Resenha cRítica do livRo A DivinDADe - Circle
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82 / Pa r o u s i a - 1º s e m e s t r e d e 2006<br />
à noite ou aos sába<strong>do</strong>s à tarde em busca<br />
de “santificação” e “reavivamento” para<br />
o tempo <strong>do</strong> fim. A mãe de Jairo, Edna<br />
Carvalho, que fora removida <strong>do</strong> rol de<br />
membros da Igreja <strong>do</strong> Juvevê também<br />
em 2003, mu<strong>do</strong>u-se para aquela chácara,<br />
convicta de haver recebi<strong>do</strong> poder para<br />
realizar unções, exorcismo e curas, bem<br />
como de receber visões sobrenaturais. O<br />
movimento passou a ser apoia<strong>do</strong> também<br />
por Alejandro (Villacentro?), um pretenso<br />
profeta argentino. Alguns integrantes <strong>do</strong><br />
grupo, que haviam si<strong>do</strong> removi<strong>do</strong>s da Igreja<br />
Central de Curitiba, foram rebatiza<strong>do</strong>s pelo<br />
grupo “em nome <strong>do</strong> Pai e <strong>do</strong> Filho”, sem<br />
qualquer alusão ao Espírito Santo.<br />
Na chácara em Contenda foi organiza<strong>do</strong><br />
o assim-chama<strong>do</strong> “Ministério 4 Anjos”,<br />
com o propósito de divulgar as idéias perfeccionistas<br />
e antitrinitarianas <strong>do</strong> grupo.<br />
Envelopes com materiais foram envia<strong>do</strong>s<br />
à liderança leiga de várias igrejas e grupos<br />
<strong>do</strong> Brasil. Alguns integrantes <strong>do</strong> grupo<br />
chegaram, por vezes, a colocar panfletos<br />
nos pára-brisas <strong>do</strong>s carros estaciona<strong>do</strong>s<br />
próximo às igrejas adventistas durante os<br />
cultos de sába<strong>do</strong>. Um marco decisivo na<br />
história desse ministério foi, sem dúvida, o<br />
lançamento em 2003 da 1ª edição <strong>do</strong> livro<br />
A Divindade, negan<strong>do</strong> categoricamente a<br />
<strong>do</strong>utrina da Trindade e, especialmente, a<br />
personalidade <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />
Re l e v â n c i a d o t e m a<br />
O livro A Divindade se propõe a oferecer<br />
uma “visão correta” sobre a Divindade,<br />
corrigin<strong>do</strong> a compreensão supostamente<br />
equivocada da Trindade, como mantida<br />
pela Igreja Adventista <strong>do</strong> Sétimo Dia. 20<br />
Como os autores <strong>do</strong> livro buscam apoio<br />
nos escritos de Ellen G. White para suas<br />
teorias antitrinitarianas, a discussão sobre<br />
o assunto envolve pelo menos três aspectos<br />
cruciais. O primeiro diz respeito à própria<br />
<strong>do</strong>utrina de Deus. Não resta dúvida de que<br />
a compreensão correta de Deus é fundamental<br />
para toda a verdadeira teologia e<br />
religião. O segun<strong>do</strong> aspecto é a questão<br />
da interpretação <strong>do</strong>s escritos de Ellen G.<br />
White. Estariam os Depositários <strong>do</strong> Patrimônio<br />
Literário Ellen G. White (ou Ellen<br />
G. White Estate, Inc.) equivoca<strong>do</strong>s em<br />
interpretar os escritos de Ellen G. White<br />
como en<strong>do</strong>ssan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>utrina das três pessoas<br />
da Divindade? E o terceiro aspecto<br />
envolvi<strong>do</strong> é a questão da integridade da<br />
liderança da Igreja em questões teológicas.<br />
Teriam os teólogos e administra<strong>do</strong>res da<br />
Igreja planeja<strong>do</strong> uma apostasia intencional<br />
da denominação em um assunto tão<br />
sagra<strong>do</strong> como a compreensão de Deus (p.<br />
69-73, 84)?<br />
Uma leitura geral <strong>do</strong> livro A Divindade<br />
é suficiente para se perceber a pobreza<br />
literária e a deficiência meto<strong>do</strong>lógica<br />
que o caracterizam. É evidente também a<br />
marcante postura crítico-belicosa <strong>do</strong>s seus<br />
proponentes para com a liderança da Igreja<br />
Adventista <strong>do</strong> Sétimo Dia (p. 69, 84). Os<br />
autores não se contentam apenas em “corrigir”<br />
conceitos supostamente equivoca<strong>do</strong>s,<br />
mas chegam mesmo a julgar criticamente<br />
as próprias intenções interiores <strong>do</strong>s que advogam<br />
tais conceitos (cf. Mt 7:1) e a rotulálos<br />
de forma desrespeitosa. Levan<strong>do</strong>-se em<br />
consideração as características <strong>do</strong> livro em<br />
si, é obvio que ele não se qualificaria para<br />
uma resenha crítica acadêmica. Mas, por<br />
outro la<strong>do</strong>, reconhecemos que o tema nele<br />
aborda<strong>do</strong> é relevante e merece ser analisa<strong>do</strong><br />
criticamente, especialmente para benefício<br />
daqueles que não dispõem <strong>do</strong> tempo e das<br />
fontes de consulta necessárias para uma<br />
investigação mais detida <strong>do</strong> assunto.<br />
uso d e f o n t e s<br />
O material compila<strong>do</strong> por Jairo Carvalho,<br />
sob o título A Divindade, pode ser<br />
defini<strong>do</strong> como um grande agrupamento de<br />
textos bíblicos e de citações <strong>do</strong>s escritos de<br />
Ellen G. White, intercala<strong>do</strong>s com comentários<br />
pessoais, sem a devida consistência<br />
no uso de fontes. Analisan<strong>do</strong>-se o livro de<br />
uma perspectiva mais técnica, percebemse<br />
algumas inconsistências nas referências<br />
que nele aparecem. Por exemplo, o volume<br />
e a página da obra Manuscript Releases<br />
é mencionada algumas vezes em português,<br />
de forma abreviada, como “vol.” e<br />
“pág.” (p. 88-89, 157-158), e outras vezes<br />
em inglês, por extenso, como “Volume<br />
Fourteen, Page 23, 24” (p. 5, 20, 83, 124).