02 . a filosofia grega
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A FILOSOFIA GREGA<br />
Todos os direitos de divulgação e reprodução exclusivos do<br />
Prof. Dr. José Francisco de Assis Dias<br />
1
II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
1º A Filosofia como criação do gênio grego:<br />
A Filosofia, seja como termo seja como conceito, é<br />
considerada pela quase totalidade dos estudiosos como uma<br />
criação própria dos Gregos.<br />
Encontramo-nos diante de um fenômeno tão novo que não<br />
só não há um correspondente preciso junto a outros povos<br />
antigos, mas que não há nem mesmo alguma coisa de<br />
estreita e especificamente análogo à Filosofia.<br />
2
II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
1º A Filosofia como criação do gênio grego:<br />
A superioridade dos Gregos em relação aos outros povos,<br />
sobre este específico ponto, é de caráter não puramente<br />
quantitativo, mas qualitativo, enquanto aquilo que eles<br />
criaram, instituindo a Filosofia, constitui uma novidade<br />
absoluta.<br />
Foi a Filosofia, em função das suas categorias racionais, a<br />
render possível o nascimento da ciência e, em certo sentido,<br />
a gerá-la.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
1º A Filosofia como criação do gênio grego:<br />
Reconhecer isto significa reconhecer aos Gregos o mérito de<br />
haver dado uma contribuição verdadeiramente excepcional à<br />
História da Civilização.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
2º A impossibilidade de uma derivação da Filosofia do<br />
Oriente:<br />
Não faltaram, especialmente junto aos orientalistas,<br />
tentativas de fazer derivar a Filosofia do Oriente, sobretudo<br />
sobre a base de genéricas analogias constatáveis entre as<br />
concepções dos primeiros filósofos gregos e certas ideias<br />
próprias da sabedoria oriental.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
2º A impossibilidade de uma derivação da Filosofia do<br />
Oriente:<br />
Ninguém foi bem sucedido; e a crítica rigorosa, já a partir do<br />
final do século passado, apresentou uma série de provas<br />
esmagadoras contra a tese da derivação da Filosofia <strong>grega</strong><br />
do Oriente<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
2º A impossibilidade de uma derivação da Filosofia do<br />
Oriente:<br />
1ª Prova:<br />
Na época clássica nenhum dos filósofos nem dos históricos<br />
gregos faz um mínimo aceno a uma presumida derivação da<br />
Filosofia do Oriente.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
2º A impossibilidade de uma derivação da Filosofia do<br />
Oriente:<br />
2ª Prova:<br />
É historicamente demonstrado que os povos orientais com os<br />
quais os Gregos vieram a contato possuíam, sim, uma forma<br />
de sabedoria feita por convicções religiosas, mitos<br />
teológicos e cosmológicos, mas não uma ciência filosófica<br />
baseada sobre a pura razão (sobre o lógos, como dizem os<br />
Gregos).<br />
Possuíam um tipo de sabedoria análoga àquela que os<br />
Gregos mesmos possuíam antes de criar a Filosofia.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
2º A impossibilidade de uma derivação da Filosofia do<br />
Oriente:<br />
3ª Prova:<br />
Não temos conhecimento de alguma utilização da parte dos<br />
Gregos de escritos orientais nem de traduções dos mesmos.<br />
Antes de Alexandre Magno não consta que tenham podido<br />
chegar na Grécia doutrinas dos Indianos ou de outros povos<br />
da Ásia; nem que na época em que nasceu a Filosofia na<br />
Grécia existissem Gregos capazes de compreender um<br />
discurso de um Sacerdote egípcio ou de traduzir livros<br />
egípcios.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
2º A impossibilidade de uma derivação da Filosofia do<br />
Oriente:<br />
4ª Prova:<br />
Ainda que admitido que alguma ideia dos Filósofos gregos<br />
tenha precisos antecedentes na sabedoria oriental, e que<br />
desta seja podida derivar, não mudaria a substância do<br />
problema...<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
2º A impossibilidade de uma derivação da Filosofia do<br />
Oriente:<br />
4ª Prova:<br />
Do momento em que a Filosofia nasceu na Grécia, ela<br />
representou uma nova forma de expressão espiritual, tal<br />
que, ao mesmo em que acolhia os frutos de outras formas de<br />
vida espiritual, transformava-os estruturalmente, dando-lhes<br />
uma forma rigorosamente lógica.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
3º As cognições científicas egípcias e caldeias e a<br />
transformação operada pelos Gregos:<br />
Dos Orientais os Gregos tomaram alguns conhecimentos<br />
científicos:<br />
1º Dos Egípcios derivaram alguns conhecimentos<br />
matemático-geométricos;<br />
2º Dos Babilônios derivaram alguns conhecimentos<br />
astronômicos.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
3º As cognições científicas egípcias e caldeias e a<br />
transformação operada pelos Gregos:<br />
Também a propósito destas heranças precisa fazer algumas<br />
importantes observações, que são indispensáveis para<br />
compreender a mentalidade <strong>grega</strong> e a mentalidade ocidental<br />
dela derivada.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
3º As cognições científicas egípcias e caldeias e a<br />
transformação operada pelos Gregos:<br />
1ª Observação:<br />
A matemática egípcia consistia principalmente no<br />
conhecimento de operações de cálculo aritmético tendo<br />
escopos práticos.<br />
Na re-elaboração dos Gregos aqueles conhecimentos se<br />
tornaram alguma coisa de muito mais consistente, cumprindo<br />
um verdadeiro e próprio salto de qualidade.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
3º As cognições científicas egípcias e caldeias e a<br />
transformação operada pelos Gregos:<br />
1ª Observação:<br />
Sobretudo com Pitágoras e os Pitagóricos, os Gregos<br />
transformaram aquelas noções em uma teoria geral e<br />
sistemática dos números e das figuras geométricas, indo<br />
muito além dos escopos pretamente práticos aos quais os<br />
Egípcios pareciam ter se limitado.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
I. GÊNESE DA FILOSOFIA GREGA:<br />
3º As cognições científicas egípcias e caldeias e a<br />
transformação operada pelos Gregos:<br />
2ª Observação:<br />
A mesma consideração vale para as noções astronômicas.<br />
Os Babilônicos as elaboraram a escopos predominantemente<br />
práticos, ou seja, para fazer os horóscopos e as previsões;<br />
os Gregos as purificaram e as cultivaram a fins<br />
predominantemente cognoscitivos, em virtude daquele<br />
espírito teorético mirando ao amor pelo puro conhecimento,<br />
do qual nasceu e tirou alimento a Filosofia.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Os estudiosos são concordes em considerar que, para poder<br />
compreender a Filosofia de um Povo e de uma Civilização, é<br />
indispensável fazer referência: à Arte; à Religião; às<br />
condições sócio-políticas deste povo.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
1ª Arte:<br />
A grande Arte tende a atingir em maneira mítica e fantástica,<br />
ou seja, mediante a intuição e a imaginação, objetivos que<br />
são próprios também da Filosofia.<br />
2ª Religião:<br />
A Religião, analogamente, tende a atingir pela via de fé<br />
certos objetivos que a Filosofia busca atingir com os<br />
conceitos e com a razão.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
3ª Condições sócio-econômicas:<br />
As condições sócio-econômicas e políticas da época criaram<br />
as primeiras formas da liberdade institucionalizada e da<br />
democracia, rendendo possível o nascimento da Filosofia,<br />
que da liberdade se alimenta em maneira essencial.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Antes do nascimento da Filosofia os poetas tiveram<br />
grandíssima importância na educação e na formação<br />
espiritual do homem grego, muito mais de quanto eles<br />
tivessem junto a outros povos.<br />
A primeira grecidade buscou alimento espiritual<br />
predominantemente nos poemas Homéricos, ou seja, na<br />
Ilíada e na Odisseia – que exerceram uma influência<br />
análoga àquele que a Bíblia exerceu junto aos Hebreus – em<br />
Hesíodo e nos poetas gnômicos dos séculos VII e VI a.C.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA<br />
QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os<br />
Poetas gnômicos:<br />
Homero (em grego, Ὅμηρος –<br />
Hómēros) foi um lendário poeta<br />
épico da Grécia Antiga, ao qual<br />
tradicionalmente se atribui a autoria<br />
dos poemas épicos Ilíada e<br />
Odisséia.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
A Ilíada (em grego moderno: Ιλιάδα) é um poema épico<br />
grego que narra os acontecimentos ocorridos no período de<br />
pouco mais de 50 dias durante o décimo e último ano da<br />
Guerra de Troia e cuja gênese radica na cólera de Aquiles.<br />
O título da obra deriva de um outro nome grego para Troia,<br />
Ílion.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Odisseia (em grego: Οδύζζεια, Odýsseia) é uma dos dois<br />
principais poemas épicos da Grécia Antiga, atribuídos a<br />
Homero.<br />
É, em parte, uma sequência da Ilíada, e é um poema<br />
fundamental ao cânone ocidental moderno.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Historicamente, a Odisseia é a segunda – a primeira sendo a<br />
própria Ilíada - obra existente da literatura ocidental, tendo<br />
sido escrita provavelmente no fim do século VIII a.C., em<br />
algum lugar da Jônia, região da costa da Ásia Menor então<br />
controlada pelos gregos, e atualmente parte da Turquia.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
A poesia gnômica consiste em um conjunto de máximas<br />
postas em verso como auxílio à memória.<br />
Os antigos gregos a conheceram como gnomas, derivada da<br />
palabra que significa conhecimento.<br />
Esta poesia pertenece à família da literatura sapiencial, que<br />
expressa verdades gerais sobre o mundo.<br />
Os temas vão do sagrado e divino ao mundano.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Os poemas homéricos contêm algumas peculiaridades que<br />
os diferenciam dos poemas que estão à origem da civilização<br />
de outros povos.<br />
Contêm já alguns daqueles caracteres do espírito grego que<br />
resultarão essenciais para a criação da Filosofia.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
1º Homero há um grande sentido da harmonia, da<br />
proporção, do limite e da medida.<br />
2º Não se limita a narrar uma série de fatos, mas busca<br />
também suas causas e as suas razões – seja mesmo em<br />
nível mítico-fantástico.<br />
3º Homero busca em vários modos apresentar a realidade na<br />
sua inteireza, seja mesmo em forma mítica – deuses e<br />
homens, céu e terra, guerra e paz, bem e mal, alegria e dor,<br />
totalidade dos valores que regulam a vida do homem.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Também muito importante foi, para os Gregos, Hesíodo com<br />
sua Teogonia, que narra o nascimento de todos os deuses.<br />
Hesíodo (em grego: Ἡζίοδος, Hēsíodos) foi um poeta da<br />
Grécia Antiga. Nasceu, viveu e faleceu em Ascra, no fim do<br />
século VIII a.C.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
E porque muitos deuses coincidem com partes do Universo e<br />
com fenômenos dos Kosmos, a teogonia se torna também<br />
cosmogonia, ou seja, explicação mítico-poética e fantástica<br />
da gênesis do Universo e dos fenômenos cósmicos, a partir<br />
do Caos originário, que foi o primeiro a gerar-se.<br />
Este poema explanou a estrada à sucessiva cosmologia<br />
filosófica, que buscará com a razão, e não mais com a<br />
fantasia, o princípio primeiro do qual tudo se gerou.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Hesíodo, com outro poema seu As obras e os dias, mas<br />
sobretudo os poetas sucessivos imprimiram na mentalidade<br />
<strong>grega</strong> alguns princípios que serão de grande importância<br />
para o constituir-se da ética e em geral do pensamento<br />
filosófico antigo.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
A justiça vem exaltada como valor supremo em muitos<br />
poetas e se tornará até mesmo conceito ontológico –<br />
concernente ao ser, isto é, fundamental – além de valor<br />
moral e político, em muitos filósofos especialmente em<br />
Platão.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Têmis (em grego Θέμις, Thémis) é a deusa <strong>grega</strong> que<br />
personifica as leis divinas – themistes – , em contraste com<br />
a justiça humana – Dike – e as leis e decretos humanos –<br />
nomos. Era também associada aos oráculos que revelavam<br />
a vontade dos deuses. Presidia, em especial, sobre as<br />
relações adequadas entre homem e mulher, base da família<br />
bem ordenada e os juízes eram frequentemente chamados<br />
themistopóloi, "servos de Thêmis".<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Segundo a Teogonia de Hesíodo, Thêmis era uma titânide,<br />
filha de Urano – que personificava o Céu estrelado – e Gaia<br />
– que personificava a Terra mãe – e, com Zeus, foi mãe de<br />
Dike (Justiça), Eunomia (Disciplina) e Irene (Paz).<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Thêmis,<br />
de Chairestartos de Ramnonte<br />
(300 a.C.)<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Um outro conceito os poetas líricos fixarão em maneira<br />
estável: aquele do limite, ou seja, o conceito do nem<br />
excessivo nem insuficiente, equivale a dizer o conceito da<br />
justa medida, que constitui a característica mais peculiar do<br />
espírito grego e o centro do pensamento filosófico clássico.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
1º Os poemas Homéricos e os Poetas gnômicos:<br />
Uma sentença atribuída a um dos antigos sábios e incisa<br />
sobre o templo de Delfos consagrado a Apolo:<br />
Conhece-te a ti mesmo!<br />
Esta sentença, que foi famosíssima entre os Gregos, tornarse-á<br />
não só o moto do pensamento de Sócrates, mas até<br />
mesmo o princípio basilar do saber filosófico grego até aos<br />
últimos Neo-platônicos.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
1º As duas formas da religião <strong>grega</strong>:<br />
Quando se fala de religião <strong>grega</strong> precisamos distinguir a<br />
religião pública, que há o seu modelo na representação dos<br />
deuses e do culto recebido de Homero; e a religião dos<br />
mistérios.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
1º As duas formas da religião <strong>grega</strong>:<br />
Entre estas duas formas de religiosidade existem numerosos<br />
elementos comuns – tais como, a concepção de base<br />
politeísta – mas também importantes diferenças – tais como,<br />
a concepção do homem, do sentido da sua vida e dos<br />
seus destinos últimos, verdadeiras e próprias antíteses.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
2º Traços essenciais da religião pública:<br />
Para Homero (VIII a.C.) e Hesíodo (VIII a.C.), que constituem<br />
o ponto de referência para as crenças próprias da religião<br />
pública, pode-se dizer que tudo é divino, porque tudo aquilo<br />
que acontece vem explicado em função de intervenções dos<br />
deuses.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
2º Traços essenciais da religião pública:<br />
Também a vida associada dos homens, as sortes das<br />
cidades, as guerras e as pazes são imaginadas como ligadas<br />
aos deuses em modo não acidental e, às vezes, até mesmo<br />
essencial.<br />
Quem são esses deuses?<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
2º Traços essenciais da religião pública:<br />
São forças naturais personificadas em formas humanas<br />
idealizadas, ou então são forças e aspectos do homem<br />
sublimados em esplêndidas aparências antropomórficos.<br />
Estes deuses são, portanto, homens amplificados e<br />
idealizados, e, portanto, diferentes do homem comum<br />
somente por quantidade.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
2º Traços essenciais da religião pública:<br />
Os estudiosos classificam a religião pública dos Gregos<br />
como uma forma de naturalismo, enquanto ela exige do<br />
homem não de mudar a própria natureza, ou seja, de elevarse<br />
acima de si mesmo, mas, ao contrário, de seguir a própria<br />
natureza.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
2º Traços essenciais da religião pública:<br />
Fazer em honra dos deuses aquilo que é conforme à própria<br />
natureza é tudo quanto se requer ao homem.<br />
Como naturalista foi a religião pública <strong>grega</strong>, assim<br />
naturalista foi a primeira <strong>filosofia</strong> <strong>grega</strong>, e a referência à<br />
natureza permaneceu uma constante do pensamento grego<br />
no curso de todo o seu desenvolvimento histórico.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
3º O Orfismo e as suas crenças essenciais:<br />
A religião pública não foi sentida por todos os Gregos como<br />
satisfatória, e por isto se desenvolveram, junto a círculos<br />
restritos, os mistérios, possuindo crenças e práticas<br />
próprias.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
3º O Orfismo e as suas crenças essenciais:<br />
Entre os mistérios, influíram sobre a <strong>filosofia</strong> <strong>grega</strong><br />
sobretudo aqueles órficos.<br />
O Orfismo e os Órficos derivam o seu nome do poeta trácio<br />
Orfeu (...), o presumido fundador, cujos traços históricos são<br />
inteiramente recobertos pela névoa do mito.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
3º O Orfismo e as suas crenças essenciais:<br />
O Orfismo é particularmente importante porque, como os<br />
estudiosos modernos reconheceram, introduz na civilização<br />
<strong>grega</strong> um novo esquema de crenças e uma nova<br />
interpretação da existência humana.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
3º O Orfismo e as suas crenças essenciais:<br />
De fato, enquanto a tradicional concepção <strong>grega</strong>, a partir de<br />
Homero, considerava o homem mortal e punha o fim total da<br />
sua existência com a morte, o Orfismo proclama a<br />
imortalidade da alma e concebe o homem segundo o<br />
esquema dualista que contrapõe o corpo à alma.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
3º O Orfismo e as suas crenças essenciais:<br />
O núcleo das crenças órficas pode ser resumido assim:<br />
1ª tese: No homem hospeda-se um princípio divino, uma<br />
alma caída em um corpo por causa de uma culpa originária.<br />
2ª tese: Esta alma não só preexiste ao corpo, mas não<br />
morre com o corpo, e é destinada a reencarnar-se em<br />
corpos sucessivos, para expiar aquela culpa originária.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
3º O Orfismo e as suas crenças essenciais:<br />
O núcleo das crenças órficas pode ser resumido assim:<br />
3ª tese: A vida órfica com os seus ritos e as suas práticas é<br />
a única capaz de por fim ao ciclo das reencarnações e de<br />
livrar, assim, a alma do corpo.<br />
4ª tese: Para quem se purificou – para os iniciados aos<br />
mistérios órficos – no além existe um prêmio; assim como<br />
para os não iniciados existem punições.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
3º O Orfismo e as suas crenças essenciais:<br />
Sem o Orfismo não se explica Pitágoras, nem Heráclito, nem<br />
Empédocles, e, sobretudo, não se explica uma parte<br />
essencial do pensamento de Platão e ainda toda a tradição<br />
que deriva de Platão, o que significa que não se explica uma<br />
grande parte da <strong>filosofia</strong> antiga.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
4º Falta de dogmas na religião <strong>grega</strong>:<br />
Os gregos não tiveram livros sagrados ou considerados fruto<br />
de divina revelação.<br />
Eles, consequentemente, não tiveram uma dogmática – isto<br />
é, um núcleo doutrinal – fixo e imodificável.<br />
Os poetas constituíram o veículo de difusão das suas<br />
crenças religiosas.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
4º Falta de dogmas na religião <strong>grega</strong>:<br />
Na Grécia, ainda, não pode subsistir uma casta sacerdotal<br />
guardiã do dogma – os sacerdotes na Grécia tiveram<br />
escassa importância e poder, porque nem tiveram a<br />
prerrogativa de conservar os dogmas, nem tiveram a<br />
exclusiva das ofertas religiosas e dos sacrifícios.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
2. A religião pública e os mistérios órficos:<br />
4º Falta de dogmas na religião <strong>grega</strong>:<br />
Esta falta de dogmas e de sacerdotes deixou ampla<br />
liberdade ao pensamento filosófico, o qual não encontrou<br />
aqueles obstáculos que teria encontrado em países orientais,<br />
onde a livre especulação teria encontrado resistência e<br />
restrições dificilmente superáveis.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
3. As condições sócio-político-econômicas que<br />
favoreceram o surgimento da Filosofia.<br />
Os estudiosos, já no século XIX e sobretudo no século XX,<br />
justamente puseram o acento também sobre a liberdade<br />
política da qual se beneficiaram os Gregos em relação aos<br />
povos orientais.<br />
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II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
3. As condições sócio-político-econômicas que<br />
favoreceram o surgimento da Filosofia.<br />
O homem oriental era obrigado a uma cega obediência não<br />
só ao poder religioso mas também àquele político, enquanto<br />
o também a este respeito gozou de uma situação<br />
privilegiada, porque, por primeiro na história, conseguiu a<br />
dar-se livres instituições políticas.<br />
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II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
3. As condições sócio-político-econômicas que<br />
favoreceram o surgimento da Filosofia.<br />
Nos séculos VII e VI a.C. a Grécia sofreu uma transformação<br />
sócio-econômica considerável.<br />
De país predominantemente agrícola que era se transformou,<br />
desenvolvendo em medida sempre crescente o artesanato e<br />
o comércio.<br />
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II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
3. As condições sócio-político-econômicas que<br />
favoreceram o surgimento da Filosofia.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
3. As condições sócio-político-econômicas que<br />
favoreceram o surgimento da Filosofia.<br />
Assim foi necessário fundar centros de distribuição para o<br />
comércio, que surgiram primeiramente nas colônias jônicas,<br />
em particular modo a Mileto, e depois também em outras<br />
regiões.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
3. As condições sócio-político-econômicas que<br />
favoreceram o surgimento da Filosofia.<br />
As cidades – polis – se tornaram florescentes centros<br />
comerciais, e isto comportou um incremento demográfico<br />
conspícuo.<br />
A nova classe de comerciantes e de artesãos atingiram,<br />
pouco a pouco, uma notável força econômica e se opôs à<br />
centralização do poder político, que estava nas mãos da<br />
nobreza terreira.<br />
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II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
3. As condições sócio-político-econômicas que<br />
favoreceram o surgimento da Filosofia.<br />
Com as lutas que os Gregos empreenderam para<br />
transformar as velhas formas aristocráticas de governo nas<br />
novas formas republicanas, nasceu as condições, o sentido e<br />
o amor pela liberdade.<br />
Por isto a Filosofia nasceu primeiro nas colônias, não na<br />
madre-pátria.<br />
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II - A FILOSOFIA GREGA<br />
II. AS FORMAS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O<br />
NASCIMENTO DA FILOSOFIA:<br />
3. As condições sócio-político-econômicas que<br />
favoreceram o surgimento da Filosofia.<br />
Com o constituir-se e consolidar-se da Polis, isto é, da<br />
Cidade-Estado, o Grego não sentiu mais alguma antítese e<br />
algum vínculo à própria liberdade; antes, foi levado a colher<br />
si mesmo essencialmente como cidadão.<br />
Para o grego, o Homem coincide com o Cidadão. Assim, o<br />
Estado se torna e permanece até a idade helenista o<br />
horizonte ético do homem grego.<br />
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