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O Livro dos Espíritos

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INTRODUÇÃO<br />

em quem com eles se ocupou, como a de Deus, <strong>dos</strong> anjos, do diabo, da fortuna, do poder,<br />

de uma arte, de uma ciência, da maternidade, de um sistema político ou social.<br />

Provavelmente, o louco religioso se houvera tornado um louco espírita, se o Espiritismo<br />

fora a sua preocupação dominante, do mesmo modo que o louco espírita o seria sob outra<br />

forma, de acordo com as circunstâncias.<br />

Digo, pois, que o Espiritismo não tem privilégio algum a esse respeito. Vou<br />

mais longe: digo que, bem compreendido, ele é um preservativo contra a loucura.<br />

Entre as causas mais comuns de sobre-excitação cerebral, devem contar-se as<br />

decepções, os infortúnios, as afeições contrariadas, que, ao mesmo tempo, são as causas<br />

mais frequentes de suicídio. Ora, o verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um<br />

ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, a par do futuro<br />

que o aguarda; a vida se lhe mostra tão curta, tão fugaz, que, aos seus olhos, as tribulações<br />

não passam de incidentes desagradáveis, no curso de uma viagem. O que, em outro,<br />

produziria violenta emoção, mediocremente o afeta. Demais, ele sabe que as amarguras da<br />

vida são provas úteis ao seu adiantamento, se as sofrer sem murmurar, porque ser<br />

recompensado na medida da coragem com que as houver suportado. Suas convicções lhe<br />

dão, assim, uma resignação que o preserva do desespero e, por conseguinte, de uma causa<br />

permanente de loucura e suicídio. Conhece também, pelo espetáculo que as comunicações<br />

com os <strong>Espíritos</strong> lhe proporcionam, qual a sorte <strong>dos</strong> que voluntariamente abreviam seus<br />

dias e esse quadro é bem de molde a fazê-lo refletir, tanto que a cifra muito considerável já<br />

ascende o número <strong>dos</strong> que foram deti<strong>dos</strong> em meio desse declive funesto. Este é um <strong>dos</strong><br />

resulta<strong>dos</strong> do Espiritismo. Riam quanto queiram os incrédulos. Desejo-lhes as consolações<br />

que ele prodigaliza a to<strong>dos</strong> os que se hão dado ao trabalho de lhe sondar as misteriosas<br />

profundezas.<br />

Cumpre também colocar entre as causas da loucura o pavor, sendo que o do<br />

diabo já desequilibrou mais de um cérebro. Quantas vítimas não têm feito os que abalam<br />

imaginações fracas com esse quadro, que cada vez mais pavoroso se esforçam por tornar,<br />

mediante horríveis pormenores? O diabo, dizem, só mete medo a crianças, é um freio para<br />

fazê-las ajuizadas. Sim, é, do mesmo modo que o papão e o lobisomem. Quando, porém,<br />

elas deixam de ter medo, estão piores do que dantes. E, para alcançar-se tão belo resultado,<br />

não se levam em conta as inúmeras epilepsias causadas pelo abalo de cérebros delica<strong>dos</strong>.<br />

Bem frágil seria a religião se, por não infundir terror, sua força pudesse ficar comprometida.<br />

Felizmente, assim não é. De outros meios dispõe ela para atuar sobre as almas. Mais<br />

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