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configuração da cadeia produtiva do curauá - PROPED - Ufra

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Anais <strong>do</strong> 1º Simpósio de Cadeias Produtivas e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia e <strong>do</strong> 9 o Seminário Anual de<br />

Iniciação Científica e 3º Seminário de Pesquisa <strong>da</strong> UFRA<br />

19 a 21 de outubro de 2011<br />

RESUMO<br />

CONFIGURAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO CURAUÁ<br />

Rubens Car<strong>do</strong>so <strong>da</strong> SILVA 1 ; Antônio Cordeiro de SANTANA 2<br />

Sob a abor<strong>da</strong>gem sistêmica a Cadeia Produtiva <strong>do</strong> <strong>curauá</strong> (Ananas comosus var. erectifolius (L. B. Smith)<br />

Coppens & Leal), na região Oeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará, apresenta<strong>da</strong> nas formas de um Mapa Geral e de sua<br />

Cadeia de Valor tem como questão central a insuficiente oferta de fibra de <strong>curauá</strong> para o consumo<br />

agroindustrial. O estu<strong>do</strong> está fun<strong>da</strong><strong>do</strong> em pesquisas <strong>do</strong>cumentais e levantamento de <strong>da</strong><strong>do</strong>s primários<br />

envolven<strong>do</strong> os produtores rurais, os profissionais que prestam serviços especializa<strong>do</strong>s de assistência técnica e<br />

extensão rural, a gestão superior <strong>da</strong> empresa agroindustrial que é a única compra<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> fibra <strong>do</strong> <strong>curauá</strong> e os<br />

stakeholders primários e secundários. Concluiu-se que embora a ativi<strong>da</strong>de de cultivo <strong>do</strong> <strong>curauá</strong> apresente<br />

viabili<strong>da</strong>de econômico-financeira esta se apresenta como o elo mais fraco e limitante <strong>da</strong> eficiência <strong>do</strong> sistema<br />

“<strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>”. Há carência de políticas seletivas <strong>do</strong> entorno – meso nível – e de apoio sinérgico <strong>do</strong>s<br />

ambientes organizacional e institucional dificultan<strong>do</strong> e constrangen<strong>do</strong>, sistemicamente, o desempenho<br />

operacional <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>do</strong> <strong>curauá</strong>.<br />

Palavras-chave: <strong>curauá</strong>; <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>; condicionantes de desempenho.<br />

Área <strong>do</strong> conhecimento: Área: Ciências Sociais Aplica<strong>da</strong>s; Sub Área: Economia Agrária e <strong>do</strong>s<br />

Recursos Naturais; Linha de pesquisa: Cadeias <strong>produtiva</strong>s, merca<strong>do</strong> e comercialização.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O <strong>curauá</strong> é uma planta monocotiledônea, pertencente à família Bromeliaceae, gênero Ananas, espécie<br />

Ananas comosus var. erectifolius (L. B. Smith) Coppens & Leal (COPPENS & LEAL, 2003), produtora de<br />

fibra textil 3 , nativa <strong>da</strong> Amazônia e sua exploração já era desenvolvi<strong>da</strong> pelos índios, desde os tempos pré-<br />

colombianos, assim como por pequenos produtores que a utilizam na fabricação de cor<strong>da</strong>s, sacos,<br />

redes e artesanato (BERGER et al., 2001). No ano de 1889 o Barão <strong>do</strong> Marajó levou o <strong>curauá</strong> para a “Feira<br />

<strong>da</strong> Indústria e <strong>do</strong> Progresso”, realiza<strong>da</strong> em Paris, na França. Na déca<strong>da</strong> de 1920, num lugarejo denomina<strong>do</strong><br />

“Taperinha”, região <strong>do</strong> Ituqui no Município de Santarém (PA), o suíço Luiz Go<strong>do</strong>fre<strong>do</strong> Hagmann descobriu<br />

casualmente a existência <strong>do</strong> <strong>curauá</strong> e a aplicação <strong>da</strong>s suas folhas na produção de fibras naturais. Hagmann<br />

implantou 23 hectares de <strong>curauá</strong>, chegan<strong>do</strong> a possuir em canteiros 500 mil mu<strong>da</strong>s para a expansão <strong>da</strong> cultura,<br />

mas, por não conseguir aju<strong>da</strong> governamental que viabilizasse a aquisição de máquinas para a descorticação,<br />

aban<strong>do</strong>nou o empreendimento em face <strong>da</strong> inviabili<strong>da</strong>de econômica <strong>da</strong> descorticação manual, (EMATER-PA,<br />

1995; PINHEIRO, 1928). No decorrer <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>do</strong>s anos de 1960, o Banco de Crédito <strong>da</strong> Amazônia S/A<br />

idealizou e implantou o PROCURAUÁ, programa de crédito agrícola direciona<strong>do</strong> a incentivar a expansão <strong>da</strong><br />

1 D. Sc. Ciências Agrárias. Extensionista Rural <strong>da</strong> EMATER e Professor <strong>da</strong> UEPA. Email: rubens@car<strong>do</strong>so.eng.br<br />

2 D. SC. Economia Rural e Professor Associa<strong>do</strong> <strong>da</strong> UFRA. Email: acsantana@superig.com.br.<br />

3 É a fibra que proporciona de imediato, ou depois de desfibra<strong>da</strong> ou após macera<strong>da</strong> quimicamente ou biologicamente,<br />

fibras soltas imediatamente aproveitáveis na industrialização <strong>da</strong>s mesmas para fiação e tecelagem (sic), (CUNHA, 1998,<br />

p.84).


Anais <strong>do</strong> 1º Simpósio de Cadeias Produtivas e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia e <strong>do</strong> 9 o Seminário Anual de<br />

Iniciação Científica e 3º Seminário de Pesquisa <strong>da</strong> UFRA<br />

19 a 21 de outubro de 2011<br />

cultura através <strong>da</strong> agricultura familiar. Pouco tempo depois o programa foi extinto em decorrência <strong>da</strong><br />

incapaci<strong>da</strong>de gerencial <strong>da</strong> Cooperativa que controlava as finanças <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s com o cultivo<br />

dessa Bromeliaceae 4 .<br />

Posteriormente, na déca<strong>da</strong> <strong>do</strong>s anos de 1990, após comprovação <strong>da</strong>s suas excelentes proprie<strong>da</strong>des físico-<br />

químicas e reais possibili<strong>da</strong>des de utilização na indústria automobilística (CUNHA, 1998, p.90), o Banco <strong>da</strong><br />

Amazônia – BASA, e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará – EMATER-<br />

Pará, retomaram o incentivo ao cultivo <strong>do</strong> <strong>curauá</strong>. To<strong>da</strong>via, em função de problemas de logística e de<br />

inconstância de propósitos entre alguns <strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s (empresa automobilística, ONG e produtores<br />

de fibra) a expansão <strong>do</strong> cultivo foi paralisa<strong>da</strong>. Presentemente, com a intensificação <strong>da</strong>s pesquisas sobre as<br />

proprie<strong>da</strong>des físico-químicas (indican<strong>do</strong> a utilização <strong>da</strong> fibra <strong>do</strong> <strong>curauá</strong> na indústria têxtil, celulósica,<br />

náutica, construção civil, plástica e farmacêutica) e as pesquisas agronômicas sobre adubação, multiplicação<br />

de mu<strong>da</strong>s por micro propagação, plantio consorcia<strong>do</strong>, adensamento de plantio, a colheita rasa, o<br />

aproveitamento de mucilagem para o arraçoamento animal, assim como a instalação de uma planta<br />

agroindustrial para o beneficiamento de fibras (empresa PEMATEC TRIANGEL), na sede <strong>do</strong> município de<br />

Santarém (PA), a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> passou a configurar um novo arranjo no senti<strong>do</strong> de sua completude e o<br />

cultivo <strong>do</strong> <strong>curauá</strong> tomou novo impulso, mas a produção de fibras não consegue ser oportuna e suficiente,<br />

para o pleno funcionamento <strong>da</strong> firma processa<strong>do</strong>ra que produz manta agulha<strong>da</strong> para a fabricação<br />

termoformata<strong>da</strong> de peças e componentes automotivos. Por conseguinte se questiona: “a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>curauá</strong> está estrutura<strong>da</strong> de maneira a permitir seu desempenho competitivo diante <strong>do</strong> desafio de manter e<br />

ampliar o merca<strong>do</strong> e contribuir para o desenvolvimento regional?”<br />

Assim, o trabalho estu<strong>da</strong> a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>do</strong> <strong>curauá</strong>, a fim de identificar os principais fatores que<br />

condicionam o seu desempenho, toman<strong>do</strong> por base suas intra-relações e as inter-relações existentes no seu<br />

ambiente geral e operacional. Especificamente objetiva: (i) Descrever a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>do</strong> <strong>curauá</strong>; (ii)<br />

Avaliar o processo de difusão tecnológica junto aos produtores de <strong>curauá</strong>; e (iii) Identificar os fatores que<br />

determinam a criação de vantagens competitivas sustentáveis.<br />

METODOLOGIA<br />

Utilizou-se a pesquisa bibliográfica, o levantamento de campo através de questionários e pesquisa em<br />

profundi<strong>da</strong>de junto aos elos/agentes e principais stakeholders <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> prodtiva e as informações resultantes<br />

<strong>da</strong> IV Semana de Agroecologia – a importância <strong>da</strong>s fibras naturais para um desenvolvimento sustentável <strong>do</strong><br />

baixo Amazonas e <strong>do</strong> “I Seminário de Fibras Naturais” (CEAPAC, 2009), na qual o autor se fez presente.<br />

4 Aspectos detalha<strong>do</strong>s podem ser obti<strong>do</strong>s em Le<strong>do</strong> (1967).


Anais <strong>do</strong> 1º Simpósio de Cadeias Produtivas e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia e <strong>do</strong> 9 o Seminário Anual de<br />

Iniciação Científica e 3º Seminário de Pesquisa <strong>da</strong> UFRA<br />

19 a 21 de outubro de 2011<br />

Realiza-se a análise financeira e de risco <strong>do</strong> cultivo <strong>do</strong> <strong>curauá</strong>; análise tabular de <strong>da</strong><strong>do</strong>s relevantes sobre os<br />

elos/agentes e o diagrama de influências sobre o funcionamento <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O Mapa Geral <strong>da</strong> Cadeia Produtiva (Figura 1) consoli<strong>da</strong> os principais agentes dessa <strong>cadeia</strong> e serve para<br />

indicar que o seu limite final é a confecção <strong>da</strong> “manta agulha<strong>da</strong>”, haja vista seu processo de composição<br />

(<strong>curauá</strong> + malva + juta + polipropileno) transformar as fibras em um outro produto.<br />

A <strong>cadeia</strong> de valor foi estrutura<strong>da</strong> conforme a disposição apresenta<strong>da</strong> na Figura 2, classifican<strong>do</strong><br />

ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s 6 blocos em uma etapa-chave <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>. Essas etapas foram analisa<strong>da</strong>s (Quadro 1)<br />

consideran<strong>do</strong>: descrição geral em que são identifica<strong>do</strong>s as ativi<strong>da</strong>des, os participantes e os fatores-chave de<br />

sucesso; as lacunas caracterizan<strong>do</strong> a situação atual e identifican<strong>do</strong> o grau de intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> lacuna; e a visão<br />

de eficiência indican<strong>do</strong> a situação deseja<strong>da</strong> na <strong>cadeia</strong> de valor. As etapas-chave constituem o conjunto de<br />

ativi<strong>da</strong>des que resulta no produto “manta agulha<strong>da</strong>”, considera<strong>do</strong> no presente estu<strong>do</strong> como produto final,<br />

visto que a partir desse ponto pode seguir vários caminhos, em diferentes ramos industriais.<br />

Figura 2 – Cadeia de valor <strong>do</strong> <strong>curauá</strong>.<br />

Material<br />

genético e<br />

insumos<br />

Plantio e<br />

colheita<br />

Beneficiamento<br />

primário<br />

Comercialização<br />

Industrialização<br />

“A”, “B”<br />

Distribuição


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19 a 21 de outubro de 2011<br />

Sistematicamente a <strong>cadeia</strong> de valor abre janelas de oportuni<strong>da</strong>de para o compartilhamento, entre os agentes,<br />

<strong>da</strong>s lacunas e visão de eficiência <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>, possibilitan<strong>do</strong>-lhes através de uma base de diálogo, pautar<br />

ordena<strong>da</strong>mente as ações requeri<strong>da</strong>s para a promoção <strong>do</strong> valor de um produto genuinamente local – o <strong>curauá</strong>.<br />

Quadro 1 – Análise <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> de valor.<br />

O diagrama de influências (Figura 3) registra algumas <strong>da</strong>s relações que constrangem o desempenho <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong><br />

<strong>produtiva</strong> e evidencia enlaces que indicam que o complexo “têxtil” de mantas agulha<strong>da</strong>s para compósitos


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19 a 21 de outubro de 2011<br />

termoforma<strong>do</strong>s, de componentes automotivos, que depende de mais de 50% de insumos agrícolas (fibras<br />

naturais: <strong>curauá</strong>, malva e juta), ganha relevância, deman<strong>da</strong> ciência e tecnologia, mas requer uma base<br />

agrícola forte.<br />

CONCLUSÕES<br />

A produção primária requer maior apoio e algumas intervenções apresentam um tempo de resposta<br />

demora<strong>do</strong>. Como a produção agrícola não avança, a agroindústria sofre restrições para potencializar o uso <strong>da</strong><br />

sua base de capacitação tecnológica (mistura de componentes sintéticos naturais e termoformatagem), não<br />

exerce sua “vocação” para diferenciação de novos produtos, possíveis e deman<strong>da</strong><strong>do</strong>s em outros merca<strong>do</strong>s,<br />

enfrentan<strong>do</strong> barreiras para a<strong>do</strong>tar estratégia de crescimento horizontal por meio <strong>da</strong> diversificação <strong>produtiva</strong>.<br />

Como uma <strong>da</strong>s conseqüências, a agroindústria não induz o crescimento de etapas intermediárias, reduz o<br />

nível de en<strong>do</strong>genia para a frente, posto que seu poder de encadeamento fica condiciona<strong>do</strong> à fraca dinâmica<br />

de expansão <strong>da</strong> base agrícola.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao Grupo de Pesquisa em Cadeia Produtiva, Merca<strong>do</strong> e Desenvolvimento Sustentável (GECADS) e<br />

à Pró-Reitoria de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (<strong>PROPED</strong>) <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal<br />

Rural <strong>da</strong> Amazônia, por abrigar este Simpósio junto ao PIBIC.<br />

REFERÊNCIA


Anais <strong>do</strong> 1º Simpósio de Cadeias Produtivas e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia e <strong>do</strong> 9 o Seminário Anual de<br />

Iniciação Científica e 3º Seminário de Pesquisa <strong>da</strong> UFRA<br />

19 a 21 de outubro de 2011<br />

SILVA, Rubens Car<strong>do</strong>so <strong>da</strong>. Cadeia <strong>produtiva</strong> <strong>do</strong> Curauá: concepção sistêmica <strong>do</strong>s condicionantes de seu<br />

desempenho, na região Oeste Paraense. 2011. 213f. Tese (Doutora<strong>do</strong> em Ciências Agrárias) – Universi<strong>da</strong>de<br />

Federal Rural <strong>da</strong> Amazônia. Belém, 2011.

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