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Explorando o espaço do som - Produção Áudio

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REPORTAGEM<br />

KISS 2011 – CASA DA MÚSICA, PORTO<br />

Em 1989, Kurt Hebel e Carla Scaletti<br />

decidem criar a empresa Symbolic<br />

Sound para comercializar<br />

o primeiro processa<strong>do</strong>r Capybara<br />

que potenciava a plataforma Kyma<br />

PA: Por ser John Paul Jones?<br />

KH: Não. Nós na altura não sabíamos quem era John Paul Jones (risos). O nome<br />

John Paul Jones, para nós, está liga<strong>do</strong> a uma figura histórica, que foi o pai da marinha<br />

americana, por isso Carla pensou que se tratava de uma brincadeira.<br />

CS: Foi. Como o nome é muito conheci<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s por ser o de uma<br />

figura histórica, pensei que se tratava de alguém a usar um nome falso, e a telefonar<br />

apenas para brincar connosco. Só percebemos mais tarde, quan<strong>do</strong> vimos o<br />

anúncio <strong>do</strong> relançamento da discografia <strong>do</strong>s Led Zeppelin...<br />

KH: É verdade. Estávamos a ver televisão, quan<strong>do</strong> vimos o anúncio <strong>do</strong> relançamento<br />

da discografia, e quan<strong>do</strong> eles começaram a apresentar os nomes <strong>do</strong>s<br />

membros da banda, vimos o nome John Paul Jones, e perguntámo-nos: “Será<br />

a mesma pessoa?”. Quer dizer, nós já nos tínhamos encontra<strong>do</strong> antes, mas ele<br />

apresentou-se com cabelo curto, vesti<strong>do</strong> normalmente, como se fosse um vulgar<br />

homem de negócios. Foi sempre muito simpático, muito interessa<strong>do</strong>, e nós não<br />

fazíamos a mínima ideia de quem ele era. Só tivemos a certeza mais tarde, quan<strong>do</strong><br />

ele mencionou o nome Led Zeppelin ao telefone...<br />

CS: Tinha algo a ver com o Pro Tools. Havia problemas de compatibilidade entre o<br />

Kyma e o Pro Tools, havia um erro na placa da Digidesign que interferia seriamente<br />

com o nosso sistema, e ele disse que tinha telefona<strong>do</strong> para a Digidesign, e tinha<br />

dito que era uma estrela de rock, por ser membro <strong>do</strong>s Led Zeppelin, e portanto eles<br />

tinham de resolver o problema. Só nessa altura é que tivemos a certeza de que se<br />

tratava <strong>do</strong> mesmo John Paul Jones. E quan<strong>do</strong> isso aconteceu já nos correspondíamos<br />

e trocávamos telefonemas e e-mails há três ou quatro anos...<br />

PA: E clientes em Hollywood?<br />

CS: O primeiro terá si<strong>do</strong> provavelmente Frank Seraphine. Outro <strong>do</strong>s primeiros<br />

clientes foi François Blaignant, que trabalhou com Seraphine no filme “Virtuosity”,<br />

de 1995. É um filme com Denzel Washington, estrutura<strong>do</strong> como um jogo de vídeo,<br />

e foi um <strong>do</strong>s primeiros filmes em que o Kyma foi utiliza<strong>do</strong>.<br />

PA: De resto, o Kyma tem um currículo de respeito, com filmes como “Star Wars<br />

Episode II” e “Episode III”, “Wall-E”, “War of the Worlds”...<br />

CS: E “Super-8”... Ben Burtt criou a voz <strong>do</strong> “alien” de Super-8 com o Kyma.<br />

PA: Aparentemente, no cinema, o Kyma é essencialmente usa<strong>do</strong> para “sound-<br />

-design”, certo?<br />

KH: Também há compositores que usam o Kyma para criar bandas sonoras. Por<br />

exemplo, Tobias Enhus é um exemplo de compositor de bandas sonoras que usa<br />

o Kyma.<br />

CS: O A. R. Rahman, que foi o compositor da banda sonora de “Slum<strong>do</strong>g Millionaire”,<br />

também é utiliza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Kyma. Ele usa o Kyma, em conjunto com o Continuum<br />

Controller, para criar música clássica indiana, como forma de obter os sons das<br />

escalas indianas, que têm uma afinação diferente da música ocidental.<br />

KH: Ele não usou o Kyma em toda a banda sonora, mas usou certamente o Kyma<br />

em algumas canções dessa banda sonora. Há também engenheiros que usam o<br />

Kyma para pós-produção áudio. Não posso precisar exactamente o que fazem com<br />

22 | | DEZEMBRO ‘11<br />

Esta é a família actual <strong>do</strong>s<br />

sistemas dedica<strong>do</strong>s Kyma com<br />

a versão mais potente e recente<br />

<strong>do</strong> Capybara 320 em baixo,<br />

destina<strong>do</strong> aos estúdios, ten<strong>do</strong> por<br />

cima as versões mais portáteis<br />

Pacarana e Paca. Dispositivos que<br />

potenciam a arquitectura Kyma<br />

como um ambiente ideal para<br />

desenvolvimento sónico sem limites<br />

o Kyma, mas sei que o usam em pós-produção, nomeadamente para processamento<br />

surround.<br />

A TECNOLOGIA EM DEBATE<br />

PA: Falan<strong>do</strong> agora da tecnologia. É realmente necessário ter um segun<strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r<br />

dedica<strong>do</strong> ao Kyma? Não seria possível ter o Kyma a correr no computa<strong>do</strong>r<br />

principal, em conjunto com o outro software?<br />

CS: Nós escolhemos usar um segun<strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r porque queríamos ter a mais<br />

elevada qualidade de áudio aliada a um controlo extremamente responsivo mesmo<br />

com mudanças drásticas no extremo <strong>do</strong> sampling, sem usar buffers. Por isso<br />

escolhemos este hardware, primordialmente pela qualidade áudio que proporcionava...<br />

KH: Além disso, esta opção isola o Kyma de alterações ao nível <strong>do</strong> sistema operativo<br />

hospedeiro, pelo que, se por qualquer motivo a Apple ou a Microsoft tomarem<br />

decisões, obviamente na melhor defesa <strong>do</strong>s seus interesses comerciais, que<br />

impliquem alterações substanciais na arquitectura <strong>do</strong>s seus sistemas, isso terá<br />

pouco ou nenhum impacto no desempenho <strong>do</strong> Kyma. Com a maioria <strong>do</strong> software<br />

existente, estamos basicamente condena<strong>do</strong>s a não actualizar o computa<strong>do</strong>r ou<br />

o sistema operativo, porque não sabemos o impacto que isso pode ter no nosso<br />

sistema áudio. Podemos até ter de comprar um computa<strong>do</strong>r especialmente configura<strong>do</strong><br />

para o áudio. Para evitar estes problemas, escolhemos ter um segun<strong>do</strong><br />

computa<strong>do</strong>r, que podemos usar com praticamente qualquer hospedeiro. Por<br />

exemplo, até ao ano passa<strong>do</strong>, ainda podíamos usar o Kyma com computa<strong>do</strong>res a<br />

correr o Mac OS 9 ou o Win<strong>do</strong>ws ME.<br />

PA: Neste momento, as soluções de hardware são o Paca e o Pacarana. Este<br />

hardware não possui entradas e saídas de áudio, pelo que é necessário usar conversores<br />

externos que ficam exclusivamente dedica<strong>do</strong>s ao Kyma. Porquê esta<br />

opção?<br />

CS: Uma das razões é a portabilidade. Ao criarmos o Paca e o Pacarana, quisemos<br />

criá-los tão portáteis quanto possível, para que seja fácil transportá-los quan<strong>do</strong><br />

formos fazer um espectáculo. Outra razão é o facto de os nossos clientes muitas<br />

vezes terem já conversores extra disponíveis, e pensámos que seria uma boa ideia<br />

permitir-lhes usar esses conversores.<br />

PA: Mas isso implica escrever drivers para uma lista relativamente grande de<br />

hardware de diversos construtores, e mesmo assim haverá sempre hardware<br />

mais moderno que não é suporta<strong>do</strong>...<br />

KH: Sim, e esse é o aspecto negativo desta decisão. Mas o aspecto positivo é que os<br />

utiliza<strong>do</strong>res têm opiniões muito diferentes sobre o interface de que gostam, e talvez<br />

não gostassem <strong>do</strong> interface que nós viéssemos a incluir, por isso, para além <strong>do</strong><br />

tamanho, esta opção permite-lhes escolher qual o interface áudio que querem usar.<br />

Muitos utiliza<strong>do</strong>res gostavam <strong>do</strong> <strong>som</strong> <strong>do</strong> Capybara. Muitos ainda usam o Capybara<br />

como interface áudio para o Pacarana.<br />

PA: Quer dizer que são compatíveis? É possível ligar um Pacarana a um Capybara?<br />

KH: Sim, e nesse caso o Capybara torna-se no interface áudio.<br />

PA: Mas não temos a possibilidade de <strong>som</strong>ar a capacidade de processamento<br />

<strong>do</strong> Capybara, ou temos?<br />

KH: Bem é possível fazer algum processamento adicional, como um EQ ou reverberação,<br />

mas é essencialmente uma unidade de Entrada/Saída, e não uma unidade<br />

de co-processamento. Mas o principal argumento é o tamanho, porque o<br />

Pacarana é essencialmente <strong>do</strong> tamanho de <strong>do</strong>is portáteis posiciona<strong>do</strong>s um em<br />

cima <strong>do</strong> outro, e para adicionar um interface áudio provavelmente teríamos de<br />

duplicar o tamanho, e o tamanho <strong>do</strong> Capybara era uma das principais objecções<br />

que as pessoas colocavam ao sistema. Pessoas que queriam o Kyma para usar em<br />

digressões não queriam ter de transportar uma caixa daquele tamanho, queriam<br />

uma caixa o mais pequena possível.<br />

PA: E relativamente ao preço? É que, para uma caixa que nem sequer tem conversores,<br />

o preço é bastante eleva<strong>do</strong>...<br />

KH: Fosse qual fosse o preço, haveria sempre alguém a queixar-se que era demasia<strong>do</strong><br />

caro, mas se tivessem de adquirir este hardware noutro la<strong>do</strong> qualquer,<br />

descobririam que o preço que nós cobramos é uma pechincha. Para obter esta capacidade<br />

de processamento estruturada da forma que é necessária para o Kyma,<br />

ninguém conseguiria fazê-lo mais barato <strong>do</strong> que nós fazemos, porque nós colocamos<br />

o preço tão baixo quanto possível.<br />

PA: Trata-se de uma argumentação difícil de rebater, visto que vocês não revelam<br />

o que está dentro da caixa.<br />

KH: Sim, é verdade, mas um interface não é muito caro, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com<br />

o Pacarana. Poderíamos combinar ambos e vender o pacote por apenas um pouco<br />

mais, pelo que o facto de ter um interface ou não é irrelevante para o preço. E se

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