You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O anjo queria apenas se ver livre <strong>da</strong>s feras e sabia que teria de esmagá-las, uma<br />
a uma. Sofria apenas por saber que o tempo precioso se esvaía entre os dedos.<br />
Ca<strong>da</strong> golpe, ca<strong>da</strong> defesa, ca<strong>da</strong> ataque, por mais bem sucedido que fosse, era um<br />
instante perdido... um instante que poderia custar a vi<strong>da</strong> de dois humanos...<br />
duas almas pedindo socorro. Thal fechou o rosto numa expressão raivosa.<br />
Descreveu um arco no céu em vaivém. Mais um monstro alado dissolveu-se<br />
diante de seus olhos. Um relâmpago explodiu na escuridão. Thal sorriu. Vinha a<br />
chuva!<br />
Estavam em cima <strong>da</strong> mesa central. Eram duas passagens, dois bilhetes<br />
cor-de-rosa. Gregório enfiou-os no bolso <strong>da</strong> jaqueta. Estava apressado.<br />
Apanhou as malas e abriu a porta do apartamento. Ouviu passos na esca<strong>da</strong>.<br />
Pelo barulho, estavam correndo. Estavam com pressa. Estavam com raiva.<br />
Vinham na direção de seu an<strong>da</strong>r. Gregório desesperou-se. O que fazer? Fechou<br />
a porta, trancando-a por dentro. Apanhou as malas novamente, dirigiu-se para<br />
a janela, tentando abri-la. Nervoso, precisou fazer mais esforço do que o<br />
comum, gastando mais tempo do que o comum... gastando vi<strong>da</strong>. Finalmente<br />
abriu. Passou as malas para o lado de fora. Fugiria pela esca<strong>da</strong> de emergência.<br />
Aquilo era, de fato, uma senhora emergência.<br />
Thal estava ao alcance dos demônios que não podiam voar, lutando contra<br />
cães e contra alados. Embora ferido, continuava bravo. O primeiro cão que se<br />
aventurou no novo ataque foi morto com um único golpe. Agora estava<br />
sendo mordido no tórax, com presas pontu<strong>da</strong>s e afia<strong>da</strong>s cortando as costelas.<br />
Mais um demônio alado o atacava por cima. Khel permanecia à espreita,<br />
esperando a hora certa, a hora fatal, a hora de matar o anjo. Thal livrou-se do<br />
cão, acertando-lhe um potente murro na cabeça, ferindo-o com o gume de sua<br />
espa<strong>da</strong> de luz. Restavam três cães e dois demônios alados.<br />
— É aqui. — disse o guar<strong>da</strong>-costas. — É neste apartamento que o filho<br />
<strong>da</strong> mãe se esconde.<br />
O garoto <strong>da</strong> valise chutou a porta, tentando arrombá-la. Quando se<br />
preparava para a segun<strong>da</strong> tentativa, foi atingido pelo guar<strong>da</strong>-costas com um<br />
soco na cabeça.<br />
— Tá louco, moleque? Quer que todo mundo acorde! — O guar<strong>da</strong>costas<br />
sacou uma gazua do bolso e enfiou-a na fechadura. — Se ele estiver aqui<br />
escondido em algum buraco, vai ter o que merece; se ain<strong>da</strong> não voltou, voltará.<br />
Logo a porta foi aberta. Os homens entraram atrapalha<strong>da</strong>mente. O<br />
rapazinho correu aos cômodos, mas voltou desapontado. O guar<strong>da</strong>-costas<br />
olhava pela janela. Gotas que a garoa depositara no prédio desprendiam do<br />
batente e caíam-lhe sobre a cabeça.<br />
— O fodido tá escapando por aqui! — gritou, pondo-se para fora do