CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS - A SENSIBILIDADE ...
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AUTOR: PAULO ROBERTO LEITE<br />
REVISTA TECNOLOGÍSTICA - ABRIL / 1998 SÃO PAULO, EDIT. PUBLICARE<br />
<strong>CANAIS</strong> <strong>DE</strong> <strong>DISTRIBUIÇÃO</strong> <strong>REVERSOS</strong><br />
( 2ª PARTE ARTIGO PUBLICADO EM MARÇO/98)<br />
IV - A SENSIBILIDA<strong>DE</strong> ECOLÓGICA - UM NOVO FATOR <strong>DE</strong><br />
INCENTIVO AOS <strong>CANAIS</strong> <strong>REVERSOS</strong><br />
A sociedade tem se preocupado cada vez mais com os diversos<br />
aspectos do equilíbrio ecológico. São inúmeros os exemplos de que a sensibilidade<br />
ecológica tem aumentado nas sociedades atuais, com maior ênfase nos países com<br />
maior desenvolvimento econômico e social.<br />
O aumento da velocidade de descarte destes produtos pela<br />
sociedade após o uso original , não encontrando canais de distribuição reversos<br />
devidamente estruturados e organizados, resulta em desequilíbrio entre as quantidades<br />
descartadas e as reaproveitadas, gerando um dos mais graves problemas ambientais<br />
urbanos da atualidade: o enorme crescimento e as dificuldades da “Disposição do Lixo<br />
Urbano”.<br />
Um dos exemplos mais “visíveis” é o das embalagens<br />
descartáveis em geral, quando descartadas impropriamente , revelando claramente o<br />
desequilíbrio quantitativo de baixas porcentagens de reciclagem.<br />
Estes excedentes em quantidades tornam-se “visíveis” para a<br />
sociedade em aterros sanitários , em “lixões”, em locais abandonados, em rios ou<br />
córregos que circundam as cidades ,etc. Esta nova vertente de preocupação - a<br />
“Sensibilidade Ecológica” - converte-se em mais um importante fator de incentivo e<br />
necessidade social que deverá impulsionar a estruturação e organização das sociedades<br />
para os Canais de Distribuição Reversos.<br />
Este crescimento de “Sensibilidade Ecológica” tem sido<br />
acompanhado, reativa e proativamente por empresas e governantes, com visão<br />
estratégica variada, visando o equacionamento de ações de amenização dos efeitos mais<br />
visíveis dos diversos tipos de poluição, protegendo a sociedade e seus interesses .<br />
Desta forma , além das possíveis oportunidades econômicas<br />
oriundas destes “reaproveitamentos” , “reutilizações”, “reprocessamentos”,<br />
“reciclagens”, etc... , a questão de preservação ecológica dirigirá esforços das empresas<br />
no sentido de defender suas imagens corporativas e seus negócios, enquanto que as<br />
sociedades se defenderão através de legislações e regulamentações específicas.<br />
Astuciosamente empresas e governantes também se utilizam<br />
destas preocupações como forma de diferenciação mercadologica para seus produtos e<br />
interesses políticos respectivamente , verdadeira ou enganosamente, posicionando-se no<br />
mercado com vantagens competitivas ligadas ao aspecto ecológico.<br />
Os desequilíbrios quantitativos mencionados estão relacionados<br />
principalmente aos problemas da “ Logística de Captação e Seleção ” , conforme<br />
mostraremos mais adiante, sendo a falta de estruturação e organização das demais<br />
etapas de reaproveitamentos e reciclagens conseqüências desta primeira etapa dos<br />
canais reversos.<br />
Para a maior parte dos bens descartados existe tecnologia de<br />
reciclagem e certo grau de conhecimento de aplicações dos materiais, porem a baixa<br />
disponibilidade por dificuldade de captação e a característica monopsônica destes<br />
PAULO ROBERTO LEITE
AUTOR: PAULO ROBERTO LEITE<br />
REVISTA TECNOLOGÍSTICA - ABRIL / 1998 SÃO PAULO, EDIT. PUBLICARE<br />
mercados , dificulta melhores escalas econômicas, desencoraja investimentos não<br />
verticalizados, não propiciando estruturação logística adequada e desenvolvimento de<br />
novas aplicações para os materiais reciclados .<br />
Exceções positivas que apresentam altos níveis de reciclagem ,<br />
caso dos metais em geral, mesmo com os canais reversos informais e logística pouco<br />
desenvolvida, e as negativas, caso dos pneumáticos , que apresentam tecnologia de<br />
reciclagem e aplicações pouco desenvolvidas, são exemplos da variedade de casos<br />
encontrados.<br />
V - AVANÇOS <strong>DE</strong> CONCEITOS E LEGISLAÇÕES ECOLÓGICAS<br />
Em muitos países desenvolvidos já existem legislações restritivas<br />
ao crescimento das quantidades produzidas( redução na fonte), ou ao uso destes<br />
produtos , desde que não sejam encontrados meios de desembaraço racional e<br />
manutenção de equilíbrio razoável entre a produção e respectivo reaproveitamento.<br />
Novos princípios de proteção ambiental estão sendo propagados :<br />
EPR ( Extended Product Responsibility) = Responsabilidade do produto estendida, ou<br />
seja , a idéia que a cadeia industrial produtora de produtos, que de certa forma, agridem<br />
o ambiente devam se responsabilizar pelo que acontece com os mesmos após o seu uso<br />
original.<br />
É um conceito semelhante às legislações, já cristalizadas na<br />
sociedade atual, relativas ao tratamento de efluentes industriais como condicionante ao<br />
funcionamento industrial, ou seja , as empresas industriais só funcionam na medida em<br />
que seus efluentes industriais não causarem poluição ambiental.<br />
O conceito do Desenvolvimento Sustentado , tem sido<br />
constantemente utilizado atualmente, baseado na idéia de atender as necessidades do<br />
presente sem comprometer as gerações futuras no atendimento de suas próprias<br />
necessidades.<br />
Alguns estados nos Estados Unidos possuem legislação<br />
incentivando o uso de produtos fabricados com materiais reciclados, sistema tributário<br />
especial para os diversos elos dos canais reversos, obrigatoriedade na responsabilidade<br />
empresarial quanto ao equilíbrio produção e reciclagem.<br />
A proibição de novos aterros sanitários em muitos estados<br />
americanos tem criado verdadeiro “ comércio” entre estados para a disposição do lixo<br />
urbano. A incineração do lixo urbano é repudiada em várias comunidades pelos efeitos<br />
nocivos das emanações de gases.<br />
Recente legislação (1997) no Japão impôs grande<br />
responsabilidade aos fabricantes de automóveis para a reciclagem dos mesmos .Em<br />
julho de 1996 um acordo entre os governos da França, Alemanha e Holanda estabeleceu<br />
que a responsabilidade da coleta e reciclagem ou reaproveitamento dos automóveis<br />
descartados pela sociedade é transferida dos governos para os fabricantes de<br />
automóveis.<br />
VI - O PAPEL <strong>DE</strong> EMPRESAS E GOVERNOS<br />
Uma visão moderna de Marketing Social, se adotada por<br />
empresas dos diversos elos da cadeia produtiva de bens e embalagens em geral, por<br />
entidades governamentais e pelos demais “atores”, envolvidos de alguma forma com a<br />
geração de problemas ecológicos,mesmo que sem intenção precípua, permitirá observar<br />
PAULO ROBERTO LEITE
AUTOR: PAULO ROBERTO LEITE<br />
REVISTA TECNOLOGÍSTICA - ABRIL / 1998 SÃO PAULO, EDIT. PUBLICARE<br />
que suas “imagens corporativas” estarão cada vez mais comprometidas com questões<br />
de preservação ambiental.<br />
Consequentemente, ações convenientemente dirigidas no sentido<br />
da preservação ambiental, dentro desta visão contributiva de Marketing Social,<br />
certamente serão recompensadas com salutares retornos de “imagem diferenciada”<br />
como vantagem competitiva para estas organizações.<br />
É neste contexto que se insere o problema ecológico nos canais de<br />
distribuição reversos, pois observa-se um crescente interesse de empresas modernas,<br />
entidades governamentais, partidos políticos verdes, comunidades em geral, de se<br />
envolverem de forma ativa, diretamente ou através de associações, com os problemas<br />
ecológicos , na defesa de sua própria perenidade econômica e no posicionamento de<br />
sua imagem corporativa. Este interesse e ações orientadas deverão contribuir para uma<br />
melhor estruturação e organização destes canais reversos.<br />
Estas preocupações tem-se traduzido por modificações de projetos<br />
visando melhorar as condições de reaproveitamento, como utilização de identificação<br />
nas diversas embalagens plásticas, adaptabilidade à desmontagens dos bens duráveis,<br />
redução de mistura de constituintes diferentes na mesma embalagem, entre outras.<br />
Empresas de várias cadeias industriais criam associações<br />
incentivadoras de sistemas de reaproveitamento , investem em programas educacionais<br />
de conscientização junto à sociedade para os problemas ambientais, de forma a<br />
confortar legislações locais ou preventivamente garantir a perenidade dos negócios.<br />
Na maior parte dos casos observamos posicionamentos reativos e<br />
de resultados ainda modestos mas é de se esperar um crescimento deste novo enfoque<br />
empresarial para o futuro próximo criando massa critica para soluções mais definitivas e<br />
gerando novas oportunidades de grandes negócios nestes canais reversos.<br />
> O Exemplo das Embalagens Descartáveis<br />
Na cadeia logística reversa de embalagens descartáveis de<br />
produtos de consumo, tem-se observado grandes esforços das empresas neste sentido,<br />
em grande parte nos países desenvolvidos. Este movimento se deve, certamente, ao<br />
crescimento das quantidades descartadas em locais não próprios, que adquirem alta<br />
“visibilidade ecológica” pelo seu volume, e pelo fato dos canais de distribuição reversos<br />
não estarem ainda suficientemente organizados e equacionados para o devido<br />
reaproveitamento .<br />
Estes canais são chamados de “ Canais Reversos de<br />
Reciclagem”, pois os materiais de post-consumo são diretamente convertidos em seus<br />
materiais constituintes para dar origem a outros produtos, com tecnologia e resultados<br />
econômicos modestos ainda por problemas de escala econômica e muitas vezes em<br />
condições informais.<br />
A percepção ecológica cria certamente imagem negativa aos<br />
produtos descartáveis, legislações restritivas , ameaças aos negócios e ao nível de<br />
empregos , ensejando reação individuais , através das associações destas empresas<br />
participantes da cadeia industrial, no sentido de melhor estruturar e organizar estes<br />
canais reversos melhorando os desequilíbrios entre a geração e reciclagem .<br />
Associações de empresas visando especialmente o<br />
equacionamento e incentivo à reciclagem destes matériais tais como : papel , vidro ,<br />
lata , plástico , tem sido criadas em várias países desenvolvidos , inclusive no Brasil ,<br />
além das próprias associações setoriais e de classe que também tem se mostrado<br />
preocupadas com as repercussões ecológicas de seus produtos após descarte.<br />
PAULO ROBERTO LEITE
AUTOR: PAULO ROBERTO LEITE<br />
REVISTA TECNOLOGÍSTICA - ABRIL / 1998 SÃO PAULO, EDIT. PUBLICARE<br />
> O Exemplo da Reciclagem de Automóveis<br />
Em 1991 a GM, Ford e Chrysler criaram a VRP ( Vehicle<br />
Recycling Partnership ) com finalidade de conduzir pesquisas para recuperação,<br />
reutilização , reciclagem e disposição para as sucatas dos automóveis. Alem destes<br />
objetivos , buscam também conhecer melhor os canais reversos.<br />
O presidente do Conselho do Desenvolvimento Sustentado (<br />
Council on Sustainable Development - PCSD ) recomendou recentemente que os<br />
Estados Unidos adotem a EPR (Extended Product Responsability ) como a maior<br />
estratégia para o desenvolvimento sustentado .<br />
PAULO ROBERTO LEITE