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Joselene Monteiro Silva - Laboratório de Psicanálise da UFC

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que <strong>de</strong>vemos encarar como o representante que está submetido ao recalque, se um anseio<br />

libidinal ou um anseio hostil” (FREUD, 1915b/2004, p.185). A seguir esclarece que essa<br />

incerteza é <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> à regressão que fez com que um anseio sádico entrasse no lugar <strong>de</strong> um<br />

amoroso e é justamente esse impulso hostil dirigido à pessoa ama<strong>da</strong> que cai sobre o<br />

recalque. Além disso, através <strong>de</strong> uma formação reativa há uma intensificação <strong>de</strong> um<br />

oposto. Esse recalque, apesar <strong>de</strong> bem sucedido a princípio, não tar<strong>da</strong> a falhar, permitindo<br />

com que o conteúdo recalcado retorne, o que caracteriza ambivalência, a qual fora<br />

marca<strong>da</strong>mente observa<strong>da</strong> por Freud na relação transferencial estabeleci<strong>da</strong> em análise.<br />

Assim, as repeti<strong>da</strong>s substituições por <strong>de</strong>slocamento caracterizam a formação do sintoma<br />

obsessivo, fazendo com que, nessa neurose, o trabalho <strong>de</strong> recalque resulte “numa luta sem<br />

êxito nem fim” (FREUD, 1915b/2004, p.186); diferentemente do que ocorre na histeria e<br />

na fobia, on<strong>de</strong> o afeto encontra outros <strong>de</strong>stinos (FREUD, 1915c/2004, p. 34-36). A fim <strong>de</strong><br />

se distanciar <strong>da</strong>s relações originais entre afeto e representação, o obsessivo lança mão <strong>de</strong><br />

uma série <strong>de</strong> explicações para <strong>da</strong>r conta <strong>de</strong> seu sofrimento e explicar seu sintoma. Estamos<br />

tratando aqui <strong>da</strong> racionalização. Tal fenômeno, recorrente na clínica, emerge na forma <strong>de</strong><br />

um obstáculo ao tratamento, na medi<strong>da</strong> em que tolhe o engajamento do neurótico à regra<br />

fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> psicanálise: associação livre.<br />

Cabe-nos agora sistematizar brevemente a forma pela qual os <strong>da</strong>dos apontados até<br />

aqui po<strong>de</strong>m nos auxiliar no esclarecimento <strong>de</strong> questões relativas aos obstáculos que surgem<br />

na clínica <strong>da</strong> neurose obsessiva. Primeiramente, <strong>de</strong>vemos apontar as compulsões como um<br />

relevante obstáculo encontrado, visto que estas <strong>de</strong>fesas secundárias se inserem na vi<strong>da</strong><br />

normal do obsessivo discretamente e, muitas vezes, <strong>de</strong> forma a serem assimila<strong>da</strong>s pelo<br />

cotidiano. Apontamos tal condição como obstáculo <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong>, muitas vezes, agir<br />

contra qualquer mobilização em busca <strong>de</strong> atendimento. Tal postura <strong>de</strong>monstra um forte<br />

apego ao sintoma, uma vez que este representa uma conciliação entre as forças recalca<strong>da</strong>s<br />

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