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Texto da Entrevista - TV Ciência

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<strong>Entrevista</strong><br />

com<br />

Doutora Ana Cannas, Directora do Arquivo Histórico Ultramarino<br />

Licencia<strong>da</strong> em História, mestre em História Moderna de Portugal, Ana Cannas<br />

é ain<strong>da</strong> doutora<strong>da</strong> em <strong>Ciência</strong>s Documentais pelo University College of<br />

London, com uma tese sobre o tema Os Arquivos do Governo Português<br />

durante a permanência <strong>da</strong> Corte no Brasil, 1808-1821. Tese que será<br />

brevemente publica<strong>da</strong> pelo Instituto dos Arquivos Nacionais Torre do Tombo.<br />

Em Julho de 2005 assume o cargo de directora do Arquivo Histórico<br />

Ultramarino (AHU) depois de vários anos em funções na torre do Tombo onde<br />

desempenhou diversas activi<strong>da</strong>des de relevo. Talvez seja um dos maiores<br />

desafios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> profissional de Ana Cannas a direcção de um arquivo com um<br />

valioso acervo documental sobre a presença de Portugal nas antigas colónias e<br />

administração de possessões em todo o mundo. Numa época de mu<strong>da</strong>nças<br />

para uma socie<strong>da</strong>de de informação e de conhecimento onde os arquivos<br />

desempenham um papel importante na duali<strong>da</strong>de de conservar e tornar<br />

disponível to<strong>da</strong> a memória do passado, o AHU, integrado no Instituto de<br />

Investigação Científica Tropical, tem grandes responsabili<strong>da</strong>des pela frente.<br />

Para nos falar sobre algumas <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des do AHU temos hoje connosco a<br />

Doutora Ana Cannas.<br />

<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: Obriga<strong>da</strong> por ter aceite o nosso convite. Senhora Doutora, o<br />

Arquivo Histórico Ultramarino possui muita <strong>da</strong> documentação <strong>da</strong><br />

administração <strong>da</strong>s antigas colónias portuguesas. Pode <strong>da</strong>r uma descrição<br />

breve <strong>da</strong> documentação actual existente, qual a importância actual dessa<br />

documentação?<br />

Ana Cannas: A documentação do Arquivo Histórico Ultramarino cobre um<br />

período que vai desde meados do século XVII até 1974, 75. Tem<br />

documentação dos órgãos <strong>da</strong> administração e do governo, dos órgãos centrais<br />

<strong>da</strong> administração do espaço colonial português que abrange desde o Brasil a<br />

África Ocidental e Oriental, as possessões na Índia, em Timor e até Macau. É<br />

este o universo fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> documentação do AHU.


<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: Mas o AHU tem documentação que ain<strong>da</strong> está dispersa<br />

noutras activi<strong>da</strong>des?<br />

Ana Cannas: Há documentação sobretudo do período relativo ao século XX do<br />

Ministério do Ultramar e talvez alguma do Ministério <strong>da</strong>s Colónias e uma<br />

pequena parte do organismo imediatamente sucessor ao Ministério do Ultramar<br />

logo após o 25 de Abril que ain<strong>da</strong> não se encontra no AHU. A seguir a 25 de<br />

Abril de 74 com a extinção do Ministério do Ultramar, parte dessa<br />

documentação foi dispersa por organismos diversos <strong>da</strong> administração<br />

portuguesa por razões de utilização administrativa corrente <strong>da</strong> época e uma<br />

grande parte no contexto algo conturbado <strong>da</strong> época ficou à guar<strong>da</strong> em<br />

depósitos na altura não devi<strong>da</strong>mente administrados. Foi sendo incorpora<strong>da</strong> ao<br />

longo de finais dos anos 70, anos 80 e até ain<strong>da</strong> anos nos 90 e há, de facto,<br />

uma parte considerável que está hoje num anexo do Palácio <strong>da</strong>s Laranjeiras e<br />

que esperamos que venha a ser incorpora<strong>da</strong> talvez ain<strong>da</strong> neste ano ou num<br />

próximo ano.<br />

<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: Objectivos dos arquivos são, entre outros, conservar<br />

documentação e possibilitar o acesso ao público. Como é que isso está a<br />

ser feito no AHU?<br />

Ana Cannas: A conservação <strong>da</strong> documentação tem várias dimensões. Por um<br />

lado, criar as condições em termos de depósitos, em termos de ambientais<br />

para que a documentação, neste caso sobretudo em suporte de papel, alguma<br />

em pergaminho, pouca, mantenha a sua estabili<strong>da</strong>de em termos de<br />

conservação. Por outro lado, nalguma dela, por manuseamento, por tempo que<br />

passou, pelos próprios materiais utilizados no caso de documentação<br />

iconográfica ou cartográfica <strong>da</strong>s tintas, do tipo de cores que eram aplicados<br />

tem tendência a degra<strong>da</strong>r-se. Portanto, do ponto de vista <strong>da</strong> conservação, é<br />

preciso ter estas duas vertentes, uma de controlo geral e ambiental e de<br />

prevenção dos próprios agentes destrutivos nos suportes nos depósitos e essa<br />

é uma <strong>da</strong>s grandes facetas, hoje em dia, <strong>da</strong> área <strong>da</strong> conservação. Por outro,<br />

intervir, quando é necessário, em peças isola<strong>da</strong>s no sentido de estabilizar ou<br />

mesmo assegurar a não-posterior degra<strong>da</strong>ção dos documentos. Nesse âmbito,


o AHU tem não só pessoas que já trabalhavam na área, como, através de um<br />

programa do Instituto de Investigação Científica Tropical, bolseiras que têm<br />

vindo a desempenhar um papel na monitorização dos depósitos em termos de<br />

controle <strong>da</strong> temperatura e <strong>da</strong> humi<strong>da</strong>de e em termos de acções diversas de<br />

intervenção na documentação. No que diz respeito à divulgação <strong>da</strong><br />

documentação, ela passa, por um lado, por um conhecimento ca<strong>da</strong> vez maior<br />

do acervo, do que é que existe efectivamente dentro do AHU em termos de<br />

grandes séries documentais que, por sua vez, tem como suporte um elemento<br />

fun<strong>da</strong>mental em qualquer arquivo que é um roteiro topográfico <strong>da</strong><br />

documentação, isto é, saber o que temos e onde temos, em que depósitos é<br />

que temos, em que estantes, em que prateleiras é que temos essa<br />

documentação. Uma vez que a própria história de incorporação desta<br />

documentação levou a que muita <strong>da</strong> documentação viesse sem estar<br />

identifica<strong>da</strong>, a não ser em termos muito globais de que pertence ao Ministério<br />

do Ultramar ou pertencem ao Ministério <strong>da</strong>s Colónias, isso tem levado a que se<br />

torne mais moroso o trabalho de identificação mais detalha<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela<br />

documentação e que permita uma resposta mais imediata e mais pertinente<br />

aos diversos pedidos e são vários e são diferentes dos pesquisadores.<br />

Portanto, há estas duas vertentes. Evidentemente que a divulgação tem outros<br />

aspectos que passam depois pela publicitação do que existe no Arquivo<br />

através de vários eventos de cariz cultural ou outros e através <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong><br />

própria Internet.<br />

<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: E pode-nos dizer quais são os principais utilizadores do AHU<br />

e as principais áreas de interesse?<br />

Ana Cannas: Os <strong>da</strong>dos que temos e que nos permitem <strong>da</strong>r essa visão,<br />

relativamente ao ano de 2005, por exemplo, é que cerca de 65% dos<br />

utilizadores directos, portanto, na sala de leitura do AHU são portugueses,<br />

muitos dos quais em estudos de pós-graduação ou de doutoramento, 20% são<br />

oriundos de países lusófonos, relacionados com a CPLP mas não apenas,<br />

também com outras áreas de influência <strong>da</strong> língua portuguesa, cerca de 10% <strong>da</strong><br />

União Europeia e 5% de outros países, entre os quais, os EUA e o Canadá. Em<br />

geral, tratam-se de investigadores, mas não quer com isto dizer que não haja


também a sua pesquisa genealógica sem ser para fins científicos ou que<br />

venham procurar documentação para efeitos de prova, mas este é o universo<br />

geral dos utilizadores do AHU.<br />

No que diz respeito aos temas de pesquisa, para além <strong>da</strong> procura para efeitos<br />

de prova, seja no caso de ci<strong>da</strong>dãos que precisam de documentos para<br />

comprovar direitos relativos à Segurança Social ou outros e para efeitos de<br />

prova, por exemplo, em termos de soberania, de limites de territórios, podemos<br />

dizer que muita <strong>da</strong> documentação é ain<strong>da</strong> relativa ao período do Antigo<br />

Regime, até 1833, entre meados do século XVII e 1832. Mas,<br />

progressivamente, nos últimos anos e o que é natural, tem crescido a pesquisa<br />

e a procura <strong>da</strong> documentação não só do século XIX como do século XX e é aí<br />

que tem de ser feito também um investimento no sentido de descrever essa<br />

documentação e de a disponibilizar aos leitores. Os <strong>da</strong>dos estatísticos não são<br />

rigorosos, mas estas são as tendências de procura. Muitas vezes, os<br />

utilizadores não procuram mais documentação contemporânea porque ela, em<br />

diversos casos, é aquela que está menos descrita e menos conheci<strong>da</strong>.<br />

Portanto, à medi<strong>da</strong> que se vai disponibilizando também informação sobre ela, a<br />

procura cresce, de certa forma.<br />

<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: Hoje em dia fala-se muito de arquivos digitais, em tornar a<br />

documentação acessível pela Internet. Está a ser feito algo nesse sentido<br />

no AHU?<br />

Ana Cannas: Nesta fase, em termos de disponibilização via Internet ou com<br />

esse objectivo, o grande centro é o trabalho efectuado através do Programa<br />

Interministerial para o Tratamento do Património do próprio Instituto, incluindo,<br />

obviamente, o AHU. No caso do AHU, existe uma equipa desse programa que<br />

está, por uma lado, a identificar, de alguma forma e, sobretudo, a digitalizar<br />

fotografias, colecções fotográficas do próprio AHU. Essa é a grande área de<br />

actuação presente ao nível <strong>da</strong> formação de colecções digitais e <strong>da</strong> futura<br />

disponibilização dessas imagens no site do Instituto, obviamente, do AHU.


<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: A documentação do Arquivo pelas épocas e pelos espaços<br />

que abrange possui um valor que passa para além de Portugal. Como<br />

situa este património no contexto <strong>da</strong> memória e do mundo?<br />

Ana Cannas: De facto, a documentação do AHU tem essa característica muito<br />

particular. É que pela sua vertente de dimensão geográfica vasta diz respeito a<br />

outros países. Evidentemente, tem também informação relaciona<strong>da</strong> com o<br />

espaço europeu, Portugal não existe sem a sua relação com a Europa já desde<br />

o século XVII e até antes e hoje, mas tem uma forte ligação atlântica, africana e<br />

brasileira e, obviamente, todo o outro espaço até ao Extremo Oriente. Nesse<br />

sentido, a informação que existe na documentação do AHU, documentação<br />

textual, de carácter iconográfico, cartográfico, fotográfico e outra tem interesse<br />

e é procura<strong>da</strong> pelos outros países, por Angola, por Moçambique, pela Guiné-<br />

Bissau, pelo Brasil obviamente, Cabo Verde, Timor que ain<strong>da</strong> recentemente<br />

aquando, após a sua independência, nos fez vários pedidos de informação<br />

sobre documentação relativamente a Timor e que foram correspondidos, mas<br />

não só, to<strong>da</strong>s as semanas nos chegam pedidos de informação, por vezes, com<br />

carácter imediato para aspectos de construção que são necessários fazer em<br />

Angola ou em Moçambique em relação à documentação que nós temos no<br />

AHU, sobretudo, neste caso, à documentação contemporânea.<br />

<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: O IICT e a CPLP têm vindo a trabalhar junto <strong>da</strong> UNESCO para<br />

uma colaboração relativamente ao património do IICT. Como é que a<br />

UNESCO pode vir a auxiliar?<br />

Ana Cannas: A UNESCO pode vir a <strong>da</strong>r um importante contributo em relação<br />

ao acesso e à divulgação do património, poderemos dizer, enfim, de cariz<br />

lusófono, do património do IICT e obviamente do AHU nele incluído na medi<strong>da</strong><br />

em que, na noção de memória Comum, o seu eventual apoio ou conhecimento<br />

técnico desse património através de uma visita, através de informação que seja<br />

troca<strong>da</strong>, poder contribuir para projectos que se desenvolvam no sentido de <strong>da</strong>r<br />

a conhecer e de descrever o que existe relativamente a conjuntos documentais<br />

precisos. Eu falei há pouco dos pedidos que por vezes se colocavam ao<br />

Arquivo no sentido de obter informação sobre construção, por exemplo, de


escolas nos países africanos. Ora, nem to<strong>da</strong> essa documentação está<br />

devi<strong>da</strong>mente inventaria<strong>da</strong> e descrita e um projecto desse tipo com um apoio <strong>da</strong><br />

UNESCO terá outras possibili<strong>da</strong>des de divulgação e de caminho diferentes.<br />

<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: O AHU está integrado no Instituto de Investigação Científica<br />

Tropical. Falando de arquivo e investigação, existe alguma ligação?<br />

Ana Cannas: Existe, em todos os arquivos a ligação que se estabelece entre<br />

arquivo, entre a documentação e a memória que é possível construir através<br />

dela é forte. Na área <strong>da</strong>s ciências sociais e humanas é, de alguma forma, mais<br />

óbvia. O facto do AHU estar num instituto de investigação científica tropical tem<br />

um significado, uma importância e uma funcionali<strong>da</strong>de acresci<strong>da</strong> devido ao<br />

cariz eminentemente lusófono e abrangente do acervo. E eu dou-lhe um<br />

exemplo. Há um documento brasileiro durante a administração portuguesa no<br />

Brasil do final do século XVIII que descreve as madeiras <strong>da</strong> Bahia, apresenta<br />

os desenhos de várias árvores, que as caracteriza e lhes dá informação sobre<br />

as utilizações. Esse livro, neste momento, está a ser estu<strong>da</strong>do não apenas do<br />

ponto de vista <strong>da</strong> conservação, <strong>da</strong> composição <strong>da</strong>s cores para evitar a sua<br />

degra<strong>da</strong>ção, etc, mas também irão ser aproveita<strong>da</strong>s as valências, poderemos<br />

dizer, as competências do Instituto no domínio <strong>da</strong>s ciências naturais e <strong>da</strong>s<br />

ciências e humanas no sentido de trabalhar a partir desse documento. No caso<br />

<strong>da</strong>s ciências naturais e especificamente <strong>da</strong> Botânica, para tentar identificar<br />

algumas dessas madeiras na sua articulação até com a Xiloteca existente no<br />

Instituto, perceber que árvores são aquelas, que designações científicas é que<br />

têm hoje, a que madeiras é que correspondem na sua utilização do passado e<br />

no presente. No caso <strong>da</strong>s ciências humanas também. Na contextualização<br />

histórica <strong>da</strong>quele documento no âmbito <strong>da</strong>s missões científicas do final do<br />

século XVIII ao Brasil e a outras áreas tropicais.<br />

<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: A Doutora é directora do AHU desde Julho de 2005. Quais<br />

são, grosso modo, os seus principais objectivos?<br />

Ana Cannas: Os meus objectivos imediatos são uns, por um lado, estabilizar a<br />

gestão dos vários espaços do edifício, dos depósitos do AHU no sentido de


conhecer exactamente o acervo lá existente, disponibilizar esse conhecimento<br />

e de fazer a gestão dos espaços em termos de aproveitar as estantes que nós<br />

já temos no Arquivo <strong>da</strong> forma mais racionaliza<strong>da</strong> possível. São no sentido de<br />

aproveitar os recursos humanos e financeiros mesmo que eles sejam<br />

escassos, potencializar <strong>da</strong> melhor forma, isto é, procurar redimensionar as<br />

activi<strong>da</strong>des do Arquivo, conhecendo e aproveitando to<strong>da</strong>s as potenciali<strong>da</strong>des,<br />

conhecimentos e a experiência dos arquivistas que trabalham no AHU e dos<br />

outros profissionais e racionalizar esse conhecimento, procurando ir buscar<br />

conhecimentos especializados onde eles não existem. Esses são os grandes<br />

objectivos imediatos. Evidentemente que em termos de futuro e numa outra<br />

etapa, temos como objectivos realmente potencializar o acesso à<br />

documentação e à informação sobre a documentação via on-line. Esperemos<br />

que não seja num futuro muito distante, estamos a trabalhar para isso e nessa<br />

medi<strong>da</strong> estamos a estabilizar também o sistema informático existente no AHU.<br />

Um outro objectivo que tem o AHU é o de uma maior abertura do Arquivo ao<br />

exterior através de iniciativas diversas, de natureza cultural e científica, já<br />

tivemos algumas, uma primeira iniciativa em Janeiro deste ano depois de ser<br />

de alguma forma restaura<strong>da</strong> a acessibili<strong>da</strong>de ao espaço do Salão Pompeia que<br />

é um salão imóvel de interesse público, um espaço bonito e excelente para<br />

iniciativas deste tipo. Tivemos aí, em Janeiro, uma iniciativa relaciona<strong>da</strong> com a<br />

gestão de riscos. Posteriormente houve uma outra iniciativa também nesse<br />

espaço, portanto, sempre abertas ao público, relaciona<strong>da</strong> com o lançamento de<br />

uma obra do professor Jorge Borges de Macedo “Saber Continuar” no qual o<br />

Arquivo e o Instituto teve uma presença forte e que teve a presença também do<br />

Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros que precisamente, nas suas breves<br />

palavras, referiu e sublinhou a importância do AHU, do património do Instituto<br />

nas relações externas portuguesas e no trabalho de cooperação. Nós vamos<br />

continuar com iniciativas deste tipo, uma <strong>da</strong>s quais será dirigi<strong>da</strong> às crianças,<br />

um atelier de cores, pensamos ain<strong>da</strong> organizar uma exposição este ano e<br />

provavelmente uma ou outra sessão com investigadores que são utilizadores<br />

do AHU.<br />

<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: Este ano o Arquivo comemora 75 anos. Que importância<br />

prevê para o Arquivo no futuro?


Ana Cannas: O AHU celebra esse aniversário. Quando foi criado, tinha uma<br />

finali<strong>da</strong>de e um sentido determinado no sentido, sobretudo, de preservar a<br />

documentação relaciona<strong>da</strong> com as colónias e com os espaços de<br />

administração portuguesa ultramarinos desde o século XVII e de recolher a<br />

documentação que entretanto fosse produzi<strong>da</strong> pelo Ministério do Ultramar,<br />

organismo do qual dependia. Funcionava, também, como um arquivo definitivo<br />

do Ministério do Ultramar além de constituir-se como depósito legal, pelo<br />

menos durante vários anos, <strong>da</strong>s publicações relativas ao mundo ultramarino<br />

português. Hoje, a sua função diz mais respeito à área <strong>da</strong> cooperação. O<br />

contexto é outro, a própria vivência e reali<strong>da</strong>de política é outra e é tendo em<br />

conta essa mu<strong>da</strong>nça que o Arquivo projecta o seu futuro, isto é, de facto<br />

funcionar como um espaço ao qual os investigadores, as autori<strong>da</strong>des, os<br />

ci<strong>da</strong>dãos de diversos países, incluindo os dos países lusófonos ace<strong>da</strong>m para<br />

ter acesso a informações que são importantes para a sua identi<strong>da</strong>de enquanto<br />

indivíduos e identi<strong>da</strong>de enquanto países. E será para esse futuro que nós<br />

caminhamos já hoje.<br />

<strong>TV</strong> <strong>Ciência</strong>: Doutora Ana Cannas, obriga<strong>da</strong> pela sua presença e<br />

felici<strong>da</strong>des para o seu trabalho.<br />

Ana Cannas: Muito obriga<strong>da</strong>.

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