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cristina alexandra monteiro de marinho teatro frances em portugal

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Royal ou dans les jardins du Lux<strong>em</strong>bourg...» (84),ou, ainda, nos bastidores dos <strong>teatro</strong>s. Mas<br />

se é verda<strong>de</strong> que «n<strong>em</strong> por suprimida a censura do Santo Ofício, o <strong>teatro</strong> recuperou a<br />

liberda<strong>de</strong>», dado que a Real Mesa Censória, instituída, como vimos, <strong>em</strong> 1768, «manteve os<br />

condicionamentos e as restrições que se opunham à sua livre respiração» (85), a verda<strong>de</strong> é<br />

que o Marquês <strong>de</strong> Pombal tomou medidas nutritivas para o <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>teatro</strong><br />

nacional: a criação <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> espectáculo, como a Ópera do Tejo, que o terramoto <strong>de</strong>struiu,<br />

os <strong>teatro</strong>s da Graça, do Salitre, da Rua dos Con<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> Queluz ; a reabilitação da profissão<br />

<strong>de</strong> actor através da, por assim dizer, «carta <strong>de</strong> alforria dos comediantes portugueses», na feliz<br />

expressão <strong>de</strong> Luiz Francisco Rebello, e a regulamentação dos <strong>teatro</strong>s públicos.Agora que<br />

Pombal espartilhou o <strong>teatro</strong>, e mais particularmente a recepção <strong>de</strong> dramaturgos <strong>frances</strong>es <strong>em</strong><br />

Portugal, parece <strong>de</strong>correr inegavelmente da mutilação <strong>de</strong> originais , como da manipulação<br />

das traduções que são uma constante <strong>de</strong> critérios sist<strong>em</strong>atizáveis, a partir da acção da Real<br />

Mesa Censória sobre o <strong>teatro</strong> <strong>em</strong> Portugal, na segunda meta<strong>de</strong> do século XVIII (87).<br />

O estudo do espólio respeitante à Real Mesa Censória, conforme afirma Costa Miranda,<br />

revela importantes contornos da história da crítica literária <strong>em</strong> Portugal e constitui uma<br />

perspectiva essencial na «caracterização e apreciação valorativa do nosso <strong>teatro</strong> do século<br />

XVIII, original ou traduzido, representado ou apenas escrito» (88). Des<strong>de</strong> logo, o seu exame<br />

confirma o que os vários estudiosos já haviam intuído e até afirmado quanto à sobrevivência<br />

longa do <strong>teatro</strong> espanhol, no século XVffi, <strong>em</strong> Portugal, no quadro concorrencial <strong>de</strong> um<br />

gosto que se renovava com os autores <strong>frances</strong>es, na tragédia e na comédia, e com os autores<br />

italianos, no drama para música (89). Jorge <strong>de</strong> Faria esboça a gradual difusão do <strong>teatro</strong><br />

francês, nas primeiras décadas do século XVIII, na proporção <strong>de</strong> uma agonia crescente do<br />

<strong>teatro</strong> espanhol (90). Mas verda<strong>de</strong>iramente eloquente, neste particular, afigura-se o Catálogo<br />

da Colecção <strong>de</strong> Miscelâneas <strong>de</strong> Teatro da Biblioteca Geral da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra,<br />

esclarecedoramente prefaciado por Aníbal Pinto <strong>de</strong> Castro, que chama a atenção para a<br />

abundância <strong>de</strong> autores <strong>de</strong> língua italiana, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo no nosso século XVIII, e sublinha<br />

a persistente presença dos autores <strong>de</strong> língua castelhana:<br />

« (-.)<br />

São os espanhóis, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Cal<strong>de</strong>rón <strong>de</strong> la Barca, cuja influência se pres­<br />

sente logo <strong>em</strong> numerosos títulos, mas que terá <strong>de</strong> ser objecto <strong>de</strong> meticu­<br />

loso estudo a incidir sobre as concepções <strong>de</strong> estrutura dramática, as op­<br />

ções t<strong>em</strong>áticas e o próprio estilo, a Agustin Moreto, José <strong>de</strong> Canizares,<br />

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