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O contexto da prática avaliativa no cotidiano escolar - Pead.faced ...

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Conceitos <strong>da</strong> avaliação em transformação<br />

A avaliação <strong>da</strong> aprendizagem, como parte contínua e<br />

integrante do processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem, não pode ser vista<br />

como um elemento estranho a este processo. Mas qual a<br />

concepção que temos desse ato enquanto <strong>prática</strong> pe<strong>da</strong>gógica?<br />

São muitas as concepções produzi<strong>da</strong>s até o presente. Sendo<br />

assim, <strong>no</strong>s valemos de alguns autores que <strong>no</strong>s servem como<br />

referencial.<br />

Para Tyler (1979), cuja proposta se constitui forte<br />

referência <strong>no</strong> meio educacional, o processo de avaliação consiste<br />

em determinar em que medi<strong>da</strong> os objetivos educacionais estão<br />

sendo atingidos e como visam a produzir mu<strong>da</strong>nças de<br />

comportamento. Para ele (1979, p.99), a "avaliação é o processo<br />

mediante o qual se determina o grau em que essas mu<strong>da</strong>nças de<br />

comportamento estão realmente ocorrendo".<br />

Esta concepção de avaliação foi incorpora<strong>da</strong>, <strong>no</strong><br />

<strong>no</strong>sso meio educacional, <strong>no</strong> momento <strong>da</strong> força do tecnicismo. A<br />

preocupação do autor não é com o processo, apesar de referir-se<br />

a vários métodos para avaliar, mas com a determinação de<br />

objetivos e com a mu<strong>da</strong>nça de comportamento como resultado ou<br />

produto expresso através <strong>da</strong> medi<strong>da</strong>. Assim, esta concepção<br />

serviu para subsidiar o uso de objetivos relacionados a conteúdos<br />

e à medi<strong>da</strong> como se fora avaliação.<br />

Segundo a concepção de Bloom, citado em<br />

Sant'Anna (1995, p.29), "a avaliação é a coleta sistemática de<br />

<strong>da</strong>dos, por meio <strong>da</strong> qual se determinam as mu<strong>da</strong>nças de<br />

comportamento do alu<strong>no</strong> e em que medi<strong>da</strong> essas mu<strong>da</strong>nças<br />

ocorrem". Como percebemos não alterou muito a linha proposta<br />

por Tyler.<br />

A maioria dos professores confunde medi<strong>da</strong> com<br />

avaliação. Para tentar dissuadir essa interpretação errônea,<br />

vários autores têm explicitado o significado destes termos. Assim,<br />

com base em Popham, Depresbíteris (1989, p.45) diz que<br />

o processo avaliativo inclui a medi<strong>da</strong> mas nela não se esgota. A medi<strong>da</strong> diz o<br />

quanto o alu<strong>no</strong> possui de determina<strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de; a avaliação informa sobre<br />

o valor dessa habili<strong>da</strong>de. A medi<strong>da</strong> descreve os fenôme<strong>no</strong>s com <strong>da</strong>dos<br />

quantitativos; a avaliação descreve os fenôme<strong>no</strong>s e os interpreta utilizando<br />

também os <strong>da</strong>dos qualitativos.<br />

Outros estudiosos <strong>da</strong> avaliação também se<br />

preocupam em fazer essa distinção. Medeiros (1983), apesar de<br />

sua preocupação estar mais volta<strong>da</strong> para provas, como<br />

instrumentos de medi<strong>da</strong>, e sua formulação técnica, apresenta de<br />

modo claro a diferença quando diz que a medi<strong>da</strong> é um apoio para a<br />

avaliação e considera a amplitude e a vali<strong>da</strong>de desse processo.<br />

Luckesi (1995) também procura mostrar a diferença<br />

entre esses dois processos e a serviço de que se mostra ca<strong>da</strong> um.<br />

Como sinônimo de medi<strong>da</strong>, utiliza-se <strong>da</strong> palavra verificação ou<br />

aferição. Ele diz que o ato de verificar encerra-se com a obtenção<br />

do <strong>da</strong>do ou <strong>da</strong> informação, enquanto avaliar implica uma toma<strong>da</strong><br />

de posição, "que a aferição <strong>da</strong> aprendizagem <strong>escolar</strong> é utiliza<strong>da</strong><br />

na quase totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s vezes para classificar os alu<strong>no</strong>s em<br />

aprovados ou reprovados". (p.91) Assim, avaliar vai muito além<br />

dessa concepção restrita. Diz, ain<strong>da</strong>, que "a avaliação é um<br />

julgamento de valor sobre manifestações relevantes <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de,<br />

tendo em vista uma toma<strong>da</strong> de decisão". (p.33) Percebemos que,<br />

além de envolver o aspecto qualitativo quando se refere ao juízo de<br />

valor, envolve também o objeto através dos <strong>da</strong>dos relevantes e a<br />

função dinâmica através <strong>da</strong> toma<strong>da</strong> de decisão para uma ação.<br />

Subsidia<strong>da</strong> na postura de Luckesi, Gama (1993, p. 138)<br />

diz que a avaliação pode ser entendi<strong>da</strong> como um "processo de<br />

julgamento que se vale de meios objetivos e subjetivos para<br />

atribuir valores àqueles que participam dele interativamente com<br />

a finali<strong>da</strong>de de superação do estágio de aprendizagem em que se<br />

encontram".<br />

A concepção é ampla, pois se vale de múltiplos<br />

processos e induz que, através de uma ação de reciproci<strong>da</strong>de, o<br />

crescimento é favorecido. Considera uma ação equilibradora, não<br />

se reportando, portanto, a apenas um aspecto, seja qualitativo


ou quantitativo.<br />

Para Haidt (1995, p.288), "a avaliação é um processo<br />

de coleta e análise de <strong>da</strong>dos, tendo em vista verificar se os<br />

objetivos propostos foram alcançados". É uma concepção<br />

tecnicista, um tanto limita<strong>da</strong>. Visa apenas ao produto, deixando<br />

de <strong>da</strong>r à avaliação a dimensão que esse processo requer.<br />

Certamente se fôssemos buscar outras concepções<br />

de avaliação seriam de grande variabili<strong>da</strong>de, subjacentes à<br />

concepção que ca<strong>da</strong> um faz de educação e do processo<br />

metodológico desenvolvido na sala de aula, e Lúdke (1994, p.<br />

108) confirma dizendo que "as concepções de avaliação são<br />

subsidiárias de uma determina<strong>da</strong> forma de trabalho pe<strong>da</strong>gógico,<br />

que inclui metodologia, relação professor-alu<strong>no</strong> e concepção de<br />

aprendizagem".<br />

Neste referencial, apresentamos conceitos de<br />

avaliação <strong>da</strong> aprendizagem <strong>escolar</strong> com posturas semelhantes<br />

e diferentes, conforme a concepção que ca<strong>da</strong> um faz do<br />

processo, para que percebamos a diferença. Assim,<br />

acrescentamos que a avaliação que está direciona<strong>da</strong> apenas<br />

para o julgamento'e classificação do alu<strong>no</strong>, bem como para o<br />

produto através de <strong>da</strong>dos quantitativos, precisa ser<br />

redimensiona<strong>da</strong>, sob pena de comprometer o processo educativo,<br />

pois a avaliação é um processo amplo e só será efetivado através<br />

de ação-reflexão. Como <strong>no</strong>s diz Veiga (1996, p. 163), "a<br />

avaliação, em seu sentido amplo, só será possível na medi<strong>da</strong> em<br />

que estiver a serviço <strong>da</strong> aprendizagem do educando". Então a que<br />

avaliação? Com base <strong>no</strong> sentido educativo, a expressão avaliação<br />

se constitui num ponto de referência <strong>no</strong> processo educacional.<br />

Através dela podemos detectar como está a <strong>prática</strong> pe<strong>da</strong>gógica na<br />

escola, a relação entre o ensi<strong>no</strong> e a aprendizagem, entre o<br />

programa e os objetivos, a relação professor-alu<strong>no</strong>, o<br />

entendimento do processo democrático e em que base <strong>da</strong><br />

educação se sustenta a escola. A partir <strong>da</strong>í podemos então<br />

definir suas funções.<br />

Funções <strong>da</strong> avaliação<br />

Bloom (1983) classificou a avaliação em:<br />

diagnóstica, formativa e somativa, que apresentam diferenças e<br />

semelhanças dependendo <strong>da</strong> função que preten<strong>da</strong>m cumprir. Diz<br />

que a avaliação diag<strong>no</strong>stica pode ser leva<strong>da</strong> a efeito com a<br />

formativa, para detectarehn as falhas e descobrirem as causas.<br />

Especificamente a diagnóstica determina em que nível o alu<strong>no</strong> se<br />

encontra, para o ponto de parti<strong>da</strong> do ensi<strong>no</strong>. Quanto à avaliação<br />

"é um processo constante, destina<strong>da</strong> a fornecer ao alu<strong>no</strong> e ao<br />

professor um feedback contínuo quanto à sua eficiência, à medi<strong>da</strong><br />

que avançam na hierarquia do ensi<strong>no</strong>", (p. 100) A respeito <strong>da</strong><br />

"somativa" diz que é uma avaliação muito geral, que serve como<br />

ponto de apoio para atribuir <strong>no</strong>tas, classificar o alu<strong>no</strong> e transmitir<br />

os resultados em termos quantitativos, feita <strong>no</strong> final de um<br />

período de ensi<strong>no</strong>.<br />

E amplamente difundi<strong>da</strong>, <strong>no</strong> meio educacional e entre<br />

os estudiosos do assunto, a classificação de Bloom para eluci<strong>da</strong>r<br />

as funções <strong>da</strong> avaliação. Apresentamos de forma sucinta, <strong>no</strong><br />

quadro 1, as idéias de quatro autores, que compartilham o<br />

pensamento de Bloom quanto às funções <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong><br />

aprendizagem.<br />

AUTOR<br />

Haidt<br />

1995<br />

(Bloom)<br />

DIAGNOSTICA/<br />

DIAGNOSTICAR<br />

- Conhecer o<br />

alu<strong>no</strong>: bagagem<br />

cognitiva,<br />

habili<strong>da</strong>des.<br />

- Identificar<br />

dificul<strong>da</strong>des de<br />

aprendizagem<br />

(causas).<br />

FORMATIVA/ SOMATIVA/<br />

CONTROLAR<br />

- Verificar se os<br />

objetivos foram<br />

CLASSIFICAR<br />

atingidos. - Promover o alu<strong>no</strong>:<br />

Informar sobre classifica segundo<br />

progressos e nível de<br />

dificul<strong>da</strong>des. aproveitamento.<br />

- Retroalimentação. - Carátur seletivo e<br />

- Objetivo: aperfei<br />

çoar o processo e<br />

<strong>da</strong>r condições de<br />

competitivo.


SanfAnna<br />

1995<br />

(Bloom)<br />

Lian Sousa<br />

in Souza<br />

1993<br />

(com base em<br />

vários<br />

autores,<br />

inclusive<br />

Bloom)<br />

- Determinar a<br />

presença ou<br />

ausência de<br />

conhecimentos,<br />

habili<strong>da</strong>des, prérequisitos.<br />

- Son<strong>da</strong>gem <strong>da</strong><br />

situação do<br />

desenvolvimento<br />

do alu<strong>no</strong>. Ver<br />

o que aprendeu<br />

e o que não<br />

aprendeu.<br />

- Objetivo: reajustar<br />

a ação.<br />

- Caracterizar o<br />

alu<strong>no</strong> quanto a<br />

interesses,<br />

necessi<strong>da</strong>des e<br />

habili<strong>da</strong>des.<br />

- Identificar causas<br />

<strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des<br />

de aprender.<br />

- Objetivo:<br />

replanejar<br />

o trabalho.<br />

êxito.<br />

- Localizar as<br />

deficiências na<br />

organização do<br />

ensi<strong>no</strong>.<br />

- Indicar como os<br />

alu<strong>no</strong>s estão se<br />

modificando.<br />

- Objetivo: tomar<br />

decisões.<br />

- Favorecer o<br />

desenvolvimento<br />

individual,<br />

estimular<br />

crescimento e<br />

capaci<strong>da</strong>de de<br />

auto-avaliar-se.<br />

- Controlar a<br />

eficácia dos<br />

pla<strong>no</strong>s e eficiência<br />

dos métodos.<br />

Verificar alcance<br />

dos objetivos.<br />

- Objetivo:<br />

toma<strong>da</strong> de<br />

decisões.<br />

- Classificar<br />

segundo nível de<br />

aproveitamento,<br />

segundo<br />

rendimento.<br />

- Classificar o<br />

alu<strong>no</strong> de acordo<br />

com nível de<br />

aproveitamento (<strong>no</strong><br />

final).<br />

Diniz<br />

1982<br />

(Bloom)<br />

- Determinar as - Avaliação<br />

habili<strong>da</strong>des iniciais, sistemática para<br />

requisitos prévios, precisar ograu<br />

caracterizar de domínio <strong>da</strong><br />

interesses, aprendizagem.<br />

personali<strong>da</strong>de, Feed-back<br />

ativi<strong>da</strong>des. contínuo, alerta.<br />

- Descobrir causas e -Verificar<br />

deficiências <strong>da</strong> falhas (sem<br />

aprendizagem. <strong>no</strong>tas).<br />

- Objetivo: tomar - Recuperação<br />

medi<strong>da</strong>s<br />

imediata,<br />

terapêuticas. imprescindível.<br />

Quadro 1 – Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de/função <strong>da</strong> avaliação<br />

- Classificar o<br />

alu<strong>no</strong> segundo o<br />

nível de<br />

aprovação<br />

expresso em<br />

<strong>no</strong>tas. Produto<br />

final.<br />

Pela colocação dos autores, a avaliação "diagnóstica"<br />

apresenta-se em dois momentos distintos: um antes do processo<br />

para detectar os pré-requisitos do alu<strong>no</strong>, o outro durante o<br />

processo para identificar as dificul<strong>da</strong>des, tanto <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> quanto<br />

na aprendizagem e, assim, partir para os reajustes. A diagnóstica<br />

está muito relaciona<strong>da</strong> com a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de "formativa", tanto <strong>no</strong><br />

processo quanto <strong>no</strong>s objetivos, pois se prende ao feedback <strong>da</strong>s<br />

dificul<strong>da</strong>des, partindo então para a ação imediata.<br />

Referindo-se à função diagnóstica de avaliação. Media<strong>no</strong>,<br />

citado por Can<strong>da</strong>u (1988, p. 137), diz que a avaliação tem<br />

"como principal objetivo diag<strong>no</strong>sticar as dificul<strong>da</strong>des do processo<br />

de transmissão/aquisição do conhecimento, buscar as falhas tanto<br />

na transmissão, como na aquisição, para tomar decisões acerca<br />

<strong>da</strong> próxima etapa do processo".<br />

Machado (1995, p.33) partilha do mesmo pensamento,<br />

quando diz que "a avaliação diagnóstica possibilita ao educador<br />

e educando detectarem, ao longo do processo de<br />

aprendizagem, suas falhas, desvios, suas dificul<strong>da</strong>des, a tempo<br />

de redirecionarem os meios, os recursos, as estratégias e<br />

procedimentos na direção deseja<strong>da</strong>".<br />

Ain<strong>da</strong> conforme Machado, quando a avaliação é conduzi<strong>da</strong>


pelos caminhos do diagnóstico se constitui:<br />

• um estímulo ao crescimento e ao fortalecimento <strong>da</strong>s<br />

dinâmicas do professor e do alu<strong>no</strong>;<br />

• um processo na busca do equilíbrio sem censuras, repressões<br />

e punições;<br />

• uma segurança na caminha<strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gógica;<br />

• uma garantia dos interesses e do direito <strong>da</strong>s pessoas e <strong>da</strong>s<br />

instituições;<br />

• um meio para superar limitações sem traumas;<br />

• uma aju<strong>da</strong> para o alu<strong>no</strong> saber tomar decisões, a aprender a<br />

aprender por causa <strong>da</strong> transitorie<strong>da</strong>de dos conhecimentos e,<br />

segundo Veiga (1996, p.161) "um meio investigativo <strong>da</strong><br />

aprendizagem para redimensionar o processo tendo em vista<br />

garantir a quali<strong>da</strong>de do ensi<strong>no</strong> para todos".<br />

Sendo que a avaliação diagnóstica caminha junto ao<br />

processo de ensi<strong>no</strong>-aprendizagem e como parte contínua e<br />

integrante deste, dá oportuni<strong>da</strong>de à correção <strong>da</strong>s defasagens,<br />

<strong>no</strong> momento em que estas são detecta<strong>da</strong>s e, ao mesmo<br />

tempo, oferece suporte para a avaliação formativa que,<br />

segundo Coll (1997, p. 148), "é uma <strong>prática</strong> universal o que se<br />

realiza em maior ou me<strong>no</strong>r grau, quase sempre de forma<br />

intuitiva e, na maioria <strong>da</strong>s vezes, inconsciente, mas com<br />

frequentes resultados altamente satisfatórios". O próprio Bloom<br />

(1983, p. 143) aconselha que "a maneira mais eficiente de usar a<br />

avaliação formativa seja <strong>no</strong> estabelecimento do ritmo de<br />

aprendizagem próprio de ca<strong>da</strong> alu<strong>no</strong>".<br />

Conforme a proposta de Bloom e dos outros autores que<br />

o confirmam, a função classificatória tem o mesmo<br />

encaminhamento - classificar é atribuir <strong>no</strong>ta ao alu<strong>no</strong>. Tem<br />

portanto caráter seletivo e competitivo e não atende aos<br />

propósitos <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> aprendizagem e <strong>da</strong> educação.<br />

Bloom (1983, p. 129) diz que "é justamente a avaliação que gera<br />

tanta ansie<strong>da</strong>de e defesa entre os alu<strong>no</strong>s, professores e<br />

programadores do ensi<strong>no</strong>".<br />

Redimensionando a função <strong>da</strong> avaliação<br />

Na luta por um redimensionamento <strong>da</strong> avaliação,<br />

apresentamos a posição de alguns autores quanto à função<br />

classificatória. Por considerar a ação <strong>avaliativa</strong> um processo<br />

dinâmico e não um ponto definitivo de chega<strong>da</strong>, Luckesi (1995,<br />

p.35) afirma que, pela "função classificatória, a avaliação<br />

constitui-se num instrumento estático e frenador do processo<br />

de crescimento (...) Subtrai <strong>da</strong> <strong>prática</strong> <strong>da</strong> avaliação aquilo que<br />

lhe é constitutivo: a obrigatorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> toma<strong>da</strong> de decisão<br />

quanto à ação".<br />

Para Hoffmann (1998, p.57), "a <strong>prática</strong> <strong>avaliativa</strong><br />

classificatória considera as tarefas de aprendizagem a partir de<br />

uma visão linear, sem considerar a gra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des<br />

naturais nas tarefas que se sucedem". Nesta concepção, não<br />

existe articulação de uma tarefa com a outra, que torna-se<br />

independente e estática. O processo dialético e mediador é<br />

descartado. Ain<strong>da</strong> diz (1993, p.26) que o "sistema<br />

classificatório é tremen<strong>da</strong>mente vago <strong>no</strong> sentido de apontar as<br />

falhas do processo. Não aponta as reais dificul<strong>da</strong>des dos<br />

alu<strong>no</strong>s e dos professores. Não sugere qualquer<br />

encaminhamento, porque discrimina e seleciona antes de mais<br />

na<strong>da</strong>".<br />

Veiga (1996, p.152) acrescenta que a avaliação<br />

classificatória "concorre para a fragmentação do trabalho<br />

pe<strong>da</strong>gógico, ao transmitir ao alu<strong>no</strong> a idéia <strong>da</strong> separação de<br />

seleção e <strong>da</strong> rotulação". Nesse sentido, a avaliação<br />

classificatória, além de fragmenta<strong>da</strong>, por se apresentar em<br />

momentos estanques, desvincula<strong>da</strong> do processo ensi<strong>no</strong>aprendizagem,<br />

pode ser considera<strong>da</strong> uma violência ao direito<br />

que todos têm de uma Educação Básica. Não há sentido, na


educação obrigatória, selecionar e classificar o alu<strong>no</strong> como se<br />

fora um concurso ou vestibular. Não há por que promover a<br />

competição entre os alu<strong>no</strong>s, o direito de todos é prosseguir<br />

sem retrocessos. O alu<strong>no</strong> só deve competir com ele mesmo na<br />

busca do seu crescimento. Bloom (1983, p. 99) ain<strong>da</strong> adverte<br />

que,<br />

se a <strong>prática</strong> de utilização dos resultados somativos (...) não for planeja<strong>da</strong> e<br />

controla<strong>da</strong> com cautela, ela terá, <strong>no</strong> máximo, uma vali<strong>da</strong>de duvidosa e<br />

poderá causar <strong>da</strong><strong>no</strong>s irreparáveis, fazendo com que certos alu<strong>no</strong>s<br />

caminhem em direção a uma profecia de fracasso (...) o fracasso repetido<br />

pode destruirá confiança do alu<strong>no</strong> em sua própria capaci<strong>da</strong>de de<br />

rendimento.<br />

Por uma concepção democrática<br />

Em função do momento histórico-político que<br />

vivenciamos, queremos focalizar também a concepção<br />

democrática <strong>da</strong> avaliação. Falamos muito de democratização do<br />

ensi<strong>no</strong> (Luckesi analisa esta questão), e a avaliação <strong>da</strong><br />

aprendizagem por se constituir um ato educativo é uma <strong>prática</strong><br />

que não pode ficar fora desse <strong>contexto</strong>. Sendo assim, a escola<br />

pode se valer desse processo para desenvolver, a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia,<br />

oferecendo ao alu<strong>no</strong> oportuni<strong>da</strong>des que devem ser exerci<strong>da</strong>s<br />

através do:<br />

• direito de avaliar, não só de ser avaliado - todos<br />

que participam do processo devem ser avaliados;<br />

• direito de participar do processo - segundo<br />

Fleuri (1994, p.98), a avaliação "é o momento privilegiado de<br />

critici<strong>da</strong>de e criativi<strong>da</strong>de coletiva";<br />

• direito de ser ouvido - não para justificar o<br />

descompromisso, mas para tirar dúvi<strong>da</strong>s;<br />

• direito a informações - o que, como e quando será<br />

avaliado;<br />

• direito à negociação - sem rigidez estática,<br />

característica do processo classificatório;<br />

• direito a sigilo - sem comentários públicos <strong>da</strong>s<br />

falhas e dificul<strong>da</strong>des, e proclamação dos resultados, como é<br />

comum na avaliação classificatória. Isso inibe o alu<strong>no</strong> e pode<br />

ser motivo de conflitos e traumas.<br />

Não podemos omitir dessa concepção o compromisso de<br />

todos com o processo e com os resultados de forma consciente, o<br />

que se constitui o dever em um processo democrático de<br />

avaliação.<br />

Lüdke (1994, p.123) <strong>no</strong>s concita a um redirecionamento,<br />

para que a escola seja<br />

uma organização que permita ao alu<strong>no</strong> caminhar dentro de seu estágio e<br />

sem retrocessos, construindo seu conhecimento dentro de suas<br />

características pessoais e a avaliação tendo a função fun<strong>da</strong>mental de<br />

informar e <strong>da</strong>r consciência ao professor de como os alu<strong>no</strong>s estão<br />

caminhando nesse processo, para poder reorientá-lo e tomar as<br />

decisões mais cabíveis.<br />

Conforme foi apresentado neste tópico, as concepções<br />

de avaliação se apoiam em duas vertentes principais, com<br />

poucas nuanças. Umas se voltam para o produto - os<br />

resultados, provas, testes, <strong>no</strong>tas, com ênfase <strong>no</strong> quantitativo.<br />

Outras para o processo - a reflexão-ação, para a busca do<br />

conhecimento crescente, com ênfase <strong>no</strong> qualitativo. As<br />

funções estão subsidia<strong>da</strong>s na devi<strong>da</strong> concepção que se faz <strong>da</strong><br />

avaliação: classificatória ou diagnóstico-formativa. Apesar de<br />

Bloom apresentar uma visão de avaliação volta<strong>da</strong> para o<br />

tecnicismo, dá seguras orientações quanto às atribuições e à<br />

operacionalização de ca<strong>da</strong> função. O que precisamos, <strong>no</strong><br />

<strong>contexto</strong> de atuali<strong>da</strong>de do cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong>, é buscar<br />

entendimento para vivenciar um equilíbrio nas <strong>prática</strong>s<br />

<strong>avaliativa</strong>s, integra<strong>da</strong>s ao processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem,<br />

volta<strong>da</strong>s para uma maior abrangência pe<strong>da</strong>gógica, procurando<br />

atender a ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s suas funções <strong>no</strong> devido momento. E<br />

como está a escola vivenciando <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong> a <strong>prática</strong> <strong>da</strong><br />

avaliação <strong>da</strong> aprendizagem? O capítulo seguinte <strong>no</strong>s remeterá<br />

a considerações sobre este aspecto.


FERREIRA, Lucinete. O <strong>contexto</strong> <strong>da</strong> <strong>prática</strong> <strong>avaliativa</strong> <strong>no</strong><br />

cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong>. In FERREIRA, Lucinete. Retratos <strong>da</strong><br />

Avaliação: conflitos, desvirtuamentos e caminhos para a<br />

superação. Porto Alegre: Mediação, 2002.<br />

2. O CONTEXTO DA PRÁTICA<br />

AVALIATIVA NO COTIDIANO ESCOLAR<br />

Reflexões sobre avaliação <strong>escolar</strong><br />

Neste capítulo, optamos por uma reflexão do <strong>contexto</strong> de<br />

avaliação <strong>da</strong> aprendizagem, que se desenvolve <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong><br />

<strong>escolar</strong> e se efetiva através dos sujeitos diretamente<br />

relacionados ao processo. Em contraposição, apresentamos o<br />

procedimento mais viável, para tornar a ação mais compatível<br />

com a reali<strong>da</strong>de presente.<br />

A <strong>prática</strong> <strong>da</strong> avaliação que se fun<strong>da</strong>menta em concepções<br />

pe<strong>da</strong>gógicas mais tradicionais de<strong>no</strong>ta uma necessi<strong>da</strong>de de<br />

atualização. Por esta razão, a avaliação <strong>da</strong> aprendizagem<br />

<strong>escolar</strong> tem sido um tema de relevância nas discussões de<br />

âmbito educacional na última déca<strong>da</strong>. Livros e artigos de<br />

autores de re<strong>no</strong>me nacional têm sido publicados com este tema<br />

em destaque, mas ain<strong>da</strong> não o suficiente para atingir um<br />

"universo" tão amplo, com um assunto complexo, de tal forma<br />

que seja incorporado de maneira contextualiza<strong>da</strong> <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong><br />

<strong>escolar</strong>, conforme concepções mais atualiza<strong>da</strong>s de educação e<br />

do processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem.<br />

Com a frequência e como o tema vem sendo abor<strong>da</strong>do,<br />

<strong>no</strong>tamos que há uma inquietação e uma insatisfação com o que<br />

vem ocorrendo <strong>no</strong> <strong>contexto</strong> <strong>escolar</strong>, em função dos componentes<br />

do processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem (objetivos, conteúdo e<br />

metodologia), com reflexo direto <strong>no</strong> processo de avaliação e<br />

quanto aos conflitos e tensões gerados por um processo<br />

avaliativo desvirtuado, que incide diretamente sobre o fracasso<br />

<strong>escolar</strong>. 1 Sendo assim, <strong>no</strong>vas concepções de avaliação vêm sendo<br />

aos poucos incorpora<strong>da</strong>s à <strong>prática</strong> docente em oposição à<br />

concepção tradicional que era centra<strong>da</strong> não em valores e critérios<br />

de desempenho do alu<strong>no</strong>, mas em <strong>no</strong>rmas. O alu<strong>no</strong> começa a ser<br />

visto como ser único, não mais comparado a outros, mas com o seu<br />

próprio desempenho, e valorizam-se outros instrumentos de<br />

avaliação, para que esta seja um dos meios para tornar o<br />

processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem mais efetivo.<br />

Vivemos em época de rápi<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças, e o "<strong>no</strong>vo" <strong>no</strong>s<br />

surpreende a ca<strong>da</strong> dia, mas a <strong>prática</strong> pe<strong>da</strong>gógica acompanha a<br />

passos lentos esse <strong>contexto</strong>, e a avaliação <strong>da</strong> aprendizagem<br />

caminha mais lentamenta ain<strong>da</strong>. Muitos professores não estão<br />

conformados com esta situação e acham que é tempo de mu<strong>da</strong>r<br />

em face ao <strong>contexto</strong> que envolve o processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem<br />

e, em particular, o alu<strong>no</strong>, sujeito relevante do ato educativo.<br />

Segundo Werneck (1995, p.67), o processo não é fácil porque<br />

"qualquer mu<strong>da</strong>nça exige trabalho, convicção, suporte econômico<br />

e muita vocação".<br />

Mesmo consciente dessa situação, o professor ain<strong>da</strong><br />

pratica uma avaliação <strong>no</strong>s moldes tradicionais. Sendo o professor<br />

o principal responsável para operacionalizar essa mu<strong>da</strong>nça, é<br />

preciso que tenha base consistente em uma teoria de<br />

aprendizagem que lhe <strong>no</strong>rteie os rumos, pois, para mu<strong>da</strong>r a<br />

avaliação, é necessário rever os outros aspectos que envolvem o<br />

processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem. Muitos desconhecem o que é<br />

proclamado sobre <strong>no</strong>vas concepções de avaliação, e os que estão<br />

conscientes vivem uma contradição na sua <strong>prática</strong>, comprova<strong>da</strong><br />

através do que é registrado <strong>no</strong>s pla<strong>no</strong>s de curso e o que é<br />

1 Fracasso <strong>escolar</strong>- o <strong>contexto</strong> aqui não se refere somente à reprovação ou à<br />

evasão <strong>escolar</strong>, mas também às conseqüências pessoais <strong>da</strong> aprendizagem<br />

e até <strong>no</strong> futuro profissional do alu<strong>no</strong>.


operacionalizado, não só <strong>no</strong>s momentos de avaliação, mas também<br />

em todo o processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem.<br />

Colocamos uma responsabili<strong>da</strong>de muito grande sobre o<br />

professor, quanto à contextualização do processo de avaliação,<br />

que reflita os <strong>no</strong>vos parâmetros <strong>da</strong> educação. Alheios à sua<br />

vontade, existem muitos fatores determinantes, quer de ordem<br />

pessoal ou institucional, que dificultam uma <strong>prática</strong> <strong>avaliativa</strong><br />

coerente com <strong>no</strong>vas concepções.<br />

A cultura <strong>avaliativa</strong> do atual <strong>contexto</strong> <strong>escolar</strong> concebi<strong>da</strong><br />

como um fim e não como um meio para viabilizar o processo<br />

educativo, ocupa papel central sobrepondo-se à própria<br />

aprendizagem, por isso que ain<strong>da</strong> existe muita resistência à<br />

mu<strong>da</strong>nça por parte de professores, alu<strong>no</strong>s, pais, escola, e o próprio<br />

sistema <strong>escolar</strong>, que criam obstáculos para as propostas<br />

i<strong>no</strong>vadoras de avaliação. Questionamos a disciplina e a<br />

significação <strong>da</strong> aprendizagem por conta de uma avaliação<br />

mediadora.<br />

A <strong>prática</strong> <strong>da</strong> avaliação <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong> pouco tem a<br />

ver com o ver<strong>da</strong>deiro sentido <strong>da</strong> avaliação. Usamos a<br />

de<strong>no</strong>minação avaliação, mas <strong>no</strong>s valemos de provas e testes,<br />

por serem mais compatíveis com o <strong>contexto</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e<br />

"mais fácil" de serem executa<strong>da</strong>s. Essa <strong>prática</strong> corre o risco de<br />

não ser confiável, considerando os desvios aos quais este<br />

procedimento está sujeito. Como sugere Luckesi (1995), provas e<br />

exames servem apenas para verificar o grau ou nível de<br />

desempenho em apenas um aspecto do desenvolvimento do<br />

alu<strong>no</strong>.<br />

Os desvios considerados na avaliação através de provas<br />

referem-se ao que é constante na elaboração do instrumento sem<br />

critérios didáticos; à aplicação em clima ritualístico, que envolve o<br />

estado emocional do alu<strong>no</strong>, desvirtuando os resultados e também o<br />

grande índice de fraudes (cola), tornando a avaliação sem<br />

vali<strong>da</strong>de significativa para atender a seus pressupostos básicos.<br />

Não <strong>no</strong>s referimos nesse <strong>contexto</strong> ao instrumento em si, pois tem<br />

sua vali<strong>da</strong>de a depender do nível <strong>escolar</strong> e os propósitos a que<br />

se destina.<br />

A grande falha <strong>da</strong> <strong>prática</strong> <strong>da</strong> avaliação, além do <strong>contexto</strong><br />

referido, está em valer-se prioritariamente <strong>da</strong> função<br />

classificatória em detrimento <strong>da</strong>s demais funções. Luckesi<br />

(1995, p.34) assim confirma esta posição:<br />

A atual <strong>prática</strong> <strong>da</strong> avaliação <strong>escolar</strong> estipulou como função do ato de<br />

avaliar a classificação e não o diagnóstico como deveria ser<br />

constitutivamente. Ou seja, o julgamento do valor que teria função de,<br />

possibilitar uma <strong>no</strong>va toma<strong>da</strong> de decisão sobre o objeto avaliado,<br />

passa a ter a função estática de classificar um objeto ou um ser<br />

huma<strong>no</strong> histórico num padrão definitivamente determinado.<br />

A função <strong>da</strong> avaliação fica descaracteriza<strong>da</strong> quando a<br />

ênfase é <strong>da</strong><strong>da</strong> apenas ao aspecto classificatório. Segundo<br />

Ferreira (1992, p.4), deixa de "ser encara<strong>da</strong> como um meio de<br />

fornecer as informações sobre o processo, tanto para que o<br />

professor conheça os resultados de sua ação pe<strong>da</strong>gógica como<br />

para o alu<strong>no</strong> verificar seu desempenho".<br />

O cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong> está todo permeado por esta <strong>prática</strong><br />

<strong>avaliativa</strong> que se distanciou <strong>da</strong> função diagnóstica ou<br />

formativa.<br />

Esta função é negligencia<strong>da</strong> e desconsiderado o seu<br />

ver<strong>da</strong>deiro significado. A maioria dos professores encontra<br />

barreiras em desenvolver habili<strong>da</strong>des através <strong>da</strong> avaliação<br />

diagnóstica ou formativa, seja por questionamento dos pais e<br />

alu<strong>no</strong>s, pela subjetivi<strong>da</strong>de e o aspecto não quantificável <strong>da</strong><br />

função, ou pela dificul<strong>da</strong>de de medir o que é de natureza<br />

qualitativa, como atitudes, hábitos, destreza, valores, etc.<br />

A avaliação diagnóstica ou formativa pode ser realiza<strong>da</strong><br />

através dos mais variados instrumentos, até mesmo por provas e<br />

testes, desde que sejam encarados como elementos integrantes<br />

do processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem, não dicotomizados ou com<br />

feição ritualística. Muitas escolas proclamam, em suas propostas<br />

pe<strong>da</strong>gógicas, uma pretensa avaliação contínua, estando até<br />

mesmo registrado <strong>no</strong> regimento <strong>escolar</strong>, mas o que termina


acontecendo é um número sucessivo de testes ou falsas<br />

oportuni<strong>da</strong>des de promover o crescimento e atender às reais<br />

necessi<strong>da</strong>des do alu<strong>no</strong>. Neste <strong>contexto</strong> <strong>da</strong> avaliação, que<br />

deveria ser usa<strong>da</strong> como diagnóstico, acompanhamento e<br />

mediação <strong>da</strong> aprendizagem, passa a ser usa<strong>da</strong> como um fim,<br />

com objetivos promocionais. O professor dá a matéria, aplica<br />

um teste ou prova, muitas vezes realizados em situação de<br />

ansie<strong>da</strong>de, atribui a <strong>no</strong>ta e encerra o ato de avaliar. Um<br />

suposto processo contínuo de avaliação de<strong>no</strong>mina<strong>da</strong><br />

diagnóstica, mas com características de classificatória.<br />

O dia-a-dia <strong>escolar</strong> dá muito mais chances de observação,<br />

acompanhamento do desempenho e avaliação <strong>da</strong> aprendizagem<br />

do alu<strong>no</strong> do que apenas uma situação de testagem, pois,<br />

conforme Lúdke (1994, p.33), "ele aprende to<strong>da</strong> hora: na dúvi<strong>da</strong>,<br />

na pergunta, <strong>no</strong> relacionamento entre os colegas, <strong>no</strong> conteúdo<br />

trabalhado em turma, na dúvi<strong>da</strong> ou explicação do colega (...)<br />

Cabe à professora estar atenta a isso e favorecer a<br />

aprendizagem contínua".<br />

Outro aspecto relevante que também merece ser<br />

considerado e que pelas suas implicações deixa de atender à<br />

função educativa <strong>da</strong> avaliação é, segundo Sousa (1993),<br />

promover a <strong>prática</strong> discriminatória e seletiva, onde os<br />

socialmente favorecidos são capazes de prosseguir <strong>no</strong>s estudos<br />

e os vindos de classes sociais mais desfavoreci<strong>da</strong>s são<br />

eliminados do processo. Segundo Veiga (1996), distribui as<br />

desigual<strong>da</strong>des sociais, hierarquiza e estimula a competição, que<br />

se convertem em fracasso <strong>escolar</strong>, com seu espectro variado de<br />

conseqüências. Sousa (1993, p.110) confirma esta posição<br />

dizendo que "a avaliação do rendimento <strong>escolar</strong> tem se<br />

traduzido, nas escolas, em uma <strong>prática</strong> autoritária que legitima<br />

um processo de seletivi<strong>da</strong>de e discriminação de alu<strong>no</strong>s com<br />

conseqüências sociais e pessoais <strong>da</strong><strong>no</strong>sas, em na<strong>da</strong> coerente<br />

com a função que lhe foi atribuí<strong>da</strong>, de apoiar o aperfeiçoamento<br />

do ensi<strong>no</strong>".<br />

E ain<strong>da</strong> <strong>no</strong>s diz que, constitucionalmente, há oportuni<strong>da</strong>de<br />

igual para todos, mas, na <strong>prática</strong>, negamos as diferenças<br />

individuais dos alu<strong>no</strong>s e as decorrentes <strong>da</strong>s classes sociais<br />

provenientes.<br />

Após refletirmos sobre vários aspectos que envolvem a<br />

<strong>prática</strong> <strong>da</strong> avaliação <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong>, a dimensão como vem<br />

sendo discutido o tema, a necessi<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>nça para uma<br />

<strong>prática</strong> que tente corrigir os desvios a que o processo está<br />

sujeito e que aten<strong>da</strong> suas reais funções, é importante<br />

considerarmos como os sujeitos mais envolvidos <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>da</strong><br />

avaliação vivenciam esta <strong>prática</strong> e em que <strong>contexto</strong> ela se<br />

manifesta segundo a natureza do envolvimento de ca<strong>da</strong> um.<br />

A escola e a avaliação: uma posição reducionista?<br />

Pressupomos a escola como a instituição formal,<br />

constituí<strong>da</strong> pela socie<strong>da</strong>de incumbi<strong>da</strong> de promover o<br />

desenvolvimento integral <strong>da</strong>s crianças através do saber<br />

sistematizado. É nesse espaço instituído que os sujeitos se<br />

ocupam <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong>, com a produção do saber em to<strong>da</strong>s as<br />

dimensões do conhecimento huma<strong>no</strong>, a fim de preparar o alu<strong>no</strong><br />

para a vi<strong>da</strong>, de modo que se torne uma pessoa crítica e<br />

determina<strong>da</strong>.<br />

O preparo para a vi<strong>da</strong> que se manifesta nesse espaço é<br />

resultado <strong>da</strong>s decisões que alu<strong>no</strong>s e professores desenvolvem na<br />

busca de aprender. O aprender é produto <strong>da</strong>s relações que se<br />

estabelecem entre os indivíduos, através de suas experiências<br />

diferencia<strong>da</strong>s, de suas desigual<strong>da</strong>des, quer sejam sociais,<br />

culturais ou individuais. É nessa relação de desigual<strong>da</strong>de, <strong>no</strong><br />

entanto, que se manifesta o poder através <strong>da</strong>s <strong>prática</strong>s<br />

pe<strong>da</strong>gógicas instituí<strong>da</strong>s e operacionaliza<strong>da</strong>s <strong>no</strong> processo<br />

avaliativo.<br />

O ensi<strong>no</strong> é a principal função <strong>da</strong> escola e dentro do<br />

processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem, a <strong>prática</strong> <strong>avaliativa</strong> ocupa


espaço de fun<strong>da</strong>mental importância. Através de instrumentos<br />

como provas e testes, que têm a função de classificar o alu<strong>no</strong>, a<br />

avaliação é considera<strong>da</strong> momento de destaque. Luckesi (1995,<br />

p. 17) <strong>no</strong>s diz que "a avaliação <strong>da</strong> aprendizagem ganhou um<br />

espaço tão amplo <strong>no</strong>s processos de ensi<strong>no</strong> que <strong>no</strong>ssa <strong>prática</strong><br />

educativa <strong>escolar</strong> passou a ser direciona<strong>da</strong> por uma pe<strong>da</strong>gogia<br />

do exame".<br />

Nesse espaço conquistado, a <strong>prática</strong> <strong>avaliativa</strong> está<br />

fortemente presente, predominando sobre to<strong>da</strong>s as demais<br />

<strong>prática</strong>s vivencia<strong>da</strong>s na escola e, através dela, estabelecemos as<br />

relações de poder <strong>da</strong> escola e do professor. Criamos<br />

dispositivos pe<strong>da</strong>gógicos e <strong>no</strong>rmativos que regulam o<br />

procedimento de tal forma que, segundo Rogers (1985, p.20), "a<br />

relação professor-estu<strong>da</strong>nte perde sua quali<strong>da</strong>de de encontro de<br />

pessoa a pessoa, numa confusa rede de <strong>no</strong>rmas, limites e<br />

'objetivos' exigidos".<br />

A quali<strong>da</strong>de dessas relações bem poderia servir-se <strong>da</strong>s<br />

desigual<strong>da</strong>des como mecanismo para fortalecer o crescimento<br />

dos sujeitos através do processo dialético e não para legitimar<br />

as desigual<strong>da</strong>des evidencia<strong>da</strong>s através do processo de<br />

avaliação.<br />

Como a escola evidencia em seu cotidia<strong>no</strong> uma <strong>prática</strong><br />

<strong>avaliativa</strong> que se furta de seus pressupostos básicos?<br />

Consideremos a partir do modo como a avaliação <strong>da</strong><br />

aprendizagem é encara<strong>da</strong> na escola. Da forma como se<br />

processa e como um evento que encerra ca<strong>da</strong> ciclo de ensi<strong>no</strong>aprendizagem,<br />

mas, <strong>no</strong> parecer de Luckesi (1995, p.12), "a<br />

avaliação <strong>da</strong> aprendizagem não poderia continuar a ser trata<strong>da</strong><br />

como um elemento à parte, pois integra o processo didático do<br />

ensi<strong>no</strong>-aprendizagem como um de seus elementos<br />

constitutivos". Caracteriza-se como um ver<strong>da</strong>deiro ritual, onde o<br />

alu<strong>no</strong> é submetido a provas e exames para provar o que<br />

aprendeu.<br />

Nesse <strong>contexto</strong> to<strong>da</strong> a escola se organiza em função<br />

desse momento. Mu<strong>da</strong>-se de forma acentua<strong>da</strong> to<strong>da</strong> dinâmica de<br />

trabalho pe<strong>da</strong>gógico, ocupando grande parte deste, <strong>no</strong><br />

processamento desse ritual. A avaliação passa a ser<br />

considera<strong>da</strong> como um fim, sobrepujando a própria<br />

aprendizagem. Luckesi <strong>no</strong>s diz que, em tais condições, todos na<br />

escola têm suas atenções centra<strong>da</strong>s em prova, <strong>no</strong>ta, promoção<br />

em detrimento do ensi<strong>no</strong>-aprendizagem. A avaliação como<br />

meio para confirmar seus pressupostos básicos passa para<br />

outro pólo de interesse constante <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Para Souza<br />

(1993, p.97), "se o ritual é improdutivo quando se considera o<br />

papel <strong>da</strong> avaliação como meio de promover o aprimoramento<br />

pe<strong>da</strong>gógico, é produtivo e eficiente como meio de controlar e<br />

a<strong>da</strong>ptar as condutas sociais dos alu<strong>no</strong>s".<br />

Consideramos, ain<strong>da</strong>, que os momentos que dedicamos<br />

aos rituais de provas constituem-se ver<strong>da</strong>deiros pesadelos para<br />

muitos, como <strong>no</strong>s diz Pizzi (1995, p.36): "aparentemente tudo<br />

segue <strong>no</strong>rmalmente na escola, até que surgem os períodos <strong>da</strong>s<br />

avaliações. Todo trabalho desenvolvido durante meses fica<br />

exposto podendo perder-se em poucos dias".<br />

Evidenciamos, também, como o furtar-se de seu<br />

pressuposto básico, a maneira como a avaliação vem se<br />

desenvolvendo como uma <strong>prática</strong> "reprodutivista". A capaci<strong>da</strong>de<br />

de pensar do alu<strong>no</strong> tem sido embota<strong>da</strong>. O processo de ensi<strong>no</strong>aprendizagem<br />

reduz-se a uma seqüência de atos: transmitir -<br />

assimilar - memorizar - reproduzir conhecimentos. Na escola,<br />

esse processo ganha vi<strong>da</strong> através dos instrumentos de<br />

avaliação não problematizadores, com questões que induzem à<br />

memorização, sem um significado real para a vi<strong>da</strong> dos alu<strong>no</strong>s.<br />

Na escola, o conceito de ensinar é passar os conteúdos<br />

determinados e cobramos do alu<strong>no</strong> a reprodução desses<br />

conteúdos transmitidos através de provas e testes e a <strong>no</strong>ta<br />

como desti<strong>no</strong> final e como indicação <strong>da</strong> assimilação dos<br />

conteúdos.<br />

Quanto a esta posição, Ferreira (1992, p. 5) <strong>no</strong>s indica


que<br />

avaliar não é verificar a reprodução, mas fornecer as condições para que<br />

o alu<strong>no</strong> crie algo <strong>no</strong>vo. A avaliação deve ser momento de questionar, de<br />

problematizar, de "hipotetizar" o que já foi visto. O professor deve criar<br />

formas de avaliações que levem em consideração o raciocínio do alu<strong>no</strong>,<br />

sua capaci<strong>da</strong>de de produzir <strong>no</strong>vos conhecimentos.<br />

Além <strong>da</strong> posição reprodutivista, <strong>no</strong> que concerne aos<br />

conhecimentos, a escola desenvolve uma visão "reducionista"<br />

por reduzir a aspectos bem distintos o processo avaliativo.<br />

1. É reducionista quando ocorre em períodos bem distintos e<br />

determinados dentro do a<strong>no</strong>, que acabam sendo<br />

dicotomizados do processo educativo. A avaliação fica<br />

reduzi<strong>da</strong> a momentos estanques, não se caracterizando<br />

como um processo contínuo, presente em todos os<br />

momentos <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>escolar</strong>. Neste <strong>contexto</strong>, o ato de<br />

avaliar deixa de cumprir um de seus significativos<br />

pressupostos básicos - a função diag<strong>no</strong>sticadora. Para<br />

Werneck (1997, p.89) "muitas avaliações serão mais<br />

efetivas quando feitas durante o ato de aprender, porque<br />

facilitarão a imediata correção dos rumos".<br />

2. É um processo reducionista quando se detém <strong>no</strong> aspecto<br />

cognitivo <strong>da</strong> aprendizagem e, reduz-se, ain<strong>da</strong> mais,<br />

quando privilegia a memorização em detrimento dos<br />

outros aspectos <strong>da</strong> inteligência. O processo educativo é<br />

amplo e não deve recair exclusivamente na avaliação<br />

dos conhecimentos. O alu<strong>no</strong> é um todo integrado e os<br />

aspectos afetivos e habili<strong>da</strong>des fazem parte deste<br />

<strong>contexto</strong>. Por isso, para Carvalho (1987, p.342), "de<br />

pouca relevância é verificar o que o alu<strong>no</strong> aprendeu<br />

dentro <strong>da</strong>s matérias de ensi<strong>no</strong>. Se não podemos medir a<br />

criativi<strong>da</strong>de, os valores éticos, o ajustamento social, a<br />

capaci<strong>da</strong>de intelectual do educando - qual a importância<br />

de medir as informações ou as técnicas, simples<br />

objetivos do ensi<strong>no</strong>?"<br />

3. É reducionista quando valoriza a utilização do instrumento<br />

prova ou exame. No entanto, Ferreira (1992, p.5) <strong>no</strong>s orienta<br />

que "o professor deve estar atento para não<br />

empobrecer o seu processo avaliatório aplicando só um<br />

tipo de instrumento".<br />

4. Assume ain<strong>da</strong> posição reducionista quando o ato de avaliar<br />

reduz-se a uma apreciação final do desempenho do<br />

alu<strong>no</strong> para fins de classificação, como se este ato não se<br />

constituísse parte integrante do processo educativo.<br />

Segundo Goleman (1995, p.50), "devíamos gastar me<strong>no</strong>s<br />

tempo classificando crianças e mais tempo aju<strong>da</strong>ndo-as a<br />

identificar suas aptidões e dons naturais cultivados".<br />

Quando a escola assume uma postura onde o alu<strong>no</strong> é<br />

visto como um todo, como pessoa que age e interage,<br />

segundo Hoffmann (1997, p.21), "a avaliação deixa de<br />

ser momento terminal do processo educativo (como<br />

hoje é concebi<strong>da</strong>) para se transformar na busca<br />

incessante de compreensão <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des do<br />

educando e na dinamização de <strong>no</strong>vas oportuni<strong>da</strong>des de<br />

conhecimento".<br />

Apenas o alu<strong>no</strong> é avaliado...<br />

A escola também promove a visão unilateral <strong>da</strong> avaliação,<br />

garantindo que apenas um dos pólos seja avaliado por todos - o<br />

alu<strong>no</strong>. A avaliação, nesse <strong>contexto</strong>, é uma ação unidirecional <strong>no</strong> seu<br />

foco e <strong>no</strong> processo, pois só o alu<strong>no</strong> é sistematicamente avaliado.<br />

Uma proposta de avaliação centralizadora e autoritária como a<br />

que se percebe <strong>no</strong>rmalmente <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong> é uma proposta<br />

antidemocrática e se concretiza pelo poder que o professor detém<br />

sobre o alu<strong>no</strong>.<br />

Silva (1986) <strong>no</strong>s apresenta uma proposta democrática de


avaliação onde "todos avaliam todos", ou seja, a participação<br />

real de todos os envolvidos <strong>no</strong> processo. A sua proposta está<br />

basea<strong>da</strong> <strong>no</strong> tripé: alu<strong>no</strong>-professor-CTA (Corpo Técnico<br />

Administrativo). Essa proposta desloca o peso de decisão<br />

centraliza<strong>da</strong> <strong>no</strong> professor e corrige desvios autoritários.<br />

Ain<strong>da</strong> queremos destacar dois pontos que são evidentes <strong>no</strong><br />

cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong> e que aju<strong>da</strong>m a reforçar o aspecto tradicional <strong>da</strong><br />

avaliação.<br />

Primeiro destacamos o aspecto físico-dimensional e<br />

organizacional <strong>da</strong> sala de aula, onde um elevado número de<br />

alu<strong>no</strong>s está em fila, de costas uns para os outros, tendo à frente<br />

o professor como figura central. Esta situação prejudica não só<br />

o ato pe<strong>da</strong>gógico como induz a uma avaliação <strong>no</strong>s moldes<br />

tradicionais com sérios riscos de desvirtuamento do processo.<br />

Em segundo lugar, destacamos o processo burocrático, que<br />

a escola evidencia em seu cotidia<strong>no</strong>, onde há, segundo Silva<br />

(1996, p.20), uma "inversão entre as funções <strong>da</strong> avaliação: o<br />

registro burocrático sobrepondo-se à natureza pe<strong>da</strong>gógica de<br />

acompanhamento dirigindo mesmo to<strong>da</strong> organização do<br />

trabalho <strong>escolar</strong>." Os professores preocupados em cumprir uma<br />

exigência burocrática, <strong>no</strong> parecer de Hoffmann (1997, p.19),<br />

"estabelecem uma rotina de tarefas e provas periódicas<br />

desvincula<strong>da</strong>s de sua razão de ser <strong>no</strong> processo de construção<br />

do conhecimento", deixando de ser esta a sua função precípua.<br />

O problema não é o registro ou a <strong>no</strong>ta em si, mas sim a<br />

configuração desse ato. Esse procedimento burocrático<br />

descaracteriza a avaliação. Após as avaliações bimestrais, não<br />

importando quais os resultados obtidos, o professor procede o<br />

cumprimento <strong>da</strong> formali<strong>da</strong>de legal, exigi<strong>da</strong> pela escola - <strong>da</strong>r <strong>no</strong><br />

final do bimestre uma <strong>no</strong>ta ao alu<strong>no</strong>. A partir <strong>da</strong>í, continua na sua<br />

rotineira tarefa de "<strong>da</strong>r a matéria". Nesse pressuposto, a função<br />

pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong> avaliação praticamente inexiste, pois a toma<strong>da</strong> de<br />

decisão nesse caso é apenas classificar - aprovar ou reprovar.<br />

Para amenizar esta situação, a escola vale-se de um programa<br />

que supostamente recupera as deficiências de aprendizagem do<br />

alu<strong>no</strong>.<br />

A partir <strong>da</strong>s considerações feitas, quanto à função <strong>da</strong> escola<br />

como instituição pressupostamente determina<strong>da</strong> para o ensi<strong>no</strong> e<br />

parcialmente para a educação, <strong>no</strong>tamos que, <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong>,<br />

tem-se furtado de seus pressupostos básicos, em particular, <strong>no</strong> que<br />

se refere à avaliação <strong>escolar</strong> - <strong>contexto</strong> discutido nesse trabalho.<br />

Através do posicionamento reprodutivista, reducionista e unilateral<br />

do processo avaliativo, reforçado pelo aspecto físico-dimensional e<br />

organizacional dá sala de aula e o burocrático exigido pelo sistema,<br />

a escola evidencia <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong> uma <strong>prática</strong> sujeita a<br />

desvirtuamentos.<br />

A escola precisa reverter ou amenizar esse <strong>contexto</strong>, o que<br />

só será possível a partir do momento em que ela passar,<br />

segundo Rogers (1985, p. 197), a "respeitar e valorizar o<br />

estu<strong>da</strong>nte, compreender o que sua experiência <strong>escolar</strong><br />

representa para ele".<br />

Sejam quais forem as circunstâncias, é o professor que se<br />

constitui peça fun<strong>da</strong>mental para dinamizar e contextualizar o<br />

processo avaliativo ou torná-lo retrógrado. O tópico seguinte fará<br />

uma abor<strong>da</strong>gem acerca do papel do professor na dinâmica desse<br />

processo.<br />

A postura do professor frente à avaliação<br />

No cotidia<strong>no</strong> <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s escolas, o professor ain<strong>da</strong><br />

ocupa papel de destaque na dinâmica do processo ensi<strong>no</strong>aprendizagem,<br />

que se efetiva em um espaço privilegiado,<br />

instituído pela socie<strong>da</strong>de - a escola. É nesse espaço que o<br />

professor concretiza sua <strong>prática</strong> pe<strong>da</strong>gógica determina<strong>da</strong> pela<br />

sua experiência, seus valores, seu comprometimento, seu<br />

<strong>contexto</strong> social e onde vivência múltiplas interações.<br />

Com base nas abor<strong>da</strong>gens cognitivista e humanista,<br />

expressas em Mizukami (1986), o professor é aquele que:


• assume o papel de orientador. Ele conduz e orienta o<br />

processo, cria condições para que o alu<strong>no</strong> analise seu <strong>contexto</strong><br />

e produza cultura, conduz o processo de forma participativa,<br />

através do diálogo e <strong>da</strong> cooperação. Trata o alu<strong>no</strong> como pessoa<br />

concreta, determina<strong>da</strong> pelo seu <strong>contexto</strong> histórico e que<br />

o torna um ser individual;<br />

• assume o papel de facilitador <strong>da</strong> aprendizagem. Não é<br />

meramente um transmissor de conhecimentos. Cria condições<br />

para que o alu<strong>no</strong> apren<strong>da</strong>, <strong>da</strong>ndo-lhe assistência. Trata o alu<strong>no</strong><br />

como pessoa única e o aceita tal qual ele é.<br />

Como vimos, essas abor<strong>da</strong>gens se identificam em vários<br />

aspectos <strong>da</strong> <strong>prática</strong> pe<strong>da</strong>gógica e em especial <strong>no</strong> tratamento<br />

que o professor deve <strong>da</strong>r ao alu<strong>no</strong>, pessoa com quem interage,<br />

para consecução do processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem. E o<br />

professor, <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong>, como se identifica com esta <strong>prática</strong>?<br />

O que determina o seu desempenho?<br />

E nesse <strong>contexto</strong> que se concretiza uma <strong>prática</strong> de<br />

avaliação determina<strong>da</strong> pelo postulado teórico do professor e pela<br />

concepção que ele tem dessa <strong>prática</strong>. Esta posição está<br />

referen<strong>da</strong><strong>da</strong> por Ludke (1994, p. 30) na seguinte expressão:<br />

"certamente o que o professor faz em avaliação é condicionado<br />

pela concepção que tem desse processo mais amplo de ensi<strong>no</strong> e<br />

aprendizagem". É determina<strong>da</strong> também pela sua história, pela<br />

sua cultura e conjuntura social onde se desenvolveu. Para Cunha<br />

(1995, p.44), "aquilo que a pessoa diz ou faz está mol<strong>da</strong>do<br />

consciente ou inconscientemente pela situação social. São as<br />

experiências e as condições de vi<strong>da</strong> que fornecem a formação<br />

dos conceitos e do desempenho do indivíduo". To<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de do<br />

professor é um reflexo <strong>da</strong>quilo que ele vivenciou. Para a autora,<br />

"o fato de o professor ter tido uma educação autoritária e<br />

punitiva pode fazê-lo tentar repelir esta forma <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong><br />

docente mas pode também levá-lo a repetir esta <strong>prática</strong>". (p.36)<br />

Presumimos, com essa afirmação, que muitos professores<br />

tratam a avaliação <strong>da</strong> maneira como vivenciaram na sua<br />

experiência <strong>escolar</strong>. O que o professor pratica hoje é, segundo<br />

Hoffmann (1997, p.28), um<br />

reflexo do modelo de avaliação vivenciado enquanto educandos e dos<br />

pressupostos teóricos que embasaram seu curso de formação. Suas<br />

perguntas e respostas, seus exemplos de situações, os fantasmas<br />

relacionados a esta <strong>prática</strong> revelam princípios e metodologias de caráter<br />

fun<strong>da</strong>mentalmente sentencivo e, portanto, relacionados a procedimentos<br />

terminais e conclusivos.<br />

De acordo com a abor<strong>da</strong>gem humanista, o professor<br />

desenvolverá suas próprias estratégias de ensi<strong>no</strong> e usará sua<br />

capaci<strong>da</strong>de e criativi<strong>da</strong>de para a avaliação. Rogers (1985) <strong>no</strong>s<br />

diz que o educador eficiente desenvolverá seu estilo próprio<br />

para facilitar a aprendizagem dos seus alu<strong>no</strong>s e por inferência<br />

acrescentamos, para facilitar o processo de avaliação.<br />

Ain<strong>da</strong> que seja em uma postura tradicional, quando se<br />

exacerba o uso do instrumento prova, segundo Carvalho<br />

(1987, p.347) "o bom senso do professor o levará, então a optar<br />

por este ou por aquele meio de verificar a aprendizagem, e sua<br />

criativi<strong>da</strong>de irá impulsioná-lo a imaginar <strong>no</strong>vos meios, ou a<br />

conjugar, em uma prova, dois ou mais recursos".<br />

O trabalho que o professor desenvolve, além de<br />

determinado por sua concepção e postulado teórico, é fruto<br />

também <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de do cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong>. Acerca disto, <strong>no</strong>s diz<br />

Fleuri (1994, p.92): "sua atuação em sala de aula é<br />

profun<strong>da</strong>mente condiciona<strong>da</strong> pelo regimento <strong>da</strong> escola, pelas leis<br />

do ensi<strong>no</strong>, pelos sistemas burocráticos de controle, pelas<br />

relações de emprego".<br />

O professor vive em um ambiente complexo e desenvolve<br />

<strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong> pe<strong>da</strong>gógico uma ativi<strong>da</strong>de também complexa<br />

- a avaliação <strong>da</strong> aprendizagem. Nesse ato ele determina e é<br />

determinado pelo <strong>contexto</strong> de seus valores, pessoais e pela<br />

contingência institucional. É, em meio a essa complexi<strong>da</strong>de, que<br />

o professor se constitui peça fun<strong>da</strong>mental para operacionalizar o<br />

processo, sejam quais forem os parâmetros estabelecidos por<br />

ele ou pela instituição. Ao operacionalizar o seu ato pe<strong>da</strong>gógico,


através <strong>da</strong> avaliação, a maioria dos professores enfrenta<br />

dificul<strong>da</strong>des tanto de ordem pessoal quanto as que estão<br />

atrela<strong>da</strong>s ao sistema.<br />

Na ver<strong>da</strong>de, muitos professores não apresentam um<br />

entendimento claro sobre o ver<strong>da</strong>deiro significado e funções <strong>da</strong><br />

avaliação, ao expressarem sua concepção de avaliação, <strong>no</strong><br />

registro em seus pla<strong>no</strong>s, onde esta aparece prescrita apenas<br />

como obrigação burocrática e formal. Apesar de demonstrarem<br />

uma postura anti-tradicional, na <strong>prática</strong> o que acontece mesmo é,<br />

na sua maioria, aplicação de provas e testes com base <strong>no</strong>s<br />

aspectos cognitivos e privilegiando a memorização; não<br />

desenvolvendo, portanto, o pensamento, o raciocínio e a<br />

capaci<strong>da</strong>de de criação e de reflexão. White (1976, p. 140) diz<br />

que<br />

os professores devem induzir os alu<strong>no</strong>s a pensar, e a entender claramente<br />

a ver<strong>da</strong>de por si mesmo. Não basta ao mestre explicar, ou ao alu<strong>no</strong> crer;<br />

cumpre suscitar o espírito de Investigação, e o alu<strong>no</strong> ser atraído a<br />

enunciar a ver<strong>da</strong>de em sua própria linguagem, tornando assim evidente<br />

que lhe vê a força e faz a aplicação.<br />

Muitos criticam e até questionam a vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>prática</strong><br />

tradicional, demonstrando um grau de consciência quanto à<br />

questão, por isso se mostram ansiosos em reverter esse<br />

quadro, mas encontram dificul<strong>da</strong>des para tornar o processo<br />

avaliativo mais coerente com suas funções.<br />

Uma <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des bem presentes, na atuação do<br />

professor, é a falta de preparo específico e de atualização para<br />

exercer a difícil tarefa de avaliar, até mesmo em uma postura<br />

tradicional, onde prevalece o instrumento prova. Conforme <strong>no</strong>s<br />

diz Carvalho (1987, p.357), "a tarefa de avaliar não é fácil.<br />

Planejar uma boa prova; redigir com clareza e precisão uma<br />

questão objetiva; corrigir criteriosamente uma dissertação;<br />

interpretar de forma adequa<strong>da</strong> o valor de um teste são<br />

ativi<strong>da</strong>des complexas e que exigem bom preparo do professor".<br />

Para entender a necessi<strong>da</strong>de do preparo do professor <strong>no</strong><br />

aspecto didático <strong>da</strong> avaliação como um todo, Media<strong>no</strong>, citado em<br />

Veiga (1996, p. 164), <strong>no</strong>s diz que "é importante que o professor<br />

seja competente na elaboração de instrumentos de avaliação<br />

que meçam com confiança e vali<strong>da</strong>de todos os objetivos que<br />

visa alcançar".<br />

A falta de preparo do professor não é só <strong>no</strong> que diz respeito<br />

à desprofissionalização (o que gera descompromisso), mas até<br />

aqueles que passam por um curso de formação de professores ou<br />

licenciatura, onde o tema em questão é tratado de forma simplória e<br />

sem relevância. No preparo do professor, leva-se mais em conta os<br />

aspectos técnicos <strong>da</strong> avaliação, pouco se referindo ao <strong>contexto</strong><br />

social, psicológico e filosófico do processo em si. Ain<strong>da</strong> não <strong>da</strong>mos<br />

a devi<strong>da</strong> Importância a um assunto amplo e complexo, que se<br />

intrinca <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> do professor e serve como um marco de sua<br />

postura.<br />

No que diz respeito ain<strong>da</strong> ao preparo do professor, Kenski,<br />

citado em Veiga (1991, p.138),<br />

amplia estas considerações dizendo que o professor precisa possuir<br />

competência não apenas <strong>no</strong> domínio do conteúdo <strong>da</strong> disciplina a ser<br />

ministra<strong>da</strong>, mas, também, <strong>no</strong> conhecimento de propostas alternativas<br />

para trabalhar o conteúdo de maneira a ser aprendido, em suas relações<br />

complexas <strong>da</strong> melhor forma possível.<br />

White (1977, p.278) <strong>no</strong>s apresenta seu posicionamento<br />

quanto ao preparo e domínio de conhecimento do professor, para<br />

obtenção de melhores resultados de seu trabalho, afirmando que<br />

quanto mais tiver o professor de ver<strong>da</strong>deiro conhecimento, melhor será seu<br />

trabalho. A sala de aula não é lugar para trabalho superficial. Nenhum<br />

professor que esteja satisfeito com um saber superficial atingirá um elevado<br />

grau de eficiência (...) O ver<strong>da</strong>deiro professor não se contenta com<br />

pensamentos obtusos e memória inculta (...) Procura constantemente<br />

consecução mais eleva<strong>da</strong> e melhores métodos (...) Sua vi<strong>da</strong> é de<br />

contínuo crescimento.<br />

Para referen<strong>da</strong>r o que já foi citado sobre o preparo do<br />

professor, é preciso entender que esse preparo deve ser<br />

abrangente <strong>no</strong>s vários níveis de domínio do conhecimento. Luckesi,


citado em Can<strong>da</strong>u (1991, p. 26), <strong>no</strong>s diz que<br />

formar o educador, seria criar condições para que o sujeito se prepare<br />

filosófica, científica, técnica e afetivamente para o tipo de ação que vai<br />

exercer. Para tanto serão necessárias não só as aprendizagens<br />

cognitivas sobre os diversos campos do conhecimento que o auxilia <strong>no</strong><br />

desempenho do seu papel, mas - especialmente - o desenvolvimento de<br />

uma atitude, dialeticamente crítica sobre o mundo e sua <strong>prática</strong><br />

educacional (...) A sua constante atualização se fará pela reflexão<br />

diuturna sobre os <strong>da</strong>dos de sua <strong>prática</strong>.<br />

Necessi<strong>da</strong>de urgente de conscientização<br />

e comprometimento do professor<br />

A partir de tais considerações teóricas, é possível<br />

perceber que o professor exerce papel fun<strong>da</strong>mental, e que o seu<br />

preparo é necessário para que ele seja eficiente na ação<br />

pe<strong>da</strong>gógica e, em particular, na sua proposta de avaliação.<br />

Além do preparo deficiente do professor, outros<br />

aspectos emergem <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong>, alheios à sua vontade, mas<br />

que influenciam e interferem <strong>no</strong> processo avaliativo, de forma<br />

objetiva e subjetivamente. Por conta do <strong>contexto</strong> econômicosocial,<br />

o professor se vê obrigado a levar uma carga de trabalho<br />

que supera as condições mínimas necessárias para exercer sua<br />

ação pe<strong>da</strong>gógica, de forma eficiente. Muitas vezes, o professor<br />

se vê obrigado a trabalhar em várias escolas, em três tur<strong>no</strong>s,<br />

para sobreviver. Além disso, as condições pe<strong>da</strong>gógicas e<br />

estruturais ofereci<strong>da</strong>s pela escola, desde classes numerosas<br />

até uma proposta pe<strong>da</strong>gógica desatualiza<strong>da</strong> ou inexistente,<br />

limitam a ação do professor, ain<strong>da</strong> que ele seja bem preparado<br />

e comprometido.<br />

Diante do <strong>contexto</strong>, como pode o professor operacionalizar<br />

uma ação <strong>avaliativa</strong>, que se coadune com as necessi<strong>da</strong>des e<br />

peculiari<strong>da</strong>des do alu<strong>no</strong> e aten<strong>da</strong> os pressupostos básicos <strong>da</strong><br />

avaliação?<br />

Não podemos generalizar esta situação, mas há<br />

necessi<strong>da</strong>de de urgente conscientização e comprometimento do<br />

professor, <strong>da</strong> escola e até do sistema para tornar a avaliação um<br />

ato educativo. Fleuri (1994) <strong>no</strong>s diz que através <strong>da</strong> avaliação<br />

ficam evidentes o compromisso e o descompromisso; os<br />

equívocos e as ambigüi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> <strong>prática</strong> desempenha<strong>da</strong>.<br />

Por conta do <strong>contexto</strong> vivenciado <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong>,<br />

muitos professores valem-se <strong>da</strong> avaliação como uma arma,<br />

instrumento de punição, demonstração de poder e autori<strong>da</strong>de.<br />

Conforme Saul (1988, p. 48),<br />

a avaliação <strong>da</strong> aprendizagem defini<strong>da</strong> como uma <strong>da</strong>s dimensões do<br />

papel do professor, transformou-se numa ver<strong>da</strong>deira "arma", em um<br />

instrumento de controle que tudo pode. Através deste uso<br />

exacerbado do poder, o professor mantém o silêncio, a "disciplina"<br />

dos alu<strong>no</strong>s, ganha "atenção" <strong>da</strong> classe, faz com que os alu<strong>no</strong>s<br />

executem as tarefas de casa.<br />

Assim, o professor se utiliza dessa poderosa "arma" como<br />

suposto elemento motivador para conseguir a ordem e um clima<br />

favorável para a aprendizagem. Lima (1996, p.45) diz que<br />

"provavelmente a maior parte dos professores não conseguiria<br />

<strong>da</strong>r aula se não dispusesse do poder de reprovar".<br />

Ain<strong>da</strong> sobre este aspecto, Oliveira (1991, p.41) afirma que<br />

"a manutenção do clima de tensão, o medo parecem ser as<br />

grandes armas <strong>da</strong> escola e do professor".<br />

No exercício do seu poder e autori<strong>da</strong>de, o professor<br />

acaba por ferir princípios éticos de sua profissão <strong>no</strong> seu<br />

procedimento de avaliação:<br />

• quando ironiza respostas pessoais de seus alu<strong>no</strong>s em<br />

situação de prova ou em quaisquer instrumentos de<br />

avaliação;<br />

• quando não justifica seu julgamento - o alu<strong>no</strong> tem o<br />

direito de saber o porquê dos seus erros;<br />

• quando o alu<strong>no</strong> não tem a clareza dos resultados<br />

obtidos pela ambigüi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s correções, variabili<strong>da</strong>de de


critérios, em particular, nas questões subjetivas <strong>da</strong><br />

avaliação;<br />

• quando, por questões pessoais, age de tal forma que os<br />

alu<strong>no</strong>s se sintam "marcados", e o resultado se faz sentir<br />

<strong>no</strong> que se constitui o ponto-chave - a <strong>no</strong>ta. Reportandose<br />

à autori<strong>da</strong>de do professor, Souza (1993) <strong>no</strong>s diz que<br />

eles estabelecem regras segundo suas expectativas, <strong>da</strong>ndo<br />

um tratamento diferenciado aos alu<strong>no</strong>s;<br />

• quando aplica provas-surpresas - conforme <strong>no</strong>s diz Pizzi<br />

(1995, p.37), "o alu<strong>no</strong> tem o direito de saber o que e como<br />

será avaliado. Além de diminuir sua angústia, torna a<br />

<strong>prática</strong> pe<strong>da</strong>gógica do professor mais democrática";<br />

• quando subtrai pontos do valor obtido, como resultado do<br />

direito adquirido do alu<strong>no</strong>, pelas avaliações dos<br />

conhecimentos, por motivo de indisciplina ou outro aspecto<br />

do comportamento;<br />

• quando formula questões, em suas avaliações, que dão<br />

margem para interpretações várias ou sentido dúbio, questões<br />

capciosas ou do tema que não foi abor<strong>da</strong>do;<br />

• quando não tem critérios definidos e proclamados para<br />

sua ação educativa.<br />

Fica evidente, através do que foi exposto, conforme<br />

enuncia Cunha (1995, p.27), que "as relações de poder<br />

permeiam o papel do professor e são, ao mesmo tempo, causa<br />

e conseqüência <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de <strong>escolar</strong>".<br />

Além dos aspectos éticos que o professor acaba por ferir<br />

<strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong> e tantos outros que se afiguram conforme o<br />

<strong>contexto</strong>, para tornar os momentos de avaliação ain<strong>da</strong> mais<br />

tensos, o professor assume uma postura diferencia<strong>da</strong> do seu<br />

cotidia<strong>no</strong> <strong>da</strong> sala de aula. Mu<strong>da</strong> de comportamento. Oblitera<br />

até o relacionamento amigável. Às vezes assume postura<br />

estereotipa<strong>da</strong> como: óculos escuros para esconder a direção<br />

visual; an<strong>da</strong>r pela sala suavemente assobiando "aquela<br />

musiquinha" que atrapalha o raciocínio; subir na cadeira para<br />

inibir o alu<strong>no</strong> com sua vigilância exacerba<strong>da</strong>, etc. "Atrapalha o<br />

alu<strong>no</strong>, ter que lembrar de tudo com uma pessoa lhe vigiando."<br />

(Expressão de um alu<strong>no</strong> <strong>da</strong> 8 a série)<br />

Quanto à postura do professor nesse <strong>contexto</strong>, White<br />

(1976, p. 16) <strong>no</strong>s aconselha a agir com as crianças <strong>no</strong>s momentos<br />

de ativi<strong>da</strong>des, "sem lhes <strong>da</strong>r a impressão de serem vigia<strong>da</strong>s, e<br />

sem an<strong>da</strong>r de um lado para o outro com aspecto imponente,<br />

como se fosse um sol<strong>da</strong>do a montar guar<strong>da</strong> sobre elas".<br />

Após essas considerações sobre o professor, como peça<br />

fun<strong>da</strong>mental na operacionalização do processo de avaliação, cuja<br />

postura é produto de sua concepção, de seu <strong>contexto</strong> históricosocial,<br />

de sua <strong>prática</strong> na convivência de seu cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong>,<br />

coadjuvado pelas condições que a instituição proporciona para a<br />

consecução de sua ação pe<strong>da</strong>gógica, é importante que<br />

atentemos para a posição do alu<strong>no</strong> frente à avaliação, que será<br />

aspecto a ser analisado <strong>no</strong> tópico seguinte.<br />

O estado do alu<strong>no</strong> frente à avaliação<br />

No processo educativo, o alu<strong>no</strong>, sujeito para o qual os<br />

interesses <strong>da</strong> educação estão voltados, tem suas<br />

características peculiares destaca<strong>da</strong>s nas abor<strong>da</strong>gens<br />

pe<strong>da</strong>gógicas, que corroboram com o <strong>no</strong>sso posicionamento e<br />

que <strong>no</strong>s deram suporte para a fun<strong>da</strong>mentação desta pesquisa.<br />

Mizukami (1986) destaca estas características nas<br />

abor<strong>da</strong>gens cognitivista e humanista, cujos suportes teóricos se<br />

fun<strong>da</strong>mentam em Piaget e Rogers como figuras de destaque,<br />

em quem <strong>no</strong>s fun<strong>da</strong>mentamos para eluci<strong>da</strong>r <strong>no</strong>ssas proposições.<br />

A abor<strong>da</strong>gem cognitivista de perspectiva interacionista<br />

onde sujeito e mundo interagem, e o conhecimento é o produto<br />

dessa interação, o indivíduo, ou seja, o alu<strong>no</strong> é ser ativo –<br />

desenvolve ativi<strong>da</strong>des motoras verbais e mentais; é social - a


sociabili<strong>da</strong>de desenvolve aspecto integrador; é cooperativo -<br />

favorecido através de ativi<strong>da</strong>des em grupo; é individual - dentro<br />

do próprio grupo, onde desenvolve a sociabili<strong>da</strong>de e desenvolve<br />

suas ativi<strong>da</strong>des é ser único; é afetivo - necessi<strong>da</strong>de do ser para<br />

que a inteligência se desenvolva, é preciso que haja<br />

interdependência entre afetivi<strong>da</strong>de e aspectos cognitivos. Nessa<br />

abor<strong>da</strong>gem, o alu<strong>no</strong> goza de liber<strong>da</strong>de orienta<strong>da</strong> - onde se<br />

respeita seu ritmo próprio, seu modo de ser e agir, de pensar, de<br />

descobrir, de inventar.<br />

Na abor<strong>da</strong>gem humanista, o sujeito é ser único, total, o<br />

centro do processo, com potenciali<strong>da</strong>des e capaci<strong>da</strong>des a<br />

desenvolver. Segundo Carvalho (1987), a iniciativa, a<br />

responsabili<strong>da</strong>de, o espírito crítico, a cooperação, a criativi<strong>da</strong>de,<br />

a a<strong>da</strong>ptabili<strong>da</strong>de e a socialização é que devem ser vivencia<strong>da</strong>s<br />

em um ambiente <strong>no</strong> qual haja o mínimo de ameaças ao eu, para<br />

que a aprendizagem possa ser significativa. É na liber<strong>da</strong>de plena,<br />

em que se postula essa abor<strong>da</strong>gem e que deve ser entendi<strong>da</strong>,<br />

segundo Carvalho (1987, p.320), como uma "liber<strong>da</strong>de para viver<br />

a própria experiência, para sentir, para pensar, mas não para<br />

expressarem palavras tais sentimentos e pensamentos, quando<br />

tal supressão prejudica a própria pessoa, seu semelhante e a<br />

vi<strong>da</strong> social e muito me<strong>no</strong>s para agir, quando os atos também<br />

prejudicam o próprio indivíduo".<br />

Apesar de algumas posições diferencia<strong>da</strong>s, ambas as<br />

abor<strong>da</strong>gens consideram o alu<strong>no</strong> como ser total e único que deve<br />

per respeitado e valorizado.<br />

Diante do acima exposto, <strong>no</strong>tamos que o alu<strong>no</strong> é um ser<br />

com características próprias dotado de individuali<strong>da</strong>de, capaz<br />

de pensar e agir, e, para tanto, a escola e os professores devem<br />

estu<strong>da</strong>r cui<strong>da</strong>dosamente meios e disposição para a<strong>da</strong>ptar o<br />

processo de ensi<strong>no</strong>-aprendizagem e, conseqüentemente, a<br />

avaliação às suas necessi<strong>da</strong>des peculiares.<br />

É através do processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem que os<br />

indivíduos interagem e se relacionam <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>da</strong> sala de<br />

aula e <strong>da</strong> escola. Nessa premissa, o ato de avaliar é uma<br />

constante que favorece as relações, frente à avaliação,<br />

assumindo posições diferencia<strong>da</strong>s segundo suas peculiari<strong>da</strong>des e<br />

individuali<strong>da</strong>de e as variações do seu comportamento.<br />

Segundo Rogers (1985), é nesse ser que aprende que<br />

reside definitivamente o lócus <strong>da</strong> avaliação, ou seja, é o alu<strong>no</strong> o<br />

ponto central <strong>da</strong> avaliação, <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong> vivência esta<br />

<strong>prática</strong> através <strong>da</strong> exteriorização de seus valores devendo,<br />

portanto, ser avaliado como um todo. Essa totali<strong>da</strong>de passa às<br />

vezes desapercebi<strong>da</strong> pela escola e pelo professor que se detêm<br />

em desenvolver um processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem sem<br />

significado pessoal, não envolvendo todos os aspectos <strong>da</strong><br />

pessoa do alu<strong>no</strong>. Segundo Rogers (1985, p.29), "uma<br />

aprendizagem desse tipo envolve apenas a mente, é uma<br />

aprendizagem que se processa 'do pescoço para cima', não<br />

envolve sentimentos ou significados pessoais, não tem<br />

relevância para a pessoa integral".<br />

No cotidia<strong>no</strong> <strong>da</strong> avaliação, muitos professores dizem que<br />

avaliam o alu<strong>no</strong> todo ou tudo <strong>no</strong> alu<strong>no</strong>, e isso implica valorizar<br />

não somente aspectos cognitivos mas também os afetivos<br />

dentro do processo de ensi<strong>no</strong>-aprendizagem. É uma pretensa<br />

totali<strong>da</strong>de, pois <strong>no</strong> momento de avaliar o que se leva mais em<br />

conta é o aspecto cognitivo, direcionado mais especificamente<br />

para a memorização. O professor e a escola perdem excelentes<br />

momentos, que o dia-a-dia <strong>escolar</strong> apresenta, para avaliar seus<br />

alu<strong>no</strong>s. Os momentos <strong>da</strong>s aulas se constituem excelentes<br />

oportuni<strong>da</strong>des para avaliarmos o alu<strong>no</strong> como um todo: suas<br />

atitudes, seus valores, sua participação, seu interesse, sua<br />

vivência e experiência, seu relacionamento, seu espírito de<br />

iniciativa, sua postura, respeito e tantos outros atributos, além<br />

do seu desempenho intelectual. São excelentes momentos para se<br />

avaliar o alu<strong>no</strong> de forma prazerosa e não de forma angustiante. O<br />

alu<strong>no</strong> pode ser avaliado a partir de tarefas diversifica<strong>da</strong>s, de tudo<br />

o que ele produz como expressão do seu conhecimento. Nesse


<strong>contexto</strong>, a avaliação assume posição mediadora e diagnóstica<br />

tão bem defendi<strong>da</strong> por Hoffmann (1993) e Luckesi (1995),<br />

postulado com a qual <strong>no</strong>s identificamos. Contrariamente,<br />

conforme Espirito Santo (1996, p.76),<br />

o sistema de provas desconsidera o corpo emocional do alu<strong>no</strong> que é<br />

submetido à violência de um ato de julgamento tantas vezes único. A<br />

carga trazi<strong>da</strong> pela ansie<strong>da</strong>de oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> expectativa do próprio alu<strong>no</strong><br />

acresci<strong>da</strong> <strong>da</strong>s expectativas familiares, tantas vezes marca<strong>da</strong>s pelo alu<strong>no</strong><br />

de castigos ou punições, ain<strong>da</strong> que velado, transforma uma simples<br />

prova em ver<strong>da</strong>deiro suplício.<br />

Um processo avaliativo desvirtuado: tensão e<br />

punição<br />

O estado emocional, a tensão e a punição <strong>no</strong>s quais o<br />

alu<strong>no</strong> se envolve, mediante situações de um processo avaliativo<br />

desvirtuado, parece não ser preocupação <strong>da</strong> escola e do<br />

professor, talvez por desconhecerem as conseqüências que<br />

podem acarretar para a vi<strong>da</strong> futura do estu<strong>da</strong>nte.<br />

Para melhor compreensão do <strong>contexto</strong>, queremos<br />

considerar brevemente estes aspectos. Em Golemam (1995,<br />

p.305) encontramos a definição de emoção "como qualquer<br />

agitação ou perturbação <strong>da</strong> mente, sentimento, paixão; qualquer<br />

estado mental veemente ou excitado". Acrescenta, ain<strong>da</strong>, que<br />

são estados psicológicos e biológicos que sem dúvi<strong>da</strong> são<br />

afetados diante de um estado emocional abalado. Diz que há<br />

centenas de emoções com suas combinações, variações,<br />

mutações e matizes. Destaca as famílias básicas de emoções<br />

com seu amplo espectro de variações. A ira, a tristeza, o medo<br />

(ansie<strong>da</strong>de, tensão, apreensão, nervosismo, preocupação,<br />

inquietação, etc.), o prazer, o amor, a surpresa, o <strong>no</strong>jo, a<br />

vergonha, etc. são exemplos dos intermináveis matizes de <strong>no</strong>ssa<br />

vi<strong>da</strong> emocional. Como <strong>no</strong>s diz Bolsanello (1986, p. 706), "a<br />

emoção cobre to<strong>da</strong>s as sensações e sentimentos que o ser<br />

huma<strong>no</strong> é capaz de experimentar".<br />

São situações emocionais agradáveis e desagradáveis, bom<br />

que o ser huma<strong>no</strong> convive <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong>. O alu<strong>no</strong> também<br />

vive seu dia-a-dia cheio de alegrias e prazer (ele gosta <strong>da</strong><br />

escola), mas <strong>no</strong>rmalmente são emoções desagradáveis as que<br />

ele enfrenta em situações de pretensas avaliações - provas - e<br />

que desde cedo já começa a experimentar, um estado emocional<br />

provocado por situações de avaliações, que bem poderiam ser<br />

evita<strong>da</strong>s ou ameniza<strong>da</strong>s.<br />

A ansie<strong>da</strong>de, por exemplo, é bem caracteriza<strong>da</strong> <strong>no</strong><br />

cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong> <strong>no</strong>s períodos destinados à avaliação. Ela<br />

arruína o intelecto fazendo com que a pessoa fracasse. Allen<br />

(1969) diz que os fatores emocionais interferem na leitura e na<br />

interpretação <strong>da</strong>s perguntas e que, para passar em um exame,<br />

deve-se estar bem física e mentalmente. E Goleman (1995,<br />

p.96-97) acrescenta que "a ansie<strong>da</strong>de também sabota todos os<br />

tipos de desempenho acadêmico (...) a apreensão pré-prova<br />

interfere com a clareza do pensamento e a memória necessárias<br />

para estu<strong>da</strong>r eficazmente e durante a prova perturba a clareza<br />

mental essencial para sair-se bem".<br />

Bolsanello (1986, p.810) <strong>no</strong>s diz que "a ansie<strong>da</strong>de e a<br />

tensão que é resultado do estado mental do indivíduo tem<br />

várias formas de se manifestar e as causas ou agentes de<br />

tensão tanto pode ser fisiológica quanto psicológica".<br />

A tensão, tal qual se manifesta <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong> do<br />

alu<strong>no</strong>, é <strong>no</strong>rmalmente passageira ou temporária e, através de<br />

manifestações várias, produz incapaci<strong>da</strong>de de concentração, que<br />

muito afeta o alu<strong>no</strong> na hora de uma prova. O mesmo autor<br />

(1986, p.811) <strong>no</strong>s diz que "a tensão pode afetar seriamente as<br />

crianças principalmente quando obriga<strong>da</strong>s a atingir metas a que<br />

elas próprias não se propuseram, mas sim seus pais ambiciosos<br />

e dominadores. Esse tipo de tensão pode acarretar graves<br />

problemas".<br />

A tensão também pode ser causa<strong>da</strong> pelo excesso de


trabalho ou estudo, <strong>no</strong> caso do alu<strong>no</strong> que <strong>no</strong>rmalmente se excede<br />

<strong>no</strong>s estudos na véspera de uma prova.<br />

Eliminar totalmente a tensão não é possível, porque ela<br />

faz parte do cotidia<strong>no</strong>, mas é possível reduzir os seus efeitos<br />

maléficos, como seria <strong>no</strong> caso de evitar que o alu<strong>no</strong> se<br />

excedesse <strong>no</strong>s estudos, mas adquirisse hábito de estudo<br />

constante em pequenas doses, favorecidos por um sistema de<br />

avaliação contínua.<br />

É interessante observar que a tensão é contagiosa, pois,<br />

segundo Bolsanello (1986, p.812), "a pessoa pode transmitir seu<br />

estado para outras pessoas. Ao revelar sua própria insegurança<br />

ou medo, consciente ou inconsciente, um indivíduo pode até fazer<br />

outras pessoas entrarem em pânico devido ao seu grau de<br />

tensão".<br />

É uma situação bem senti<strong>da</strong> na escola, que vivência uma<br />

proposta pe<strong>da</strong>gógica, onde a avaliação está volta<strong>da</strong> para<br />

provas e exames (famosas semanas de provas), quando<br />

alguns alu<strong>no</strong>s propensos à tensão emocional contaminam o<br />

ambiente <strong>escolar</strong> com seu comportamento alterado. Notamos<br />

a efervescência e a alteração <strong>da</strong> rotina <strong>escolar</strong>. O alu<strong>no</strong> sob<br />

um estado de tensão, mediante seu comportamento, pode<br />

contagiar os outros através de sua concepção desvirtua<strong>da</strong> de<br />

prova, histórias fantasiosas de professores, podendo levar uma<br />

classe inteira a pânico generalizado. Até a família é afeta<strong>da</strong><br />

quando um dos seus membros está sob tensão.<br />

Todos os aspectos acima descritos que envolvem os<br />

alu<strong>no</strong>s diante <strong>da</strong>s avaliações são resultantes do fator<br />

emocional causado pelo medo, medo de provas, medo <strong>da</strong>s<br />

<strong>no</strong>tas, medo do fracasso, medo <strong>da</strong> reprovação. Luckesi (1995,<br />

p.94) <strong>no</strong>s diz que "sob a forma de verificação tem se utilizado o<br />

processo de aferição <strong>da</strong> aprendizagem de uma forma negativa,<br />

à medi<strong>da</strong> que tem servido para desenvolver o ciclo do medo<br />

nas crianças e jovens, pela constante 'ameaça' de reprovação".<br />

O medo é uma reação emocional que envolve sentimento de<br />

desprazer, diante de uma situação específica, acompanha<strong>da</strong><br />

de modificações orgânicas. Segundo o autor (1995, p.24), o<br />

medo "produz não só uma personali<strong>da</strong>de submissa como<br />

também hábitos de comportamento físico tenso que conduzem<br />

às doenças respiratórias, gástricas, sexuais, etc. em função<br />

dos diversos tipos de estresses permanentes".<br />

De acordo com Goleman (1995), numa pessoa sob tensão<br />

emocional (ansie<strong>da</strong>de, medo), o sistema imu<strong>no</strong>lógico se torna<br />

mais vulnerável e o organismo fica mais indefeso, podendo o<br />

campo ficar mais aberto às doenças tais como: doenças<br />

infecciosas (resfriados, gripes, herpes), gastrintestinal (colite) e<br />

doenças inflamatórias do intesti<strong>no</strong>. Ele diz que, sob tensão<br />

emocional, as defesas do organismo, na maioria <strong>da</strong>s vezes,<br />

falham. O próprio cérebro está sujeito aos efeitos <strong>da</strong> tensão, o<br />

que inclui <strong>da</strong><strong>no</strong>s ao hipocampo 2 e, portanto à memória, além do<br />

desgaste do sistema nervoso.<br />

Pressões dentro e fora <strong>da</strong> escola<br />

Existem outras causas de ordem externa, que podem estar<br />

na escola ou fora dela, que afetam o alu<strong>no</strong>, resultando <strong>no</strong><br />

fracasso <strong>escolar</strong> com conseqüências <strong>da</strong><strong>no</strong>sas para a vi<strong>da</strong> do<br />

alu<strong>no</strong>, refletindo mais tarde na sua vi<strong>da</strong> profissional. Dentre<br />

outras, destacamos:<br />

• provas difíceis - segundo Luckesi (1991, p.83),"os<br />

professores utilizam-se <strong>da</strong>s provas como instrumento de<br />

ameaça e tortura prévia dos alu<strong>no</strong>s". Sendo este assunto<br />

uma <strong>da</strong>s categorias básicas desse texto, deixamos<br />

maiores considerações para o capítulo quatro;<br />

2 Saliência em forma de chifre, situa<strong>da</strong> <strong>no</strong> pavimento do ventrículo lateral do<br />

cérebro, por onde passam células nervosas.


• ameaças - o mesmo autor diz que a ameaça é um<br />

castigo antecipado (às vezes pior que o físico), tantas<br />

vezes utilizado pelo professor consciente ou<br />

inconscientemente, através de pequenas frases e até de<br />

linguagem não-verbal. Segundo San’Anna (1995, p.43)<br />

a avaliação, quer seja feita através de testes ou provas ou por ambos,<br />

deve realizar-se numa atmosfera que permita o crescimento do alu<strong>no</strong>, e<br />

não a criação de bloqueios. A própria limitação será melhor constata<strong>da</strong><br />

quando a estrutura e organização <strong>da</strong> aprendizagem for feita num ambiente<br />

completamente livre de ameaça.<br />

• rigidez excessiva - <strong>no</strong>rmalmente por parte do<br />

professor, que pode ser um obstáculo, quando o alu<strong>no</strong>,<br />

em pânico, esquece um <strong>da</strong>do importante, "dá um branco" e<br />

acaba se perdendo <strong>no</strong> <strong>contexto</strong> <strong>da</strong> avaliação.<br />

• punição e pressão - que podem assumir as mais varia<strong>da</strong>s<br />

formas na escola e na família. Em seu livro: "Exames, um<br />

livro para pais", Allen relata várias experiências de tragédias<br />

resultantes <strong>da</strong> forte pressão paterna. Confirmando esta<br />

situação, Machado (1995, p.32) diz que, ao longo <strong>da</strong><br />

história, pelo uso que se fez dessa <strong>prática</strong>, a avaliação "foi<br />

geradora de estigmas, de traumas, com conseqüências<br />

às vezes irreversíveis".<br />

• discriminação - é um aspecto social que também afeta o<br />

aspecto emocional do alu<strong>no</strong> e que pode conduzir ao<br />

insucesso. Muitas vezes, a escola ou o professor se vale do<br />

mecanismo dentro <strong>da</strong> <strong>prática</strong> <strong>da</strong> avaliação que acentua a<br />

seleção e a manutenção <strong>da</strong> hierarquia social. É o que comenta<br />

Sousa (1993; p. 104): "desigual<strong>da</strong>des sociais<br />

convertem-se em fracasso <strong>escolar</strong>". Da mesma forma, para<br />

Machado (1995, p.32), "o baixo rendimento <strong>escolar</strong> que<br />

serviu de base para reprovar o alu<strong>no</strong> não é superado com a<br />

repetição de série, e rotula o alu<strong>no</strong>, que experimenta<br />

um desequilíbrio emocional acompanhado de inibições e<br />

desânimo, estancando sua iniciativa, sua criativi<strong>da</strong>de, seu<br />

interesse e seu entusiasmo".<br />

• falta de preparo do alu<strong>no</strong> - não se pode negar que há um<br />

certo descompromisso do alu<strong>no</strong> com relação aos estudos e<br />

ao processo de avaliação. O seu compromisso é com a<br />

conquista de determinados conceitos - a <strong>no</strong>ta, e não dos<br />

conhecimentos. Isso se constitui um forte requisito para o<br />

seu fracasso. E por que o alu<strong>no</strong> não estu<strong>da</strong>? Onde está o<br />

problema? Com certeza as respostas seriam múltiplas e<br />

<strong>da</strong>riam lugar para longas reflexões o que não se pretende<br />

fazer neste trabalho. Mesmo assim, Rogers (1985, p.45)<br />

<strong>no</strong>s adverte que "criança alguma jamais deveria experimentar<br />

o senso do fracasso que é imposto por um sistema de <strong>no</strong>tas,<br />

pela crítica e pelo ridículo <strong>da</strong> parte dos professores e outras<br />

pessoas, pela rejeição que se dá quando ela se mostra<br />

lenta para aprender".<br />

Sem dúvi<strong>da</strong>, existem outras causas para o fracasso <strong>escolar</strong>,<br />

além <strong>da</strong>s que se originam dentre as que foram menciona<strong>da</strong>s, mas<br />

não queremos mais ampliar estas considerações. Citamos apenas<br />

ain<strong>da</strong> para enriquecer o acima exposto o que <strong>no</strong>s diz Allen (1969,<br />

p. 193): "tanto <strong>no</strong> adulto como na criança, o fracasso <strong>no</strong> exame é<br />

um choque terrível. Em primeiro lugar repercute-se na estima de si<br />

próprio e adquire-se em conseqüência um sentimento de<br />

incapaci<strong>da</strong>de".<br />

O outro aspecto que ain<strong>da</strong> queremos salientar a respeito<br />

do medo, muito bem caracterizado <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong> do<br />

alu<strong>no</strong>, é o que <strong>no</strong>s diz Bolsanello (1986, p.680): "o medo age,<br />

também como instrumento de persuasão (sic!) que vai desde o<br />

respeito pela professora primária até um roubo, assassinato,<br />

terrorismo". É não raro observarmos alu<strong>no</strong>s que respeitam,<br />

obedecem, são disciplinados, estu<strong>da</strong>m, cumprem os deveres, por<br />

medo. Até aí não se discute, é até considera<strong>da</strong> como atitude<br />

louvável do alu<strong>no</strong>, <strong>no</strong> entanto, o medo nesse sentido pode ir<br />

além do desejável, como por exemplo a fraude (cola), tão


generaliza<strong>da</strong> na escola e que o alu<strong>no</strong> dela faz uso quase<br />

naturalmente como arma para defender-se, ou mesmo por<br />

decisão própria. Assumindo proporções mais sérias, cita-se a<br />

agressivi<strong>da</strong>de que está se avolumando ca<strong>da</strong> vez mais na escola.<br />

Bolsanello (1986, p.679) assim se expressa, para caracterizar a<br />

relação entre o medo e a agressivi<strong>da</strong>de: "o medo é filho <strong>da</strong><br />

agressivi<strong>da</strong>de e a agressivi<strong>da</strong>de é filha do medo", e o alu<strong>no</strong> não<br />

pode se furtar às implicações que estão impregna<strong>da</strong>s <strong>no</strong><br />

cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong> através de procedimentos de avaliações e<br />

então ele age e reage frente a estas, conforme sua<br />

individuali<strong>da</strong>de e as características que lhe são próprias.<br />

Conforme foi apresentado até aqui, a avaliação é um<br />

processo difícil para todos que interagem <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>escolar</strong>,<br />

mas em especial para o alu<strong>no</strong> que sofre diretamente as ações <strong>da</strong>s<br />

situações de conflitos emocionais, com estigmas que podem lhe<br />

acompanhar pelo resto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Para confirmar esta posição,<br />

Goleman em seu livro "Inteligência emocional" relata experiências<br />

de pessoas adultas com sérios problemas de ansie<strong>da</strong>de, que<br />

dizem ter sua origem na escola.<br />

É tempo para significativas toma<strong>da</strong>s de decisões, quanto a<br />

encarar a avaliação de forma contextualiza<strong>da</strong>, onde o alu<strong>no</strong> se sinta<br />

satisfeito pelo conhecimento adquirido e demonstre prazer, prazer<br />

de saber, pois, conforme Bloom (1983, p. 63), "quando o alu<strong>no</strong><br />

domi<strong>no</strong>u um assunto e recebe indicações subjetivas e objetivas de<br />

que o fez, ocorrem profun<strong>da</strong>s modificações em sua maneira de<br />

encarar a si próprio e ao mundo".


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