como pontos de abastecimento de<br />

água e depósitos de combustível.<br />

“Todos estes atentados do Kremlin,<br />

tradicionalmente, terão como alvos grupos<br />

ucranianos de reconhecimento de sabotagem e<br />

governo. Nikolai Patrushev, secretário do Conselho<br />

de Segurança da Rússia, já deu a entender isso<br />

durante uma visita a Sevastopol, dizendo que há<br />

uma alta ameaça de desestabilização na Criméia,<br />

como resultado da política agressiva de autoridades<br />

ucranianas e membros de organizações nacionais<br />

radicais”, Tymchuk escreveu.<br />

Anteriormente, a Rússia ignorou a ordem do<br />

Tribunal Internacional de Justiça para suspender a<br />

proibição ao corpo representativo do povo tártaro da<br />

Crimeia, os Mejlis, em se pronunciar.<br />

A Corte ordenou que a Rússia informasse<br />

sobre as medidas tomadas para implementar suas<br />

ordens até 18 de janeiro de 2019.<br />

Entre outras coisas, a Corte Internacional<br />

ordenou que a Rússia “se abstenha de manter ou<br />

impor limitações à capacidade da comunidade<br />

tártara da Criméia para conservar suas instituições<br />

representativas, incluindo os Mejlis”.<br />

fonte: (https://eng.uatv.ua/dmytro-tymchuk-russia-ma<br />

y-commit-terrorist-acts-crimea/)<br />

Rússia detém navios estrangeiros<br />

no mar de Azov<br />

Eles estão sendo detidos por até três dias<br />

Foto de Ukrinform – UATV<br />

Tymchuk: Rússia pode<br />

cometer terrorismo na<br />

Crimeia<br />

Os principais alvos podem ser<br />

locais públicos<br />

A Rússia continua implantando um grande<br />

número de equipamentos militares e complexos de<br />

mísseis na Crimeia.<br />

“Segundo as informações disponíveis, as<br />

forças especializadas da Rússia estão considerando<br />

Foto de Ukrinform – UATV<br />

A Rússia começou a deter navios estrangeiros<br />

que passam pelo Estreito de Kerch, no Mar de Azov,<br />

informa a Ukrinform .<br />

Oleh Slobodian, assistente do Serviço de<br />

Guarda de Fronteiras do Estado ucraniano, disse<br />

isso em uma coletiva de imprensa hoje.


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

“Estamos observando que a Federação<br />

Russa mudou o algoritmo de suas ações no Mar<br />

de Azov. Detém navios estrangeiros que chegam<br />

à Ucrânia, atrasando o prazo para a concessão de<br />

permissões para passar pelo Estreito de Kerch. Há<br />

informações de que os navios são detidos, às vezes,<br />

por até três dias ”, disse Slobodian.<br />

Segundo ele, isso influencia a atratividade<br />

econômica da Ucrânia.<br />

Slobodian disse que sob um tratado<br />

internacional, o Mar de Azov é para uso doméstico<br />

tanto para a Ucrânia quanto para a Rússia. Ele pode<br />

ser usado livremente pelos dois lados, então a Rússia<br />

pode inspecionar os navios, mas "não entendemos<br />

por que isso está sendo feito", disse ele.<br />

Quando perguntado se é necessário<br />

rescindir o acordo bilateral sobre o uso do Mar de<br />

Azov, Slobodian disse que a mudança do acordo<br />

faz sentido quando ambas as partes não pretendem<br />

cumprir suas obrigações.<br />

"Podemos tomar essa decisão<br />

unilateralmente, mas na minha opinião, não haverá<br />

nenhum efeito nisso", disse Slobodian.<br />

Chefe do centro de reformas de defesa,<br />

Oleksandr Danyliuk, por sua vez, observou que,<br />

em sua opinião, o lado russo cria problemas para<br />

os navios que entram na Ucrânia para pressioná-lo,<br />

em particular, sobre a questão da Ucrânia restaurar<br />

o abastecimento de água para a Criméia. Ele disse<br />

que devido a atrasos, as embarcações estrangeiras<br />

estão começando a rever sua logística para não<br />

entrar nos portos de Mariupol e Berdiansk, o que cria<br />

problemas econômicos para essas cidades.<br />

“A Rússia cria pré-condições para certas<br />

conseqüências econômicas e sociais negativas<br />

nessas cidades”, acrescentou Slobodian.<br />

Ele observou que já existem evidências de<br />

que uma pseudo-organização está sendo criada no<br />

porto de Mariupol para criar distúrbios na cidade.<br />

fonte: (UA TV https://eng.uatv.ua/russia-detaining-foreign-ships-azovsea/)<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 11<br />

militar russa no Mar Negro após a anexação ilegal da<br />

Crimeia, levou ao aumento da presença de navios<br />

da OTAN na região do Mar Negro.<br />

Ele disse isso em uma conferência de<br />

imprensa na segunda-feira, 23 de julho, a bordo do<br />

“HNLMS De Ruyter”, a fragata da Marinha Real da<br />

Holanda, informou um correspondente da Ukrinform.<br />

"Observamos um aumento do poder militar<br />

da Federação Russa no Mar Negro e um aumento<br />

significativo da presença militar russa após a<br />

anexação ilegal da península da Criméia, o que de<br />

fato levou à decisão da Cúpula da Otan em Varsóvia<br />

de aumentar nossa presença na Rússia". Por isso,<br />

quando perguntam se existe uma ligação entre<br />

visitas frequentes de navios da OTAN no Mar Negro,<br />

podemos afirmar afirmativamente - existe uma<br />

ligação deste tipo ", afirmou Boots.<br />

Quando perguntado por um correspondente<br />

da Ukrinform, se a OTAN facilitará a restauração<br />

da passagem de navios no Mar de Azov caso<br />

a Rússia bloqueie esta passagem para navios<br />

mercantes através do Estreito de Kerch, Boots<br />

disse: "Eu entendo a relevância da questão, mas<br />

você pergunta às pessoas erradas. "Realizamos<br />

operações militares de acordo com as instruções do<br />

comando da OTAN. Aqui precisamos de uma decisão<br />

política da aliança. Observo que representamos uma<br />

organização defensiva e agiremos apenas se nossos<br />

navios forem atacados", disse Boots.<br />

Conforme relatado, seis navios do Grupo<br />

Marítimo e do Grupo Permanente de Contramedidas<br />

de Mísseis e Torpedos da OTAN, estão em uma visita<br />

amigável a Odessa, incluindo a fragata da Marinha<br />

Real Holandesa “HNLMS De Ruyter”, a fragata da<br />

marinha turca “TCG Fatih”, a fragata “ROS Regele<br />

Ferdinand” da Marinha Romena, a embarcação<br />

auxiliar da marinha alemã “Rhein”, o Contramedidas<br />

“Anamur” da Marinha Turca e o “Lupu Dinescu”<br />

também Romeno.<br />

fonte: (https://www.ukrinform.net/rubric-defense/2504381-nato-canrespond-to-russian-blockade-of-azov-sea-commander-boots.html)<br />

A OTAN pode responder ao bloqueio<br />

russo do Mar de Azov<br />

ponte que liga Crimeia à Rússia possui 19 km -<br />

Alexander Nemenov/AP (O GLOBO MUNDO)<br />

UE vai adicionar<br />

seis entidades<br />

russas à lista de<br />

sanções sobre<br />

Kerch Bridge<br />

18 de julho de <strong>2018</strong><br />

RFE / RL<br />

Comandante do Grupo Marítimo Permanente<br />

da OTAN, Boudewijn Boots, acredita que a expansão<br />

BRUXELAS - Embaixadores da União Européia<br />

decidiram acrescentar seis entidades russas à lista<br />

de proibição de vistos e congelamento de ativos por<br />

estarem envolvidas na recente construção da Ponte<br />

do Estreito de Kerch - uma ponte de 19 quilômetros<br />

que liga o continente ao sul da Rússia com a


12<br />

Península da Criméia.<br />

Segundo a UE, a construção da ponte<br />

russa desde a anexação ilegal da península da<br />

Criméia à Ucrânia, em Moscou, contribuiu para a<br />

desestabilização da integridade territorial da Ucrânia.<br />

Autoridades da UE que falaram à RFE / RL<br />

(Radio Free Europe/Radio Liberty) sob condição<br />

de anonimato, disseram que uma decisão formal<br />

de adicionar as seis entidades à lista de sanções é<br />

esperada para os próximos dias.<br />

Atualmente, a lista de sanções contém os<br />

nomes de 155 indivíduos da Rússia e Ucrânia e 38<br />

entidades.<br />

A ponte Kerch Strait foi aberta para carros e<br />

ônibus em maio. Ele contém uma rodovia de quatro<br />

pistas e duas linhas de trilhos que ainda estão em<br />

construção.<br />

O projeto de construção russo de US$ 3,7<br />

bilhões começou em 2016.<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

você pode atirar em silhuetas que simbolizam<br />

seres humanos reais'. Bem, isso é exatamente o<br />

que queríamos mostrar com toda esta exposição.<br />

É horrível quando alguém fotografa a silhueta<br />

simbolizando um ser humano, mas é muito pior<br />

quando alguém atira em uma pessoa real, e isso<br />

acontece todos os dias. Nossos soldados são mortos<br />

todos os dias e civis também, incluindo crianças. A<br />

guerra é um horror contínuo, ninguém pode aceitála,<br />

e o desejo de acabar com ela é o resultado desta<br />

exposição ”, disse Antonina Pipko, vice-diretora geral<br />

do Museu Nacional da Revolução e da Dignidade.<br />

As esculturas podem ser encontradas em<br />

várias áreas da cidade: no Parque Shevchenko,<br />

nas ruas Kreshchatyk e Lva Tolstoho, nas estações<br />

de metrô Arsenalna e Palats Sportu e ao longo do<br />

calçadão Dnipro.<br />

fonte: (https://eng.uatv.ua/bullet-covered-statues-kyiv-remind-peoplewar-donbas-rages/)<br />

blob:https://www.rferl.org/c224c8db-3dfd-<br />

4a54-a517-590fc0f8af92<br />

RadioFreeEurope / RadioLiberty<br />

Com reportagem do correspondente da RFE / RL Rikard Jozwiak em<br />

Bruxelas<br />

fonte: (https://www.rferl.org/a/eu-to-add-six-russian-entities-tosanctions-list-over-kerch-bridge/29374465.html)<br />

Criméia. Território da tortura<br />

Estátuas cobertas de balas em Kiev,<br />

lembram as pessoas que a guerra em<br />

Donbas continua<br />

https://youtu.be/sF8B9cwNeVM<br />

O criador da exposição acredita que as pessoas se tornaram<br />

imunes a notícias sobre a guerra<br />

Uma exposição de rua única apareceu no<br />

centro de Kiev para lembrar às pessoas que, apesar<br />

das suas próprias vidas pacíficas, as hostilidades em<br />

Donbas continuam até hoje.<br />

Há silhuetas cobertas de buracos de bala<br />

representando pessoas de diferentes idades e sexos.<br />

O criador do projeto, Oles Kromplyas, é um<br />

soldado voluntário e correspondente militar, que<br />

sobreviveu à prisão de militantes e participou da<br />

libertação de Mariupol há quatro anos. Ele acredita<br />

que a abundância de notícias das linhas de frente<br />

tornou as pessoas imunes às duras realidades da<br />

guerra. É por isso que ele surgiu com a idéia de<br />

exposições que as pessoas podem tocar, para que<br />

possam tentar entender e mergulhar nas experiências<br />

de soldados e civis.<br />

Os funcionários do Museu da Revolução<br />

e da Dignidade, ajudaram Kromplyas a fazer sua<br />

exposição.<br />

“Algumas pessoas vêm e dizem 'como<br />

REUTERS/Iryna Shechenko<br />

Os crimes da Rússia contra a Crimeia e<br />

seus moradores não terminaram com a ocupação<br />

real. E embora o regime de Putin ainda não permita<br />

que observadores internacionais entre na Crimeia,<br />

alguma informação está chegando. Desde o início<br />

da anexação, monitores de direitos humanos<br />

registraram cerca de duzentos casos de tratamento<br />

desumano de pessoas, um quarto dos quais são<br />

casos de tortura. Algumas vítimas conseguem<br />

escapar do controle do FSB (Serviço Federal de<br />

Segurança Russo - que suscedeu a KGB) e estão prontas<br />

para contar ao mundo inteiro sobre sua experiência.<br />

Desde o início da anexação real da Crimeia, Ativistas<br />

Ucranianos de Direitos Humanos, registraram 181<br />

casos de tratamento desumano de residentes da<br />

península temporariamente ocupada, incluindo 55<br />

incidentes de tortura. Todos estão bem cientes do<br />

fato de que, se os observadores internacionais, em<br />

particular o Comissário das Nações Unidas para os<br />

Direitos Humanos, puderam visitar a península e<br />

se comunicar com os moradores locais, teria sido<br />

claramente menos violações registradas. Mas na


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

realidade, não há acesso à Crimeia para qualquer<br />

“cão de guarda” dos direitos humanos. O chefe do<br />

conselho de administração da ONG “Crimea SOS”,<br />

Tamila Tasheva (que informou sobre os números acima<br />

mencionados), recorda que, não muito tempo atrás, o<br />

relator especial das Nações Unidas sobre o combate<br />

à tortura, Nils Melzer, procurou visitar a Crimeia<br />

para monitorizar as prisões locais, mas o lado russo<br />

recusou sua entrada.<br />

Hoje, especialmente valiosos, são os casos<br />

em que as pessoas conseguem, de alguma forma,<br />

sair das patas tenazes do Serviço Federal de<br />

Segurança Russo - FSB. E também é extremamente<br />

importante que as vítimas do regime encontrem forças<br />

para divulgar suas histórias. Fatos concretos da<br />

desumanidade do Kremlin, expressos publicamente,<br />

confirmam, sem dúvida, a posição da Ucrânia sobre<br />

o assunto. E eles mais uma vez provam ao mundo<br />

que a verdade está do nosso lado.<br />

Por exemplo, recentemente,<br />

Ibrahimjon Mirpochchaev, nascido<br />

na Crimeia vítima da tortura do<br />

FSB, compartilhou sua história com<br />

jornalistas em Kiev. Ele mora na<br />

capital há vários meses. Foi a ONG<br />

“Crimea SOS” e seus amigos que<br />

o ajudaram a fugir em segurança<br />

da ocupação e se estabelecer na<br />

Foto de UNIAN capital da Ucrânia.<br />

Um advogado ucraniano, especialista da<br />

Fundação de Beneficência do Direito à Defesa,<br />

Dmytro Dvorkin, que está ajudando a família de<br />

Ibrahimjon, observa que ele já entrou com um recurso<br />

junto ao Serviço de Migração da Ucrânia para<br />

garantir que Mirpochchaev receba proteção do<br />

Estado. Ele também salienta que, independentemente<br />

da decisão, a fundação apoiará a família. "Se não<br />

conseguirmos resolver o problema em nível nacional,<br />

apoiaremos o apelo ao Tribunal Europeu dos Direitos<br />

Humanos", diz Dvorkin.<br />

Ao contar sua história, Ibrahimjon luta para<br />

esconder as lágrimas, as mãos tremendo. Ele não<br />

olha para os jornalistas na frente dele - apenas<br />

olhando para a mesa. Sua voz muda e sua maneira<br />

de falar são melhores do que qualquer palavra<br />

que mostre os horrores do verão passado que ele<br />

recorda.<br />

Sua grande e amigável família, vivia no<br />

distrito de Belogorsk, na cidade de Novokolenovo.<br />

A família de Ibrahimjon são seus pais, esposa,<br />

filhos e três irmãos. Em 10 de agosto de 2017, às<br />

seis horas da manhã, houve uma invasão do FSB<br />

em sua casa. O caos se seguiu à medida que os<br />

agentes começaram a espancar homens, mulheres<br />

e crianças na casa, que foi seguida por uma busca<br />

que durou cerca de duas horas e meia. "Eles fizeram<br />

uma bagunça dentro da casa, bem como no celeiro e<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 13<br />

galinheiro. Eles tiraram toda a literatura islâmica que<br />

tínhamos, incluindo o Alcorão e vários outros livros",<br />

lembra Ibrahimjon.<br />

Depois disso, junto com seu pai e dois<br />

irmãos, ele foi levado para um local desconhecido,<br />

com sacos sobre suas cabeças. Lá a família foi<br />

dividida: seus irmãos e pai foram deixados em um<br />

quarto, enquanto Ibrahimjon foi levado para outro.<br />

Ele estava amarrado a uma cadeira, suas pernas<br />

e mãos amarradas com fita adesiva, e então ele foi<br />

mais uma vez brutalmente espancado. Os primeiros<br />

golpes foram em seu peito e cabeça, e depois<br />

continuaram batendo por várias horas. Junto com<br />

abuso físico, ele foi bombardeado com perguntas<br />

como onde você vai, quem são seus contatos, o que<br />

você sabe ... Além disso, eles tentaram estabelecer<br />

suas supostas ligações com o "Estado Islâmico" e<br />

a guerra na ... Síria. "Eles me perguntaram quando<br />

eu fui para a Síria e lutei pelo ISIS (Estado Islâmico do<br />

Iraque e da Síria)? Eu disse a eles que eu não fui a<br />

lugar algum, que eu nunca saí da Crimeia. Mas eles<br />

me disseram que eu estava mentindo", diz a vítima.<br />

Os agentes do FSB não pararam no<br />

espancamento. O homem foi mais intimidado e<br />

chantageado. Disseram a ele que estuprariam<br />

sua esposa e mandariam seus filhos para um<br />

orfanato. Eles colocaram um saco em sua cabeça<br />

e o estrangularam, exigindo que confessasse<br />

o extremismo. Eles o arrastaram pelo chão e o<br />

espancaram seis ou sete vezes ... "Eles tiraram meu<br />

jeans, me colocaram no chão, amarraram minhas<br />

mãos ao redor dos meus pés. Eles prenderam algo<br />

em mim por trás e conectaram algo, colocando<br />

um trapo na minha boca. Eles ligaram algum tipo<br />

de máquina e eu fui atingido pela eletricidade, eu<br />

senti como se estivesse queimando por dentro ..."o<br />

homem nos diz sem olhar para cima.<br />

A tortura durou horas. Depois de todo o abuso,<br />

um dos seqüestradores disse a Mirpochchaev que<br />

deveria ser grato por pararem a tortura. Ibrahimjon<br />

foi fotografado, tiraram suas impressões digitais, e<br />

depois foi para outra sala com um saco na cabeça.<br />

Então ele se viu na rua, onde ao lado dele ele ouviu<br />

vozes de seus irmãos e pai. Então Mirpochchaev<br />

ouviu seu segundo irmão gritando: "Eles vão deixar<br />

você ir, mas eles vão me levar com eles". E assim<br />

aconteceu.<br />

Ibrahimjon Mirpochchaev, seu pai e seu<br />

segundo irmão foram levados embora. É digno de nota<br />

que durante toda a viagem (ainda não ficou claro para<br />

onde foram levados), um dos sequestradores repetiu<br />

que Mirpochchaevs deveria manter silêncio sobre o<br />

que havia acontecido. Ele foi instruído a dizer a todos<br />

que eles haviam sido levados para uma verificação<br />

de identidade de rotina, e que eles haviam sido<br />

bem tratados. Caso contrário, se a verdade surgir,<br />

toda a sua família simplesmente desaparecerá,


14<br />

disseram eles. "Agora somos seus senhores", ele foi<br />

informado. "Estaremos monitorando vocês todos, e<br />

vocês estarão visitando mesquitas, adquirindo novos<br />

contatos e coletando informações para nós."<br />

Em poucos dias, soube-se que seu irmão<br />

estava preso em uma prisão temporária. Segundo os<br />

investigadores, um policial de patrulha supostamente<br />

pediu que ele apresentasse sua identidade, mas<br />

ele recusou, resistiu, insultou o policial e até tentou<br />

fugir. Ele foi acusado de uma ofensa administrativa<br />

- 15 dias sob custódia por supostamente agredir um<br />

policial. O irmão de Ibrahimjon ligou para ele em três<br />

dias, pedindo comida (ele não havia comido nada<br />

até então).<br />

Quando Mirpochchaevs veio visitar seu irmão<br />

depois daqueles 15 dias em que estava sob custódia,<br />

os mesmos agentes do FSB já estavam esperando<br />

por ele (Ibrahimjon os reconheceu por suas vozes),<br />

acompanhados por vários outros colegas deles.<br />

A família ouviu um ultimato: ou eles fazem o que<br />

lhes é dito ou o FSB retorna aos "procedimentos".<br />

As exigências eram as seguintes: primeiro, um<br />

dos irmãos, aquele que havia sido detido, deveria<br />

assinar alguns espaços em branco que não estavam<br />

preenchidos e, em segundo lugar, todos deveriam<br />

estar em contato para retornar as ligações do FSB<br />

a qualquer momento. "O principal para nós, era<br />

sairmos de lá em segurança. Então o irmão assinou<br />

uma pilha de espaços vazios e eles nos deixaram ir.<br />

Nós fomos para casa. Por alguns meses, ninguém<br />

nos tocou. Voltei ao trabalho. Isso foi até que uma<br />

chamada veio de um número desconhecido:" Era o<br />

Serviço Federal de Segurança Russo - FSB.<br />

Era impossível sair da cooperação imposta<br />

por eles. Ameaças de tortura foram expressas<br />

novamente. Mirpochchaevs recebeu mais uma vez<br />

alguns papéis em branco para assinar. Depois que<br />

eles assinaram, no dia seguinte eles fugiram da<br />

Crimeia.<br />

Hoje, Ibrahimjon Mirpochchaev trabalha com<br />

consertos de carros e diz que ele está construindo<br />

uma nova vida. Seus filhos, felizmente, não acordam<br />

mais gritando à noite e não choram mais.<br />

O advogado da Criméia, especializado em<br />

casos politizados, Emil Kurbedinov, enfatiza que,<br />

infelizmente, este não é o primeiro e não o último caso<br />

de tortura na Crimeia. Segundo ele, representantes<br />

das agências de segurança da Rússia estão tentando<br />

coletar fatos para futuros casos de extremismo e<br />

terrorismo e inclinar uma pessoa a cooperar com<br />

eles por qualquer meio.<br />

Kurbedinov observa que em todos os<br />

casos semelhantes em toda a península ocupada,<br />

juntamente com seus colegas, ele coleta as<br />

informações correspondentes. Além disso, os<br />

pedidos foram apresentados ao gabinete do<br />

promotor militar e ao comitê de investigação militar<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

da Federação Russa (que deve supervisionar as<br />

agências de segurança). "É claro que não acho que<br />

alcançaremos a verdade lá, mas coletamos todas<br />

essas informações para instâncias internacionais.<br />

Na maioria das vezes, diremos que esses casos<br />

não estão sendo investigados e que a Rússia não<br />

reconhece que seus serviços de segurança aplicam<br />

métodos como tortura. Eles vão tentar esconder tudo<br />

", disse ele.<br />

Por sua vez, o chefe do Gabinete do<br />

Procurador da República Autônoma da Crimeia<br />

(sediada em Kiev) Maksym Kandzioba observa que<br />

uma investigação pré-rastreio está em curso no<br />

caso Mirpochchaev: "Este fato é muito específico e<br />

agradeço que tenham relatado a sua história. para<br />

nós. O processo penal depende em grande parte da<br />

posição ativa da vítima. "<br />

Em geral, de acordo com o promotor, até<br />

o momento, cerca de 140 casos criminais foram<br />

registrados sobre o fato de tortura e tratamento cruel<br />

de pessoas na península temporariamente ocupada.<br />

Mas só podemos imaginar quantas pessoas já<br />

sofreram de tortura russa na Crimeia.<br />

UNIAN Agência de Informações<br />

Read more on UNIAN: https://www.unian.info/society/10152938-crimeaterritory-of-torture.html<br />

EUA chama a Rússia para acabar com a<br />

ocupação da Crimeia<br />

REUTERS<br />

A Rússia ocupou a Crimeia em 2014, tendo<br />

realizado um "referendo", que não foi reconhecido<br />

internacionalmente. Os Estados Unidos pediram à<br />

Rússia que acabe com a ocupação da Crimeia, na<br />

Ucrânia.<br />

"Os Estados Unidos pedem à Rússia que<br />

respeite os princípios que há muito reivindicam<br />

que ela acabe com a ocupação da Crimeia",<br />

disse o secretário de Estado dos EUA, Michael R.<br />

Pompeo , em um comunicado de imprensa intitulado<br />

"Crimea Declaration". 25, <strong>2018</strong>. "Como os Estados<br />

democráticos buscam construir um mundo livre, justo<br />

e próspero, devemos defender nosso compromisso<br />

com o princípio internacional da igualdade soberana


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

e respeitar a integridade territorial de outros Estados.<br />

Através de suas ações, a Rússia agiu de maneira<br />

indigna de um grande nação e escolheu se isolar da<br />

comunidade internacional ", disse o comunicado.<br />

"A Rússia, através de sua invasão da Ucrânia<br />

em 2014 e sua tentativa de anexação da Crimeia,<br />

tentou minar um princípio internacional básico<br />

compartilhado por estados democráticos: que<br />

nenhum país pode mudar as fronteiras de outro pela<br />

força. Os estados do mundo, incluindo a Rússia,<br />

concordaram. a este princípio da Carta das Nações<br />

Unidas, comprometendo-se a abster-se da ameaça<br />

ou uso da força contra a integridade territorial ou<br />

independência política de qualquer Estado Este<br />

princípio fundamental - que foi reafirmado na Acta<br />

Final de Helsínquia - constitui uma das bases sobre as<br />

quais nossa segurança e segurança compartilhadas<br />

descansa ", afirmou.<br />

Os Estados Unidos reiteraram o<br />

reconhecimento da soberania e integridade territorial<br />

da Ucrânia. "Como fizemos na Declaração de Welles<br />

em 1940, os Estados Unidos reafirmam como<br />

política sua recusa em reconhecer as reivindicações<br />

de soberania do Kremlin sobre o território confiscado<br />

pela força em contravenção do direito internacional.<br />

Em conjunto com aliados, parceiros e a comunidade<br />

internacional, Os Estados Unidos rejeitam a tentativa<br />

russa de anexar a Crimeia e prometem manter essa<br />

política até que a integridade territorial da Ucrânia<br />

seja restabelecida ", disse o comunicado.<br />

Memorando UNIAN: A Rússia anexou a Criméia da<br />

Ucrânia em março de 2014, depois que suas tropas<br />

ocuparam a península. Um referendo ilegal foi<br />

realizado por Crimeans para decidir sobre a adesão<br />

à Rússia. De fato, as autoridades da Criméia<br />

relataram que supostamente 96,77% da população<br />

da Crimeia votaram pela adesão à Rússia. Em<br />

18 de março de 2014, o chamado acordo sobre<br />

a adesão da Crimeia e da cidade de Sevastopol<br />

para a Rússia foi assinado no Kremlin. O Ocidente<br />

não reconheceu a anexação em resposta à qual<br />

as sanções contra a Rússia foram introduzidas. O<br />

parlamento ucraniano votou para designar 20 de<br />

fevereiro de 2014 como a data oficial em que a<br />

ocupação temporária da Criméia começou.<br />

Read more on UNIAN: https://www.unian.info/<br />

politics/10201647-u-s-calls-on-russia-to-end-its-occupation-ofcrimea.html<br />

https://www.unian.info/politics/10201647-u-s-calls-on-russia-toend-its-occupation-of-crimea.html<br />

Crianças aterrorizadas na Crimeia<br />

ilegalmente ocupada pelos russos !<br />

Como se temia, a Rússia levou apenas três<br />

dias após o fim da Copa do Mundo para voltar à<br />

repressão política na Crimeia ocupada, com o alvo<br />

desta vez uma jovem que teve uma condição médica<br />

séria desde a infância. E seu irmão de nove anos<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 15<br />

que já viu seu pai ser levado depois de uma invasão<br />

armada similar em sua casa.<br />

Foto de Gulsum Alieva Aleksandra Surgan e Seidali Aliev<br />

Gulsum Alieva tem estado ativa nos últimos dois anos<br />

na iniciativa cívica Solidariedade da Crimeia, que ajuda os<br />

prisioneiros políticos e suas famílias e faz circular informações<br />

sobre a espiral de repressão em curso na Crimeia<br />

Parece que nenhuma acusação criminal<br />

ainda foi feita contra Gulsum Alieva, de 21 anos. A<br />

busca que começou às 6h30 do dia 19 de julho e<br />

durou várias horas não foi oficialmente uma busca,<br />

mas uma "inspeção". A família do prisioneiro político<br />

muçulmano Aliev, tinha todos os motivos para não<br />

notar qualquer grande diferença quando um grande<br />

contingente de homens armados e mascarados<br />

aparecia em sua casa em Verkhnya Kutuzovka.<br />

Telefones e outras tecnologias foram removidos, e<br />

Gulsum Alieva foi levada para interrogatório.<br />

O advogado Edem Semedlyaev chegou<br />

rapidamente na casa, mas não foi permitido que se<br />

manifestasse, uma violação flagrante da lei que se<br />

tornou padrão nos últimos quatro anos.<br />

Semedlyaev foi, pelo menos, admitido no<br />

escritório do 'Comitê de Investigação', mas ele e<br />

Gulsum não ficaram lá por muito tempo, já que ela<br />

se recusou a dar qualquer testemunho, citando seus<br />

direitos sob o artigo 51 da Constituição da Rússia.<br />

Esta é, no momento, uma "investigação<br />

preliminar" sob o artigo 282 (incitando a inimizade),<br />

um dos notórios artigos "extremistas" da Rússia, em<br />

conexão com um texto publicado por Gulsum em sua<br />

página no Facebook.<br />

O texto em questão foi, ao que parece,<br />

algo ser uma citação do filósofo russo Ivan Ilyin,<br />

conhecido por ser citado pelo presidente russo<br />

Vladimir Putin. As palavras sobre a Rússia são<br />

certamente desagradáveis. Depois, no topo e logo<br />

atrás, em uma cor diferente, estão as palavras "A<br />

Rússia é um país de monstros morais" e (na parte<br />

inferior) "Morte aos ocupantes russos!"<br />

Esta foi uma repostagem, aparentemente<br />

com nenhum comentário adicional de Gulsum,<br />

sugerindo que era simplesmente um pretexto.<br />

O enorme contingente de homens armados<br />

e mascarados, incluindo oficiais do FSB - (Serviço<br />

Federal de Segurança Russo) e homens do chamado<br />

"Centro de Combate ao Extremismo", apareceram


16<br />

logo, em uma casa em que havia apenas mulheres<br />

e crianças pequenas. Seidali, o mais novo, tinha<br />

apenas sete anos quando seu pai foi algemado em<br />

11 de fevereiro de 2016. Ele foi novamente submetido<br />

a tal terror, com a razão muito clara do ativismo<br />

apaixonado de sua irmã em defesa das vítimas de<br />

perseguição política.<br />

Gulsum Alieva permanece ativa na iniciativa<br />

cívica “Solidariedade da Criméia”, que ajuda os<br />

prisioneiros políticos e suas famílias e faz circular<br />

informações sobre a espiral de repressão em curso<br />

na Crimeia. Ela é a mais recente de muitos ativistas<br />

da Criméia Solidária que enfrentaram assédio ou<br />

prisão sob acusações forjadas (veja no final desta<br />

matéria, um comunicado emitido pela Solidariedade<br />

na Crimeia).<br />

O pai de Gulsum, Muslim Aliev, foi preso<br />

em 11 de fevereiro de 2016, juntamente com o<br />

ativista de Direitos Humanos Emir-Usein Kuku; Envir<br />

Bekirov e Vadim Siruk . Dois outros homens muito<br />

jovens - Refat Alimov e Arsen Dzhepparov - foram<br />

presos pelas mesmas acusações falhas em 18 de<br />

abril de 2016. Este foi o segundo processo ilegal<br />

da Rússia contra os muçulmanos ucranianos na<br />

Crimeia ocupada pelas chamadas acusações “Hizb<br />

ut-Tahrir” - (“Partido da Libertação” - é uma organização<br />

política pan-islâmica internacional, que descreve sua ideologia<br />

como islamismo, e seu objetivo é o restabelecimento do Khilafah<br />

Islâmico (Califado) ou estado islâmico para retomar o modo<br />

de vida islâmico.) e todos os homens “confiscados”<br />

foram declarados prisioneiros políticos pelo oficial<br />

Memorial Human Rights Center o qual uma de suas<br />

atribuições é contrapor a fabricação de casos de<br />

extremismo islâmico na Rússia.<br />

Houve pouca atenção por um longo tempo<br />

após as prisões no início de 2015 de quatro tártaros<br />

da Criméia de Sevastopol. O cálculo da Rússia de<br />

que o uso da palavra "terrorismo" e o estrito sigilo<br />

que ela impunha pareciam estar funcionando, com<br />

pouca ou nenhuma atenção das ONGs internacionais<br />

de direitos humanos e da comunidade internacional<br />

em geral.<br />

As prisões de Kuku, Aliev, Bekirov e Siruk<br />

em 11 de fevereiro de 2016 mudaram isso, tanto<br />

por causa da violência gratuita usada para invadir<br />

casas onde as crianças estavam dormindo, quanto<br />

porque este foi o último de vários ataques a Kuku<br />

que estavam claramente ligados a suas atividades<br />

de direitos humanos. Embora a Anistia Internacional<br />

tenha declarado apenas Kuku como prisioneiro,<br />

haveria motivos para dar esse status a todos os seis<br />

homens. Certamente, o CDH (Força Aérea Russa)<br />

considera todos eles prisioneiros políticos, assim<br />

como os grupos ucranianos de direitos humanos.<br />

Esses chamados processos judiciais “Hizb<br />

ut-Tahrir” são cada vez mais usados ​como armas<br />

contra os tártaros da Crimeia, com uma pronunciada<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

posição cívica ou que irritaram o FSB , recusandose<br />

a agir como informantes. As detenções desde<br />

outubro de 2017 quase abertamente atacaram<br />

ativistas ou jornalistas envolvidos na “Solidariedade<br />

da Crimeia”.<br />

Aliev, de 47 anos, trabalhou por muitos anos<br />

em dois ou mais empregos, tanto para sustentar<br />

seus quatro filhos quanto para pagar pelo tratamento<br />

médico vital que sua filha precisava ao longo de sua<br />

vida. Ele também é, no entanto, o líder informal de uma<br />

comunidade muçulmana local. Este último entrou em<br />

conflito com o Muftiat (responsável pelas operações do diaa-dia<br />

da diretoria e supervisiona os conselhos locais, clérigos,<br />

mesquitas e curadores. A estrutura dos muftíacos da Rússia e<br />

do Sudeste da Europa nunca foi prescrita pela doutrina islâmica<br />

, mas, ao contrário, baseia-se no princípio de uma ordem legal<br />

e administrativa que abrange todas as dioceses cristãs com o<br />

propósito de regular a religião islâmica) em várias ocasiões,<br />

e sua família está convencida de que esta é a razão<br />

pela qual ele foi preso.<br />

Ele foi designado como o "organizador" de<br />

uma "célula" Hizb ut-Tahrir, com a acusação, nos<br />

termos do Artigo 205.5, parágrafo 1, do Código<br />

Penal da Rússia, que prevê a prisão perpétua. Refat<br />

Alimov; Envir Bekirov; Arsen Dzhepparov; Emir-Usein<br />

Kuku e Vadim Siruk são acusados ​de "envolvimento"<br />

e podem receber sentenças até 20 anos. Como<br />

se essas acusações não fossem suficientemente<br />

ruins, em janeiro de 2017, o FSB acrescentou o<br />

artigo 278 ("tentativa de tomada violenta de poder"),<br />

acrescentando pelo menos oito anos às sentenças.<br />

Não havia motivos razoáveis ​para isso, mas, como<br />

observou o advogado Emil Kurbedinov, a acusação<br />

há muito faz parte do arsenal usado contra supostos<br />

membros do Hizb ut-Tahrir dentro da Federação<br />

Russa.<br />

Outra parte deste arsenal tornou-se, mais<br />

vergonhosamente, o assédio de crianças, que já<br />

foram profundamente traumatizadas ao verem<br />

homens mascarados com metralhadoras invadirem<br />

suas casas, tomarem seus pais e levá-los embora.<br />

Os seis homens estão agora em 'julgamento'<br />

em Rostov, e Nadzhiye Alieva chegou em casa de<br />

uma das audiências às 4 da manhã, apenas duas<br />

horas e meia antes de a FSB efetivamente perseguir<br />

e ir ao encontro de sua filha.<br />

Declaração de “Solidariedade da Crimeia” sobre a<br />

busca na casa de Gulsum Alieva<br />

Uma busca começou em 19 de julho de <strong>2018</strong><br />

por volta das 6 da manhã na casa dos Alievs. O alvo<br />

principal é a filha mais velha da família, Gulsum<br />

Alieva, cujo pai, Muslim Aliev, é um dos homens<br />

presos no chamado caso Yalta 'Hizb ut-Tahrir'.<br />

Gulsum se tornou uma ativista e jornalista cívica da<br />

Criméia Solidária após a prisão de seu pai.


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

Este não é o primeiro exemplo de uma<br />

pressão tão agressiva sobre os ativistas da nossa<br />

iniciativa cívica. Nariman Memememinov; O servidor<br />

Mustafaev e Marlen Asanov já estão atrás das grades<br />

por acusações criminais falsificadas. Vários outros<br />

colegas enfrentaram multas ou prisão administrativa<br />

por vários dias em 2016 e 2017.<br />

Nós ativistas da iniciativa cívica<br />

"Solidariedade da Crimeia" vemos as ações atuais<br />

como pressão sistemática deliberada e perseguição<br />

pelo nosso trabalho no fornecimento de informações<br />

e ajuda ativa a todos os perseguidos na Crimeia,<br />

independentemente da sua fé e nacionalidade.<br />

Por isso:<br />

Exigimos o fim da perseguição de nossos<br />

ativistas e todos os dissidentes na Crimeia;<br />

Convocamos o público na Crimeia e além,<br />

incluindo a comunidade internacional, a observar o<br />

que está acontecendo e pedir uma posição unida de<br />

todas as organizações de direitos humanos, mídia<br />

e estruturas políticas, com a exigência de que os<br />

órgãos de fiscalização parem com sua perseguição.<br />

agora também incluindo mulheres;<br />

Agradecemos a todos aqueles que já<br />

chegaram ou estão a caminho da casa de Gulsum<br />

Alieva, que estão escrevendo posts e recursos. Ela<br />

precisa da nossa ajuda agora mais do que nunca!<br />

HUMAN RIGHTS IN UKRAINE INFORMATION WEBSITE OF THE<br />

KHARKIV HUMAN RIGHTS PROTECTION GROUP<br />

http://khpg.org/en/index.php?id=1531991283<br />

Rússia forçada a se retratar de acusações<br />

insanas contra o ucraniano torturado,<br />

ainda assim, preso por 8,5 anos<br />

Prisão insensata e arbitrária!<br />

Serhiy Lytvynov, de 35 anos, permanece preso na Rússia<br />

quatro anos depois que uma inflamação nos dentes o levou a<br />

se tornar um dos primeiros e mais improváveis ​presos<br />

políticos ucranianos da Rússia. Após a morte tragicamente<br />

prematura de seu advogado, Viktor Parshutkin,<br />

em março de 2017, ele também se tornou o mais<br />

abandonado de todos os presos políticos.<br />

Lytvynov está preso perto de Magadan no<br />

Extremo Oriente da Rússia, na área dos campos<br />

soviéticos do Gulag. De acordo com Stanislav<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 17<br />

Ogorovy , a embaixadora da Ucrânia, Diana Ivanova,<br />

só recentemente pôde visitá-lo, embora há muito<br />

tempo pedisse permissão para vê-lo.<br />

Ela relata que Lytvynov perdeu 17 quilos<br />

nos últimos seis meses devido à terrível comida na<br />

prisão do regime severo e ao fato de que ele não<br />

está recebendo encomendas da Ucrânia. Ele passou<br />

os últimos seis meses em uma cela úmida sem<br />

ventilação adequada, o que só pode ter um efeito<br />

adverso em seu estado de saúde.<br />

Lytvynov recebeu roupas para os invernos<br />

rigorosos, mas não para o verão, e por isso foi<br />

forçado a usar roupas não-prisionais (uma camiseta<br />

e calça preta). Embora isso fosse precisamente<br />

porque as roupas da prisão não eram fornecidas,<br />

a administração da prisão chamou isso de infração<br />

das regras e o colocou em uma “SHIZO”, ou célula de<br />

punição. Ogorovy observa que este é o mesmo lugar<br />

em que o veterano líder tártaro da Criméia e membro<br />

do parlamento ucraniano Mustafa Dzhemilev já foi<br />

detido. Este último passou 15 anos em campos de<br />

trabalho soviéticos para defender pacificamente o<br />

direito de seu povo de retornar à sua pátria e direitos<br />

humanos na Crimeia em geral.<br />

A Rússia continua a desrespeitar uma<br />

decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos<br />

ordenando que ela pare de manter prisioneiros tão<br />

longe de suas casas. No caso de Lytvynov, o lar é<br />

o oblast de Luhansk, e ele próprio gostaria de pelo<br />

menos ser devolvido ao oblast de Rostov, na Rússia,<br />

onde foi "julgado". Isso iria cumprir totalmente as<br />

normas russas, mas estas, como muitas outras<br />

coisas, não são aplicadas quando se trata dos<br />

ucranianos que a Rússia detém ilegalmente.<br />

Lytvynov era um trabalhador agrícola no<br />

distrito de Luhansk quando, em agosto de 2014, ele<br />

foi forçado a atravessar a fronteira para o oblast de<br />

Rostov, na Rússia, para receber tratamento para uma<br />

grave inflamação nos dentes. Ele não tinha escolha<br />

desde que os militantes apoiados pelo Kremlin<br />

assumiram o controle do território onde os hospitais<br />

alternativos dentro da Ucrânia estavam localizados.<br />

Enquanto se recuperava no hospital,<br />

Lytvynov foi notado por alguns militantes russos / prórussos<br />

que estavam sendo tratados por ferimentos<br />

recebidos em Donbas. Eles decidiram que Lytvynov,<br />

supostamente em virtude de ser ucraniano, deveria<br />

ser "denunciado". Ele foi retirado do hospital,<br />

cruelmente torturado para assinar "confissões"<br />

a múltiplos crimes de guerra que ele deveria ter<br />

cometido como membro do batalhão de voluntários<br />

do Dnipro.<br />

O anúncio do Comitê Investigativo das<br />

acusações contra Lytvynov em 1º de outubro de 2014<br />

deixa claro que seu julgamento deveria ser usado<br />

como "prova" do "genocídio" da Ucrânia contra a<br />

população de língua russa em Donbas.


18<br />

Lytvynov foi acusado de ter cometido<br />

pessoalmente assassinatos de civis, incluindo<br />

mulheres e crianças. O Comitê de Investigação até<br />

demonstrou um vídeo com Lytvynov 'confessando'.<br />

Isso foi amplamente, e sem qualquer restrição,<br />

relatado pela mídia russa, com Lytvynov em toda<br />

parte apresentado como um criminoso de guerra<br />

monstruoso.<br />

Lytvynov só mais tarde teve acesso a<br />

um advogado apropriado, Viktor Parshutkin, e<br />

imediatamente explicou que suas "confissões"<br />

haviam sido extraídas por meio de tortura.<br />

Parshutkin conseguiu provar que os crimes<br />

de guerra impugnados nunca haviam ocorrido e<br />

não poderiam ter ocorrido, já que nem as supostas<br />

vítimas nem seus endereços realmente existiam<br />

. Ele também demonstrou que Lytvynov, que tem<br />

dificuldades de aprendizado, simplesmente assinou<br />

as "confissões" colocadas na frente dele.<br />

Lytvynov já estava sob custódia há quase<br />

um ano e, depois de todo o alarde e publicidade<br />

sobre crimes de guerra fictícios, os investigadores<br />

não tinham intenção de simplesmente libertá-lo.<br />

Imediatamente após o Comitê de Investigação<br />

ter sido forçado a retirar as outras acusações, um<br />

cidadão russo, Alexander Lysenko, apareceu de<br />

repente e alegou que Lytvynov, junto com dois<br />

soldados ucranianos não identificados, o haviam<br />

assaltado na Ucrânia sob a mira de uma arma.<br />

Lytvynov deveria ter invadido uma casa, armado com<br />

uma metralhadora, espancado Lysenko e roubado<br />

dois carros.<br />

Não houve literalmente nenhuma prova<br />

de Lysenko ter entrado na Ucrânia legalmente.<br />

Enquanto os carros existiam, nenhum deles era<br />

registrado como pertencente a Lysenko e um era<br />

sucata de metal quando deveria ter sido 'roubado'.<br />

Não houve praticamente nenhuma tentativa de<br />

fazer as acusações parecerem plausíveis e todos<br />

os aspectos deste novo "caso" foram demolidos em<br />

tribunal, mas Lytvynov ainda foi condenado a 8,5<br />

anos de prisão. Essa sentença foi confirmada pelo<br />

tribunal de recurso.<br />

O renomado Centro de Direitos Humanos<br />

Memorial respondeu declarando Lytvynov como<br />

prisioneiro político e exigindo sua libertação imediata.<br />

Lytvynov - e a Ucrânia - tiveram a sorte de<br />

que o advogado Parshutkin enfrentou o caso de<br />

Lytvynov, e não apenas por seu sucesso em provar<br />

que os "crimes de guerra" eram ficção. Ele também<br />

usou as próprias leis da Rússia sobre indenização<br />

para exigir o que Lytvynov está legalmente devido -<br />

um pedido formal de desculpas e compensação.<br />

Em julho de 2016, ele entrou com o processo<br />

pela compensação de Lytvynov pela prisão de 22 de<br />

agosto de 2014 a 8 de julho de 2015 e pela tortura<br />

a que tinha sido submetido. O documento legal<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

observou que, embora a identidade dos torturadores<br />

não tenha sido estabelecida, o fato da tortura não foi<br />

contestado.<br />

Parshutkin, portanto, exigiu para seu cliente<br />

recebesse 1 milhão de rublos em indenização<br />

pela prisão injusta e 2 milhões pela a tortura. Os<br />

entrevistados eram o Ministério das Finanças russo;<br />

Comité de Investigação e Gabinete do Procurador-<br />

Geral.<br />

O Basmanny Court, em Moscou, é<br />

notório por decisões politicamente motivadas. Na<br />

audiência de 15 de novembro de 2016, não pôde<br />

contestar a justificativa do processo, uma vez que<br />

havia documentos confirmando que Lytvynov foi<br />

injustamente preso e torturado. Em vez disso,<br />

concedeu a soma absurdamente nominal de 15<br />

dólares em 'compensação'. Isso ocorreu apesar do<br />

fato de que, mesmo de acordo com a legislação<br />

russa, Lytvynov foi vítima de um erro judiciário entre<br />

agosto de 2014 e julho de 2015.<br />

Viktor Parshutkin já havia pedido formalmente<br />

desculpas pela tortura de Lytvynov e planejava<br />

entrar com um processo de difamação em nome<br />

de Lytvynov contra vários meios de comunicação<br />

estatais russos quando morreu repentinamente no<br />

final de fevereiro de 2017, aos 57 anos.<br />

Halya Coynash<br />

HUMAN RIGHTS IN UKRAINE<br />

Fonte: (http://khpg.org/en/index.php?id=1530582125)<br />

Oleg Sentsov: “Eu gostaria de ser um prego<br />

no caixão do tirano”.<br />

E este prego não vai dobrar !<br />

Foto: Sergei Pivovarov, RIA Novosti<br />

Uma carta chegou do cineasta ucraniano<br />

Oleg Sentsov quase exatamente um ano após<br />

o “julgamento absolutamente stalinista " em um<br />

tribunal militar russo de Sentsov, e o ativista cívico<br />

Oleksandr Kolchenko terminou com sentenças de 20<br />

e 10 anos. Mais sobre sua perseguição abaixo, mas<br />

primeiro sua carta poderosa...


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

“Estou passando um terceiro ano em uma prisão<br />

russa. Este é o terceiro ano em que a guerra está sendo<br />

travada contra o meu país. O inimigo está lutando de<br />

maneira suja, furtivamente, fingindo que não tem nada a<br />

ver com isso. A guerra nunca é boa, mas a verdade está<br />

do nosso lado. Nós não atacamos ninguém; estamos nos<br />

defendendo.<br />

Além disso, o principal inimigo, a quem todos<br />

conhecemos e que é de fora, há outros também. Eles são<br />

menores, mas eles estão dentro, aqui, sob a pele, eles<br />

são quase nossos. No entanto, eles não são para nós, são<br />

para si mesmos. Alguns permaneceram desde os tempos<br />

antigos, alguns simplesmente querem viver como antes,<br />

mas sob uma face diferente. Não vai funcionar. Aquele<br />

maior [inimigo] e esses menores têm objetivos diferentes,<br />

mas estamos em um caminho diferente. E eu não vou<br />

dizer que vamos ver quem vence quem. Eu já sei quem<br />

vai ganhar. Você não pode parar a luta pela liberdade e<br />

pelo progresso.<br />

Há muitos de nós em cativeiro na Rússia e ainda<br />

mais em Donbas. Alguns já foram liberados, outros estão<br />

esperando e esperando... Cada um tem sua própria<br />

história, suas próprias condições. Alguns dos prisioneiros<br />

estão buscando publicidade, outros estão realmente<br />

trabalhando. Tentar tornar-se mais conhecido para ser<br />

trocado mais rapidamente do que outros - não é uma<br />

estrada que eu quero seguir. Eu não quero reivindicar<br />

mais por mim mesmo. Eu gostaria de permanecer<br />

simplesmente um nome na lista geral. Eles provavelmente<br />

não vão sugerir que eu seja libertado por último, mas isso<br />

seria uma boa escolha.<br />

Aqui, em cativeiro, estamos restritos. Nem<br />

mesmo a liberdade - que eles não podem tirar, mas no<br />

fato de que há tão pouco que podemos fazer pelo país.<br />

Mais exatamente, só há uma coisa que podemos fazer -<br />

segurar firme. Não há necessidade de nos tirar a qualquer<br />

preço - isso não trará a vitória mais perto. Use-nos como<br />

uma arma contra o inimigo - isso sim. Esteja ciente de que<br />

não somos o seu ponto fraco. Se é pretendido que nos<br />

tornemos os pregos no caixão do tirano, então eu gostaria<br />

de ser um tal prego. Apenas lembre-se de que esse prego<br />

não se dobrará ”.<br />

Oleg Sentsov<br />

Oleg completou 40 anos em 13 de julho na<br />

prisão de Yakutia oblast, onde o Kremlin o enviou<br />

para ficar longe dos olhos do público, da mídia e dos<br />

diplomatas estrangeiros.<br />

Eles foram mantidos incomunicáveis ​em<br />

Simferopol e torturados, depois levados ilegalmente<br />

para a Rússia, onde a FSB afirmou que Sentsov<br />

havia planejado e os outros haviam participado de<br />

uma 'conspiração terrorista do setor direito'.<br />

Não havia nenhuma evidência, apenas as<br />

"confissões" de Chirniy e Afanasyev. Em 31 de julho<br />

de 2015, apesar de já estar em uma prisão russa<br />

e provavelmente enfrentar represálias por sua<br />

coragem, Afanasyev se levantou no julgamento de<br />

Sentsov e Kolchenko e declarou claramente que<br />

quaisquer confissões haviam sido extraídas por<br />

meio de tortura. Ele retratou todo o seu testemunho<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 19<br />

e, mais tarde, quando finalmente recebeu um<br />

advogado de verdade, descreveu em detalhes a<br />

tortura a que tinha sido submetido. Sua conta é<br />

totalmente de acordo com as alegações feitas desde<br />

o início por Sentsov e Kolchenko de tortura. Houve<br />

quase total sigilo sobre o caso antes do julgamento,<br />

com os advogados dos homens proibidos de dizer<br />

qualquer coisa sobre isso.<br />

...<br />

Em seu discurso final no tribunal em 19 de<br />

agosto de 2015, Sentsov falou que a “covardia é o<br />

maior pecado do mundo, incluindo a traição pessoal”.<br />

Tanto ele como Oleksandr Kolchenko, desde o início,<br />

permaneceram fiéis a si mesmos e ininterruptos.<br />

A firme recusa de Sentsov em "cooperar" com<br />

o FSB, apesar de todas as torturas e ameaças, foi a<br />

razão pela qual ele foi acusado de ter "arquitetado" o<br />

"plano terrorista" inexistente.<br />

Nesse contexto, Sentsov perguntou o que “as<br />

convicções valem se você não está preparado para<br />

sofrer por elas, ou até mesmo para morrer”, e falou<br />

das grandes traições que muitas vezes começam<br />

com pequenos atos de covardia.<br />

Ele não pediu nada do tribunal, dizendo que<br />

um tribunal de ocupantes não pode, por definição, ser<br />

justo. Ele tinha mais de um ano nesse estágio para<br />

ver como a propaganda russa estava funcionando.<br />

Ele podia ver que “a maioria da população russa<br />

tinha sido levada a acreditar que havia fascistas na<br />

Ucrânia, inimigos da Rússia em todos os lugares,<br />

mas que o presidente russo, Vladimir Putin, era<br />

grande, e a Rússia nunca errou.”<br />

Havia, no entanto, outros que conheciam<br />

muito bem a escala das mentiras, que sua Criméia<br />

natal havia sido anexada ilegalmente e que as tropas<br />

russas estavam lutando em Donbas.<br />

Alguns optaram pela traição, outros, no<br />

entanto, uma terceira parte menor da população,<br />

estavam com medo porque havia tão poucos deles<br />

e eles poderiam ser facilmente jogados na prisão<br />

ou mortos.“Também tivemos um regime criminoso,<br />

mas nos levantamos contra isso. Eles não quiseram<br />

nos ouvir, então batemos em tampas de lata de lixo.<br />

Eles não queriam nos ver, então colocamos pneus<br />

acesos e no final ganhamos.<br />

O mesmo, mais cedo ou mais tarde, acontecerá<br />

no seu país. Eu não sei que forma vai tomar e não<br />

quero ver ninguém sofrer. Eu simplesmente quero<br />

que você pare de ser governado por criminosos.<br />

Depois de ser interrompido pelo juiz, Sentsov<br />

acrescentou apenas mais um desejo - “que essa<br />

terceira parte da população deveria aprender a não<br />

ter medo”<br />

fonte: (http://khpg.org/index.php)


20<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

чаєм і тістечками.<br />

З архіву: заколотники-«єфремівці» та<br />

паспортне кріпацтво (1930-1932)<br />

Проект Укрінформу з нагоди сторічного ювілею агентства:<br />

«100 років – 100 новин»<br />

За переможними реляціями, звітами про численні пленуми<br />

і з`їзди та славослів`ям на адресу кремлівського вождя,<br />

які виходили з надр Радіотелеграфного агентства України<br />

в ті роки, важко помітити картини справжнього життя. І<br />

тільки стислі, але сповнені нестримної злоби повідомлення<br />

про випадки «націоналістичної зради», суди й вироки над<br />

«ворогами народу» з висоти нашого часу сприймаються як<br />

відлуння якщо не збройної, то інтелектуальної боротьби,<br />

яку все ще вела проти режиму українська інтелігенція.<br />

Загалом на лаві підсудних були 45 чоловік – два<br />

академіки, 15 професорів, учителі, редактори,<br />

бібліотекарі, навіть два студенти. Більшість із<br />

них постійно мешкали в Києві та Харкові. Серед<br />

відомих постатей – Сергій Єфремов (академік, віцепрезидент<br />

ВУАН, відомий діяч Центральної Ради<br />

– його проголосили головою СВУ), Володимир<br />

Чехівський, Андрій Ніковський, Людмила Старицька-<br />

Черняхівська.<br />

Усіх підсудних звинувачували у створенні підпільної<br />

контрреволюційної організації «Спілка визволення<br />

України», підготовці збройного повстання проти<br />

радянської влади, зв'язках із закордонними<br />

петлюрівськими центрами та в інших злочинах. Усі<br />

звинувачені були визнані винними і засуджені до<br />

різних строків тюремного ув'язнення і заслання.<br />

Справа Спілки визволення України<br />

9 березня 1930 року. Харків. РАТАУ. «У безсилій злобі<br />

намагаючись перешкодити більшовикам успішному<br />

розгортанню соціялистичного будівництва, що<br />

його за проводом партії провадила робітнича<br />

кляса й трудящі маси України, контрреволюційна<br />

організація СВУ ввесь керунок свій мала, мріяла про<br />

інтервенцію. Ненависть до Радянської України була<br />

така велика, що Єфремівці ладні були вітати першоголіпшого<br />

інтервента. Провадячи свою підпільну<br />

роботу, намагаючись силами куркульства вчинити<br />

заколот, готуючи свої церковно-офіцерські кадри в<br />

автокефальній церкви, «мужі науки» розраховували<br />

на окупацію України чужоземним військом».<br />

Члени СВУ на судовому процесі, крайня справа Людмила<br />

Старицька-Черняхівська. Фото: tsdkffa.archives.gov.ua<br />

Справа «Спілки визволення України» стала першим<br />

великим сфальсифікованим сталінським процесом<br />

30-х років і своєрідним сигналом до початку масових<br />

репресій проти національно орієнтованої інтелігенції<br />

по всіх областях України.<br />

Всього у зв'язку зі справою СВУ було заарештовано<br />

близько 5 тис. людей – наукових працівників,<br />

вузівських викладачів, вчителів, лікарів, студентів<br />

тощо.<br />

Члени СВУ (крайні зліва) Сергій Єфремов та Володимир<br />

Чеховський під час судового процесу. Фото: tsdkffa.archives.gov.ua<br />

Довідково: Судилище над учасниками так званої<br />

Спілки Визволення України розпочалося 9 березня<br />

і тривало 40 днів. Це було справжнє шоу, адже<br />

відбувалося воно не в зловісних підвалах ГПУ, а в<br />

залі Харківського оперного театру, яку облаштували<br />

під судову залу. Підсудних підвозили з тюрми на<br />

автобусах, опера вщерть забита глядачами – процес<br />

був відкритим. У перервах усіх гречно пригощали<br />

Після процесу СВУ, під час якого називалися імена<br />

багатьох членів ВУАН, значно жорстокішою стала<br />

цензура наукових видань, а найактивніші секції<br />

академії почали розформовуватися. Так, 1931 року<br />

розпустили історичну секцію, очолювану Михайлом<br />

Грушевським, його самого вислали до Росії, де він<br />

невдовзі й помер під час лікування. Його учнів і колег<br />

піддали репресіям – жоден із них не зміг пережити<br />

сталінські часи.<br />

Цими жорстокими методами, як зазначає британський<br />

дослідник Роберт Конквест, «стара українська<br />

інтелігенція була практично стерта з лиця землі».


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

Довженкова «Земля»<br />

18 квітня. Харків. РАТАУ. «Нова кіно-картина<br />

О.Довженка «Земля» викликала найрізноманітніші<br />

відгуки, найрозбіжніші оцінки. Звичайно, перший<br />

хто її оцінював, було саме ВУФКУ. Його випуск<br />

«Землі» попередило голосною (і мало відповідальною)<br />

реклямою: «Земля» – високо-художній, епохальний<br />

фільм». Так кричала рекляма ВУФКУ про «Землю».<br />

Далі йшли громадські перегляди, короткі рецензії по<br />

газетах. Рецензії «комплементарного» характеру на<br />

тему про новий вклад в скарбницю бідної української<br />

культури. Далі подорож до Москви. Там знову<br />

громадські перегляди й рецензії, гостро протилежні<br />

оцінки».<br />

Довідково: «Земля» – останній і найвідоміший фільм<br />

із трилогії Олександра Довженка – «Звенигора»,<br />

«Арсенал», «Земля». Ця німа чорно-біла картина, знята<br />

одним об'єктивом, і досі вважається однією з кращих в<br />

історії кінематографа.<br />

Давши добро на зйомки, партійне керівництво чекало<br />

від Довженка фільм, що доводив би необхідність і<br />

успішність колективізації. Начебто так і вийшло.<br />

За сценарієм, сільські бідняки відбирають землю у<br />

куркулів і починають її обробляти. Для цього селяни<br />

навіть домоглися, щоб селу виділили трактор, який<br />

був довірений першому хлопцю – головному герою<br />

Василю. У фіналі він гине від куль колишніх власників<br />

землі. Ось і весь сюжет.<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 21<br />

сцени». Національний комітет США включив «Землю»<br />

в п'ятірку кращих іноземних фільмів 1930 року.<br />

Великий успіх мала картина і на фестивалі 1932 року у<br />

Венеції, там Довженка назвали Гомером у кіно.<br />

У Радянському Союзі табу зі стрічки зняли у 1958<br />

році – й лише після того, як на Міжнародній виставці<br />

в Брюсселі «Землю» було визнано одним із кращих<br />

фільмів усіх часів і народів.<br />

Початок примусової паспортизації<br />

28 грудня 1932 року. Харків. РАТАУ оприлюднило<br />

постанову від 27 грудня «Про встановлення пашпортної<br />

системи по Союзу РСР і обов'язків запису пашпортів»,<br />

в якій, зокрема, йшлося: «Щоб поліпшити облік<br />

людності міст, робітничих селищ та новобудівництв<br />

і розвантажити ці залюднені місця від осіб, що не<br />

зв'язані з виробництвом та роботою в установах або<br />

школах і не провадять громадсько-корисної роботи<br />

(за винятком інвалідів і пенсіонерів), а також, щоб<br />

очистити ці залюднені місця від куркульських, карних<br />

та інших антигромадських елементів...»<br />

З такого невигадливого сценарію Довженко зняв<br />

півторагодинну картину. Довгі плани української<br />

природи, сільських пейзажів, сади з яблунями, які<br />

гнуться від плодів, фактурні особи акторів на повний<br />

кадр. Звісно, виникло питання: якщо все так красиво і<br />

добре в українському селі – навіщо тоді колективізація?<br />

Перед прем'єрою фільм, як і годилося, переглянули 32<br />

комісії. Дозволили.<br />

8 квітня 1930 року в Києві «Земля» вийшла в прокат.<br />

Але вже через дев'ять днів, 17 квітня, фільм все-таки<br />

офіційно заборонили – «за натуралізм».<br />

Вже наступного дня почалось цькування режисера<br />

у пресі. Згодом, картину розкритикував Горький, а<br />

Дем'ян Бєдний написав в «Ізвєстіях» памфлет, після<br />

якого Довженко, начебто, посивів за одну ніч.<br />

Однак, незважаючи на це, Москва дозволила продати<br />

«Землю» європейським прокатникам. У підсумку лише<br />

в Берліні після прем'єри кінокартини одразу з'явилося<br />

48 позитивних рецензій. «Вона сильна й життєва, –<br />

писала англійська газета «Манчестер Гардіан», – від<br />

першого кадру, де працюють трактори, до кінцевої<br />

Видача паспорту, 1932 рік. Фото: Twitter<br />

Як відомо, прийшовши до влади, більшовики<br />

скасували паспорти, що існували в Російській<br />

імперії. Вони вважали цю систему одним із проявів<br />

«царської відсталості та деспотизму». Громадянам<br />

вперше за довгі роки дозволили вільно пересуватися<br />

країною, скасували обов'язкову реєстрацію місця<br />

проживання. В перші роки радянської влади існувала<br />

система довідок, посвідчень і трудових книжок, яка<br />

була децентралізована і не давала змогу встановити<br />

контроль за переміщеннями громадян.<br />

Питання примусової паспортизації постало на<br />

порядку денному в 1932 році не випадково. Після<br />

суцільної колективізації сільського господарства<br />

почалася масова втеча селян у міста, і головною<br />

особливістю паспортної системи стала заборона на<br />

видачу документів селянам, які в той момент складали<br />

80% від усього населення держави. Без довідок із<br />

колгоспів вони більше не могли поїхати у місто в<br />

пошуках роботи чи кращого життя. Окрім того, і<br />

містянам без цього нового документа не можна було<br />

вільно пересуватися територією СРСР, а дозвіл на


22<br />

зміну реєстрації чи навіть на зміну місця роботи треба<br />

було особисто отримувати у керівництва партії на<br />

місцях.<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

Селянам видавали лише довідки. Фото: resource.history.org.ua<br />

Завдяки паспорту значно полегшувалася система<br />

пошуку конкретної людини, а інформація у документі<br />

буквально ставила тавро на громадянах. Так,<br />

наприклад, у перших зразках радянського паспорта<br />

були графи: віросповідання, національність та класова<br />

приналежність. Із жовтня 1937 року в паспорт стали<br />

вклеювати фото, другий екземпляр якого зберігався в<br />

органах міліції.<br />

В Україні запровадження паспортної системи почалося<br />

з Харкова, Києва та Одеси. Загалом видача паспортів<br />

проходила лише в містах, селищах міського типу та<br />

районних центрах. Мати паспорт у СРСР дозволили<br />

лише селянам у прикордонних зонах (у 1937 році в<br />

число цих селян увійшли колгоспники із закавказьких<br />

і середньоазіатських республік), а також жителям<br />

сільських місцевостей анексованих радянською<br />

імперією Латвії, Литви та Естонії.<br />

MÁGICA !!<br />

BARVINOK em Julho<br />

Тільки у 1974 році мешканці сіл отримали свободу<br />

пересування – Рада Міністрів видала постанову,<br />

згідно з якою всі без винятку громадяни мали право<br />

на паспорт.<br />

(далі буде)<br />

Хроніка попередніх років: 1919, 1920-1921, 1922-1923,<br />

1928-1929.<br />

fonte: (https://www.ukrinform.ua/rubric-society/2426865-z-arhivuzakolotnikiefremivci-ta-pasportne-kripactvo-19301932.html)<br />

Essa palavra resume como foi a nossa<br />

participação no Folclorize. Depois de meses de<br />

ensaios, preparações, reuniões, ajustes nos trajes e<br />

nas coreografias, fizemos um espetáculo memorável<br />

para aqueles que nos assistiram e, acima de tudo,<br />

para nós mesmos.<br />

DOAÇÃO PARA O JORNAL<br />

MIRNA SLAVA K.VOLOCHEN.............R$ 100,00


N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

O amor pela Ucrânia e nossas raízes, seja de<br />

sangue ou por escolha, não só nos uniu como nos<br />

fez melhores na dança, na música e na vida, todos<br />

os dias. Quando nos juntamos somos mais fortes<br />

e mais felizes, e isso ficou evidente no palco e na<br />

plateia do Teatro Guaíra, que teve até suas últimas<br />

cadeiras ocupadas.<br />

Lotamos o teatro e passamos a mensagem<br />

que mais queríamos: somos apaixonados pelo que<br />

fazemos, por cada passo, cada sorriso, cada nota<br />

cantada e tocada.<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> 23<br />

Agradecemos a presença de integrantes<br />

dos grupos Vesselka, Vesna, Soloveiko, Tchoven,<br />

Poltava, Ivan Kupalo, Fialka, Jettia, Wisła, Centro<br />

Espanhol do Paraná, entre outros que foram nos<br />

assistir e a cada coração tocado com a nossa<br />

mensagem.<br />

Agradecemos também aos nossos<br />

coreógrafos Larissa Malhovano, Hanucha Mazepa<br />

e Lara Furtado, do infantil; Danielle Adada Oresten,<br />

Thiago Zakalugne e Raquel Oresten, do juvenil;<br />

Uliana Sysak, Natalia Preima e Luiz Lepchak, do<br />

adulto; ao nosso maestro, Felipe Oresten, nossa<br />

incansável tia Olga (representando todas do guarda<br />

roupas), ao Vocal Vivarte, sob o comando da<br />

maestrina Lúcia Jathay, aos componentes que há 30<br />

anos fizeram a primeira grande turnê internacional<br />

pelos Estados Unidos e Canadá e que, ao subirem<br />

novamente no palco, tornaram a noite ainda mais<br />

especial, e, por fim, à nossa Diretora, Solange Maria<br />

Melnyk Oresten.<br />

Somos ainda muito gratos a todos que<br />

colaboraram com a execução da apresentação. Em<br />

especial aos membros da nossa diretoria que se<br />

desdobraram, em diversas frentes, para que tudo<br />

isso fosse possível e aos nossos componentes por<br />

todo o esforço visível para com o resultado.<br />

Para nós da Comunicação, que tivemos a<br />

oportunidade de conversar com os componentes de<br />

perto, sentir o clima e a ansiedade de cada um, fica<br />

a sensação de dever cumprido. Nos últimos meses,<br />

contamos histórias e mostramos a você o amor que<br />

move o Barvinok em cada setor. Mostramos que o<br />

grupo bate em cada coração, ao som dos cantos e<br />

das danças.<br />

E vocês puderam sentir isso.<br />

Muito obrigado também a todos que foram<br />

nos prestigiar e dividiram esse momento tão especial<br />

conosco. A estes, obrigada pela receptividade<br />

calorosa.<br />

Esperamos todos novamente no ano que vem !<br />

Maria Luiza Gomes Costa<br />

Bruno Felipe Previdi Sant’ana


24<br />

ХЛІБОРОБ – ЛИПЕНЬ <strong>2018</strong> N.o <strong>523</strong> (<strong>3954</strong>) JULHO <strong>2018</strong><br />

ANUNCIANTES

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!