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AS MARIAS NO CANGAÇO: FACES FEMININAS ... - Revista Historien

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<strong>AS</strong> MARI<strong>AS</strong> <strong>NO</strong> <strong>CANGAÇO</strong>: <strong>FACES</strong> FEMININ<strong>AS</strong> <strong>NO</strong> BANDITISMO SOCIAL<br />

(1930 a 1940)<br />

INTRODUÇÃO<br />

Christoval Araújo Santos Júnior 1<br />

A abordagem dada por Michelle Perrot 2 (1988) incita que para tratar a<br />

exclusão da mulher na história é necessário que se leve em conta toda a<br />

contribuição positivista e o fazer história de historiadores que a escrevem no<br />

masculino; no seu campo de abordagem de ação e poder masculinos,<br />

ignorando a mulher improdutiva no aspecto econômico, privilegiando classes e<br />

negligenciando sexos, generalizando o ser humano; seja qual for o tipo de<br />

mulher, “trabalhadora ou ociosa, doente, manifestante, a mulher é observada<br />

e descrita pelo homem”.<br />

Outrossim, uma fase da história do sertão nordestino brasileiro foi<br />

negligenciada durante décadas. O período do Cangaço revelou uma “mulher<br />

macho”, uma mulher inventada dentro do arraigado conceito de uma<br />

burguesia falocrata 3 que separa sexos e impõe seus locais exclusivos de poder.<br />

Diante disso, a Historia das Mulheres no Cangaço se perde no tempo e<br />

espaço, uma segregação que no século XIX demonstra seu auge, onde, o lugar<br />

feminino seria a maternidade e a casa, sendo assim, estas que participaram de<br />

um movimento que por si já é marginal, são ainda mais marginalizadas por<br />

não se enquadrarem num estereótipo de como ser mulher neste determinado<br />

espaço.<br />

A mulher de princípios do século XX era educada para ter uma vida<br />

voltada ao lar, com uma lista de trabalhos pré-estabelecida, onde o exemplo<br />

da rendeira seria o principal retrato de um arquétipo feminino estabelecido<br />

nessa região:<br />

Eram treinadas para desempenhar o papel de mãe e as<br />

chamadas „prendas domésticas‟ – orientar os filhos, fazer<br />

1 Graduando em História, VII período, UPE - Universidade de Pernambuco.<br />

christovalaraujo@live.com<br />

2 Michelle Perrot (1928) é professora e historiadora titular da Universidade de Paris, França. Faz<br />

parte da geração da Escola Nova Francesa de Estudos Sociais na Europa. É uma das<br />

precursoras da história das mulheres no ocidente.<br />

3 Derivado de falocracia, atitude tendente a assegurar e a justificar a dominação das mulheres<br />

pelos homens; machismo.<br />

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ou mandar fazer a cozinha, costurar e bordar. Outras,<br />

menos afortunadas, viúvas ou de uma elite empobrecida,<br />

faziam doces por encomenda, arranjos de flores,<br />

bordados a crivo, davam aulas de piano e solfejo, e assim<br />

puderam ajudar no sustento e na educação da numerosa<br />

prole. (FALCI, 2004, p. 249).<br />

Investiremos um debate tomando a cangaceira como um marco<br />

feminino, uma nova forma de ser mulher dentro do sertão nordestino<br />

brasileiro. Sua participação ficou restrita aos estados de Pernambuco, Bahia,<br />

Sergipe e Alagoas (ARAUJO, 1985, p. 89).<br />

Estes estados, ainda no século XX, essencialmente regidos pelo<br />

patriarcado, são palco dessas mulheres, sendo a Bahia espaço de uma em<br />

especial, Maria Gomes de Oliveira, a primeira mulher a entrar em um grupo<br />

de cangaceiros. Nasceu no dia 08 de Março de 1911, na fazenda Malhada da<br />

Caiçara, região de Paulo Afonso – BA. O dia do seu nascimento coincide com o<br />

Dia Internacional da Mulher, data esta que foi adotada somente em 1975 e<br />

tem origem nas lutas feministas do início do século XX por melhores condições<br />

de trabalho e direito ao voto. Este se torna um evento que representa muito<br />

mais que operárias ou cangaceiras, representa todas as mulheres que sempre<br />

lutaram pela equidade e são descritas por Perrot (1988) como:<br />

[...] fogo, devastadora das rotinas familiares e da ordem<br />

burguesa, devoradora, consumindo as energias viris,<br />

mulher das febres e das paixões românticas, que a<br />

psicanálise, guardiã da paz das famílias, colocará na<br />

categoria de neuróticas; filha do diabo, mulher louca,<br />

histérica herdeira das feiticeiras de outrora. A ruiva<br />

heroína dos romances de folhetim, essa mulher cujo calor<br />

do sangue ilumina a pele e cabelos, e através da qual<br />

chega a desgraça, é a encarnação popular da mulher<br />

ígnea que deixa apenas cinzas e fumaça. (PERROT, 1988,<br />

p. 187-188).<br />

Uma exaltação que remete não só às operarias européias ou norte-<br />

americanas, mas que remonta o espírito desta sertaneja, nordestina,<br />

brasileira, que ingressa em grupos de Cangaceiros em 1930, algo inédito em<br />

pouco mais de 200 anos de cangaço, quebrando paradigmas e traçando uma<br />

nova fase da história das mulheres.<br />

Assim, desmistificaremos a invenção mulher macho de ser, enfocando as<br />

particularidades de um jeito mulher de ser e fazer. Argumentando signos,<br />

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enaltecendo valores, conquistas, referenciando-a como exemplo de força, de<br />

luta por objetivos, seja este, materialista ou sentimental, a mulher cangaceira<br />

muito mais que uma amante coadjuvante foi uma parte protagonista que<br />

deixou sua marca dentro da história das mulheres do Brasil.<br />

SOBRE O <strong>CANGAÇO</strong><br />

Pode-se definir cangaço como reunião de objetos menores e confusos,<br />

utensílios das famílias humildes, mobília de pobre e de escravos ou conjunto<br />

de armas que costuma conduzir os valentões. (C<strong>AS</strong>CUDO, s.d, p. 68).<br />

Entender a formação do cangaço no aspecto de movimento de<br />

bandoleiros requer buscar as raízes de um contexto sócio histórico e se faz<br />

necessário compreender alguns aspectos do Brasil Colonial, onde a gênese<br />

desse fato sócio-cultural se encontra na divisão primária das terras em<br />

Capitanias Hereditárias e posteriormente nas sesmarias, porções menores de<br />

terra, latifúndios, doadas a nobres famílias ibéricas. A partir dessa formação<br />

burguesa social, surge o cangaço em meados do século XVIII como um<br />

instrumento desses latifundiários para impor sua lei, garantindo a disciplina e<br />

manutenção da propriedade, executando vinganças e eliminando inimigos<br />

políticos, espalhando terror entre a população sertaneja.<br />

Numa perspectiva panorâmica da situação regional, temos um nordeste<br />

brasileiro movido pelo ciclo do gado e da cana de açúcar, onde o sedentarismo<br />

como forma de vida sugerida pelo sistema de produção, vai ficando para trás.<br />

A nascente pecuária, ao contrário, sugere o nomadismo, o que é de fácil<br />

compreensão se atentar para a pobreza do pasto nas regiões semiáridas,<br />

intensificando as caminhadas em busca de água e alimento para os animais.<br />

Referindo-se ao cangaço no imaginário popular, logo nos remetemos a<br />

figuras “mitológicas”, homens destemidos, que para uns são heróis, para<br />

outros, bandidos, continuam sendo tidos como um marco quase que folclórico<br />

da história do sertão nordestino brasileiro. Para essa construção romântica do<br />

cangaceiro, temos como principal arma a literatura de cordel, que enaltece sua<br />

figura e promove uma antagônica visão no que se refere à transfiguração de<br />

violência em ato heróico.<br />

É possível perceber assim a ambiguidade que o cangaço manifesta na<br />

visão principalmente das pessoas que vivem distantes da região onde o<br />

movimento aconteceu, pois ao mesmo tempo em que são apresentados como<br />

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facínoras perversos, são também mostrados como generosos ao realizar atos<br />

de caridade para com os mais humildes, protegendo-os contra os desmandos<br />

dos poderosos, que inicialmente são patrões, porém com o destaque que os<br />

cangaceiros obtiveram, são também, sócios e inimigos.<br />

Porém, para que não se invista numa discussão sobre heroicidade ou<br />

vilania, Eric Hobsbawm (1975) analisa a formação desse cangaceiro estando<br />

ligada a um modo de reação campesina aos desmandos dos grandes<br />

latifundiários, denominado assim de banditismo social. Anton Block (1972)<br />

contesta e principalmente argumenta que o banditismo social em sua prática<br />

seja um banditismo antissocial, haja vista a revolta desses bandidos também<br />

para com os camponeses.<br />

Diante disso, para a conseqüente construção do perfil da cangaceira,<br />

analisaremos os estudos de Paul Saint Cassia (2001), que após uma queda na<br />

década de 1970 no debate historiográfico acerca do banditismo, retoma no<br />

inicio dos anos 1990 a questão a partir da construção de um modelo que parte<br />

de uma dimensão antropológica sem deixar de abordar a legalidade, o social e<br />

a literatura, seja ela popular ou não, que são basilares para o Banditismo.<br />

Os autores citados anteriormente focalizaram seus estudos nas<br />

condições sociais políticas e econômicas em que se desenvolveu o banditismo<br />

social e não se pode deixar de levar em conta que a criminalização está<br />

totalmente ligada também à posição que o Estado toma com relação a essa<br />

questão, como ocorreu em várias ocasiões que esses grupos passaram a<br />

combater junto ao Estado, exemplo disso é o caso da aliança oferecida ao<br />

grupo de Lampião para lutar contra a Coluna Prestes, por intermédio do Padre<br />

Cícero, no Ceará.<br />

Diante principalmente dessa proposta antropológica, Saint Cassia<br />

(2001) analisa elementos como: a estrutura social e ecológica regional;<br />

acumulação de capital e a forma com que a mesma se torna legítima;<br />

distribuição de terra; um sistema eleitoral favorável à imposição de resultados;<br />

e a inconstante insegurança que se torna maior que a miséria em que vivem<br />

os camponeses. O autor apresenta um modelo que aborda a questão, porém<br />

não apresenta pontos que retratam a resistência dos camponeses à opressão.<br />

Este é um modelo elaborado para a compreensão de uma violência<br />

endêmica a regiões que são tomadas pelo capitalismo, exercendo este o seu<br />

principal modo de produção. Assim, as relações de Banditismo e até de outras<br />

formas de protestos rurais são praticamente inexistem em regiões onde as<br />

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comunidades rurais, o proletariado, conseguem se organizar segundo normas<br />

trabalhistas, como as ligas camponesas de 1930.<br />

Não esquecendo as questões culturais do banditismo, a violência que<br />

tanto foi alvo da preocupação de Hobsbawm (1975) e Block (1972), adquire<br />

outra concepção na visão de Saint Cassia (2001), que aborda esta violência<br />

como um discurso numa linguagem que precisa ser interpretada, e esta<br />

interpretação é a relação do discurso com a cultura. Munido do resultado<br />

dessa equação, este será unido aos aspectos econômicos que podem ver o<br />

bandido como um exemplo de ascensão social ou um intermédio de relações<br />

econômicas principalmente voltadas aos desmandos de poderosos regionais<br />

com quem os cangaceiros tratariam de estabelecer uma relação “amistosa”,<br />

servindo para sua proteção, e recebendo devida gratificação financeira pelos<br />

serviços prestados.<br />

Após o analisado, conceber os grupos de cangaceiros somente como<br />

indivíduos marginalizados, que são originários, de um modo geral, das classes<br />

pobres rurais, sendo oprimidos por um sistema econômico e político que deu<br />

privilégio aos grandes arrendatários/proprietários de terra que expropriam o<br />

pequeno produtor, se torna defasado quando atentamos para a relação que<br />

estes bandidos mantinham com esses grandes fazendeiros e partir da analise<br />

de Saint Cassia (2001), sobre a estrutura endêmica do cangaço, faremos uma<br />

relação com os aspectos dos modos e meios de vida da Mulher do Sertão<br />

Nordestino, analisando os fatores que contribuíram para o ingresso feminino<br />

em grupos de cangaceiros a partir da década de 1930 e o consequente<br />

significado dessa entrada para a história local.<br />

A CONSTRUÇÃO DA CANGACEIRA, UMA RUPTURA, UMA <strong>NO</strong>VA FACE<br />

FEMININA<br />

COMO SER MULHER (MACHO)<br />

Tratamos alguns aspectos do sertão nordestino que são basilares para o<br />

entendimento da divisão social corrente na época, podendo-se colocar a vida<br />

da mulher do grande fazendeiro, e a conseqüente riqueza que isso lhe<br />

proporcionava como a marca do seu “reconhecimento social”, onde “o princípio<br />

da cor poderia confirmá-lo” e “ser filha de fazendeiro, bem alva [...] era o ideal<br />

de mulher naquele sertão”. (FALCI, 2004, p. 242)<br />

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Dentro de uma hierarquia social, Falci (2004) divide as mulheres<br />

primeiramente pelas categorias mais altas de senhora, dama, ou apenas dona.<br />

“Pipira” ou “cunhã" e roceiras, como categorias secundárias, e por fim,<br />

escravas e negras. Assim, para a construção do perfil de uma classe<br />

cangaceira de mulher, incluiremos esta com oriunda da classe dita secundária<br />

e que procura nesse meio de vida cangaço 4, uma alternativa de destaque e/ou<br />

ascensão social.<br />

A mulher não precisa e não deveria ganhar dinheiro, assim descreve<br />

Falci (2004) no seu artigo Mulheres do Sertão Nordestino, relatando que esta<br />

foi uma visão comum à época e que diante dessa falta de “necessidade”, as<br />

mulheres acabavam tendo poucas atividades fora do lar, onde desde cedo<br />

eram induzidas ao trabalho doméstico, orientação aos filhos, costura,<br />

bordado, doces por encomenda. Porém, estes quando vendidos, eram passados<br />

a um intermediário para que não tirasse do homem da casa a<br />

responsabilidade do sustento da família. Já para as mulheres consideradas da<br />

classe secundária, roceiras era comum que:<br />

Na enxada, ao lado de irmãos, pais ou companheiros,<br />

faziam todo o trabalho considerado masculino: torar<br />

paus, carregar feixes de lenha, cavoucar, semear, limpar<br />

a roça do mato e colher. (FALCI, 2004, p. 250)<br />

Diante disso, mulheres que desenvolvem atividades além do trabalho<br />

doméstico, só podem ser classificadas como machos, “concordando com Lacan<br />

que a mulher não existe”. (LACAN apud BANDEIRA, 2008, p. 1). Não existe<br />

para a história, como já foi debatido no começo desse artigo, e não existe fora<br />

das suas funções domésticas e reprodutoras da sociedade patriarcal.<br />

A referência mais próxima que estas roceiras terão da riqueza (ou pelo<br />

menos uma forma de galgar essa riqueza) é se submetendo a uma função em<br />

duas opções 5: ser cunhã 6 de coronel ou de cangaceiro, sendo que há uma<br />

diferença entre esses dois falos 7: O primeiro, “sedentarizado”, mantinha seu<br />

casamento oficial e concomitantemente relações extraconjugais com a(s)<br />

cunhã(s). Já para os cangaceiros, nômades, não existia a prática do<br />

4 Entendendo assim que há também uma vontade particular de fazer parte desse movimento, e<br />

que estas mulheres não participaram somente como coadjuvantes ou seqüestradas que viveram<br />

uma relação subserviente.<br />

5 Levando sempre em consideração que muitas foram contra sua própria vontade.<br />

6 tupi ku'ñã 'mulher, mulher indígena', p.ext. 'esposa ou companheira de índio, caboclo ou<br />

homem branco (HOUAISS, 2010).<br />

7 Entendendo os dois como constituintes de uma sociedade falocrata.<br />

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casamento, muito menos a relação extraconjugal, já que não era da sua práxis<br />

possuir esposa nem moradia fixas. Ser cunhã consistia num meio de<br />

subsistência para muitas que:<br />

[...] sem status ou sem bens [...] não haviam conseguido<br />

casamento numa terra de mercado matrimonial estreito,<br />

encontravam num homem mais velho, mesmo sendo<br />

casado, o amparo financeiro e social que precisavam.<br />

Mesmo sendo a segunda ou terceira „esposa do juiz‟, o<br />

poder e o prestigio que adivinham do seu cargo era<br />

partilhado pela mulher. (FALCI, 2004, p. 269)<br />

Porém, para que tal prestígio surtisse efeito dentro do meio, mesmo<br />

sendo esta a amasia (cunhã), era necessário que ela fosse ciente do seu papel<br />

e lugar, completamente diferente do ocupado pela esposa oficial; devendo ser<br />

cuidadosa e prudente nas suas atitudes e se dessa relação houvesse um filho,<br />

o respeito advindo dessa sociedade ainda era mais garantido.<br />

A função da esposa legítima é ser mulher do seu marido; é ser mulher<br />

casada, que após o enlace matrimonial se vestia de preto, não se perfumava<br />

mais, nem “embelezava” os cabelos, sendo o recato sua principal virtude.<br />

Presas ao lar, ao honesto trabalho do lar, logo estas mulheres perdem as<br />

linhas de beleza “e deixaram-se ficar obesas e descuidadas [...]”. (PRIORI apud<br />

FALCI, 2004, p. 269). É importante frisar que este perfil é pertinente à mulher<br />

do sertão, não se aplicando a do litoral, tomada pelos ditos europeus.<br />

A sociedade sertaneja, no seu isolamento, desenvolveu formas<br />

particulares principalmente quanto à moralidade, fazendo até com que fossem<br />

aceitas famílias ilegítimas, que se formaram a partir dessas uniões dos<br />

coronéis com as cunhãs e como cita Falci (2004) sobre a conduta de um<br />

vigário de setenta a oitenta anos, que era pai de seis filhos naturais, indo de<br />

encontro os também oficiais mandamentos da igreja.<br />

Para aquelas mulheres pobres que procuravam o casamento, este não<br />

havia acerto prévio ou dote, desde cedo há o interesse do casamento pelo<br />

homem e pela mulher pobre; levavam uma vida voltada ao trabalho, sem<br />

muitos recursos e diversões:<br />

O „matuto‟ só casava quando tinha uma roupa<br />

domingueira, um cavalo para começo de vida e uma<br />

modesta casa de palha. Pedir a mão da moça antes de ter<br />

essas coisas seria receber um não na certa, mesmo<br />

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porque o „matuto‟ não gostava de morar com a outra<br />

família (cunhado ou sogra). (FALCI, 2004, p. 263)<br />

Após o já descrito, organizaremos assim três classes de importância<br />

para a mulher dentro da hierarquia social do sertão nordestino brasileiro<br />

onde, estas submetidas ao patriarcado comumente são subjugadas tanto pela<br />

sociedade em geral, como pela sua família e marido: - A primeira, esposa<br />

oficial do coronel, cabe a categoria mais alta, relacionando claro, a posição do<br />

seu esposo; - A segunda categoria, a amasia, por também estar se<br />

relacionando com um coronel, de acordo com sua prudência, também tinha<br />

benefícios e respeito diante da sociedade; - A terceira categoria, a mulher<br />

pobre, roceira, que casou com um homem também pobre, roceiro, “matuto”,<br />

além de sofrer os percalços das imposições advindas da sua posição, trabalha<br />

na roça para ajudar no sustento da família.<br />

SOBRE VALORES<br />

Antes de entender sobre essas faces femininas no cangaço, tentaremos<br />

desconstruir o estereótipo de Mulher Macho, que é comumente usado para<br />

descrevê-la. Para isso usaremos como aporte o artigo que Bandeira (2008, p.<br />

1) intitulado Mulher Macho, Sim, Senhor! Ela propõe a desconstrução do<br />

termo enfocando que este é mais uma forma de negação do ser mulher<br />

feminina dentro da sociedade patriarcal, e também da anulação de sua<br />

identidade, “observando a importância da linguagem na manutenção das<br />

diferenças entre os sexos e sua implicação ideológica”. Assim, desconstrução<br />

terá como resultado uma “equidade entre homens e mulheres e o fim de uma<br />

era patriarcal”.<br />

Entendida a frase mulher macho sim senhor, como uma afirmação da<br />

inexistência de um símbolo feminino nessa sociedade patriarcal e um<br />

consequente estabelecimento de valores e deveres aos homens e mulheres,<br />

dando a elas, por exemplo, todos os afazeres domésticos e aos homens-<br />

machos o sustento da família, torna-se importante salientar a postura do<br />

cangaceiro Lampião que em 1930 introduz no seu grupo, sua companheira,<br />

Maria Bonita.<br />

HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [3]; Petrolina, abr./set. 2010. Página 128


O cangaço pode ser entendido não só como um mundo particular, mas<br />

como um sistema de pensamento 8, uma feitura de novas formas de linguagem<br />

que se constituiu na transformação da prática discursiva 9 patriarcal através de<br />

suas regras e da forma que o sertão impunha a condução de suas vidas. Não<br />

comungam da mesma ordem que distribui trabalhos característicos a<br />

masculinidade e feminilidade, pois, até então, o fato de pertencer a um grupo<br />

de bandoleiros nômades implica na não constituição de uma família (sendo<br />

assim, não haveria mulheres no grupo), não era permitido ao cangaceiro<br />

manter uma relação estável com uma mulher, sob alegação de risco a<br />

integridade do bando, haja vista que essa pudesse sob tortura entregar o<br />

paradeiro dos bandoleiros, muito menos, que essas pudessem acompanhá-los<br />

nas longas jornadas de caminhadas e lutas 10.<br />

Assim, analisando o sistema funcional (modelo) cangaço, sempre foi<br />

papel masculino “cuidar do lar”: lavar roupas, cozinhar, costurar - todas as<br />

práticas que seriam (patriarcalmente) das mulheres eram desempenhadas<br />

pelos homens, que eram completamente responsáveis pelo trato das tarefas<br />

diárias. Assim como num grupo militar, estando em constante conflito, não<br />

seria nada seguro buscar roupas e comida pronta fora do coito ou do<br />

esconderijo no mato ou mesmo ter mulheres no bando que cuidassem dessas<br />

tarefas, pois estas eram consideradas lentas, impróprias para compor uma<br />

milícia armada e combater como homens.<br />

A antiga decisão do “Sinhô” Pereira, ex-chefe de Lampião, de organizar<br />

um grupo formado somente por homens, ajudou na transformação do<br />

discurso patriarcal formando-se um discurso do Cangaço, um modelo que<br />

surge dentro do patriarcado e caminha ao lado deste, porém, com as novas<br />

práticas introduzidas por Virgulino. Um modelo de comportamento restrito,<br />

característica que a priori exclui mulheres, porém esta relação de exclusão<br />

acaba moldando esse espaço, favorecendo a ascensão feminina nesse meio,<br />

dando espaço para que a mulher se portasse de forma distinta da que era<br />

imposta no meio social.<br />

O meio sertão de viver é estar sempre buscando adaptações para que se<br />

possam ter opções de subsistência. A moralidade é sempre adaptada as<br />

8 FOUCAULT, Michel. Annuaire du Collège de France, 71 année, p. 245-49: Histoire des<br />

systèmes de pensée. Termo extraído do resumo dos cursos dados no collège de France.<br />

9 Ibdem<br />

10 Diferentemente de um grupo militar, que era constituído somente por homens, porém, tinham<br />

suas famílias, voltavam para casa, e continuavam a exercitar os valores patriarcais vigentes à<br />

época.<br />

HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [3]; Petrolina, abr./set. 2010. Página 129


necessidades desse povo, sendo assim, os valores existentes na divisão de<br />

tarefas da sociedade “comum” são extirpados dentro do cangaço,<br />

estabelecendo uma forma cangaceira de ser, viver e se relacionar com seu<br />

meio. Assim os cangaceiros formulam seus próprios conceitos, deixando de<br />

lado (devido as suas necessidades) a essência o ideal patriarcal socialmente<br />

estabelecido sobre o que é papel do homem e papel da mulher, e organiza um<br />

grupo que estabelece uma nova regra (modelo). Diante disso, homens não<br />

mudariam suas obrigações devido à entrada dessas mulheres.<br />

Se dentro da patriarcal família do Coronel, costurar, cozinhar e lavar<br />

eram papéis femininos, no cangaço continuava sendo papel masculino mesmo<br />

com a inserção das mulheres:<br />

A maioria das pessoas julga que as cangaceiras<br />

desempenhavam o papel de dona-de-casa no mundo<br />

estranho e controvertido do cangaço. Visualizavam<br />

as cangaceiras fazendo comida, costurando ou<br />

cuidando de crianças. Ledo engano. A comida<br />

sempre foi tarefa dos homens, nos coitos, nos<br />

acampamentos, antes e depois das mulheres serem<br />

admitidas. [...] Das mulheres, ao que se sabe<br />

através da narrativa delas próprias e dos<br />

companheiros sobreviventes, somente Dadá, às<br />

vezes, ajudava na distribuição da comida ao pessoal<br />

do grupo, e ao estar Lampião presente, este pedialhe<br />

que o fizesse. A grande maioria esperava ser<br />

servida. Até mesmo que lhe dessem a comida na<br />

boca, como o faria Zé Baiano com sua amada.<br />

(ARAÚJO, 1985, p. 239)<br />

Assim, relembrando o verso da canção: “Acorda Maria Bonita, levanta<br />

vai fazer o café! Que o dia já vem raiando e os cangaceiros já estão de pé”,<br />

podemos ver certa contradição com o que se praticava. Como afirma Araujo<br />

(1985) não que as mulheres fossem proibidas de qualquer trabalho, mas,<br />

mesmo após o seu ingresso dentro do grupo de Virgolino, a comida e os<br />

afazeres do “lar” continuaram sendo feitos pelos homens do bando.<br />

A CONSTRUÇÃO DE UMA <strong>NO</strong>VA FACE FEMININA<br />

Resgatados os primórdios do cangaço e a constituição de valores<br />

referentes a este meio de viver, concluiremos com o processo de formação da<br />

identidade de uma cangaceira, analisando os símbolos que constituem uma<br />

nova forma de ser mulher no sertão nordestino brasileiro, desmistificando o<br />

HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [3]; Petrolina, abr./set. 2010. Página 130


aspecto de mulher-macho e constituindo uma nova forma feminina de ser<br />

mulher; cangaceira.<br />

Albuquerque Jr (2003, p. 193), em sua obra: Nordestino uma Invenção<br />

do Falo, no capítulo sobre a feminização da sociedade, aborda uma<br />

transformação desde o império até a república das práticas patriarcais: “o<br />

império era homem, a república era mulher”. Uma modificação que é visível<br />

mais a leste, pelo litoral, completamente influenciada pelos ditos europeus,<br />

onde a família patriarcal entra em declínio no final do século XIX, abrindo<br />

espaço e sendo “substituída, paulatinamente, pela família nuclear burguesa”.<br />

Em seu trabalho, Albuquerque Jr (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2003, p.<br />

101) sempre faz referência à Freyre e seu conceito de patriarcado:<br />

Freyre entende que outro fator decisivo para o que<br />

ele identificou como crise da sociedade patriarcal foi<br />

a vitória progressiva da cidade sobre o campo. [...] A<br />

cidade passa a ditar modas, a difundir idéias, a<br />

alterar a própria sensibilidade social cada vez mais<br />

voltada para o novo, para o moderno, para o<br />

artificial, para o não-famliar.<br />

A cidade, palco do capital, começa a ditar as regras, porém, para o<br />

sertão nordestino essas idéias não chegam com facilidade e quando chegam<br />

não são bem recebidas. Tem-se a construção de uma imagem de nordestino<br />

macho, aquele que luta contra a feminização da sociedade:<br />

O mundo masculino parecia se bastar a si mesmo, ser<br />

um mundo fechado, do qual não deveriam fazer parte as<br />

mulheres, a não se em momentos e espaços específicos e<br />

quando fossem requisitadas, embora, numa sociedade<br />

rústica e agressiva como a do Nordeste tradicional, as<br />

mulheres pareciam ter que se masculinizarem também.<br />

(ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2003, p. 247)<br />

Há uma visível dicotomia entre o litoral e o sertão, onde os valores são<br />

referentes às necessidades e debates regionais. No litoral, capitalizando-se,<br />

industrialmente almejando uma ascensão, a presença da família nuclear<br />

burguesa favorece a um destaque dessa mulher-república. Para o sertão,<br />

ainda mais o sertão nordestino, em crise, torna-se extremamente necessária a<br />

preservação do macho, daquele ser central que emana poder. Uma crise que<br />

vai desencadear no fim de uma sociedade de um núcleo patriarcal para uma<br />

sociedade individual, vigilante, burocrática.<br />

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É dentro dessa confusão de sentimentos e modificações nas instituições<br />

de poder que surge uma figura com idéias no mínimo revolucionárias para sua<br />

época. Virgolino Ferreira da Silva, O Lampião, a própria imagem da<br />

preservação do cabra macho, torna pública a participação das mulheres em<br />

seu grupo e sub-grupos de cangaceiros na década de 1930. Uma atitude que<br />

gera “estranheza para a população geral”, como cita o Sargento Elias Marques<br />

de Alencar 11, 94 anos, (que participou da volante que foi designada para<br />

exterminar o grupo de Lampião) e sua esposa Maria Pereira de Alencar, 87<br />

anos. Em 1930, ano em que Maria Bonita ingressou no cangaço,<br />

respectivamente tinham 16 e 9 anos. Aos 20 anos Elias ingressa na Polícia<br />

Alagoana, nessa época já era casado com Maria Pereira. O Sargento Elias vive<br />

até hoje com as lembranças “dessa época”. Sempre emocionado, mesmo com<br />

uma rouquidão que atrapalha sua fala, não deixou que nada o fizesse<br />

esquecer os momentos em que foi “herói”.<br />

Elias conta que o ingresso de mulheres no grupo de cangaceiros não foi<br />

bem visto dentro da sociedade em geral e principalmente não apoiavam ou<br />

valorizavam uma mulher que fazia parte do cangaço. Porém, o poder dos<br />

cangaceiros, principalmente de Lampião, outorgava uma posição favorável a<br />

estas mulheres, sendo assim, o que era comentado pela população, acabava<br />

por perder-se no temor aos cangaceiros.<br />

Sua esposa, Maria Pereira, muito mais lúcida, citou detalhes que são<br />

chave para a construção de um estereótipo da cangaceira. Ela relata que na<br />

região em que vivia, Piranhas – AL, a população geral era muito pobre, sem<br />

recursos, porém, as mulheres que viviam no cangaço tinham aparatos que<br />

mulheres ricas da região não tinham. Um exemplo é uma máquina de costura<br />

Singer, posse do grupo de Lampião. Era um ambiente perigoso, mas que<br />

proporcionava possibilidades e recursos que em outro ambiente (situação)<br />

essas mulheres não haveriam de conseguir.<br />

Analisando assim os retratos da mulher do sertão nordestino descritos<br />

por Falci (2004) com a entrevista cedida por dois sujeitos que participaram<br />

ativamente na época que é foco deste trabalho, percebe-se uma confluência<br />

nos discursos.<br />

Muitos foram roubados, violados, assassinados, tanto homens quanto<br />

mulheres, porém, essa mulher sertaneja que se permitiu enxerga nesse meio<br />

cangaço não só uma forma de amar, mas de poder ser mulher sem<br />

11 Entrevista cedida ao autor. 2008.<br />

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determinadas barreiras impostas pelo patriarcado. O cangaço favoreceu para<br />

que estas mulheres fizessem uma diferença dentro do seu meio. Modificação<br />

essa que já estavam fazendo em outros núcleos influenciados pelos ditos<br />

burgueses europeus e que no sertão, até então, não tinha experimentado<br />

aparecer de forma tão insurgente. A formação de um nordestino cabra macho<br />

como revolta à feminização da sociedade negou a proliferação de ideais e da<br />

possibilidade de ascensão. Um Nordeste em crise não viabilizava essa quebra<br />

valores.<br />

Diante disso, uma hipótese para a modificação do discurso do cangaço<br />

foi o constante contato de Lampião com a capital e com tudo que era novidade.<br />

Os costumes europeus faziam parte da vida daquele cabra macho sertanejo. O<br />

perfume francês, o uísque e o conhaque, o armamento e principalmente a<br />

visão do local, o contato com gente da capital, podem ter influenciado e<br />

favorecido o ingresso das mulheres no seu grupo. Fora isso, o sucesso advindo<br />

das suas façanhas heróicas, que lhe propiciava o título de Rei, dava brecha<br />

para que ele fizesse o que bem entendesse.<br />

Sendo assim, Maria Bonita foi a escolhida ou seria Lampião o escolhido<br />

por ela? Também não se pode descartar a hipótese sentimental para que a<br />

inclusão ocorresse. Porém, analisaremos o aspecto social de Maria Bonita para<br />

entender também seus possíveis interesses. Era de uma típica família de<br />

roceiros do interior da Bahia, lugar conhecido como fazenda Malhada da<br />

Caiçara. Foi casada com um sapateiro, mas logo se separou. Em 1928,<br />

Lampião esteve na sua fazenda, e somente dois anos depois é que este a levou<br />

para o seu grupo. Nos estudos sobre o cangaço não há descrição que revele<br />

alguma contrariedade partindo de Maria; ela foi por livre vontade.<br />

Foi a primeira, e é provável que não tivesse certezas do que poderia lhe<br />

acontece. Porém, sendo mulher do Rei do Cangaço, não seria mais uma<br />

cunhã, amasia, amante, que estava em sua casa esperando o dia em que o seu<br />

homem (cangaceiro) passasse novamente por lá. Ela era parte do grupo, e<br />

depois dela, muitas outras puderam participar.<br />

A Mulher Cangaceira estabelece assim uma extrema quebra nos valores<br />

patriarcais preservados na sociedade do sertão nordestino brasileiro, pois<br />

dentro do grupo não havia um papel secundário, tarefas pré-estabelecidas. Se<br />

estas cozinhavam ou costuravam, assim o faziam por sua própria vontade,<br />

não porque era obrigatoriamente uma tarefa de mulher. Se o homem fazia<br />

estas tarefas, não implicava em que estes fossem classificados como mulheres,<br />

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ou como menores pelas atividades “domésticas” que desempenhavam. O<br />

cangaço ativa um mecanismo de poder que viabiliza uma feminização social.<br />

Com o fim do Cangaço, entre 1938-1940, perpetua a história de<br />

mulheres que durante oito anos praticaram e participaram de uma<br />

desconstrução, tanto das praticas referentes aos homens, quanto das praticas<br />

referentes ao que é ser mulher, ajudando a construir uma modificação na<br />

estrutura dos discursos patriarcais.<br />

De certo, as cangaceiras não tiveram como objetivo uma revolução, uma<br />

união pela equidade, porém, seus atos, por mais isolados que sejam, dentro do<br />

contexto já descrito, são a representação do princípio da modificação nas<br />

práticas e discursos de gênero no Sertão.<br />

REFERÊCI<strong>AS</strong><br />

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