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O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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arro. Tentou gritar por aju<strong>da</strong>, mas a fera... crivou mais uma vez as presas em<br />

sua carne. Ele tinha certeza de que, mesmo morrendo, nunca esqueceria aquela<br />

situação. A buzina tornou. A fera encaixou o pescoço de Samuel na gigante<br />

mandíbula, entre as presas. Ele chorava, pressentindo o horrendo fim. O cão<br />

rosnou e mordeu. A última coisa que ele lembrava <strong>da</strong>quele amargo pesadelo<br />

era a dor gritante e agu<strong>da</strong> que os dentes do mal lhe causaram.<br />

Samuel levantou sobressaltado. Respiração entrecorta<strong>da</strong>. O lençol estava<br />

empapado em suor. Ouviu a buzina. Era de um caminhão mesmo. Levantou-se<br />

e espiou pela janela através <strong>da</strong>s cortinas. Vera acabava de sair e acenava para o<br />

pessoal. Eram <strong>da</strong> madeireira. Genaro descia <strong>da</strong> cabina para cumprimentar Vera.<br />

Samuel coçou a cabeça. Seu corpo, lentamente, voltava a relaxar. Sem dúvi<strong>da</strong>,<br />

havia acabado de despertar de um de seus piores pesadelos. Os músculos<br />

outrora mordidos pareciam doer de ver<strong>da</strong>de. Estavam rijos, doloridos.<br />

Rapi<strong>da</strong>mente, vestiu-se para ter com o pessoal <strong>da</strong> madeireira. O<br />

carregamento estava sendo colocado próximo ao celeiro. Logo as reformas<br />

seriam inicia<strong>da</strong>s. Jogou uma água no rosto e saiu do quarto. O irmão tomava<br />

café na cozinha. Cumprimentou-o com um bom-dia, enquanto enchia um copo<br />

com um bocado de café. Gregório sorriu-lhe, erguendo a xícara, num brinde a<br />

na<strong>da</strong>. Samuel virou o conteúdo do copo num gole só. Estalou os lábios e saiu,<br />

fazendo as botas ranger na madeira do alpendre. Estava mergulhado numa<br />

maré de pensamentos estranhos. O pesadelo fora horrível demais, valorizado<br />

por sensações extremamente reais. Qual a razão <strong>da</strong>quela tormenta? Algum<br />

significado tinha de ter. Parecia um cão, um lobo, algo assim. O fedor era<br />

insuportável.<br />

—Samuel! Samuel, vem cá! — chamava o velho Genaro.<br />

—Fala, Gê.<br />

—Samuel, você não vai acreditar...<br />

No mesmo instante em que Genaro começou a falar, a cabeça de Samuel<br />

mergulhou num turbilhão de imagens. O hálito putrefato <strong>da</strong> fera de seu<br />

pesadelo cobria-lhe o faro e, num estalo, tudo desapareceu.<br />

—Cê tá legal? — perguntou o velho.<br />

Samuel acenou afirmativamente.<br />

—Desculpe, Gê, mas não ouvi bosta nenhuma do que você disse.<br />

—O cego... Foi morto.<br />

—Que cego?<br />

—O...O...Ô diacho! Esqueci o nome... ah, o Anderson, porra.<br />

O cão rugiu na mente atordoa<strong>da</strong> do fazendeiro.

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