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MATRIZ volume 1 - Moda & cultura
M O D A & C U L T U R A
Z I R T A M
" Z A Y A , A N E W F A C E I N D Í G E N A
Q U E E S T R E I A N O S P F W "
" A D U T A K E C H , A R E F U G I A D A
S U D A N E S A Q U E S E T O R N O U O
N O V O R O S T O D A C H A N E L
R A Í Z E S B R A S I L E I R A S
M O D A
Nome em ascensão na moda brasileira, a
top foi um dos destaques da última
semana de moda paulistana. Em
entrevista à Vogue, relembra suas
origens indígenas e conta os planos para
o futuro
Com uma poderosa plataforma de
camurça cor-de-rosa, a modelo Dandara
Queiroz, de 24 anos, deu seus primeiros
passos em uma passarela do São Paulo
Fashion Week em novembro do ano
passado. Sob os olhares atentos de uma
plateia emocionada, Dandara desfilou
para a paulistana Lilly Sarti, a primeira
das sete marcas que representou na
mais recente edição do principal evento
da moda brasileira.
D A N D A R A
Q U E I R O Z
“Eu me arrepiei inteira ao pisar na passarela,
estava muito feliz e, ao mesmo tempo, muito
grata”, diz a modelo, nascida no interior de
São Paulo, mas criada em Três Lagoas, Mato
Grosso do Sul, em uma entrevista por
videoconferência no fim do ano passado. “Não
imaginava que, no meu primeiro ano de
carreira, iria chegar tão longe. E, ao ver outras
modelos indígenas no SPFW, pensei: ‘Nossa,
não estou sozinha’.”
Caçula de quatro filhos, Dandara é filha de um
construtor e de uma bibliotecária. Da infância
na cidade sul-mato-grossense, ela lembra do
sonho de ser modelo e dos banhos no rio
Sucuriú, onde gosta de mergulhar até hoje
para renovar as energias.
01
“ E L E N E G A V A , M E S M O
C O M O S T R A Ç O S E M
E V I D Ê N C I A . A
F A M Í L I A T E M U M A
L I N H A G E M D O S
P O V O S T U P I ”
Até a adolescência, viveu com a família na
área rural da cidade, em um rancho, onde
cultivou sua relação com a natureza.
“Tenho ancestralidade indígena tanto de
pai (Tupi) quanto de mãe. Eles não têm
traços tão marcados como os meus. Foi a
união deles que me deu essa abençoada
genética, que é tudo para mim: na minha
carreira, na minha vida e da qual eu tenho
muito orgulho”, diz.
Sua avó paterna nasceu na região de
Montes Claros, norte de Minas Gerais, onde
existe a presença muito forte dos povos
Tapuias. Quando pequena, Dandara ouvia
histórias de que a avó teria sido vítima de
violência sexual como tantas outras
meninas indígenas, sequestradas e
estupradas por homens brancos.
Do lado materno, as histórias que remontam ao avô também eram marcadas pela
opressão aos povos indígenas. Ele nasceu e viveu no interior de São Paulo e, segundo
a neta, não reconhecia suas origens por vergonha e medo do preconceito racial. “Ele
negava, mesmo com os traços em evidência. A família tem uma linhagem dos povos
Tupi”, conta a modelo. Sem informações precisas sobre suas origens, Dandara decidiu
investigá-las assim que começou a trabalhar como modelo, quando pôde pagar pelo
teste de DNA. “Quando sair o resultado, vou conseguir desvendar esse mistério e ter a
certeza de que sou Tupi/Tapuia. Estou muito ansiosa para conhecer o meu povo,” diz
Dandara, empolgada.
02
Noah Àlef , de 21 ano, índio sa etnia Pataxó,
foi de ex pintor para a nova aposta
masculina da WAY Model. Deixando Jequié,
do Sul da Bahia e sua humilde família, para
ser modelo em São Paulo.
N O A H
Á L E F
"Foram trabalhos que me ajudaram a evoluir
e que me permitiram valorizar tudo o que
tenho conquistado", Diz modelo, que antes da
carreira trabalhava embalando caixas e
fazendo alguns trabalhos como ajudante de
pintor, para ajudar na carreira.
O jovem indígena que mede 1, 85 m, falou ter
passado por problemas de autoestima por
conta das chacotas sobre sua altura na
adolescência.
03
" Q U E R O Q U E N O S S O S
T R A Ç O S E R A Í Z E S
S E J A M M A I S
Noah e outros modelos
indígenas surge como o
rosto que oferece mais
representatividade à
população indígena no
mundo da moda.
V A L O R I Z A D O S . . . "
'"Quero que a beleza indígena
seja mais valorizada. Meu foco é
poder dar visibilidade ao meu
povo através da moda, chamando
atenção para os problemas que
enfrentamos", disse o modelo,
que participou de ações contra o
Marco Temporal em relação às
terras indígenas.
Noah é bem atuante em suas
redes sociais, tanto mostrando
trechos de seus trabalhos quanto
lembrando que índio não é só um
personagem folclórico e
provando que algumas perguntas
que fazem para ele são absurdas.
Daí, respostas à altura, como no
vídeo abaixo.
''Não vou mentir, tudo que eu estou vivendo é um sonho, lutei muito para chegar até
aqui e vou continuar lutando para chegar em lugares que nem eu mesmo acreditava
chegar", escreveu na legenda em que atua em seu primeiro comercial, da Discovery +,
estrelado por Seu Jorge.
04
Natural de Porto Velho (RO) e
filha de uma professora, e pai
negro, a modelo herdou as raízes
indígenas da avó materna, sendo
descendente do povo Kamurape
(Rondônia). "Eu estou num
momento de marco do
descobrimento da minha
ancestralidade. Por muito
tempo, minha avó e mãe
passaram por questionamentos
de apagamento da identidade
indígena."
"Descolonizar a moda é lutar para que nós,
indígenas, possamos ocupar os espaços
dentro da indústria. Muitos parentes saem
das aldeias para o urbano em busca de
sonhos, de conhecimento, de conquistar
uma carreira prezando pela mesma chance
que outras pessoas têm", diz Zaya, de 20
anos, new face que celebra a estreia no
SPFW N51 neste sábado (26.06) na
apresentação do baiano Isaac Silva, estilista
que aposta em uma moda repleta de
referências afro-brasileiras e indígenas. "É
uma honra para ambos. Ele entende que o
padrão eurocêntrico do Brasil não faz
sentido. O país é composto por mulheres
que são diversas", completa.
Z A Y A
Mais jovem, a falta de conhecimento
sobre suas origens a fez passar por
situações de racismo sem nem
mesmo entendê-las. Incentivada pelo
ex-padrasto, que a criou junto com a
mãe, Zaya se mudou sozinha para o
Rio de Janeiro aos 15 anos para
estudar numa escola alemã, onde
ganhou meia bolsa. "Agarrei a
oportunidade, mas sofri racismo e
bullying. Muitas meninas me
olhavam torto. Foi muito difícil. Me
senti muito desencaixada", diz ela
que, mesmo tendo passado em
universidades, decidiu ir para São
Paulo aos 17 tentar a carreira na
moda
05
" P E R G U N T A R A M S E Q U A N D O E U
M O R A V A E M R O N D Ô N I A V I V I A N O
M A T O .
A vontade era antiga: no alto de 1,75 m de altura, Zaya conta que era a personificação
da menina do interior que sonha em ser modelo. "Pesquisei agências na internet
mesmo. Eu era muito simples, tinha uma ingenuidade." Em uma delas, relembra que
saiu chorando. "Perguntaram se quando eu morava em Rondônia vivia no mato. Não
tiveram simpatia alguma comigo. Foi quando pedi para minha mãe contar a minha
história para eu poder me defender."
Mesmo quando conseguiu entrar numa agência, lembra que passou por maus
bocados, além das dificuldades que teve ao morar num apartamento com outras seis
modelos.
"Foi punk. As meninas ficavam de fofoca,
falavam mal de mim e até comiam
minha comida", relata, acrescentando a
importância da agência na carreira de
uma modelo. "Muitas garotas novas
passam por isso. Se você não for para
uma agência correta e grande, vai cair
numa cilada." Integrando há dois meses
o casting da Ford Models, Zaya está
ascendendo na profissão. "No primeiro
dia, já tinha trabalho. No primeiro mês,
trabalhei todos os dias. Fiz campanha
para a Centauro, Farm, Fábula...", conta
ela, que está ansiosa aguardando o
retorno de castings para as temporadas
de moda de Paris e Milão. Foi na Ford que
Zaya, nascida Jéssica, decidiu adotar um
nome indígena.
Hoje brilhando, ela dá o crédito da sua descoberta à Dayana Molina, stylist, estilista,
ativista e também índigena. "Já estava quase desistindo do meu sonho, quando
conheci a Dayana no Rio no fim do ano passado. Contei tudo que tinha acontecido na
minha vida. A Dayana tomou as minhas dores e disse que lutaríamos juntas pelo meu
sonho, que ela me agenciaria e me tornaria uma top model, e foi praticamente isso
que aconteceu", diz a new face, que passou a ter Dayana como sua referência e musa.
Um dos seus primeiros trabalhos foi uma campanha para a marca de beleza Vult, que
abriu muitas portas. "Comecei a me empoderar, além de me reconhecer como
indígena autodeclarada. Fui em aldeias para entender mais da minha cultura."
06
O caminho ao reconhecimento
foi longo e duro. Nasceu em
Sudão Kakuma (na fronteira
entre o Quênia e Uganda), um
campo de refugiados que
abriga 187.000 foragidos da
guerra civil do Sudão, ainda que
sua capacidade seja menos da
metade desse número. Antes de
desfilar pelas capitais da moda
com a desenvoltura de uma
veterana, passou por diversos
campos da ONU até que
chegou a um localizado em
Adelaide (Austrália). Lá o
destino mudou sua sorte: um
caçador de talentos lhe afirmou
que seu futuro estava nas
grandes passarelas.
A D U T
A K E C H
Uma premonição que se materializou
com sua estreia para a Saint Laurent no
desfile primavera-verão 2017. Não
parou desde então. As marcas Loewe,
Givenchy, Valentino e Miu Miu são
algumas para as quais desfilou nessa
temporada. E a Versace, Prada, Calvin
Klein e Giambattista Valli, para não
alongar mais a lista, confiaram nela
para as coleções do próximo inverno. A
cereja do bolo a coloca na campanha
de verão da Zara, três capas para
diferentes edições da Vogue e mais
alguns desfiles na recém-realizada alta
costura. Para não mencionar sua
aparição na última campanha da
Versace.
07
Adut Akech aprendeu a escrever
graças a sua irmã mais velha. Ela era a
única dos cinco irmãos que podia ir à
escola, um privilégio proibitivo no
campo de refugiados em que viviam.
“Aproveitávamos a luz do dia para
praticar já que de noite só tínhamos
uma lâmpada a óleo”, disse à revista
Vogue Itália em uma entrevista.
Agora a modelo de origem sudanesa
utiliza seus conhecimentos
caligráficos para estudar Economia à
distância enquanto viaja por todo o
mundo desfilando para as melhores
empresas da moda. Acaba de ser
escolhida pela Chanel, um privilégio
reservado somente às modelos mais
importantes do momento. Sua
presença nos maiores shows da
primavera e da próxima temporada
confirma que Akech já está na lista
exclusiva.
“Minha pele é muito escura, inclusive para os
parâmetros de outras pessoas negras. Agora
que estou vivendo em Nova York, as pessoas
me param na rua, sobretudo os afroamericanos,
e me dizem que gostariam que
sua pele fosse como a minha. É como o
chocolate mais puro”, confessa.
I F Í C I L V E R
D
M A M U L H E R
U
E G R A
N
E N D E N D O
V
“ A I N D A É
08
Foi justamente o exótico tom de sua pele
que ajudou a convencer uma indústria da
moda cada vez mais ávida por rostos que
rompam com o padrão clássico – loira,
branca e muito magra – e defendam a
diversidade nas passarelas. Embora a
própria Akech considere que ainda há um
longo caminho pela frente (“Ainda é difícil
ver uma mulher negra vendendo
perfume”), certo é que as modelos negras
vão ganhando, aos poucos mas com
firmeza, seu merecido protagonismo.
P E R F U M E ”
C U L R U R A
crenças e costumes dos povos nativos do Brasil. Importante destacar que não
existe uma única cultura indígena, mas uma enorme diversidade cultural
representada por civilizações autônomas, com modos de pensar e agir únicos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
existem no Brasil 896,9 mil indígenas distribuídos em 305 etnias diferentes,
que falam 274 idiomas.
Se é impossível falar de uma única cultura
indígena, é impossível falar de uma única
religião. Cada povo indígena brasileiro tem
o seu próprio sistema de crenças, com
seus rituais, seus deuses e suas lendas.
Algumas das principais características das
religiões dos povos indígenas é a figura do
xamã – o pajé (pai’é), em tupi-guarani.
O pajé é um líder espiritual, um
especialista em assuntos religiosos que,
através do transe, consegue entrar em
contato com os espíritos dos
antepassados e seres sobrenaturais.
O pajé, portanto, é aquele que estabelece
a intermediação entre a aldeia dos vivos e
a “aldeia” dos espíritos, sejam estes
pertencentes a pessoas ou animais.
A principal tarefa dos xamãs é a cura.
Através desse trânsito entre o mundo dos
vivos e a dimensão sobrenatural, o xamã
consegue controlar os espíritos
causadores das enfermidades, evitando
inclusive a morte do paciente.
As religiões dos povos indígenas do Brasil
são politeístas, cultivam muitas entidades
e não há a adoração a uma única
divindade. Também não há dogmas ou um
conjunto de doutrinas registradas em
livros sagrados, como a Bíblia.
Um traço importante da religiosidade dos
povos indígenas é a crença em seres
sobrenaturais ou espíritos. Essas
divindades variam bastante entre as etnias.
Os Yanomami, por exemplo, creem na
existência de espíritos da floresta (xapiri)
que moram no topo das montanhas. 09
Quem trouxe o
candomblé para o Brasil
foram os negros que
vieram como escravos da
África. Entre eles se
destacavam dois grupos:
os bantos (que vinham de
regiões como o Congo,
Angola e Moçambique) e
os sudaneses, que vinham
da Nigéria e do Benin (e
que são os iorubas, ou
nagôs, e os jejes).
Porém, a religião oficial no Brasil era o catolicismo, trazido pelos brancos, de origem
portuguesa. O candomblé - culto africano que se tornou afro-brasileiro - era encarado
como bruxaria. Por isso era proibido e sua prática reprimida pelas autoridades policiais.
Assim, os negros passaram a cultuar suas divindades e seguir seus costumes religiosos
secretamente. Para disfarçar, identificavam seus deuses com os santos da religião
católica. Por exemplo, quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam
cultuando Iansã. Quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam falando
com Iemanjá. Esse processo foi chamado de sincretismo religioso.
O candomblé tem rituais muito bonitos,
realizados ao ritmo de atabaques e cantos
em idioma ioruba ou nagô, que variam
conforme o orixá que está sendo cultuado.
As cerimônias do candomblé são realizadas
nos "terreiros" - que hoje são casas ou
templos, mas expressam no nome suas
origens: era em clareiras na mata que os
escravos podiam expressar sua
religiosidade. Os ritos são dirigidos por um
pai de santo (que tem o nome africano de
babalorixá) ou uma mãe de santo (ialorixá).
Também são feitas oferendas e consultas
espirituais através do jogo de búzios (um
tipo de concha do mar que é usada como
um oráculo para orientar e fazer previsões).
Atualmente, os terreiros de um candomblé
mais próximo a suas origens estão na Bahia.
Com o tempo, essa religião africana praticada no Brasil foi adquirindo características
próprias. O candomblé de caboclo, por exemplo, é um ritual que incorpora elementos
da cultura caipira e dos índios.
10
R E C E I T A S
B E I J U
Prato tradicional para os povos indígenas, o beiju foi o astro do quadro Receitas da
Terra do podcast Papo de Parente, do Globoplay. No comando do quadro, Tukumã
Pataxó, estudante indígena de Gastronomia, contou com ajuda de amigas de outros
povos para produzir duas versões da receita.
O beiju muitas vezes é confundido com a tapioca, mas são alimentos diferentes,
tanto no modo de preparo, como nos ingredientes, embora ambos sejam feitos com
a mandioca.
[11:48, 26/06/2022] Thauan: "A primeira coisa que eu descobri preparando esse
quadro é que não existe certo e errado quando se fala de tapioca e beiju, existe muita
diversidade. Cada região, cada povo indígena, faz de um jeito e tem nomes próprios.
Mas uma diferença básica é que a tapioca é feita por meio da goma da mandioca,
enquanto o beiju é feito por meio da massa", explica Tukumã.
E o que é a massa? É a mandioca ralada e peneirada. A goma é o amido da mandioca,
obtido a partir da prensa da massa e da decantação do líquido resultante, o
manipuera. A goma tem que ser lavada, secada e peneirada para ser usada, mas você
encontra em qualquer mercado com o nome de tapioca.
11
I N G R E D I E N T E S
1 xícara de chá bem cheia de goma de mandioca
Meia xícara de farinha de puba hidratada/tufada
M O D O D E
P R E P A R O
1. Primeiro hidrate com água a farinha de puba. Utilize
metade da medida de água usada na farinha e deixa
de molho por cinco a 10 minutos.
2. Peneire a farinha da tapioca e depois junte a tapioca
e puba.
3. Aqueça a frigideira, quando estiver bem quente,
preencha toda a frigideira com a massa. Um bom
Curadá tem em média 2 centímetros de altura. Vale
tampar a frigideira pra atingir um melhor cozimento.
4. Depois de cerca de 30 segundos no fogo médio já tá
pronto. Aí é só cortar em pedaços menores e servir
com peixe assado ou um cafezinho.
12
M O Q U E C A
Segundo Luís da Câmara Cascudo, autor do livro História da Alimentação
no Brasil, a moqueca inicialmente se chamava pokeka, o peixe que os
indígenas assavam envolto em folhas. E a palavra pokeka, significava na
verdade ‘fazer barulho’.
Claro que a antiga ‘pokeka’ não é mais a mesma, assim como o nome
mudou as receitas mudaram. Mas a essência permanece intacta, muito
peixe e muito tempero.
A origem da moqueca é antiga, ainda do tempo do Brasil colônia. A receita
originalmente indígena foi sendo alterada de acordo com a região
consumida, mas hoje, os principais ingredientes são o peixe, leite de coco,
azeite de dendê e vegetais como tomate, cebola e pimntão.
O seu surgimento ainda é muito discutido e representa quase que uma
briga entre estados. Os baianos afirmam que a receita original é
proveniente da Bahia, composta por azeite de dendê e leite de coco. Já os
capixabas, dizem que a moqueca é um prato tradicional do Espírito Santo.
A sua origem, no entanto, não altera a delícia que ela é, uma iguaria
brasileira e traduz muito das nossas origens indígenas, e dos sabores do
Brasil.
13
I N G R E D I E N T E S
1 kg de posta de peixe como robalo ou cação
1 limão
1 colher de chá de sal
1 cebola grande fatiada
1 pimentão amarelo fatiado
1 pimentão vermelho fatiado
2 tomates fatiados
200 ml de leite de coco
1 colher de sopa de azeite de dendê
3 colheres de sopa de coentro picado
M O D O D E
P R E P A R O
14
1. Tempere as postas de peixe com o sal e o suco de limão. Espalhe bem
e reserve.
2. Em uma panela de ferro ou barro média faça uma camada com
metade da cebola, dos tomates e dos pimentões. Por cima, coloque as
postas do peixe, salpique metade do coentro, cubra com o restante da
cebola, tomate e pimentões. Acrescente o caldo de limão da marinara,
o leite de coco e o azeite dendê.
4. Leve a panela ao fogo alto até ferver com a panela tampada, quando
levantar fervura abaixe o fogo e cozinhe por aproximadamente 15
minutos, ou até que o peixe fique macio ao toque do garfo.
5. Desligue o fogo e salpique o restante do coentro. Sirva em seguida
com farofa e arroz.
A C A R A J É
Talvez o acarajé seja a comida africana mais famosa e popular que temos
no Brasil.
Um bolinho feito de feijão fradinho, frito no azeite de dendê e recheado
com vatapá, caruru, camarão e molho de pimenta.
Seu nome tem origem na língua iorubá: “acará” (bola de fogo) e “jé”
(comer).
Começou a ser vendido em tabuleiros nas ruas de Salvador por negras
alforriadas que usavam as mesmas roupas dos terreiros de candomblé e se
tornou o carro-chefe da culinária baiana, que tanto atrai turistas.
Em 2004 o acarajé foi tombado como patrimônio nacional pelo Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). E a técnica de
feitura do acarajé é reconhecida como patrimônio cultural imaterial.
15
I N G R E D I E N T E S
1 kg de feijão fradinho quebrado
300 g de cebola
1 colher de chá de gengibre ralado
1 dente de alho
1 colher de sobremesa de sal
1 l de dendê para fritar
M O D O D E
P R E P A R O
1. Em uma bacia grande, coloque o feijão e lave várias vezes, até sair
toda a casca.
2. Deixe de molho por 3 horas.
3. Bata tudo no liquidificador até forma uma pasta.
4. Na hora de fritar, bater novamente com uma colher de pau até ficar
bem fofinha.
5. Deixa esquentar o dendê, com a colher de pau e uma de arroz,
modele os bolinhos e frite-os no dendê.
16
M U N G U N Z Á
Feito com grãos de milho branco ou amarelos cozidos com leite e açúcar,
essa comida africana ganhou novos complementos quando chegou às
casas dos senhores, passando a levar leite de coco, canela, entre outros
ingredientes.
O mungunzá pode ser feito também na versão salgada, misturando o
milho cozido com carnes de porco. Em alguns estados fora da região
Nordeste, a versão doce deste prato é mais conhecida como canjica.
Na maior parte do Brasil, o milho branco e o amarelo são igualmente
chamados de canjica. Já no Nordeste, há o mungunzá. O mungunzá é a
preparação com milho branco, e a chamada canjica é amarela, bem
semelhante ao curau, que é um termo pouco utilizado pelos nordestinos.
17
I N G R E D I E N T E S
500 gramas de milho para mungunzá ou canjica
100 gramas de coco ralado (fresco ou seco)
2½ xícaras de açúcar (400 gramas)
400 mililitros de leite de coco
1 litro de leite comum
1 pau de canela
4 cravinhos
canela em pó a gosto
M O D O D E
P R E P A R O
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Como se faz mungunzá? Comece hidratando o milho em água
durante a noite, para que fique bem macio e seja mais fácil e rápido
preparar este docinho. Após o tempo indicado, enxague o milho e
escorra.
Cozinhe o milho de mugunzá na panela de pressão com 2 litros de
água filtrada, os cravinhos e o pau de canela durante 45 minutos após
pegar pressão.
Após esse tempo escorra a água do cozimento da canjica e junte o
leite, o leite de coco, o coco e o açúcar na panela. Leve de novo ao fogo,
mexendo de vez em quando, até engrossar - poderá levar cerca de 30
minutos para que o caldinho do mungunzá fique bem cremoso.
Depois do passo anterior seu mungunzá tradicional está pronto,
simples assim! Sirva morno ou frio, polvilhado com canela, e delicie-se
com esta sobremesa de milho. Bom apetite!