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A Pátina do Filme - XXVI Simpósio Nacional de História

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DA REPRODUÇÃO CINEMÁTICA DO TEMPO...<br />

O problema da reconstituição histórica <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> através <strong>do</strong> cinema <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser,<br />

portanto, um problema relativo apenas ao limita<strong>do</strong> gênero <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s «filmes<br />

históricos» (ou period films, para usar a expressão anglo-saxã), para se revelar, talvez,<br />

como o problema central <strong>de</strong> toda a práxis cinematográfica. Há uma espécie <strong>de</strong> filosofia<br />

da história latente em to<strong>do</strong> e qualquer filme, mas tal filosofia não se apresenta sempre<br />

<strong>de</strong> forma idêntica ao longo da história <strong>do</strong> cinema, nem se confun<strong>de</strong> inteiramente com a<br />

presença ou ausência – no interior <strong>do</strong> texto fílmico – <strong>de</strong> uma forma qualquer <strong>de</strong><br />

representação <strong>do</strong> tempo ou da história: trata-se, antes, <strong>de</strong> um pensamento fílmico sobre<br />

a história que <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scortina<strong>do</strong> a partir da intricada relação que os filmes entretêm<br />

entre si ao longo <strong>de</strong> toda a história <strong>do</strong> cinema, tanto no plano técnico da reprodução<br />

cinemática como no plano estético da representação cinematográfica.<br />

Isto significa que o cinema reflete a história mais intensamente quan<strong>do</strong> reflete<br />

sobre si mesmo, ou seja, quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>tém sobre as suas contradições internas enquanto<br />

práxis comunicacional que se constitui na inerente <strong>de</strong>fasagem entre a reprodução<br />

(<strong>do</strong>cumental) e a representação (textual) <strong>de</strong> sua época histórica. A auto-reflexivida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

cinema não se constitui, portanto, apenas em uma sofisticada figura <strong>de</strong> linguagem ligada<br />

às experimentações mo<strong>de</strong>rnistas <strong>do</strong> cinema a partir <strong>do</strong>s anos 1950, mas sim em um<br />

vetor central da análise das relações (históricas) entre o cinema e a história, bem como<br />

da(s) forma(s) que o pensamento cinematográfico assumiu na tentativa <strong>de</strong> expressar<br />

essas relações.<br />

A questão da auto-reflexivida<strong>de</strong> no cinema, <strong>de</strong>masiadamente ampla para ser<br />

esgotada nos limites <strong>de</strong>ste artigo, reveste-se, portanto, <strong>de</strong> uma importância fundamental,<br />

pois a possibilida<strong>de</strong> acima indicada <strong>de</strong> articulação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo geral para a<br />

historicização da práxis cinematográfica só adquire senti<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> pensada a partir das<br />

questões historicamente colocadas por esta mesma práxis.<br />

Na tentativa <strong>de</strong> indicar quais seriam as linhas gerais <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo, <strong>de</strong>stacaremos<br />

agora três momentos significativos na história <strong>do</strong> cinema, tanto no que diz respeito ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento estético <strong>do</strong> cinema como uma forma <strong>de</strong> arte, como no que se refere à<br />

questão aqui abordada, ou seja, à relação que o cinema estabelece autor-eflexivamente,<br />

não só com sua própria história, mas, sobretu<strong>do</strong>, com a história maior que o contém.<br />

Anais <strong>do</strong> <strong>XXVI</strong> <strong>Simpósio</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> – ANPUH • São Paulo, julho 2011 12

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