11.04.2013 Views

Joselene Monteiro Silva - Laboratório de Psicanálise da UFC

Joselene Monteiro Silva - Laboratório de Psicanálise da UFC

Joselene Monteiro Silva - Laboratório de Psicanálise da UFC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

incompatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> entre representações na vi<strong>da</strong> psíquica do sujeito e, então, haveria um<br />

esforço voluntário <strong>de</strong> afastar certas i<strong>de</strong>ias <strong>da</strong> mente. Com esse propósito, em alguns casos,<br />

o eu “transforma essa representação po<strong>de</strong>rosa numa representação fraca, retirando-lhe o<br />

afeto” (FREUD, 1894/1996, p.56). Essa soma <strong>de</strong> excitação retira<strong>da</strong> <strong>de</strong>verá receber outros<br />

<strong>de</strong>stinos, provocando assim uma substituição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias.<br />

A parir <strong>de</strong> uma maior compreensão acerca <strong>da</strong> relevância do domínio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

sexual na etiologia <strong>da</strong>s neuroses, tal como apresentado em textos como A Hereditarie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e a Etiologia <strong>da</strong>s Neuroses, Freud (1896a/1996) postula a teoria do trauma, argumentando<br />

que um acontecimento sexual real na vi<strong>da</strong> infantil do sujeito está relacionado com a<br />

causação <strong>da</strong> neurose em questão (FREUD, 1896a, p.151). Segundo essa teoria, na neurose<br />

obsessiva, o trauma se <strong>de</strong>ve a um ato <strong>de</strong> agressão inspirado no <strong>de</strong>sejo, que proporcionou<br />

prazer.<br />

No <strong>de</strong>correr dos estudos, Freud percebe que “as i<strong>de</strong>ias obsessivas são,<br />

invariavelmente, auto-acusações transforma<strong>da</strong>s, que reemergiram do recalcamento e que<br />

sempre se relacionam com algum ato sexual praticado com prazer na infância” (FREUD,<br />

1896b, 169). Ao recalcar e substituir as lembranças <strong>de</strong>sse prazer precoce, o sujeito produz<br />

sintomas primários <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa (conscienciosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, vergonha e auto<strong>de</strong>sconfiança).<br />

Posteriormente, a <strong>de</strong>fesa fracassa e ocorre o retorno <strong>da</strong>s lembranças recalca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> modo<br />

distorcido, pois o que alcança a consciência é uma “formação <strong>de</strong> compromisso entre as<br />

representações recalca<strong>da</strong>s e as recalcadoras” (FREUD, 1896b, p.170).<br />

O avanço nas concepções <strong>de</strong> Freud po<strong>de</strong> ser percebido no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> três cartas a<br />

Fliess. Na Carta 69, Freud (1896c/1996) <strong>de</strong>monstra ter abandonado a teoria traumática para<br />

começar a dimensionar melhor o alcance <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> psíquica. Na carta 71 (1896d/1996),<br />

relata a <strong>de</strong>scoberta do Complexo <strong>de</strong> Édipo. Além disso, na carta 75 (1896d/1996), a<br />

sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong> infantil passa a ser indica<strong>da</strong> como algo normal e universal.<br />

2

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!