Engenharia na Autodesk Por Rui Arruda Camargo - Revista ...
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DIVISÕÉS<br />
T CNICAS<br />
80%. Mas nos Estados Unidos,<br />
país da indústria automobilística<br />
e das rodovias, somente 38%<br />
das cargas viajam de caminhão.<br />
A nossa palavra de ordem,<br />
portanto, deve ser a da “redistribuição<br />
modal”, ou seja, reduzir<br />
a carga rodoviária através<br />
do maior aparelhamento das<br />
hidrovias e das ferrovias.<br />
O Brasil tem cerca de 50 000 quilômetros<br />
de rios potencialmente <strong>na</strong>vegáveis; São<br />
Paulo tem proporcio<strong>na</strong>lmente muito menos.<br />
Mas, enquanto a tese do uso múltiplo das<br />
águas permeou as decisões gover<strong>na</strong>mentais<br />
do Estado desde 1940, do que resultou a<br />
Hidrovia Tietê-Paraná, com 2 400 quilômetros,<br />
a União criou obstáculos em seus rios<br />
<strong>na</strong>vegáveis, como a Usi<strong>na</strong> de Tucuruí, que<br />
bloqueou o Rio Tocantins, a Usi<strong>na</strong> de Itaipu,<br />
bloqueando o próprio Rio Paraná e assim<br />
por diante. São Paulo também deslizou para<br />
esse caminho, interrompendo toda a possibilidade<br />
de <strong>na</strong>vegação no Rio Para<strong>na</strong>panema,<br />
por exemplo.<br />
Mas de alguns anos para cá São Paulo<br />
está retomando com ênfase a <strong>na</strong>vegação<br />
fluvial. No primeiro período gover<strong>na</strong>mental<br />
de Geraldo Alckmin, foi decidido revitalizar<br />
a Hidrovia Tietê-Paraná, começando pela<br />
remoção de alguns obstáculos (pilares de<br />
pontes, curvas acentuadas etc.) tendo como<br />
objetivo fazer crescer essa modalidade de<br />
transportes. Ao mesmo tempo, determi-<br />
E<br />
m abril deste ano a REVISTA ENGENHA-<br />
RIA esteve em Walthan, Massachussets,<br />
para acompanhar o lançamento da linha 2012<br />
de um pacote de programas que promete melhorar<br />
ainda mais o desempenho das várias tarefas<br />
que compõem um empreendimento e que<br />
os engenheiros têm que se desincumbir.<br />
A <strong>Autodesk</strong>, empresa de software que<br />
desenvolveu essa linha de produtos, é a mesma<br />
produtora do conhecido AutoCAD sendo<br />
que a maioria desses produtos foi desenvolvida<br />
a partir dessa plataforma.<br />
O AutoCAD foi o software que revolucionou<br />
nou-se a realização de um Plano Estratégico<br />
Hidroviário, que abriu os horizontes<br />
do transporte fluvial. Uma das primeiras<br />
consequências foi o convênio feito com a<br />
Transpetro e a BR Distribuidora, para estudo<br />
do transporte de etanol por <strong>na</strong>vegação.<br />
Desse convênio resultou a decisão da<br />
Transpetro de seguir esse rumo, tendo ela<br />
já adotado medidas para a compra de 20<br />
comboios, com 80 barcaças, para promover<br />
a “quadruplicação” do transporte hoje<br />
realizado <strong>na</strong>quela hidrovia, assim como<br />
para a implantação de três importantes<br />
termi<strong>na</strong>is de coleta e distribuição. Mas ficou<br />
visível, também, que o açúcar produzido<br />
pelas mesmas usi<strong>na</strong>s de álcool poderia<br />
seguir igual caminho, até conchas, onde<br />
o álcool será transferido para dutos, para<br />
chegar ao mar, e o açúcar pode ser levado<br />
à ferrovia, para o transporte até o <strong>Por</strong>to<br />
de Santos.<br />
Agora se lê no “Estadão” de 15/04/11<br />
que os governos do Estado e da União decidiram<br />
realizar um conjunto de obras para<br />
aumentar a capacidade da Hidrovia Tietê-<br />
Paraná, abrigando inclusive o transporte de<br />
cargas que possam ser transferidas em Conchas<br />
para a ferrovia, através da construção<br />
de um ramal de 15 quilômetros.<br />
É a segunda etapa de uma visão que o<br />
próprio gover<strong>na</strong>dor teve em seu primeiro<br />
governo. A ela, certamente seguirão outras,<br />
previstas inclusive no Plano Estratégico<br />
Hidroviário, a começar pelo estudo<br />
<strong>Engenharia</strong> <strong>na</strong> <strong>Autodesk</strong><br />
<strong>Por</strong> <strong>Rui</strong> <strong>Arruda</strong> <strong>Camargo</strong>*<br />
a documentação do projeto, eliminou as pranchetas<br />
e os desenhos tamanho “A zero” que<br />
eram feitos a lápis para após receberem o acabamento<br />
indelével em <strong>na</strong>nquim e ocupavam<br />
um espaço enorme <strong>na</strong>s antigas mapotecas.<br />
Esse programa de computador eliminou<br />
as enormes pranchetas e minimizou o uso<br />
das mapotecas, pois seu armaze<strong>na</strong>mento<br />
é feito por meio eletrônico, sem contar no<br />
ganho imenso de tempo <strong>na</strong> confecção de<br />
um desenho e levantamento das listas de<br />
materiais de um projeto de engenharia.<br />
Em passado não muito distante, quando<br />
da viabilidade do transporte fluvial nos<br />
rios limítrofes do Estado, Rio Grande e Rio<br />
Para<strong>na</strong>panema, que já têm grandes lagos,<br />
dependendo de instalar eclusas <strong>na</strong>s barragens.<br />
Mas também olhar para rios interiores,<br />
como Mogi, Paraíba e Ribeira de Iguape,<br />
que já tiveram transporte fluvial para<br />
cargas e passageiros.<br />
Dos entendimentos com a União devem<br />
resultar obras como as eclusas de Itaipu e<br />
São Simão, que darão ao Rio Paraná uma<br />
extensão <strong>na</strong>vegável muito maior, construindo<br />
uma hidrovia que pode ir de Goiás<br />
ao Rio da Prata, <strong>na</strong> direção da hidrovia de<br />
integração continental, sonhada por Franco<br />
Montoro.<br />
Para provocar outras paragens, é interessante<br />
lembrar que o transporte hidroviário<br />
brasileiro representa 14% do total,<br />
<strong>na</strong> matriz de cargas. Para chegar a 30%,<br />
número compatível com a dimensão continental<br />
do Brasil e com a imensidão de seus<br />
rios, são necessárias 205 intervenções, a<br />
um custo de 16 bilhões de reais. Em compensação,<br />
o retorno desse investimento se<br />
dará em ano e meio, através da redução dos<br />
custos dos transportes.<br />
É preciso falar mais da necessidade e<br />
das possibilidades da “redistribuição modal”<br />
no Brasil?<br />
* Adriano Murgel Branco é engenheiro consultor, diretor da<br />
AMBranco Consultoria, associado do Instituto de <strong>Engenharia</strong><br />
E-mail: ambranco@uol.com.br<br />
essas facilidades ainda não estavam disponíveis,<br />
os engenheiros responsáveis por<br />
grandes obras, como as de infraestrutura,<br />
tinham grande dificuldade de coorde<strong>na</strong>r<br />
todas as ações necessárias ao perfeito desenrolar<br />
de sua implantação.<br />
As dificuldades já se iniciavam <strong>na</strong> concepção<br />
do empreendimento, <strong>na</strong> elaboração<br />
de seu projeto, durante todas as fases da<br />
construção e fi<strong>na</strong>lmente as dificuldades<br />
continuavam <strong>na</strong> operação desse grande<br />
empreendimento. Quando falamos de empreendimentos<br />
de infraestrutura referimo-<br />
WWW.BRASILENGENHARIA.COM.BR<br />
ENGENHARIA/2011<br />
605
ENGENHARIA/2011<br />
605<br />
DIVISÕÉS<br />
T CNICAS<br />
nos a: estradas de rodagem,<br />
incluindo as obras de arte<br />
como viadutos e túneis; ferrovias<br />
incluindo, além das<br />
obras de arte, pátios de manobra<br />
e manutenção; aeroportos;<br />
metrô; e outras mais.<br />
A construção de uma usi<strong>na</strong><br />
hidrelétrica, por exemplo,<br />
traz em seu bojo a construção<br />
de uma barragem, o transporte e instalação<br />
de uma série de equipamentos de grande<br />
porte como as turbi<strong>na</strong>s, geradores, subestação<br />
elétrica e linhas de transmissão. Sem<br />
contar com um enorme canteiro de obras<br />
para suprir as necessidades de armaze<strong>na</strong>mento<br />
de materiais e equipamentos, usi<strong>na</strong><br />
de concreto, ofici<strong>na</strong>s de manutenção, alojamento<br />
de trabalhadores, cozinha industrial<br />
etc. E tudo isso instalado fora de centros<br />
urbanos sem qualquer infraestrutura.<br />
Os projetos eram desenhados artesa<strong>na</strong>lmente<br />
em grandes pranchetas que ocupavam<br />
um espaço enorme e demandavam<br />
muito tempo para serem executados. Os<br />
cálculos eram efetuados à base de réguas<br />
de cálculo e exigiam inúmeras operações e<br />
outras tantas verificações em fórmulas matemáticas<br />
complicadíssimas.<br />
Os equipamentos necessários à execução<br />
das obras existiam, porém não tão eficientes<br />
como os de hoje e o gerenciamento<br />
era feito à “unha” utilizando-se tabelas e<br />
gráficos enormes que eram atualizadas diariamente,<br />
consumindo horas de trabalho de<br />
vários empregados.<br />
Alguns conflitos de obra geravam grandes<br />
prejuízos materiais, desgastes pessoais e consumiam<br />
tempo, pois era praticamente impossível<br />
prever todas as interferências, conflitos<br />
de projeto e outras adversidades decorrentes<br />
da maneira quase artesa<strong>na</strong>l de produção que<br />
era impotente para prever tudo isso.<br />
O uso de ferramentas informatizadas produzidas<br />
pela <strong>Autodesk</strong> contribuiu para agilização<br />
dos grandes empreendimentos, pois atua<br />
em todas as suas fases desde a concepção do<br />
projeto, passando pelo seu detalhamento, sua<br />
construção e até sua operação.<br />
Essa empresa também criou um sistema<br />
chamado BIM (Building Information Modeling),<br />
cuja tradução literal é Modelagem<br />
WWW.BRASILENGENHARIA.COM.BR<br />
DIVULGAÇÃO<br />
da Informação da Construção e que<br />
tem a capacidade de integrar vários<br />
softwares compatíveis e que permite<br />
que a utilização dos dados armaze<strong>na</strong>dos<br />
em um dos sistemas seja também<br />
aproveitada por outros softwares em<br />
outra fase da implantação de um projeto.<br />
Essa característica pode detectar<br />
interferências <strong>na</strong> obra bem como conflitos<br />
de projeto. E ainda, <strong>na</strong> fase de<br />
projeto, prever consumos, produção e<br />
rendimento dos diversos sistemas que<br />
comporão todo o empreendimento.<br />
É claro que para tudo isso ser viável<br />
a operadora do empreendimento<br />
deverá se utilizar do mesmo banco de dados<br />
utilizados <strong>na</strong>s fases anteriores à operação.<br />
A REVISTA ENGENHARIA, durante sua<br />
visita à Waltham numa das unidades da <strong>Autodesk</strong>,<br />
conheceu alguns programas desti<strong>na</strong>dos<br />
a engenharia nos quais está incorporada<br />
a Tecnologia BIM.<br />
AutoCAD Civil 3D – É um software desti<strong>na</strong>do<br />
a engenheiros que trabalham em projetos<br />
de corredores de tráfego, permitindo<br />
escolha de opções de projeto bem como<br />
permite a análise de seu desempenho através<br />
da visualização e análise.<br />
AutoCAD Structural Detailing - É um<br />
sistema construído sobre a plataforma AutoCAD<br />
e que ajuda o engenheiro de estruturas,<br />
detalhistas e fabricantes a elaborar<br />
desenhos com mais precisão de detalhes,<br />
sobretudo em parafusos, porcas e rebites.<br />
<strong>Autodesk</strong> Ravit Architecture - Este sistema<br />
é desti<strong>na</strong>do a ajudar arquitetos tanto<br />
<strong>na</strong> concepção quanto nos desenhos de arquitetura.<br />
Esse sistema permite a análise de<br />
uso de energia o que pode gerar projetos<br />
autossustentáveis permitindo que seus usuários<br />
comparem o consumo de energia em<br />
soluções alter<strong>na</strong>tivas.<br />
<strong>Autodesk</strong> Ravit MEP - Foi concebido para<br />
auxiliar nos projetos dos sistemas elétricos,<br />
hidráulicos e mecânicos. Possui ferramentas<br />
de análise de consumo de energia o que<br />
permite tomada de decisões sobre sustentabilidade<br />
<strong>na</strong>s primeiras fases do projeto.<br />
Possui ainda sistemas para projetos especiais<br />
de tubulação e seus acessórios e também<br />
permite acessos remotos para consulta<br />
e edição de desenhos através da rede WAN<br />
Shanghai Tower<br />
(Wide Area Network) com o uso de laptop’s,<br />
i-pad’s ou até máqui<strong>na</strong>s mais portáteis<br />
como i-pod’s e i-phone’s.<br />
<strong>Autodesk</strong> Ravit Structure - Desti<strong>na</strong>do a<br />
empresas de projetos de estruturas e possui<br />
ferramentas para projetos específicos de<br />
estruturas e um módulo de análise de estruturas.<br />
Permite também uma maior interação<br />
das equipes de arquitetura e de projetos.<br />
<strong>Autodesk</strong> Navisworks Ma<strong>na</strong>ge - É um<br />
software de gerenciamento que atende análise,<br />
simulação entre projeto e construção.<br />
Cria protótipos digitais para que soluções de<br />
projeto possam ser testadas através de um<br />
modelo integrado do projeto. Esse sistema<br />
conta com um gerenciador de interferências e<br />
com ferramentas de detecção de inconsistências<br />
o que ajuda os profissio<strong>na</strong>is de projeto e<br />
construção a antecipar e como consequência<br />
evitar problemas antes até do início das obras<br />
diminuindo os atrasos e retrabalhos.<br />
A popularização do sistema BIM permitirá<br />
que seja também usado nos edifícios<br />
residenciais e comerciais o que permitirá<br />
conhecer com antecedência os gastos com<br />
energia elétrica, água e esgoto, podendo<br />
até escolher materiais e equipamentos que<br />
tenham relações melhores entre custo e<br />
benefício evitando gastos prematuros com<br />
bombas, lâmpadas e outros equipamentos.<br />
Esses foram os principais produtos<br />
apresentados. Existem outros que, embora<br />
dirigidos à engenharia, não possuem a tecnologia<br />
BIM.<br />
* <strong>Rui</strong> <strong>Arruda</strong> <strong>Camargo</strong> é engenheiro consultor e vice-<br />
presidente de Atividades Técnicas do Instituto de <strong>Engenharia</strong><br />
E-mail: ruicamargo@uol.com.br