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crendices e religiosidade em contextos rurais do município de catalão

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MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E LÉXICO: CRENDICES E RELIGIOSIDADE EM<br />

CONTEXTOS RURAIS DO MUNICÍPIO DE<br />

CATALÃO (GO)<br />

Resumo<br />

Jozimar Luciovânio Bernar<strong>do</strong><br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas Socioambientais -NEPSA/CNPq<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Campus Catalão - UFG<br />

jozimarbernar<strong>do</strong>@yahoo.com.br<br />

Estevane <strong>de</strong> Paula Pontes Men<strong>de</strong>s<br />

Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas Socioambientais -NEPSA/CNPq<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Campus Catalão - UFG<br />

estevaneufg@gmail.com<br />

Este trabalho objetiva estabelecer relação entre língua e cultura, no meio rural, ten<strong>do</strong>, entre outros aspectos, o<br />

léxico como fator que melhor reflete o ambiente físico e social na língua. Realizou-se um levantamento <strong>de</strong><br />

referências que possibilitou a construção <strong>de</strong> um corpo teórico-conceitual sobre comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong>,<br />

<strong>religiosida<strong>de</strong></strong>, língua e cultura, nos âmbitos local e regional. Enten<strong>de</strong>-se que a língua funciona na socieda<strong>de</strong><br />

para comunicação <strong>do</strong>s seus m<strong>em</strong>bros, assim, é uma parte da cultura e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a cultura, pois a cada<br />

momento t<strong>em</strong> que expressá-la. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que por fatores sociais se entend<strong>em</strong> as várias forças da<br />

socieda<strong>de</strong> que moldam a vida e o pensamento das pessoas, po<strong>de</strong>-se afirmar que a <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> está nesse<br />

grupo, sen<strong>do</strong> também um fator cultural. Portanto, o léxico reflete e transmite cultura, uma vez que esta<br />

permeia o ambiente on<strong>de</strong> os sujeitos sociais se interag<strong>em</strong> e compartilham seus saberes e costumes adquiri<strong>do</strong>s<br />

durante a vida na socieda<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: Comunida<strong>de</strong>s Rurais. Léxico. Religiosida<strong>de</strong>. Catalão (GO).<br />

Introdução<br />

Este trabalho é vincula<strong>do</strong> aos estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> bolsa <strong>de</strong> iniciação<br />

científica PIBIC (2010-2011), com o suporte <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas<br />

Socioambientais (NEPSA/CNPq) da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Campus Catalão, e t<strong>em</strong><br />

continuida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento da bolsa <strong>do</strong> projeto “Monitoramento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

da população r<strong>em</strong>anejada pela formação <strong>do</strong> reservatório da UHE Serra <strong>do</strong> Facão”. O grupo,<br />

forma<strong>do</strong> por alunos da graduação e por mestran<strong>do</strong>s, possui projetos na área <strong>de</strong> Agricultura<br />

Familiar, Educação Ambiental, Desenvolvimento Urbano e Rural, b<strong>em</strong> como outras áreas<br />

afins, sob coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> professores <strong>do</strong>utores <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Geografia.<br />

Espera-se que esta pesquisa venha a contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s científicos<br />

interdisciplinares, visto que o conhecimento não é separa<strong>do</strong> e, sim, um conjunto que se explica e<br />

se completa, e t<strong>em</strong> sua divisão justificada para fins didáticos. Nesse senti<strong>do</strong>, eu como aluno <strong>do</strong><br />

1


curso <strong>de</strong> Letras e bolsista no curso <strong>de</strong> Geografia, busco unir as duas áreas <strong>de</strong> maneira que cada<br />

uma contribua, com suas respectivas variáveis, para a análise proposta.<br />

O interesse por esse assunto se <strong>de</strong>ve, <strong>em</strong> primeira instância, aos estu<strong>do</strong>s prévios realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

projetos <strong>de</strong> iniciação científica durante os perío<strong>do</strong>s 2009-2010 sobre agricultura familiar e as<br />

relações socioculturais que estes produtores estabelec<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong>. Nesse<br />

perío<strong>do</strong>, foram feitas leituras sobre o meio rural e aspectos culturais, <strong>de</strong>ntre eles, a<br />

<strong>religiosida<strong>de</strong></strong>. Outro ponto que suscitou a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> pesquisar o léxico religioso presente <strong>em</strong><br />

obras que pesquisam o meio rural, foi o fato <strong>de</strong> eu pertencer a esse mun<strong>do</strong>. Assim a pesquisa é<br />

uma oportunida<strong>de</strong> para conhecer mais profundamente a cultura da qual faço parte.<br />

Este estu<strong>do</strong> é relevante, pois permite conhecer el<strong>em</strong>entos da cultura rural relaciona<strong>do</strong>s à<br />

<strong>religiosida<strong>de</strong></strong>, que ainda resist<strong>em</strong> preserva<strong>do</strong>s no patrimônio cultural <strong>do</strong>s sujeitos e, <strong>do</strong> mesmo<br />

mo<strong>do</strong>, na língua utilizada por eles. A justificativa teórica fundamenta-se na importância <strong>de</strong> se<br />

reconhecer no discurso-cultural traços <strong>de</strong>ssa <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> a partir da sua lógica, uma vez que,<br />

o mun<strong>do</strong> rural é palco <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> riqueza cultural herdada e reproduzida por seus sujeitos no<br />

<strong>de</strong>correr da história, estes conservam na m<strong>em</strong>ória as práticas culturais, os ritos, as crenças, os<br />

valores e os costumes que fizeram e que, ainda, faz<strong>em</strong> parte da sua vida. Mesmo que esteja numa<br />

era atual, na qual gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ssa cultura está ameaçada pelo advento <strong>do</strong> Capitalismo ao<br />

campo, a cultura rural ainda resiste através <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po reinventan<strong>do</strong>-se, visto que as práticas<br />

culturais são construídas no seio das relações sociais conforme as circunstâncias <strong>em</strong> que o meio se<br />

encontra.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, este estu<strong>do</strong> visa compreen<strong>de</strong>r a relação entre língua e cultura e, ten<strong>do</strong> entre outros<br />

aspectos, o léxico como fator da língua que melhor reflete o ambiente físico e social <strong>em</strong> que os<br />

falantes se inser<strong>em</strong>, especificadamente nas falas transcritas <strong>de</strong> obras que tomaram, como objeto <strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong>, Comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> <strong>do</strong> <strong>município</strong> <strong>de</strong> Catalão (GO).<br />

Com base nessas consi<strong>de</strong>rações preliminares, na primeira seção objetiva-se ressaltar a relação<br />

entre língua e cultura, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista que a língua promulga as inter-relações da socieda<strong>de</strong>, e que,<br />

preservadas na m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong>s indivíduos, são anunciadas na comunicação cotidiana. A segunda<br />

seção trata <strong>do</strong> léxico, sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> signos linguísticos por meio <strong>do</strong>s quais o hom<strong>em</strong> se expressa e se<br />

comunica. Nele estão presentes traços <strong>de</strong> toda cultura <strong>de</strong> um povo. Desse mo<strong>do</strong>, o léxico é<br />

utiliza<strong>do</strong> nesse estu<strong>do</strong> como fator linguístico que melhor evi<strong>de</strong>ncia a <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> presente nas<br />

narrativas orais transcritas das obras tomadas como objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

2


A <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> é um importante marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> traços culturais e organização social da<br />

comunida<strong>de</strong>. Ostentada como referência <strong>do</strong>s indivíduos na construção <strong>de</strong> sua conduta, a<br />

<strong>religiosida<strong>de</strong></strong> é objeto <strong>de</strong> fundamentação da fé e das manifestações tradicionais que praticam. A<br />

partir disso, a última seção <strong>de</strong>ste trabalho se ocupa <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> sobre a natureza religiosa presente<br />

<strong>em</strong> algumas Comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> <strong>do</strong> <strong>município</strong> <strong>de</strong> Catalão (GO), e da análise, através da pesquisa<br />

bibliográfica, <strong>de</strong> como este aspecto cultural se manifesta na linguag<strong>em</strong> e na m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong>s sujeitos,<br />

especificadamente no léxico da língua utilizada por eles.<br />

Caminhos da pesquisa: etapas e procedimentos<br />

Uma pesquisa científica <strong>de</strong>ve ser guiada por um méto<strong>do</strong> que assegure seu <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

forma clara e objetiva. Segun<strong>do</strong> Santos (2004), a pesquisa científica é prioritariamente<br />

intelectual e a produção <strong>de</strong> conhecimentos é o resulta<strong>do</strong> mais importante. De acor<strong>do</strong> com o<br />

autor, a construção <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong>senvolve-se por etapas, estas se organizam num<br />

méto<strong>do</strong>, num caminho facilita<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo.<br />

A partir disso, primeiramente, realizou-se a pesquisa teórica e, <strong>em</strong> seguida, a pesquisa<br />

bibliográfica. A pesquisa teórica partiu <strong>de</strong> uma revisão bibliográfica (livros, artigos <strong>de</strong><br />

periódicos, Trabalhos <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso, relatórios (PROLICEN/PIBIC/PIVIC),<br />

dissertações, teses e sites) que possibilitou a construção <strong>de</strong> um corpo teórico-conceitual que<br />

aborda os t<strong>em</strong>as mais relevantes sobre comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong>: Men<strong>de</strong>s (2005); Gomes Jr e<br />

Men<strong>de</strong>s (2008); Venâncio (2008), <strong>religiosida<strong>de</strong></strong>: Rosendahl (1996); Men<strong>de</strong>s (2005); Duarte<br />

(2008); língua: Coelho (1997;2006;2008); Paula (2007); Pietroforte (2005); e cultura: Geertz<br />

(1989); Câmara Jr. (2004); Oliveira (2007); Duarte (2008), nos âmbitos local e regional.<br />

Para a pesquisa bibliográfica contou-se com o suporte <strong>de</strong> obras acadêmicas que trabalham<br />

com Comunida<strong>de</strong>s da zona rural <strong>de</strong> Catalão (GO), por meio <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>cumentos foi levanta<strong>do</strong><br />

um inventário <strong>de</strong> lexias, <strong>de</strong> natureza religiosa, recorrentes nos discursos <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res e ex-<br />

mora<strong>do</strong>res das Comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> analisadas por Men<strong>de</strong>s (2005), comunida<strong>de</strong>s Coqueiro,<br />

Mata Preta, Ribeirão e Morro Agu<strong>do</strong>/Cisterna; Soares (2006), pesquisa feita com sujeitos que<br />

saíram da zona rural e foram residir <strong>em</strong> Catalão (GO); Duarte (2008), comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong><br />

Olaria e Mata Preta; Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008), comunida<strong>de</strong>s Ribeirão, Mata Preta e<br />

Tambiocó; e Venâncio (2008), comunida<strong>de</strong> São Domingos.<br />

3


As obras analisadas versam sobre assuntos relaciona<strong>do</strong>s ao mun<strong>do</strong> rural; seus aspectos social,<br />

econômico, cultural, religioso, etc. Convém salientar que o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> transcrições <strong>de</strong> fala se<br />

difere <strong>de</strong> uma obra para outra, Venâncio (2008) e Men<strong>de</strong>s (2005) não transcreveram as falas<br />

<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os dialetos fala<strong>do</strong>s na zona rural, ou seja, a transcrição <strong>do</strong>s<br />

discursos não se <strong>de</strong>u <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que estes se realizaram, afinal cada autor lida com a<br />

transcrição das narrativas, sejam diretas ou indiretas, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a natureza <strong>de</strong> seu<br />

trabalho. Em Duarte (2008), Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) e Soares (2006) já foi possível<br />

perceber uma maior preocupação <strong>em</strong> preservar o dialeto rural nas transcrições.<br />

Língua(g<strong>em</strong>) e cultura<br />

Para introdução <strong>de</strong>sta seção torna-se necessário, antes <strong>de</strong> discutir a relação entre língua e<br />

cultura, realizar uma breve abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ambas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que se interpret<strong>em</strong> as teorias que as<br />

<strong>de</strong>fin<strong>em</strong> e as caracterizam. Assim, ficam mais claras as contribuições <strong>de</strong> cada uma para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong>.<br />

O conjunto associa<strong>do</strong> <strong>de</strong> fatores como tradições, valores morais, étnicos e religiosos, assegura<br />

a reprodução das comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong>, compon<strong>do</strong> a construção <strong>de</strong> uma vida e <strong>de</strong> toda uma<br />

história que combina terra, trabalho, família e quotidiano (MENDES, 2008). A autora dá<br />

<strong>de</strong>staque os agricultores familiares, e diz que to<strong>do</strong> o conjunto sociocultural é importante para<br />

reprodução das comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> e, <strong>de</strong>ntre os el<strong>em</strong>entos, ela cita a <strong>religiosida<strong>de</strong></strong>. De início,<br />

a<strong>do</strong>ta-se a suposição <strong>de</strong> que os el<strong>em</strong>entos religiosos e as <strong>crendices</strong> estão também<br />

representa<strong>do</strong>s na linguag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s sujeitos sociais, uma vez que, sen<strong>do</strong> aspectos <strong>do</strong> seu<br />

quotidiano, reflet<strong>em</strong>-se no sist<strong>em</strong>a linguístico <strong>do</strong>s falantes.<br />

Diante a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>finir cultura, vocábulo possui<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vários significa<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

diferentes <strong>contextos</strong>, cita-se aqui Paula (2008) <strong>em</strong> seu artigo <strong>em</strong> que fez breves consi<strong>de</strong>rações<br />

sobre cultura rural. O conceito <strong>de</strong> cultura utiliza<strong>do</strong> por ela faz-se bastante pertinente a<br />

proposta <strong>de</strong>ste trabalho, a autora <strong>de</strong>screve que:<br />

Cultura é o conjunto <strong>de</strong> práticas sociais, situadas historicamente, que se<br />

refer<strong>em</strong> a uma socieda<strong>de</strong> e que a faz<strong>em</strong> diferente <strong>de</strong> outra. Baseia-se na<br />

construção social <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s a ações, crenças, hábitos, objetos que passam a<br />

simbolizar aspectos da vivência humana <strong>em</strong> coletivida<strong>de</strong>. Construída<br />

socialmente no cotidiano das relações humanas d<strong>em</strong>anda que seja <strong>de</strong>finida<br />

no seio das relações sociais e históricas que a amparam e por ela são<br />

caracterizadas. (PAULA, 2008, p. 259).<br />

4


As <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> cultura são, muitas vezes, complexas e abrangentes, no entanto a citação<br />

acima auxilia a enten<strong>de</strong>r que a língua acrescenta el<strong>em</strong>entos da cultura e se insere nela, pois, é<br />

parte indissociável da existência, da vida <strong>do</strong>s falantes, das relações <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong> e como meio<br />

<strong>de</strong> representação da realida<strong>de</strong> (LIMA, 2010, p. 10). Então, cultura é o conjunto <strong>de</strong> práticas,<br />

saberes e valores que se reproduz<strong>em</strong> no seio das relações sociais, guardada no âmago da<br />

m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong> povo a que serve, a cultura se integra à língua e acresce el<strong>em</strong>entos nela.<br />

Coelho (2006, p. 19), ao discutir alguns aspectos e dimensões da linguag<strong>em</strong>, enten<strong>de</strong> que a<br />

linguag<strong>em</strong> é “[...] uma faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> simbolização e procedimento comunicativo, com a qual os<br />

homens diz<strong>em</strong> o mun<strong>do</strong> e se diz<strong>em</strong> uns aos outros [...]” e, para completar, diz que ela permite<br />

um intercâmbio social mais profun<strong>do</strong> das experiências vividas coletiva ou individualmente.<br />

Nessa perspectiva, Borba (2005, p. 2), <strong>em</strong> seu manual que preten<strong>de</strong> introduzir o leitor na<br />

disciplina Linguística, concorda com Coelho (2006) ao consi<strong>de</strong>rar que “[...] a linguag<strong>em</strong> é o<br />

mais eficiente instrumento <strong>de</strong> ação e interação social <strong>de</strong> que o hom<strong>em</strong> dispõe.”<br />

Num plano mais filosófico, Cassirer (2001), trata da filosofia das formas simbólicas e aborda<br />

que:<br />

a diferenciação e a separação, a fixação <strong>de</strong> certos momentos <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> através<br />

da palavra não se limitam a neles <strong>de</strong>signar uma <strong>de</strong>terminada qualida<strong>de</strong><br />

intelectual, mas, na verda<strong>de</strong>, lhes confer<strong>em</strong> esta qualida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da qual<br />

eles vêm a situar-se acima <strong>do</strong> mero imediatismo das qualida<strong>de</strong>s ditas sensíveis.<br />

Assim, a linguag<strong>em</strong> torna-se um instrumento espiritual fundamental, graças ao<br />

qual realizamos a passag<strong>em</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> das meras sensações para o mun<strong>do</strong> da<br />

intuição e da representação. (CASSIRER, 2001, p. 34).<br />

Portanto, enten<strong>de</strong>-se que a linguag<strong>em</strong> é um instrumento indispensável ao hom<strong>em</strong>, visto que é<br />

através <strong>de</strong>la que transpõe suas sensações <strong>do</strong> plano real para o plano da representação A<br />

linguag<strong>em</strong> é o meio pelo qual os sujeitos melhor se interag<strong>em</strong> socialmente e compartilham<br />

suas experiências, ou seja, é a expressão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real e <strong>do</strong> universo que cerca o sujeito, b<strong>em</strong><br />

como, está representada nos signos linguísticos. Borba (2005, p. 10), por sua vez, ressalva que<br />

a linguag<strong>em</strong>, sen<strong>do</strong> uma ativida<strong>de</strong> simbólica, opera com el<strong>em</strong>entos que representam a<br />

realida<strong>de</strong>, porém s<strong>em</strong> constituír<strong>em</strong> eles a realida<strong>de</strong> <strong>em</strong> si mesma. Assim sen<strong>do</strong>, os símbolos<br />

linguísticos representam a realida<strong>de</strong>, mas não a constitui. A parte que aborda os signos<br />

linguísticos está melhor evi<strong>de</strong>nciada na próxima seção que trata <strong>do</strong> léxico e suas principais<br />

características.<br />

5


No campo das representações simbólicas, realizada nos atos <strong>de</strong> fala, está a língua. De acor<strong>do</strong><br />

com Saussure, a fala opõe-se a língua porque esta é coletiva e aquela é particular, assim a<br />

língua é um da<strong>do</strong> social enquanto a fala é um da<strong>do</strong> individual (SAUSSURE apud<br />

PIETROFORTE, 2005, p. 81). Em sua obra que aborda a comunicação verbal e suas<br />

implicações didático-pedagógicas, Coelho (1977) concebe a língua como:<br />

[...] um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> símbolos vocaliza<strong>do</strong>s que exist<strong>em</strong> <strong>em</strong> disponibilida<strong>de</strong> na<br />

socieda<strong>de</strong> que a produziu; é a forma particular <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> específica<br />

perceber e re-organizar o universo perceptível - perceber, compreen<strong>de</strong>r e<br />

expressar o universo físico, cultural, real e imaginário: é, portanto, um<br />

acervo cultural historicamente forma<strong>do</strong>, codifica<strong>do</strong> num sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

simbolização convencional que a socieda<strong>de</strong> produz e guarda através da<br />

m<strong>em</strong>ória coletiva. (COELHO, 1977, p. 54).<br />

Então, Coelho (1997) enten<strong>de</strong> a língua como um acervo cultural historicamente constituí<strong>do</strong>, pois<br />

ela é o meio pelo qual a socieda<strong>de</strong> percebe, compreen<strong>de</strong> e expressa o universo físico. Por<br />

conseguinte, esse acervo cultural se forma na história; no <strong>de</strong>correr da vida o sujeito vai adquirin<strong>do</strong><br />

o sist<strong>em</strong>a linguístico e expressa, por meio <strong>do</strong> código linguístico, o universo on<strong>de</strong> vive e se<br />

relaciona com o ambiente e com os d<strong>em</strong>ais sujeitos.<br />

Borba (2005, p. 2-3) diz que “[...] a língua é uma necessida<strong>de</strong> social, é o laço que une e<br />

integra os indivíduos num mesmo universo; só ela dá acesso à vida cultural e espiritual.”<br />

Portanto, Borba (2005) esclarece que é a língua a responsável pela ação e interação social <strong>do</strong><br />

hom<strong>em</strong>, afinal é por meio <strong>do</strong>s signos linguísticos que os sujeitos sociais se comunicam e<br />

interag<strong>em</strong>. Pietroforte (2005, p. 81) <strong>de</strong>staca que a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> língua como sist<strong>em</strong>a é<br />

importante porque, através disto, Saussure <strong>de</strong>finiu um novo objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> para Linguística,<br />

<strong>de</strong>starte utiliza-se a língua neste trabalho como objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong> aos traços<br />

culturais que carrega nas significações <strong>do</strong>s signos linguísticos.<br />

Para melhor entendimento da relação entre língua e cultura, compete saber que ambas se<br />

inter-<strong>de</strong>fin<strong>em</strong> e se inter-relacionam. A respeito <strong>de</strong>sta relação Paula (2007) ressalta que:<br />

o mo<strong>do</strong> como se estrutura política e economicamente uma socieda<strong>de</strong> diz muito <strong>de</strong><br />

suas estruturas culturais; estas, por usa vez, só se faz<strong>em</strong> possíveis graças à<br />

elaboração cotidiana <strong>do</strong> arcabouço <strong>de</strong> m<strong>em</strong>ória coletiva, ao mo<strong>do</strong> que é concebida<br />

e ao estatuto que lhe é da<strong>do</strong>. Expressan<strong>do</strong> estas inter-relações, servin<strong>do</strong> a elas no<br />

cotidiano da comunicação humana e carregan<strong>do</strong> <strong>em</strong> seu funcionamento muito <strong>do</strong><br />

mo<strong>do</strong> como a socieda<strong>de</strong> se faz e se refaz está a língua. (PAULA, 2007, p. 88).<br />

Então, Paula (2007) <strong>de</strong>staca que a língua expressa as inter-relações da socieda<strong>de</strong>, e que estas são<br />

preservadas na m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong>s indivíduos que, por sua vez, expressam-na através da própria<br />

6


língua. A esse respeito, Câmara Jr. (2004, p. 289) afirma que a língua funciona na socieda<strong>de</strong><br />

para comunicação <strong>do</strong>s seus m<strong>em</strong>bros, assim ela é uma parte da cultura e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a<br />

cultura, pois a cada momento t<strong>em</strong> que expressá-la.<br />

A partir <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações, compreen<strong>de</strong>-se que a língua t<strong>em</strong> a função <strong>de</strong> expressar o mun<strong>do</strong><br />

material e abstrato e permitir a comunicação entre as pessoas na socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ssa forma a língua<br />

também transmite cultura, já que, é por intermédio <strong>do</strong>s signos linguísticos que as aquisições<br />

culturais são ensinadas e consequent<strong>em</strong>ente passadas <strong>de</strong> uma geração a outra, ou seja, a língua é o<br />

principal meio <strong>de</strong> comunicação <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> e representa seu universo cultural.<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Benveniste (1989, p. 100), “[...] a língua engloba a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s e<br />

a contém <strong>em</strong> seu aparelho conceitual, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r distinto, ela<br />

configura a socieda<strong>de</strong> instauran<strong>do</strong> aquilo que se po<strong>de</strong>ria chamar o s<strong>em</strong>antismo social.” Depois,<br />

diz que esse s<strong>em</strong>antismo social consiste, principalmente, mas não apenas, <strong>em</strong> <strong>de</strong>signações, <strong>em</strong><br />

fatos <strong>de</strong> vocabulário.<br />

Entendam-se aqui fatos <strong>de</strong> vocabulário como sen<strong>do</strong> o próprio léxico, Trask (2006) <strong>de</strong>fine o<br />

léxico, <strong>em</strong> seu dicionário <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> e linguística, como “o vocabulário <strong>de</strong> uma língua.” e<br />

esclarece que “<strong>em</strong> linguística [...] geralmente não se fala <strong>do</strong> vocabulário <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

língua, e sim <strong>de</strong> seu léxico, o inventário total <strong>de</strong> palavras disponíveis aos falantes.” (TRASK,<br />

2006, p. 155, grifo <strong>do</strong> autor). Discutida a relação entre língua e cultura, preten<strong>de</strong>-se na<br />

próxima seção explicar fazer explanações a respeito <strong>do</strong> léxico para que se torne mais níti<strong>do</strong> o<br />

importante papel que ele t<strong>em</strong> na análise linguística <strong>do</strong> discurso cultural <strong>de</strong> um povo ou<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

Conceptualização <strong>de</strong> léxico na Linguística<br />

Nesta seção discute-se a característica que o léxico possui <strong>de</strong> ser o fator da língua <strong>em</strong> que o<br />

ambiente físico e social <strong>do</strong>s falantes melhor se manifesta. Para tal abordag<strong>em</strong> faz-se a<br />

conceituação <strong>de</strong> algumas das principais características que essa variável comporta <strong>de</strong>ntro da<br />

Linguística. O entendimento <strong>de</strong>ssas foi fundamental para elaboração <strong>do</strong> inventário das lexias<br />

levantadas na pesquisa bibliográfica, visto que tal tarefa d<strong>em</strong>an<strong>do</strong>u conhecimento da natureza<br />

das lexias.<br />

A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> signo linguístico fica melhor evi<strong>de</strong>nte a partir <strong>do</strong> conceito Saussureano (apud<br />

PIETROFORTE, 2005, p. 85), ele diz que o signo se <strong>de</strong>fine como a relação entre uma<br />

imag<strong>em</strong> acústica, que Saussure chamou <strong>de</strong> significante, e um conceito, que chamou <strong>de</strong><br />

7


significa<strong>do</strong>. Entenda-se significante como uma imag<strong>em</strong> acústica que se realiza na fala e<br />

significa<strong>do</strong> como “[...] uma i<strong>de</strong>ia que mo<strong>de</strong>la um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as<br />

coisas.” (PIETROFORTE, 2005, p. 86). Essa conceituação permite observações b<strong>em</strong> mais<br />

complexas e aprofundadas, contu<strong>do</strong> neste trabalho esta abordag<strong>em</strong> já se torna satisfatória ao<br />

nosso objetivo. Pietroforte (2005, p. 85), ainda basea<strong>do</strong> <strong>em</strong> Saussure, aponta que essa<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> signo estabelece os el<strong>em</strong>entos que formam o sist<strong>em</strong>a da língua, <strong>de</strong> maneira que<br />

sua <strong>de</strong>finição passa a ser a <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> signos linguísticos; as palavras.<br />

Referente aos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> léxico, Coelho (2008, p. 14) alega que o léxico é um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

signos, “[...] isto é, o inventário das unida<strong>de</strong>s significativas responsáveis pela conceituação e<br />

representação <strong>do</strong> universo <strong>em</strong>pírico natural e <strong>do</strong> sociocultural produzi<strong>do</strong> pela ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

homens <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>, [...]” O léxico é, <strong>de</strong>sta feita, um inventário <strong>de</strong> signos linguísticos por<br />

meio <strong>do</strong>s quais o hom<strong>em</strong> se expressa e se comunica.<br />

Oliveira (2009), ao i<strong>de</strong>ntificar, <strong>de</strong>screver e analisar aspectos <strong>do</strong> léxico utiliza<strong>do</strong> pelos<br />

componentes <strong>do</strong>s grupos folclóricos <strong>em</strong> Montes Claros (MG) através da construção <strong>de</strong> um<br />

campo léxico-s<strong>em</strong>ântico <strong>do</strong> conga<strong>do</strong> montes-clarense, teve como objetivo observar <strong>em</strong> que<br />

medida ele expressa a realida<strong>de</strong> social, histórica e cultural <strong>de</strong>sses grupos. A autora consi<strong>de</strong>ra o<br />

léxico como:<br />

a área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s da linguag<strong>em</strong> que mais amplamente espelha a realida<strong>de</strong><br />

linguística, cultural, e social <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> [...] uma vez que ele é<br />

constituí<strong>do</strong> por palavra e, somente, através <strong>de</strong>le é que se torna possível a<br />

transmissão <strong>de</strong> to<strong>do</strong> conhecimento adquiri<strong>do</strong> e acumula<strong>do</strong> ao longo da<br />

história <strong>de</strong> um povo, nas mais variadas áreas <strong>do</strong> saber, <strong>de</strong> uma geração a<br />

outra. Assim sen<strong>do</strong>, a história <strong>de</strong> um povo, sua cultura, sua maneira <strong>de</strong> viver,<br />

ver e sentir o mun<strong>do</strong> são <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s através das escolhas lexicais que<br />

esse povo faz. (OLIVEIRA, 2009, p. 45).<br />

O excerto supracita<strong>do</strong> confirma b<strong>em</strong> com o que foi aborda<strong>do</strong> a pouco. Para maior fixação<br />

<strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ia cita-se Sapir (1969) quan<strong>do</strong> estuda a relação entre língua e ambiente, ele observa<br />

que:<br />

o léxico da língua é que mais nitidamente reflete o ambiente físico e social <strong>do</strong>s<br />

falantes. O léxico completo <strong>de</strong> uma língua po<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar, na verda<strong>de</strong>,<br />

como o complexo inventário <strong>de</strong> todas as idéias, interesses e ocupações que<br />

açambarcam a atenção da comunida<strong>de</strong> [...] (SAPIR, 1969, p. 45).<br />

As consi<strong>de</strong>rações <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is autores (SAPIR, 1969; OLIVEIRA, 2009) corroboram que no<br />

léxico está registra<strong>do</strong> muito daquilo que os falantes presenciam, viv<strong>em</strong> e compartilham, está<br />

registrada a realida<strong>de</strong> e o ambiente físico e sociocultural <strong>do</strong> lugar on<strong>de</strong> conviv<strong>em</strong>, enfim, a<br />

8


vida <strong>de</strong>les. No entanto, estes fatores estão representa<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s signos e não constituí<strong>do</strong>s<br />

neles.<br />

No que diz respeito aos aspectos mórficos <strong>do</strong> léxico é necessário explanar a diferença entre lexias<br />

(qualquer unida<strong>de</strong> <strong>do</strong> léxico, seja um vocábulo ou uma expressão) simples e complexas. Borba<br />

(2003) apresenta <strong>em</strong> sua obra a seleção <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos teóricos que pod<strong>em</strong> nortear a montag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

um dicionário <strong>de</strong> língua. Nesse trabalho, o autor verifica como circula o léxico tentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>tectar<br />

suas proprieda<strong>de</strong>s sintáticas, s<strong>em</strong>ânticas e pragmáticas. Borba (2003, p. 22) <strong>de</strong>fine que lexias<br />

simples são aquelas formadas por uma única forma livre [jogo, chuva, casa], e complexas aquelas<br />

que combinam mais <strong>de</strong> uma forma livre [guarda-roupas, porta-malas, pé-<strong>de</strong>-moleque] ou uma<br />

forma livre e uma ou mais <strong>de</strong> uma forma presa [<strong>de</strong>sconsolo, incontrolável].<br />

Bi<strong>de</strong>rman (2001 p. 12) compreen<strong>de</strong> o léxico como “[...] um sist<strong>em</strong>a aberto com permanente<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliação, à medida que avança o conhecimento, quer se consi<strong>de</strong>re o ângulo<br />

coletivo da comunida<strong>de</strong> linguística.” Ou seja, o léxico é um acervo aberto à inserção <strong>de</strong> novas<br />

lexias. Isso ex<strong>em</strong>plifica b<strong>em</strong> a relação entre língua e cultura, pois esclarece que quan<strong>do</strong> um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fator passa a fazer parte <strong>do</strong> quotidiano <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>, logo estará<br />

representa<strong>do</strong> na língua <strong>de</strong>sta socieda<strong>de</strong>. Portanto, é finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> levantar termos<br />

linguísticos relaciona<strong>do</strong>s ao campo da <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> e das crenças <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res das<br />

Comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> <strong>do</strong> <strong>município</strong> <strong>de</strong> Catalão (GO), e assim, constatar que esses fatores<br />

culturais estão bastante presentes na vida <strong>do</strong>s falantes <strong>de</strong>sse lugar, uma vez que se reflet<strong>em</strong> no<br />

aspecto da língua que melhor representa o universo <strong>em</strong>pírico-social: no léxico.<br />

Consi<strong>de</strong>rações sobre léxico e <strong>religiosida<strong>de</strong></strong>: as Comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> <strong>do</strong> <strong>município</strong> <strong>de</strong><br />

Catalão (GO)<br />

Neste it<strong>em</strong> aborda-se a <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> expressa nas narrativas <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res e ex-mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

algumas Comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> <strong>do</strong> <strong>município</strong> <strong>de</strong> Catalão. A partir das transcrições <strong>de</strong> fala das<br />

entrevistas realizadas pelos autores seleciona<strong>do</strong>s (MENDES, 2005; SOARES, 2006; DUARTE,<br />

2008; GOMES JR.; MENDES, 2008; VENÂNCIO, 2008), foi possível levantar um inventário <strong>de</strong><br />

lexias, <strong>de</strong> natureza religiosa, recorrentes e utilizadas pelos sujeitos entrevista<strong>do</strong>s nos <strong>do</strong>cumentos,<br />

como também alguns aspectos <strong>do</strong> folclore local. Assim, nota-se que, no ambiente rural, a<br />

<strong>religiosida<strong>de</strong></strong> é um fator <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural na vida das pessoas, e sen<strong>do</strong> esta um aspecto da<br />

cultura logo está presente na língua <strong>de</strong>les, especificamente no léxico. Levan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong><br />

consi<strong>de</strong>ração que por fatores sociais se entend<strong>em</strong> as várias forças da socieda<strong>de</strong> que moldam a vida<br />

9


e o pensamento das pessoas, po<strong>de</strong>-se afirmar que a <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> está nesse grupo, sen<strong>do</strong> também<br />

um fator cultural.<br />

Ao se ver a cultura por uma perspectiva s<strong>em</strong>iótica po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>fini-la, na concepção <strong>de</strong> Geertz<br />

(1989), “[...] não como uma ciência experimental <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> leis, mas como uma ciência<br />

interpretativa, à procura <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> [...].” Portanto a cultura é importante para se<br />

compreen<strong>de</strong>r o comportamento <strong>do</strong>s indivíduos na socieda<strong>de</strong>, pois como consi<strong>de</strong>rou Geertz<br />

(1989), basea<strong>do</strong> na visão <strong>de</strong> Max Weber, o hom<strong>em</strong> é um ser amarra<strong>do</strong> a teias <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s<br />

que ele próprio teceu e que essas teias são a cultura e sua análise. Observa-se, assim, que a<br />

cultura <strong>de</strong> um povo, comunida<strong>de</strong> etc., é fonte para maior entendimento <strong>de</strong> seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida e<br />

<strong>de</strong> seus atos cotidianos. No caso <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong>, trata-se da cultura <strong>de</strong> famílias <strong>rurais</strong>.<br />

Rosendahl (1996, p. 35), <strong>em</strong> sua análise geográfica entre espaço e religião, ten<strong>do</strong> esta como<br />

fenômeno da cultura, baseia-se na tese halbwachsiana e afirma que “[...] toda religião t<strong>em</strong> sua<br />

história, ou seja, uma m<strong>em</strong>ória religiosa feita <strong>de</strong> tradições que r<strong>em</strong>ontam a acontecimentos<br />

distantes, frequent<strong>em</strong>ente no passa<strong>do</strong>, e que ocorreram <strong>em</strong> lugares <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s [...]” Sobre<br />

m<strong>em</strong>ória, <strong>em</strong> seu estu<strong>do</strong> sobre m<strong>em</strong>ória e história, Le Goff (1992, p. 423) a <strong>de</strong>fine como “[...]<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservar certas informações, r<strong>em</strong>ete-se <strong>em</strong> primeiro lugar a um conjunto <strong>de</strong><br />

funções psíquicas, graças às quais o hom<strong>em</strong> po<strong>de</strong> atualizar impressões ou informações passadas, ou<br />

que ele representa como passadas.”<br />

Para completar, Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008, p. 273), quan<strong>do</strong> analisam as experiências religiosas<br />

populares no processo <strong>de</strong> realização das novenas nas comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> Ribeirão, Mata Preta e<br />

Tambiocó, no <strong>município</strong> <strong>de</strong> Catalão (GO), consi<strong>de</strong>ram a m<strong>em</strong>ória das pessoas que viv<strong>em</strong> nessas<br />

comunida<strong>de</strong>s “como um manancial para o conhecimento histórico acerca das formas <strong>de</strong><br />

<strong>religiosida<strong>de</strong></strong> popular local.” Desta feita, foi através da m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong>s sujeitos das pesquisas <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>cumentos analisa<strong>do</strong>s que foram coleta<strong>do</strong>s os principais da<strong>do</strong>s e indícios que resultaram no<br />

conteú<strong>do</strong> lexical i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> no grupo <strong>de</strong> s<strong>em</strong>elhança <strong>de</strong> teor religioso.<br />

A m<strong>em</strong>ória é a responsável pela preservação <strong>de</strong> informações que o hom<strong>em</strong> guarda durante a<br />

vida, portanto é nela que está preservada a língua, porém não a língua <strong>em</strong> sua totalida<strong>de</strong>, pois<br />

sua totalida<strong>de</strong> está na m<strong>em</strong>ória coletiva <strong>do</strong>s falantes. Nas m<strong>em</strong>órias individuais estão<br />

conservadas partes da língua, ou seja, cada sujeito possui um acervo lexical <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

seus conhecimentos sobre o mun<strong>do</strong> <strong>em</strong>pírico-natural <strong>do</strong> qual faz parte. Nesta análise, <strong>em</strong><br />

específico, nos <strong>de</strong>t<strong>em</strong>os no aspecto religioso, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> este como um fator que motiva a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> grupal na comunida<strong>de</strong> e fortalece suas raízes socioculturais.<br />

10


De acor<strong>do</strong> com as obras consultadas, notou-se que no meio rural as principais práticas e<br />

representações religiosas são as novenas <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> aos santos e os terços canta<strong>do</strong>s, b<strong>em</strong><br />

como, outras manifestações específicas <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> para comunida<strong>de</strong>. Como este estu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

tradições também preten<strong>de</strong> abarcar outros setores liga<strong>do</strong>s as crenças que não sejam apenas à<br />

religião, junta-se aqui o folclore, como b<strong>em</strong> diz Brandão (1988, p. 23 apud SOARES 2006, p. 50),<br />

“[...] folclore é tu<strong>do</strong> o que o hom<strong>em</strong> <strong>do</strong> povo faz e reproduz como tradição. Na <strong>de</strong> outros, é só uma<br />

pequena parte das tradições populares. [...] <strong>de</strong> outros, [...] cultura popular o que alguns chamam <strong>de</strong><br />

folclore.” Então, o folclore atua como uma parte da cultura popular <strong>do</strong>s costumes <strong>do</strong> povo.<br />

De acor<strong>do</strong> com Paula (2007), as práticas da cultura popular inser<strong>em</strong>-se no mun<strong>do</strong> real <strong>do</strong> grupo<br />

a que serve porque faz<strong>em</strong> parte das suas relações sociais, econômicas, religiosas etc.:<br />

[...] tais práticas se manifestam material e linguisticamente <strong>em</strong> ações, crenças e<br />

objetos da vivência diária <strong>de</strong> seus atores. Misticismos como a crença <strong>em</strong><br />

assombrações e benzições; terços e suas canções imperativas; treições e<br />

mutirões; o fabrico <strong>de</strong> r<strong>em</strong>édios caseiros a partir da fauna e da flora locais; o uso<br />

<strong>de</strong> ferramentas para plantar, cultivar e colher são algumas das formas <strong>de</strong><br />

expressão da cultura popular no su<strong>de</strong>ste goiano [...]. Todas estas formas estão<br />

evi<strong>de</strong>nciadas na expressão máxima da cultura popular: a m<strong>em</strong>ória enunciada <strong>em</strong><br />

narrativas orais e <strong>de</strong> caráter pessoal. (PAULA, 2007, p. 79).<br />

Neste contexto, Soares (2006) disserta sobre as superstições pelo viés das transformações<br />

sociais e culturais e, como parte essencial <strong>do</strong> ser humano, por fazer<strong>em</strong> parte da cultura que o<br />

expressa. Em sua pesquisa, na cultura popular <strong>de</strong> Catalão (GO), o autor busca i<strong>de</strong>ntificar a<br />

leitura que ex-mora<strong>do</strong>res <strong>rurais</strong> faz<strong>em</strong> das superstições, o passa<strong>do</strong> vivi<strong>do</strong> na zona rural,<br />

calca<strong>do</strong> na oralida<strong>de</strong> e nas crenças populares e, assim, saber que leitura das superstições a<br />

cultura popular passou a ter. Então, percebe-se, através das narrativas transcritas na obra <strong>de</strong><br />

Soares (2006), que a pessoas carregam consigo, na m<strong>em</strong>ória, a herança cultural da realida<strong>de</strong><br />

que um dia viveram. Isso se torna, também, uma herança oral, pois nas narrativas consultadas<br />

no <strong>de</strong>correr da obra <strong>de</strong> Soares (2006) foram levantadas várias lexias que faz<strong>em</strong> referência a<br />

diversos aspectos da cultura, entre eles a <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> e o folclore. Veja alguns ex<strong>em</strong>plos:<br />

[agroro]<br />

[cobrero]<br />

[alma<br />

penada]<br />

[Graças a<br />

Deus]<br />

Quadro 1<br />

Lexias i<strong>de</strong>ntificadas <strong>em</strong> Soares (2006)<br />

[artar] [batizá] [benzedô] [capeta]<br />

[livrá da<br />

morte]<br />

[lobisome]<br />

[mal<br />

assombrada]<br />

[mau-olha<strong>do</strong>]<br />

11


[nossa<br />

Sinhora]<br />

[Santo<br />

r<strong>em</strong>édio]<br />

Org.: Bernar<strong>do</strong> (2011).<br />

[pecadô] [quaresma]<br />

[S<strong>em</strong>ana<br />

santa]<br />

[simpatia]<br />

[quebra o<br />

feitiço]<br />

[Sinal <strong>do</strong><br />

cruzero di<br />

Cristo]<br />

[qu<strong>em</strong>á no<br />

infernu]<br />

[reza]<br />

Cumpre ressaltar que o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> inventariação <strong>de</strong> lexias feito acima não abarca <strong>em</strong><br />

totalida<strong>de</strong> as lexias encontradas nas narrativas, apenas algumas principais. As páginas <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

foram retiradas as lexias, nas obras consultadas, estão anexadas ao final <strong>de</strong>ste artigo, na tabela<br />

<strong>de</strong> lexias. Todas as respectivas lexias citadas a partir daqui a<strong>do</strong>tam a mesma referência.<br />

Men<strong>de</strong>s (2005) propõe, <strong>em</strong> sua tese, compreen<strong>de</strong>r e analisar o contexto <strong>em</strong> que surgiram e<br />

<strong>de</strong>senvolveram os pequenos produtores na socieda<strong>de</strong> brasileira e suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

reprodução na conjuntura hodierna, particularmente, no <strong>município</strong> <strong>de</strong> Catalão (GO). Além<br />

disso, preten<strong>de</strong> conhecer a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estratégias a<strong>do</strong>tadas por esse segmento <strong>de</strong> produtores.<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> seu estu<strong>do</strong>, Men<strong>de</strong>s (2005) abor<strong>do</strong>u sobre os aspectos culturais, e, entre eles,<br />

<strong>de</strong>stacou a <strong>religiosida<strong>de</strong></strong>. A autora constatou que no <strong>município</strong> <strong>de</strong> Catalão (GO) os mora<strong>do</strong>res<br />

das comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> que ela pesquisou (comunida<strong>de</strong>s Coqueiro, Mata Preta, Ribeirão e<br />

Morro Agu<strong>do</strong>/Cisterna) eram/são pre<strong>do</strong>minant<strong>em</strong>ente católicos. A autora <strong>de</strong>screve que:<br />

isso explica as festivida<strong>de</strong>s religiosas organizadas na região até hoje. As<br />

famílias das comunida<strong>de</strong>s organizavam suas festas, no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> ano, uma<br />

<strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a São Sebastião e a São José e a outra, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a<br />

Santo Antônio e ao Divino Espírito Santo. Esses eventos lhes permitiam<br />

reunir para rezar e para rever os amigos, os parentes e os compadres.<br />

(MENDES 2005, p. 177).<br />

Além das festas <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> aos santos, Men<strong>de</strong>s (2005) apresenta outras tradições<br />

preservadas nas Comunida<strong>de</strong>s que tomou como objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, como a Folia <strong>de</strong> São<br />

Sebastião, a Encomenda <strong>de</strong> Almas e a Fogueira <strong>de</strong> São João. A segunda ocorre<br />

especificadamente na comunida<strong>de</strong> Mata Preta, é uma tradição que t<strong>em</strong> mais <strong>de</strong> 100 anos e é<br />

realizada durante três dias na S<strong>em</strong>ana Santa, <strong>de</strong> quarta a sexta-feira, das 20h às 1h<br />

(MENDES, 2005, p. 179). Tal manifestação, segun<strong>do</strong> o entrevista<strong>do</strong> por Men<strong>de</strong>s (2005),<br />

consiste:<br />

o Sr. A. M. Duarte (Mata Preta) conta que os encomenda<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alma<br />

(grupo forma<strong>do</strong> por seis a <strong>do</strong>ze pessoas) ao chegar<strong>em</strong> nas se<strong>de</strong>s tocam a<br />

matraca e o berra-boi na porta da casa <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res - “está ocorren<strong>do</strong> a<br />

12


<strong>de</strong>sord<strong>em</strong> - é só para alertar o mora<strong>do</strong>r, ele não precisa se levantar.” O grupo<br />

visita todas as casas. (MENDES, 2005, p. 179, grifo <strong>do</strong> autor).<br />

Na análise <strong>de</strong> Men<strong>de</strong>s (2005) foi possível perceber que há poucos relatos diretos transcritos na<br />

obra, no entanto, a autora, ao <strong>de</strong>screver os aspectos culturais <strong>de</strong> caráter religioso encontra<strong>do</strong>s<br />

nas Comunida<strong>de</strong>s, expõe <strong>em</strong> seu discurso muitas lexias pertinentes ao objetivo da presente<br />

pesquisa, ela abor<strong>do</strong>u sobre nomes <strong>de</strong> práticas culturais: [encomenda <strong>de</strong> almas], [fogueira <strong>de</strong><br />

São João], [S<strong>em</strong>ana Santa]; orações e seus atos: [Ave Maria], [Cre<strong>do</strong>], [Pai Nosso], [Salve<br />

Rainha], [rezas], [sinal da cruz]; e el<strong>em</strong>entos folclóricos: [mula s<strong>em</strong> cabeça]. Dessa maneira,<br />

Men<strong>de</strong>s (2005) ao citá-las, possivelmente o fez porque as lexias foram utilizadas nas<br />

narrativas <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res <strong>rurais</strong> ao ato da entrevista. Então, estas palavras representam<br />

el<strong>em</strong>entos que compõ<strong>em</strong> a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> <strong>do</strong> campo, como também <strong>de</strong> outras culturas,<br />

e, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>, está presente no inventário linguístico <strong>de</strong>les.<br />

Venâncio (2008) preten<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> uma leitura <strong>de</strong> território, compreen<strong>de</strong>r a importância<br />

política, econômica e cultural da agricultura familiar na comunida<strong>de</strong> rural São Domingos <strong>em</strong><br />

Catalão (GO). Assim, ao tratar das festas tradicionais, ele diz que estas aparec<strong>em</strong> como<br />

momentos importantes na vida <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da Comunida<strong>de</strong>, e também, marcam o t<strong>em</strong>po da<br />

vida coletiva, religiosa ou cívica. Da mesma maneira que Men<strong>de</strong>s (2005), o autor cita poucos<br />

enuncia<strong>do</strong>s diretos. Por meio das abordagens que fez, <strong>em</strong> relação as tradições religiosas da<br />

Comunida<strong>de</strong>, enfatiza-se as seguintes lexias:<br />

Quadro 2<br />

Lexias i<strong>de</strong>ntificadas <strong>em</strong> Venâncio (2008)<br />

[alma] [cruz] [d<strong>em</strong>ônio] [Deus]<br />

[livrar] [Misericórdia] [oração]<br />

[Salve Rainha<br />

cantada]<br />

Org.: Bernar<strong>do</strong> (2011).<br />

[Santa Cruz] [tentação]<br />

[Pai Nosso<br />

canta<strong>do</strong>]<br />

[Virg<strong>em</strong><br />

Santíssima]<br />

[Espírito<br />

Santo]<br />

[peca-se]<br />

Percebe-se que entre as lexias há muitos vocábulos que incitam à percepção <strong>do</strong>s fatores<br />

relaciona<strong>do</strong>s às entida<strong>de</strong>s, tais como Deus e o d<strong>em</strong>ônio, e às orações. Destaca-se a reza <strong>do</strong><br />

terço canta<strong>do</strong> como uma tradição presente <strong>em</strong> quase todas as comunida<strong>de</strong>s que realizam as<br />

festas <strong>em</strong> louvor aos santos no munícipio <strong>de</strong> Catalão (GO).<br />

13


Dentro <strong>de</strong>sta conjuntura da realização <strong>do</strong>s terços Duarte (2008), através <strong>de</strong> uma investigação<br />

etnográfica, verifica a prática <strong>do</strong> terço nas tradições <strong>rurais</strong> <strong>em</strong> situações <strong>de</strong> festa <strong>em</strong> algumas<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> <strong>em</strong> Catalão (GO) e explica como a motivação religiosa é um fator importante<br />

para a preservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> <strong>do</strong> campo. A autora analisa, também, as<br />

características sociais que afetam a língua, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que os significa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser interpreta<strong>do</strong>s<br />

socialmente. Nas transcrições foram i<strong>de</strong>ntificadas as seguintes lexias:<br />

Quadro 3<br />

Lexias i<strong>de</strong>ntificadas <strong>em</strong> Duarte (2008)<br />

[abençoá] [aclamá] [a<strong>do</strong>rá] [agra<strong>de</strong>cê] [bendizê] [louvá]<br />

[rezá] [católico] [cristã] [cristãos] [ban<strong>de</strong>ra] [benção]<br />

[cântico] [foliões] [misericórdia] [oração] [pai nosso] [procissão]<br />

[<strong>religiosida<strong>de</strong></strong>] [rezadô] [Senhô]<br />

Org.: Bernar<strong>do</strong> (2011).<br />

Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) propõ<strong>em</strong>, <strong>em</strong> seu artigo, analisar as experiências religiosas<br />

populares no processo <strong>de</strong> realização das novenas nas comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> Ribeirão, Mata Preta<br />

e Tambiocó, no <strong>município</strong> <strong>de</strong> Catalão, a partir das m<strong>em</strong>órias <strong>de</strong> representantes <strong>de</strong>sta cultura<br />

religiosa. Ao falar <strong>do</strong>s processos das entrevistas que fez, Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) citam<br />

Verena Alberti e esclarec<strong>em</strong> que:<br />

[...] a especificida<strong>de</strong> da fonte oral está <strong>em</strong> enten<strong>de</strong>r como que as pessoas e grupos<br />

sociais experimentaram o passa<strong>do</strong>, interpretan<strong>do</strong> acontecimentos e conjunturas<br />

[...]. Alberti ensina que a m<strong>em</strong>ória <strong>de</strong> um grupo constrói sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. A<br />

compreensão da socieda<strong>de</strong> está sujeita ao estu<strong>do</strong> das m<strong>em</strong>órias, <strong>do</strong>s grupos<br />

sociais. (ALBERTI, 2006, p. 167 apud GOMES JR; MENDES, 2008, p. 273).<br />

A fonte oral é <strong>de</strong> estimada importância aos trabalhos que abordam t<strong>em</strong>as culturais. Vista<br />

como o acervo histórico da vida <strong>de</strong>stas pessoas, a m<strong>em</strong>ória é construtora <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e<br />

contribui para compreensão da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> seus grupos sociais. Nas narrativas expressas<br />

no artigo <strong>de</strong> Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) foram i<strong>de</strong>ntificadas as lexias subsequentes:<br />

Quadro 4<br />

Lexias i<strong>de</strong>ntificadas <strong>em</strong> Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008)<br />

[igreja] [interrei a festa] [novena] [padre] [religião] [terço]<br />

Org.: Bernar<strong>do</strong> (2011).<br />

14


Todas estas lexias representam aspectos da vida e das crenças <strong>do</strong>s indivíduos, nesse caso,<br />

daqueles entrevista<strong>do</strong>s nos referi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos. Por meio <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações, percebe-se<br />

que a <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> está preservada na m<strong>em</strong>ória e repercute na vida cotidiana <strong>do</strong>s indivíduos<br />

que, basea<strong>do</strong>s na crença, conduz<strong>em</strong> suas ações e seu vivi<strong>do</strong> e funciona, então, como<br />

preservação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, pois, o indivíduo compartilha <strong>do</strong>s acontecimentos religiosos, como<br />

as festas tradicionais e as missas, a fim <strong>de</strong> conservar um valor que her<strong>do</strong>u <strong>do</strong>s antece<strong>de</strong>ntes, e<br />

como maneira <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar-se com os d<strong>em</strong>ais sujeitos participantes e ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />

compartilhantes das m<strong>em</strong>órias que faz<strong>em</strong> senti<strong>do</strong> ao to<strong>do</strong>, porque possu<strong>em</strong> caráter simbólico,<br />

afinal, são feitas <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s.<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

No ambiente rural, a <strong>religiosida<strong>de</strong></strong> é um fator <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural na vida das pessoas.<br />

Sen<strong>do</strong> esta um aspecto da cultura, logo registra-se na língua, especificamente no léxico, pois<br />

é nele que simbolicamente se evi<strong>de</strong>nciam com maior clareza a realida<strong>de</strong> na qual os sujeitos<br />

se inser<strong>em</strong> e mantém suas relações cotidianas. Relações estas <strong>em</strong> varia<strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s; entre os<br />

próprios sujeitos, com o ambiente e com os fenômenos/entida<strong>de</strong>s sagra<strong>do</strong>s nos quais cre<strong>em</strong>.<br />

Através da análise <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos pesquisa<strong>do</strong>s, constatou-se que o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> crenças nas<br />

Comunida<strong>de</strong>s <strong>rurais</strong> <strong>do</strong> <strong>município</strong> <strong>de</strong> Catalão (GO) varia entre crenças relacionadas ao<br />

Catolicismo oficial e outras <strong>de</strong> natureza popular. Assim, enten<strong>de</strong>-se que estes aspectos serv<strong>em</strong><br />

para fortalecer as raízes e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sociocultural <strong>de</strong>sses sujeitos, uma vez que a<br />

<strong>religiosida<strong>de</strong></strong>, vista como prática social que interfere no comportamento <strong>do</strong> grupo, além <strong>de</strong> ser<br />

um fator <strong>de</strong> fundamentação da fé e da conduta, funciona como el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> entre<br />

os mora<strong>do</strong>res <strong>rurais</strong>, já que os momentos festivos, <strong>de</strong> reza e <strong>de</strong> lazer, mobilizam as relações<br />

sociais e reforçam os laços comunitários. E, ainda, funciona como preservação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

pois permite ao indivíduo se reconhecer, rel<strong>em</strong>brar e solidarizar-se com os d<strong>em</strong>ais. Ou seja, a<br />

interação mútua proporcionada pelos momentos e atos religiosos implica numa socialização e<br />

reforça os laços <strong>de</strong> comunhão.<br />

Além <strong>de</strong>ssas constatações, almeja-se que este estu<strong>do</strong> sirva para reflexão sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

se conhecer a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> culturas que nosso país comporta, e <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>, para que se<br />

valorize e preserve este rico acervo cultural que se manifesta na língua e na m<strong>em</strong>ória. Enfim,<br />

15


que fez e faz parte da história <strong>do</strong> Brasil, e que diante tantas transformações típicas da atualida<strong>de</strong>,<br />

ainda resiste se reinventan<strong>do</strong> para escapar ao <strong>de</strong>senraizamento.<br />

Tabela <strong>de</strong> lexias <strong>de</strong> natureza religiosa i<strong>de</strong>ntificadas nas transcrições <strong>de</strong> entrevistas <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>cumentos consulta<strong>do</strong>s<br />

Lexia (transcrita da obra) Lexia (português padrão) Autor Página<br />

abençoá Abençoar Duarte (2008) p. 154<br />

aclamá Aclamar Duarte (2008) p. 154<br />

a<strong>do</strong>rá A<strong>do</strong>rar Duarte (2008) p. 154<br />

agra<strong>de</strong>cê Agra<strong>de</strong>cer Duarte (2008) p. 154<br />

ban<strong>de</strong>ra Ban<strong>de</strong>ira Duarte (2008) p. 156<br />

benção Bênção Duarte (2008) p. 67<br />

bendizê Bendizer Duarte (2008) p. 154<br />

cântico = Duarte (2008) p. 67<br />

católico = Duarte (2008) p. 39<br />

cristã = Duarte (2008) p. 57<br />

cristãos = Duarte (2008) p. 57<br />

fuliões Foliões Duarte (2008) p. 152<br />

louvá Louvar Duarte (2008) p. 56<br />

misericórdia = Duarte (2008) p. 67<br />

oração = Duarte (2008) p. 57<br />

padruera Padroeira Duarte (2008) p. 152<br />

pai nosso = (pai-nosso) Duarte (2008) p. 95<br />

procissão = Duarte (2008) p. 57<br />

<strong>religiosida<strong>de</strong></strong> = Duarte (2008) p. 39<br />

rezá Rezar Duarte (2008) p. 56<br />

reza<strong>do</strong> Reza<strong>do</strong>r Duarte (2008) p. 39<br />

Senhô Senhor Duarte (2008) p. 154<br />

igreja = Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) p. 279<br />

interrei a festa enterrei a festa Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) p. 280<br />

novena = Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) p. 277<br />

padre = Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) p. 279<br />

religião = Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) p. 276<br />

terço = Gomes Jr. e Men<strong>de</strong>s (2008) p. 277<br />

Ave Maria = (Ave-Maria) Men<strong>de</strong>s (2005) p. 180<br />

Cre<strong>do</strong> = Men<strong>de</strong>s (2005) p. 180<br />

encomenda <strong>de</strong> almas = Men<strong>de</strong>s (2005) p. 179<br />

fogueira <strong>de</strong> São João = Men<strong>de</strong>s (2005) p .180<br />

mula s<strong>em</strong> cabeça = Men<strong>de</strong>s (2005) p. 180<br />

padrinhos = Men<strong>de</strong>s (2005) p. 180<br />

Pai Nosso = (Pai-Nosso) Men<strong>de</strong>s (2005) p. 180<br />

rezas = Men<strong>de</strong>s (2005) p. 180<br />

Salve Rainha = (Salve-Rainha) Men<strong>de</strong>s (2005) p. 180<br />

agroro Agouro Soares (2006) p. 71<br />

alma penada = Soares (2006) p. 48<br />

artar Altar Soares (2006) p. 78<br />

batizá Batizar Soares (2006) p. 78<br />

benzedô Benze<strong>do</strong>r Soares (2006) p. 38<br />

capeta = Soares (2006) p. 59<br />

cobrero Cobreiro Soares (2006) p. 75<br />

Graças a Deus = Soares (2006) p. 96<br />

livrá da morte livrar da morte Soares (2006) p. 73<br />

lobisome Lobisom<strong>em</strong> Soares (2006) p. 48<br />

mal assombrada = (mal-assombrada) Soares (2006) p. 59<br />

mau-olha<strong>do</strong> = Soares (2006) p. 75<br />

nossa Sinhora Nossa Senhora Soares (2006) p. 78<br />

peca<strong>do</strong> Peca<strong>do</strong>r Soares (2006) p. 78<br />

quaresma = Soares (2006) p. 60<br />

quebra o feitiço quebrar o feitiço Soares (2006) p. 69<br />

qu<strong>em</strong>á no infernu queimar no inferno Soares (2006) p. 78<br />

reza = Soares (2006) p. 47<br />

Lexia (transcrita da obra) Lexia (português padrão) Autor Página<br />

santo r<strong>em</strong>édio = Soares (2006) p. 70<br />

16


S<strong>em</strong>ana santa = Soares (2006) p. 60<br />

simpatia = Soares (2006) p. 38<br />

Sinal <strong>do</strong> cruzero di Cristo Sinal <strong>do</strong> cruzeiro <strong>de</strong> Cristo Soares (2006) p. 70<br />

alma = Venâncio (2008) p. 131<br />

cruz = Venâncio (2008) p. 131<br />

d<strong>em</strong>ônio = Venâncio (2008) p. 131<br />

Deus = Venâncio (2008) p. 131<br />

Espírito Santo = Venâncio (2008) p. 131<br />

livrar = Venâncio (2008) p. 131<br />

Misericórdia = Venâncio (2008) p. 131<br />

oração = Venâncio (2008) p. 131<br />

Pai Nosso canta<strong>do</strong> = (Pai-Nosso) Venâncio (2008) p. 131<br />

peca-se = Venâncio (2008) p. 131<br />

Salve Rainha cantada = (Salve-Rainha) Venâncio (2008) p.131<br />

Santa Cruz = Venâncio (2008) p. 131<br />

tentação = Venâncio (2008) p. 131<br />

Virg<strong>em</strong> Santíssima = Venâncio (2008) p. 131<br />

Org. Bernar<strong>do</strong> (2011).<br />

Obs.: As lexias transcritas da obra estão explícitas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> idêntico ao qual foram i<strong>de</strong>ntificadas na obra <strong>de</strong><br />

orig<strong>em</strong>. As lexias <strong>em</strong> português padrão estão na forma que são transcritas <strong>em</strong> dicionários <strong>de</strong> língua portuguesa.<br />

O sinal <strong>de</strong> igual (=) indica que a lexia encontrada na obra está escrita <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que no dicionário.<br />

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