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dez/09-jan/10 - Arco

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Foto: Murilo Góes<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

1


O ARCO JORNAL é o veículo informativo da<br />

ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE<br />

OVINOS – ARCO<br />

Av. 7 de Setembro, 1159<br />

Caixa Postal 145<br />

CEP 96400-901 – Bagé (RS)<br />

Telefone: 53 3242.8422<br />

Fax: 53 3242.9522<br />

e-mail: arco@arcoovinos.com.br<br />

home page: www.arcoovinos.com.br<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Presidente: Paulo Afonso Schwab<br />

1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos<br />

2º Vice-presidente: Arnaldo Dos Santos Vieira<br />

Filho<br />

1º Secretário: Wilson Belloc Barbosa<br />

2º Secretário: Antônio Gilberto da Costa<br />

1º Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares<br />

2º Tesoureiro: Teófilo Pereira Garcia de Garcia<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Titulares<br />

Carlos Alberto Teixeira<br />

Ruy Armando Gessinger<br />

Leonardo Rohrsetzer de Leon<br />

Suplentes<br />

Emanoel da Silva Biscarde<br />

Joel Rodrigues Bitar da Cunha<br />

Fabrício Wollmann Willke<br />

SUPERINTENDÊNCIA DO R.G.O.<br />

Superintendente<br />

Francisco José Perelló Medeiros<br />

Superintendente Substituto<br />

Edemundo Ferreira Gressler<br />

CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO<br />

Presidente: Fabrício Wollmann Willke<br />

SUPERVISOR ADMINISTRATIVO<br />

Paulo Sérgio Soares<br />

GERENTE ADMINISTRATIVO<br />

Bismar Augusto Azevedo Soares<br />

ARCO JORNAL<br />

Coordenação Geral<br />

Agropress Agência de Comunicação<br />

Edição<br />

Eduardo Fehn Teixeira e Horst Knak -<br />

Agência Ciranda<br />

Jornalista responsável<br />

Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03<br />

Diagramação<br />

Nicolau Balaszow<br />

Fotografia<br />

Banco de Imagens ARCO e Divulgação<br />

Departamento Comercial<br />

Gianna Corrêa Soccol<br />

midia@agenciaciranda.com.br<br />

Fone: 51 3231.62<strong>10</strong> / 51 8116.9782<br />

A ARCO não se responsabiliza por opiniões<br />

emitidas em artigos assinados. Reprodução<br />

autorizada, desde que citada a fonte.<br />

Colaborações, sugestões, informações,<br />

críticas: agropress@agropress.com.br<br />

Fotos de Capa: Divulgação<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

2<br />

A difícil luta contra os predadores!<br />

Um dia destes estava<br />

reunido com um grupo de<br />

ovinocultores no Rio Grande<br />

do Sul, e o assunto enveredou<br />

pela questão de aumento<br />

de produtividade do<br />

rebanho, falta de mercado,<br />

de produção de cordeiros e,<br />

consequentemente, do rebanho<br />

como um todo. Sei que<br />

este tema é antigo nas conversas entre criadores. Nós mesmos dentro<br />

da ARCO o debatemos várias vezes e já tomamos atitudes frente a isto.<br />

Mas o que chamou a atenção de todos foi a estória contada por um<br />

dos criadores presentes.<br />

Disse ele que fora chamado para uma palestra em um município<br />

da região centro oeste do Estado. Lá falou do potencial de mercado da<br />

ovinocultura e os ganhos que a atividade oferece. Ao final do encontro<br />

foi procurado por um criador participante do evento que disse que<br />

mesmo diante do que ouvira na palestra, estava pensando em parar de<br />

criar porque dava muito trabalho e que só naquele ano tinha perdido<br />

muitos cordeiros. O palestrante perguntou os motivos das perdas e a<br />

resposta foi que tinham os predadores, os ladrões, os problemas com<br />

a mão de obra. Novamente o palestrante perguntou ao criador como<br />

ele cuidava das ovelhas, se seguia todas as recomendações técnicas<br />

contra doenças e qual era a perda. O criador respondeu que a perda<br />

tinha sido uns 30% e que dava um pouco de cuidado, pois ovelha não<br />

vale muito mesmo. Neste momento o palestrante contou ao grupo que<br />

deu um sorriso e disse olhando direto ao criador:<br />

- Não sei quem mata mais na sua fazenda, se o predador ou o<br />

senhor mesmo!<br />

Trago esta estória aqui para ilustrar uma realidade conhecida em<br />

vários estados brasileiros. Por todos os lados e de diversas formas o<br />

índice de perdas de cordeiros é significativamente alto para o tamanho<br />

de rebanho que temos. Há casos como, no Rio Grande do Sul,<br />

que chegam a 30% anuais. E o que mais choca é que as perdas são<br />

provocadas, na maioria das vezes, pelos próprios criadores, pois estão<br />

diretamente ligadas à falta de cuidado com o rebanho.<br />

E esta falta de cuidado tem origem na idéia de que ovelha não dá<br />

dinheiro como dava antes, nos tempos em que a base da ovinocultura<br />

no estado gaúcho era a lã. Mas esta falha também acontece porque,<br />

salvo raras exceções, os produtores não fazem a conta do que ganham<br />

ou perdem com a atividade. Fica tudo muito empírico.<br />

Por muitos anos trabalhei na área privada. E durante todo este<br />

Editorial<br />

período quando conversava com empresários fabricantes de algum<br />

produto ouvia suas estórias sobre a produção das fábricas e o quanto<br />

era pesado para eles perderem um dia ou um lote de produtos por má<br />

fabricação ou qualquer outro problema correlato. Sempre o prejuízo<br />

era grande e, na maioria das vezes, funcionários ou mesmo gerentes,<br />

eram punidos por isto.<br />

Se fizermos um paralelo entre as duas situações vemos que há algo<br />

em comum nos dois processos. Enquanto nas propriedades, “fabricamos”<br />

entre outras coisas, cordeiros, nas indústrias são feitas peças<br />

para carros, cobertores, plásticos, uma infinidade de produtos. Mas<br />

a diferença brutal é que nas propriedades temos um nível de “aceitação”<br />

sobre as perdas de fabricação que nas indústrias não pode existir,<br />

sob pena delas quebrarem. Na realidade, as propriedades também<br />

“quebram”, ou diminuem seus ganhos, só que por não fazer conta,<br />

não percebem isto. E, na medida em que diminui a renda, o poder de<br />

compra, o costume do produtor é dizer que o culpado é a ovelha. Mas<br />

como pode ser a ovinocultura se ele mesmo não cuida com afinco, do<br />

seu processo de produção para evitar as perdas?<br />

Para se ter uma idéia, um cordeiro com 40 kg vendido ao preço<br />

de R$ 2,50 significam R$ <strong>10</strong>0. Se alguém perder 30 cordeiros do seu<br />

rebanho, teve um prejuízo de R$ 3 mil. Se transferirmos esta perda<br />

para toda a cadeia produtiva chegaremos a um valor muito significativo,<br />

pois serão no mínimo, 600 kg de carne ( rendimento de 50%) que<br />

deixaram de entrar no consumo, o que daria cerca de R$ 4.200 mil<br />

se vendido em açougue ao preço de R$ 7,00 o kg. Se conseguirmos<br />

avaliar o quanto de produtos derivados deixaram de ser fabricados, e<br />

impostos pagos, a conta fica muito maior.<br />

Com tudo isto sou forçado a pensar que o mercado para a ovinocultura<br />

não deslancha porque nós, produtores, não queremos. Porque<br />

nós produtores não fazemos a nossa parte que é bem criar os cordeiros<br />

para que cheguem pelo menos vivos, até o final do ciclo de produção.<br />

Vocês não fazem idéia o volume de correspondências e visitas e telefonemas<br />

que recebemos na ARCO, de vários cantos do país e do mundo<br />

querendo comprar a nossa carne ou mesmo a lã, a pele e os produtos<br />

derivados! E é com muita angústia, e, por vezes, embaraçado, que digo<br />

que não temos o que eles querem por falta de rebanho para atender à<br />

demanda. Sei que eles fazem conta e não entendem o porquê, diante do<br />

tamanho do nosso rebanho, e eu, mesmo vivendo toda esta realidade<br />

diariamente, custo a aceitá-la e com um ato de protesto lhes pergunto:<br />

Será que não lhes incomoda perder dinheiro a ponto de não buscar<br />

mudar esta situação? Ou vamos continuar predadores de nós mesmos,<br />

de nosso lucro?<br />

Paulo Schwab - Presidente da ARCO


Reportagem<br />

“O função principal a<br />

pastor Maremano<br />

Abruzês tem como<br />

de cão de guarda e defesa do rebanho<br />

e se evidencia no modo que<br />

cumpre esta tarefa, com perspicácia,<br />

coragem e decisão”, descreve<br />

o médico veterinário Pedro Nacib<br />

Jorge Neto. E mais, o seu caráter<br />

ainda que orgulhoso e alheio à<br />

submissão, sabe exprimir uma ligação<br />

devotada ao seu dono. Os<br />

machos medem de 65 a 73 cm de<br />

cernelha (nas cruzes) e pesam,<br />

em média, de 35 a 45 quilos. Já<br />

as fêmeas alcançam de 60 a 68<br />

cm de cernelha e pesam entre 30<br />

a 40 quilos. A sua complexão física<br />

mostra o tronco mais longo<br />

que a altura na cernelha e tem por<br />

característica o porte avantajado e<br />

distingui-se pela sua beleza e majestade.<br />

Rústico e com um tipo de vida<br />

selvagem, ele tem uma grande<br />

disposição que os permite parecer<br />

indiferente às variadas condições<br />

climáticas. “Por todos estes anos a<br />

raça mantém sua característica de<br />

um excelente guardião do rebanho<br />

contra os mais diversos pre-<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

3<br />

Pastor Maremano Abruzês:<br />

um majestoso guardião dos rebanhos<br />

Da região central da Itália, mas precisamente de Abruzês, se originam produtos de alta<br />

qualidade como o azeite e o vinho. No entanto, é um cachorro de pastoreio, Maremano<br />

Abruzês, que empresta a maior fama a estas paragens montanhosas que podem alcançar<br />

até 2,5 mil metros de altitude. Tal como a maioria dos Molossos Europeus (região<br />

a noroeste da Grécia), as suas origens remontam aos cães pastores da Ásia Central<br />

que teriam chegado à Europa Ocidental juntamente com as invasões mongólicas.<br />

Ainda nos tempos atuais, passados mais de dois mil anos, este cão continua habitando<br />

e cuidando dos rebanhos daquela localidade e, mais recentemente, no Brasil. A sua<br />

função durante estes séculos sempre foi a de proteção dos rebanhos de ovinos e caprinos<br />

contra ataques de lobos, ursos marrons ou qualquer outra espécie de predador.<br />

Nicolau Balaszow<br />

dadores, necessitando de poucos<br />

cuidados considerando seu tamanho,<br />

além de pouco treinamento e<br />

supervisão”, explica Jorge Neto.<br />

São animais que durante toda sua<br />

seleção estiveram submetidos à<br />

vida dura e solitária, lhes imprimindo<br />

um temperamento único e<br />

especial.<br />

Seu comportamento é de submissão<br />

aos animais do rebanho,<br />

não apresentando riscos de predação.<br />

Possuem habilidade original<br />

de seguir o rebanho, por 24<br />

horas ininterruptas. São pacatos e<br />

preguiçosos durante o dia, porém<br />

nunca desatentos aos perigos. À<br />

noite são extremamente ativos,<br />

patrulhando os limites, demarcando<br />

seu território e latindo quando<br />

houver iminência de ameaças.<br />

O veterinário diz que o sucesso<br />

deste guardião no exercício de<br />

sua função não é a quantidade<br />

de predadores abatidos. “E sim a<br />

ausência dos predadores no território,<br />

e é por esse motivo que o<br />

Maremano Abruzês é conhecido e<br />

cobiçado”.<br />

Jorge Neto relata que estava<br />

na Fazenda Rondon, localizada<br />

Pastor pode ser solução para a preservação do Leão Baio<br />

em Jaguariaíva (PR), a menos<br />

de um mês e um dos cachorros<br />

apareceu com a cabeça inchada,<br />

com furos de mordida de animal<br />

de grande porte. “Por ser área de<br />

muita mata e um dos funcionários<br />

ter visto uma onça parda a menos<br />

de 2 dias do ocorrido, deduzimos,<br />

pelo tamanho da ferida, tratar-se<br />

de uma onça”. Não foi encontrado<br />

nenhum ovino, das mais de 3 mil<br />

cabeças da propriedade, morto<br />

por ataque de onça na ocasião. O<br />

cachorro recuperou-se bem e continua<br />

protegendo o rebanho.<br />

Ele exerce a guarda em três<br />

níveis. Latir: o que o Maremano<br />

Abruzês detectar como algo<br />

fora do normal, ele começa a latir.<br />

Se o predador continuar a se<br />

aproximar, os latidos ficam mais<br />

intensos, avisando de possível<br />

retaliação a invasão. Em último<br />

caso, se o intruso insistir na aproximação,<br />

ele partirá ao ataque.<br />

Marcação do território: a demarcação<br />

do seu território é, naturalmente,<br />

com urina. Esta prática<br />

tem grande ação de intimidação e<br />

advertência entre canídeos, sendo<br />

uma ação de grande eficácia. Diariamente<br />

vai inspecionar seu território,<br />

remarcando como sinal para<br />

os predadores de sua fiscalização<br />

diária. Curiosamente, no caso da<br />

vigilância realizada, também as<br />

fêmeas levantarão a pata para demarcação<br />

do território. Patrulha:<br />

guardando suas energias durante<br />

o dia, à noite, quando os riscos<br />

de predadores são maiores, o cão<br />

pastor é extremamente ativo. Serão<br />

frequentemente vistos antes<br />

do rebanho ao mudar de áreas e<br />

pastos. “Isso porque os ovinos e<br />

o cachorro interagem, o que cria<br />

no rebanho uma sensação de proteção”,<br />

descreve.<br />

Vivendo entre <strong>10</strong> e 14 anos,<br />

Fotos: Pedro Nacib Jorge Neto<br />

A raça é bastante peculiar e que necessita de poucos cuidados<br />

este cão pastor é um guardião<br />

nato por toda sua existência. O<br />

Maremano Abruzês não necessita<br />

de treinamento para exercer<br />

suas funções. “Desde muito cedo<br />

tomam consciência do seu dom<br />

de guardar, uma vez que adotam<br />

um rebanho”, explica o proprietário<br />

da Cabanha São Caetano,<br />

de São Borja e Porto Alegre (RS),<br />

Wilson Belloc Barbosa. Desde o<br />

momento em que adquiriram alguns<br />

destes animais, ele diz que<br />

nunca mais teve notícias de perdas<br />

em seus rebanhos. O que mais<br />

impressiona, segundo o criador,<br />

é o zelo que esta raça tem com<br />

cada uma das ovelhas. “Quando<br />

um animal se afasta do rebanho,<br />

o pastor trata de reconduzi-lo de<br />

volta ao grupo para que fique dentro<br />

de sua linha de visão”, conta.<br />

Ele explica que quando o rebanho<br />

é levado para a realização do manejo,<br />

também o cão passa por um<br />

processo semelhante. Barbosa faz<br />

questão de ressaltar para fins de<br />

orientação, que este cachorro não<br />

tem por finalidade atacar o predador.<br />

“Quando o Maremano Abruzês<br />

pressente o perigo ele trata de<br />

afastar o rebanho do local”. Barbosa<br />

informa ainda que o valor de<br />

um cão desta raça pode variar de 1<br />

a 3 mil reais, dependendo do nível<br />

e origem de cada animal.<br />

Criador de ovelhas, Luiz Cezar<br />

Fernandes, da Fazenda Marambaia,<br />

no município de Juriti (SP),<br />

tornou-se criador da raça. A sua<br />

experiência foi tão bem sucedida<br />

que, de inúmeras mortes diárias<br />

por ataque de predadores, a incidência<br />

baixou para zero com a<br />

presença do Maremano Abruzês.<br />

Em meio a um rebanho ruidoso de<br />

1.132 ovelhas, um único cão, de<br />

grande porte, branco e peludo, caminha<br />

soberano e vigilante. Urso<br />

foi adotado com dois meses de idade.<br />

Em agradecimento à acolhida,<br />

passou a oferecer sua proteção solitária<br />

e, considerando o número<br />

de animais sob sua escolta, quase<br />

heróica. “Quando está tudo quieto<br />

e ele ouve algum barulho, começa<br />

a circundar o grupo até que todas<br />

as ovelhas estejam agrupadas. Depois,<br />

se senta no meio delas e late<br />

sem se levantar”, conclui.<br />

Ecologia<br />

O Maremano Abruzês também<br />

pode ser considerado como<br />

um amigo do meio ambiente. Isto<br />

porque a ONG Projeto Puma,<br />

com localização na cidade de<br />

Lages (SC), interessou-se por<br />

uma possível introdução desta<br />

raça nas propriedades com a<br />

finalidade de preservar o Puma<br />

(Leão Baio), animal que corre<br />

perigo de extinção. “A maior<br />

vantagem do Maremano Abruzês<br />

comenta Wilson Belloc Barbosa,<br />

é que quando o Puma ronda<br />

qualquer rebanho, a sua aproximação<br />

fica limitada, impedindo<br />

perdas para o criador e consequente<br />

preservação do felino que<br />

seguidamente era abatido nas<br />

áreas atingidas”. •<br />

Leão Baio: em extinção


Notícias da ARCO<br />

DOIS ANOS<br />

DE SUCESSO!<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

4<br />

Dois anos podem parecer pouco! E na verdade é mesmo. Só que para nós que temos nos dedicado diariamente<br />

à tarefa de levar a vocês, leitores, o melhor conteúdo sobre ovinocultura, também parece que já faz um<br />

tempão que estamos nesta trabalhosa e informativa estrada!<br />

Uma estrada que tem nos gratificado muito, principalmente com o reconhecimento deste trabalho. E, cá<br />

entre nós, este sempre foi o nosso norte! Batalhar para levar até vocês tudo de importante e de diferenciado<br />

que está acontecendo no setor. Afinal, como um produto que representa a ARCO, é justo que o jornal busque<br />

mostrar o cenário da ovinocultura no Brasil.<br />

Por isto queremos agradecer e muito a todos vocês!<br />

Aos leitores do ARCO Jornal, por nos prestigiar ao longo deste tempo todo e mais que isso: por ter participado,<br />

ora nos dando dicas, ora nos puxando as orelhas ...<br />

E por certo agradecer de forma muito especial aos nossos anunciantes, que dando ampla visibilidade as<br />

suas empresas e produtos em bonitos e bem formatados anúncios, geram o necessário suporte econômico à<br />

nossa atividade.<br />

Muito obrigado, e esperamos, sinceramente, que todos – e cada vez mais - continuem conosco.<br />

Um feliz e produtivo 20<strong>10</strong>!<br />

Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos<br />

Agropress Agência de Comunicação<br />

Agência Ciranda – ter e fazer idéias<br />

Agenda da ARCO<br />

DATA EVENTO LOCAL<br />

01 a 04/<strong>10</strong>/<strong>09</strong> 42º EXPOFEIRA DE SANTA MARIA Santa Maria/RS<br />

02 a 04/<strong>10</strong>/<strong>09</strong> 34º EXPOFEIRA DE SÃO SEPÉ São Sepé/RS<br />

05 a 12/<strong>10</strong>/<strong>09</strong> 22ª EXPOVELHA Lençóis Paulista/SP<br />

08 a 11/<strong>10</strong>/<strong>09</strong> 74º EXPOFEIRA DE CAÇAPAVA DO SUL Caçapava do Sul/RS<br />

<strong>10</strong> a 17/<strong>10</strong>/<strong>09</strong> 47ª FESTA DO BOI e 8ª EXPOBRASIL – Exposição Nacional Santa Inês Parnamirim/RN<br />

15 a17/<strong>10</strong>/<strong>09</strong> 97º EXPOFEIRA DE BAGÉ Bagé/RS<br />

18 a28/<strong>10</strong>/<strong>09</strong> 71º EXPOFEIRA DE SANT’ANA DO LIVRAMENTO SANT’ANA DO LIVRAMENTO/RS<br />

21 a 25/<strong>10</strong>/<strong>09</strong> EXPOLAGES 20<strong>09</strong> Lages/SC<br />

26/<strong>10</strong>/<strong>09</strong> Reunião Programa Cordeiro de Qualidade ARCO Bagé/RS<br />

30/<strong>10</strong> a 03/11/<strong>09</strong> 49º EXPOFEIRA DE ENCRUZILHADA DO SUL Encruzilhada do Sul/RS<br />

11/11/<strong>09</strong> Reunião de Diretoria da ARCO Bagé/RS<br />

13/11/<strong>09</strong> Reunião Ordinária CDT Porto Alegre/RS<br />

15 a 16/11/<strong>09</strong> Encontro com Presidente da Federação Mundial de Merino Tacuarembo/UY<br />

16 a 20/11/<strong>09</strong> 4º SINCORTE João Pessoa/PB<br />

18/11/20<strong>09</strong> Reunião Programa Cordeiro de Qualidade ARCO Bagé/RS<br />

22 a 23/11/<strong>09</strong> 9ª Exposição Nacional de Ovinos Mercedes/AR<br />

04/12/<strong>09</strong> Reunião da Câmara Setorial de Ovinocaprinocultura - MAPA Salvador/BA<br />

07/12/<strong>09</strong> Reunião com a Coordenação da Fenovinos Ponta Grossa/PR<br />

08/12/<strong>09</strong> Reunião com a Ovinopar Guarapuava/PR<br />

<strong>10</strong>/12/<strong>09</strong> Seminário de Ovinocultura Porto Alegre/RS<br />

Programa Cordeiro de Qualidade<br />

Com uma reunião do Conselho Coordenador do Programa Cordeiro<br />

de Qualidade composto pela ARCO e Programa Juntos Para Competir<br />

do Sebrae/Senar -Farsul foi celebrado o acordo para a continuação do<br />

Programa que em outubro completou seu segundo ano de operação. O<br />

projeto visa à certificação de carne ovina ao criar um selo de qualidade<br />

para animais que atingem determinado padrão de carcaça. “É o princípio<br />

do processo de rastreabilidade”, assinala o presidente da ARCO, Paulo<br />

Schwab.<br />

Segundo o Coordenador do programa, Marcelo Grazziotin, o projeto<br />

se mostrou um sucesso uma vez que a cada ano conquistou mais produtores<br />

interessados. Conforme Grazziotin no primeiro ano foram 5 mil<br />

animais brincados, no ano seguinte, 12 mil cordeiros e a previsão para a<br />

próxima safra é de certificar 20 mil cordeiros. Ele disse ainda que todos<br />

os produtores dos grupos receberam capacitação do programa para avaliação<br />

de condição corporal dos cordeiros, para contribuir com o trabalho<br />

do técnico da ARCO e de cada responsável para garantir a qualidade dos<br />

cordeiros apresentados para abate. “É um projeto que tem significativa<br />

importância porque é uma das primeiras experiências no processo de<br />

união de toda a cadeia de produção e ainda temos muito a aprender, mas<br />

estou otimista e confiante na capacidade de nossos produtores, pessoal<br />

técnico e parceiros”, salienta. •


Notícias do S.R.G.O.<br />

Assunto é DNA<br />

O Regulamento do Registro<br />

Genealógico de Ovinos no §1º,<br />

Art. 62 do Capitulo XVII cita:<br />

“A ARCO fará cumprir as determinações<br />

do Caput deste artigo<br />

dentre do prazo máximo de um<br />

ano após a aprovação do presente<br />

Regulamento pelo MAPA. Portanto<br />

a partir de 12º <strong>jan</strong>eiro de<br />

20<strong>10</strong> a ARCO passará a exigir o<br />

que consta no Art. 62<br />

“Art. 62 – É obrigatória a comprovação<br />

de parentesco através de<br />

tipagem de DNA, de no mínimo<br />

3% dos produtos nascidos de monta<br />

natural, e 5% de inseminação<br />

MATO GROSSO DO SUL<br />

INSTITUTO DE PERÍCIAS CIENTÍFICAS<br />

DE MATO GROSSO DO SUL LTDA.<br />

Telefone: 67 3041 000<br />

MINAS GERAIS<br />

LABORATÓRIO DE GENÉTICA DA ESCOLA<br />

DE VETERINÁRIA DA UFMG<br />

Telefone: 31 3499 2206<br />

GENE/GENEALÓGICA CENTRAL DE<br />

GENOTIPAGEM DE ANIMAIS LTDA.<br />

Telefone: 31 3441 3373<br />

artificial. Para os produtos oriundos<br />

de transferência de embriões a<br />

obrigatoriedade é de <strong>10</strong>0%”<br />

Os animais a serem submetidos<br />

ao exame de DNA serão escolhidos<br />

pelos Inspetores Técnicos.<br />

Todos os custos da tipagem de<br />

DNA para comprovação de parentesco,<br />

inclusive os da colheita<br />

e envio das amostras, serão de<br />

responsabilidade do criador. A colheita<br />

das amostras será efetuada<br />

pelo Inspetor Técnico da ARCO<br />

por ocasião dos inspeções ao pé<br />

de mãe. Os resultados dos testes<br />

de DNA deverão ser encaminha-<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

5<br />

dos diretamente a Superintendência<br />

de Registro da ARCO. O criador<br />

escolherá o laboratório desde<br />

que o mesmo seja credenciado<br />

junto ao MAPA. A valorização da<br />

ovinocultura no País traz consigo<br />

a necessidade de investimento em<br />

animais de alto potencial genético<br />

e com procedência identificada,<br />

portanto com o melhoramento<br />

genético, somado a identificação<br />

individual e agora com a comprovação<br />

de parentesco por DNA terá<br />

o criador ferramentas fundamentais<br />

para a qualificação de seus<br />

planteis. •<br />

Relação dos Laboratórios Credenciados junto ao MAPA<br />

INSTITUTO HERMES PARDINI LTDA.<br />

Telefone: 31 3228 6200<br />

LINHAGEN PRODUTOS E SERVIÇOS<br />

EM BIOTECNOLOGIA LTDA.<br />

Telefone: 31 3295 1420<br />

SÃO PAULO<br />

DNA CONSULT GENÉTICA E BIOTECNOLOGIA<br />

Telefone: 16 3368 2233<br />

EXON BIOTECNOLOGIA<br />

Telefone: 11 3032 2411<br />

LINKGEN BIOTECNOLOGIA VETERINÁRIA LTDA.<br />

Telefone: 11 3884 74<strong>10</strong><br />

Registro de Material Genético<br />

CAPÍTULO VIII<br />

DA CLASSIFICAÇÃO DOS<br />

OVINOS PARA FIM DE REGIS-<br />

TRO<br />

Art. 15 - Puros de Origem (PO):<br />

Serão inscritos como PO os ovinos<br />

nascidos ou não no Brasil, que<br />

sejam originários de pais PO com<br />

documentação que comprove suas<br />

origens e animais filhos de PCOC<br />

que sejam pelo menos a quinta geração<br />

confirmada. Os animais desta<br />

categoria terão como identificação<br />

a tatuagem com o símbolo oficial<br />

“ARCO”.<br />

§ 1º - A Inscrição no SRG de<br />

material genético PO importado<br />

será feita mediante as seguintes<br />

condições:<br />

a) a importação obedecerá a resolução<br />

do CONCEX nº. 165, de<br />

23/11/88, a Portaria nº 49 do Ministério<br />

da Agricultura, de 11/03/87, e<br />

outras normas pertinentes emanadas<br />

do Ministério da Agricultura<br />

Pecuária e Abastecimento;<br />

b) a documentação exigida pelos<br />

órgãos oficiais para importação<br />

de material genético ovino deverá<br />

ser apresentada à ARCO, no prazo<br />

máximo de três meses após a efetiva<br />

entrada do mesmo no país. No<br />

caso de animais deverá também ser<br />

apresentado o Laudo Zootécnico<br />

realizado por Inspetor Técnico credenciado<br />

pela A.R.C.O.;<br />

c) é obrigatória a apresentação<br />

do Certificado de Registro oficial<br />

contendo pelo menos cinco gerações<br />

de ascendentes do material<br />

genético importado, devidamente<br />

reconhecido por entidade congênere<br />

do país de origem;<br />

d) quando se tratar de fêmea<br />

servida deverá acompanhar a documentação<br />

o Certificado de Cobrição<br />

e a cópia do Certificado de Registro<br />

do carneiro usado, de forma a cumprir<br />

o que determina o item “c”;<br />

e) os produtos nascidos em viagem,<br />

serão inscritos no Registro<br />

de Nascimento mediante comprovação<br />

de maternidade através de<br />

exame de DNA e da informação da<br />

data de nascimento fornecida pelo<br />

responsável pelo transporte.<br />

f) para a inscrição de sêmen,<br />

ovócitos e embriões deverão também<br />

serem cumpridos os requisitos<br />

dos artigos 59º § 3º ou 60 § 4º.<br />

§ 2º - A inspeção de animal<br />

importado para a apresentação do<br />

Laudo Zootécnico a que se refere o<br />

§1º, “b”, poderá ser feita até,no máximo,<br />

quatro meses após o ingresso<br />

do referido animal no território brasileiro.<br />


Carne<br />

Apesar de ainda incipientes<br />

para garantir cordeiro<br />

no momento certo, programas<br />

que focam na produção<br />

regular e de qualidade ganham<br />

força em algumas regiões do Brasil.<br />

Uma delas está prestes a fechar<br />

três anos e conta atualmente<br />

com 59 produtores engajados<br />

na criação de animais certificados<br />

pelo Programa Cordeiro de<br />

Qualidade, fruto da parceria da<br />

Associação Brasileira de Criadores<br />

de Ovinos (ARCO) com o<br />

Juntos para Competir. O programa<br />

busca aumentar a eficiência<br />

dos sistemas de produção ovina<br />

e promover uma estratégia de<br />

comercialização integrada e com<br />

diferenciação do produto. “Nosso<br />

trabalho visa à certificação por<br />

Iniciativas como a do Cordeiro de Qualidade,<br />

Herval Premium e da Savana ajudam<br />

a amenizar o déficit de carne de cordeiro no<br />

varejo brasileiro, mas representam muito<br />

pouco em relação ao potencial de consumo.<br />

O estabelecimento de ações concretas para<br />

o setor é fundamental e passa, necessariamente,<br />

pela organização da cadeia produtiva<br />

e da comercialização. O desabastecimento<br />

do mercado acaba se tornando um<br />

círculo vicioso, onde na maioria das vezes<br />

quem produz não sabe para quem vender e<br />

nem a que preço.<br />

É aí que entra uma importante ferramenta<br />

que pode ajudar na criação de um sistema<br />

de produção eficiente e de longo prazo:<br />

o marketing. Quem defende essa tese é o<br />

consultor em marketing Neri Ferreira, da<br />

Activa Marketing. O especialista que já<br />

trabalhou no campo por mais de 15 anos,<br />

defende maior engajamento dos produtores<br />

e suas respectivas entidades para que o mecanismo<br />

se torne realidade no País. Segun-<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

6<br />

Pequenas iniciativas com grandes resultados<br />

Fotos: Divulgação<br />

Oferta irregular que não atende à demanda do mercado<br />

consumidor. Esta frase já se tornou uma velha conhecida<br />

de quem atua na cadeia produtiva da ovinocultura<br />

no Brasil. Depois que a carne ganhou espaço em detrimento<br />

da lã, a atividade ainda patina para se adequar<br />

às exigências da indústria e do varejo no que tange ao<br />

volume e à qualidade. De uns anos para cá algumas iniciativas<br />

vêm contornando esse desequilíbrio entre produção<br />

x consumo, que amenizam, em parte, o gargalo da<br />

ovinocultura no País, trabalho tocado por empreendedores<br />

que, além da paixão pela atividade, se diferenciam<br />

por colocar no mercado cortes de carne de qualidade.<br />

Luciana Radicione<br />

qualidade, por origem e sistema<br />

de produção”, explica o coordenador<br />

do programa, Marcelo Grazziotin.<br />

Atualmente são sete grupos<br />

de criadores no Rio Grande<br />

do Sul capacitados para produzir<br />

dentro das normas do programa,<br />

com planteis certificados em São<br />

Gabriel, São Martinho da Serra,<br />

Dom Pedrito, Quaraí, Alegrete,<br />

Uruguaiana e Santana do Livramento.<br />

Se produzir dentro de padrões<br />

que atendam às exigências da indústria<br />

é umas das grandes dificuldades<br />

do criador, no caso dos<br />

integrantes do programa conduzido<br />

pela ARCO a realidade é bem<br />

diferente. Todos os participantes<br />

não apresentam problemas no<br />

quesito manejo adequado e entregam<br />

os animais para abate dentro<br />

dos padrões exigidos pela indús-<br />

tria, com peso-carcaça médio em<br />

torno de 16 quilos. “Alcançar o<br />

padrão é tarefa que todos que estão<br />

no programa cumprem tranquilamente,<br />

pois são capacitados<br />

e recebem orientação técnica<br />

permanente”, afirma Grazziotin.<br />

O maior entrave atualmente, segundo<br />

ele, é a logística de carregamento<br />

dos cordeiros até o<br />

estabelecimento de abate, pois o<br />

programa não limita o número de<br />

animais participantes - enviados<br />

para o frigorífico Mercosul, unidade<br />

de Mato Leitão/RS.<br />

Além de produzir de forma<br />

profissional, os criadores recebem<br />

entre <strong>10</strong>% e 20% acima do<br />

preço do mercado pelo cordeiro<br />

brincado dentro do programa.<br />

Embora levem a marca própria do<br />

fornecedor na embalagem (Mercobeef),<br />

todo o produto pode ser<br />

reconhecido no varejo através<br />

do selo do Programa Cordeiro<br />

ARCO, diferencial exclusivo do<br />

projeto. Se nesse ano a ideia é<br />

fechar com 11.600 exemplares<br />

rastreados, em 20<strong>10</strong> Grazziotin<br />

aposta em 20 mil, o que dará nova<br />

“cara” ao projeto. Apesar do crescimento<br />

ano a ano, é fato que o<br />

consumidor pede muito mais cordeiro<br />

e que iniciativas pontuais<br />

como esta ocupam uma pequena<br />

fatia de mercado. “Poderíamos,<br />

tranquilamente, ter vendido duas,<br />

três vezes mais cordeiros. O consumidor<br />

já reconhece a qualidade<br />

e o sabor de um bom corte”, afirma<br />

o executivo do programa.<br />

Na carona de projetos que<br />

visam à qualificação, o criador<br />

César Viana, da Cabanha SC Estrela,<br />

de Mafra/SC, aposta alto<br />

na produção de cortes nobres de<br />

Marketing: estratégia essencial para o setor<br />

Neri Ferreira, da Activa Marketing<br />

do ele, nunca houve uma pesquisa para conhecer<br />

a realidade desse mercado, capaz de<br />

estabelecer, regionalmente, qual a demanda<br />

e qual o tipo de produto, para, a partir disso,<br />

engajar produtores e indústrias e comércio.<br />

“Em qualquer iniciativa, a pesquisa é a<br />

mãe”, considera.<br />

Segundo Ferreira, o Brasil tem genética<br />

e conhecimento de campo para satisfazer o<br />

mercado, no entanto, os poucos movimentos<br />

que buscam difundir a cultura da ovi-<br />

nocultura carne no País são feitos de forma<br />

equivocada. E cita como exemplo ações que<br />

visam a ensinar o consumidor a preparar<br />

pratos à base de cordeiro em eventos onde<br />

o público-alvo não é a dona de casa. De<br />

outro lado está o produtor receoso, que não<br />

se atreve a produzir porque não sabe para<br />

quem vender. “Aí está o círculo vicioso da<br />

cadeia”, completa o consultor.<br />

Além de uma pesquisa ampla de mercado,<br />

levando em consideração fatores regio-<br />

Criar um<br />

sistema<br />

de produção<br />

eficiente e<br />

de longo<br />

prazo<br />

cordeiros da raça Texel, criados<br />

em campos de parceiros em Santa<br />

Catarina e possivelmente no Rio<br />

Grande do Sul, já que o rebanho<br />

no seu Estado é deficitário. Agricultor<br />

e dono de um rebanho que<br />

chega a 300 matrizes, Viana investiu<br />

mais de R$ 500 mil na sua<br />

“paixão”, como ele mesmo diz. E<br />

pretende produzir cortes diversificados<br />

de cordeiros, pois “sente<br />

e sabe” que o mercado está apto<br />

a receber produto de qualidade.<br />

O animal, para fazer parte do seu<br />

projeto, deverá estar pronto com<br />

peso-carcaça entre 15 e 20 quilos.<br />

Para ter total domínio sobre<br />

o processo de produção, o criador<br />

já reservou uma área em sua propriedade<br />

onde está sendo erguido<br />

um entreposto para o abate e industrialização<br />

da carne, que levará<br />

uma marca própria – ainda em<br />

fase de desenvolvimento.<br />

A previsão é de que no próximo<br />

ano, a partir de fevereiro, o<br />

projeto esteja a pleno, com o abate<br />

mensal de cerca de 500 animais.<br />

Segundo Viana, já foram feitos<br />

contatos com supermercados e<br />

boutiques que se interessaram na<br />

compra dos cortes. “Vamos suprir<br />

toda uma demanda por qualidade<br />

na região. A ênfase em produtos<br />

especiais está na moda”, garante<br />

o empresário, que toca a iniciativa<br />

junto com sua esposa, Susana<br />

Viana.•<br />

nais, o Brasil carece de políticas públicas<br />

para a atividade. De acordo com Ferreira,<br />

uma política de crédito permanente – e não<br />

apenas em épocas de feiras de animais – somada<br />

a uma aproximação dos produtores<br />

com os grandes players do varejo são iniciativas<br />

que podem levar a ovinocultura a<br />

uma expansão nos próximos anos, na avaliação<br />

de Ferreira. “Se não houver mudança<br />

nas áreas políticas e de comercialização,<br />

nada vai mudar”, sentencia. •


Carne<br />

Boas ideias não são suficientes<br />

para expandir a ovinocultura<br />

carne no Brasil. É preciso um trabalho<br />

de convencimento do produtor,<br />

muitas vezes desacreditado<br />

dos resultados que a atividade, se<br />

bem conduzida, pode dar. Esse<br />

foi um dos principais problemas<br />

diagnosticados quando da criação<br />

do programa Cordeiro Herval<br />

Premium, há <strong>dez</strong> anos. De acordo<br />

com o coordenador do programa,<br />

Clóvis de Ávila, a adesão de<br />

produtores só deslanchou quando<br />

eles perceberam que o negócio<br />

poderia se tornar uma boa alternativa<br />

de renda. “Naquela época<br />

a ovinocultura estava em baixa e<br />

desestimulada pelos baixos preços<br />

da lã”, recorda.<br />

Superada essa fase, hoje o Herval<br />

Premium conta com a parceria<br />

de 320 criadores em 17 municípios<br />

da Metade Sul do Rio Grande<br />

do Sul. O volume de entrega ao<br />

frigorífico Mercosul chega a 700<br />

animais por semana, que remuneram<br />

até 12% mais do que o mercado.<br />

A meta para 20<strong>10</strong> é expandir<br />

a iniciativa para todo o Estado. O<br />

Herval Premium tem importância<br />

ímpar no processo de qualificação<br />

da atividade, uma vez que a marca<br />

pertence à primeira certificadora<br />

de carne de cordeiro do País, com<br />

registro no Instituto Nacional de<br />

Propriedade Industrial (Inpi).<br />

A partir de 2007, a entidade<br />

passou a certificar animais produzidos<br />

em todo Estado e abatidos<br />

em frigorífico de abrangência<br />

nacional. O selo de qualidade garante<br />

a padronização da carne, a<br />

partir de atributos como peso e<br />

idade, além de nível e distribuição<br />

de gordura na carcaça. Na avaliação<br />

do coordenador, iniciativas<br />

que visam o mercado comprador<br />

naturalmente forçam a cadeia produtiva<br />

a se organizar – na medida<br />

em que estimula a maior produção<br />

e conscientiza sobre a importância<br />

do manejo correto para alcançar<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

7<br />

Parcerias confirmam êxito da ovinocultura carne<br />

Fotos: Divulgação<br />

Produção e industrialização aqui são ainda muito incipientes<br />

padrões produtivos ideais.<br />

Antes de ser lançado, porém,<br />

os organizadores do Herval Premium<br />

foram em busca de informações<br />

sobre o mercado consumidor<br />

para conhecer, de fato, qual<br />

o desejo da clientela. Na época,<br />

o Departamento de Zootecnia da<br />

Universidade Federal de Pelotas<br />

(UFPel) e o Sebrae/RS focaram<br />

os grandes centros consumidores<br />

– onde a demanda é maior – para<br />

saber com qual tipo de produto se<br />

deveria trabalhar.<br />

Segundo Ávila, a continuidade<br />

e o sucesso de programas como o<br />

Herval Premium dependem exclusivamente<br />

do engajamento de<br />

toda a cadeia. “O produtor deve<br />

ser fiel na entrega e a indústria,<br />

como no nosso caso, precisa ser<br />

parceira e ouvir as reivindicações<br />

de quem produz”, revela.<br />

Ele acredita que o cenário para a<br />

atividade só vai mudar quando a<br />

cadeia produtiva se der conta que<br />

programas com esse cunho podem<br />

ser disseminados em todo o<br />

Brasil, desde que haja também um<br />

comprometimento dos frigoríficos<br />

em vender qualidade.<br />

Cortes para a alta gastronomia<br />

é o que propõe a Savana Agropecuária,<br />

de São Paulo, que abastece<br />

restaurantes finos do Estado com<br />

58 cortes diferenciados da raça<br />

Santa Inês, além de embutidos e<br />

temperados. Especializa na industrialização,<br />

a empresa comandada<br />

por Robson Leite trabalha atualmente<br />

com 30 produtores parceiros<br />

que somam 120 mil matrizes.<br />

“Faço a seleção das carcaças em<br />

nossos frigoríficos e classifico nas<br />

categorias A, B ou C, e as destino<br />

a mercados diferentes”, explica<br />

o empresário, que todo os meses<br />

abastece os pontos de venda com<br />

cerca de 180 toneladas de cordeiro.<br />

A Savana fornece assistência<br />

técnica, garante a compra do produto<br />

e exige do produtor que ele<br />

siga um sistema de manejo específico,<br />

pelo qual o animal atinge<br />

o peso de 30 a 35 quilos entre 90<br />

e 120 dias.<br />

Além de reunir parceiros interessados<br />

e aptos a difundir uma<br />

produção diferenciada, e compatibilizar<br />

custos, padrões e manejo,<br />

o projeto da Savana muitas vezes<br />

se deparou com empecilhos de<br />

ordem “cultural”. Embora muitos<br />

paradigmas já tenham caído por<br />

terra, ainda é muito forte a reação<br />

de produtores quanto à viabilidade<br />

da carne ovina. Especialmente<br />

quando esse produtor é focado<br />

na bovinocultura. “Lembro que<br />

quando apresentei meu projeto<br />

a um grupo de 20 pecuaristas de<br />

Goiás, apenas um ficou até o final<br />

da explanação. E ele ainda me disse:<br />

esse negócio de carneiro aqui<br />

não funciona, aqui é terra de boi,<br />

agente cria isso aqui só para dar<br />

de presente de final de ano para<br />

gerente de banco e amigos”, conta.<br />

Mas não foi o encontro em<br />

Goiás que o fez desistir da ideia.<br />

Atento à oportunidade de investimento,<br />

Leite procurou se informar<br />

sobre a atividade no Brasil e no<br />

mundo. E constatou que em matéria<br />

de ovinocultura carne, o Brasil<br />

ainda é um bebê que engatinha:<br />

“Produção e industrialização aqui<br />

são muito incipientes se comparados<br />

a países como Nova Zelândia,<br />

Austrália até mesmo o Uruguai”.<br />

Com um prévio diagnóstico em<br />

mãos, ele fez uso de pesquisa de<br />

mercado para saber exatamente o<br />

Convencimento: produtor percebeu a alternativa de renda<br />

que produzir e o que vender. “Fizemos<br />

uma pesquisa junto a mais<br />

de 180 chefs de cozinha para descobrirmos<br />

exatamente o que eles<br />

queriam e como eles queriam,<br />

para só então iniciarmos a nossa<br />

produção e a escolha das raças<br />

ideais para aquele mercado”, esclarece.<br />

E um dos segredos do<br />

sucesso da carne nobre é, além da<br />

qualidade, a oferta regular a preços<br />

compatíveis com a realidade<br />

do varejo.<br />

Independentemente do lugar<br />

onde é oferecido - supermercados,<br />

empórios, restaurantes e hotéis - o<br />

que o mercado está mostrando é<br />

que existe uma grande demanda<br />

reprimida por carne de cordeiro<br />

de qualidade. E não é preciso ir<br />

muito longe para constatar essa<br />

realidade. Em Porto Alegre, a<br />

Casa de Carnes Bolinha é um tradicional<br />

ponto de venda de cortes<br />

diferenciados, abastecido por produtores<br />

da região de Uruguaiana.<br />

No passado, a empresa produzia<br />

em parceria com o Mercosul, mas<br />

hoje atua somente na ponta final<br />

da cadeia comprando e revendendo<br />

ao mercado gaúcho um volume<br />

que chega a 50/60 animais por<br />

mês, segundo um dos proprietários,<br />

Marcelo Conceição. “Notamos<br />

que o consumo vem crescendo<br />

e nosso trabalho aqui também<br />

é mostrar e motivar o cliente a<br />

levar para casa cortes que podem<br />

servir para os mais diversos pratos”,<br />

afirma. •


<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

8<br />

Mercado<br />

Novo nicho de mercado para ovinos coloridos<br />

Produção de pelegos e fios para artesanato é uma forte opção de renda<br />

Relegado a uma condição<br />

menor dentro da criação<br />

de ovinos de uma propriedade,<br />

os ovinos que nascem<br />

com lã preta ou cor diferente do<br />

padrão branco/bege, dificilmente<br />

vivem por muito tempo. Em geral<br />

seu destino é ser abatido cedo<br />

e sua pele é dada ou trabalhada<br />

para virar pelego pra montaria da<br />

fazenda. Isto porque, no mercado<br />

de produção de lã a de cor preta<br />

tem muito pouco valor. “Não<br />

paga nem a esquila”, como dizem<br />

os criadores. Mas esta é uma realidade<br />

que está mudando. Com o<br />

retorno do interesse pelo artesanato<br />

com lãs naturalmente coloridas<br />

que dispensam o processo de<br />

tingimento, cresce no setor – mesmo<br />

que lentamente – o número de<br />

criadores que estão mantendo nos<br />

seus rebanhos estes animais, investindo<br />

inclusive, na seleção genética<br />

para aprimoramento deste<br />

núcleo de ovinos.<br />

Dono de um rebanho Corriedale<br />

com mais de 52 anos de seleção<br />

genética, Paulo Sérgio Soares, da<br />

Cabanha Espinilho, de Bagé, RS,<br />

sempre acompanhou seu pai, Joaquim<br />

Soares Filho nos trabalhos<br />

com o rebanho e, pelo que lembra,<br />

sempre viu estes animais<br />

com lã diferente serem apartados<br />

do rebanho. Quando assumiu a<br />

administração da fazenda, passou<br />

a selecionar estes animais para<br />

formar um núcleo com qualidade<br />

genética. Até porque, as ofertas<br />

para comprá-los eram significa-<br />

tivas e, geralmente, os vendia a<br />

um preço mais elevado que o normal.<br />

“Isto foi me mostrando que<br />

existe um nicho de mercado com<br />

boa procura o que fez com que eu<br />

me tornasse um criador de Corriedale<br />

preto com pelo menos 50<br />

animais”, diz. Paulo Sérgio revela<br />

que o pelego de um animal preto<br />

ou cor aproximada está valendo<br />

em torno de R$ 250,00. O criador<br />

pensa que este é um mercado a ser<br />

trabalhado, pois demonstra que há<br />

uma tendência de aumentar a procura.<br />

Ele acredita, no entanto, que<br />

se houver aumento demasiado de<br />

oferta, estes preços diferenciados<br />

podem acabar caindo.<br />

Tradicional criadora de Texel<br />

no município do Alegrete, na<br />

fronteira oeste gaúcha, Re<strong>jan</strong>e<br />

Correa, da Cabanha da Fortaleza,<br />

afirma que está criando Texel<br />

Preto, ou naturalmente colorido,<br />

porque além da produção de carne<br />

que a raça proporciona, permite<br />

a comercialização do pelego ou<br />

da lã naturalmente colorida que é<br />

escassa no mercado de artesanato.<br />

“Há uma tendência no mercado<br />

por produtos naturais e isto também<br />

está se manifestando nos tecidos,<br />

nas roupas, o que provoca<br />

aumento na procura por estas lãs,<br />

permitindo ao produtor, ter mais<br />

uma opção de ganhos com a sua<br />

criação de ovinos. Re<strong>jan</strong>e lamenta,<br />

no entanto, que a Associação<br />

Brasileira de Criadores de Texel,<br />

Brastexel, ainda não reconheça e<br />

trabalhe pela abertura de regis-<br />

Fotos: Divulgação<br />

tros genealógicos destes animais.<br />

“Pesquisei na internet e encontrei<br />

diversos criatórios pelo mundo,<br />

inclusive na Holanda, que é berço<br />

da raça, por isto não entendo<br />

a razão da entidade ter resistência<br />

contra os Texel coloridos”, reclama<br />

a criadora. Re<strong>jan</strong>e acrescenta<br />

que vem percebendo que os animais<br />

pretos são mais precoces e<br />

mais resistentes às doenças, “não<br />

é nada científico, apenas uma visão<br />

campeira”, salienta.<br />

Black Texel – Fazendo parte<br />

da quarta geração que seleciona<br />

ovinos naturalmente coloridos,<br />

criação iniciada em 1903, e tendo<br />

o primeiro animal tatuado PO, da<br />

raça crioula, registrado na ARCO,<br />

Rui Junior Godinho, da Fazenda<br />

Harmonia, de São Martinho da<br />

Serra, na região central do Rio<br />

Congresso reúne participantes de cinco países<br />

Com a participação de 126 pessoas, entre representantes da Austrália, Nova Zelândia, EUA, Canadá,<br />

entre outros, a Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos Naturalmente Coloridos, ABCONC,<br />

realizou no início de setembro de 20<strong>09</strong>, o Congresso Mundial de Ovinos Naturalmente coloridos. Segundo<br />

Eduardo Amato, presidente da entidade, o evento cumpriu o objetivo que era mostrar para os<br />

criadores brasileiros que existe um mercado para os produtos oriundos de lãs naturalmente coloridas,<br />

e que tem um grande potencial de crescimento.<br />

“Um exemplo disto é que a tradicional empresa<br />

Fiateci, já tem uma linha de produtos naturalmente<br />

coloridos.<br />

Amato conta que os estrangeiros ficaram bem<br />

impressionados com a qualidade do rebanho o<br />

que estimulou aos criadores brasileiros a pensarem<br />

na importação de sêmen, embriões a animais<br />

das raças Romney e Corriedale pretos. “É<br />

uma raça criada normalmente com registro nos<br />

livros das associações e tudo, tanto que existe<br />

uma criadora que tem cerca de 4 mil exemplares<br />

de Corriedale pretos”, assinala o dirigente. •<br />

Pelegos de animais pretos ou cor aproximada têm excelente cotação de mercado<br />

Grande do Sul, conta que cunhou<br />

esta expressão no dia de um leilão<br />

da fazenda. Por insistentes<br />

pedidos do leiloeiro, colocou em<br />

pistas seus animais pretos da raça<br />

Texel, anunciando que eram Black<br />

Texel. Estes animais obtiveram<br />

preços bem melhores que os ani-<br />

Marco Antonio Righi<br />

mais tradicionais. Rui conta que<br />

por gostar de rodeio ele também<br />

incentiva a criação de animais<br />

pretos porque os pelegos são bons<br />

para usar na montaria. “E o interesse<br />

deste público por este produto,<br />

aqui no Estado, é grande,<br />

chegando a pagar um valor bem<br />

superior ao normal no mercado”,<br />

assinala. O criador diz ainda que<br />

hoje a produção destes pelegos<br />

viraram um bom negócio.<br />

Entrar no mercado de produção<br />

artesanal com a fabricação<br />

de fios naturalmente coloridos,<br />

pelegos e mantas para montaria,<br />

xergões, e, além disto, produzir<br />

uma carne de qualidade. Este foi<br />

o plano de negócio estabelecido<br />

por Marco Antonio Righi, da<br />

Fazenda Caixa D´agua, de Dilermando<br />

Aguiar, também na região<br />

central gaúcha. Segundo ele, um<br />

plano que buscou agregar valor à<br />

produção ovina e que hoje, esta<br />

unidade de negócio, representa<br />

15% do faturamento da propriedade.<br />

“Isto porque adotamos na<br />

criação, o Black Texel. O retorno<br />

está sendo muito bom, mostrando<br />

que a decisão foi acertada”,<br />

afirma Righi, acrescentando que<br />

o mercado hoje se mostra bem<br />

favorável aos produtos naturalmente<br />

coloridos. O criador<br />

disse que criaram uma linha de<br />

fios com marca própria que é<br />

vendida pela internet com uma<br />

procura bem expressiva em todo<br />

o País. “Prá ficar melhor, precisamos<br />

somente conseguir registrar<br />

nossos animais na ARCO”,<br />

finaliza ele.<br />

Indústria – “Essa pele só tem<br />

um mercado que é o de montaria”,<br />

diz João Carlos Betemps,<br />

dono da Indústria de Peles e<br />

Couros Alaska, do município de<br />

Capão do Leão, na região Sul<br />

do RS. Segundo ele tem gente<br />

que paga cerca de R$ 200 reais<br />

por este produto. Embora seja<br />

atrativo, Betemps diz que é um<br />

produto difícil de encontrar no<br />

mercado porque normalmente<br />

a maioria dos produtores fazem<br />

um curtimento caseiro e usam<br />

nas suas montarias. Marcio<br />

Martini, do Curtume Caxiense,<br />

na Serra Gaúcha, concorda<br />

com o dono do Alaska dizendo<br />

que é um produto difícil de encontrar<br />

no mercado. “Quando<br />

tenho encomendas deste tipo,<br />

acabo comprando nos países vizinhos”,<br />

diz ele. “É um produto<br />

bem valorizado”, complementa<br />

Erly Inticher, da Pelegos Índio<br />

Guarani, de Guarani das Missões,<br />

no noroeste gaúcho. •


Sanidade<br />

Grande limitante da cadeia<br />

produtiva da ovinocultura,<br />

a verminose<br />

é uma das principais dores de<br />

cabeça do produtor e um dos objetos<br />

de estudo de várias escolas<br />

de veterinária. Num sistema de<br />

confinamento, a presença dos nematódeos<br />

(agentes da verminose)<br />

é ainda maior e exige cuidados<br />

permanentes do criador. Trabalho<br />

realizado por pesquisadores<br />

da Universidade Federal de Santa<br />

Maria mostrou que o uso de cama<br />

sobreposta no sistema maravalha<br />

apresenta um menor risco de infestação<br />

por nematódeos quando<br />

comparado ao sistema com feno.<br />

O principal fator que afeta o<br />

desempenho dos ovinos é a verminose<br />

gastrintestinal. Nesse<br />

contexto, é necessária a busca de<br />

alternativas para o controle desta<br />

enfermidade, como por exemplo,<br />

a terminação de cordeiros em<br />

confinamento. Neste sistema, a<br />

lucratividade é maior, quando<br />

comparado a um sistema exclusivo<br />

a pasto, em função da maior<br />

capacidade de lotação e abreviação<br />

do tempo de abate. O confinamento<br />

é a base de expansão da<br />

suinocultura, tendo como alternativa<br />

para a poluição ambiental a<br />

cama sobreposta.<br />

O objetivo do trabalho da<br />

equipe formada por Marcelo Cecim,<br />

Marta Leal, Silvia Monteiro,<br />

João Fábio Soares, Paula Nicolodi,<br />

Diego Zeni, Emanuel Veiga<br />

Camargo, José Francisco Rocha,<br />

José Francisco Bragança e Ricardo<br />

Rocha, foi o de avaliar a contaminação<br />

da cama por larvas de<br />

nematódeos em dois sistemas de<br />

produção, com feno e com maravalha.<br />

O trabalho experimental foi<br />

realizado no Hospital Veterinário<br />

da Universidade Federal de Santa<br />

Maria – RS. Foram utilizados 48<br />

ovinos, da raça Ideal e suas cruzas<br />

(Ile de France) com idade entre<br />

6 e 8 meses, mantidos em seis<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

9<br />

Cama sobreposta auxilia no controle da verminose<br />

Fotos: Divulgação<br />

baias, em dois grupos: sistema de<br />

cama sobreposta com maravalha<br />

e sistema de cama sobreposta com<br />

feno. O experimento teve duração<br />

de 120 dias e ao final do mesmo,<br />

foi analisada a contaminação por<br />

larvas de nematódeos em três alturas<br />

da cama, nas porções superficiais,<br />

médias e profundas.<br />

As contagens de ovos por grama<br />

de fezes (OPG) foram realizadas<br />

mensalmente. Após a análise<br />

dos resultados, o sistema de cama<br />

com feno apresentou um número<br />

maior de larvas quando comparado<br />

ao sistema de maravalha nas<br />

coletas superficial (P


Especial<br />

Horst Knak<br />

A<br />

ovinocultura do Rio<br />

Grande do Norte vive um<br />

momento de agitação.<br />

Com o mercado em ascensão, no<br />

início de <strong>dez</strong>embro a Associação<br />

Norte-Rio-Grandense de Criadores<br />

de Ovinos e Caprinos (Ancoc),<br />

com sede em Parnamirim,<br />

próximo à capital Natal, realizou<br />

eleições com dois candidatos e<br />

uma intensa disputa. Vencido o<br />

renhido pleito, tornou-se novo<br />

presidente Romildo Pessoa Júnior,<br />

apoiado pelo atual presidente,<br />

Orlando Procópio. Entre<br />

arranhões e ferimentos, emerge<br />

deste confronto uma entidade<br />

mais forte, com maior número<br />

de associados.<br />

Com um rebanho estimado<br />

em 600 mil ovinos e outro tanto<br />

de caprinos, há expectativas de<br />

novo incremento de rebanho graças<br />

ao apoio do governo estadual.<br />

Já na Exposição Nacional de<br />

Ovinos Santa Inês, realizada em<br />

outubro no Parque Aristófanes<br />

Fernandes, durante a 47ª Festa<br />

do Boi, foram fechados negócios<br />

da ordem de R$ 50 milhões, cerca<br />

de R$ 15 milhões a mais do<br />

que no ano passado. Num evento<br />

inédito para a agropecuária po-<br />

Outras iniciativas também<br />

mostram que os criadores<br />

não estão parados. Ao<br />

lançar o livro Criação Familiar<br />

de Caprinos e Ovinos no<br />

RN, o gerente do projeto de<br />

caprinos e ovinos da Emater,<br />

Alexandre Confessor,<br />

destacou que a obra é uma<br />

espécie de cartilha que reúne<br />

opiniões de mais de <strong>10</strong>0<br />

pesquisadores, extensionistas<br />

e agentes de crédito, que<br />

se prontificaram a discutir<br />

temas da criação de ovinos<br />

e caprinos adequados à realidade<br />

potiguar, sugerindo<br />

escolha de animais, técnicas<br />

de alimentação e manejo,<br />

sistemas agrosilvopastoris,<br />

realizando também análises<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

<strong>10</strong><br />

No Rio Grande do Norte,<br />

ovinocultura em estado em ebulição<br />

Foto: Murilo Góes/Divulgação<br />

Ovinos Santa Inês, uma das referências do rebanho do RN<br />

tiguar, estiveram expostos cerca<br />

de 1.500 ovinos Santa Inês, demonstrando<br />

o interesse pela raça,<br />

uma das mais fortes do Estado.<br />

Segundo Orlando Procópio,<br />

“a seleção zootécnica do rebanho<br />

no RN é sempre referência, pois<br />

temos o dom de fazer seleção. De<br />

uma forma geral os nossos rebanhos<br />

são pequenos, entretanto<br />

com muita qualidade. Podemos<br />

observar isto não só nas raças<br />

que estão em evidência como a<br />

Santa Inês, Bôer e Dorper, como<br />

Complemento de renda para o sertanejo<br />

econômicas e de marketing,<br />

tudo para estimular a criação<br />

de animais num ambiente<br />

mais profissional e organizado.<br />

também nas raças nativas, nas<br />

quais o estado é um banco genético,<br />

principalmente na região do<br />

Cabugi – no centro do Estado”,<br />

define o ex-presidente da Ancoc.<br />

Nos últimos anos, houve importante<br />

incremento da qualidade<br />

genética do rebanho, apesar<br />

de uma relativa estagnação ao<br />

final de 2008, que já começou a<br />

ser revertida em 20<strong>09</strong>. Segundo<br />

Orlando Procópio, a implantação<br />

do Ranking Estadual, oficializando<br />

todas as etapas com<br />

Alexandre Confessor e Paulo Schwab<br />

Neste ambiente de agricultura<br />

familiar, explica<br />

Confessor, a ovinocaprinocultura<br />

deve ser considerada<br />

uma atividade de complemento<br />

da renda do produtor.<br />

Entre outras atividades, o<br />

produtor rural potiguar cria<br />

Orlando Procópio, agora<br />

ex-presidente da Ancoc<br />

as suas respectivas associações<br />

de raça, com a presença de juízes<br />

credenciados e distribuição<br />

de prêmios em dinheiro, garantiu<br />

efetiva presença de criadores<br />

nas principais mostras do interior.<br />

Os prêmios dos vencedores<br />

foram de R$ <strong>10</strong>.000,00 por ex-<br />

gado leiteiro, termina alguns<br />

garrotes, possui suínos<br />

e galinha caipira para subsistência,<br />

ovinos e caprinos<br />

para carne e pele, além de<br />

pequenas lavouras de milho<br />

e feijão.<br />

No caso da ovinocultura,<br />

o técnico da Emater identificou<br />

que os três principais<br />

problemas da ovinocultura<br />

local são a verminose,<br />

a eimerose, a clostridiose<br />

e a fome. “Todos eles podem<br />

ser resolvidos desde<br />

que dentro da realidade do<br />

produtor. Não adianta prescrever<br />

medicamentos caros,<br />

porque estes vão inviabilizar<br />

a atividade”. Por isso,<br />

a Emater do Estado desen-<br />

posição e, ao final do Ranking,<br />

foram distribuídos em torno de<br />

R$ 52.000,00 em 20<strong>09</strong>, graças<br />

a uma premiação extra para raça<br />

Santa Inês, em função da Nacional.<br />

Entre os criadores de destaque,<br />

foram premiados em 20<strong>09</strong>,<br />

numa parceria com o Banco do<br />

Nordeste, no Santa Inês, Orlando<br />

Procópio (Rebanho OCP);<br />

Bôer, Marcelo Abdon (Rebanho<br />

Bremar); Dorper, Manoel Gaspar;<br />

Raças Nativas, Alexandre<br />

Wanderley; e nas raças Leiteiras,<br />

Edma & José Airton.<br />

No Rio Grande do<br />

Norte, os animais alcançam<br />

preço médio<br />

de R$ 3.500,00 para<br />

fêmeas de elite e de<br />

R$ 1.500,00 para reprodutores<br />

comerciais,<br />

considerados dentro da<br />

realidade do Nordeste.<br />

Uma matriz produtora<br />

de genética pode<br />

ser adquirida por R$ 2<br />

mil. “A crise iniciada no final de<br />

2008 nos atingiu de forma menos<br />

traumática e permitiu que o setor<br />

tivesse um aumento de 30% no<br />

número de novos criadores e consequentemente<br />

de novos sócios<br />

para Ancoc”, observa Orlando<br />

Procópio. •<br />

volveu a Unidade Técnica<br />

Didática (UTD), em suas <strong>10</strong><br />

regiões administrativas. Um<br />

produtor escolhido, intessado<br />

na atividade, porém com<br />

dificuldades, recebe uma<br />

verdadeira aula particular<br />

de técnicos da Emater, procurando<br />

solucionar as questões<br />

dentro do seu ambiente,<br />

a baixo custo. Com isso,<br />

revela Alexandre Confessor,<br />

“obtemos no curto prazo um<br />

instrutor que fala a língua<br />

de sua localidade e contribui<br />

para resolver os problemas<br />

de seus vizinhos. Com<br />

isso conseguiremos reduzir<br />

um pouco a distância de 30<br />

anos que temos em relação<br />

ao Sul do País”. •


Especial<br />

O grande desafio da cadeia produtiva<br />

potiguar é duplicar o rebanho<br />

ovino. Apesar de ser cada vez<br />

mais consumida, a carne produzida<br />

no Estado não atende a 1/3 do<br />

mercado. Atualmente, há apenas<br />

dois criadores com rebanho superior<br />

a 5 mil matrizes. Mesmo assim,<br />

as perspectivas para a produção<br />

de cordeiros são interessantes,<br />

já que em Natal foi inaugurado em<br />

20<strong>09</strong> o Empório Cordeiro Nobre,<br />

loja especializada em cortes especiais<br />

de cordeiro, capaz de estimular<br />

a produção de animais jovens<br />

de qualidade, já vinculado ao um<br />

frigorífico especializado.<br />

Segundo a professora da Universidade<br />

Federal do Rio Grande<br />

do Norte, Valéria Maria Ferreira da<br />

Cruz, na grande maioria das propriedades<br />

a criação de ovinos não<br />

se dá de forma exclusiva. O mais<br />

comum é que estes animais sejam<br />

criados em conjunto com caprinos<br />

e/ou bovinos, o que se traduz na<br />

necessidade de melhor capacitação<br />

da mão-de-obra empregada<br />

uma vez que cada espécie exige<br />

manejos específicos e adequados.<br />

O mesmo se aplica em relação a<br />

informações e conhecimentos dos<br />

proprietários para o desenvolvimento<br />

da criação.<br />

O Estado possui um número<br />

significativo de frigoríficos instalados<br />

para abater exclusivamente<br />

ovinos (e caprinos), porém a grande<br />

maioria encontra-se de portas<br />

fechadas, devido à irregularidade<br />

na oferta de matéria-prima e, principalmente,<br />

ao abate ilegal, apelidado<br />

de “frigomato”. Para Valéria<br />

da Cruz, a promoção da carne ovina<br />

é feita de forma muito tímida,<br />

sendo raros os estabelecimentos<br />

que apresentam alguma forma de<br />

estímulo ao consumo (banners,<br />

balcões específicos, etc.). O varejo<br />

alega como fatores limitantes a<br />

falta de padronização de carcaças<br />

e a irregularidade no fornecimento.<br />

No entanto, é cliente assíduo<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

11<br />

Os desafios da cadeia produtiva de ovinos<br />

Foto: Divulgação<br />

do abate ilegal, concorrente desleal<br />

dos frigoríficos legalizados,<br />

não levando em consideração as<br />

ameaças dessa prática à saúde do<br />

consumidor e ao próprio negócio.<br />

“O consumidor mais qualificado<br />

exige cortes especiais, não se importando<br />

com o preço diferenciado”,<br />

defende a pesquisadora.<br />

Em 2007, o Rio Grande do Norte<br />

ocupou a sétima posição dentre<br />

os estados produtores de ovinos no<br />

Brasil. No mesmo ano, o consumo<br />

per capita brasileiro foi de 446<br />

gramas por habitante. Em 2008,<br />

a importação brasileira de carne<br />

ovina totalizou aproximadamente<br />

US$ 18 milhões. Os números indicam,<br />

diz Valéria da Cruz, que é<br />

preciso trabalhar para aumentar o<br />

consumo per capita e para substituir<br />

a importação, ou seja, a ovinocultura<br />

de corte ainda tem muito<br />

espaço para crescimento.<br />

A pesquisadora sugeriu, em<br />

trabalho publicado em Outubro<br />

de 20<strong>09</strong>, a união dos produtores<br />

para a formação de um Arranjo<br />

Produtivo Local (APL) da Caprinovinocultura<br />

do Sertão do Cabugi.<br />

Isto porque, diz “o sucesso<br />

da ovinocultura de corte depende<br />

da homogeneidade de interesses,<br />

da capacidade de negociação para<br />

resolver conflitos, de iniciativas<br />

que levem ao estabelecimento de<br />

compromissos, da habilidade para<br />

coordenação dos atores sociais e<br />

econômicos envolvidos em sua<br />

cadeia produtiva”.<br />

Integram o APL: o Governo do<br />

Estado e as Prefeituras Municipais<br />

da Região; os agentes financeiros<br />

oficiais - Banco do Brasil e Banco<br />

do Nordeste; a Universidade<br />

Federal do Rio Grande do Norte –<br />

Ufrn, a Universidade Federal Rural<br />

do Semiárido – Ufersa, a Em-<br />

presa de Pesquisa Agropecuária do<br />

Rio Grande do Norte – Emparn, a<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa<br />

Agropecuária através do Centro<br />

Nacional de Pesquisa em Caprinos<br />

e Ovinos – Embrapa Caprinos e<br />

Ovinos, o Instituto de Assistência<br />

Técnica e Extensão Rural do Rio<br />

Grande do Norte – Emater-RN; o<br />

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas<br />

Empresas do Rio Grande<br />

do Norte – Sebrae-RN, o Serviço<br />

Nacional de Aprendizagem Rural<br />

Administração Regional do Rio<br />

Grande do Norte – Senar-Ad/<br />

RN, a Associação dos Criadores<br />

de Ovinos e Caprinos do Sertão<br />

do Cabugi – Acosc, a Associação<br />

dos Pequenos Agropecuaristas do<br />

Sertão de Angicos – Apasa, entre<br />

outras.<br />

O modelo de sistema de in-<br />

tegração agroindustrial sugerido<br />

pela professora Valéria da Cruz<br />

prevê que o Frigorífico Cabugi<br />

seria o fornecedor regular de<br />

matéria-prima, atuando como integrador.<br />

Já os produtores, através<br />

de Associações, Condomínios e<br />

Cooperativas, atuariam como Integrados.<br />

Não é nenhum modelo<br />

novo, já que se espelha nos modelos<br />

de produção de suínos e aves<br />

do Sul do Brasil. Mas significaria<br />

que as partes assumissem compro-<br />

Secretaria de Agricultura ampliou o programa, levando para os criadores o suporte correto de manejo<br />

missos e deixem de atuar de forma<br />

individual e interessada em obter<br />

lucros oportunistas. Ela sugere até<br />

a criação de uma marca – Produtos<br />

Cabugi – com propostas de remuneração<br />

básica aos produtores.<br />

Entre outras regras, o frigorífico<br />

compraria todos os animais produzidos<br />

pelos produtores integrados,<br />

dentro de uma programação, pagando<br />

preços pré-estabelecidos,<br />

que remunerem a qualidade buscada<br />

pelo programa. Ao produtor<br />

integrado competiria entregar sua<br />

produção de acordo com sua ficha<br />

cadastral, buscando sempre elevar<br />

a qualidade, reduzindo o efeito sazonal<br />

e buscando junto com a indústria<br />

um mercado sólido capaz<br />

de absorver a produção em escala<br />

cada vez maior.<br />

Já no leite de ovino, existe ape-<br />

nas uma vontade grande de iniciar<br />

esta atividade no Estado, particularmente<br />

o Rebanho OCP, está<br />

dando este primeiro passo, com a<br />

aquisição do rebanho Lacaune da<br />

Veterinária Gabriela Ponte (São<br />

Paulo-SP). “Estamos adaptando<br />

e acasalando os animais para a<br />

produção do “girolando” ovino,<br />

ou seja, o “santacaune ou lacaunez”,<br />

para que no futuro possamos<br />

ordenhá-los de forma adaptada no<br />

nosso semi-árido Nordestino”, revela<br />

Orlando Procópio.<br />

No front público, também houve<br />

alguns avanços nos últimos<br />

anos, graças à ação da Secretaria<br />

da Agricultura, Pecuária e Pesca<br />

(Sape). O secretário Francisco<br />

das Chagas Azevedo, engenheiro<br />

agrônomo concursado da Emater<br />

e professor da Universidade Estadual<br />

(Uern), garantiu apoio do<br />

governo do Estado a estes planos<br />

e determinou a instalação de 30<br />

unidades de resfriamento de leite<br />

e de 36 unidades frigoríficas (abatedouros),<br />

em implementação pela<br />

Emater.<br />

A governadora Wilma Maria<br />

de Faria determinou a reestruturação<br />

da Emater, permitindo levar<br />

tecnologia para pequenos, médios<br />

e grandes produtores. Além disso,<br />

a Secretaria de Agricultura ampliou<br />

o programa do bode móvel,<br />

levando para os criadores mais carentes<br />

o suporte correto de manejo<br />

da criação, alimentação e como<br />

trabalhar a sanidade de forma profilática,<br />

evitando assim o aumento<br />

das perdas por verminoses e o uso<br />

correto das vacinas.<br />

Para os próximos anos, fica o<br />

desafio tecnológico de ampliar o<br />

rebanho com qualidade. Recentemente,<br />

o presidente da Empresa<br />

da Pesquisas Agropecuárias do<br />

RN (Emparn), Henrique Santana,<br />

e técnicos visitaram a Bahia para<br />

levar ao Estado um projeto baiano<br />

bem-sucedido, visando estimular o<br />

aumento do rebanho ovino. •


Notícias do Brete<br />

A Associação dos Produtores<br />

de Ovinos e Caprinos de São Lourenço<br />

do Sul/RS foi formada no<br />

dia 30 de novembro e está composta<br />

por cerca de 40 produtores<br />

e entidades representativas do<br />

município. O governo municipal<br />

de São Lourenço do Sul empenha<br />

um esforço para contribuir e fortalecer<br />

a iniciativa dos produtores,<br />

incentivando também a parceria<br />

para o desenvolvimento regional.<br />

Segundo o vice-prefeito Daniel<br />

Produto diferenciado, a carne ovina ganha mais consumidores,<br />

inclusive em Rondônia. De acordo com a<br />

Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri), de 2003<br />

até 20<strong>09</strong>, a criação de ovinos no Estado subiu de 63<br />

mil para 128 mil cabeças. O rebanho está distribuído<br />

em cerca de 4.500 pequenas propriedades em toda a<br />

região.<br />

A coordenadora do setor de Ovinos da Seagri, Sandra<br />

de Paula Carvalho, destaca que o produtor precisa<br />

se preparar para atender as exigentes expectativas do<br />

consumidor, um produto de qualidade e baixo teor de<br />

gordura. Para obtenção de carne de alto padrão, nutrição<br />

e sanidade do animal são fatores essenciais, explica.<br />

Em relatório de 2008, ela diagnosticou a situação da<br />

ovinocultura, mostrando que 75% dos produtores têm<br />

interesse em expandir suas criações de ovinos. •<br />

<strong>dez</strong>/<strong>09</strong>-<strong>jan</strong>/<strong>10</strong><br />

12<br />

Criada nova associação de ovinocultores no RS<br />

Rondônia investe em<br />

ovelhas para abate<br />

Raupp “a produção de ovinos e<br />

caprinos inclui-se em uma estratégia<br />

de atração de investimentos e<br />

geração de emprego e renda para<br />

o município”.<br />

Para a Presidente da Associação<br />

dos Produtores de Ovinos e<br />

Caprinos de SLS, Elisa Roloff,<br />

a organização de uma entidade<br />

como esta trará aos produtores<br />

uma expectativa de avanço na área<br />

da ovinocaprinocultura. “Estamos<br />

trabalhando para nos organizar-<br />

mos em nível regional e contamos<br />

com o apoio da Prefeitura e<br />

demais entidades como a Emater e<br />

a Embrapa para nos auxiliar nesta<br />

caminhada”, ressalta Elisa. Várias<br />

reuniões e um Seminário sobre o<br />

tema já foram realizados em São<br />

Lourenço em parceria com Emater<br />

e Embrapa. A Associação prevê<br />

também a instalação de um frigorífico<br />

para atender aos produtores<br />

da região e o fortalecimento da atividade<br />

através da organização. •<br />

Governo do Piauí com<br />

frigorífico de ovinos<br />

O governador Wellington Dias inaugurou frigorífico-escola<br />

implantado pela Embrapa, em parceria<br />

com o Governo do Estado e Companhia de Desenvolvimento<br />

dos Vales do São Francisco e Parnaíba<br />

(Codevasf), em São João do Piauí, a 430 quilômetros<br />

de Teresina, na região do Semi-árido piauiense.<br />

Segundo o diretor da Embrapa em São João do<br />

Piauí, Geraldo Magela de Carvalho, o frigorífico com<br />

capacidade para 30 animais/dia, vai beneficiar carnes<br />

de ovinos e caprinos com o objetivo de agregar<br />

valor e garantir maior renda aos criadores da região.<br />

Além disso, serão ministrados cursos mensalmente<br />

e qualquer pessoa interessada poderá participar. A<br />

unidade vai produzir linguiça, almôndegas, hambúrger<br />

e sarapatel de qualidade, que serão negociados<br />

em Brasília, Teresina, São Paulo e na região. •<br />

IBGE diz que rebanho ovino<br />

cresce 2,4% e caprino cai 1%<br />

Na última quinta-feira (19), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

- IBGE - divulgou os dados da Pesquisa Pecuária Municipal<br />

2008 (PPM 2008). O efetivo de rebanho ovino, em 2008, aumentou 2,4%<br />

sobre 2007, para 16,6 milhões de cabeças. Todas as regiões brasileiras<br />

mostraram crescimento no número de ovinos em 2008, com destaque<br />

para a região Sul que apresentou o maior crescimento, de 5,3%, com<br />

4,85 milhões de cabeças - segundo maior rebanho, perdendo apenas para<br />

o Nordeste.<br />

O rebanho caprino brasileiro recuou 1,01% em 2008 frente ao ano<br />

anterior, ficando com 9,35 milhões de cabeças. A região Nordeste - maior<br />

rebanho caprino do Brasil - teve queda de 1,3% no número de animais,<br />

com total de 8,5 milhões de cabeças.<br />

Produção de lã - Em 2008, foram tosquiados no país 3,94 milhões<br />

de ovinos, 3,76% a mais em relação ao número de 2007, resultando na<br />

produção de 11,6 mil toneladas de lã, volume 4,32% superior em relação<br />

à produção de 2007. •<br />

Concurso Marrã do Futuro 20<strong>09</strong><br />

Mais de 50 jovens fêmeas das raças Boer, Santa<br />

Inês e Dorper participaram da oitava edição do<br />

Concurso Marrã do Futuro 20<strong>09</strong>, que ocorreu no<br />

dia 13 de novembro, pela primeira vez durante a<br />

Exposição Nordestina de Animais, no Parque de Exposições<br />

do Cordeiro (Recife – PE). Realizado pelo Rebanho Caroatá, o<br />

concurso entregou os títulos de Marrã e Reservada Marrã do Futuro 20<strong>09</strong>.<br />

Quem julgou as raças foram os juízes Edmilson Lúcio (Santa Inês) e Adalberto<br />

Farias (Dorper e Boer).<br />

Na raça Santa Inês, a Marrã do Futuro foi a FVA 574, enquanto o título<br />

de Reservada Marrã ficou com ABA Rural <strong>10</strong>2. A Marrã e Reservada Marrã<br />

da raça Dorper foram, respectivamente, a Amarra Canela TE ANA 62 e a<br />

Carrapicho TE IBIZA 142. Na raça Boer, o título de Marrã ficou com a Alto<br />

do Cruzeiro Vane 279 TE e o de Reservada com 189 TE DO Afrikanner. •

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