12.04.2013 Views

estrutura, história e dinâmica. In - Instituto de Psicologia da USP

estrutura, história e dinâmica. In - Instituto de Psicologia da USP

estrutura, história e dinâmica. In - Instituto de Psicologia da USP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

SOBRE FAMÍLIAS: ESTRUTURA, HISTÓRIA E DINÂMICA<br />

Belin<strong>da</strong> Man<strong>de</strong>lbaum 1<br />

A família é um campo <strong>de</strong> intersecção entre o real e o psíquico, uma tessitura que,<br />

em seu arranjo <strong>de</strong> parentesco e nos significados que atribui a ca<strong>da</strong> um dos lugares que a<br />

compõem, sofre a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> uma <strong>história</strong> sócio-cultural na qual se estabelece e<br />

que a atravessa, ao mesmo tempo em que é constituí<strong>da</strong> na interação afetiva entre os<br />

membros. To<strong>da</strong> família constitui um microcosmo fincado nas intermediações entre a<br />

esfera social e individual, o público e o privado, o real e a representação, o biológico e o<br />

cultural. Daí a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> examiná-la numa perspectiva multidimensional, para<br />

conhecer os seus diferentes arranjos e modos <strong>de</strong> funcionamento em diferentes tempos e<br />

lugares.<br />

Todos nós nascemos e estamos, <strong>de</strong> algum modo, inseridos numa família durante<br />

todo o percurso <strong>de</strong> nossas vi<strong>da</strong>s. Todo ser humano constitui, nas palavras do<br />

antropólogo Lewis Morgan (1871/1981), “o centro <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> parentesco e,<br />

portanto, é obrigado a compreen<strong>de</strong>r e usar o sistema [<strong>de</strong> parentesco] vigente”. Mas,<br />

quando falamos em família, a que nos referimos? Na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal<br />

contemporânea, o termo remete, <strong>de</strong> maneira geral, à família nuclear, composta por um<br />

par heterossexual casado, monogâmico, unido por laços sentimentais, por uma<br />

cooperação econômica contínua e por um interesse comum ligado ao cui<strong>da</strong>do <strong>da</strong> prole.<br />

E, <strong>de</strong> fato, esse arranjo familiar está fortemente implantado em nosso imaginário talvez<br />

em parte porque correspon<strong>de</strong> à forma predominante pela qual as famílias organizam-se<br />

em nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mas há também em nosso imaginário a marca <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ologia<br />

burguesa, segundo a qual<br />

a família não é entendi<strong>da</strong> como uma relação social que assume formas,<br />

funções e sentidos diferentes tanto em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong>s condições históricas<br />

quanto <strong>da</strong> situação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> classe social na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Pelo contrário,<br />

ten<strong>de</strong>mos a representar a família como sendo sempre a mesma e, portanto,<br />

1 Professora Associa<strong>da</strong> do Departamento <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> Social e do Trabalho do <strong>In</strong>stituto <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>USP</strong>, on<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>na o Laboratório <strong>de</strong> Estudos <strong>da</strong> Família, Relações <strong>de</strong> Gênero e Sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Autora <strong>de</strong><br />

Psicanálise <strong>da</strong> família (SP: Casa do Psicólogo, 2010, 2ª. edição).<br />

1


como uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> natural (biológica), sagra<strong>da</strong> (<strong>de</strong>seja<strong>da</strong> e abençoa<strong>da</strong> por<br />

Deus), eterna (sempre existiu e sempre existirá), moral (a vi<strong>da</strong> boa, pura,<br />

normal, respeita<strong>da</strong>) e pe<strong>da</strong>gógica (nela se apren<strong>de</strong>m as regras <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira<br />

convivência entre os homens, como o amor dos pais pelos filhos, o respeito e<br />

temor dos filhos pelos pais, o amor fraterno). [Mas aqui] estamos diante <strong>da</strong><br />

idéia <strong>da</strong> família e não <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> histórico-social <strong>da</strong> família. (Chaui,<br />

1980).<br />

Em nosso país, o trabalho <strong>da</strong> <strong>de</strong>mógrafa Elza Berquó no texto Arranjos familiares<br />

no Brasil (1998) traça um perfil <strong>da</strong> <strong>estrutura</strong> populacional brasileira em seu processo <strong>de</strong><br />

transformação ao longo <strong>de</strong> um período que vai <strong>de</strong> fins do século XIX até meados dos<br />

anos 90 do século passado, processo este que é resultado <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças nas formas e<br />

concepções <strong>de</strong> viver e sobreviver <strong>de</strong> nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong>s transformações<br />

econômicas, sociais e culturais que tiveram lugar no <strong>de</strong>correr do tempo. Como resultado<br />

<strong>da</strong> ampla pesquisa que a autora realizou em censos <strong>de</strong>mográficos que cobrem esse<br />

período, po<strong>de</strong>mos ver que o caráter nuclear <strong>da</strong> família, isto é, o casal heterossexual com<br />

filhos, predominava em pouco mais <strong>de</strong> 50% dos arranjos domésticos no ano <strong>de</strong> 1995,<br />

último ano <strong>de</strong> consulta em seu trabalho. Já o censo <strong>de</strong> 2006 encontrou 49,6% <strong>de</strong><br />

arranjos familiares do tipo nuclear 2 .<br />

No texto “A família”, capítulo <strong>de</strong> seu livro O olhar distanciado (1986) em que<br />

realiza uma síntese <strong>de</strong> achados etnológicos em diversas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas, Lévi-<br />

Strauss nos diz que, “ao percorrer o imenso repertório <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas, sobre as<br />

quais possuímos informações <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Heródoto, tudo quanto se possa dizer, do ponto <strong>de</strong><br />

vista que nos interessa, é que a família conjugal surge nelas com muita freqüência” (p.<br />

75). A partir <strong>de</strong> um imenso conjunto <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos sobre arranjos familiares em diferentes<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s – parte dos quais po<strong>de</strong>mos percorrer em sua obra Estruturas elementares do<br />

parentesco -, Lévi-Strauss (1949/2009) construiu os mo<strong>de</strong>los <strong>estrutura</strong>is que exprimem<br />

as leis que regulam estes arranjos em suas manifestações singulares. O acúmulo <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>dos propiciado pela pesquisa etnográfica acabou por mostrar que o gênero <strong>de</strong> família,<br />

nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s contemporâneas, caracterizado pelo casamento monogâmico, pela<br />

residência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos jovens esposos, pelas relações afetivas entre pais e filhos<br />

etc., também existe niti<strong>da</strong>mente em socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que permaneceram num nível cultural<br />

que julgamos rudimentar. Tal é a freqüência <strong>da</strong> incidência <strong>de</strong>sse arranjo, realizado <strong>de</strong><br />

2 <strong>In</strong>formação obti<strong>da</strong> em www.ibge.gov.br (acesso em 30/11/2010).<br />

2


formas varia<strong>da</strong>s em diferentes socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, que Lèvi-Strauss pergunta-se: ‘se a<br />

universali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> família [nuclear] não é o efeito <strong>de</strong> uma lei natural, como explicar que<br />

a encontremos por quase todo lado?’ Não se trata <strong>de</strong> uma lei natural, já que a simples<br />

existência <strong>de</strong> outros arranjos familiares, tais como o avunculato ou certas formas <strong>de</strong><br />

poligamia, impe<strong>de</strong> tal explicação. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> um arranjo que compartilha<br />

com a natureza um caráter universal, mas que é fenômeno social, manifesto na<br />

diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suas formas. Em busca <strong>da</strong> explicação para a prevalência <strong>de</strong>ste arranjo,<br />

Lévi-Strauss começa por <strong>de</strong>fini-lo, construindo um mo<strong>de</strong>lo reduzido <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong> suas<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s invariantes que serviria para <strong>de</strong>screver to<strong>da</strong> família nuclear, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> sua localização espacial ou temporal. São essas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s:<br />

1. a família tem origem no casamento.<br />

2. ela inclui o marido, a mulher e os filhos nascidos <strong>de</strong> sua união, formando um<br />

núcleo em torno do qual outros parentes po<strong>de</strong>m, eventualmente, se agregar.<br />

3. os membros <strong>da</strong> família estão unidos entre si por a) laços jurídicos; b) direitos e<br />

obrigações <strong>de</strong> natureza econômica, religiosa ou outra; c) uma re<strong>de</strong> precisa <strong>de</strong><br />

direitos e proibições sexuais e um conjunto variável e diversificado <strong>de</strong><br />

sentimentos, como o amor, o afeto, o respeito, o medo etc.<br />

A partir <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo, a família emerge como lugar <strong>de</strong> entrecruzamento <strong>de</strong> laços <strong>de</strong><br />

natureza biológica, consangüínea – as relações entre pais e filhos e entre irmãos - e<br />

social – originado no casamento, vínculo <strong>de</strong> aliança regulado socialmente. To<strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, segundo Lèvi-Strauss, impõe uma distinção entre o casamento, laço legal,<br />

socialmente aprovado, e as uniões temporárias ou permanentes resultantes <strong>da</strong> violência<br />

ou do consentimento. E, em seu conjunto, to<strong>da</strong>s as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s atribuem um gran<strong>de</strong> valor<br />

ao estado conjugal, sendo o celibato con<strong>de</strong>nável para a maior parte <strong>de</strong>las. “É que, em<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s nas quais reina a divisão do trabalho entre os sexos e em que só o estado<br />

conjugal permite ao homem gozar dos produtos do trabalho feminino, um solteiro é<br />

somente meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ser humano” (p. 79). A divisão do trabalho institui um estado <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pendência recíproca entre os sexos.<br />

É interessante confrontar a leitura feita por Lévi-Strauss sobre a origem do<br />

casamento – que aqui o assenta em necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m econômica, liga<strong>da</strong>s à divisão<br />

do trabalho entre os sexos – com aquela exposta por Freud em Totem e Tabu<br />

(1913/1999), segundo a qual é o reconhecimento por parte do homem <strong>de</strong> suas<br />

3


necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sexuais e afetivas contínuas e, por parte <strong>da</strong>s mulheres, <strong>de</strong> sua necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> proteção para po<strong>de</strong>r manter junto a si a sua cria, que <strong>da</strong>ria origem ao casamento e à<br />

família. Embora os dois autores partam <strong>de</strong> referenciais <strong>de</strong> análise distintos para explicar<br />

a origem <strong>da</strong> família – Lévi-Strauss numa perspectiva <strong>estrutura</strong>lista e Freud aqui numa<br />

abor<strong>da</strong>gem evolucionista –, eles tratam, a nosso ver, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

interliga<strong>da</strong>s, já que tanto as tarefas associa<strong>da</strong>s às mulheres quanto aquelas<br />

<strong>de</strong>sempenha<strong>da</strong>s pelos homens, nos dois mo<strong>de</strong>los, aten<strong>de</strong>m <strong>de</strong> forma conjunta e<br />

indissociável <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s básicas, materiais e afetivas.<br />

Sigamos um pouco mais o pensamento <strong>de</strong> Lévi-Strauss (1986), em sua explicitação<br />

<strong>da</strong>s leis fun<strong>da</strong>mentais que <strong>estrutura</strong>m a família a partir <strong>de</strong> sua localização no todo social.<br />

Ele enfatiza o fato <strong>de</strong> que, ao unir-se um homem oriundo <strong>de</strong> uma família a uma mulher<br />

<strong>de</strong> outra, são famílias que se enlaçam, para constituir um novo agrupamento familiar.<br />

“São antes as famílias que produzem o casamento, principal meio socialmente aprovado<br />

<strong>de</strong> que dispõem para se aliarem umas às outras” (p. 80). Para Lévi-Strauss, o casamento<br />

não é, como nosso senso comum costuma conceber, um assunto privado, união <strong>de</strong><br />

indivíduos. O casamento une famílias, que através <strong>de</strong>le trocam esposas. O casamento<br />

garante que os grupos familiares não se fechem sobre si, provendo apenas em seu<br />

interior as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pessoais <strong>de</strong> seus membros, mas tenham que se abrir para outros<br />

grupos, para com eles garantir sua sobrevivência. Assim, é porque ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> para a<br />

sua formação <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> constituí<strong>da</strong> por outras famílias que a prece<strong>de</strong>m e que<br />

reconhecem a existência <strong>de</strong> laços além dos <strong>de</strong> consangüini<strong>da</strong><strong>de</strong>, que po<strong>de</strong>mos dizer que<br />

a família não se constitui por uma união natural, biológica. Ela é instituição social,<br />

regula-se socialmente e cumpre função essencial para a manutenção e coesão <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, integrando as uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s familiares parciais no interior <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> maior e<br />

evitando o fracionamento social que po<strong>de</strong>ria advir <strong>de</strong> casamentos consangüíneos, feitos<br />

em grupos isolados. Diz Lévi-Strauss:<br />

em to<strong>da</strong>s as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas, a criação <strong>de</strong> uma nova família tem como<br />

condição absoluta a existência prévia <strong>de</strong> duas famílias, prontas a fornecer,<br />

uma um homem, outra uma mulher, <strong>de</strong> cujo casamento nascerá uma terceira<br />

família, e assim in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>mente... Entre os humanos, uma família não<br />

po<strong>de</strong>ria existir se primeiro não houvesse uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> – plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

famílias que reconhecem a existência <strong>de</strong> laços além dos <strong>de</strong> consangüini<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

4


– e o processo natural <strong>da</strong> filiação não po<strong>de</strong> seguir o seu curso senão<br />

integrado no processo social <strong>da</strong> aliança (p. 88).<br />

Assim, a troca entre famílias é a base fun<strong>da</strong>mental e comum <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> instituição matrimonial. Esta troca é assegura<strong>da</strong> pela proibição do<br />

incesto, que se esten<strong>de</strong> a todos os homens: a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> casar com alguém <strong>de</strong> fora <strong>da</strong><br />

própria família – a exogamia - está assegura<strong>da</strong> pela extensão a todos os homens <strong>de</strong> uma<br />

proibição semelhante a que afeta ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les em particular - a <strong>de</strong> casar-se com<br />

alguém <strong>de</strong> sua própria família, a mãe ou a irmã na maior parte <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas que<br />

se esten<strong>de</strong> a uniões entre pessoas com graus diversos <strong>de</strong> parentesco, como o casamento<br />

entre primos, tios e sobrinhas etc., na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> grupo social. Atrás <strong>da</strong><br />

expressão superficialmente negativa <strong>da</strong> regra <strong>da</strong> exogamia – negativa porque proíbe o<br />

casamento nos graus interditos – há a garantia <strong>da</strong> troca. Lévi-Strauss diz que os homens<br />

trocam palavras e mulheres, tendo ambas a função fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> comunicação com o<br />

outro e a integração do grupo. Através <strong>da</strong> proibição do incesto, portanto, faz-se a<br />

passagem dos vínculos naturais para os vínculos <strong>de</strong> aliança, <strong>da</strong> natureza para a cultura,<br />

assegurando o domínio dos laços sociais sobre os biológicos. É o grupo social que<br />

conta, a sua perpetuação, não a família elementar. Esta <strong>de</strong>ve ser transitória, tolera<strong>da</strong><br />

socialmente porque provê as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> seus membros, porque somos um<br />

corpo e precisamos comer, agasalhar-nos, unir-nos sexualmente, vivermos em<br />

intimi<strong>da</strong><strong>de</strong>. A família é o reduto on<strong>de</strong> os seres humanos po<strong>de</strong>m ver atendi<strong>da</strong>s essas<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Mas os vínculos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência que ali se constituem e perduram por um<br />

bom tempo na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong> nós <strong>de</strong>vem contribuir para a sua própria dissolução,<br />

para que possamos nos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntizar <strong>da</strong> família <strong>de</strong> origem e vir a criar outra, numa<br />

sucessão infinita <strong>de</strong> famílias. “Em todos os casos”, diz Lévi-Strauss, “as palavras <strong>da</strong>s<br />

Escrituras – ‘Deixarás o teu pai e a tua mãe’ – fornecem a regra <strong>de</strong> ouro ao estado <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>” (p. 97).<br />

Lévi-Strauss enfatiza a proibição do incesto como fenômeno social que não po<strong>de</strong> ser<br />

reduzido à biologia nem à afetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> que circula no interior <strong>da</strong> família. Os sentimentos<br />

contraditórios vividos na relação entre pais e filhos – o amálgama <strong>de</strong> amor e ódio,<br />

respeito, rivali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ciúmes e temor que encontramos na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Freud do<br />

complexo <strong>de</strong> Édipo - só são incompatíveis, segundo Lévi-Strauss, pela função social<br />

que a família é leva<strong>da</strong> a <strong>de</strong>sempenhar, e que <strong>de</strong>ve se sobrepor e conter os <strong>de</strong>sejos e<br />

afetos pessoais. Mas, novamente aqui, as teorias <strong>de</strong> Lévi-Strauss e Freud quanto à<br />

5


função <strong>da</strong> proibição do incesto não são incompatíveis. Enquanto o primeiro estabelece o<br />

valor <strong>de</strong>sta proibição para a preservação e perpetuação dos grupos sociais, o segundo<br />

acentua o seu lugar central na constituição psíquica dos seres humanos. Para ambos,<br />

essa proibição é a regra fun<strong>da</strong>mental que permite a passagem do âmbito <strong>da</strong> natureza<br />

para a cultura, nuclear no estabelecimento <strong>da</strong>s regras do convívio social e <strong>da</strong> submissão<br />

a elas.<br />

Ao propor um mo<strong>de</strong>lo <strong>estrutura</strong>l para compreen<strong>de</strong>r o sentido <strong>da</strong> formação dos<br />

grupos familiares e sua função primordial na perpetuação do todo social, Lévi-Strauss<br />

permite-nos aproximar famílias <strong>de</strong> diferentes lugares e momentos <strong>da</strong> <strong>história</strong> a partir <strong>de</strong><br />

equivalências em seus arranjos e em suas regras <strong>de</strong> funcionamento. Outro vértice <strong>de</strong><br />

estudos <strong>da</strong> família, realizado pela História, nos ensina sobre os processos <strong>de</strong><br />

transformação que são continuamente impostos aos agrupamentos familiares a partir <strong>da</strong>s<br />

mu<strong>da</strong>nças sócio-político-econômicas, e nos alerta sobre a importância <strong>de</strong> levar em<br />

consi<strong>de</strong>ração estes fatores, com os quais ca<strong>da</strong> família tem que se haver para sobreviver e<br />

cui<strong>da</strong>r <strong>de</strong> seus membros em espaços e tempos sociais <strong>de</strong>terminados. As transformações<br />

econômicas, sociais e culturais sempre impactam a família, produzindo mu<strong>da</strong>nças em<br />

seus arranjos, em suas <strong>dinâmica</strong>s e em suas relações com o mundo.<br />

Em meados do século XX, Adorno e Horkheimer, criadores e pesquisadores do<br />

<strong>In</strong>stituto <strong>de</strong> Pesquisa Social, fun<strong>da</strong>do em Frankfurt, Alemanha, em 1923, pensaram a<br />

especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> dos processos que afetavam naquele momento a família oci<strong>de</strong>ntal a partir<br />

<strong>de</strong> uma teoria crítica <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social que procurou integrar concepções materialista-<br />

históricas a uma compreensão do homem advin<strong>da</strong> principalmente <strong>da</strong> teoria freudiana.<br />

No texto “Família”, que faz parte <strong>da</strong> coletânea Temas básicos <strong>da</strong> sociologia<br />

(1956/1973), eles mostram como as formulações <strong>de</strong> Freud sobre o nascimento,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e adoecimento <strong>da</strong> psique pressupõem uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> concepção <strong>de</strong><br />

família como instituição socialmente <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>, inseri<strong>da</strong> num universo cultural que<br />

compreen<strong>de</strong> regras e valores estabelecidos. Apesar <strong>da</strong>s formulações <strong>de</strong> Freud terem um<br />

caráter universal - possivelmente por isto ele tenha escolhido nomes <strong>da</strong> mitologia grega<br />

para cunhar os seus achados, tais como Édipo, Eros, Tânatos, etc., a fim <strong>de</strong> vinculá-los a<br />

uma concepção que abrange a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> do cosmo -, estes estudiosos mostraram as<br />

relações entre o pensamento <strong>de</strong>le e as condições sociais específicas <strong>de</strong> sua produção, ou<br />

seja, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> burguesa <strong>de</strong> fins do séc. XIX, cuja organização familiar predominante<br />

era monogâmica e patriarcal, sendo o pai, o pater familias, <strong>de</strong>tentor <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> família. Adorno e Horkheimer foram dos primeiros<br />

6


pensadores a tentar <strong>de</strong>screver em <strong>de</strong>talhes o modo como a família não apenas reproduz<br />

o estado <strong>de</strong> coisas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mas, mais importante, o modo como a vi<strong>da</strong> em<br />

família funciona como uma <strong>estrutura</strong> instauradora <strong>de</strong> uma subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> que opera em<br />

ressonância com essa vi<strong>da</strong> em socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Aquilo que Freud <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> núcleo edípico<br />

e cuja <strong>dinâmica</strong> é <strong>estrutura</strong>nte <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> indivíduo, no olhar <strong>de</strong>sses autores transforma-se<br />

em território para a constituição <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s que legitimam o estado <strong>de</strong> coisas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e dinamizam ca<strong>da</strong> um no sentido <strong>de</strong> mantê-la em funcionamento, pois é nesse<br />

território que, através <strong>da</strong> constituição <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> paterna, constitui-se também algo<br />

assim como uma forma <strong>de</strong> relação com as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s que regem a vi<strong>da</strong> social, às quais<br />

ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>ve <strong>de</strong> algum modo se submeter, ou seja, as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos chefes do Estado,<br />

dos patrões, dos professores etc. O interessante no estudo <strong>de</strong>sses autores é a <strong>de</strong>talha<strong>da</strong><br />

observação <strong>de</strong> que a emergência <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntificação com um lí<strong>de</strong>r na vi<strong>da</strong> social tem<br />

a ver com o enfraquecimento <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> paterna, <strong>da</strong><strong>da</strong> a <strong>de</strong>sestabilização <strong>da</strong> família<br />

burguesa em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s circunstâncias históricas. O totalitarismo não seria algo<br />

apenas imposto <strong>de</strong> cima para baixo por um <strong>de</strong>terminado esquema político, mas um<br />

fluxo silencioso, porém implacável, avançando sempre tanto <strong>da</strong>s esferas macro-político-<br />

econômicas quanto dos escaninhos mais íntimos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> priva<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. Adorno e<br />

Horkheimer revêem to<strong>da</strong> a <strong>dinâmica</strong> do complexo <strong>de</strong> Édipo à luz <strong>de</strong>sta nova<br />

configuração social, na qual o pai já não se apresenta diante do filho como a figura<br />

i<strong>de</strong>aliza<strong>da</strong>, ama<strong>da</strong> e temi<strong>da</strong> que Freud <strong>de</strong>screve quando tem em mente o pai <strong>da</strong> família<br />

burguesa plenamente estabeleci<strong>da</strong> 3 .<br />

Se Adorno e Horkheimer viram operar na família burguesa os mecanismos <strong>de</strong><br />

reprodução <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m social que a transcen<strong>de</strong>, na medi<strong>da</strong> em que a família é, na<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal, o espaço socializador privilegiado para a interiorização, pela<br />

criança, <strong>de</strong> uma <strong>dinâmica</strong> <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> e submissão fun<strong>da</strong>mental para a participação<br />

dos homens no sistema econômico, por outro lado, a família seria, nessa mesma<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, um último refúgio, um “refúgio num mundo sem coração”, parafraseando<br />

Christopher Lasch (1991), on<strong>de</strong> os homens po<strong>de</strong>riam recuperar vínculos mais humanos<br />

e a sua própria <strong>história</strong>.<br />

Ao mostrar a po<strong>de</strong>rosa <strong>dinâmica</strong> dos afetos contraditórios que opera no interior<br />

<strong>da</strong> família, a Psicanálise abre para nós os cenários íntimos nos quais as contradições<br />

3 A família burguesa que, segundo Adorno e Horkheimer, serviu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para as formulações <strong>de</strong> Freud,<br />

já passava por uma crise profun<strong>da</strong> no momento em que ele formulava as suas teorias. E a Psicanálise, ao<br />

penetrar os interstícios <strong>de</strong>sta família, contribuiu, a nosso ver, para trazer à luz essa crise.<br />

7


sociais mais amplas se ancoram para construir os seus enredos. Seu interesse é pelo<br />

significado inconsciente <strong>da</strong> experiência que os membros <strong>da</strong> família têm <strong>da</strong> e na vi<strong>da</strong> em<br />

família. Deste ponto <strong>de</strong> vista, a família é um grupo <strong>de</strong> pessoas caracterizado pela<br />

natureza <strong>da</strong>s interações entre os seus membros e pelos processos dinâmicos<br />

inconscientes que estão na base <strong>de</strong> seus laços manifestos. Na família, os membros se<br />

organizam no sentido <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com seus temores e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, protegendo-se, através <strong>da</strong><br />

organização que criam e perpetuam, dos perigos <strong>de</strong> fragmentação e <strong>de</strong>struição advindos<br />

tanto <strong>de</strong> seu interior quanto <strong>de</strong> fora <strong>de</strong>la. Sabemos que a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> externa gera um<br />

constante sentimento <strong>de</strong> ameaça aos indivíduos, seja em função <strong>de</strong> catástrofes causa<strong>da</strong>s<br />

pelos homens ou pela natureza, seja em função <strong>da</strong>s relações entre os homens, fontes<br />

maiores <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e dor. A reali<strong>da</strong><strong>de</strong> interna, por sua vez, nos ameaça continuamente<br />

a partir <strong>da</strong>s <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s pulsionais e do conflito entre essas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s e aquelas impostas<br />

e introjeta<strong>da</strong>s em nossa vi<strong>da</strong> em grupo. Seres ameaçados que somos, buscamos nas<br />

instituições sociais modos organizados coletivamente <strong>de</strong> nos protegermos. A família é,<br />

para ca<strong>da</strong> um dos homens, a primeira <strong>da</strong>s instituições sociais e é um traço característico<br />

<strong>de</strong>la a <strong>de</strong> nos constituirmos em gran<strong>de</strong> parte do que somos, para o bem e para o mal, em<br />

seu interior. Na tessitura <strong>de</strong> vínculos que constituem a família <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um, estabelecem-<br />

se <strong>estrutura</strong>s que dão suporte a experiências <strong>de</strong> proteção física e psíquica a ca<strong>da</strong> um dos<br />

implicados. Mas também, as <strong>estrutura</strong>s <strong>de</strong>fensivas e formas <strong>de</strong> organização cria<strong>da</strong>s pela<br />

família acabam, no mais <strong>da</strong>s vezes, por também serem ameaçadoras, fragmentadoras e<br />

impossibilitadoras <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento psíquico mais livre <strong>de</strong> seus membros,<br />

quando não cruéis. A compreensão dos modos <strong>de</strong> funcionamento <strong>da</strong> família a partir <strong>de</strong><br />

um olhar psicanalítico permite assim revelá-la como instituição social a um só tempo<br />

protetora e coercitiva para seus membros.<br />

Em nosso enten<strong>de</strong>r, a tarefa básica <strong>da</strong> família é auxiliar os indivíduos que a<br />

compõem na travessia <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong>pendência para uma gra<strong>da</strong>tiva<br />

autonomia, travessia que <strong>de</strong>ve possibilitar que ca<strong>da</strong> um venha a constituir uma nova<br />

família, diferente, ain<strong>da</strong> que com laços profundos com suas famílias <strong>de</strong> origem. Frente<br />

às ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>s suscita<strong>da</strong>s por esta tarefa em ca<strong>da</strong> um dos familiares - já que nela estão<br />

implica<strong>da</strong>s experiências dolorosas <strong>de</strong> separação, exclusão e per<strong>da</strong>, com todo o<br />

amálgama <strong>de</strong> sentimentos penosos e contraditórios que são o cerne mesmo <strong>de</strong>ssas<br />

experiências -, o grupo familiar ten<strong>de</strong> a buscar modos <strong>de</strong> livrar-se <strong>da</strong> dor psíquica,<br />

através <strong>de</strong> arranjos psíquicos <strong>de</strong>fensivos compartilhados por todos, ain<strong>da</strong> que<br />

inconscientemente. Estes arranjos ten<strong>de</strong>m no mais <strong>da</strong>s vezes a cristalizar-se, ser<br />

8


unidirecionais, fixando pessoas em papéis e modos <strong>de</strong> ser parciais, freqüentemente<br />

coercivos e inibidores <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento mais amplo. Principalmente, arranjos<br />

assim comprometem a percepção mais livre dos neles implicados acerca <strong>da</strong>s<br />

experiências que vivenciam no próprio grupo, restringindo o espaço para pensar com<br />

liber<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Na <strong>estrutura</strong> <strong>de</strong> vínculos que constitui a família confluem to<strong>da</strong>s estas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminação, que se imbricarão <strong>de</strong> formas singulares: a or<strong>de</strong>m social - relativa às leis<br />

estabeleci<strong>da</strong>s pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> na qual a família está inseri<strong>da</strong>, e que incluem um conjunto<br />

<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> regras, costumes, proibições, direitos e <strong>de</strong>veres para ca<strong>da</strong> um dos<br />

sujeitos implicados - e a or<strong>de</strong>m <strong>da</strong>s configurações intra e interpsíquicas, também com<br />

suas leis próprias, resultantes do encontro entre os sujeitos, ca<strong>da</strong> um com seu mundo<br />

interno próprio, que traz para o vínculo, on<strong>de</strong> se experimentam as vicissitu<strong>de</strong>s <strong>da</strong>s<br />

fantasias e <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um no interjogo com o outro. As <strong>de</strong>terminações sociais e<br />

psíquicas condicionam-se e limitam-se, mas também oferecem umas às outras<br />

contornos e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> expressão.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ADORNO T. & HORKHEIMER, M. (orgs.) (1956) Família. <strong>In</strong>: Temas básicos <strong>da</strong><br />

sociologia. São Paulo: Cultrix, Edusp, 1973.<br />

BERQUÓ, E. Arranjos familiares no Brasil: uma visão <strong>de</strong>mográfica. <strong>In</strong>: Schwartz, L.<br />

M. (org.) História <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> priva<strong>da</strong> no Brasil, vol. 4. São Paulo: Companhia as Letras,<br />

1998, 1ª. Edição, pp. 411-436.<br />

CHAUI, M. O que é i<strong>de</strong>ologia. São Paulo: Brasiliense, 1ª. ed., 1980.<br />

FREUD, S. (1913) Totem e tabu. Edição stan<strong>da</strong>rd <strong>da</strong>s obras psicológicas completas <strong>de</strong><br />

S Freud. Tradução <strong>de</strong> O. C. Muniz. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imago, 1999.<br />

LASCH, C. Refúgio num mundo sem coração. A família: santuário ou instituição<br />

sitia<strong>da</strong>? Tradução <strong>de</strong> Ítalo Tronca e Lucia Szmrecsanyi. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra,<br />

1991.<br />

LÉVI-STRAUSS, C. A família. <strong>In</strong>: O olhar distanciado. Lisboa: Edições 70, 1986.<br />

_______________ (1949) Estruturas elementares do parentesco. Petrópolis: Vozes,<br />

2009.<br />

MORGAN, L. (1871) A família antiga. <strong>In</strong>: Canevacci, M. (org) A dialética <strong>da</strong> família.<br />

São Paulo: Brasiliense, 1981.<br />

9


SÓFOCLES. Édipo-rei. Em Teatro grego: Ésquilo, Sófocles, Eurípe<strong>de</strong>s e Aristófanes.<br />

São Paulo: Editora Cultrix, 1987. Seleção, introdução, notas e tradução do grego por<br />

Jaime Bruna, 3ª. Edição.<br />

www.ibge.gov.br (acesso em 30/11/2010).<br />

10

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!