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do narrador no romance a menina que roubava livros e de como ...

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caso <strong>de</strong> Liesel, seria preciso, em primeiro lugar, enri<strong>que</strong>cer-se <strong>de</strong> alguma<br />

coisa. Sua alternativa foi a Literatura. A fala <strong>de</strong> um metalúrgico citada por<br />

Ecléa Bosi em sua pesquisa Cultura <strong>de</strong> Massa e Cultura popular – leitura<br />

<strong>de</strong> operárias (2001) <strong>no</strong>s ajudará a concluir este parágrafo: “É preciso algo<br />

<strong>que</strong> enri<strong>que</strong>ça a vida e o trabalho <strong>que</strong> era belo e ficou feio”.<br />

Por <strong>que</strong> uma <strong>menina</strong> <strong>que</strong> rouba <strong>livros</strong> tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> seduzir<br />

leitores? Ainda mais um motivo se <strong>no</strong>s apresenta: por<strong>que</strong> nada é <strong>de</strong> graça. A<br />

mensagem fundamental na vida <strong>de</strong> to<strong>do</strong> ser. Nada está pronto, acaba<strong>do</strong> e<br />

mo<strong>de</strong>la<strong>do</strong>, faz-se preciso buscar as coisas; buscar mudar as coisas, <strong>como</strong><br />

bem se referiu o metalúrgico acima aludi<strong>do</strong>, e, muitas vezes, ter a ousadia<br />

<strong>de</strong> continuar buscan<strong>do</strong> mudá-las, ainda <strong>que</strong> em condições muito hostis. Eis<br />

mais um motivo para buscá-las: a hostilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se encontra o<br />

indivíduo. Quem traz ao leitor tal mensagem é uma <strong>menina</strong> <strong>que</strong>, a princípio,<br />

po<strong>de</strong> parecer frágil, fragilizada, atônita, mas <strong>que</strong> se mostra o contrário com<br />

o <strong>de</strong>senrolar da história. Se uma <strong>menina</strong> po<strong>de</strong> fazer sua vida andar “apenas”<br />

len<strong>do</strong>, numa guerra, num frio horren<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> fome, sentin<strong>do</strong> me<strong>do</strong>, o<br />

<strong>que</strong> outros em condições melhores não po<strong>de</strong>riam conseguir fazer?<br />

Um poema, segun<strong>do</strong> Mário Quintana, po<strong>de</strong> salvar uma vida. Neste<br />

caso, o poema seria a vida <strong>de</strong> Liesel sen<strong>do</strong> salva por conta <strong>de</strong> suas leituras,<br />

ao passo <strong>que</strong> o poema <strong>de</strong> sua vida vai sen<strong>do</strong> elabora<strong>do</strong>, <strong>como</strong> nesses ensaios<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras teatrais. No caso da <strong>menina</strong>, as palavras seriam tu<strong>do</strong>: as<br />

pessoas, suas vidas, seus lugares, já o ambiente seria um <strong>que</strong> não conforma<br />

ser a<strong>que</strong>le: eis a narrativa Liesel <strong>de</strong>ntro da narrativa A <strong>menina</strong> <strong>que</strong> <strong>roubava</strong><br />

<strong>livros</strong>.<br />

Em Como e por <strong>que</strong> ler, Bloom (2001, p.21) diz <strong>que</strong> “lemos em<br />

busca <strong>de</strong> mentes mais originais <strong>do</strong> <strong>que</strong> a <strong>no</strong>ssa”. De fato, lemos por esse<br />

intento também, seria um dar luz à sombra <strong>que</strong> <strong>no</strong>s ocuparia a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

tempo nessa agorida<strong>de</strong> fulminante. Supõe-se <strong>que</strong> atualmente é tu<strong>do</strong> para<br />

este exato momento: senão não po<strong>de</strong> ser, é tu<strong>do</strong> ato contínuo, mas não bom<br />

o suficiente, tu<strong>do</strong> muito cansativo... Então lemos por<strong>que</strong> buscamos o belo, e<br />

o belo não está dan<strong>do</strong> sopa por aí, para usar uma expressão fácil, mas<br />

recôndito feito bicho raro, feito uma cortina invisível. O fim <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> seria<br />

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