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Programa V – Aspecto Científico - Centro Espírita Casa do Caminho

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CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”<br />

GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”<br />

<strong>Programa</strong> V<br />

<strong>Aspecto</strong> <strong>Científico</strong><br />

1


1. FLUIDOS E PERISPÍRITO<br />

CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”<br />

GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”<br />

<strong>Programa</strong> V <strong>–</strong> <strong>Aspecto</strong> <strong>Científico</strong><br />

1.1. NATUREZA E QUALIDADE DOS FLUIDOS.................................................................................................5<br />

1.2. MODIFICAÇÕES DOS FLUIDOS E MAGNETISMO........................................................................................7<br />

1.3. CRIAÇÕES FLUÍDICAS DE IDEOPLASTIA................................................................................................10<br />

1.4. PERISPÍRITO: FORMAÇÃO, PROPRIEDADES, FUNÇÕES <strong>–</strong> 1ª PARTE............................................................11<br />

1.4B. PERISPÍRITO: FORMAÇÃO, PROPRIEDADES, FUNÇÕES <strong>–</strong> 2ª PARTE..........................................................14<br />

1.5. VESTIMENTA DOS ESPÍRITOS..............................................................................................................16<br />

2. INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL<br />

2.1. INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E ATOS: TELEPATIA E PRESSENTIMENTOS......18<br />

2.2. INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOS ACONTECIMENTOS DA VIDA...................................................................20<br />

2.3. AFEIÇÃO QUE OS ESPÍRITOS VOTAM A CERTAS PESSOAS.........................................................................23<br />

2.4. ANJOS DE GUARDA. ESPÍRITOS PROTETORES, FAMILIARES OU SIMPÁTICOS................................................24<br />

3. O FENÔMENO DE INTERCOMUNICAÇÃO MEDIÚNICA<br />

3.1. OS FENÔMENOS MEDIÚNICOS ATRAVÉS DOS TEMPOS...........................................................................30<br />

OS FENÔMENOS ESPÍRITAS E SUA UNIVERSALIDADE<br />

FENÔMENOS MEDIÚNICOS DENTRO DA BÍBLIA<br />

3.2. OS MÉDIUNS PRECURSORES.................................................................................................................35<br />

- EMANUEL SWEDENBORG..............................................................................................................<br />

35<br />

- ANDREW JACKSON DAVIS............................................................................................................<br />

36<br />

IRVING ...................................................................................................................................................... 37<br />

3.3. O MECANISMO DAS COMUNICAÇÕES: CONDIÇÕES TÉCNICAS, AFINIDADES E SINTONIA.................................38<br />

SINTONIA<br />

INFLUÊNCIA MORAL DO MÉDIUM................................................................................................................<br />

42<br />

1 - AFINIDADE: .................................................................................................................................... 42<br />

2 - MÉDIUM PERFEITO: ...................................................................................................................... 43<br />

3 - REPELIR DEZ VERDADES A ACEITAR UMA FALSIDADE: ................................................... 44<br />

FONTES DE CONSULTA..................................................................................................................................<br />

44<br />

3.4. A NATUREZA DAS COMUNICAÇÕES: IMPERFEITAS, SÉRIAS E INSTRUTIVAS.................................................45<br />

3.5. DAS EVOCAÇÕES: DA QUALIDADE, DA LINGUAGEM E DE SUA UTILIDADE...................................................47<br />

3.6. DAS PERGUNTAS QUE SE PODEM FAZER AOS ESPÍRITOS..........................................58<br />

MÉDIUNS<br />

5<br />

18<br />

30<br />

30<br />

32<br />

38<br />

63<br />

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CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”<br />

GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”<br />

4.1. O MÉDIUM: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO............................................................................................63<br />

4.2 E 4.3 A CATEGORIA DE MÉDIUNS ESPECIAIS PARA EFEITOS FÍSICOS E INTELECTUAIS....................................66<br />

4.4. ESPÉCIES COMUNS A TODOS OS GÊNEROS DE MEDIUNIDADE.....................................................................69<br />

4.5. MEDIUNIDADE NAS CRIANÇAS.............................................................................................................72<br />

5. DO MANDATO MEDIÚNICO<br />

5.1. QUALIDADES ESSENCIAIS DO MÉDIUM...................................................................................................74<br />

5.2. IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE COMUNICAÇÃO...................................................................................76<br />

5.3. CONTRADIÇÕES, MISTIFICAÇÕES E ANIMISMO <strong>–</strong> 1ª PARTE.....................................................................80<br />

5.3B. CONTRADIÇÕES, MISTIFICAÇÕES E ANIMISMO <strong>–</strong> 2ª PARTE...................................................................82<br />

5.4. O EXERCÍCIO IRREGULAR: ABUSOS, PERIGOS E INCONVENIENTES.............................................................87<br />

5.5. PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE...............................................................................................89<br />

5.6 E 5.7. UMA VISÃO INTEGRAL DO HOMEM............................................................................................91<br />

AMOR: A FORÇA QUE CURA...........................................................................................................................<br />

91<br />

O PERISPÍRITO............................................................................................................................................<br />

92<br />

CENTROS VITAIS.........................................................................................................................................<br />

92<br />

CLASSIFICAÇÃO DOS CENTROS VITAIS............................................................................................................<br />

93<br />

FUNÇÕES DOS CENTROS VITAIS.....................................................................................................................<br />

93<br />

................................................................................................................................................................ 95<br />

ETIOLOGIA DAS DOENÇAS NA RELAÇÃO CORPO ESPIRITUAL E FÍSICO.................................................................<br />

95<br />

LEI DE CAUSA E EFEITO...............................................................................................................................<br />

96<br />

A ZONA DE REMORSO...................................................................................................................................<br />

96<br />

SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS........................................................................................................................<br />

97<br />

REFORMA ÍNTIMA: O REMÉDIO.......................................................................................................................<br />

98<br />

O APARELHO CEREBRAL................................................................................................................................<br />

98<br />

O CORPO É UM REFLEXO DA MENTE................................................................................................................<br />

98<br />

CENTROS DE FORÇA <strong>–</strong> PLEXOS...................................................................................................<br />

99<br />

6. DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO<br />

6.1. METODIZAÇÃO DO TRABALHO MEDIÚNICO..........................................................................................101<br />

6.2. OPORTUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO.............................................................................................104<br />

DECÁLOGO PARA MÉDIUNS<br />

ANDRÉ LUIZ<br />

6.3. ADAPTAÇÃO PSÍQUICA......................................................................................................................107<br />

6.4. SINAIS PRECURSORES DA MEDIUNIDADE: MEDIUNIDADE COMO PROVA.....................................................109<br />

6.5. A EDUCAÇÃO MEDIÚNICA E A EVANGELIZAÇÃO DO MÉDIUM..................................................................112<br />

6.6. A INFLUÊNCIA DO MÉDIUM NA COMUNICAÇÃO..................................................................................115<br />

7. FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA<br />

7.1. SONO E SONHOS.......................................................................................................................116<br />

7.2 LETARGIA, CATALEPSIA, MORTES APARENTES...........................................................120<br />

7.3. SONAMBULISMO, ÊXTASE E DUPLA VISTA.........................................................................................123<br />

8. OBSESSÃO<br />

74<br />

101<br />

104<br />

105<br />

116<br />

127<br />

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GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”<br />

8.1. OBSESSÕES E POSSESSÕES.................................................................................................................128<br />

8.2. OBSESSÃO: AS VÁRIAS EXPRESSÕES DE UM MESMO PROBLEMA.........................130<br />

8.3. O PROCESSO OBSESSIVO: O OBSESSOR E O OBSIDIADO: 1ª PARTE...........................................................135<br />

8.4. O PROCESSO OBSESSIVO: O OBSESSOR E O OBSIDIADO: 2ª PARTE...........................................................136<br />

8.5. OBSESSÃO E LOUCURA.....................................................................................................................138<br />

8.6. OBSESSÃO: PROFILAXIA E TERAPÊUTICA...........................................................................................139<br />

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GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”<br />

<strong>Programa</strong> V <strong>–</strong> <strong>Aspecto</strong> <strong>Científico</strong><br />

1. Flui<strong>do</strong>s e Perispírito<br />

1.1. Natureza e Qualidade <strong>do</strong>s Flui<strong>do</strong>s<br />

2. - O flui<strong>do</strong> cósmico universal é, como já foi demonstra<strong>do</strong>, a matéria<br />

elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável<br />

variedade <strong>do</strong>s corpos da Natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar <strong>do</strong> Universo,<br />

ele assume <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se<br />

pode considerar o primitivo esta<strong>do</strong> normal, e o de materialização ou de<br />

ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é<br />

o da transformação <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição<br />

brusca, porquanto podem considerar-se os nossos flui<strong>do</strong>s imponderáveis como<br />

termo médio entre os <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s. (Cap. IV, nos 10 e seguintes.)<br />

Cada um desses <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s dá lugar, naturalmente, a fenômenos especiais:<br />

ao segun<strong>do</strong> pertencem os <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> visível e ao primeiro os <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> invisível.<br />

Uns, os chama<strong>do</strong>s fenômenos materiais, são da alçada da Ciência propriamente<br />

dita, os outros, qualifica<strong>do</strong>s de fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se ligam<br />

de mo<strong>do</strong> especial à existência <strong>do</strong>s Espíritos, cabem nas atribuições <strong>do</strong> Espiritismo.<br />

Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal se acham incessantemente em<br />

contacto, os fenômenos das duas categorias muitas vezes se produzem<br />

simultaneamente. No esta<strong>do</strong> de encarnação, o homem somente pode perceber os<br />

fenômenos psíquicos que se prendem à vida corpórea; os <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio espiritual<br />

escapam aos senti<strong>do</strong>s materiais e só podem ser percebi<strong>do</strong>s no esta<strong>do</strong> de Espírito 1 .<br />

5. - A pureza absoluta, da qual nada nos pode dar idéia, é o ponto de partida<br />

<strong>do</strong> flui<strong>do</strong> universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria<br />

tangível. Entre esses <strong>do</strong>is extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou<br />

menos aproximadas de um e de outro. Os flui<strong>do</strong>s mais próximos da materialidade,<br />

os menos puros, conseguintemente, compõem o que se pode chamar a atmosfera<br />

espiritual da Terra. É desse meio, onde igualmente vários são os graus de pureza,<br />

que os Espíritos encarna<strong>do</strong>s e desencarna<strong>do</strong>s, deste planeta, haurem os elementos<br />

necessários à economia de suas existências. Por muito sutis e impalpáveis que nos<br />

sejam esses flui<strong>do</strong>s, não deixam por isso de ser de natureza grosseira, em<br />

comparação com os flui<strong>do</strong>s etéreos das regiões superiores.<br />

O mesmo se dá na superfície de to<strong>do</strong>s os mun<strong>do</strong>s, salvo as diferenças de<br />

constituição e as condições de vitalidade próprias de cada um. Quanto menos<br />

material é a vida neles, tanto menos afinidades têm os flui<strong>do</strong>s espirituais com a<br />

matéria propriamente dita.<br />

Não é rigorosamente exata a qualificação de flui<strong>do</strong>s espirituais, pois que, em<br />

definitiva, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De realmente<br />

1 A denominação de fenômeno psíquico exprime com mais exatidão o pensamento,<br />

<strong>do</strong> que a de fenômeno espiritual, da<strong>do</strong> que esses fenômenos repousam sobre as<br />

propriedades<br />

e os atributos da alma, ou, melhor, <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s perispiríticos, inseparáveis da alma. Esta<br />

qualificação os liga mais intimamente à ordem <strong>do</strong>s fatos naturais regi<strong>do</strong>s por leis; pode-se,<br />

pois,<br />

admiti-los como efeitos psíquicos, sem os admitir a título de milagres.<br />

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espiritual, só a alma ou princípio inteligente. Dá-se-lhes essa denominação por<br />

comparação apenas e, sobretu<strong>do</strong>, pela afinidade que eles guardam com os<br />

Espíritos. Pode dizer-se que são a matéria <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> espiritual, razão por que são<br />

chama<strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s espirituais.<br />

6. - Quem conhece, aliás, a constituição íntima da matéria tangível? Ela talvez<br />

somente seja compacta em relação aos nossos senti<strong>do</strong>s; prová-lo-ia a facilidade<br />

com que a atravessam os flui<strong>do</strong>s espirituais e os Espíritos, aos quais não oferece<br />

maior obstáculo, <strong>do</strong> que o que os corpos transparentes oferecem à luz.<br />

Ten<strong>do</strong> por elemento primitivo o fluí<strong>do</strong> cósmico etéreo, à matéria tangível há<br />

de ser possível, desagregan<strong>do</strong>-se, voltar ao esta<strong>do</strong> de eterização, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong><br />

que o diamante, o mais duro <strong>do</strong>s corpos, pode volatilizar-se em gás impalpável. Na<br />

realidade, a solidificação da matéria não é mais <strong>do</strong> que um esta<strong>do</strong> transitório <strong>do</strong><br />

flui<strong>do</strong> universal, que pode volver ao seu esta<strong>do</strong> primitivo, quan<strong>do</strong> deixam de existir<br />

as condições de coesão.<br />

Quem sabe mesmo se, no esta<strong>do</strong> de tangibilidade, a matéria não é suscetível<br />

de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares?<br />

Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer supô-lo. Ainda não<br />

conhecemos senão as fronteiras <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> invisível; o porvir, sem dúvida, nos<br />

reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que se<br />

nos conserva em mistério.<br />

Qualidades <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s<br />

16. - Tem conseqüências de importância capital e direta para os encarna<strong>do</strong>s a<br />

ação <strong>do</strong>s Espíritos sobre os flui<strong>do</strong>s espirituais. Sen<strong>do</strong> esses flui<strong>do</strong>s o veículo <strong>do</strong><br />

pensamento e poden<strong>do</strong> este modificar-lhes as propriedades, é evidente que eles<br />

devem achar-se impregna<strong>do</strong>s das qualidades boas ou más <strong>do</strong>s pensamentos que os<br />

fazem vibrar, modifican<strong>do</strong>-se pela pureza ou impureza <strong>do</strong>s sentimentos. Os maus<br />

pensamentos corrompem os flui<strong>do</strong>s espirituais, como os miasmas deletérios<br />

corrompem o ar respirável. Os flui<strong>do</strong>s que envolvem os Espíritos maus, ou que estes<br />

projetam são, portanto, vicia<strong>do</strong>s, ao passo que os que recebem a influência <strong>do</strong>s<br />

bons Espíritos são tão puros quanto o comporta o grau da perfeição moral destes.<br />

17. - Fora impossível fazer-se uma enumeração ou classificação <strong>do</strong>s bons e<br />

<strong>do</strong>s maus flui<strong>do</strong>s, ou especificar-lhes as respectivas qualidades, por ser tão grande<br />

quanto a <strong>do</strong>s pensamentos a diversidade deles.<br />

Os flui<strong>do</strong>s não possuem qualidades sui generis, mas as que adquirem no<br />

meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas<br />

exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa. Conforme as<br />

circunstâncias, suas qualidades são, como as da água e <strong>do</strong> ar, temporárias ou<br />

permanentes, o que os torna muito especialmente apropria<strong>do</strong>s à produção de tais ou<br />

tais efeitos.<br />

Também carecem de denominações particulares. Como os o<strong>do</strong>res, eles são<br />

designa<strong>do</strong>s pelas suas propriedades, seus efeitos e tipos originais. Sob o ponto de<br />

vista moral, trazem o cunho <strong>do</strong>s sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de<br />

orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de<br />

amor, de caridade, de <strong>do</strong>çura, etc. Sob o aspecto físico, são excitantes, calmantes,<br />

penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, soporíficos, narcóticos, tóxicos,<br />

repara<strong>do</strong>res, expulsivos; tornam-se força de transmissão, de propulsão, etc. O<br />

quadro <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e <strong>do</strong>s vícios da<br />

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Humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles<br />

produzem.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. A Gênese. Capítulo 14, itens 2, 5, 6, 16 e 17.<br />

1.2. Modificações <strong>do</strong>s Flui<strong>do</strong>s e Magnetismo<br />

18. - Sen<strong>do</strong> apenas Espíritos encarna<strong>do</strong>s, os homens têm uma parcela da<br />

vida espiritual, visto que vivem dessa vida tanto quanto da vida corporal;<br />

primeiramente, durante o sono e, muitas vezes, no esta<strong>do</strong> de vigília. O Espírito,<br />

encarna<strong>do</strong>, conserva, com as qualidades que lhe são próprias, o seu perispírito que,<br />

como se sabe, não fica circunscrito pelo corpo, mas irradia ao seu derre<strong>do</strong>r e o<br />

envolve como que de uma atmosfera fluídica.<br />

Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha preponderante<br />

papel no organismo. Pela sua expansão, põe o Espírito encarna<strong>do</strong> em relação mais<br />

direta com os Espíritos livres e também com os Espíritos encarna<strong>do</strong>s.<br />

O pensamento <strong>do</strong> encarna<strong>do</strong> atua sobre os flui<strong>do</strong>s espirituais, como o <strong>do</strong>s<br />

desencarna<strong>do</strong>s, e se transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e, conforme<br />

seja bom ou mau, saneia ou vicia os flui<strong>do</strong>s ambientes.<br />

Desde que estes se modificam pela projeção <strong>do</strong>s pensamentos <strong>do</strong> Espírito,<br />

seu invólucro perispirítico, que é parte constituinte <strong>do</strong> seu ser e que recebe de mo<strong>do</strong><br />

direto e permanente a impressão de seus pensamentos, há de, ainda mais, guardar<br />

a de suas qualidades boas ou más. Os flui<strong>do</strong>s vicia<strong>do</strong>s pelos eflúvios <strong>do</strong>s maus<br />

Espíritos podem depurar-se pelo afastamento destes, cujos perispíritos, porém,<br />

serão sempre os mesmos, enquanto o Espírito não se modificar por si próprio.<br />

Sen<strong>do</strong> o perispírito <strong>do</strong>s encarna<strong>do</strong>s de natureza idêntica à <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s<br />

espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um<br />

líqui<strong>do</strong>. Esses flui<strong>do</strong>s exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta,<br />

quanto, por sua expansão e sua irradiação, o perispírito com eles se confunde.<br />

Atuan<strong>do</strong> esses flui<strong>do</strong>s sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o<br />

organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios são de<br />

boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é<br />

penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar<br />

desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.<br />

Os meios onde superabundam os maus Espíritos são, pois, impregna<strong>do</strong>s de<br />

maus flui<strong>do</strong>s que o encarna<strong>do</strong> absorve pelos poros perispiríticos, como absorve<br />

pelos poros <strong>do</strong> corpo os miasmas pestilenciais.<br />

19. - Assim se explicam os efeitos que se produzem nos lugares de reunião.<br />

Uma assembléia é um foco de irradiação de pensamentos diversos. É como uma<br />

orquestra, um coro de pensamentos, onde cada um emite uma nota.<br />

Resulta daí uma multiplicidade de correntes e de eflúvios fluídicos cuja<br />

impressão cada um recebe pelo senti<strong>do</strong> espiritual, como num coro musical cada um<br />

recebe a impressão <strong>do</strong>s sons pelo senti<strong>do</strong> da audição.<br />

Mas, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que há radiações sonoras, harmoniosas ou<br />

dissonantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto é<br />

harmonioso, agradável é a impressão; penosa, se aquele é discordante. Ora, para<br />

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isso, não se faz mister que o pensamento se exteriorize por palavras; quer ele se<br />

externe, quer não, a irradiação existe sempre.<br />

Tal a causa da satisfação que se experimenta numa reunião simpática,<br />

animada de pensamentos bons e benévolos. Envolve-a uma como salubre<br />

atmosfera moral, onde se respira à vontade; sai-se reconforta<strong>do</strong> dali, porque<br />

impregna<strong>do</strong> de salutares eflúvios fluídicos. Basta, porém, que se lhe misturem<br />

alguns pensamentos maus, para produzirem o efeito de uma corrente de ar gela<strong>do</strong><br />

num meio tépi<strong>do</strong>, ou o de uma nota desafinada num concerto. Desse mo<strong>do</strong> também<br />

se explica a ansiedade, o indefinível mal-estar que se experimenta numa reunião<br />

antipática, onde malévolos pensamentos provocam correntes de flui<strong>do</strong><br />

nauseabun<strong>do</strong>.<br />

20. - O pensamento, portanto, produz uma espécie de efeito físico que reage<br />

sobre o moral, fato este que só o Espiritismo podia tornar compreensível. O homem<br />

o sente instintivamente, visto que procura as reuniões homogêneas e simpáticas,<br />

onde sabe que pode haurir novas forças morais, poden<strong>do</strong>-se dizer que, em tais<br />

reuniões, ele recupera as perdas fluídicas que sofre to<strong>do</strong>s os dias pela irradiação <strong>do</strong><br />

pensamento, como recupera, por meio <strong>do</strong>s alimentos, as perdas <strong>do</strong> corpo material.<br />

É que, com efeito, o pensamento é uma emissão que ocasiona perda real de flui<strong>do</strong>s<br />

espirituais e, conseguintemente, de flui<strong>do</strong>s materiais, de maneira tal que o homem<br />

precisa retemperar-se com os eflúvios que recebe <strong>do</strong> exterior.<br />

Quan<strong>do</strong> se diz que um médico opera a cura de um <strong>do</strong>ente, por meio de boas<br />

palavras, enuncia-se uma verdade absoluta, pois que um pensamento bon<strong>do</strong>so traz<br />

consigo flui<strong>do</strong>s repara<strong>do</strong>res que atuam sobre o físico, tanto quanto sobre o moral.<br />

21. - Dir-se-á que se podem evitar os homens sabidamente malintenciona<strong>do</strong>s.<br />

É fora de dúvida; mas, como fugiremos à influência <strong>do</strong>s maus Espíritos que pululam<br />

em torno de nós e por toda parte se insinuam, sem serem vistos?<br />

O meio é muito simples, porque depende da vontade <strong>do</strong> homem, que traz<br />

consigo o necessário preservativo. Os flui<strong>do</strong>s se combinam pela semelhança de<br />

suas naturezas; os dessemelhantes se repelem; há incompatibilidade entre os bons<br />

e os maus flui<strong>do</strong>s, como entre o óleo e a água.<br />

Que se faz quan<strong>do</strong> está vicia<strong>do</strong> o ar? Procede-se ao seu saneamento, cuidase<br />

de depurá-lo, destruin<strong>do</strong> o foco <strong>do</strong>s miasmas, expelin<strong>do</strong> os eflúvios malsãos, por<br />

meio de mais fortes correntes de ar salubre. A invasão, pois, <strong>do</strong>s maus flui<strong>do</strong>s,<br />

cumpre se oponham os flui<strong>do</strong>s bons e, como cada um tem no seu próprio perispírito<br />

uma fonte fluídica permanente, to<strong>do</strong>s trazem consigo o remédio aplicável. Trata-se<br />

apenas de purificar essa fonte e de lhe dar qualidades tais, que se constitua para as<br />

más influências um repulsor, em vez de ser uma força atrativa. O perispírito,<br />

portanto, é uma couraça a que se deve dar a melhor têmpera possível. Ora, como as<br />

suas qualidades guardam relação com as da alma, importa se trabalhe por melhorála,<br />

pois que são as imperfeições da alma que atraem os Espíritos maus.<br />

As moscas são atraídas pelos focos de corrupção; destruí<strong>do</strong>s esses focos,<br />

elas desaparecerão. Os maus Espíritos, igualmente, vão para onde o mal os atrai;<br />

elimina<strong>do</strong> o mal, eles se afastarão. Os Espíritos realmente bons, encarna<strong>do</strong>s ou<br />

desencarna<strong>do</strong>s, nada tem que temer da influência <strong>do</strong>s maus.<br />

Curas<br />

31. - Como se há visto, o flui<strong>do</strong> universal é o elemento primitivo <strong>do</strong> corpo<br />

carnal e <strong>do</strong> perispírito, os quais são simples transformações dele. Pela identidade da<br />

sua natureza, esse flui<strong>do</strong>, condensa<strong>do</strong> no perispírito, pode fornecer princípios<br />

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repara<strong>do</strong>res ao corpo; o Espírito, encarna<strong>do</strong> ou desencarna<strong>do</strong>, é o agente propulsor<br />

que infiltra num corpo deteriora<strong>do</strong> uma parte da substância <strong>do</strong> seu envoltório<br />

fluídico. A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma<br />

molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância<br />

inoculada; mas, depende também da energia da vontade que, quanto maior for,<br />

tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração<br />

dará ao flui<strong>do</strong>. Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura,<br />

seja homem ou Espírito.<br />

Os flui<strong>do</strong>s que emanam de uma fonte impura são quais substâncias<br />

medicamentosas alteradas.<br />

32. - São extremamente varia<strong>do</strong>s os efeitos da ação fluídica sobre os<br />

<strong>do</strong>entes, de acor<strong>do</strong> com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama<br />

tratamento prolonga<strong>do</strong>, como no magnetismo ordinário; <strong>do</strong>utras vezes é rápida,<br />

como uma corrente elétrica. Há pessoas <strong>do</strong>tadas de tal poder, que operam curas<br />

instantâneas nalguns <strong>do</strong>entes, por meio apenas da imposição das mãos, ou, até,<br />

exclusivamente por ato da vontade Entre os <strong>do</strong>is pólos extremos dessa faculdade,<br />

há infinitos matizes. Todas as curas desse gênero são variedades <strong>do</strong> magnetismo e<br />

só diferem pela intensidade e pela rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo:<br />

o flui<strong>do</strong>, a desempenhar o papel de agente terapêutico e cujo efeito se acha<br />

subordina<strong>do</strong> à sua qualidade e a circunstâncias especiais.<br />

33. - A ação magnética pode produzir-se de muitas maneiras:<br />

1º pelo próprio flui<strong>do</strong> <strong>do</strong> magnetiza<strong>do</strong>r; é o magnetismo propriamente dito, ou<br />

magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobretu<strong>do</strong>, à qualidade<br />

<strong>do</strong> flui<strong>do</strong>;<br />

2º pelo flui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Espíritos, atuan<strong>do</strong> diretamente e sem intermediário sobre<br />

um encarna<strong>do</strong>, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o<br />

sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência<br />

física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão<br />

direta das qualidades <strong>do</strong> Espírito 2 ;<br />

3º pelos flui<strong>do</strong>s que os Espíritos derramam sobre o magnetiza<strong>do</strong>r, que serve<br />

de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semiespiritual, ou, se o<br />

preferirem, humano-espiritual. Combina<strong>do</strong> com o flui<strong>do</strong> humano, o flui<strong>do</strong> espiritual<br />

lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso <strong>do</strong>s<br />

Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provoca<strong>do</strong> por um apelo<br />

<strong>do</strong> magnetiza<strong>do</strong>r.<br />

34. - É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode<br />

desenvolver-se por meio <strong>do</strong> exercício; mas, a de curar instantaneamente, pela<br />

imposição das mãos, essa é mais rara e o seu grau máximo se deve considerar<br />

excepcional. No entanto, em épocas diversas e no seio de quase to<strong>do</strong>s os povos,<br />

surgiram indivíduos que a possuíam em grau eminente. Nestes últimos tempos,<br />

apareceram muitos exemplos notáveis, cuja autenticidade não sofre contestação.<br />

Uma vez que as curas desse gênero assentam num princípio natural e que o poder<br />

de operá-las não constitui privilégio, o que se segue é que elas não se operam fora<br />

da Natureza e que só são miraculosas na aparência 3 .<br />

2<br />

Exemplos: Revue Spirite, fevereiro de 1863, pág. 64; - abril de 1865, pág. 113; -<br />

setembro de 1865, pág. 264<br />

3<br />

Casos de curas instantâneas relata<strong>do</strong>s na Revue Spirite: "O príncipe de Hohenlohe",<br />

dezembro de 1866, pág. 368; "Jacob", outubro e novembro de 1866, págs. 312 e 345; outubro<br />

e<br />

novembro de 1867, págs. 306 e 339; - "Simonet", agosto de 1867, página 232; - "Caid<br />

Hassan",<br />

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Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. A Gênese. Capítulo 14, itens 18 a 21 e 31 a 34.<br />

1.3. Criações Fluídicas de Ideoplastia<br />

Ação <strong>do</strong>s Espíritos sobre os flui<strong>do</strong>s - Criações fluídicas - Fotografia <strong>do</strong><br />

pensamento<br />

13. - Os flui<strong>do</strong>s espirituais, que constituem um <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> cósmico<br />

universal, são, a bem dizer, a atmosfera <strong>do</strong>s seres espirituais; o elemento <strong>do</strong>nde<br />

eles tiram os materiais sobre que operam; o meio onde ocorrem os fenômenos<br />

especiais, perceptíveis à visão e à audição <strong>do</strong> Espírito, mas que escapam aos<br />

senti<strong>do</strong>s carnais, impressionáveis somente à matéria tangível; o meio onde se forma<br />

a luz peculiar ao mun<strong>do</strong> espiritual, diferente, pela causa e pelos efeitos da luz<br />

ordinária; finalmente, o veículo <strong>do</strong> pensamento, como o ar o é <strong>do</strong> som.<br />

14. - Os Espíritos atuam sobre os flui<strong>do</strong>s espirituais, não manipulan<strong>do</strong>-os<br />

como os homens manipulam os gases, mas empregan<strong>do</strong> o pensamento e a<br />

vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o<br />

homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles flui<strong>do</strong>s tal ou qual direção, os<br />

aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que<br />

apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes<br />

as propriedades, como um químico muda a <strong>do</strong>s gases ou de outros corpos,<br />

combinan<strong>do</strong>-os segun<strong>do</strong> certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida<br />

espiritual.<br />

Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; <strong>do</strong>utras,<br />

são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa,<br />

para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta<br />

repercuta na atmosfera.<br />

É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarna<strong>do</strong> que<br />

possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quan<strong>do</strong> vivo na época em que<br />

o segun<strong>do</strong> o conheceu, embora haja ele ti<strong>do</strong>, depois dessa época, muitas<br />

encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores - enfermidades,<br />

cicatrizes, membros amputa<strong>do</strong>s, etc. - que tinha então. Um decapita<strong>do</strong> se<br />

apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conserva<strong>do</strong> essas<br />

aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta,<br />

nem zarolho, nem decapita<strong>do</strong>; o que se dá é que, retroceden<strong>do</strong> o seu pensamento à<br />

época em que tinha tais defeitos, seu perispírito lhes toma instantaneamente as<br />

aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento cessa de agir<br />

naquele senti<strong>do</strong>. Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentarse-á<br />

como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação<br />

e à que se transporte o seu pensamento.<br />

Por análogo efeito, o pensamento <strong>do</strong> Espírito cria fluidicamente os objetos<br />

que ele esteja habitua<strong>do</strong> a usar. Um avarento manuseará ouro, um militar trará suas<br />

armas e seu uniforme, um fumante o seu cachimbo, um lavra<strong>do</strong>r a sua charrua e<br />

seus bois, uma mulher velha a sua roca. Para o Espírito, que é, também ele, fluídico,<br />

esses objetos fluidicos são tão reais, como o eram, no esta<strong>do</strong> material, para o<br />

outubro de 1867, pág. 303; - "O cura Gassner", novembro de 1867, pág. 331.<br />

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homem vivo; mas, pela razão de serem criações <strong>do</strong> pensamento, a existência deles<br />

é tão fugitiva quanto a deste 4 .<br />

15. - Sen<strong>do</strong> os flui<strong>do</strong>s o veículo <strong>do</strong> pensamento, este atua sobre os flui<strong>do</strong>s<br />

como o som sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som..<br />

Pode-se pois dizer, sem receio de errar, que há, nesses flui<strong>do</strong>s, ondas e raios de<br />

pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios 5<br />

sonoros.<br />

Há mais: crian<strong>do</strong> imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório<br />

perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo mo<strong>do</strong> se fotografa.<br />

Tenha um homem, por exemplo, a idéia de matar a outro: embora o corpo material<br />

se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e<br />

reproduz to<strong>do</strong>s os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que<br />

intentou praticar. O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada,<br />

como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito.<br />

Desse mo<strong>do</strong> é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no<br />

envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que<br />

não é perceptível aos olhos <strong>do</strong> corpo. Contu<strong>do</strong>, ven<strong>do</strong> a intenção, pode ela<br />

pressentir a execução <strong>do</strong> ato que lhe será a consequência, mas não pode<br />

determinar o instante em que o mesmo ato será executa<strong>do</strong>, nem lhe assinalar os<br />

pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê, porque circunstâncias ulteriores<br />

poderão modificar os planos assenta<strong>do</strong>s e mudar as disposições. Ele não pode ver o<br />

que ainda não esteja no pensamento <strong>do</strong> outro; o que vê é a preocupação habitual <strong>do</strong><br />

indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios bons ou maus.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. A Gênese. Capítulo 14, itens 13, 14 e 15.<br />

2. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Nos basti<strong>do</strong>res da obsessão. Pelo espírito de<br />

Manoel Philomeno de Miranda. Técnica da obsessão, pág77, 87 e 119,<br />

FEB 1992..<br />

3. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Mecanismo da Mediunidade. Pelo Espírito de<br />

André Luiz. Ideoplastia, pág 137, FEB 1991.<br />

1.4. Perispírito: Formação, Propriedades, Funções <strong>–</strong> 1ª<br />

parte<br />

Formação e propriedades <strong>do</strong> perispírito<br />

7. - O perispírito, ou corpo fluídico <strong>do</strong>s Espíritos, é um <strong>do</strong>s mais importantes<br />

produtos <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> cósmico; é uma condensação desse flui<strong>do</strong> em torno de um foco<br />

de inteligência ou alma. Já vimos que também o corpo carnal tem seu princípio de<br />

origem nesse mesmo flui<strong>do</strong> condensa<strong>do</strong> e transforma<strong>do</strong> em matéria tangível. No<br />

perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o flui<strong>do</strong><br />

conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e<br />

4 Revue Spirite, junho de 1859, pág. 184. - O Livro <strong>do</strong>s Médiuns, 2ª Parte, cap. VIII.<br />

5 Nota da Editora, à 16ª edição, de 1973: Como consta no original francês. Usaríamos<br />

o termo vibrações, defini<strong>do</strong> com clareza nos modernos dicionários e<br />

plenamente consagra<strong>do</strong> nanossa literatura espírita.<br />

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o corpo carnal têm pois origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria,<br />

ainda que em <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s diferentes.<br />

8. - Do meio onde se encontra é que o Espírito extrai o seu perispírito, isto é,<br />

esse envoltório ele o forma <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s ambientes. Resulta daí que os elementos<br />

constitutivos <strong>do</strong> perispírito naturalmente variam, conforme os mun<strong>do</strong>s. Dan<strong>do</strong>-se<br />

Júpiter como orbe muito adianta<strong>do</strong> em comparação com a Terra, como um orbe<br />

onde a vida corpórea não apresenta a materialidade da nossa, os envoltórios<br />

perispirituais hão de ser lá de natureza muito mais quintessenciada <strong>do</strong> que aqui.<br />

Ora, assim como não poderíamos existir naquele mun<strong>do</strong> com o nosso corpo carnal,<br />

também os nossos Espíritos não poderiam nele penetrar com o perispírito terrestre<br />

que os reveste. Emigran<strong>do</strong> da Terra, o Espírito deixa aí o seu invólucro fluídico e<br />

toma outro apropria<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong> onde vai habitar.<br />

9. - A natureza <strong>do</strong> envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de<br />

adiantamento moral <strong>do</strong> Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de<br />

envoltório a seu bel-prazer, pelo que não podem passar, a vontade, de um mun<strong>do</strong><br />

para outro. Alguns há, portanto, cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e<br />

imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais pesa<strong>do</strong>, se assim<br />

nos podemos exprimir, com relação ao mun<strong>do</strong> espiritual, para não permitir que eles<br />

saiam <strong>do</strong> meio que lhes é próprio. Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo<br />

perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que<br />

continuam a crer-se vivos. Esses Espíritos, cujo número é avulta<strong>do</strong>, permanecem na<br />

superfície da Terra, como os encarna<strong>do</strong>s, julgan<strong>do</strong>-se entregues às suas ocupações<br />

terrenas. Outros um pouco mais desmaterializa<strong>do</strong>s não o são, contu<strong>do</strong>,<br />

suficientemente, para se elevarem acima das regiões terrestres 6 .<br />

Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mun<strong>do</strong>s inferiores, e, até,<br />

encarnar neles. Tiram, <strong>do</strong>s elementos constitutivos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> onde entram, os<br />

materiais para a formação <strong>do</strong> envoltório fluídico ou carnal apropria<strong>do</strong> ao meio em<br />

que se encontrem. Fazem como o nobre que despe temporariamente suas vestes,<br />

para envergar os trajes plebeus, sem deixar por isso de ser nobre.<br />

É assim que os Espíritos da categoria mais elevada podem manifestar-se aos<br />

habitantes da Terra ou encarnar em missão entre estes. Tais Espíritos trazem<br />

consigo, não o invólucro, mas a lembrança, por intuição, das regiões <strong>do</strong>nde vieram e<br />

que, em pensamento, eles vêem. São videntes entre cegos.<br />

10. - A camada de flui<strong>do</strong>s espirituais que cerca a Terra se pode comparar às<br />

camadas inferiores da atmosfera, mais pesadas, mais compactas, menos puras, <strong>do</strong><br />

que as camadas superiores. Não são homogêneos esses flui<strong>do</strong>s; são uma mistura<br />

de moléculas de diversas qualidades, entre as quais necessariamente se encontram.<br />

as moléculas elementares que lhes formam a base, porém mais ou menos alteradas.<br />

Os efeitos que esses flui<strong>do</strong>s produzem estarão na razão da soma das partes puras<br />

que eles encerram. Tal, por comparação, o álcool retifica<strong>do</strong>, ou mistura<strong>do</strong>, em<br />

diferentes proporções, com água ou outras substâncias: seu peso específico<br />

aumenta, por efeito dessa mistura, ao mesmo tempo que sua força e sua<br />

inflamabilidade diminuem, embora no to<strong>do</strong> continue a haver álcool puro.<br />

Os Espíritos chama<strong>do</strong>s a viver naquele meio tiram dele seus perispíritos;<br />

porém, conforme seja mais ou menos depura<strong>do</strong> o Espírito, seu perispírito se formará<br />

das partes mais puras ou das mais grosseiras <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> peculiar ao mun<strong>do</strong> onde ele<br />

encarna. O Espírito produz aí, sempre por comparação e não por assimilação, o<br />

6 Exemplos de Espíritos que ainda se julgam deste mun<strong>do</strong>: Revue Spirite, dezembro<br />

de 1859, pág. 310; - novembro de 1864, pág. 339; - abril de 1865, pág. 177.<br />

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efeito de um reativo químico que atrai a si as moléculas que a sua natureza pode<br />

assimilar.<br />

Resulta disso este fato capital: a constituição íntima <strong>do</strong> perispírito não é<br />

idêntica em to<strong>do</strong>s os Espíritos encarna<strong>do</strong>s ou desencarna<strong>do</strong>s que povoam a Terra<br />

ou o espaço que a circunda. O mesmo já não se dá com o corpo carnal, que, como<br />

foi demonstra<strong>do</strong>, se forma <strong>do</strong>s mesmos elementos, qualquer que seja a<br />

superioridade ou a inferioridade <strong>do</strong> Espírito. Por isso, em to<strong>do</strong>s, são os mesmos os<br />

efeitos que o corpo produz, semelhantes as necessidades, ao passo que diferem em<br />

tu<strong>do</strong> o que respeita ao perispírito.<br />

Também resulta que: o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com<br />

o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no<br />

mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnan<strong>do</strong> excepcionalmente, em<br />

missão, num mun<strong>do</strong> inferior, têm perispírito menos grosseiro <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>s indígenas<br />

desse mun<strong>do</strong>.<br />

11. - O meio está sempre em relação com a natureza <strong>do</strong>s seres que têm de<br />

nele viver: os peixes, na água; os seres terrestres, no ar; os seres espirituais no<br />

flui<strong>do</strong> espiritual ou etéreo, mesmo que estejam na Terra. O flui<strong>do</strong> etéreo está para as<br />

necessidades <strong>do</strong> Espírito, como a atmosfera para as <strong>do</strong>s encarna<strong>do</strong>s.<br />

Ora, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que os peixes não podem viver no ar; que os animais<br />

terrestres não podem viver numa atmosfera muito rarefeita para seus pulmões, os<br />

Espíritos inferiores não podem suportar o brilho e a impressão <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s mais<br />

etéreos. Não morreriam no meio desses flui<strong>do</strong>s, porque o Espírito não morre, mas<br />

uma força instintiva os mantêm afasta<strong>do</strong>s dali, como a criatura terrena se afasta de<br />

um fogo muito ardente ou de uma luz muito deslumbrante.<br />

Eis aí por que não podem sair <strong>do</strong> meio que lhes é apropria<strong>do</strong> à natureza; para<br />

mudarem de meio, precisam antes mudar de natureza, despojar-se <strong>do</strong>s instintos<br />

materiais que os retêm nos meios materiais; numa palavra, que se depurem e<br />

moralmente se transformem. Então, gradualmente se identificam com um meio mais<br />

depura<strong>do</strong>, que se lhes torna uma necessidade, como os olhos, para quem viveu<br />

longo tempo nas trevas, insensivelmente se habituam à luz <strong>do</strong> dia e ao fulgor <strong>do</strong> Sol.<br />

12 - Assim, tu<strong>do</strong> no Universo se liga, tu<strong>do</strong> se encadeia; tu<strong>do</strong> se acha<br />

submeti<strong>do</strong> à grande e harmoniosa lei de unidade, desde a mais compacta<br />

materialidade, até a mais pura espiritualidade. A Terra é qual vaso <strong>do</strong>nde se escapa<br />

uma fumaça densa que vai clarean<strong>do</strong> à medida que se eleva e cujas parcelas<br />

rarefeitas se perdem no espaço infinito.<br />

A potência divina refulge em todas as partes desse grandioso conjunto e, no<br />

entanto, quer-se que Deus, não contente com o que há feito, venha perturbar essa<br />

harmonia! que se rebaixe ao papel de mágico, produzin<strong>do</strong> efeitos pueris, dignos de<br />

um prestidigita<strong>do</strong>r! E ousa-se, ainda por cima, dar-lhe como rival em habilidade o<br />

próprio Satanás! Não haveria mo<strong>do</strong> de amesquinhar mais a majestade divina e<br />

admiram-se de que a incredulidade progrida.<br />

Tendes razão de dizer: «A fé vai-se.» Mas, a que se vai é a fé em tu<strong>do</strong> o que<br />

aberra <strong>do</strong> bom-senso e da razão; é a fé idêntica à que outrora levava a dizerem:<br />

«Vão-se os deuses!» A fé, porém, nas coisas sérias, a fé em Deus e na<br />

imortalidade, essa está sempre vivaz no coração <strong>do</strong> homem e, por mais sufocada<br />

que tenha si<strong>do</strong> sob o amontoa<strong>do</strong> de histórias pueris com que a oprimiram, ela se<br />

reerguerá mais forte, desde que se sinta libertada, tal como a planta que,<br />

comprimida, se levanta de novo, logo que a banham os raios <strong>do</strong> Sol!<br />

Efetivamente, tu<strong>do</strong> é milagre em a Natureza, porque tu<strong>do</strong> é admirável e dá<br />

testemunho da sabe<strong>do</strong>ria divina! Esses milagres se patenteiam a toda gente, a to<strong>do</strong>s<br />

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os que têm olhos de ver e ouvi<strong>do</strong>s de ouvir e não em proveito apenas de alguns!<br />

Não! milagres não há no senti<strong>do</strong> que comumente emprestam a essa palavra, porque<br />

tu<strong>do</strong> decorre das leis eternas da criação, leis essas perfeitas.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. A Gênese. Capítulo 14, itens 7 a 10.pág 277, FEB 1995.<br />

2. Allan Kardec. Obras Póstumas. O perispírito como principio das<br />

manifestações. Pág. 45, itens 10, 13 e 16 da primeira parte. FEB 1993<br />

1.4b. Perispírito: Formação, Propriedades, Funções <strong>–</strong> 2ª<br />

parte<br />

O perispírito encerran<strong>do</strong> um organismo fluídico modelo, é a força diretriz<br />

responsável pela edificação <strong>do</strong> plano escultural e <strong>do</strong> tipo funcional de to<strong>do</strong>s os<br />

seres. Contêm o desenho prévio, a lei onipotente que servirá de regra inflexível ao<br />

novo organismo, e que lhe assinará o lugar na escala morfológica, segun<strong>do</strong> o grau<br />

de sua evolução. É no embrião que se executa essa ação diretiva. Mas esse modelo<br />

fluídico, verdadeira matriz, mantêm a mesma forma <strong>do</strong> ser até o fim de sua vida, até<br />

mesmo promoven<strong>do</strong> a regeneração <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s orgânicos destruí<strong>do</strong>s.<br />

No perispírito, <strong>do</strong>rmitam, por assim dizer, propriedades organogênicas, que se<br />

ativam sob a ação da força vital.<br />

Como ensina o Espírito André Luiz, esse corpo espiritual possui to<strong>do</strong> o<br />

equipamento de recurso automáticos que governam os bilhões de entidades<br />

microscópicas a serviço da inteligência, nos círculos de ação em que nos<br />

demoramos, recursos esses adquiri<strong>do</strong>s vagarosamente pelo ser, em milênios e<br />

milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução anímica.<br />

Refere-se ainda André Luiz que, no corpo espiritual ou psicossoma, estão<br />

situa<strong>do</strong>s os centros vitais que presidem à atividade funcional <strong>do</strong>s vários órgãos que<br />

integram o corpo físico. Esses centros são fulcros energéticos que sob a direção<br />

automática da alma, imprimem às células a especialização extrema, pela qual o<br />

homem possui no corpo denso, e detemos to<strong>do</strong>s no corpo espiritual em recurso<br />

equivalentes, as células que produzem fosfato e carbonato de cálcio para a<br />

construção <strong>do</strong>s ossos, as que se distendem para a recobertura <strong>do</strong> intestino, as que<br />

desempenham complexas funções químicas no fíga<strong>do</strong>, as que se transformam em<br />

filtros da sangue na intimidade <strong>do</strong>s rins e outras tantas que se ocupam <strong>do</strong> fabrico de<br />

substancias indispensáveis à conservação e defesa da vida nas glândulas, nos<br />

teci<strong>do</strong>s e nos órgãos que nos constituem o cosmo vivo de manifestação.<br />

No momento de encarnar, o perispírito une-se, molécula a molécula, à<br />

matéria <strong>do</strong> gérmem. Possui este uma força vital, cuja energia mais ou menos<br />

vigorosa, transforman<strong>do</strong>-se em energia atual durante a existência, determina a<br />

longevidade <strong>do</strong> individuo. Esse gérmem está sujeito às leis da genética, isto é, a<br />

força vital sofre as ações modifica<strong>do</strong>ras da herança <strong>do</strong>s pais, que lhe transmitem<br />

suas disposições orgânicas. Como já foi visto, a ação da força vital é que leva o<br />

perispírito a desenvolver suas propriedades funcionais.<br />

O gérmem recapitula, de mo<strong>do</strong> rápi<strong>do</strong>, no seu desenvolvimento, as várias<br />

fases da evolução pelas quais a raça passou.<br />

Da mesma forma que o psicossoma traz o registro de to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Espírito desde sua origem, assim também o gérmem material encerra as impressões<br />

de todas as etapas percorridas pelo psicossoma.<br />

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A idéia diretriz que determina a forma está, por conseguinte, contida no flui<strong>do</strong><br />

vital, e o perispírito dele se impregnan<strong>do</strong>, nele se transfundin<strong>do</strong>, a ele unin<strong>do</strong>-se<br />

intimamente, materializa-se o bastante para tornar-se o diretor, o regula<strong>do</strong>r, o<br />

suporte da energia vital modificada pela hereditariedade. É graças a ele que o tipo<br />

individual se forma, desenvolve-se, conserva-se e se destrói.<br />

O perispírito retém to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s de consciência, de sensibilidade e de<br />

vontade; guarda to<strong>do</strong>s os conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s pelo ser. É a sede da memória.<br />

É ele que armazena, registra, conserva todas as percepções, todas as volições 7 e<br />

idéias da alma. E não somente incrusta na substância to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s anímicos<br />

determina<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong> exterior, como se constitui a testemunha imutável, o<br />

detentor indefectível <strong>do</strong>s mais fugidios pensamentos, <strong>do</strong>s sonhos apenas entrevistos<br />

e formula<strong>do</strong>s.<br />

To<strong>do</strong> o nosso passa<strong>do</strong> nele fica armazena<strong>do</strong>. As várias etapas de nosso<br />

desenvolvimento estão ai registradas. É conserva<strong>do</strong>r de nossa personalidade, <strong>do</strong>s<br />

elementos de nossa identificação.<br />

Ao longo de sua imensa trajetória, desde quan<strong>do</strong> a alma iniciou suas<br />

peregrinações terrestres, sob as formas mais inferiores, vem o perispírito registran<strong>do</strong><br />

todas a experiências vividas pelo ser inteligente, incorporan<strong>do</strong> uma bagagem<br />

crescente. Nada se destrói, tu<strong>do</strong> se acumula nesse perispírito tão imperecível e<br />

incorruptível como a força ou a matéria de que saiu. Os espetáculos maravilhosos<br />

que nossa alma contempla, as harmonias sublimes que se dilatam nos espaços<br />

infinitos, os esplen<strong>do</strong>res da arte, tu<strong>do</strong> se fixou em nós, e para sempre possuímos o<br />

que pudemos adquirir. O mínimo esforço é leva<strong>do</strong> mecanicamente ao nosso ativo,<br />

nada se perde, e assim é que lenta, mas seguramente, galgamos a escada <strong>do</strong><br />

progresso.<br />

É compreensível que os desregramentos, abusos, os atenta<strong>do</strong>s contra o<br />

corpo físico, as lesões aos direitos de outrem, também, tenham seu registro no<br />

corpo espiritual e venham a repercutir já na existência em que ocorrem ou em outra<br />

encarnação.<br />

A esse respeito, ensina-nos Kardec que o duplo fluídico, como um <strong>do</strong>s<br />

elementos componentes <strong>do</strong> ser humano, além <strong>do</strong> importante papel nos fenômenos<br />

psicológicos, tem a sua participação nas ocorrências fisiológicas e patológicas.<br />

Diz-nos André Luiz que a etiologia das moléstias perduráveis, que afligem o<br />

corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas. E<br />

acrescenta: “o remorso provoca distonias diversa em nossa forças recônditas,<br />

desarticulan<strong>do</strong> as sinergias <strong>do</strong> corpo espiritual, crian<strong>do</strong> predisposições mórbidas<br />

para essa ou aquela enfermidade.<br />

Quan<strong>do</strong> encarna<strong>do</strong>, há uma ligação estreita <strong>do</strong> Espírito ao corpo físico,<br />

através <strong>do</strong> perispírito, razão por que, qualquer modificação <strong>do</strong>entia, nas células<br />

nervosas <strong>do</strong> cérebro, importa uma alteração das faculdades espirituais.<br />

Em condições normais, as sensações modificam a natureza das vibrações da<br />

força psíquica. Se essas modificações forem, pela sua intensidade e duração, de<br />

molde a ultrapassar um limite mínimo, as sensações serão registradas no perispírito<br />

de maneira consciente, isto é, haverá percepção, o Espírito toma conhecimento <strong>do</strong><br />

que está ocorren<strong>do</strong>. É a memória de fixação. Se esse limite não for atingi<strong>do</strong>, haverá<br />

registro da sensação, mas no inconsciente.<br />

7 Processo pelo qual a pessoa a<strong>do</strong>ta uma linha de ação; atividade consciente que<br />

visa a um determina<strong>do</strong> fim manifestada por intenção e decisão.<br />

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Nem todas as sensações e recordações podem existir simultaneamente: há<br />

um enfraquecimento de seu ritmo que as leva a descer, gradativamente, abaixo <strong>do</strong><br />

limite mínimo de percepção, pelo que entram na faixa <strong>do</strong> subconsciente.<br />

To<strong>do</strong>s os atos da vida vegetativa e orgânica hão si<strong>do</strong> conserva<strong>do</strong>s no<br />

perispírito, por essa maneira, estão presentes em cada reencarnação da lama em<br />

sua trajetória evolutiva.<br />

A repetição continuada de certos atos cria hábitos. No início, esses atos eram<br />

conscientes mas, com a repetição constante, exigin<strong>do</strong> menos tempo e esforço,<br />

foram-se tornan<strong>do</strong> mecânicos até se fazerem automáticos e inconscientes.<br />

A memória evocativa permite-nos lembrar os conhecimentos, através de<br />

pontos de referência, de localização no passa<strong>do</strong> bem conhecida por nós.<br />

Por associação de idéias, esses pontos de referencia nos ligam aos<br />

acontecimentos que se agrupam em seu re<strong>do</strong>r, transportan<strong>do</strong>-nos à época das<br />

ocorrências.<br />

Para essa rememoração há que haver uma associação da vontade à atenção,<br />

<strong>do</strong>nde resulta trazer-se à consciência as imagens recolhidas no arquivo perispiritual.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. Obras Póstumas. O perispírito como principio das<br />

manifestações. Pág. 45, itens 12, primeira parte. FEB 1993<br />

2. Gabriel Delanne. A evolução anímica. A vida. Pág 39, 55, 56, 81, 225 e<br />

226. FEB 1989.<br />

3. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier & Wal<strong>do</strong> Vieira. Evolução em <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s.<br />

Predisposições mórbidas. Pág. 26, 28, 213 e 214. FEB 1995.<br />

1.5. Vestimenta <strong>do</strong>s Espíritos<br />

Os depoimentos <strong>do</strong>s médiuns videntes são coincidentes em descrever os<br />

Espíritos envergan<strong>do</strong>, normalmente, uma vestimenta qualquer. Há sensitivos que<br />

registram os trajes <strong>do</strong>s Espíritos com grande riqueza de detalhes. Falam de<br />

variedades de feitios e de colori<strong>do</strong>s surpreendentes. Referem-se a roupas de<br />

perío<strong>do</strong>s históricos, típicas, com a<strong>do</strong>rnos característicos. São percebi<strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s<br />

leves, esvoaçantes, renda<strong>do</strong>s, pesa<strong>do</strong>s ou grosseiros; túnicas de cores as mais<br />

variadas; calças, camisas, paletós, coletes, gravatas,; saias compridas ou curtas,<br />

blusas ou casacos, vesti<strong>do</strong>s, uniformes; indumentárias ricas, antigas ou modernas;<br />

roupas modestas, muito pobre e até andrajosas ou esfarrapadas. Algumas<br />

vestimentas descritas primam pelo estampa<strong>do</strong> de cores vivas., como é o caso de<br />

Espíritos que se apresentam sob a aparência de ciganos, exibin<strong>do</strong>, ainda, colares,<br />

brincos bem grandes, pulseiras. Alguns Espíritos se mostram envergan<strong>do</strong> fardas<br />

militares bem antigas ou de épocas mais recentes; outros ostentam armaduras e<br />

capacetes e empunham armas. Há, também, aqueles que escondem totalmente a<br />

cabeça com capuz.<br />

Entre os trajes observa<strong>do</strong>s, a túnica é o mais comum.<br />

Como bem refere a médium Yvonne A. Pereira, os Espíritos, freqüentemente,<br />

se mostram traja<strong>do</strong>s como o faziam quan<strong>do</strong> no corpo físico: os homens com o terno<br />

que costumavam usar; as mulheres com os vesti<strong>do</strong>s de uso habitual. Alguns poucos<br />

exibem a roupa com que foram sepulta<strong>do</strong>s.<br />

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É oportuno mencionar que alguns Espíritos podem ser observa<strong>do</strong>s totalmente<br />

despi<strong>do</strong>s. O médium antes cita<strong>do</strong>, em sua obra Devassan<strong>do</strong> o Invisível, falan<strong>do</strong> de<br />

suas ricas observações através da vidência em esta<strong>do</strong> normal ou em processo de<br />

des<strong>do</strong>bramento,, afirma que “há Espíritos desencarna<strong>do</strong>s, aqueles que foram<br />

homens e mulheres de baixa condição moral, que se arrastaram em existências<br />

consagradas aos excessos carnais,, à devassidão <strong>do</strong>s costumes, que podem, com<br />

efeito, aparecer desnu<strong>do</strong>s aos médiuns, revelan<strong>do</strong> mesmo, em cenas degradantes,<br />

que lhes foram habituais no esta<strong>do</strong> humano, a degradação mental em que ainda<br />

permanecem.”<br />

Mas, voltan<strong>do</strong> às vestimentas, uma questão que, naturalmente, se impões é<br />

saber onde os Espíritos conseguem suas roupas e complementos.<br />

Em A Gênese e em O Livro <strong>do</strong>s Médiuns, de Allan Kardec, encontra-se a<br />

resposta a essa indagação. Diz o Codifica<strong>do</strong>r da Doutrina <strong>do</strong>s Espíritos que estes<br />

manipulam os flui<strong>do</strong>s espirituais através <strong>do</strong> pensamento e da vontade. “Pelo<br />

pensamento, eles imprimem àqueles flui<strong>do</strong>s tal ou qual direção, os aglomeram,<br />

combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma<br />

aparência, uma forma, uma coloração determinadas.”<br />

Os flui<strong>do</strong>s espirituais são, por conseguinte,, o elemento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> espiritual<br />

<strong>do</strong>nde os Espíritos extraem as substancias para fins os mais diversos. É com o<br />

auxilio deste principio material que o perispírito toma a aparência de vestuários<br />

semelhantes aos que o Espírito usava quan<strong>do</strong> vivo.<br />

Há Espíritos que se percebem vesti<strong>do</strong>s e não tem idéia de como isto se faz.<br />

Por outra palavras, nem sempre tem o conhecimento de como suas vestes são<br />

formadas. Eles concorrem para sua formação agin<strong>do</strong> instintivamente.<br />

Os Espíritos se trajam e modificam a aparência das vestes que usam<br />

conforme lhes apraz, exclusão feita de alguns muito inferiores e criminosos,<br />

geralmente obsessores da mais ínfima espécie, cuja mente não possui vibrações à<br />

altura de efetuar a admirável operação plástica requerida. Por isso mesmo, a<br />

aparência destes últimos costuma ser chocante para o vidente, pela fealdade, ou<br />

simplesmente pela miséria, pois se apresentam cobertos de andrajos e farrapos,<br />

como que empapa<strong>do</strong>s de lama, ou embuça<strong>do</strong>s em longos sudários negros, com<br />

mantos ou capas que lhes envolvem os ombros e a cabeça.<br />

Ensina Léon Denis, em Depois da Morte, que “a veste fluídica denuncia a<br />

superioridade <strong>do</strong> Espírito; é como um invólucro forma<strong>do</strong> pelos méritos e qualidades<br />

adquiridas na sucessão de suas existências. Opaca e sombria na alma cada vez<br />

mais pura. Brilhante no Espírito eleva<strong>do</strong>, ofusca nas almas superiores”.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. A Gênese. Ação <strong>do</strong>s espíritos sobre os flui<strong>do</strong>s. Capítulo 14,<br />

281 a 282, FEB 1995.<br />

2. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Capítulo 8, Pág. 167; item 128, pág<br />

170. FEB 1995.<br />

3. Yvonne A. Pereira. Devassan<strong>do</strong> o Invisível. Como se trajam os Espíritos.<br />

Pág. 47, 54 e 57. FEB 1987.<br />

4. Léon Denis. Depois da Morte. A Vida superior. Pág. 226. FEB 1994.<br />

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2. Intervenção <strong>do</strong>s Espíritos no mun<strong>do</strong><br />

corporal<br />

2.1. Influência oculta <strong>do</strong>s espíritos em nossos<br />

pensamentos e atos: telepatia e pressentimentos<br />

459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?<br />

“Muito mais <strong>do</strong> que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles<br />

que vos dirigem.”<br />

460. De par com os pensamentos que nos são próprios, outros haverá que<br />

nos sejam sugeri<strong>do</strong>s?<br />

“Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que, freqüentemente,<br />

muitos pensamentos vos acodem a um tempo sobre o mesmo assunto, não raro,<br />

contrários uns <strong>do</strong>s outros. Pois bem! No conjunto deles, estão sempre de mistura os<br />

vossos com os nossos. Daí a incerteza em que vos vedes. É que tendes em vós<br />

duas idéias a se combaterem.”<br />

461. Como havemos de distinguir os pensamentos que nos são próprios <strong>do</strong>s<br />

que nos são sugeri<strong>do</strong>s?<br />

“Quan<strong>do</strong> um pensamento vos é sugeri<strong>do</strong>, tendes a impressão de que alguém<br />

vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que acodem em primeiro<br />

lugar. Afinal, não vos é de grande interesse estabelecer essa distinção. Muitas<br />

vezes, é útil que não saibais fazê-la. Não a fazen<strong>do</strong>, obra o homem com mais<br />

liberdade. Se se decide pelo bem, é voluntariamente que o pratica; se toma o mau<br />

caminho, maior será a sua responsabilidade.”<br />

462. É sempre de dentro de si mesmos que os homens inteligentes e de<br />

gênio tiram suas idéias?<br />

“Algumas vezes, elas lhes vêm <strong>do</strong> seu próprio Espírito, porém, de outras<br />

muitas, lhes são sugeridas por Espíritos que os julgam capazes de compreendê-las<br />

e dignos de vulgarizá-las. Quan<strong>do</strong> tais homens não as acham em si mesmos,<br />

apelam para a inspiração. Fazem assim, sem o suspeitarem, uma verdadeira<br />

evocação.”<br />

Se fora útil que pudéssemos distinguir claramente os nossos pensamentos<br />

próprios <strong>do</strong>s que nos são sugeri<strong>do</strong>s, Deus nos houvera proporciona<strong>do</strong> os meios de o<br />

conseguirmos, como nos concedeu o de diferençarmos o dia da noite. Quan<strong>do</strong> uma<br />

coisa se conserva imprecisa, é que convém assim aconteça.<br />

463. Diz-se comumente ser sempre bom o primeiro impulso. É exato?<br />

“Pode ser bom, ou mau, conforme a natureza <strong>do</strong> Espírito encarna<strong>do</strong>. É<br />

sempre bom naquele que atende às boas inspirações.”<br />

464. Como distinguirmos se um pensamento sugeri<strong>do</strong> procede de um bom<br />

Espírito ou de um Espírito mau?<br />

“Estudai o caso. Os bons Espíritos só para o bem aconselham. Compete-vos<br />

discernir.”<br />

465. Com que fim os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?<br />

“Para que sofrais como eles sofrem.”<br />

a) - E isso lhes diminui os sofrimentos?<br />

“Não; mas fazem-no por inveja, por não poderem suportar que haja seres<br />

felizes.”<br />

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b) - De que natureza é o sofrimento que procuram infligir aos outros?<br />

“Os que resultam de ser de ordem inferior a criatura e de estar afastada de<br />

Deus.”<br />

466. Por que permite Deus que Espíritos nos excitem ao mal?<br />

“Os Espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a por em prova a fé e a<br />

constância <strong>do</strong>s homens na prática <strong>do</strong> bem. Como Espírito que és, tens que progredir<br />

na ciência <strong>do</strong> infinito. Daí o passares pelas provas <strong>do</strong> mal, para chegares ao bem. A<br />

nossa missão consiste em te colocarmos no bom caminho. Desde que sobre ti<br />

atuam influências más, é que as atrais, desejan<strong>do</strong> o mal; porquanto os Espíritos<br />

inferiores correm a te auxiliar no mal, logo que desejes praticá-lo. Só quan<strong>do</strong> queiras<br />

o mal, podem eles ajudar-te para a prática <strong>do</strong> mal. Se fores propenso ao assassínio,<br />

terás em torno de ti uma nuvem de Espíritos a te alimentarem no íntimo esse<br />

pen<strong>do</strong>r. Mas outros também te cercarão, esforçan<strong>do</strong>-se por te influenciarem para o<br />

bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e te deixa senhor <strong>do</strong>s teus atos.”<br />

É assim que Deus confia à nossa consciência a escolha <strong>do</strong> caminho que<br />

devamos seguir e a liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias<br />

que se exercem sobre nós.<br />

467. Pode o homem eximir-se da influência <strong>do</strong>s Espíritos que procuram<br />

arrastá-lo ao mal?<br />

“Pode, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os<br />

chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem.”<br />

468. Renunciam às suas tentativas os Espíritos cuja influência a vontade <strong>do</strong><br />

homem repele?<br />

“Que querias que fizessem? Quan<strong>do</strong> nada conseguem, aban<strong>do</strong>nam o campo.<br />

Entretanto, ficam à espreita de um momento propício, como o gato que tocaia o<br />

rato.”<br />

469. Por que meio podemos neutralizar a influência <strong>do</strong>s maus Espíritos?<br />

“Pratican<strong>do</strong> o bem e pon<strong>do</strong> em Deus toda a vossa confiança, repelireis a<br />

influência <strong>do</strong>s Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejam ter sobre vós.<br />

Guardai-vos de atender às sugestões <strong>do</strong>s Espíritos que vos suscitam maus<br />

pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as<br />

paixões más. Desconfiai especialmente <strong>do</strong>s que vos exaltam o orgulho, pois que<br />

esses vos assaltam pelo la<strong>do</strong> fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração<br />

<strong>do</strong>minical, vos ensinou a dizer: “Senhor! Não nos deixes cair em tentação, mas livranos<br />

<strong>do</strong> mal.”<br />

470. Os Espíritos, que ao mal procuram induzir-nos e que põem assim em<br />

prova a nossa firmeza no bem, procedem desse mo<strong>do</strong> cumprin<strong>do</strong> missão? E, se<br />

assim é, cabe-lhes alguma responsabilidade?<br />

“A nenhum Espírito é dada a missão de praticar o mal. Aquele que o faz fá-lo<br />

por conta própria, sujeitan<strong>do</strong>-se, portanto, às conseqüências. Pode Deus permitir-lhe<br />

que assim proceda, para vos experimentar; nunca, porém, lhe determina tal<br />

procedimento. Compete-vos, pois repeti-lo.”<br />

471. Quan<strong>do</strong> experimentamos uma sensação de angústia, de ansiedade<br />

indefinível, ou de íntima satisfação, sem que lhe conheçamos a causa, devemos<br />

atribuí-la unicamente a uma disposição física?<br />

“É quase sempre efeito das comunicações em que inconscientemente entrais<br />

com os Espíritos, ou da que com elas tivestes durante o sono.”<br />

472. Os Espíritos que procuram atrair-nos para o mal se limitam a aproveitar<br />

as circunstâncias em que nos achamos, ou podem também criá-las?<br />

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“Aproveitam as circunstâncias ocorrentes, mas também costumam criá-las,<br />

impelin<strong>do</strong>-vos, mau gra<strong>do</strong> vosso, para aquilo que cobiçais. Assim, por exemplo,<br />

encontra um homem, no seu caminho, certa quantia. Não penses tenham si<strong>do</strong> os<br />

Espíritos que a trouxeram para ali. Mas, eles podem inspirar ao homem a idéia de<br />

tomar aquela direção e sugerir-lhe depois a de se apoderar da importância achada,<br />

enquanto outros lhe sugerem a de restituir o dinheiro ao seu legítimo <strong>do</strong>no. O<br />

mesmo se dá com relação a todas as demais tentações.”<br />

Pressentimentos<br />

522. O pressentimento é sempre um aviso <strong>do</strong> Espírito protetor?<br />

“É o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos quer bem. Também está<br />

na intuição da escolha que se haja feito. É a voz <strong>do</strong> instinto. Antes de encarnar, tem<br />

o Espírito conhecimento das fases principais de sua existência, isto é, <strong>do</strong> gênero das<br />

provas a que se submete. Ten<strong>do</strong> estas caráter assinala<strong>do</strong>, ele conserva, no seu foro<br />

íntimo, uma espécie de impressão de tais provas e esta impressão, que é a voz <strong>do</strong><br />

instinto, fazen<strong>do</strong>-se ouvir quan<strong>do</strong> lhe chega o momento de sofrê-las, se torna<br />

pressentimento.”<br />

523. Acontecen<strong>do</strong> que os pressentimentos e a voz <strong>do</strong> instinto são sempre<br />

algum tanto vagos, que devemos fazer, na incerteza em que ficamos?<br />

“Quan<strong>do</strong> te achares na incerteza, invoca o teu bom Espírito, ou ora a Deus,<br />

soberano senhor de to<strong>do</strong>s, e Ele te enviará um de seus mensageiros, um de nós.”<br />

524. Os avisos <strong>do</strong>s Espíritos protetores objetivam unicamente o nosso<br />

procedimento moral, ou também o proceder que devamos a<strong>do</strong>tar nos assuntos da<br />

vida particular?<br />

“Tu<strong>do</strong>. Eles se esforçam para que vivais o melhor possível. Mas, quase<br />

sempre tapais os ouvi<strong>do</strong>s aos avisos salutares e vos tornais desgraça<strong>do</strong>s por culpa<br />

vossa.”<br />

Os Espíritos protetores nos ajudam com seus conselhos, mediante a voz da<br />

consciência que fazem ressoar em nosso íntimo. Como, porém, nem sempre<br />

ligamos a isso a devida importância, outros conselhos mais diretos eles nos dão,<br />

servin<strong>do</strong>-se das pessoas que nos cercam. Examine cada um as diversas<br />

circunstâncias felizes ou infelizes de sua vida e verá que em muitas ocasiões<br />

recebeu conselhos de que se não aproveitou e que lhe teriam poupa<strong>do</strong> muitos<br />

desgostos, se os houvera escuta<strong>do</strong>.<br />

Fontes de pesquisa<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Capítulo IX, segunda parte.<br />

2.2. Influência <strong>do</strong>s Espíritos nos acontecimentos da vida<br />

525. Exercem os Espíritos alguma influência nos acontecimentos da vida?<br />

“Certamente, pois que vos aconselham.”<br />

a) - Exercem essa influência por outra forma que não apenas pelos<br />

pensamentos que sugerem, isto é, têm ação direta sobre o cumprimento das<br />

coisas?<br />

“Sim, mas nunca atuam fora das leis da Natureza.”<br />

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Imaginamos erradamente que aos Espíritos só caiba manifestar sua ação por<br />

fenômenos extraordinários. Quiséramos que nos viessem auxiliar por meio de<br />

milagres e os figuramos sempre arma<strong>do</strong>s de uma varinha mágica. Por não ser assim<br />

é que oculta nos parece a intervenção que têm nas coisas deste mun<strong>do</strong> e muito<br />

natural o que se executa com o concurso deles.<br />

Assim é que, provoca<strong>do</strong>, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que<br />

suporão encontrar-se por acaso; inspiran<strong>do</strong> a alguém a idéia de passar por<br />

determina<strong>do</strong> lugar; chaman<strong>do</strong>-lhe a atenção para certo ponto, se disso resulta o que<br />

tenham em vista, eles obram de tal maneira que o homem, crente de que obedece a<br />

um impulso próprio, conserva sempre o seu livre-arbítrio.<br />

526. Ten<strong>do</strong>, como têm, ação sobre a matéria, podem os Espíritos provocar<br />

certos efeitos, com o objetivo de que se dê um acontecimento? Por exemplo: um<br />

homem tem que morrer; sobe uma escada, a escada se quebra e ele morre da<br />

queda. Foram os Espíritos que quebraram a escada, para que o destino daquele<br />

homem se cumprisse?<br />

“É exato que os Espíritos têm ação sobre a matéria, mas para cumprimento<br />

das leis da Natureza, não para as derrogar, fazen<strong>do</strong> que, em da<strong>do</strong> momento, ocorra<br />

um sucesso inespera<strong>do</strong> e em contrário àquelas leis. No exemplo que figuraste, a<br />

escada se quebrou porque se achava podre, ou por não ser bastante forte para<br />

suportar o peso de um homem. Se era destino daquele homem perecer de tal<br />

maneira, os Espíritos lhe inspirariam a idéia de subir a escada em questão, que teria<br />

de quebrar-se com o seu peso, resultan<strong>do</strong>-lhe daí a morte por um efeito natural e<br />

sem que para isso fosse mister a produção de um milagre.”<br />

527. Tomemos outro exemplo, em que não entre a matéria em seu esta<strong>do</strong><br />

natural.<br />

Um homem tem que morrer fulmina<strong>do</strong> pelo raio. Refugia-se debaixo de uma<br />

árvore. Estala o raio e o mata. Poderá dar-se tenham si<strong>do</strong> os Espíritos que<br />

provocaram a produção <strong>do</strong> raio e que o dirigiram para o homem?<br />

“Dá-se o mesmo que anteriormente. O raio caiu sobre aquela árvore em tal<br />

momento, porque estava nas leis da Natureza que assim acontecesse. Não foi<br />

encaminha<strong>do</strong> para a árvore, por se achar debaixo dela o homem. A este, sim, foi<br />

inspirada a idéia de se abrigar debaixo de uma árvore sobre a qual cairia o raio,<br />

porquanto a árvore não deixaria de ser atingida, só por não lhe estar debaixo da<br />

fronde o homem.”<br />

528. No caso de uma pessoa mal intencionada disparar sobre outra um<br />

projétil que apenas lhe passe perto sem a atingir, poderá ter sucedi<strong>do</strong> que um<br />

Espírito bon<strong>do</strong>so haja desvia<strong>do</strong> o projétil?<br />

“Se o indivíduo alveja<strong>do</strong> não tem que perecer desse mo<strong>do</strong>, o Espírito bon<strong>do</strong>so<br />

lhe inspirará a idéia de se desviar, ou então poderá ofuscar o que empunha a arma,<br />

de sorte a fazê-lo apontar mal, porquanto, uma vez disparada a arma, o projetil<br />

segue linha que tem de percorrer.”<br />

529. Que se deve pensar das balas encantadas, de que falam algumas<br />

lendas e que fatalmente atingem o alvo?<br />

“Pura imaginação. O homem gosta <strong>do</strong> maravilhoso e não se contenta com as<br />

maravilhas da Natureza.”<br />

a) - Podem os Espíritos que dirigem os acontecimentos terrenos ter obstada<br />

sua ação por Espíritos que queiram o contrário?<br />

“O que Deus quer se executa. Se houver demora na execução, ou lhe surjam<br />

obstáculos, é porque Ele assim o quis.”<br />

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530. Não podem os Espíritos levianos e zombeteiros criar pequenos<br />

embaraços à realização <strong>do</strong>s nossos projetos e transtornar as nossas previsões?<br />

Serão eles, numa palavra, os causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> que chamamos pequenas misérias da<br />

vida humana?<br />

“Eles se comprazem em vos causar aborrecimentos que representam para<br />

vós provas destinadas a exercitar a vossa paciência. Cansam-se, porém, quan<strong>do</strong><br />

vêem que nada conseguem. Entretanto, não seria justo, nem acerta<strong>do</strong>, imputar-lhes<br />

todas as decepções que experimentais e de que sois os principais culpa<strong>do</strong>s pela<br />

vossa irreflexão. Fica certo de que, se a tua louça se quebra, é mais por desazo teu<br />

<strong>do</strong> que por culpa <strong>do</strong>s Espíritos.”<br />

a) - Destes, os que provocam contrariedades obram impeli<strong>do</strong>s por<br />

animosidade pessoal, ou assim procedem contra qualquer, sem motivo<br />

determina<strong>do</strong>, por pura malícia?<br />

“Por uma e outra coisa. Às vezes os que assim vos molestam são inimigos<br />

que granjeastes nesta ou em precedente existência. Doutras vezes, nenhum motivo<br />

há.”<br />

531. Extingue-se-lhes com a vida corpórea a malevolência <strong>do</strong>s seres que nos<br />

fizeram mal na Terra?<br />

“Muitas vezes reconhecem a injustiça com que procederam e o mal que<br />

causaram. Mas, também, não é raro que continuem a perseguir-vos, cheios de<br />

animosidade, se Deus o permitir, por ainda vos experimentar.”<br />

a) - Pode-se pôr termo a isso? Por que meio?<br />

“Podeis. Oran<strong>do</strong> por eles e lhes retribuin<strong>do</strong> o mal com o bem, acabarão<br />

compreenden<strong>do</strong> a injustiça <strong>do</strong> proceder deles. Demais, se souberdes colocar-vos<br />

acima de suas maquinações, deixar-vos-ão, por verificarem que nada lucram.”<br />

A experiência demonstra que alguns Espíritos continuam em outra existência<br />

a exercer as vinganças que vinham toman<strong>do</strong> e que assim, ce<strong>do</strong> ou tarde, o homem<br />

paga o mal que tenha feito a outrem.<br />

532. Têm os Espíritos o poder de afastar de certas pessoas os males e de<br />

favorece-las com a prosperidade?<br />

“De to<strong>do</strong>, não; porquanto, há males que estão nos decretos da Providência.<br />

Amenizam-vos, porém, as <strong>do</strong>res, dan<strong>do</strong>-vos paciência e resignação.<br />

“Ficai igualmente saben<strong>do</strong> que de vós depende muitas vezes poupar-vos aos<br />

males, ou, quan<strong>do</strong> menos, atenuá-los. A inteligência, Deus vo-la outorgou para que<br />

dela vos sirvais e é principalmente por meio da vossa inteligência que os Espíritos<br />

vos auxiliam, sugerin<strong>do</strong>-vos idéias propícias ao vosso bem. Mas, não assistem<br />

senão os que sabem assistir-se a si mesmos. Esse o senti<strong>do</strong> destas palavras:<br />

Buscai e achareis, batei e se vos abrirá.<br />

“Sabei ainda que nem sempre é um mal o que vos parece sê-lo.<br />

Freqüentemente, <strong>do</strong> que considerais um mal sairá um bem muito maior. Quase<br />

nunca compreendeis isso, porque só atentais no momento presente ou na vossa<br />

própria pessoa.”<br />

533. Podem os Espíritos fazer que obtenham riquezas os que lhes pedem<br />

que assim aconteça?<br />

“Algumas vezes, como prova. Quase sempre, porém, recusam, como se<br />

recusa à criança a satisfação de um pedi<strong>do</strong> inconsidera<strong>do</strong>.”<br />

a) - São os bons ou os maus Espíritos que concedem esses favores?<br />

“Uns e outros. Depende da intenção. As mais das vezes, entretanto, os que<br />

concedem são os Espíritos que vos querem arrastar para o mal e que encontram<br />

meio fácil de o conseguirem, facilitan<strong>do</strong>-vos os gozos que a riqueza proporciona.”<br />

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534. Será por influência de algum Espírito que, fatalmente, a realização <strong>do</strong>s<br />

nossos projetos parece encontrar obstáculos?<br />

“Algumas vezes é isso efeito da ação <strong>do</strong>s Espíritos; muito mais vezes, porém,<br />

é que andais erra<strong>do</strong>s na elaboração e na execução <strong>do</strong>s vossos projetos. Muito<br />

influem nesses casos a posição e o caráter <strong>do</strong> indivíduo. Se vos obstinais em ir por<br />

um caminho que não deveis seguir, os Espíritos nenhuma culpa têm <strong>do</strong>s vossos<br />

insucessos. Vós mesmos vos constituís em vossos maus gênios.”<br />

535. Quan<strong>do</strong> algo de venturoso nos sucede é ao Espírito nosso protetor que<br />

devemos agradecê-lo?<br />

“Agradecei primeiramente a Deus, sem cuja permissão nada se faz; depois<br />

aos bons Espíritos que foram os agentes da sua vontade.”<br />

a) - Que sucederia se nos esquecêssemos de agradecer?<br />

“O que sucede aos ingratos.”<br />

b) - No entanto, pessoas há que não pedem nem agradecem e às quais tu<strong>do</strong><br />

sai bem!<br />

“Assim é, de fato, mas importa ver o fim. Pagarão bem caro essa felicidade de<br />

que não são merece<strong>do</strong>res, pois quanto mais houverem recebi<strong>do</strong>, tanto maiores<br />

contas terão que prestar.”<br />

Fontes de pesquisa<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Capítulo IX, segunda parte.<br />

2.3. Afeição que os Espíritos votam a certas pessoas<br />

484. Os Espíritos se afeiçoam de preferência a certas pessoas?<br />

“Os bons Espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se<br />

melhorarem. Os Espíritos inferiores com os homens viciosos, ou que podem tornarse<br />

tais.<br />

Daí suas afeições, como conseqüência da conformidade <strong>do</strong>s sentimentos.”<br />

485. É exclusivamente moral a afeição que os Espíritos votam a certas<br />

pessoas?<br />

“A verdadeira afeição nada tem de carnal; mas, quan<strong>do</strong> um Espírito se apega<br />

a uma pessoa, nem sempre o faz só por afeição. À estima que essa pessoa lhe<br />

inspira pode agregar-se das paixões humanas.”<br />

486. Interessam-se os Espíritos pelas nossas desgraças e pela nossa<br />

prosperidade?<br />

Afligem-se os que nos querem bem com os males que padecemos durante a<br />

vida?<br />

“Os bons Espíritos fazem to<strong>do</strong> o bem que lhes é possível e se sentem ditosos<br />

com as vossas alegrias. Afligem-se com os vossos males, quan<strong>do</strong> os não suportais<br />

com resignação, porque nenhum benefício então tirais deles, assemelhan<strong>do</strong>-vos, em<br />

tais casos, ao <strong>do</strong>ente que rejeita a beberagem amarga que o há de curar.”<br />

487. Dentre os nossos males, de que natureza são os de que mais se afligem<br />

os Espíritos por nossa causa? Serão os males físicos ou os morais?<br />

“O vosso egoísmo e a dureza <strong>do</strong>s vossos corações. Daí decorre tu<strong>do</strong> o mais.<br />

Riem-se de to<strong>do</strong>s esses males imaginários que nascem <strong>do</strong> orgulho e da ambição.<br />

Rejubilam com os que redundam na abreviação <strong>do</strong> tempo das vossas provas.”<br />

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Saben<strong>do</strong> ser transitória a vida corporal e que as tribulações que lhe são<br />

inerentes constituem meios de alcançarmos melhor esta<strong>do</strong>, os Espíritos mais se<br />

afligem pelos nossos males devi<strong>do</strong>s a causas de ordem moral, <strong>do</strong> que pelos nossos<br />

sofrimentos físicos, to<strong>do</strong>s passageiros.<br />

Pouco se incomodam com as desgraças que apenas atingem as nossas<br />

idéias mundanas, tal qual fazemos com as mágoas pueris das crianças.<br />

Ven<strong>do</strong> nas amarguras da vida um meio de nos adiantarmos, os Espíritos as<br />

consideram como a crise ocasional de que resultará a salvação <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente.<br />

Compadecem-se <strong>do</strong>s nossos sofrimentos, como nos compadecemos <strong>do</strong>s de um<br />

amigo. Porém, enxergan<strong>do</strong> as coisas de um ponto de vista mais justo, os apreciam<br />

de um mo<strong>do</strong> diverso <strong>do</strong> nosso. Então, ao passo que os bons nos levantam o ânimo<br />

no interesse <strong>do</strong> nosso futuro, os outros nos impelem ao desespero, objetivan<strong>do</strong><br />

comprometer-nos.<br />

488. Os parentes e amigos, que nos precederam na outra vida, maior<br />

simpatia nos votam <strong>do</strong> que os Espíritos que nos são estranhos?<br />

“Sem dúvida e quase sempre vos protegem como Espíritos, de acor<strong>do</strong> com o<br />

poder de que dispõem.”<br />

a) - São sensíveis à afeição que lhes conservamos?<br />

“Muito sensíveis, mas esquecem-se <strong>do</strong>s que os olvidam.”<br />

Fontes de pesquisa<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Capítulo IX, segunda parte.<br />

2.4. Anjos de guarda. Espíritos protetores, familiares ou<br />

simpáticos<br />

489. Há Espíritos que se liguem particularmente a um indivíduo para protegêlo?<br />

“Há o irmão espiritual, o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio.”<br />

490. Que se deve entender por anjo de guarda ou anjo guardião?<br />

“O Espírito protetor, pertencente a uma ordem elevada.”<br />

491. Qual a missão <strong>do</strong> Espírito protetor?<br />

“A de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu protegi<strong>do</strong> pela senda <strong>do</strong><br />

bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o<br />

ânimo nas provas da vida.”<br />

492. O Espírito protetor se dedica ao indivíduo desde o seu nascimento?<br />

“Desde o nascimento até a morte e muitas vezes o acompanha na vida<br />

espírita, depois da morte, e mesmo através de muitas existências corpóreas, que<br />

mais não são <strong>do</strong> que fases curtíssimas da vida <strong>do</strong> Espírito.”<br />

493. É voluntária ou obrigatória a missão <strong>do</strong> Espírito protetor?<br />

“O Espírito fica obriga<strong>do</strong> a vos assistir, uma vez que aceitou esse encargo.<br />

Cabe-lhe, porém, o direito de escolher seres que lhe sejam simpáticos. Para alguns,<br />

é um prazer; para outros, missão ou dever.”<br />

a) - Dedican<strong>do</strong>-se a uma pessoa, renuncia o Espírito a proteger outros<br />

indivíduos?<br />

“Não; mas protege-os menos exclusivamente.”<br />

494. O Espírito protetor fica fatalmente preso à criatura confiada à sua<br />

guarda?<br />

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“Freqüentemente sucede que alguns Espíritos deixam suas posições de<br />

protetores para desempenhar diversas missões. Mas, nesse caso, outros os<br />

substituem.”<br />

495. Poderá dar-se que o Espírito protetor aban<strong>do</strong>ne o seu protegi<strong>do</strong>, por se<br />

lhe mostrar este rebelde aos conselhos?<br />

“Afasta-se, quan<strong>do</strong> vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no<br />

seu protegi<strong>do</strong>, a decisão de submeter-se à influência <strong>do</strong>s Espíritos inferiores. Mas,<br />

não o aban<strong>do</strong>na completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa<br />

os ouvi<strong>do</strong>s. O protetor volta desde que este o chame. “É uma <strong>do</strong>utrina, esta, <strong>do</strong>s<br />

anjos guardiães, que, pelo seu encanto e <strong>do</strong>çura, devera converter os mais<br />

incrédulos.<br />

Não vos parece grandemente consola<strong>do</strong>ra a idéia de terdes sempre junto de<br />

vós seres que vos são superiores, prontos sempre a vos aconselhar e amparar, a<br />

vos ajudar na ascensão da abrupta montanha <strong>do</strong> bem; mais sinceros e dedica<strong>do</strong>s<br />

amigos <strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os que mais intimamente se vos liguem na Terra? Eles se<br />

acham ao vosso la<strong>do</strong> por ordem de Deus. Foi Deus quem aí os colocou e, aí<br />

permanecen<strong>do</strong> por amor de Deus, desempenham bela, porém penosa missão. Sim,<br />

onde quer que estejais, estarão convosco. Nem nos cárceres, nem nos hospitais,<br />

nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estais separa<strong>do</strong>s desses amigos a<br />

quem não podeis ver, mas cujo bran<strong>do</strong> influxo vossa alma sente, ao mesmo tempo<br />

que lhes ouve os pondera<strong>do</strong>s conselhos.<br />

“Ah! se conhecêsseis bem esta verdade! Quanto vos ajudaria nos momentos<br />

de crise! Quanto vos livraria <strong>do</strong>s maus Espíritos! Mas, oh! Quantas vezes, no dia<br />

solene, não se verá esse anjo constrangi<strong>do</strong> a vos observar: “Não te aconselhei isto?<br />

Entretanto, não o fizeste. Não te mostrei o abismo? Contu<strong>do</strong>, nele te precipitaste!<br />

Não fiz ecoar na tua consciência a voz da verdade? Preferiste, no entanto, seguir os<br />

conselhos da mentira!” Oh! Interrogai os vossos anjos guardiões; estabelecei entre<br />

eles e vós essa terna intimidade que reina entre os melhores amigos. Não penseis<br />

em lhes ocultar nada, pois que eles têm o olhar de Deus e não podeis enganá-los.<br />

Pensai no futuro; procurai adiantar-vos na vida presente.<br />

Assim fazen<strong>do</strong>, encurtareis vossas provas e mais felizes tornareis as vossas<br />

existências. Vamos, homens, coragem! De uma vez por todas, lançai para longe<br />

to<strong>do</strong>s os preconceitos e idéias preconcebidas. Entrai na nova senda que diante <strong>do</strong>s<br />

passos se vos abre. Caminhai! Tendes guias, segui-los, que a meta não vos pode<br />

faltar, porquanto essa meta é o próprio Deus.<br />

“Aos que considerem impossível que Espíritos verdadeiramente eleva<strong>do</strong>s se<br />

consagrem a tarefa tão laboriosa e de to<strong>do</strong>s os instantes, diremos que nós vos<br />

influenciamos as almas, estan<strong>do</strong> embora muitos milhões de léguas distantes de vós.<br />

O espaço, para nós, nada é, e não obstante viverem noutro mun<strong>do</strong>, os nossos<br />

Espíritos conservam suas ligações com os vossos. Gozamos de qualidades que não<br />

podeis compreender, mas ficai certos de que Deus não nos impôs tarefa superior às<br />

nossas forças e de que não vos deixou sós na Terra, sem amigos e sem amparo.<br />

Cada anjo de guarda tem o seu protegi<strong>do</strong>, pelo qual vela, como o pai pelo filho.<br />

Alegra-se, quan<strong>do</strong> o vê no bom caminho; sofre, quan<strong>do</strong> lhe ele despreza os<br />

conselhos.<br />

“Não receeis fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao contrário, procurai<br />

estar sempre em relação conosco. Sereis assim mais fortes e mais felizes. São<br />

essas comunicações de cada um com o seu Espírito familiar que fazem sejam<br />

médiuns to<strong>do</strong>s os homens, médiuns ignora<strong>do</strong>s hoje, mas que se manifestarão mais<br />

tarde e se espalharão qual oceano sem margens, levan<strong>do</strong> de roldão a incredulidade<br />

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e a ignorância. Homens <strong>do</strong>utos, instruí os vossos semelhantes; homens de talento,<br />

educai os vossos irmãos. Não imaginais que obra fazeis desse mo<strong>do</strong>: a <strong>do</strong> Cristo, a<br />

que Deus vos impõe. Para que vos outorgou Deus a inteligência e o saber, senão<br />

para o repartirdes com os vossos irmãos, senão para fazerdes que se adiantem pela<br />

senda que conduz à bem-aventurança, à felicidade eterna?”<br />

São Luís, Santo Agostinho.<br />

Nada tem de surpreendente a <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong>s anjos guardiães, a velarem pelos<br />

seus protegi<strong>do</strong>s, mau gra<strong>do</strong> à distância que medeia entre os mun<strong>do</strong>s. É, ao<br />

contrário, grandiosa e sublime. Não vemos na Terra o pai velar pelo filho, ainda que<br />

de muito longe, e auxiliá-lo com seus conselhos corresponden<strong>do</strong>-se com ele? Que<br />

motivo de espanto haverá, então, em que os Espíritos possam, de um outro mun<strong>do</strong>,<br />

guiar os que, habitantes da Terra, eles tomaram sob sua proteção, uma vez que,<br />

para eles, a distância que vai de um mun<strong>do</strong> a outro é menor <strong>do</strong> que a que, neste<br />

planeta, separa os continentes? Não dispõem, além disso, <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> universal, que<br />

entrelaça to<strong>do</strong>s os mun<strong>do</strong>s, tornan<strong>do</strong>-os solidários; veículo imenso da transmissão<br />

<strong>do</strong>s pensamentos, como o ar é, para nós, o da transmissão <strong>do</strong> som?<br />

496. O Espírito, que aban<strong>do</strong>na o seu protegi<strong>do</strong>, que deixa de lhe fazer bem,<br />

pode fazer-lhe mal?<br />

“Os bons Espíritos nunca fazem mal. Deixam que o façam aqueles que lhes<br />

tomam o lugar. Costumais então lançar à conta da sorte as desgraças que vos<br />

acabrunham, quan<strong>do</strong> só as sofreis por culpa vossa.”<br />

497. Pode um Espírito protetor deixar o seu protegi<strong>do</strong> à mercê de outro<br />

Espírito que lhe queira fazer mal?<br />

“Os maus Espíritos se unem para neutralizar a ação <strong>do</strong>s bons. Mas, se o<br />

quiser, o protegi<strong>do</strong> dará toda a força ao seu protetor. Pode acontecer que o bom<br />

Espírito encontre alhures uma boa-vontade a ser auxiliada. Aplica-se então em<br />

auxiliá-la, aguardan<strong>do</strong> que seu protegi<strong>do</strong> lhe volte.”<br />

498. Será por não poder lutar contra Espíritos maléficos que um Espírito<br />

protetor deixa que seu protegi<strong>do</strong> se transvie na vida?<br />

“Não é porque não possa, mas porque não quer. E não quer, porque das<br />

provas sai o seu protegi<strong>do</strong> mais instruí<strong>do</strong> e perfeito. Assiste-o sempre com seus<br />

conselhos, dan<strong>do</strong>-os por meio <strong>do</strong>s bons pensamentos que lhe inspira, porém que<br />

quase nunca são atendi<strong>do</strong>s. A fraqueza, o descui<strong>do</strong> ou o orgulho <strong>do</strong> homem são<br />

exclusivamente o que empresta força aos maus Espíritos, cujo poder to<strong>do</strong> advém <strong>do</strong><br />

fato de lhes não opordes resistência.”<br />

499. O Espírito protetor está constantemente com o seu protegi<strong>do</strong>? Não<br />

haverá alguma circunstância em que, sem aban<strong>do</strong>ná-lo, ele o perca de vista?<br />

“Há circunstâncias em que não é necessário esteja o Espírito protetor junto <strong>do</strong><br />

seu protegi<strong>do</strong>.”<br />

500. Momentos haverá em que o Espírito deixe de precisar, de então por<br />

diante, <strong>do</strong> seu protetor?<br />

“Sim, quan<strong>do</strong> ele atinge o ponto de poder guiar-se a si mesmo, como sucede<br />

ao estudante, para o qual um momento chega em que não mais precisa de mestre.<br />

Isso, porém, não se dá na Terra.”<br />

501. Por que é oculta a ação <strong>do</strong>s Espíritos sobre a nossa existência e por<br />

que, quan<strong>do</strong> nos protegem, não o fazem de mo<strong>do</strong> ostensivo?<br />

“Se vos fosse da<strong>do</strong> contar sempre com a ação deles, não obraríeis por vós<br />

mesmos e o vosso Espírito não progrediria. para que este possa adiantar-se, precisa<br />

de experiência, adquirin<strong>do</strong>-a freqüentemente à sua custa. É necessário que exercite<br />

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suas forças, sem o que, seria como a criança a quem não consentem que ande<br />

sozinha. A ação <strong>do</strong>s Espíritos que vos querem bem é sempre regulada de maneira<br />

que não vos tolha o livre-arbítrio, porquanto, se não tivésseis responsabilidade, não<br />

avançaríeis na senda que vos há de conduzir a Deus.<br />

Não ven<strong>do</strong> quem o ampara, o homem se confia às suas próprias forças.<br />

Sobre ele, entretanto, vela o seu guia e, de tempos a tempos, lhe brada, advertin<strong>do</strong>o<br />

<strong>do</strong> perigo.”<br />

502. O Espírito protetor, que consegue trazer ao bom caminho o seu<br />

protegi<strong>do</strong>, lucra algum bem para si?<br />

“Constitui isso um mérito que lhe é leva<strong>do</strong> em conta, seja para seu progresso,<br />

seja para sua felicidade. Sente-se ditoso quan<strong>do</strong> vê bem sucedi<strong>do</strong>s os seus<br />

esforços, o que representa, para ele, um triunfo, como triunfo é, para um preceptor,<br />

os bons êxitos <strong>do</strong> seu educan<strong>do</strong>.”<br />

a) - É responsável pelo mau resulta<strong>do</strong> de seus esforços?<br />

“Não, pois que fez o que de si dependia.”<br />

503. Sofre o Espírito protetor quan<strong>do</strong> vê que seu protegi<strong>do</strong> segue mau<br />

caminho, não obstante os avisos que dele recebe? Não há aí uma causa de<br />

turbação da sua felicidade?<br />

“Compungem-no os erros <strong>do</strong> seu protegi<strong>do</strong>, a quem lastima. Tal aflição,<br />

porém, não tem analogia com as angústias da paternidade terrena, porque ele sabe<br />

que há remédio para o mal e que o que não se faz hoje, amanhã se fará.”<br />

504. Poderemos sempre saber o nome <strong>do</strong> Espírito nosso protetor, ou anjo de<br />

guarda?<br />

“Como quereis saber nomes para vós inexistentes? Supondes que Espíritos<br />

só há os que conheceis?”<br />

a) - Como então o podemos invocar, se o não conhecemos?<br />

“Dai-lhe o nome que quiserdes, o de um Espírito superior que vos inspire<br />

simpatia ou veneração. O vosso protetor acudirá ao apelo que com esse nome lhe<br />

dirigirdes, visto que to<strong>do</strong>s os bons Espíritos são irmãos e se assistem mutuamente.”<br />

505. Os protetores, que dão nomes conheci<strong>do</strong>s, sempre são, realmente, os<br />

Espíritos das personalidades que tiveram esses nomes?<br />

“Não. Muitas vezes, os que os dão são Espíritos simpáticos aos que de tais<br />

nomes usaram na Terra e, a man<strong>do</strong> destes, respondem ao vosso chamamento.<br />

Fazeis questão de nomes; eles tomam um que vos inspire confiança. Quan<strong>do</strong> não<br />

podeis desempenhar pessoalmente determinada missão, não costumais mandar que<br />

outro, por quem respondeis como por vós mesmos, obre em vosso nome?”<br />

506. Na vida espírita, reconheceremos o Espírito nosso protetor?<br />

“Decerto, pois não é raro que o tenhais conheci<strong>do</strong> antes de encarnardes.”<br />

507. Pertencem to<strong>do</strong>s os Espíritos protetores à classe <strong>do</strong>s Espíritos<br />

eleva<strong>do</strong>s?<br />

Podem contar-se entre os de classe média? Um pai, por exemplo, pode<br />

tornar-se o Espírito protetor de seu filho?<br />

“Pode, mas a proteção pressupõe certo grau de elevação e um poder ou uma<br />

virtude a mais, concedi<strong>do</strong>s por Deus. O pai, que protege seu filho, também pode ser<br />

assisti<strong>do</strong> por um Espírito mais eleva<strong>do</strong>.”<br />

508. Os Espíritos que se achavam em boas condições ao deixarem a Terra,<br />

sempre podem proteger os que lhes são caros e que lhes sobrevivem?<br />

“Mais ou menos restrito é o poder de que desfrutam. A situação em que se<br />

encontram nem sempre lhes permite inteira liberdade de ação.”<br />

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509. Quan<strong>do</strong> em esta<strong>do</strong> de selvageria ou de inferioridade moral, têm os<br />

homens, igualmente, seus Espíritos protetores? E, assim sen<strong>do</strong>, esses Espíritos são<br />

de ordem tão elevada quanto a <strong>do</strong>s Espíritos protetores de homens muito<br />

adianta<strong>do</strong>s?<br />

“To<strong>do</strong> homem tem um Espírito que por ele vela, mas as missões são relativas<br />

ao fim que visam. Não dais a uma criança, que está aprenden<strong>do</strong> a ler, um professor<br />

de filosofia. O progresso <strong>do</strong>s Espírito familiar guarda relação com o <strong>do</strong> Espírito<br />

protegi<strong>do</strong>. Ten<strong>do</strong> um Espírito que vela por vós, podeis tornar-vos, a vosso turno, o<br />

protetor de outro que vos seja inferior e os progressos que este realize, com o<br />

auxílio que lhe dispensardes, contribuirão para o vosso adiantamento. Deus não<br />

exige <strong>do</strong> Espírito mais <strong>do</strong> que comportem a sua natureza e o grau de elevação a que<br />

já chegou.”<br />

510. Quan<strong>do</strong> o pai, que vela pelo filho, reencarna, continua a vela por ele?<br />

“Isso é mais difícil. Contu<strong>do</strong>, de certo mo<strong>do</strong> o faz, pedin<strong>do</strong>, num instante de<br />

desprendimento, a um Espírito simpático que o assista nessa missão. Demais, os<br />

Espíritos só aceitam missões que possam desempenhar até ao fim.<br />

“Encarna<strong>do</strong>, mormente em mun<strong>do</strong> onde a existência é material, o Espírito se<br />

acha muito sujeito ao corpo para poder dedicar-se inteiramente a outro Espírito, isto<br />

é, para poder assisti-lo pessoalmente. Tanto assim que os que ainda se não<br />

elevaram bastante são também assisti<strong>do</strong>s por outros, que lhes estão acima, de tal<br />

sorte que, se por qualquer circunstância um vem a faltar, outro lhe supre a falta.”<br />

511. A cada indivíduo achar-se-á liga<strong>do</strong>, além <strong>do</strong> Espírito protetor, um mau<br />

Espírito, com o fim de impeli-lo ao erro e de lhe proporcionar ocasiões de lutar entre<br />

o bem e o mal?<br />

“Liga<strong>do</strong>, não é o termo. É certo que os maus Espíritos procuram desviar <strong>do</strong><br />

bom caminho o homem, quan<strong>do</strong> se lhes depara ocasião. Sempre, porém, que um<br />

deles se liga a um indivíduo, fá-lo por si mesmo, porque conta ser atendi<strong>do</strong>. Há<br />

então luta entre o bom e o mau, vencen<strong>do</strong> aquele por quem o homem se deixe<br />

influenciar.”<br />

512. Podemos ter muitos Espíritos protetores?<br />

“To<strong>do</strong> homem conta sempre Espíritos, mais ou menos eleva<strong>do</strong>s, que com ele<br />

simpatizam, que lhe dedicam afeto e por ele se interessam, como também tem junto<br />

de si outros que o assistem no mal.”<br />

513. Os Espíritos que conosco simpatizam atuam em cumprimento de<br />

missão?<br />

“Não raro, desempenham missão temporária; porém, as mais das vezes, são<br />

apenas atraí<strong>do</strong>s pela identidade de pensamentos e sentimentos, assim para o bem<br />

como para o mal.”<br />

a) - Parece lícito inferir-se daí que os Espíritos a quem somos simpáticos<br />

podem ser bons ou maus, não?<br />

“Sim, qualquer que seja o seu caráter, o homem sempre encontra Espíritos<br />

que com ele simpatizem.”<br />

514. Os Espíritos familiares são os mesmos a quem chamamos Espíritos<br />

simpáticos ou Espíritos protetores?<br />

“Há gradações na proteção e na simpatia. Dai-lhes os nomes que quiserdes.<br />

O Espírito familiar é antes o amigo da casa.”<br />

Das explicações acima e das observações feitas sobre a natureza <strong>do</strong>s<br />

Espíritos que se afeiçoam ao homem, pode-se deduzir o seguinte: O Espírito<br />

protetor, anjo de guarda, ou bom gênio é o que tem por missão acompanhar o<br />

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homem na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza superior, com relação<br />

ao protegi<strong>do</strong>.<br />

Os Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por laços mais ou menos<br />

duráveis, com o fim de lhes serem úteis, dentro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> poder, quase sempre<br />

muito restrito, de que dispõe. São bons, porém muitas vezes pouco adianta<strong>do</strong>s e<br />

mesmo um tanto levianos.<br />

Ocupam-se de boamente com as particularidades da vida íntima e só atuam<br />

por ordem ou com permissão <strong>do</strong>s Espíritos protetores.<br />

Os Espíritos simpáticos são os que se sentem atraí<strong>do</strong>s para o nosso la<strong>do</strong> por<br />

afeições particulares e ainda por uma certa semelhança de gostos e de sentimentos,<br />

tanto para o bem como para o mal. De ordinário, a duração de suas relações se<br />

acha subordinada às circunstâncias.<br />

O mau gênio é um Espírito imperfeito ou perverso, que se liga ao homem para<br />

desviá-lo <strong>do</strong> bem. Obra, porém, por impulso próprio e não no desempenho de<br />

missão. A tenacidade da sua ação está em relação direta com a maior ou facilidade<br />

de acesso que encontre por parte <strong>do</strong> homem, que goza sempre da liberdade de<br />

escutar-lhe a voz ou de lhe cerrar os ouvi<strong>do</strong>s.<br />

515. Que se há de pensar dessas pessoas que se ligam a certos indivíduos<br />

para levá-los à perdição, ou para guiá-los pelo bom caminho?<br />

“Efetivamente, certas pessoas exercem sobre outras uma espécie de<br />

fascinação que parece irresistível. Quan<strong>do</strong> isso se dá no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> mal, são maus<br />

Espíritos, de que outros Espíritos também maus se servem para subjugá-las. Deus<br />

permite que tal coisa ocorra para vos experimentar.”<br />

516. Poderiam os nossos bom e mau gênios encarnar, a fim de mais perto<br />

nos acompanharem na vida?<br />

“Isso às vezes se dá. Porém, o que mais freqüentemente se verifica é<br />

encarregarem dessa missão outros Espíritos encarna<strong>do</strong>s que lhes são simpáticos.”<br />

517. Haverá Espíritos que se liguem a uma família inteira para protegê-la?<br />

“Alguns Espíritos se ligam aos membros de uma determinada família, que<br />

vivem juntos e uni<strong>do</strong>s pela afeição; mas, não acrediteis em Espíritos protetores <strong>do</strong><br />

orgulho das raças.”<br />

518. Assim como são atraí<strong>do</strong>s, pela simpatia, para certos indivíduos, são-no<br />

igualmente os Espíritos, por motivos particulares, para as reuniões de indivíduos?<br />

“Os Espíritos preferem estar no meio <strong>do</strong>s que se lhes assemelham. Acham-se<br />

aí mais à vontade e mais certos de serem ouvi<strong>do</strong>s. É pelas suas tendências que o<br />

homem atrai os Espíritos e isso quer esteja só, quer faça parte de um to<strong>do</strong> coletivo,<br />

como uma sociedade,<br />

uma cidade, ou um povo. Portanto, as sociedades, as cidades e os povos<br />

são, de acor<strong>do</strong> com as paixões e o caráter neles pre<strong>do</strong>minantes, assisti<strong>do</strong>s por<br />

Espíritos mais ou menos eleva<strong>do</strong>s. Os Espíritos imperfeitos se afastam <strong>do</strong>s que os<br />

repelem. Segue-se que o aperfeiçoamento moral das coletividades, como o <strong>do</strong>s<br />

indivíduos, tende a afastar os maus Espíritos e a atrair os bons, que estimulam e<br />

alimentam nelas o sentimento <strong>do</strong> bem, como outros lhes podem insuflar as paixões<br />

grosseiras.”<br />

519. As aglomerações de indivíduos, como as sociedades, as cidades, as<br />

nações, têm Espíritos protetores especiais?<br />

“Têm, pela razão de que esses agrega<strong>do</strong>s são individualidades coletivas que,<br />

caminhan<strong>do</strong> para um objetivo comum, precisam de uma direção superior.”<br />

520. Os Espíritos protetores das coletividades são de natureza mais elevada<br />

<strong>do</strong> que os que se ligam aos indivíduos?<br />

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“Tu<strong>do</strong> é relativo ao grau de adiantamento, quer se trate de coletividades, quer<br />

de indivíduos.”<br />

521. Podem certos Espíritos auxiliar o progresso das artes, protegen<strong>do</strong> os<br />

que às artes se dedicam?<br />

“Há Espíritos protetores especiais e que assistem os que os invocam, quan<strong>do</strong><br />

dignos dessa assistência. Que queres, porém, que façam com os que julgam ser o<br />

que não são? Não lhes cabe fazer que os cegos vejam, nem que os sur<strong>do</strong>s ouçam.”<br />

Os antigos fizeram, desses Espíritos, divindades especiais. As Musas não<br />

eram senão a personificação alegórica <strong>do</strong>s Espíritos protetores das ciências e das<br />

artes, como os deuses Lares e Penates simbolizavam os Espíritos protetores da<br />

família. Também modernamente, as artes, as diferentes indústrias, as cidades, os<br />

países têm seus patronos, que mais não são <strong>do</strong> que Espíritos superiores, sob várias<br />

designações.<br />

Ten<strong>do</strong> to<strong>do</strong> homem Espíritos que com ele simpatizam, claro é que, nos<br />

corpos coletivos, a generalidade <strong>do</strong>s Espíritos que lhes votam simpatia está em<br />

proporção com a generalidade <strong>do</strong>s indivíduos; que os Espíritos estranhos são<br />

atraí<strong>do</strong>s para essas coletividades pela identidade <strong>do</strong>s gostos e das idéias; em suma,<br />

que esses agrega<strong>do</strong>s de pessoas, tanto quanto os indivíduos, são mais ou menos<br />

bem assisti<strong>do</strong>s e influencia<strong>do</strong>s, de acor<strong>do</strong> com a natureza <strong>do</strong>s sentimentos<br />

<strong>do</strong>minantes entre os elementos que os compõem.<br />

Nos povos, determinam a atração <strong>do</strong>s Espíritos os costumes, os hábitos, o<br />

caráter <strong>do</strong>minante e as leis, as leis sobretu<strong>do</strong>, porque o caráter de uma nação se<br />

reflete nas suas leis.<br />

Fazen<strong>do</strong> reinar em seu seio a justiça, os homens combatem a influência <strong>do</strong>s<br />

maus Espíritos.<br />

Onde quer que as leis consagrem coisas injustas, contrárias à Humanidade,<br />

os bons Espíritos ficam em minoria e a multidão, que aflui, <strong>do</strong>s maus mantém a<br />

nação aferrada às suas idéias e paralisa as boas influências parciais, que ficam<br />

perdidas no conjunto, como insuladas espigas entre espinheiros. Estudan<strong>do</strong>-se os<br />

costumes <strong>do</strong>s povos ou de qualquer reunião de homens, facilmente se forma idéia<br />

da população oculta que se lhes imiscui no mo<strong>do</strong> de pensar e nos atos.<br />

Fontes de pesquisa<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Capítulo IX, segunda parte.<br />

3. O Fenômeno de Intercomunicação Mediúnica<br />

3.1. Os Fenômenos Mediúnicos Através <strong>do</strong>s Tempos<br />

Os Fenômenos <strong>Espírita</strong>s e sua Universalidade<br />

Ro<strong>do</strong>lfo Calligaris<br />

O Espiritismo propriamente dito, coordena<strong>do</strong> sob o tríplice aspecto de<br />

Ciência, Filosofia e Religião, só existe há pouco mais de um século, ou, mais<br />

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precisamente, a partir de 18 de abril de 1857, data em que se deu a publicação de<br />

“O Livro <strong>do</strong>s Espíritos”, de Allan Kardec.<br />

Os fenômenos sobre que ele se apóia, porém — atribuí<strong>do</strong>s à ação <strong>do</strong>s<br />

Espíritos —, pode dizer-se que remontam aos primeiros dias da existência <strong>do</strong><br />

homem na Terra.<br />

A literatura mais antiga que se conhece a eles se refere, ora sob a forma de<br />

lendas e alegorias, ora de maneira clara e positiva.<br />

Na Índia, a prática da evocação <strong>do</strong>s mortos sempre existiu e ainda hoje<br />

existe, principalmente na casta sacer<strong>do</strong>tal.<br />

No antigo Egito os mortos tinham grande influência sobre os vivos: imiscuíamse<br />

nos negócios mundanos, obsediavam, manifestavam sua presença e sua ação<br />

por diversas formas (Ermann, “A Religião Egípcia”).<br />

Maspero, em Estu<strong>do</strong>s Egiptológicos, conta que há em Leide um papiro<br />

datan<strong>do</strong> da 58 dinastia (3500-3300 a.C.), onde se narra que um viúvo caiu<br />

gravemente enfermo por atuação da falecida esposa, que lhe conservava grande<br />

rancor.<br />

Na literatura e na história da Grécia e de Roma encontram-se, em<br />

abundância, casos de comunicações com as almas trespassadas.<br />

Segun<strong>do</strong> Homero, Ulisses valia-se da mediunidade de Circe para interrogar o<br />

Espírito Tirésia, o de sua mãe e de vários outros defuntos, e to<strong>do</strong>s lhe respondiam<br />

claramente (“Odisséia”, X e XI).<br />

Em uma obra ainda hoje lida pelos eruditos, Plínio, o Moço, relata o caso <strong>do</strong><br />

espectro de Atenas, em virtude <strong>do</strong> qual Ateno<strong>do</strong>ro adquiriu uma casa a preço<br />

irrisório. Esse filósofo, na primeira noite em que a ocupou, estan<strong>do</strong> a ler e escrever<br />

como de costume, ouviu um ruí<strong>do</strong> semelhante ao arrastar de correntes. Erguen<strong>do</strong> os<br />

olhos, viu um velho, triste, carrega<strong>do</strong> de ferros, que se aproximou e lhe fez sinal para<br />

que o acompanhasse, conduzin<strong>do</strong>-o a um ponto <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r, onde desapareceu.<br />

Leva<strong>do</strong> o fato ao conhecimento <strong>do</strong>s juízes, estes ordenaram que fossem feitas<br />

escavações no lugar e acabaram encontran<strong>do</strong> um esqueleto acorrenta<strong>do</strong>. Deram-lhe<br />

honrosa sepultura e os fenômenos cessaram (Cartas, LVII, 27).<br />

Sócrates, Fílon e Plotino comunicavam-se com seus guias espirituais, a que<br />

chamavam “gênios”.<br />

Informa Cícero que seu amigo Apio conversava freqüentemente com os<br />

trespassa<strong>do</strong>s (“De Devinatione”).<br />

Plínio, o Antigo, narra que Tibério também se dava à prática de evocar e<br />

confabular com os Espíritos (“História”, XXX, 6).<br />

Pela mediunidade de Erato, a famosa mágica de Tessália, soube Sexto<br />

Pompeu de vários episódios que o interessavam (Lucano, “Pharsalia”).<br />

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O historia<strong>do</strong>r Cesar de Vesme, diante das pesquisas etnográficas, assegura<br />

que entre os selvagens a crença na sobrevivência e manifestação <strong>do</strong>s Espíritos “se<br />

impôs, bon gré, mal gré, independente de seus desejos, pela observação <strong>do</strong>s fatos”<br />

(“História <strong>do</strong> Espiritualismo Experimental”).<br />

Lapponi, escritor católico, em “Hipnotismo e Espiritismo”, diz que “desde<br />

tempos remotíssimos se tem acredita<strong>do</strong> e se acredita nas relações reais entre os<br />

homens ainda vivos e os defuntos, bem como entre aqueles e outros seres<br />

imateriais de ordem superior. E a justificação de tais crenças, em to<strong>do</strong>s os séculos,<br />

está ligada a narrativas imemoriais de fatos maravilhosos”. (Os grifos são nossos.)<br />

Referin<strong>do</strong>-se aos fenômenos espiríticos, observa William James, notável<br />

filósofo norte-americano, que foi professor na Universidade de Harvard:<br />

“A Fisiologia nada quer com eles. A Psicologia orto<strong>do</strong>xa lhes vira as costas. A<br />

Medicina os expulsa; ou, quan<strong>do</strong> muito, se está em veia de ane<strong>do</strong>tas, citam-se<br />

alguns casos como efeitos da imaginação. Entrementes, os fenômenos aí estão,<br />

vastamente espalha<strong>do</strong>s em toda a extensão da História. Abri-a à página que<br />

quiserdes e achareis muitas coisas narradas sob os nomes de adivinhação,<br />

inspiração, possessão demoníaca, aparições, transes, estu<strong>do</strong>s, curas miraculosas,<br />

malefícios, feitiçarias.<br />

Supõe-se que a mediunidade é originária de Rochester, USA, e que o<br />

magnetismo animal data de Mesmer; mas, perlustrai um dia o avesso das páginas<br />

da história oficial, consultai as memórias, os <strong>do</strong>cumentos legais, as legendas, e os<br />

livros de ane<strong>do</strong>tas populares, e vereis que não existe época em que esses fatos não<br />

deixem de ter si<strong>do</strong> tão abundantemente relata<strong>do</strong>s como em nossos dias” (“Estu<strong>do</strong>s e<br />

Reflexões de um Psiquista”).<br />

Maiores subsídios a respeito poderão ser encontra<strong>do</strong>s em “A Evolução”, de<br />

Carlos lmbassahy, onde colhemos grande parte das citações feitas neste artigo.<br />

(Revista Reforma<strong>do</strong>r de janeiro de 1975)<br />

Fenômenos mediúnicos dentro da Bíblia<br />

Desde que os Espíritos alcançaram condição para prosseguir na sua<br />

caminhada evolutiva, através das múltiplas reencarnações, na espécie humana, o<br />

homem há recebi<strong>do</strong>, pela intuição ou por outros meios que lhe facultam os senti<strong>do</strong>s,<br />

comunicações <strong>do</strong> plano espiritual.<br />

Quan<strong>do</strong> manuseamos a Bíblia, livro considera<strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> pelas religiões<br />

cristãs, encontramos nela expressos inúmeros fenômenos mediúnicos, fenômenos<br />

esses classifica<strong>do</strong>s, hoje, nas mais variadas categorias.<br />

1 - Voz direta<br />

Este fenômeno encontramos relata<strong>do</strong> em Êxo<strong>do</strong>, 20:18, que diz: "To<strong>do</strong> o<br />

povo, porém, ouvia as vozes e via os relâmpagos, e o soni<strong>do</strong> da buzina, e o monte<br />

fumegan<strong>do</strong>: e amedronta<strong>do</strong> e abala<strong>do</strong> com o pavor parou longe."<br />

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Em Apocalipse, 1:10, lemos: "Eu fui arrebata<strong>do</strong> em espírito um dia de<br />

<strong>do</strong>mingo, e ouvi por detrás de mim uma grande voz como de trombeta"...<br />

2 - Materialização<br />

A luta de Jacob com um Espirito é um fenômeno típico de materialização, pois<br />

esta só poderia realizar-se na condição <strong>do</strong> relato bíblico, se o Espírito conten<strong>do</strong>r se<br />

encontrasse materializa<strong>do</strong> (Gen. 32:24).<br />

3 - Pneumatografia ou escrita direta<br />

Por ocasião em que se realizava um banquete ofereci<strong>do</strong> pelo rei Balthazar, ao<br />

qual compareceram mais de mil pessoas da corte, no momento em que bebiam<br />

vinho e louvavam os deuses, apareceram de<strong>do</strong>s que escreviam de fronte <strong>do</strong><br />

candieiro, na superfície da parede da sala <strong>do</strong> rei, o qual via os movimentos da mão<br />

que escrevia (Daniel, 5:5).<br />

4 - Transporte<br />

O profeta Elias alimentou-se, graças a um anjo que lhe depositava, ao la<strong>do</strong>,<br />

pão cozi<strong>do</strong> debaixo de cinza (Reis III, 19:5,6).<br />

5 - Levitação<br />

Em Ezequiel, 3:14, lemos o seguinte: "Também o Espírito me levantou e me<br />

levou consigo; e eu me fui cheio de amargura, na indignação <strong>do</strong> meu Espírito;<br />

porém a mão <strong>do</strong> Senhor estava comigo, confortan<strong>do</strong>-me."<br />

Felipe é leva<strong>do</strong>, também, pelo Espírito <strong>do</strong> Senhor, após receber o batismo<br />

(Atos, 5: 39).<br />

Estes fatos enquadram-se, perfeitamente, na classe <strong>do</strong>s fenômenos de<br />

levitação e transporte, obti<strong>do</strong>s, no século passa<strong>do</strong>, pelo notável médium Daniel D.<br />

Home e outros.<br />

6 - Transe<br />

No cap. 15:12 e 13, <strong>do</strong> Gênese, encontramos o seguinte fato: "Ao pôr <strong>do</strong> sol,<br />

vem um profun<strong>do</strong> sono sobre Abrahão, e um horror grande e tenebroso o acometeu,<br />

e lhe foi dito: saiba desde agora que tua posteridade será peregrina numa terra<br />

estrangeira, e será reduzida à escravidão, e aflita por quatrocentos anos."<br />

Daniel também cai em transe e tem visão (Daniel 8:18).<br />

Saulo, a caminho de Damasco, cai em transe e ouve a voz <strong>do</strong> Senhor (Atos,<br />

9:3 e seguintes).<br />

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7 - Mediunidade auditiva<br />

Moisés, no monte Sinai, ouve a voz <strong>do</strong>s Espíritos, julgan<strong>do</strong> ser a <strong>do</strong> próprio<br />

Deus. (Êxo<strong>do</strong>, 19:29,20).<br />

Jesus, por ocasião <strong>do</strong> batismo no rio Jordão, ouve uma voz que lhe diz:"Tu és<br />

aquele meu filho especialmente ama<strong>do</strong>; em ti é que tenho posto toda a minha<br />

complacência."<br />

Em João, 12:28, lemos: "Pai glorifica o teu nome. Então veio esta voz <strong>do</strong> céu<br />

<strong>–</strong> "Eu não só o tenho já glorifica<strong>do</strong>, mas ainda segunda vez o glorificarei."<br />

dias.<br />

To<strong>do</strong>s esses fatos comprovam a mediunidade auditiva, tão comum em nossos<br />

8 - Mediunidade cura<strong>do</strong>ra<br />

Ao tempo <strong>do</strong> Cristo, a mediunidade cura<strong>do</strong>ra disseminou-se por entre os<br />

discípulos, que produziam curas, algumas, pela imposição das próprias mãos,<br />

outras, através de objetos magnetiza<strong>do</strong>s.<br />

Em Atos, 19:11 e 12, encontramos o relato de que lenços e aventais<br />

pertencentes a Paulo eram aplica<strong>do</strong>s aos <strong>do</strong>entes e possessos, e, graças a ação<br />

magnética desses objetos, ficavam cura<strong>do</strong>s.<br />

As curas à distância também foram realizadas. O cria<strong>do</strong> <strong>do</strong> Centurião de<br />

Cafarnaum e o filho de um régulo foram cura<strong>do</strong>s (Mateus, 8:5,13; e João, 4:47, 54).<br />

Jesus recomendara, quan<strong>do</strong> esteve entre nós, que curássemos. Dizia ele:<br />

"Curai os enfermos, expulsai os maus Espíritos,<br />

dai de graça o que de graça recebestes."<br />

(Mateus, 10:8, Lucas 9,2 e 10:9).<br />

É em cumprimento desse preceito que o Espiritismo, além de ser uma obra de<br />

educação, procura dar atendimento aos enfermos <strong>do</strong> corpo e da alma, com a ajuda<br />

<strong>do</strong>s abnega<strong>do</strong>s irmãos espirituais, que se servem <strong>do</strong>s médiuns passistas, receitistas,<br />

<strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>res e de to<strong>do</strong>s os que, de boa vontade, trabalham em prol da construção<br />

de um mun<strong>do</strong> melhor.<br />

9 - Outras formas de mediunidade<br />

Encontramos, ainda, na Bíblia, Saul consultan<strong>do</strong> o Espírito de Samuel, na<br />

gruta de En<strong>do</strong>r.<br />

Moisés conduzia o povo hebreu, no deserto, acompanha<strong>do</strong> por uma labareda<br />

que seguia à sua frente.<br />

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Jeremias o profeta da paz era médium de incorporação. Quan<strong>do</strong> o Espírito o<br />

tomava, pregava contra a guerra aos exércitos de Nabuco<strong>do</strong>nosor.<br />

É interessante notar que as práticas mediúnicas, daquele tempo, eram<br />

semelhantes às de nossos dias. Para a formação <strong>do</strong> ambiente, alguns profetas<br />

(médiuns) exigiam a música. Assim o profeta Eliseu, para profetizar, reclamava um<br />

bom harpista. David afasta os Espíritos obsessores de Saul, tangen<strong>do</strong> sua harpa.<br />

Podíamos citar ainda muitos outros fatos, que se acham registra<strong>do</strong>s no antigo<br />

Testamento, os quais provam, de sobejo, que os fenômenos mediúnicos sempre<br />

ocorreram, desde a mais remota antigüidade, mas não é necessário; estes já<br />

bastam para provar que a Bíblia é um repositório de mediunismo.<br />

A vontade <strong>do</strong>s guias era, naquele tempo, transmitida ao povo através <strong>do</strong>s<br />

profetas videntes, audientes e inspira<strong>do</strong>s, que vieram à Terra na qualidade de<br />

missionários <strong>do</strong> Cristo.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Revista Reforma<strong>do</strong>r de janeiro de 1975<br />

2. Portal <strong>do</strong> espírito - http://www.espirito.org.br<br />

3. Leon Denis. No invisível. A mediunidade Gloriosa. FEB, 1992. Pág. 386-<br />

387.<br />

4. J. Herculano Pires. O Espírito e o Tempo. Horizonte espiritual:<br />

mediunidade positiva. EDICEL, 1977. Pág 65.<br />

5. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Pelo espírito de André Luiz. Mecanismo da<br />

Mediunidade. Jesus e mediunidade. FEB, 1994. Pág. 187, 188 e 13.<br />

3.2. Os médiuns precursores<br />

- EMANUEL SWEDENBORG<br />

Muito culto, este grande vidente sueco era eng.º de minas,<br />

uma autoridade em metalurgia, era zoólogo, anatomista e uma<br />

grande autoridade em física e astronomia. Grande pioneiro <strong>do</strong><br />

espiritismo. Viveu em Londres, e em 1787 manifesta-se médium.<br />

O caso de Gothenburg é famoso, onde o vidente observou<br />

e descreveu um incêndio em Estocolmo, a 300 milhas de distância, com perfeita<br />

exactidão, estan<strong>do</strong> ele num jantar com 16 convida<strong>do</strong>s, que serviram de<br />

testemunhas. Este caso foi investiga<strong>do</strong>, inclusive, pelo filósofo Kant, que era seu<br />

contemporâneo.<br />

Ele verificou, através da vidência, que o mun<strong>do</strong> espiritual, para onde vamos<br />

após a morte, consiste em várias esferas, representan<strong>do</strong> graus de luminosidade e<br />

felicidade. Cada um de nós irá para aquela que se adapta à nossa condição<br />

espiritual. Somos julga<strong>do</strong>s, automaticamente, por uma lei espiritual de similitudes. O<br />

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resulta<strong>do</strong> é determina<strong>do</strong> pelo resulta<strong>do</strong> global da nossa vida, de mo<strong>do</strong> que a<br />

absolvição ou o arrependimento no leito de morte têm pouco proveito. Verificou,<br />

nessas esferas espirituais, que o cenário e as condições deste mun<strong>do</strong> eram<br />

reproduzi<strong>do</strong>s fielmente, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que a estrutura da sociedade.<br />

Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios<br />

onde se reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes.<br />

A morte era suave, dada a presença de seres celestiais, que ajudavam os<br />

recém-chega<strong>do</strong>s na sua nova existência.<br />

Eles passavam, imediatamente, por um perío<strong>do</strong> de absoluto repouso.<br />

Reconquistavam a consciência em poucos dias. Havia anjos e demónios, mas eram<br />

seres humanos que tinham vivi<strong>do</strong> na Terra e que ou eram almas retardatárias<br />

(demónios), ou altamente desenvolvidas (anjos). Levam consigo os seus hábitos<br />

mentais adquiri<strong>do</strong>s, as suas preocupações, os seus preconceitos. Todas as crianças<br />

eram recebidas igualmente, fossem ou não baptizadas.<br />

Cresciam no outro mun<strong>do</strong>. Jovens serviam-lhes de mães até que chegassem<br />

as mães verdadeiras. Não havia penas eternas. Os que se achavam nos infernos<br />

podiam trabalhar para sair de lá, desde que quisessem. Os que se achavam no céu<br />

não tinham lugar permanente: trabalhavam por uma posição mais elevada. Havia o<br />

casamento, sob a forma de união espiritual.<br />

Ele fala de arquitectura, <strong>do</strong> artesanato, das flores, <strong>do</strong>s frutos, <strong>do</strong>s borda<strong>do</strong>s,<br />

da arte, da música, da literatura, da ciência, das escolas, <strong>do</strong>s museus, das<br />

academias, das bibliotecas e <strong>do</strong>s desportos. Os que saíam deste mun<strong>do</strong> velhos e<br />

decrépitos, <strong>do</strong>entes ou deforma<strong>do</strong>s, recuperavam a mocidade e, gradativamente, o<br />

completo vigor. Os casais continuavam juntos, se os seus sentimentos recíprocos os<br />

atraíam. Caso contrário, era desfeita a união.<br />

Isto por volta de 1790, quase 100 anos antes de aparecer o Espiritismo, com<br />

Allan Kardec.<br />

- ANDREW JACKSON DAVIS<br />

Filho de pais humildes, nasceu nos EUA, em 1826, num<br />

distrito rural <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Nova Iorque. Era falto de actividade<br />

intelectual, corpo mirra<strong>do</strong>, sem nenhum traço que denunciasse a<br />

sua excepcional mediunidade futura. Nos últimos anos da<br />

infância desabrochavam os seus poderes psíquicos. Ouvia<br />

vozes no campo. Vozes gentis, que lhe davam bons conselhos e<br />

conforto.<br />

Tornou-se vidente. Fazia diagnósticos médicos com a sua<br />

vidência. Olhan<strong>do</strong> o corpo humano, era como se ele se tornasse<br />

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transparente. Cada órgão aparecia claramente e com uma radiação especial e<br />

peculiar, que se obscurecia em caso de <strong>do</strong>ença. Vê os espíritos e fala com<br />

Swedenborg, já desencarna<strong>do</strong>. Tinha pouca cultura e 21 anos de idade. Em transe,<br />

proferia discursos sobre os mais varia<strong>do</strong>s temas, <strong>do</strong>s quais pouco ou nada sabia.<br />

Posteriormente, de nada se lembrava.<br />

Escreve cerca de trinta livros (entre outros) edita<strong>do</strong>s com o título de “Filosofia<br />

Harmónica” que lhe foram transmiti<strong>do</strong>s por Swedenborg. Assiste ao desencarne de<br />

uma senhora, onde descreve pormenorizadamente os processos da morte, no plano<br />

espiritual.<br />

Por altura de 1856, antes <strong>do</strong> seu aparecimento, profetizou detalhadamente o<br />

aparecimento <strong>do</strong> automóvel, <strong>do</strong>s veículos aéreos movi<strong>do</strong>s por uma força motriz de<br />

natureza explosiva, da máquina de escrever e locomotivas, com motores de<br />

combustão interna, com uma riqueza de detalhes impressionante.<br />

Prevê o aparecimento <strong>do</strong> Espiritismo, em “Princípios da Natureza”, publica<strong>do</strong><br />

em 1847.<br />

Davis faz uma descrição pormenorizada <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> espiritual, mais completa<br />

<strong>do</strong> que a de Swedenborg.<br />

Davis apresenta a reencarnação como não obrigatória para progresso <strong>do</strong><br />

espírito (o espírito pode, e deve, progredir no espaço, sem necessidade de<br />

reencarnar). Com ele nasceu o primeiro liceu espiritual, por ele funda<strong>do</strong> em 25 de<br />

Janeiro de 1863, em Nova Iorque, copia<strong>do</strong> de um sistema de educação que teria<br />

presencia<strong>do</strong> no plano espiritual, em des<strong>do</strong>bramento. O célebre vidente americano<br />

sofreu acusações caluniosas e críticas acervas. Homem superior, a tu<strong>do</strong> se<br />

sobrepunha, com tolerância evangélica e larga compreensão. Desencarnou em<br />

1910, com 84 anos.<br />

Irving<br />

O rev. Edward Irving (1792-1834), nasceu em Annan, em 1792, de pais<br />

pertencentes à classe de trabalha<strong>do</strong>res braçais escoceses. Casou-se com a filha de<br />

um ministro protestante. Mais tarde, tornou-se assistente <strong>do</strong> famoso clérigo escocês,<br />

dr. Chalmers. Posteriormente foi-lhe oferecida a direcção de uma pequena igreja<br />

escocesa em Hatton Garden, fora de Holborn, em Londres.<br />

Irving era um homem fortíssimo e de porte agiganta<strong>do</strong>, o que, certamente,<br />

favorecia sua influência sobre os fiéis. A sua eloquência e as suas brilhantes<br />

pregações evangélicas logo lhe granjearam numeroso público. Devi<strong>do</strong> ao número<br />

muito grande de ouvintes que acorriam à igreja aos <strong>do</strong>mingos, lotan<strong>do</strong> o pequeno<br />

templo e atravancan<strong>do</strong> as ruas com carruagens, foi removi<strong>do</strong> para um local maior,<br />

em Regent Square, com acomodação para duas mil pessoas.<br />

Em 1831 surgiu na comunidade de Irving um surto de pessoas tomadas por<br />

espíritos e que falavam línguas estranhas.<br />

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Os atingi<strong>do</strong>s pelo fenómeno algumas vezes entravam em convulsão e<br />

pronunciavam, com voz cavernosa, frases em latim ou outras línguas, algumas<br />

desconhecidas.<br />

Posteriormente começaram a surgir aparentes possessões por «maus<br />

espíritos», levan<strong>do</strong> a cessar as manifestações.<br />

Comentan<strong>do</strong> a ocorrência das vozes surgida na congregação de Irving, sir<br />

Arthur Conan Doyle teve as seguintes palavras: «Nas vozes de 1831 há sinais de<br />

verdadeira força psíquica. É uma reconhecida lei espiritual que toda a manifestação<br />

psíquica sofre uma distorção quan<strong>do</strong> apreciada através de um médium de estreito<br />

sectarismo religioso. É também uma lei que as pessoas presunçosas e enfatuadas<br />

atraem espíritos malévolos e são alvo <strong>do</strong> espírito <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s quais se tornam<br />

joguetes através de grandes nomes e de profecias que as tornam ridículas.<br />

Tais foram os guias que desceram sobre o rebanho <strong>do</strong> rev. Irving e<br />

produziram diversos efeitos, bons e maus, conforme o instrumento emprega<strong>do</strong>».<br />

(Doyle, A.C. — História <strong>do</strong> Espiritismo, p. 51).<br />

Fontes de consulta<br />

1. Leon Denis. No invisível. A mediunidade gloriosa. FEB, 1992. Pág. 402<br />

2. Arthur Conan Doyle. Historia <strong>do</strong> espiritismo. A história de Swedenborg<br />

(Pág. 34, 38, 39). Os Shqakers (Pág. 45, 46, 48, 52, 53). O profeta da nova<br />

revelação (Pág. 59 e 60). Pensamento.<br />

3. Portal <strong>do</strong> espírito - http://www.espirito.org.br<br />

3.3. O mecanismo das comunicações: Condições técnicas,<br />

afinidades e sintonia<br />

Sintonia<br />

Aluney Elferr Albuquerque Silva<br />

O cérebro é como um aparelho emissor e receptor de ondas mentais; o<br />

pensamento é um fluxo energético <strong>do</strong> campo espiritual. A vibração é um movimento<br />

de vaivém, chama-se movimento vibratório. Sintonia é a identidade ou harmonia<br />

vibratória, isto é, o grau de semelhança das emissões ou radiações mentais de <strong>do</strong>is<br />

ou mais espíritos, encarna<strong>do</strong>s ou desencarna<strong>do</strong>s, ou seja, afinidade moral.<br />

Sabemos que o pensamento é um fluxo fluídico, é matéria sutil <strong>do</strong> corpo<br />

espiritual, logo é concreto e, às vezes muito visível, poden<strong>do</strong> perdurar longamente<br />

em dadas circunstâncias. Portanto o padrão vibratório é uma maneira de definir o<br />

padrão moral <strong>do</strong> espírito. Atraímos as mentes que possuem o mesmo padrão<br />

vibratório nosso, que estão no mesmo nível moral.<br />

A comunicação interespiritual é controlada pelo grau de sintonia, a qual a seu<br />

turno, decorre da afinidade moral. Temos, por isso, a companhia espiritual que<br />

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desejamos mediante o nosso comportamento, sentimentos, pensamentos e<br />

aspirações. Estão ao nosso re<strong>do</strong>r aqueles que sintonizam conosco ou têm contas a<br />

ajustar.<br />

É o caso e a hora de perguntar:<br />

— Como podemos elevar cada vez mais as nossas vibrações e, assim,<br />

aprimorar a capacidade de sintonia e vibração?<br />

R.: Enriquecen<strong>do</strong> o pensamento por meio <strong>do</strong> desenvolvimento da<br />

INTELIGÊNCIA; - estu<strong>do</strong>, conhecimento, SENTIMENTO; - prática <strong>do</strong> bem, serviço<br />

presta<strong>do</strong>, moralidade, em suma, auto-aperfeiçoamento pelo esforço próprio no<br />

caminho <strong>do</strong> bem.<br />

Com particular aplicação à Mediunidade, que não progride sem o<br />

aprimoramento <strong>do</strong> médium. Em virtude <strong>do</strong> princípio de sintonia, estabelece-se uma<br />

dependência entre encarna<strong>do</strong>s e desencarna<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> ambos estão perturba<strong>do</strong>s<br />

e emitin<strong>do</strong> vibrações viciadas. A identidade vibratória inferior, no caso <strong>do</strong> ódio,<br />

ressentimento, tristeza, desânimo etc., prende os desencarna<strong>do</strong>s mais ou menos<br />

inconscientes <strong>do</strong> seu esta<strong>do</strong> na aura magnética <strong>do</strong>s encarna<strong>do</strong>s. Ocorre assim,<br />

influência recíproca, troca de pensamentos e sentimentos, e, portanto, obsessão<br />

bidirecional.<br />

Com que fim os espíritos imperfeitos nos induzem ao mal? - Para que sofrais<br />

o que eles sofrem. Vejamos duas questões <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong>s Espíritos, que nos<br />

esclarecem sobre o envolvimento entre encarna<strong>do</strong>s e desencarna<strong>do</strong>s: ( Capítulo IX,<br />

questões 467 / 469.)<br />

<strong>–</strong>"Pode o homem eximir-se da influência <strong>do</strong>s Espíritos que procuram arrastálo<br />

ao mal?<br />

R.: Pode, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos,<br />

os chamam (vibrações, sintonia), ou aos que, pelos pensamentos, os atraem.<br />

"Por que meio podemos neutralizar a influência <strong>do</strong>s maus Espíritos?<br />

Pratican<strong>do</strong> o bem e pon<strong>do</strong> em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência<br />

<strong>do</strong>s Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós.<br />

Desconfiai especialmente <strong>do</strong>s que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos<br />

assaltam pelo la<strong>do</strong> fraco. Foi por essa razão que Jesus, nosso Mestre, nos ensinou<br />

a oração <strong>do</strong>minical:<br />

Senhor! Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos <strong>do</strong> mal.<br />

Também nos é necessário educar nosso pensamento em coisas edificantes<br />

para uma melhor sintonia com a Espiritualidade Superior. O pensamento é idioma<br />

universal e, entenden<strong>do</strong> que o cérebro ativo é um centro de ondas em movimento<br />

constante, estamos sempre em correspondência com o objeto que nos prende a<br />

atenção. To<strong>do</strong> espírito, na condição evolutiva em que nos encontramos, é<br />

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governa<strong>do</strong> essencialmente por três fatores específicos; experiência, estímulo,<br />

inspiração:<br />

Experiência É o conjunto de nossos próprios pensamentos.<br />

Estímulo É a circunstância que nos impele a pensar.<br />

Inspiração<br />

É a equipe <strong>do</strong>s pensamentos alheios que aceitamos ou<br />

procuramos.<br />

Assim como possuímos, na Terra, valiosas observações alusivas à química<br />

da matéria densa, relacionan<strong>do</strong>-lhe as unidades atômicas, o campo da mente<br />

oferece largas ensanchas ao estu<strong>do</strong> de suas combinações: pensamentos de<br />

crueldade, revolta, tristeza, amor, compreensão, esperança ou alegria tem natureza<br />

diferenciada, com características e pesos próprios.<br />

A onda mental possui determina<strong>do</strong>s coeficientes de força na concentração<br />

silenciosa, no verbo exterioriza<strong>do</strong> ou na palavra escrita. Mais uma vez vemos e<br />

compreendemos que somos naturalmente vítimas ou beneficiários de nossas<br />

próprias criações, segun<strong>do</strong> as correntes mentais que projetamos, escravizan<strong>do</strong>-nos<br />

a compromissos com a retaguarda de nossas experiências ou libertan<strong>do</strong>-nos para a<br />

vanguarda <strong>do</strong> progresso, conforme nossas deliberações e atividades, em harmonia<br />

ou em desarmonia com as Leis Eternas da Divindade.<br />

Um livro, uma página, uma sentença, uma palestra, uma visita, uma notícia,<br />

uma distração ou qualquer pequenino acontecimento que te pareça sem<br />

importância, podem representar silenciosa tomada de ligação espiritual para<br />

determina<strong>do</strong> tipo de interesse ou de assunto.<br />

Geralmente, toda criatura que ainda não traçou caminho de sublimação moral<br />

a si mesma assemelha-se ao viajante entregue, ao mar, ao sabor das ondas. Com a<br />

bússola <strong>do</strong> Evangelho, sabemos perfeitamente onde e como localizar o bem e o mal,<br />

razão porque dispomos to<strong>do</strong>s nós <strong>do</strong> lema da vontade. O problema de sintonia corre<br />

por nossa conta.<br />

André Luiz é bastante claro no seu livro Nos Domínios da Mediunidade - Cada<br />

médium com a sua mente, cada mente com seus raios, personalizan<strong>do</strong> observações<br />

e interpretações, e conforme os raios que arremessamos, erguer-se-ão o <strong>do</strong>micílio<br />

espiritual na onda de pensamentos a que nossas almas se afeiçoam.<br />

Basta que pensemos no que Jesus falou: A cada qual segun<strong>do</strong> suas obras.<br />

Não esqueçamos que a mente permanece na base de to<strong>do</strong>s os fenômenos<br />

mediúnicos. Nossa mente é um núcleo de forças inteligentes, geran<strong>do</strong> plasma sutil<br />

que, a emanar sem parar, oferece recursos de objetividade, sob o coman<strong>do</strong> de<br />

nossos próprios desígnios.<br />

A idéia é um ser organiza<strong>do</strong> por nosso espírito a que o pensamento dá forma<br />

e ao qual a vontade imprime movimento e direção. Então, com tu<strong>do</strong> isso, não<br />

podemos esquecer o problema de nossa sintonia na Mediunidade. Refletimos as<br />

imagens que nos cercam e arremessamos nos outros as imagens que criamos. E,<br />

como não podemos enganar a força de atração, somente poderemos alcançar a<br />

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claridade e a beleza, se começarmos emanar beleza e claridade no espelho de<br />

nossa vida íntima.<br />

Estamos acostuma<strong>do</strong>s a ver a mediunidade em diversos lugares, missões<br />

santificantes e guerras destrui<strong>do</strong>ras, tarefas com objetivos nobres e várias<br />

obsessões, que guardam suas origens nos reflexos da mente individual ou coletiva,<br />

combina<strong>do</strong>s com as forças <strong>do</strong> alto ou degradantes influências baixas.<br />

O Pensamento é um núcleo de forças, em torno <strong>do</strong> qual gravitam os bens e<br />

os males gera<strong>do</strong>s por ele mesmo e ali se defrontam com fileiras de almas, sofren<strong>do</strong><br />

nos diferencia<strong>do</strong>s lugares que lhe são característicos. Elevemos, então, nossos<br />

pensamentos redirecionan<strong>do</strong>-os sempre para pensamentos altruístas.<br />

Influência é um poder espiritual que to<strong>do</strong>s temos e pelo qual irradiamos<br />

nossos conceitos e predica<strong>do</strong>s morais, como também culturais, deven<strong>do</strong> atingir<br />

aqueles que pensam semelhantes a nós. Pense nas coisas desagradáveis e estará<br />

sintoniza<strong>do</strong> espiritualmente com um desencarna<strong>do</strong> que se sente infeliz. Todavia,<br />

agora vem a celebre pergunta: Será que você começou a pensar negativamente<br />

porque quis ou porque foi induzi<strong>do</strong> por algum Espírito que está próximo a você? As<br />

duas coisas podem perfeitamente acontecer. Se você resolveu ser infeliz a partir<br />

daquele momento, a decisão é totalmente sua, você é quem vai sofrer. Se foi<br />

induzi<strong>do</strong> e passou a aceitar a sugestão, cabe a você mudar de opinião e não<br />

sintonizar com aquela entidade.<br />

Allan Kardec, em A Gênese, cap. XIV, item 15, esclarece este mecanismo da<br />

influenciação de desencarna<strong>do</strong> para encarna<strong>do</strong>: Sen<strong>do</strong> os flui<strong>do</strong>s o veículo <strong>do</strong><br />

pensamento, este atua sobre os flui<strong>do</strong>s como o som sobre o ar; eles nos trazem o<br />

pensamento, como o ar nos traz o som.. Pode-se pois dizer, sem receio de errar,<br />

que há, nesses flui<strong>do</strong>s, ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se<br />

confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros.<br />

Há mais: crian<strong>do</strong> imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório<br />

perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo mo<strong>do</strong> se fotografa.<br />

Tenha um homem, por exemplo, a idéia de matar a outro: embora o corpo material<br />

se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e<br />

reproduz to<strong>do</strong>s os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que<br />

intentou praticar.<br />

O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num<br />

quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito. Desse mo<strong>do</strong> é que os mais secretos<br />

movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler<br />

noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos <strong>do</strong> corpo.<br />

Contu<strong>do</strong>, ven<strong>do</strong> a intenção, pode ela pressentir a execução <strong>do</strong> ato que lhe será a<br />

consequência, mas não pode determinar o instante em que o mesmo ato será<br />

executa<strong>do</strong>, nem lhe assinalar os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê,<br />

porque circunstâncias ulteriores poderão modificar os planos assenta<strong>do</strong>s e mudar as<br />

disposições.<br />

Ele não pode ver o que ainda não esteja no pensamento <strong>do</strong> outro; o que vê é<br />

a preocupação habitual <strong>do</strong> indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios<br />

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bons ou maus. O trabalho, qualquer que seja ele, físico ou intelectual, aparece como<br />

o primeiro recurso no combate à insurgência de pensamentos deprimentes.<br />

Logo, vem a boa leitura, a música harmoniosa, a conversa que edifica, e<br />

sobretu<strong>do</strong> a prece que nos liga com o Cria<strong>do</strong>r, facultan<strong>do</strong>-nos força, otimismo e<br />

coragem para enfrentar as dificuldades que criamos.<br />

(Do livro - Mediunidade e Reforma - Edicel)<br />

Influência Moral <strong>do</strong> Médium<br />

“O desenvolvimento da mediunidade guarda relação com o desenvolvimento<br />

moral <strong>do</strong>s médiuns ?”.<br />

- Não; a faculdade propriamente dita se radica no organismo; independe <strong>do</strong><br />

moral.O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau,<br />

conforme as qualidade <strong>do</strong> médium”. (Ref. 1, Cap. XX - 226).<br />

1 - AFINIDADE:<br />

Se o médium, <strong>do</strong> ponto de vista da execução, não passa de um instrumento,<br />

exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral.Pois que, para se<br />

comunicar, o Espírito desencarna<strong>do</strong> se identifica com o Espírito <strong>do</strong> médium, esta<br />

influência não se pode verificar, se não haven<strong>do</strong>, entre um e outro, simpatia e, se<br />

assim é, lícito dizer-se, afinidade.A alma exerce sobre o espírito livre uma espécie<br />

de atração, ou repulsão, conforme o grau de semelhança existente entre eles.Ora,<br />

os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, <strong>do</strong>nde se segue que<br />

as qualidades morais <strong>do</strong> médium exercem influência capital sobre a natureza <strong>do</strong>s<br />

Espíritos que por ele se comunicam.Se o médium é vicioso, em torno dele se vem<br />

grupar espíritos inferiores, sempre prontos a tomar lugar <strong>do</strong>s bons Espíritos<br />

evoca<strong>do</strong>s.As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: A<br />

bondade, a benevolência, a simplicidade <strong>do</strong> coração, o amor ao próximo, o<br />

desprendimento das coisas materiais.Os defeitos que os afastam são: O orgulho, o<br />

egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões<br />

que escravizam o homem à matéria. (Ref. 1 - Cap. XX - 227).<br />

Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso <strong>do</strong>s<br />

maus Espíritos.A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho,<br />

porque é a que a criatura menos confessa a si mesma.O orgulho tem perdi<strong>do</strong> muitos<br />

médiuns <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s das mais belas faculdades e que, se não fora esta imperfeição,<br />

teriam podi<strong>do</strong> tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas<br />

de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem perverti<strong>do</strong>,<br />

aniquilaram-se e mais de um se viu humilha<strong>do</strong> por amaríssimas decepções. (Ref. 1.<br />

Cap. XX - 228).<br />

A par disso, ponhamos em evidência o quadro <strong>do</strong> médium verdadeiramente<br />

bom, daquele em quem se pode confiar.Supor-lhe-emos, antes de tu<strong>do</strong>, uma<br />

grandíssima facilidade de execução, que permita se comuniquem livremente os<br />

Espíritos, sem encontrarem qualquer obstáculo material.Isto posto, o que mais<br />

importa considerar é de que natureza são os Espíritos que habitualmente o<br />

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assistem, para o que não nos devemos ater aos nomes, porém à linguagem.Jamais<br />

deverá ele perder de vista que a simpatia, que lhe dispensam os bons Espíritos,<br />

estará na razão direta de seus esforços por afastar os maus.Persuadi<strong>do</strong> de que a<br />

sua faculdade é um <strong>do</strong>m que só lhe foi outorga<strong>do</strong> para o bem, de nenhum mo<strong>do</strong><br />

procura prevalecer-se dela, nem apresentá-la como demonstração de mérito<br />

seu.Aceita as boas comunicações, que lhe são transmitidas, como uma graça, de<br />

que lhe cumpre tornar-se cada vez mais digno, pela sua bondade, pela sua<br />

benevolência e pela sua modéstia.O primeiro se orgulha de suas relações com os<br />

Espíritos superiores; este outro se humilha, por se considerar sempre abaixo desse<br />

favor. (Ref. 1, Cap. XX - 229).<br />

2 - MÉDIUM PERFEITO:<br />

“Sempre se há dito que a mediunidade é um <strong>do</strong>m de Deus, uma graça, um<br />

favor.Por que, então, não constitui privilégio <strong>do</strong>s homens de bem e porque se vêem<br />

pessoas indignas que a possuem no mais alto grau e que dela usam mal ?”.<br />

Todas as faculdades são favores pelos quais deve a criatura render graças a<br />

Deus, pois que homens hão priva<strong>do</strong>s delas.Podereis igualmente perguntar porque<br />

concede Deus vista magnífica a malfeitores, destreza a gatunos, eloqüência aos que<br />

dela se servem para dizer coisas nocivas.O mesmo se dá com a mediunidade.Se há<br />

pessoas indignas que a possuem, é que disso precisam mais <strong>do</strong> que as outras, para<br />

se melhorarem”.<br />

“Os médiuns, que fazem mau uso das suas faculdades, que não se servem<br />

delas para o bem, ou que não as aproveitam para se instruírem, sofrerão as<br />

conseqüências dessa falta ?<br />

- Se delas fizerem mau uso, serão puni<strong>do</strong>s duplamente, porque têm um meio<br />

de mais se esclarecerem e o não aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais<br />

censurável <strong>do</strong> que o cego que cai no fosso.”<br />

“Há médiuns aos quais, espontaneamente e quase constantemente, são<br />

dadas comunicações sobre o mesmo assunto, sobre certas questões morais, por<br />

exemplo, sobre determina<strong>do</strong>s defeitos.Terá isso algum fim ?”.<br />

- Tem, e esse fim é esclarecê-los de certos defeitos.Por isso é que uns falarão<br />

continuamente <strong>do</strong> orgulho, a outros, da caridade.É que só a saciedade lhes poderá<br />

abrir, afinal, os olhos.Não há médium que faça mau uso da sua faculdade, por<br />

ambição ou interesse, que a comprometa por causa de um defeito capital, como o<br />

orgulho, o egoísmo, a leviandade, etc.E que, de tempos a tempos, não receba<br />

admoestações <strong>do</strong>s Espíritos.O pior é que as mais das vezes, eles não as tomam<br />

como dirigidas a si próprias”.<br />

“Será absolutamente impossível as obtenham boas comunicações por um<br />

médium imperfeito ?”.<br />

- Um médium imperfeito pode algumas vezes obter boas coisas, porque, se<br />

dispões de uma bela faculdade, não é raro que os bons Espíritos se sirvam dele, à<br />

falta de outro, em circunstâncias especiais; porém, isso só acontece<br />

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momentaneamente, porquanto, desde que os Espíritos encontrem um que mais lhe<br />

convenha, dão preferência a este”.<br />

“Qual o médium que se poderia qualificar de perfeito ?”.<br />

- Perfeito, ah! Bem sabes que a perfeição não existe na Terra, sem o que não<br />

estaríeis nela.Dize, portanto, bom médium, e já é muito, por isso que eles são<br />

raros.Médium perfeito seria aquele contra o qual os maus Espíritos jamais ousariam<br />

uma tentativa de enganá-lo.O melhor é aquele que, simpatizan<strong>do</strong> somente com bons<br />

Espíritos, tem si<strong>do</strong> o menos engana<strong>do</strong>”.<br />

“Se ele só com os bons Espíritos simpatiza, como permitem estes que seja<br />

engana<strong>do</strong> ?”.<br />

Os bons Espíritos permitem, às vezes, que isso aconteça com os melhores<br />

médiuns, para lhes exercitar a ponderação e para lhes ensinar a discernir o<br />

verdadeiro <strong>do</strong> falso.Depois, por muito bom que seja, um médium jamais é tão<br />

perfeito, que não possa ser ataca<strong>do</strong> por algum la<strong>do</strong> fraco.Isso lhe deve servir de<br />

lição.As falsas comunicações, que de tempos em tempos ele recebe, são avisos<br />

para que não se considere infalível e não se ensoberbeça”.<br />

“Quais as condições necessárias para que a palavra <strong>do</strong>s Espíritos superiores<br />

nos chegue isenta de qualquer alteração?”.<br />

- Querer o bem; repulsar o egoísmo e o orgulho.Ambas essas coisas são<br />

necessárias”. (Ref. 1, Cap. XX - 226)<br />

3 - REPELIR DEZ VERDADES A ACEITAR UMA FALSIDADE:<br />

Desde que uma opinião nova venha a ser expedida, por pouco que vos<br />

pareça duvi<strong>do</strong>sa, fazei-a passar pelo crivo da razão e da lógica e rejeitai<br />

desassombradamente o que a razão e o bom senso reprovarem.É melhor repelir dez<br />

verdades <strong>do</strong> que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.Efetivamente,<br />

sobre essa teoria podereis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao<br />

primeiro sopro da verdade, como um monumento edifica<strong>do</strong> sobre a areia movediça,<br />

ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são<br />

demonstradas claras e logicamente, mais tarde um fato brutal ou uma demonstração<br />

irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade.” (Ref. 1, Cap. XX - 230)<br />

Fontes de consulta<br />

1. Mediunidade e Reforma <strong>–</strong> Edicel<br />

2. Portal <strong>do</strong> espírito - http://www.espirito.org.br<br />

3. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Dissertações <strong>Espírita</strong>s, pág. 471, 426<br />

(item 329). FEB, 1995.<br />

4. Allan Kardec. Obras Póstumas. Manifestações <strong>do</strong>s Espíritos. FEB 1993.<br />

Itens 33, 34 e 35 (pág. 57 e 58)<br />

5. Leon Denis. No invisível. As leis da comunicações espírita (pág. 84);<br />

Condiçoes de experimentação. (pág. 89). FEB 1992.<br />

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6. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Pelo espírito de André Luiz. Nos Domínios da<br />

Mediunidade. Raios, ondas, médiuns Mentes ... (pág. 11); Estudan<strong>do</strong> a<br />

mediunidade. (pág. 15, 16 e 17). FEB 1995.<br />

7. Eliseu Rigonatti. A mediunidade sem lágrimas. A Lei da afinidade fluídica<br />

(pág. 34, 46-47); Pensamento, 1995. Pág. 34).<br />

3.4. A natureza das Comunicações: Imperfeitas, sérias e<br />

instrutivas<br />

133. Dissemos que to<strong>do</strong> efeito, que revela, na sua causalidade, um ato, ainda<br />

que insignificantíssimo, de livre vontade, atesta, por essa circunstância, a existência<br />

de uma causa inteligente. Assim, um simples movimento de mesa, que responda ao<br />

nosso pensamento, ou manifeste caráter intencional, pode ser considera<strong>do</strong> uma<br />

manifestação inteligente. Se a isso houvesse de ficar circunscrito o resulta<strong>do</strong>, só<br />

muito secundário interesse nos despertaria. Contu<strong>do</strong>, já seria alguma coisa o darnos<br />

a prova de que, em tais fenômenos, há mais <strong>do</strong> que uma ação puramente<br />

material. Nula, ou, pelo menos, muito restrita seria a utilidade prática que daí<br />

decorreria. O caso, porém, muda inteiramente de figura, quan<strong>do</strong> essa inteligência<br />

ganha um desenvolvimento tal, que permite regular e contínua troca de idéias. Já<br />

não há então simples manifestações inteligentes, mas verdadeiras comunicações.<br />

Os meios de que hoje dispomos permitem que as obtenhamos tão extensas, tão<br />

explícitas e tão rápidas, como as que mantemos com os homens.<br />

Quem estiver bem compenetra<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> a escala espírita ("O Livro <strong>do</strong>s<br />

Espíritos", n. 100), da variedade infinita que apresentam os Espíritos, sob o duplo<br />

aspecto da inteligência e da moralidade, facilmente se convencerá de que há de<br />

haver diferença entre as suas comunicações; que estas hão de refletir a elevação,<br />

ou a baixeza de suas idéias, o saber e a ignorância deles, seus vícios e suas<br />

virtudes; que, numa palavra, elas não se hão de assemelhar mais <strong>do</strong> que as <strong>do</strong>s<br />

homens, desde os selvagens até o mais ilustra<strong>do</strong> europeu. Em quatro categorias<br />

principais se podem grupar os matizes que apresentam. Segun<strong>do</strong> seus caracteres<br />

mais acentua<strong>do</strong>s, elas se dividem em: grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas.<br />

134. Comunicações grosseiras são as concebidas em termos que chocam o<br />

decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as<br />

impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e<br />

grosseiros. Repugnam a quem quer que não seja inteiramente bal<strong>do</strong> de toda a<br />

delicadeza de sentimentos, pela razão de que, acordemente com o caráter <strong>do</strong>s<br />

Espíritos, elas serão triviais, ignóbeis, obscenas, insolentes, arrogantes, malévolas e<br />

mesmo ímpias.<br />

135. As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros,<br />

ou brincalhões, antes maliciosos <strong>do</strong> que maus, e que nenhuma importância ligam ao<br />

que dizem. Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a<br />

certas pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas<br />

confabulações fúteis, em que muito se fala para nada dizer. Tais Espíritos saem-se<br />

às vezes com tiradas espirituosas e mordazes e, por entre facécias vulgares, dizem<br />

não raro duras verdades, que quase sempre ferem com justeza. Em torno de nós<br />

pululam os Espíritos levianos, que de todas as ocasiões aproveitam para se<br />

intrometerem nas comunicações. A verdade é o que menos os preocupa; daí o<br />

maligno encanto que acham em mistificar os que têm a fraqueza e mesmo a<br />

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presunção de neles crer sob palavra. As pessoas que se comprazem nesse gênero<br />

de comunicações naturalmente dão acesso aos Espíritos levianos e falaciosos.<br />

Delas se afastam os Espíritos sérios, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que na sociedade humana os<br />

homens sérios evitam a companhia <strong>do</strong>s <strong>do</strong>idivanas.<br />

136. As comunicações sérias são ponderosas quanto ao assunto e elevadas<br />

quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva<br />

um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma<br />

comunicação séria. Nem to<strong>do</strong>s os Espíritos sérios são igualmente esclareci<strong>do</strong>s; há<br />

muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa-fé. Por isso é<br />

que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam de contínuo que<br />

submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica.<br />

No tocante a comunicações sérias, cumpre se distingam as verdadeiras das<br />

falsas, o que nem sempre é fácil, porquanto, exatamente à sombra da elevação da<br />

linguagem, é que certos Espíritos presunçosos, ou pseu<strong>do</strong>-sábios, procuram<br />

conseguir a prevalência das mais falsas idéias e <strong>do</strong>s mais absur<strong>do</strong>s sistemas. E,<br />

para melhor acredita<strong>do</strong>s se fazerem e maior importância ostentarem, não<br />

escrupulizam de se a<strong>do</strong>rnarem com os mais respeitáveis nomes e até com os mais<br />

venera<strong>do</strong>s. Esse um <strong>do</strong>s maiores escolhos da ciência prática; dele trataremos mais<br />

adiante, com to<strong>do</strong>s os desenvolvimentos que tão importante assunto reclama, ao<br />

mesmo tempo que daremos a conhecer os meios de premonição contra o perigo das<br />

falsas comunicações.<br />

137. Instrutivas são as comunicações sérias cujo principal objeto consiste<br />

num ensinamento qualquer, da<strong>do</strong> pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a<br />

filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de<br />

desmaterialização <strong>do</strong> Espírito. Para se retirarem frutos reais dessas comunicações,<br />

preciso é que elas sejam regulares e continuadas com perseverança. Os Espíritos<br />

sérios se ligam aos que desejam instruir-se e lhes secundam os esforços, deixan<strong>do</strong><br />

aos Espíritos levianos a tarefa de divertirem os que em tais manifestações só vêem<br />

passageira distração. Unicamente pela regularidade e freqüência daquelas<br />

comunicações se pode apreciar o valor moral e intelectual <strong>do</strong>s Espíritos que as dão<br />

e a confiança que eles merecem. Se, para julgar os homens, se necessita de<br />

experiência, muito mais ainda é esta necessária, para se julgarem os Espíritos.<br />

Qualifican<strong>do</strong> de instrutivas as comunicações, supomo-las verdadeiras, pois o<br />

que não for verdadeiro não pode ser instrutivo, ainda que dito na mais imponente<br />

linguagem. Nessa categoria, não podemos, conseguintemente, incluir certos ensinos<br />

que de sério apenas têm a forma, muitas vezes empolada e enfática, com que os<br />

Espíritos que os ditam, mais presunçosos <strong>do</strong> que instruí<strong>do</strong>s, contam iludir os que os<br />

recebem.<br />

Mas, não poden<strong>do</strong> suprir a substância que lhes falta, são incapazes de<br />

sustentar por muito tempo o papel que procuram desempenhar. A breve trecho,<br />

traem-se, pon<strong>do</strong> a nu a sua fraqueza, desde que alguma seqüência tenham os seus<br />

dita<strong>do</strong>s, ou que eles sejam leva<strong>do</strong>s aos seus últimos redutos.<br />

l38. São variadíssimos os meios de comunicação. Atuan<strong>do</strong> sobre os nossos<br />

órgãos e sobre to<strong>do</strong>s os nossos senti<strong>do</strong>s, podem os Espíritos manifestar-se à nossa<br />

visão, por meio das aparições; ao nosso tato, por impressões tangíveis, visíveis ou<br />

ocultas; à audição pelos ruí<strong>do</strong>s; ao olfato por meio de o<strong>do</strong>res sem causa conhecida.<br />

Este último mo<strong>do</strong> de manifestação, se bem muito real, é, incontestavelmente, o mais<br />

incerto, pelas múltiplas causas que podem induzir em erro. Daí o nos não<br />

demorarmos em tratar dele. O que devemos examinar com cuida<strong>do</strong> são os diversos<br />

meios de se obterem comunicações, isto é, uma permuta regular e continuada de<br />

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pensamentos. Esses meios são: as pancadas, a palavra e a escrita. Estudá-losemos<br />

em capítulos especiais.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Capítulo X: Da Natureza da<br />

comunicações<br />

3.5. Das evocações: Da qualidade, da linguagem e de sua<br />

utilidade<br />

Considerações gerais<br />

269. Os Espíritos podem comunicar-se espontaneamente, ou acudir ao nosso<br />

chama<strong>do</strong>, isto é, vir por evocação. Pensam algumas pessoas que to<strong>do</strong>s devem<br />

abster-se de evocar tal ou tal Espírito e ser preferível que se espere aquele que<br />

queira comunicar-se.<br />

Fundam-se em que, chaman<strong>do</strong> determina<strong>do</strong> Espírito, não podemos ter a<br />

certeza de ser ele quem se apresente, ao passo que aquele que vem<br />

espontaneamente, de seu moto próprio, melhor prova a sua identidade, pois que<br />

manifesta assim o desejo que tem de se entreter conosco. Em nossa opinião, isso é<br />

um erro: primeiramente, porque há sempre em tomo de nós Espíritos, as mais das<br />

vezes de condição inferior, que outra coisa não querem senão comunicar-se; em<br />

segun<strong>do</strong> lugar e mesmo por esta última razão, não chamar a nenhum em particular<br />

é abrir a porta a to<strong>do</strong>s os que queiram entrar.<br />

Numa assembléia, não dar a palavra a ninguém é deixá-la livre a toda a gente<br />

e sabe-se o que daí resulta. A chamada direta de determina<strong>do</strong> Espírito constitui um<br />

laço entre ele e nós; chamamo-lo pelo nosso desejo e opomos assim uma espécie<br />

de barreira aos intrusos. Sem uma chamada direta, um Espírito nenhum motivo terá<br />

muitas vezes para vir confabular conosco, a menos que seja o nosso Espírito<br />

familiar.<br />

Cada uma destas duas maneiras de operar tem suas vantagens e nenhuma<br />

desvantagem haveria, senão na exclusão absoluta de uma delas. As comunicações<br />

espontâneas inconveniente nenhum apresentam, quan<strong>do</strong> se está senhor <strong>do</strong>s<br />

Espíritos e certo de não deixar que os maus tomem a dianteira. Então, é quase<br />

sempre bom aguardar a boa-vontade <strong>do</strong>s que se disponham a comunicar-se, porque<br />

nenhum constrangimento sofre o pensamento deles e dessa maneira se podem<br />

obter coisas admiráveis; entretanto, pode suceder que o Espírito por quem se chama<br />

não esteja disposto a falar, ou não seja capaz de fazê-lo no senti<strong>do</strong> deseja<strong>do</strong>. O<br />

exame escrupuloso, que temos aconselha<strong>do</strong>, é, aliás, uma garantia contra as<br />

comunicações más. Nas reuniões regulares, naquelas, sobretu<strong>do</strong>, em que se faz um<br />

trabalho continua<strong>do</strong>, há sempre Espíritos habituais que a elas comparecem, sem<br />

que sejam chama<strong>do</strong>s, por estarem preveni<strong>do</strong>s, em virtude mesmo da regularidade<br />

das sessões. Tomam, então, freqüentemente a palavra, de mo<strong>do</strong> espontâneo, para<br />

tratar de um assunto qualquer, desenvolver uma proposição ou prescrever o que se<br />

deva fazer, caso em que são facilmente reconhecíveis, quer pela forma da<br />

linguagem, que é sempre idêntica, quer pela escrita, quer por certos hábitos que<br />

lhes são peculiares.<br />

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270. Quan<strong>do</strong> se deseja comunicar com determina<strong>do</strong> Espírito, é de toda<br />

necessidade evocá-lo. (N. 203.) Se ele pode vir, a resposta é geralmente: Sim, ou<br />

Estou aqui, ou, ainda: Que quereis de mim? As vezes, entra diretamente em<br />

matéria, responden<strong>do</strong> de antemão às perguntas que se lhe queria dirigir.<br />

Quan<strong>do</strong> um Espírito é evoca<strong>do</strong> pela primeira vez, convém designá-lo com<br />

alguma precisão. Nas perguntas que se lhe façam, devem evitar-se as fórmulas<br />

secas e imperativas, que constituiriam para ele um motivo de afastamento. As<br />

fórmulas devem ser afetuosas, ou respeitosas, conforme o Espírito, e, em to<strong>do</strong>s os<br />

casos, cumpre que o evoca<strong>do</strong>r lhe dê prova da sua benevolência.<br />

271. Surpreende, não raro, a prontidão com que um Espírito evoca<strong>do</strong> se<br />

apresenta,, mesmo da primeira vez. Dir-se-ia que estava preveni<strong>do</strong>. E, com efeito, o<br />

que se dá, quan<strong>do</strong> com a sua evocação se preocupa de antemão aquele que o<br />

evoca. Essa preocupação é uma espécie de evocação antecipada e, como temos<br />

sempre conosco os nossos Espíritos familiares, que se identificam com o nosso<br />

pensamento, eles preparam o caminho de tal sorte que, se nenhum obstáculo surge,<br />

o Espírito que desejamos chamar já se acha presente ao ser evoca<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong><br />

assim não acontece, é o Espírito familiar <strong>do</strong> médium, ou o <strong>do</strong> interrogante, ou ainda<br />

um <strong>do</strong>s que costumam freqüentar as reuniões que o vai buscar, para o que não<br />

precisa de muito tempo. Se o Espírito evoca<strong>do</strong> não pode vir de pronto, o mensageiro<br />

(os Pagãos diriam Mercúrio) marca um prazo, às vezes de cinco minutos, um quarto<br />

de hora e até muitos dias. Logo que ele chega, diz: Aqui estou. Podem então<br />

começar a ser feitas as perguntas que se lhe quer dirigir.<br />

O mensageiro nem sempre é um intermediário indispensável, porquanto o<br />

Espírito pode ouvir diretamente o chama<strong>do</strong> <strong>do</strong> evoca<strong>do</strong>r, conforme ficou dito em o<br />

n.282, pergunta 5, sobre o mo<strong>do</strong> de transmissão <strong>do</strong> pensamento. Quan<strong>do</strong> dizemos<br />

que se faça a evocação em nome de Deus, queremos que a nossa recomendação<br />

seja tomada a sério e não levianamente. Os que nisso vejam o emprego de uma<br />

fórmula sem conseqüências farão melhor absten<strong>do</strong>-se.<br />

272. Freqüentemente, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns<br />

<strong>do</strong> que os dita<strong>do</strong>s espontâneos, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se trata de obter respostas<br />

precisas a questões circunstanciadas. Para isto, são necessários médiuns especiais,<br />

ao mesmo tempo flexíveis e positivos e já em o n. 193 vimos que estes últimos são<br />

bastante raros, por isso que, conforme dissemos, as relações fluídicas nem sempre<br />

se estabelecem instantaneamente com o primeiro Espírito que se apresente. Daí<br />

convir que os médiuns não se entreguem às evocações pormenorizadas, senão<br />

depois de estarem certos <strong>do</strong> desenvolvimento de suas faculdades e da natureza <strong>do</strong>s<br />

Espíritos que os assistem, visto que com os mal assisti<strong>do</strong>s as evocações nenhum<br />

caráter podem ter de autenticidade.<br />

273. Os médiuns são geralmente muito mais procura<strong>do</strong>s para as evocações<br />

de interesse particular, <strong>do</strong> que para comunicações de interesse geral; isto se explica<br />

pelo desejo muito natural que to<strong>do</strong>s têm de confabular com os entes que lhes são<br />

caros.<br />

Julgamos dever fazer a este propósito algumas recomendações importantes<br />

aos médiuns. Primeiramente que não acedam a esse desejo, senão com muita<br />

reserva, se se trata de pessoas de cuja sinceridade não estejam completamente<br />

seguros e que se acautelem das armadilhas que lhes possam preparar pessoas<br />

malfazejas. Em segun<strong>do</strong> lugar, que a tais evocações não se prestem, sob<br />

fundamento algum, se perceberem um fim de simples curiosidade, ou de interesse, e<br />

não uma intenção séria da parte <strong>do</strong> evoca<strong>do</strong>r; que se recusem a fazer qualquer<br />

pergunta ociosa, ou que sai <strong>do</strong> âmbito das que racionalmente se podem dirigir aos<br />

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espíritos. As perguntas devem ser formuladas com clareza, precisão e sem idéia<br />

preconcebida, em se queren<strong>do</strong> respostas categóricas. Cumpre, pois, se repilam<br />

todas as que tenham caráter insidioso, porquanto é sabi<strong>do</strong> que os Espíritos não<br />

gostam das que têm por objetivo pô-los à prova. Insistir em questões desta natureza<br />

é querer ser engana<strong>do</strong>.<br />

O evoca<strong>do</strong>r deve ferir franca e abertamente o ponto visa<strong>do</strong>, sem subterfúgios<br />

e sem circunlóquios. Se receia explicar-se, melhor será que se abstenha.<br />

Convém igualmente que só com muita prudência se façam evocações, na<br />

ausência das pessoas que as pediram, sen<strong>do</strong> mesmo preferível que não sejam<br />

feitas nessas condições, visto que somente aquelas pessoas se acham aptas a<br />

analisar as respostas, a julgar da identidade, a provocar esclarecimentos, se for<br />

oportuno, e a formular questões incidentes, que as circunstâncias indiquem. Além<br />

disso, a presença delas é um laço que atrai o Espírito, quase sempre pouco disposto<br />

a se comunicar com estranhos, que lhes não inspiram nenhuma simpatia. O<br />

médium, em suma, deve evitar tu<strong>do</strong> o que possa transformá-lo em agente de<br />

consultas, o que, aos olhos de muitas pessoas, é sinônimo de le<strong>do</strong>r da "buenadicha".<br />

Espíritos que podem ser evoca<strong>do</strong>s<br />

274. To<strong>do</strong>s os Espíritos, qualquer que seja o grau em que se encontrem na<br />

escala espiritual, podem ser evoca<strong>do</strong>s: assim os bons, como os maus, tanto os que<br />

deixaram a vida de pouco, como os que viveram nas épocas mais remotas, os que<br />

foram homens ilustres, como os mais obscuros, os nossos parentes e amigos, como<br />

os que nos são indiferentes. Isto, porém, não quer dizer que eles sempre queiram ou<br />

possam responder ao nosso chama<strong>do</strong>. Independente da própria vontade, ou da<br />

permissão, que lhes pode ser recusada por uma potência superior, é possível se<br />

achem impedi<strong>do</strong>s de o fazer, por motivos que nem sempre nos é da<strong>do</strong> conhecer.<br />

Queremos dizer que não há impedimento absoluto que se oponha às comunicações,<br />

salvo o que dentro em pouco diremos. Os obstáculos capazes de impedir que um<br />

Espírito se manifeste são quase sempre individuais e derivam das circunstâncias.<br />

275. Entre as causas que podem impedir a manifestação de um Espírito,<br />

umas lhe são pessoais e outras, estranhas. Entre as primeiras, devem colocar-se as<br />

ocupações ou as missões que esteja desempenhan<strong>do</strong> e das quais não pode afastarse,<br />

para ceder aos nossos desejos. Neste caso, sua visita apenas fica adiada.<br />

Há também a sua própria situação. Se bem que o esta<strong>do</strong> de encarnação não<br />

constitua obstáculo absoluto, pode representar um impedimento, em certas<br />

ocasiões, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> aquela se dá nos mun<strong>do</strong>s inferiores e quan<strong>do</strong> o próprio<br />

Espírito está pouco desmaterializa<strong>do</strong>. Nos mun<strong>do</strong>s superiores, naqueles em que os<br />

laços entre o Espírito e a matéria são muito fracos, a manifestação é quase tão fácil<br />

quanto no esta<strong>do</strong> errante, mais fácil, em to<strong>do</strong> caso, <strong>do</strong> que nos mun<strong>do</strong>s onde a<br />

matéria corpórea é mais compacta.<br />

As causas estranhas residem principalmente na natureza <strong>do</strong> médium, na da<br />

pessoa que evoca, no meio em que se faz a evocação, enfim, no objetivo que se<br />

tem em vista. Alguns médiuns recebem mais particularmente comunicações de seus<br />

Espíritos familiares, que podem ser mais ou menos eleva<strong>do</strong>s; outros se mostram<br />

aptos a servir de intermediários a to<strong>do</strong>s os Espíritos, dependen<strong>do</strong> isto da simpatia ou<br />

da antipatia, da atração ou da repulsão que o Espírito pessoal <strong>do</strong> médium exerce<br />

sobre o Espírito chama<strong>do</strong>, o qual pode tomá-lo por intérprete, com prazer, ou com<br />

repugnância. Isto também depende, abstração feita das qualidades íntimas <strong>do</strong><br />

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médium, <strong>do</strong> desenvolvimento da faculdade mediúnica. Os Espíritos vêm de melhor<br />

vontade e, sobretu<strong>do</strong>, são mais explícitos com um médium que lhes não oferece<br />

nenhum obstáculo material. Aliás, em igualdade de condições morais, quanto mais<br />

facilidade tenha o médium para escrever ou para se exprimir, tanto mais se<br />

generalizam suas relações com o mun<strong>do</strong> espírita.<br />

276. Cumpre ainda levar em conta a facilidade que deve resultar <strong>do</strong> hábito da<br />

comunicação com tal ou qual Espírito. Com o tempo, o Espírito estranho se identifica<br />

com o <strong>do</strong> médium e também com aquele que o chama. Posta de parte a questão da<br />

simpatia, entre eles se estabelecem relações fluídicas que tornam mais prontas as<br />

comunicações. Por isso é que uma primeira confabulação nem sempre é tão<br />

satisfatória quanto fora de desejar e que os próprios Espíritos pedem<br />

freqüentemente que os chamem de novo. O Espírito que vem habitualmente está<br />

como em sua casa: fica familiariza<strong>do</strong> com seus ouvintes e intérpretes, fala e age<br />

livremente.<br />

Linguagem de que se deve usar com os Espíritos<br />

280. O grau de superioridade ou inferioridade <strong>do</strong>s Espíritos indica<br />

naturalmente em que tom convém se lhes fale. É evidente que, quanto mais<br />

eleva<strong>do</strong>s eles sejam, tanto mais direito têm ao nosso respeito, às nossas atenções e<br />

à nossa submissão. Não lhes devemos demonstrar menos deferência <strong>do</strong> que lhes<br />

demonstraríamos, embora por outros motivos, se estivessem vivos. Na Terra,<br />

levaríamos em consideração a categoria e a posição social deles; no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Espíritos, o nosso respeito tem que ser motiva<strong>do</strong> pela superioridade moral de que<br />

desfrutam. A própria elevação que possuem os coloca acima das puerilidades das<br />

nossas fórmulas bajulatórias. Não é com palavras que se lhes pode captar a<br />

benevolência, mas pela sinceridade <strong>do</strong>s sentimentos. Seria, pois, ridículo estarmos a<br />

dar-lhes os títulos que os nossos usos consagram, para distinção das categorias, e<br />

que porventura lhes lisonjeariam a vaidade, quan<strong>do</strong> vivos. Se são realmente<br />

superiores, não somente nenhuma importância dão a esses títulos, como até lhes<br />

desagrada que os empreguemos. Um bom pensamento lhes é mais agradável <strong>do</strong><br />

que os mais elogiosos epítetos; se assim não fosse, eles não estariam acima da<br />

Humanidade.<br />

O Espírito de venerável eclesiástico, que foi na Terra um príncipe da Igreja,<br />

homem de bem, praticante da lei de Jesus, respondeu certa vez a alguém que o<br />

evocara dan<strong>do</strong>-lhe o título de Monsenhor: "Deveras, ao menos, dizer: ex-Monsenhor,<br />

porquanto aqui um só Senhor há - Deus. Fica saben<strong>do</strong>: muitos vejo, que na Terra se<br />

ajoelhavam na minha presença, diante <strong>do</strong>s quais hoje me inclino."<br />

Quanto aos Espíritos inferiores, o caráter que revelam nos traça a linguagem<br />

de que devemos usar para com eles. Há os que, embora inofensivos e até<br />

delica<strong>do</strong>s, são levianos, ignorantes, estouva<strong>do</strong>s. Dar-lhes tratamento igual ao que<br />

dispensamos aos Espíritos sérios, como o fazem certas pessoas, o mesmo fora que<br />

nos inclinarmos diante de um colegial, ou diante de um asno que trouxesse barrete<br />

de <strong>do</strong>utor. O tom de familiaridade não seria descabi<strong>do</strong> entre eles, que por isso não<br />

se formalizam; ao contrário, acolhem-no de muito boa vontade.<br />

Entre os Espíritos inferiores, muitos há que são infelizes. Quaisquer que<br />

sejam as faltas que estejam expian<strong>do</strong>, seus sofrimentos constituem títulos tanto<br />

maiores à nossa comiseração, quanto é certo que ninguém pode lisonjear-se de lhe<br />

não caberem estas palavras <strong>do</strong> Cristo: "Atire a primeira pedra aquele que estiver<br />

sem peca<strong>do</strong>." A benignidade que lhe testemunhemos representa para eles um alivio.<br />

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Em falta de simpatia, precisam encontrar em nós a indulgência que desejaríamos<br />

tivessem conosco.<br />

Os Espíritos que revelam a sua inferioridade pelo cinismo da linguagem, pelas<br />

mentiras, pela baixeza <strong>do</strong>s sentimentos, pela perfídia <strong>do</strong>s conselhos, são,<br />

indubitavelmente, menos dignos <strong>do</strong> nosso interesse, <strong>do</strong> que aqueles cujas palavras<br />

atestam o seu arrependimento; mas, pelo menos, devemo-lhes a piedade que nos<br />

inspiram os maiores criminosos e o meio de os reconduzirmos ao silêncio consiste<br />

em nos mostrarmos superiores a eles, que não confiam senão nas pessoas de quem<br />

julgam nada terem que temer, porquanto os Espíritos perversos sentem que os<br />

homens de bem, como os Espíritos eleva<strong>do</strong>s, são seus superiores.<br />

Em resumo, tão irreverente seria tratarmos de igual para igual os Espíritos<br />

superiores, quanto ridículo seria dispensarmos a to<strong>do</strong>s, sem exceção, a mesma<br />

deferência. Tenhamos veneração para os que a merecem, reconhecimento para os<br />

que nos protegem e nos assistem e, para to<strong>do</strong>s os demais, a benignidade de que<br />

talvez um dia venhamos a necessitar. Penetran<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> incorpóreo,<br />

aprendemos a conhecê-lo e esse conhecimento nos deve guiar em nossas relações<br />

com os que o habitam. Os Antigos, na sua ignorância, levantaram-lhes altares; para<br />

nós, eles são apenas criaturas mais ou menos perfeitas, e altares só a Deus se<br />

levantam.<br />

Utilidade das evocações particulares<br />

281. As comunicações que se obtêm <strong>do</strong>s Espíritos muito eleva<strong>do</strong>s, ou <strong>do</strong>s<br />

que animaram grandes personagens da antigüidade, são preciosas, pelos altos<br />

ensinamentos que encerram. Esses Espíritos conquistaram um grau de perfeição<br />

que lhes permite abranger muito mais extenso campo de idéias, penetrar mistérios<br />

que escapam ao alcance vulgar da Humanidade e, por conseguinte, iniciar-nos<br />

melhor <strong>do</strong> que outros em certas coisas. Não se segue daí sejam inúteis as<br />

comunicações <strong>do</strong>s Espíritos de ordem menos elevada. Delas muita instrução colhe o<br />

observa<strong>do</strong>r. Para se conhecerem os costumes de um povo, mister se faz estudá-lo<br />

em to<strong>do</strong>s os graus da escala. Mal o conhece quem não o tenha visto senão por uma<br />

face. A história de um povo não é a <strong>do</strong>s seus reis, nem a das suas sumidades<br />

sociais; para julgá-lo, é preciso vê-lo na vida íntima, nos hábitos particulares.<br />

Ora, os Espíritos superiores são as sumidades <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> espírita; a própria<br />

elevação em que se acham os coloca de tal mo<strong>do</strong> acima de nós, que nos aterra a<br />

distância a que deles estamos. Espíritos mais burgueses (que se nos relevem esta<br />

expressão) nos tornam mais palpáveis as circunstâncias da nova existência em que<br />

se encontram. Neles, a ligação entre a vida corpórea e a vida espírita é mais íntima,<br />

compreendemo-la melhor, porque ela nos toca mais de perto. Aprenden<strong>do</strong>, pelo que<br />

eles nos dizem, em que se tornaram, o que pensam e o que experimentam os<br />

homens de todas as condições e de to<strong>do</strong>s os caracteres, assim os de bem como os<br />

viciosos, os grandes e os pequenos, os ditosos e os desgraça<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século, numa<br />

palavra. os que viveram entre nós, os que vimos e conhecemos, os de quem<br />

sabemos a vida real, as virtudes e os erros, bem lhes compreendemos as alegrias e<br />

os sofrimentos, a umas e outros nos associamos e destes e daquelas tiramos um<br />

ensinamento moral, tanto mais proveitoso, quanto mais estreitas forem as nossas<br />

relações com eles. Mais facilmente nos pomos no lugar daquele que foi nosso igual,<br />

<strong>do</strong> que no de outro que apenas divisamos através da miragem de uma glória<br />

celestial. Os Espíritos vulgares nos mostram a aplicação prática das grandes e<br />

sublimes verdades, cuja teoria os Espíritos superiores nos ministram. Aliás, no<br />

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estu<strong>do</strong> de uma ciência, nada é inútil. Newton achou a lei das forças <strong>do</strong> Universo, no<br />

mais simples <strong>do</strong>s fenômenos.<br />

A evocação <strong>do</strong>s Espíritos vulgares tem, além disso, a vantagem de nos pôr<br />

em contacto com Espíritos sofre<strong>do</strong>res, que podemos aliviar e cujo adiantamento<br />

podemos facilitar, por meio de bons conselhos. To<strong>do</strong>s, pois, nos podemos tomar<br />

úteis, ao mesmo tempo que nos instruímos. Há egoísmo naquele que somente a sua<br />

própria satisfação procura nas manifestações <strong>do</strong>s Espíritos, e dá prova de orgulho<br />

aquele que deixa de estender a mão em socorro <strong>do</strong>s desgraça<strong>do</strong>s. De que lhe serve<br />

obter delas comunicações de Espíritos de escol, se isso não o faz melhor para<br />

consigo mesmo, nem mais cari<strong>do</strong>so e benévolo para com seus irmãos deste mun<strong>do</strong><br />

e <strong>do</strong> outro? Que seria <strong>do</strong>s pobres <strong>do</strong>entes, se os médicos se recusassem a lhes<br />

tocar as chagas?<br />

282. Questões sobre as evocações<br />

1ª Pode alguém, sem ser médium, evocar os Espíritos?<br />

"Toda gente pode evocar os Espíritos e, se aqueles que evocares não<br />

puderem manifestar-se materialmente, nem por isso deixarão de estar junto de ti e<br />

de te escutar."<br />

2ª O Espírito evoca<strong>do</strong> atende sempre ao chama<strong>do</strong> que se lhe dirige?<br />

"Isso depende das condições em que se encontre, porquanto há<br />

circunstâncias em que não o pode fazer."<br />

3ª Quais as causas que podem impedir atenda um Espírito ao nosso<br />

chama<strong>do</strong>?<br />

"Em primeiro lugar, a sua própria vontade; depois, o seu esta<strong>do</strong> corporal, se<br />

se acha encarna<strong>do</strong>, as missões de que esteja encarrega<strong>do</strong>, ou ainda o lhe ser, para<br />

isso, negada permissão.<br />

"Há Espíritos que nunca podem comunicar-se: os que, por sua natureza,<br />

ainda pertencem a mun<strong>do</strong>s inferiores a Terra. Tão pouco o podem os que se acham<br />

nas esferas de punição, a menos que especial permissão lhes seja dada, com um<br />

fim de utilidade geral. Para que um Espírito possa comunicar-se, preciso é tenha<br />

alcança<strong>do</strong> o grau de adiantamento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> onde o chamam, pois, <strong>do</strong> contrário,<br />

estranho que ele é às idéias desse mun<strong>do</strong>, nenhum ponto de comparação terá para<br />

se exprimir. O mesmo já não se dá com os que estão em missão, ou em expiação,<br />

nos mun<strong>do</strong>s inferiores. Esses têm as idéias necessárias para responder ao<br />

chama<strong>do</strong>."<br />

4ª Por que motivo pode a um Espírito ser negada permissão para se<br />

comunicar?<br />

"Pode ser uma prova, ou uma punição, para ele, ou para aquele que o<br />

chama."<br />

5ª Como podem os Espíritos, dispersos pelo espaço ou pelos diferentes<br />

mun<strong>do</strong>s, ouvir as evocações que lhes são dirigidas de to<strong>do</strong>s os pontos <strong>do</strong> Universo?<br />

"Muitas vezes são preveni<strong>do</strong>s pelos Espíritos familiares que vos cercam e que<br />

os vão procurar. Porém, aqui se passa um fenômeno difícil de vos ser explica<strong>do</strong><br />

porque ainda não podeis compreender o mo<strong>do</strong> de transmissão <strong>do</strong> pensamento entre<br />

os Espíritos. O que te posso afirmar é que o Espírito evoca<strong>do</strong>, por muito afasta<strong>do</strong><br />

que esteja, recebe, por assim dizer, o choque <strong>do</strong> pensamento como uma espécie de<br />

comoção elétrica que lhe chama a atenção para o la<strong>do</strong> de onde vem o pensamento<br />

que o atinge.<br />

Pode dizer-se que ele ouve o pensamento, como na Terra ouves a voz."<br />

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a) Será o flui<strong>do</strong> universal o veículo <strong>do</strong> pensamento, como o ar o é <strong>do</strong> som?<br />

"Sim, com a diferença de que o som não pode fazer-se ouvir senão dentro de<br />

um espaço muito limita<strong>do</strong>, enquanto que o pensamento alcança o infinito. O Espírito,<br />

no Além, é como o viajante que, em meio de vasta planície, ouvin<strong>do</strong> pronunciar o<br />

seu nome, se dirige para o la<strong>do</strong> de onde o chamam."<br />

6ª Sabemos que as distâncias nada são para os Espíritos; contu<strong>do</strong>, causa<br />

espanto ver que respondem tão prontamente ao chama<strong>do</strong>, como se estivessem<br />

muito perto.<br />

"É que, com efeito, às vezes, o estão. Se a evocação é premeditada, o<br />

Espírito se acha de antemão preveni<strong>do</strong> e freqüentemente se encontra no lugar onde<br />

o vão evocar, antes que o chamem."<br />

7ª Dar-se-á que o pensamento <strong>do</strong> evoca<strong>do</strong>r seja mais ou menos facilmente<br />

percebi<strong>do</strong>, conforme as circunstâncias?<br />

"Sem dúvida alguma. O Espírito é mais vivamente atingi<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> chama<strong>do</strong><br />

por um sentimento de simpatia e de bondade. É como uma voz amiga que ele<br />

reconhece. A não se dar isso, acontece com freqüência que a evocação nenhum<br />

efeito produz. O pensamento que se desprende da evocação toca o Espírito; se é<br />

mal dirigi<strong>do</strong>, perde-se no vácuo. Dá-se com os Espíritos o que se dá com os<br />

homens; se aquele que os chama lhes é indiferente ou antipático, podem ouvi-lo,<br />

porém, as mais das vezes, não o atendem."<br />

8ª O Espírito evoca<strong>do</strong> vem espontaneamente, ou constrangi<strong>do</strong>?<br />

"Obedece à vontade de Deus, isto é, à lei geral que rege o Universo. Todavia,<br />

a palavra constrangi<strong>do</strong> não se ajusta ao caso, porquanto o Espírito julga da utilidade<br />

de vir, ou deixar de vir. Ainda aí exerce o livre-arbítrio. O Espírito superior vem<br />

sempre que chama<strong>do</strong> com um fim útil; não se nega a responder, senão a pessoas<br />

pouco sérias e que tratam destas coisas por divertimento."<br />

9ª Pode o Espírito evoca<strong>do</strong> negar-se a atender ao chama<strong>do</strong> que lhe é<br />

dirigi<strong>do</strong>?<br />

"Perfeitamente; onde estaria o seu livre-arbítrio, se assim não fosse? Pensais<br />

que to<strong>do</strong>s os seres <strong>do</strong> Universo estão às vossas ordens? Vós mesmos vos<br />

considerais obriga<strong>do</strong>s a responder a to<strong>do</strong>s os que vos pronunciam os nomes?<br />

Quan<strong>do</strong> digo que o Espírito pode recusar-se, refiro-me ao pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> evoca<strong>do</strong>r, visto<br />

que um Espírito inferior pode ser constrangi<strong>do</strong> a vir, por um Espírito superior."<br />

10ª Haverá, para o evoca<strong>do</strong>r, meio de constranger um Espírito a vir, a seu<br />

mau gra<strong>do</strong>?<br />

"Nenhum, desde que o Espírito lhe seja igual, ou superior, em moralidade.<br />

Digo - em moralidade e não em inteligência, porque, então, nenhuma autoridade tem<br />

o evoca<strong>do</strong>r sobre ele. Se lhe é inferior, o evoca<strong>do</strong>r pode consegui-lo, desde que seja<br />

para bem <strong>do</strong> Espírito, porque, nesse caso, outros Espíritos o secundarão." (N. 279.)<br />

11ª Haverá inconveniente em se evocarem Espíritos inferiores e será de<br />

temer que, chaman<strong>do</strong>-os, o evoca<strong>do</strong>r lhes fique sob o <strong>do</strong>mínio?<br />

"Eles não <strong>do</strong>minam senão os que se deixam <strong>do</strong>minar. Aquele que é assisti<strong>do</strong><br />

por bons Espíritos nada tem que temer. Impõe-se aos Espíritos inferiores e não<br />

estes a ele. Isola<strong>do</strong>s, os médiuns, sobretu<strong>do</strong> os que começam, devem abster-se de<br />

tais evocações. (N. 278.)<br />

12ª Serão necessárias algumas disposições especiais para as evocações?<br />

"A mais essencial de todas as disposições é o recolhimento, quan<strong>do</strong> se<br />

deseja entrar em comunicação com Espíritos sérios. Com fé e com o desejo <strong>do</strong> bem,<br />

tem-se mais força para evocar os Espíritos superiores. Elevan<strong>do</strong> sua alma, por<br />

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alguns instantes de recolhimento, quan<strong>do</strong> da evocação, o evoca<strong>do</strong>r se identifica com<br />

os bons Espíritos e os dispõe a virem."<br />

13ª Para as evocações, é preciso fé?<br />

"A fé em Deus, sim; para o mais, a fé virá, se desejardes o bem e tiverdes o<br />

propósito de instruir-vos."<br />

14ª Reuni<strong>do</strong>s em comunhão de pensamentos e de intenções, dispõem os<br />

homens de mais poder para evocar os Espíritos?<br />

"Quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s estão reuni<strong>do</strong>s pela caridade e para o bem, grandes coisas<br />

alcançam. Nada mais prejudicial ao resulta<strong>do</strong> das evocações <strong>do</strong> que a divergência<br />

de idéias."<br />

15ª Será conveniente a precaução de se formar cadeia, dan<strong>do</strong>-se to<strong>do</strong>s as<br />

mãos, alguns minutos antes de começar a reunião?<br />

"A cadeia é um meio material, que não estabelece entre vós a união, se esta<br />

não existe nos pensamentos; mais conveniente <strong>do</strong> que isso é unirem-se to<strong>do</strong>s por<br />

um pensamento comum, chaman<strong>do</strong> cada um, de seu la<strong>do</strong>, os bons Espíritos. Não<br />

imaginais o que se pode obter numa reunião séria, de onde se haja bani<strong>do</strong> to<strong>do</strong><br />

sentimento de orgulho e de personalismo e onde reine perfeito o de mútua<br />

cordialidade."<br />

16ª São preferíveis as e vocações em dias e horas determina<strong>do</strong>s?<br />

"Sim e, se for possível, no mesmo lugar: os Espíritos ai acorrem com mais<br />

satisfação. O desejo constante que tendes é que auxilia os Espíritos a se porem em<br />

comunicação convosco. Eles têm ocupações, que não podem deixar de improviso,<br />

para satisfação vossa pessoal. Digo no mesmo lugar, mas não julgueis que isso<br />

deva constituir uma obrigação absoluta, porquanto os Espíritos vão a toda parte.<br />

Quero dizer que um lugar consagra<strong>do</strong> às reuniões é preferível, porque o<br />

recolhimento se faz mais perfeito."<br />

17ª Certos objetos, como medalhas e talismãs, têm a propriedade de atrair ou<br />

repelir os Espíritos conforme pretendem alguns?<br />

"Esta pergunta era escusada, porquanto bem sabes que a matéria nenhuma<br />

ação exerce sobre os Espíritos. Fica bem certo de que nunca um bom Espírito<br />

aconselhará semelhantes absurdidades. A virtude <strong>do</strong>s talismãs, de qualquer<br />

natureza que sejam, jamais existiu, senão, na imaginação das pessoas crédulas."<br />

18ª Que se deve pensar <strong>do</strong>s Espíritos que marcam encontros em lugares<br />

lúgubres e a horas indevidas?<br />

"Esses Espíritos se divertem à custa <strong>do</strong>s que lhes dão ouvi<strong>do</strong>s. E sempre<br />

inútil e não raro perigoso ceder a tais sugestões: inútil, porque nada absolutamente<br />

se ganha em ser mistifica<strong>do</strong>; perigoso, não pelo mal que possam fazer os Espíritos,<br />

mas pela influência que isso pode ter sobre cérebros fracos."<br />

19ª Haverá dias e horas mais propícias para as evocações?<br />

"Para os Espíritos, isso é completamente indiferente, como tu<strong>do</strong> o que é<br />

material, e fora superstição acreditar-se na influência <strong>do</strong>s dias e das horas. Os<br />

momentos mais propícios são aqueles em que o evoca<strong>do</strong>r possa estar menos<br />

distraí<strong>do</strong> pelas suas ocupações habituais, em que se ache mais calmo de corpo e de<br />

espírito."<br />

20ª Para os Espíritos, a evocação é coisa agradável ou penosa? Eles vêm de<br />

boa-vontade, quan<strong>do</strong> chama<strong>do</strong>s?<br />

"Isso depende <strong>do</strong> caráter deles e <strong>do</strong> motivo com que são chama<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong><br />

é louvável o objetivo e quan<strong>do</strong> o meio lhes é simpático, a evocação constitui para<br />

eles coisa agradável e mesmo atraente; os Espíritos se sentem sempre ditosos com<br />

a afeição que se lhes demonstre. Alguns há para os quais representa grande<br />

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felicidade se comunicarem com os homens e que sofrem com o aban<strong>do</strong>no em que<br />

são deixa<strong>do</strong>s. Mas, como já disse, isto igualmente depende <strong>do</strong>s caracteres deles.<br />

Entre os Espíritos, também há misantropos, que não gostam de ser incomoda<strong>do</strong>s e<br />

cujas respostas se ressentem <strong>do</strong> mau humor em que vivem, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong><br />

chama<strong>do</strong>s por pessoas que lhes são indiferentes, pelas quais não se interessam.<br />

Um Espírito nenhum motivo tem, muitas vezes, para atender ao chama<strong>do</strong> de um<br />

desconheci<strong>do</strong>, que lhe é indiferente e que quase sempre tem a inspirá-lo a<br />

curiosidade. Se vem, suas aparições, em geral, são curtas, a menos que a evocação<br />

vise a um fim sério e instrutivo."<br />

NOTA. Há pessoas que só evocam seus parentes para lhes perguntar as<br />

coisas mais vulgares da vida material, por exemplo: um, para saber se alugará ou<br />

venderá sua casa; outro, para saber que lucro tirará da sua merca<strong>do</strong>ria, o lugar em<br />

que há dinheiro escondi<strong>do</strong>, se tal negócio será ou não vantajoso. Nossos parentes<br />

de além-túmulo por nós só se interessam em virtude da afeição que lhes<br />

consagremos. Se os nossos pensamentos, com relação a eles, se limitam a supô-los<br />

feiticeiros, se neles só pensamos para lhes pedir informações, é claro que não nos<br />

podem ter grande simpatia e ninguém deve surpreender-se com a pouca<br />

benevolência que lhes demonstrem.<br />

21ª Alguma diferença há entre os bons e os maus Espíritos, pelo que toca à<br />

solicitude com que atendam ao nosso chama<strong>do</strong>?<br />

"Uma bem grande há: os maus Espíritos não vêm de boa-vontade, senão<br />

quan<strong>do</strong> contam <strong>do</strong>minar e enganar; experimentam viva contrariedade, quan<strong>do</strong><br />

força<strong>do</strong>s a vir, para confessarem suas faltas, e outra coisa não procuram senão ir-se<br />

embora, como um colegial a quem se chama para repreendê-lo. Podem a isso ser<br />

constrangi<strong>do</strong>s por Espíritos superiores, como castigo e para instrução <strong>do</strong>s<br />

encama<strong>do</strong>s. A evocação é penosa para os bons Espíritos, quan<strong>do</strong> são chama<strong>do</strong>s<br />

inutilmente, para futilidades. Então, ou não vêm, ou se retiram logo.<br />

"Podeis dizer que, em princípio, os Espíritos, quaisquer que eles sejam, não<br />

gostam, exatamente como vós, de servir de distração a curiosos, Freqüentemente,<br />

outro fim não tendes, evocan<strong>do</strong> um Espírito, senão ver o que ele vos dirá ou<br />

interrogá-lo sobre particularidades de sua vida, que ele não deseja dar-vos a<br />

conhecer, porque nenhum motivo tem para vos fazer confidências. Julgais que ele<br />

se vá colocar na berlinda, somente para vos dar prazer? Desenganai-vos; o que ele<br />

não faria em vida não fará tampouco como Espírito."<br />

NOTA. A experiência, com efeito, prova que a evocação é sempre agradável<br />

aos Espíritos, quan<strong>do</strong> feita com fim sério e útil. Os bons vêm prazerosamente<br />

instruir-nos; os que sofrem encontram alivio na simpatia que se lhes demonstra; os<br />

que conhecemos ficam satisfeitos com o se saberem lembra<strong>do</strong>s, os levianos gostam<br />

de ser evoca<strong>do</strong>s pelas pessoas frívolas, porque isso lhes proporciona ensejo de se<br />

divertirem à custa delas; sentem-se pouco à vontade com pessoas graves.<br />

22ª Para se manifestarem, têm sempre os Espíritos necessidade de ser<br />

evoca<strong>do</strong>s?<br />

"Não; muito freqüentemente, eles se apresentam sem serem chama<strong>do</strong>s, o<br />

que prova que vêm de boa-vontade."<br />

23ª Quan<strong>do</strong> um Espírito se apresenta por si mesmo, pode-se estar certo da<br />

sua identidade?<br />

"De maneira alguma, porquanto os Espíritos engana<strong>do</strong>res empregam amiúde<br />

esse meio, para melhor mistificarem."<br />

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24ª Quan<strong>do</strong> se evoca pelo pensamento o Espírito de uma pessoa, esse<br />

Espírito vem, ainda mesmo que não haja manifestação pela escrita, ou de outro<br />

mo<strong>do</strong>?<br />

"A escrita é um meio material, para o Espírito, de atestar a sua presença, mas<br />

o pensamento é que o atrai e não o fato da escrita."<br />

25ª Quan<strong>do</strong> se manifeste um Espírito inferior, poder-se-á obrigá-lo a retirarse?<br />

"Sim, não se lhe dan<strong>do</strong> atenção. Mas, como quereis que se retire, quan<strong>do</strong> vos<br />

divertis com as torpezas? Os Espíritos inferiores se ligam aos que os escutam com<br />

complacência, como os tolos entre vós."<br />

26ª A evocação feita em nome de Deus é uma garantia contra a imiscuência<br />

<strong>do</strong>s maus Espíritos?<br />

"O nome de Deus não constitui freio para to<strong>do</strong>s os Espíritos, mas contém<br />

muitos deles; por esse meio, sempre afastareis alguns e muitos mais afastareis, se<br />

ela for feita <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> coração e não como fórmula banal."<br />

27ª Poder-se-á evocar nominativamente muitos Espíritos ao mesmo tempo?<br />

"Não há nisso dificuldade alguma e, se tivésseis três ou quatro mãos para<br />

escrever, três ou quatro Espíritos vos responderam ao mesmo tempo; é o que ocorre<br />

se se dispõe de muitos médiuns."<br />

28ª Quan<strong>do</strong> muitos Espíritos são evoca<strong>do</strong>s simultaneamente, não haven<strong>do</strong><br />

mais de um médium, qual o que responde?<br />

"Um deles responde por to<strong>do</strong>s e exprime o pensamento coletivo."<br />

29ª Poderia o mesmo Espírito comunicar-se, simultaneamente, durante uma<br />

sessão, por <strong>do</strong>is médiuns diferentes?<br />

"Tão facilmente quanto, entre vós, os que ditam várias cartas ao mesmo<br />

tempo."<br />

NOTA. Vimos um Espírito responder, servin<strong>do</strong>-se de <strong>do</strong>is médiuns ao mesmo<br />

tempo, às perguntas que lhe eram dirigidas, por um em francês, por outro em inglês,<br />

sen<strong>do</strong> idênticas as respostas quanto ao senti<strong>do</strong>; algumas até eram a tradução literal<br />

de outras.<br />

Dois Espíritos, evoca<strong>do</strong>s simultaneamente por <strong>do</strong>is médiuns, podem travar<br />

entre si uma conversação. Sem que este mo<strong>do</strong> de comunicação lhes seja<br />

necessário, pois que reciprocamente um lê os pensamentos <strong>do</strong> outro, eles se<br />

prestam a isso, algumas vezes, para nossa instrução. Se são Espíritos inferiores,<br />

como ainda estão imbuí<strong>do</strong>s das paixões terrenas e das idéias corpóreas, pode<br />

acontecer que disputem e se apostrofem com palavras pesadas, que se reprochem<br />

mutuamente os erros e até que atirem os lápis, as cestas, as pranchetas, etc., um<br />

contra o outro.<br />

30ª Pode o Espírito, simultaneamente evoca<strong>do</strong> em muitos pontos, responder<br />

ao mesmo tempo às perguntas que lhe são dirigidas?<br />

"Pode, se for um Espírito eleva<strong>do</strong>."<br />

a) Nesse caso, o Espírito se divide ou tem o <strong>do</strong>m da ubiqüidade?<br />

"O Sol é um só e, no entanto, irradia ao seu derre<strong>do</strong>r, levan<strong>do</strong> longe seus<br />

raios, sem se dividir. Do mesmo mo<strong>do</strong>, os Espíritos. O pensamento <strong>do</strong> Espírito é<br />

como uma centelha que projeta longe a sua claridade e pode ser vista de to<strong>do</strong>s os<br />

pontos <strong>do</strong> horizonte. Quanto mais puro é o Espírito tanto mais o seu pensamento se<br />

irradia e se estende, como a luz. Os Espíritos inferiores são muito materiais; não<br />

podem responder senão a uma única pessoa de cada vez, nem vir a um lugar, se<br />

são chama<strong>do</strong>s em outro.<br />

"Um Espírito superior, chama<strong>do</strong> ao mesmo tempo em pontos diferentes,<br />

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responderá a ambas as evocações, se forem ambas sérias e fervorosas. No<br />

caso contrário, dá preferência à mais séria."<br />

NOTA. É o que sucede com um homem que, sem mudar de lugar, pode<br />

transmitir seu pensamento por meio de sinais perceptíveis de diferentes la<strong>do</strong>s.<br />

Numa sessão da Sociedade Parisiense de Estu<strong>do</strong>s <strong>Espírita</strong>s, em a qual fora<br />

discutida a questão da ubiqüidade, um Espírito ditou espontaneamente a<br />

comunicação seguinte:<br />

"Inquiríeis esta noite qual a hierarquia <strong>do</strong>s Espíritos, no tocante à ubiqüidade.<br />

Comparai-vos a um aeróstato que se eleva pouco a pouco nos ares. Enquanto ele<br />

rasteja na terra, só os que estão dentro de um pequeno círculo o podem perceber; à<br />

medida que se eleva, o círculo se lhe alarga e, em chegan<strong>do</strong> a certa altura, se torna<br />

visível a uma infinidade de pessoas. É o que se dá conosco; um mau Espírito, que<br />

ainda se acha preso à Terra, permanece num círculo restrito, entre as pessoas que<br />

o vêem. Suba ele na graça, melhore-se e poderá conversar com muitas pessoas.<br />

Quan<strong>do</strong> se haja torna<strong>do</strong> Espírito superior, pode irradiar como a luz <strong>do</strong> Sol, mostrarse<br />

a muitas pessoas e em muitos lugares ao mesmo tempo." - CHANNING.<br />

31ª Podem ser evoca<strong>do</strong>s os puros Espíritos, os que hão termina<strong>do</strong> a série de<br />

suas encarnações?<br />

"Podem, mas muito raramente atenderão. Eles só se comunicam com os de<br />

coração puro e sincero e não com os orgulhosos e egoístas. Por isso mesmo, é<br />

preciso desconfiar <strong>do</strong>s Espíritos inferiores que alardeiam essa qualidade, para se<br />

darem importância aos vossos olhos."<br />

32ª Como é que os Espíritos <strong>do</strong>s homens mais ilustres acodem tão facilmente<br />

e tão familiarmente ao chama<strong>do</strong> <strong>do</strong>s homens mais obscuros?<br />

"Os homens julgam por si os Espíritos, o que é um erro. Após a morte <strong>do</strong><br />

corpo, as categorias terrenas deixam de existir. Só a bondade estabelece distinção<br />

entre eles e os que são bons vão a toda parte onde haja um bem a fazer-se."<br />

33ª Quanto tempo deve decorrer, depois da morte, para que se possa evocar<br />

um Espírito?<br />

"Podeis fazê-lo no instante mesmo da morte; mas, como nesse momento o<br />

Espírito ainda está em perturbação, só muito imperfeitamente responde,"<br />

NOTA. Sen<strong>do</strong> variável o tempo que dura a perturbação, não pode haver prazo<br />

fixo para fazer-se a evocação. Entretanto, é raro que, ao cabo de oito dias, o Espírito<br />

já não tenha conhecimento <strong>do</strong> seu esta<strong>do</strong>, para poder responder. Algumas vezes,<br />

isso lhe é possível <strong>do</strong>is ou três dias depois da morte, em to<strong>do</strong>s os casos se pode<br />

experimentar com prudência.<br />

34ª A evocação, no momento da morte, é mais penosa para o Espírito <strong>do</strong> que<br />

algum tempo depois?<br />

"Algumas vezes. É como se vos arrancassem ao sono, antes que estivésseis<br />

completamente acorda<strong>do</strong>s. Alguns há, todavia, que de nenhum mo<strong>do</strong> se contrariam<br />

com isso e aos quais a evocação ato ajuda a sair da perturbação."<br />

35ª Como pode o Espírito de uma criança, que morreu em tenra idade,<br />

responder com conhecimento de causa, se, quan<strong>do</strong> viva, ainda não tinha<br />

consciência de si mesma?<br />

"A alma da criança é um Espírito ainda envolto nas faixas da matéria; porém,<br />

desprendi<strong>do</strong> desta, goza de suas faculdades de Espírito, porquanto os Espíritos não<br />

têm idade, o que prova que o da criança já viveu. Entretanto, até que se ache<br />

completamente desliga<strong>do</strong> da matéria, pode conservar, na linguagem, traços <strong>do</strong><br />

caráter da criança."<br />

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NOTA. A influência corpórea, que se faz sentir, por mais ou menos tempo,<br />

sobre o Espírito da criança, igualmente é notada, às vezes, no Espírito <strong>do</strong>s que<br />

morreram em esta<strong>do</strong> de loucura. O Espírito, em si mesmo, não é louco; sabe-se,<br />

porém, que certos Espíritos julgam, durante algum tempo, que ainda pertencem a<br />

este mun<strong>do</strong>.<br />

Não é, pois, de admirar que, no louco, o Espírito ainda se ressinta <strong>do</strong>s<br />

entraves que, durante a vida, se opunham à livre manifestação de seus<br />

pensamentos, até que se encontre completamente desprendi<strong>do</strong> da matéria, Este<br />

efeito varia, conforme as causas da loucura, porquanto há loucos que, logo depois<br />

da morte, recobram toda a sua lucidez.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Capítulo 25. FEB 1995.<br />

3.6. DAS PERGUNTAS QUE SE PODEM FAZER AOS<br />

ESPÍRITOS<br />

Observações preliminares<br />

286. Nunca será excessiva a importância que se dê à maneira de formular as<br />

perguntas e, ainda mais, à natureza das perguntas. Duas coisas se devem<br />

considerar nas que se dirigem aos Espíritos: a forma e o fun<strong>do</strong>. Pelo que toca à<br />

forma, devem ser redigidas com clareza e precisão, evitan<strong>do</strong> as questões<br />

complexas. Mas, outro ponto há não menos importante: a ordem que deve presidir à<br />

disposição das perguntas. Quan<strong>do</strong> um assunto reclama uma série delas, é essencial<br />

que se encadeiem com méto<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> a decorrerem naturalmente umas das<br />

outras. Os Espíritos, nesse caso, respondem muito mais facilmente e mais<br />

claramente, <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> elas se sucedem ao acaso, passan<strong>do</strong>, sem transição, de<br />

um assunto para outro. Esta a razão por que é sempre muito conveniente preparálas<br />

de antemão, salvo o direito de, durante a sessão, intercalar as que as<br />

circunstâncias tornem necessárias. Além de que a redação será melhor, quan<strong>do</strong><br />

feita prévia e descansadamente, esse trabalho preparatório constitui, como já o<br />

dissemos, uma espécie de evocação antecipada, a que pode o Espírito ter assisti<strong>do</strong><br />

e que o dispõe a responder. E de notar-se que muito freqüentemente o Espírito<br />

responde por antecipação a algumas perguntas, o que prova que já as conhecia.<br />

O fun<strong>do</strong> da questão exige atenção ainda mais séria, porquanto é, muitas<br />

vezes, a natureza da pergunta que provoca uma resposta exata ou falsa. Algumas<br />

há a que os Espíritos não podem ou não devem responder, por motivos que<br />

desconhecemos. Será, pois, inútil insistir. Porém, o que sobretu<strong>do</strong> se deve evitar são<br />

as perguntas feitas com o fim de lhes pôr à prova a perspicácia. Quan<strong>do</strong> uma coisa<br />

existe, dizem, eles a devem saber. Ora, precisamente porque conheceis a coisa, ou<br />

porque tendes os meios de verificá-la, é que eles não se dão ao trabalho de<br />

responder. Essa suspeita os agasta e nada se obtém de satisfatório. Não temos<br />

to<strong>do</strong>s os dias exemplos disso entre nós, criaturas humanas? Homens superiores,<br />

conscientes <strong>do</strong> seu valor, gostariam de responder a todas as perguntas tolas, que<br />

objetivassem submetê-los a um exame, como se foram estudantes? O desejo de<br />

fazer-se de tal ou tal pessoa um adepto não constitui, para os Espíritos, motivo de<br />

atenderem a uma vá curiosidade. Eles sabem que a convicção virá, ce<strong>do</strong> ou tarde, e<br />

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os meios que empregam para produzi-la nem sempre são os que supomos<br />

melhores.<br />

Imaginai um homem grave, ocupa<strong>do</strong> em coisas úteis e sérias,<br />

incessantemente importuna<strong>do</strong> pelas perguntas pueris de uma criança e tereis idéia<br />

<strong>do</strong> que devem pensar os Espíritos superiores de todas as futilidades que se lhes<br />

perguntam.<br />

Não se segue daí que <strong>do</strong>s Espíritos não se possam obter úteis<br />

esclarecimentos e, sobretu<strong>do</strong>, bons conselhos; eles, porém, respondem mais ou<br />

menos bem, conforme os conhecimentos que possuem, o interesse que nos têm, a<br />

afeição que nos dedicam e, finalmente, o fim a que nos propomos e a utilidade que<br />

vejam no que lhes pedimos. Se, entretanto, os inquirimos unicamente porque os<br />

julgamos mais capazes <strong>do</strong> que outros de nos esclarecerem melhor sobre as coisas<br />

deste mun<strong>do</strong>, claro é que não nos poderão dispensar grande simpatia. Nesse caso,<br />

curtas serão suas aparições e, muitas vezes, conforme o grau da imperfeição de que<br />

ainda se ressintam, manifestarão mau-humor, por terem si<strong>do</strong> inutilmente<br />

incomoda<strong>do</strong>s.<br />

287. Pensam algumas pessoas ser preferível que to<strong>do</strong>s se abstenham de<br />

formular perguntas e que convém esperar o ensino <strong>do</strong>s Espíritos, sem o provocar. E<br />

um erro. Os Espíritos dão, não há dúvida, instruções espontâneas de alto alcance e<br />

que errôneo seria desprezar-se. Mas, explicações há que freqüentemente se teriam<br />

de esperar longo tempo, se não fossem solicitadas. Sem as questões que<br />

propusemos, O Livro <strong>do</strong>s Espíritos e O Livro <strong>do</strong>s Médiuns ainda estariam por fazerse,<br />

ou, pelo menos, muito incompletos e sem solução uma imensidade de problemas<br />

de grande importância. As questões, longe de terem qualquer inconveniente, são de<br />

grandíssima utilidade, <strong>do</strong> ponto de vista da instrução, quan<strong>do</strong> quem as propõe sabe<br />

encerrá-las nos devi<strong>do</strong>s limites.<br />

Têm ainda outra vantagem: a de concorrerem para o desmascaramento <strong>do</strong>s<br />

Espíritos mistifica<strong>do</strong>res que, mais pretensiosos <strong>do</strong> que sábios, raramente suportam a<br />

prova das perguntas feitas com cerrada lógica, por meio das quais o interrogante os<br />

leva aos seus últimos redutos. Os Espíritos superiores, como nada têm que temer de<br />

semelhante questionário, são os primeiros a provocar explicações, sobre os pontos<br />

obscuros. Os outros, ao contrário, recean<strong>do</strong> ter que se haver com antagonistas mais<br />

fortes, cuida<strong>do</strong>samente as evitam. Por isso mesmo, em geral, recomendam aos<br />

médiuns, que eles desejam <strong>do</strong>minar, e aos quais querem impor suas utopias, se<br />

abstenham de toda controvérsia a propósito de seus ensinos.<br />

Quem haja compreendi<strong>do</strong> bem o que até aqui temos dito nesta obra, já pode<br />

fazer idéia <strong>do</strong> círculo em que convém se encerrem as perguntas a serem dirigidas<br />

aos Espíritos. Todavia, para maior segurança, inserimos abaixo as respostas que<br />

eles nos deram acerca <strong>do</strong>s assuntos principais sobre que as pessoas pouco<br />

experientes se mostram em geral dispostas a interrogá-los.<br />

288. Perguntas simpáticas ou antipáticas aos Espíritos<br />

1ª Os Espíritos respondem de boa-vontade às perguntas que lhes são<br />

dirigidas?<br />

"Conforme as perguntas. Os Espíritos sérios sempre respondem com prazer<br />

às que têm por objetivo o bem e os meios de progredirdes. Não atendem às fúteis."<br />

2ª Basta que uma pergunta seja séria para obter uma resposta séria?<br />

"Não; isso depende <strong>do</strong> Espírito que responde." a) Mas, uma pergunta séria<br />

não afasta os Espíritos levianos?<br />

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"Não é a pergunta que afasta os Espíritos levianos, o caráter daquele que a<br />

formula." 3ª Quais as per guntas com que mais antipatizam os bons Espíritos?<br />

"Todas as que sejam inúteis, ou feitas por pura curiosidade e para<br />

experimentálos.<br />

Nesses casos, não respondem e se afastam." a) Haverá questões que sejam<br />

antipáticas aos Espíritos imperfeitos?<br />

"Unicamente as que possam pôr-lhes de manifesto a ignorância ou o<br />

embuste, quan<strong>do</strong> procuram enganar; a não ser isso, respondem a tu<strong>do</strong>, sem se<br />

preocuparem com a verdade." 4ª Que se deve pensar das pessoas que nas<br />

manifestações espíritas apenas vêem uma distração e um passatempo, ou um meio<br />

de obterem revelações sobre o que as interessa?<br />

"Essas pessoas agradam muito aos Espíritos inferiores que, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong><br />

que elas, gostam de divertir-se e rejubilam quan<strong>do</strong> as têm mistifica<strong>do</strong>." 5ª Quan<strong>do</strong> os<br />

Espíritos não respondem a certas perguntas, será por que o não queiram, ou por<br />

que uma força superior se opõe a certas revelações?<br />

"Por ambas essas causas. Há coisas que não podem ser reveladas e outras<br />

que o próprio Espírito não conhece." a) Insistin<strong>do</strong>-se fortemente, o Espírito acabaria<br />

responden<strong>do</strong>?<br />

"Não; o Espírito que não quer responder tem sempre a facilidade de se ir<br />

embora. Por isso é que se toma necessário espereis, quan<strong>do</strong> se vos diz que o<br />

façais, e, sobretu<strong>do</strong>, não vos obstineis em querer forçar-nos a responder. Insistir,<br />

para obter uma resposta que se não quer dar, é um meio certo de ser engana<strong>do</strong>." 6ª<br />

To<strong>do</strong>s os Espíritos são aptos a compreender as questões que se lhes proponham?<br />

"Muito ao contrario: os Espíritos inferiores são incapazes de compreender<br />

certas questões, o que não impede respondam bem ou mal, como sucede entre vós<br />

mesmos." NOTA. Nalguns casos e quan<strong>do</strong> seja conveniente, sucede com freqüência<br />

que um Espírito esclareci<strong>do</strong> vem em auxílio <strong>do</strong> Espírito ignorante e lhe sopra o que<br />

deva dizer. Isso se reconhece facilmente pelo contraste de certas respostas e além<br />

<strong>do</strong> mais, porque o próprio Espírito quase sempre o diz. O fato, entretanto, só ocorre<br />

com os Espíritos ignorantes, mas de boa fé; nunca com os que fazem alarde de<br />

falso saber.<br />

289. Perguntas sobre o futuro<br />

11ª Por que, quan<strong>do</strong> fazem pressentir um acontecimento, os Espíritos sérios<br />

de ordinário não determinam a data? Será porque o não possam, ou porque não<br />

queiram?<br />

"Por uma e outra coisa. Eles podem, em certos casos, fazer que um<br />

acontecimento seja pressenti<strong>do</strong>: nessa hipótese, é um aviso que vos dão. Quanto a<br />

precisar-lhe a época, é freqüente não o deverem fazer. Também sucede com<br />

freqüência não o poderem, por não o saberem eles próprios. Pode o Espírito prever<br />

que um fato se dará, mas o momento exato pode depender de acontecimentos que<br />

ainda se não verificaram e que só Deus conhece. Os Espíritos levianos, que não<br />

escrupulizam de vos enganar, esses determinam os dias e as horas, sem se<br />

preocuparem com que o fato predito ocorra ou não. Por isso é que toda predição<br />

circunstanciada vos deve ser suspeita.<br />

"Ainda uma vez: a nossa missão consiste em fazer-vos progredir; para isso<br />

vos auxiliamos tanto quanto podemos. Jamais será engana<strong>do</strong> aquele que aos<br />

Espíritos superiores pedir a sabe<strong>do</strong>ria; não acrediteis, porém, que percamos o nosso<br />

tempo em ouvir as vossas futilidades e em vos predizer a boa fortuna. Deixamos<br />

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esse encargo aos Espíritos levianos, que com isso se divertem, como crianças<br />

travessas.<br />

"A Providência pôs limite às revelações que podem ser feitas ao homem. Os<br />

Espíritos sérios guardam silêncio sobre tu<strong>do</strong> aquilo que lhes é defeso revelarem.<br />

Aquele que insista por uma resposta se expõe aos embustes <strong>do</strong>s Espíritos<br />

inferiores, sempre prontos a se aproveitarem das ocasiões que tenham de armar<br />

laços à vossa credulidade." NOTA. Os Espíritos vêem, ou pressentem, por indução,<br />

os acontecimentos futuros; vêem-nos a se realizarem num tempo que eles não<br />

medem como nós. Para que lhes determinassem a época, seria mister que se<br />

identificassem com a nossa maneira de calcular a duração, o que nem sempre<br />

consideram necessário. Daí, não raro, uma causa de erros aparentes.<br />

12ª Não há homens <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de uma faculdade especial, que os faz entrever o<br />

futuro?<br />

"Há, sim, aqueles cuja alma se desprende da matéria. Então, é o Espírito que<br />

vê.<br />

E, quan<strong>do</strong> é conveniente, Deus lhes permite revelarem certas coisas, para o<br />

bem.<br />

Todavia, mesmo entre esses, são em maior número os impostores e os<br />

charlatães. Nos tempos vin<strong>do</strong>uros, essa faculdade se tornará mais comum." 13ª Que<br />

pensar <strong>do</strong>s Espíritos que gostam de predizer a alguém o dia e hora certa em que<br />

morrerá?<br />

"São Espíritos de mau gosto, de muito mau gosto mesmo, que outro fim não<br />

têm, senão gozar com o me<strong>do</strong> que causam. Ninguém se deve preocupar com isso."<br />

14ª Como é então que certas pessoas são avisadas, por pressentimento, da época<br />

em que morrerão?<br />

"As mais das vezes, é o próprio Espírito delas que vem a saber disso em seus<br />

momentos de liberdade e guardam, ao despertar, a intuição <strong>do</strong> que entrevia. Essas<br />

pessoas, por estarem preparadas para isso, não se amedrontam, nem se<br />

emocionam. Não vêem nessa separação da alma e <strong>do</strong> corpo mais <strong>do</strong> que uma<br />

mudança de situação, ou, se o preferirdes e para usarmos de uma linguagem mais<br />

vulgar, a troca de uma veste de pano grosseiro por uma de seda. O temor da morte<br />

irá diminuin<strong>do</strong>, à medida que as crenças espíritas se forem dilatan<strong>do</strong>."<br />

290. Perguntas sobre as existências passadas e futuras<br />

15ª Podem os Espíritos dar-nos a conhecer as nossas existências passadas?<br />

"Deus algumas vezes permite que elas vos sejam reveladas, conforme o<br />

objetivo.<br />

Se for para vossa edificação e instrução, as revelações serão verdadeiras e,<br />

nesse caso, feitas quase sempre espontaneamente e de mo<strong>do</strong> inteiramente<br />

imprevisto. Ele, porém, não o permite nunca para satisfação de vã curiosidade." a)<br />

Por que é que alguns Espíritos nunca se recusam a fazer esta espécie de<br />

revelações?<br />

"São Espíritos brincalhões, que se divertem à vossa custa. Em geral, deveis<br />

considerar falsas, ou, pelo menos, suspeitas, todas as revelações desta natureza<br />

que não tenham um fim eminentemente sério e útil. Aos Espíritos zombeteiros apraz<br />

lisonjear o amor-próprio, por meio de pretendidas origens, Há médiuns e crentes que<br />

aceitam como boa moeda o que lhes é dito a esse respeito e que não vêem que o<br />

esta<strong>do</strong> atual de seus Espíritos em nada justifica a categoria que pretendem ter<br />

ocupa<strong>do</strong>. Vaidadezinha que serve de divertimento aos Espíritos brincalhões, tanto<br />

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quanto para os homens. Fora mais lógico e mais consentâneo com a marcha<br />

progressiva <strong>do</strong>s seres que tais pessoas houvessem subi<strong>do</strong>, em vez de terem<br />

desci<strong>do</strong>, o que, sem dúvida, lhes seria mais honroso. Para que se pudesse dar<br />

crédito a essa espécie de revelações, necessário seria que fossem feitas<br />

espontaneamente, por diversos médiuns estranhos uns aos outros e ao que<br />

anteriormente já fora revela<strong>do</strong>.<br />

Então, sim, razão evidente haveria para crer-se.<br />

b) Assim como não podemos conhecer a nossa individualidade anterior,<br />

segue-se que também nada podemos saber <strong>do</strong> gênero de existência que tivemos,<br />

da posição social que ocupamos, das virtudes e <strong>do</strong>s defeitos que em nós<br />

pre<strong>do</strong>minaram?<br />

"Não, isso pode ser revela<strong>do</strong>, porque dessas revelações podeis tirar proveito<br />

para vos melhorardes. Aliás, estudan<strong>do</strong> o vosso presente, podeis vós mesmos<br />

deduzir o vosso passa<strong>do</strong>." (Veja-se: O Livro <strong>do</strong>s Espíritos, "Esquecimento <strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong>", n. 392.) 16ª Alguma coisa nos pode ser revelada sobre as nossas<br />

existências futuras?<br />

"Não; tu<strong>do</strong> o que a tal respeito vos disserem alguns Espíritos não passará de<br />

gracejo e isso se compreende: a vossa existência futura não pode ser de antemão<br />

determinada, pois que será conforme a preparardes pelo vosso proceder na Terra e<br />

pelas resoluções que tomardes quan<strong>do</strong> fordes Espíritos. Quanto menos tiverdes que<br />

expiar tanto mais ditosa será ela. Saber, porém, onde e como transcorrerá essa<br />

existência, repetimo-lo, é impossível, salvo o caso especial e raro <strong>do</strong>s Espíritos que<br />

só estão na Terra para desempenhar uma missão importante, porque então o<br />

caminho se lhes acha, de certo mo<strong>do</strong>, traça<strong>do</strong> previamente."<br />

291. Perguntas sobre os interesses morais e materiais<br />

19ª Podem os Espíritos familiares favorecer os interesses materiais por meio<br />

de revelações?<br />

"Podem e algumas vezes o fazem, de acor<strong>do</strong> com as circunstâncias; mas,<br />

ficai certos de que os bons Espíritos nunca se prestam a servir à cupidez. Os maus<br />

vos fazem brilhar diante <strong>do</strong>s olhos mil atrativos, a fim de vos espicaçarem e, depois,<br />

mistificarem, pela decepção. Ficai também saben<strong>do</strong> que, se é da vossa prova<br />

passar por tal ou tal vicissitude, os vossos Espírito5 protetores poderão ajudar-vos a<br />

suportá-la com mais resignação, poderão mesmo, às vezes, suavizá-la; mas, no<br />

próprio interesse <strong>do</strong> vosso futuro, não lhes é lícito isentar-vos dela. Um bom pai não<br />

concede ao filho tu<strong>do</strong> o que este deseja." NOTA. Os nossos Espíritos protetores<br />

podem, em muitas circunstâncias, indicar-nos o melhor caminho, sem, entretanto,<br />

nos conduzirem pela mão, porque, se assim fizessem, perderíamos o mérito da<br />

iniciativa e não ousaríamos dar um passo sem a eles recorrermos, com prejuízo <strong>do</strong><br />

nosso aperfeiçoamento. Para progredir, precisa o homem, muitas vezes, adquirir<br />

experiência à sua própria custa. Por isso é que os Espíritos pondera<strong>do</strong>s nos<br />

aconselham, mas quase sempre nos deixam entregues às nossas próprias forças,<br />

como faz o educa<strong>do</strong>r hábil, com seus alunos. Nas circunstâncias ordinárias da vida,<br />

eles nos aconselham pela inspiração, deixan<strong>do</strong>-nos assim to<strong>do</strong> o mérito <strong>do</strong> bem que<br />

façamos, como toda a responsabilidade <strong>do</strong> mal que pratiquemos.<br />

Fora abusar da condescendência <strong>do</strong>s Espíritos familiares e equivocar-se<br />

quanto à missão que lhes cabe o interrogá-los a cada instante sobre as coisas mais<br />

vulgares, como o fazem certos médiuns. Alguns há que, por um sim, por um não,<br />

tomam o lápis e podem conselho para o ato mais simples. Esta mania denota<br />

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pequenez nas idéias, ao mesmo tempo que a presunção de supor, quem quer que<br />

seja, que tem sempre um Espírito servi<strong>do</strong>r às suas ordens, sem outra coisa mais a<br />

fazer senão cuidar dele e <strong>do</strong>s seus mínimos interesses. Além disso, quem assim<br />

procede aniquila o seu próprio juízo e se reduz a um papel passivo, sem utilidade<br />

para a vida presente e indubitavelmente prejudicial ao adiantamento futuro. Se há<br />

puerilidade em interrogarmos os Espíritos sobre coisas fúteis, menos puerilidade não<br />

há da parte <strong>do</strong>s Espíritos que se ocupam espontaneamente com o que se pode<br />

chamar - negócios caseiros. Em tal caso, eles poderão ser bons, mas,<br />

inquestionavelmente, ainda são muito terrestres.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Capítulo 26. FEB 1995.<br />

Médiuns<br />

4.1. O Médium: conceito e classificação<br />

Sobre os médiuns<br />

X<br />

To<strong>do</strong>s os homens são médiuns, to<strong>do</strong>s têm um Espírito que os dirige para o<br />

bem, quan<strong>do</strong> sabem escutá-lo. Agora, que uns se comuniquem diretamente com ele,<br />

valen<strong>do</strong>-se de uma mediunidade especial, que outros não o escutem senão com o<br />

coração e com a inteligência, pouco importa: não deixa de ser um Espírito familiar<br />

quem os aconselha.<br />

Chamai-lhe espírito, razão, inteligência, é sempre uma voz que responde à<br />

vossa alma, pronuncian<strong>do</strong> boas palavras. Apenas, nem sempre as compreendeis.<br />

Nem to<strong>do</strong>s sabem agir de acor<strong>do</strong> com os conselhos da razão, não dessa<br />

razão que antes se arrasta e rasteja <strong>do</strong> que caminha, dessa razão que se perde no<br />

emaranha<strong>do</strong> <strong>do</strong>s interesses materiais e grosseiros, mas dessa razão que eleva o<br />

homem acima de si mesmo, que o transporta a regiões desconhecidas, chama<br />

sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que exalta o filósofo,<br />

arroubo que arrebata os indivíduos e povos, razão que o vulgo não pode<br />

compreender, porém que ergue o homem e o aproxima de Deus, mais que nenhuma<br />

outra criatura, entendimento que o conduz <strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> ao desconheci<strong>do</strong> e lhe faz<br />

executar as coisas mais sublimes.<br />

Escutai essa voz interior, esse bom gênio, que incessantemente vos fala, e<br />

chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo guardião, que <strong>do</strong> alto <strong>do</strong>s céus vos<br />

estende as mãos. Repito: a voz íntima que fala ao coração é a <strong>do</strong>s bons Espíritos e<br />

é deste ponto de vista que to<strong>do</strong>s os homens são médiuns.<br />

Channing.<br />

XI<br />

O <strong>do</strong>m da mediunidade é tão antigo quanto o mun<strong>do</strong>. Os profetas eram<br />

médiuns. Os mistérios de Elêusis se fundavam na mediunidade. Os Caldeus, os<br />

Assírios tinham médiuns. Sócrates era dirigi<strong>do</strong> por um Espírito que lhe inspirava os<br />

admiráveis princípios da sua filosofia; ele lhe ouvia a voz. To<strong>do</strong>s os povos tiveram<br />

seus médiuns e as inspirações de Joana d'Arc não eram mais <strong>do</strong> que vozes de<br />

Espíritos benfazejos que a dirigiam.<br />

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Esse <strong>do</strong>m, que agora se espalha, raro se tornara nos séculos medievos;<br />

porém, nunca desapareceu. Swedenborg e seus adeptos constituíram numerosa<br />

escola. A França <strong>do</strong>s últimos séculos, zombeteira e preocupada com uma filosofia<br />

que, pretenden<strong>do</strong> extinguir os abusos da intolerância religiosa, abafava sob o<br />

ridículo tu<strong>do</strong> o que era ideal, a França tinha que afastar o Espiritismo, que progredia<br />

sem cessar ao Norte.<br />

Permitira Deus essa luta das idéias positivas contra as idéias espiritualistas,<br />

porque o fanatismo se constituíra a arma destas últimas. Agora, que os progressos<br />

da indústria e da ciência desenvolveram a arte de bem viver, a tal ponto que as<br />

tendências materiais se tornaram <strong>do</strong>minantes, quer Deus que os Espíritos sejam<br />

reconduzi<strong>do</strong>s aos interesses da alma. Quer que o aperfeiçoamento <strong>do</strong> homem moral<br />

se torne o que deve ser, isto é, o fim e o objetivo da vida.<br />

O Espírito humano segue em marcha necessária, imagem da graduação que<br />

experimenta tu<strong>do</strong> o que povoa o Universo visível e invisível. To<strong>do</strong> progresso vem na<br />

sua hora: a da elevação moral soou para a Humanidade. Ela não se operará ainda<br />

nos vossos dias; mas, agradecei ao Senhor o haver permiti<strong>do</strong> assistais à aurora<br />

bendita.<br />

Pedro Jouty (pai <strong>do</strong> médium).<br />

XII<br />

Deus me encarregou de desempenhar uma missão junto <strong>do</strong>s crentes a quem<br />

ele favorece com o mediunato. Quanto mais graças recebem eles <strong>do</strong> Altíssimo, mais<br />

perigos correm e tanto maiores são esses perigos, quan<strong>do</strong> se originam <strong>do</strong>s favores<br />

mesmos que Deus lhes concede.<br />

As faculdades de que gozam os médiuns lhes granjeiam os elogios <strong>do</strong>s<br />

homens.<br />

As felicitações, as adulações, eis, para eles, o escolho. Rápi<strong>do</strong> esquecem a<br />

anterior incapacidade que lhes devia estar sempre presente à lembrança. Fazem<br />

mais: o que só devem a Deus atribuem-no a seus próprios méritos. Que acontece<br />

então? Os bons Espíritos os aban<strong>do</strong>nam, eles se tornam joguete <strong>do</strong>s maus e ficam<br />

sem bússola para se guiarem. Quanto mais capazes se tornam, mais impeli<strong>do</strong>s são<br />

a se atribuírem um mérito que lhes não pertence, até que Deus os puna, afinal,<br />

retiran<strong>do</strong>-lhes uma faculdade que, desde então, somente fatal lhes pode ser.<br />

Nunca me cansarei de recomendar-vos que vos confieis ao vosso anjo<br />

guardião, para que vos ajude a estar sempre em guarda contra o vosso mais cruel<br />

inimigo, que é o orgulho. Lembrai-vos bem, vós que tendes a ventura de ser<br />

intérpretes <strong>do</strong>s Espíritos para os homens, de que severamente puni<strong>do</strong>s sereis,<br />

porque mais favoreci<strong>do</strong>s fostes.<br />

Espero que esta comunicação produza frutos e desejo que ela possa ajudar<br />

os médiuns a se terem em guarda contra o escolho que os faria naufragar. Esse<br />

escolho, já o disse, é o orgulho.<br />

Joana d‘Arc.<br />

XIII<br />

Quan<strong>do</strong> quiserdes receber comunicações de bons Espíritos, importa vos<br />

prepareis para esse favor pelo recolhimento, por intenções puras e pelo desejo de<br />

fazer o bem, ten<strong>do</strong> em vista o progresso geral. Porque, lembrai-vos de que o<br />

egoísmo é causa de retardamento a to<strong>do</strong> progresso.<br />

Lembrai-vos de que se Deus permite que alguns dentre vós recebam o sopro<br />

daqueles de seus filhos que, pela sua conduta, souberam fazer-se merece<strong>do</strong>res de<br />

lhe compreender a infinita bondade, é que ele quer, por solicitação nossa e<br />

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atenden<strong>do</strong> às vossas boas intenções, dar-vos os meios de avançardes no caminho<br />

que a ele conduz.<br />

Assim, pois, médiuns! aproveitai dessa faculdade que Deus houve por bem<br />

conceder-vos. Tende fé na mansuetude <strong>do</strong> nosso Mestre; ponde sempre em prática<br />

a caridade; não vos canseis jamais de exercitar essa virtude sublime, assim como a<br />

tolerância. Estejam sempre as vossas ações de harmonia com a vossa consciência<br />

e tereis nisso um meio certo de centuplicardes a vossa felicidade nessa vida<br />

passageira e de preparardes para vós mesmos uma existência mil vezes ainda mais<br />

suave.<br />

Que, dentre vós, o médium que não se sinta com forças para perseverar no<br />

ensino espírita, se abstenha; porquanto, não fazen<strong>do</strong> proveitosa a luz que o ilumina,<br />

será menos escusável <strong>do</strong> que outro qualquer e terá que expiar a sua cegueira.<br />

Pascal.<br />

XIV<br />

Falar-vos-ei hoje <strong>do</strong> desinteresse, que deve ser uma das qualidades<br />

essenciais <strong>do</strong>s médiuns, tanto quanto a modéstia e o devotamento.<br />

Deus lhes outorgou a faculdade mediúnica, para que auxiliem a propagação<br />

da verdade e não para que trafiquem com ela. E, falan<strong>do</strong> de tráfico, não me refiro<br />

apenas aos que entendessem de explorá-la, como o fariam com um <strong>do</strong>m qualquer<br />

da inteligência, aos que se fizessem médiuns, como outros se fazem dançarinos ou<br />

cantores, mas também a to<strong>do</strong>s os que pretendessem dela servir-se com o fito em<br />

interesses quaisquer.<br />

Será racional crer-se que Espíritos bons e, ainda menos, Espíritos superiores,<br />

que condenam a cobiça, consintam em prestar-se a espetáculos e, como<br />

comparsas, se ponham à disposição de um empresário de manifestações espíritas?<br />

Não é racional se suponha que Espíritos bons possam auxiliar quem vise<br />

satisfazer ao orgulho, ou à ambição. Deus permite que eles se comuniquem com os<br />

homens para os tirarem <strong>do</strong> paul terrestre e não para servirem de instrumentos às<br />

paixões mundanas. Logo, não pode Ele ver com bons olhos os que desviam <strong>do</strong> seu<br />

verdadeiro objetivo o <strong>do</strong>m que lhes concedeu e vos asseguro que esses serão<br />

puni<strong>do</strong>s, mesmo aí nesse mun<strong>do</strong>, pelas mais amargas decepções.<br />

Delfina de Girardin.<br />

XV<br />

To<strong>do</strong>s os médiuns são, incontestavelmente, chama<strong>do</strong>s a servir à causa <strong>do</strong><br />

Espiritismo, na medida de suas faculdades, mas bem poucos há que não se deixem<br />

prender nas armadilhas <strong>do</strong> amor-próprio. E uma pedra de toque, que raramente<br />

deixa de produzir efeito. Assim é que, sobre cem médiuns, um, se tanto,<br />

encontrareis que, por muito ínfimo que seja, não se tenha julga<strong>do</strong>, nos primeiros<br />

tempos da sua mediunidade, fada<strong>do</strong> a obter coisas superiores e predestina<strong>do</strong> a<br />

grandes missões. Os que sucumbem a essa vai<strong>do</strong>sa esperança, e grande é o<br />

número deles, se tornam inevitavelmente presas de Espíritos obsessores, que não<br />

tardam a subjugá-los, lisonjean<strong>do</strong>-lhes o orgulho e apanhan<strong>do</strong>-os pelo seu fraco.<br />

Quanto mais pretenderem eles elevar-se, tanto mais ridícula lhes será a queda,<br />

quan<strong>do</strong> não desastrosa.<br />

As grandes missões só aos homens de escol são confiadas e Deus mesmo<br />

os coloca, sem que eles o procurem, no meio e na posição em que possam prestar<br />

concurso eficaz. Nunca será demais eu recomende aos médiuns inexperientes que<br />

desconfiem <strong>do</strong> que lhes podem certos Espíritos dizer, com relação ao suposto papel<br />

que eles são chama<strong>do</strong>s a desempenhar, porquanto, se o tomarem a sério, só<br />

desapontamentos colherão nesse mun<strong>do</strong>, e, no outro, severo castigo.<br />

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Persuadam-se bem de que, na esfera modesta e obscura onde se acham<br />

coloca<strong>do</strong>s, podem prestar grandes serviços, auxilian<strong>do</strong> a conversão <strong>do</strong>s incrédulos,<br />

prodigalizan<strong>do</strong> consolação aos aflitos. Se daí deverem sair, serão conduzi<strong>do</strong>s por<br />

mão invisível, que lhes preparará os caminhos, e serão postos em evidência, por<br />

assim dizer, a seu mau gra<strong>do</strong>.<br />

Lembrem-se sempre destas palavras: "Aquele que se exaltar será humilha<strong>do</strong><br />

e o que se humilhar será exalta<strong>do</strong>."<br />

O Espírito de Verdade.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Dissertações espíritas. Capítulo XXXI,<br />

itens X a XV. FEB 1995.<br />

2. Martins Peralva. Mediunidade e Evolução. Evangelho, Espiritismo e<br />

mediunidade. FEB, 1995. Pág. 15.<br />

3. Martins Peralva. O Pensamento de Emmanuel. Sintonia. FEB 1994. Pág.<br />

233.<br />

4. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Pelo espírito de André Luiz. Nos <strong>do</strong>mínios da<br />

mediunidade. Raios, ondas, médiuns, mentes. FEB 1995. Pág. 11, 16 e 17.<br />

4.2 e 4.3 A categoria de médiuns especiais para efeitos<br />

físicos e intelectuais.<br />

De uma maneira geral, e conforme estudamos no <strong>Programa</strong> II e<br />

recentemente neste <strong>Programa</strong> V, a mediunidade pode ser classificada em <strong>do</strong>is<br />

grandes grupos: a de efeitos físicos e a de efeitos intelectuais.<br />

Os médiuns de efeitos físicos, comuns na época da Codificação são, talvez,<br />

menos numerosos nos dias atuais. Presentemente, são mais comuns os médiuns<br />

de efeitos intelectuais, surgin<strong>do</strong>, de tempos em tempos, variedades especiais, como<br />

os de médiuns músicos, pintores, inspira<strong>do</strong>s, poetas. Tu<strong>do</strong> nos leva a crer que na<br />

época de Kardec as variedades de efeitos intelectuais pre<strong>do</strong>minantes eram a<br />

psicografia e a psicofonia.<br />

"(...) a mediunidade apresenta uma variedade infinita de matizes, que<br />

constituem os chama<strong>do</strong>s médiuns especiais, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de aptidões particulares, ainda<br />

não definidas, abstração feita das qualidades e conhecimentos <strong>do</strong> Espírito que se<br />

manifesta.<br />

A natureza das comunicações guarda sempre relação com a natureza <strong>do</strong><br />

Espírito e traz o cunho da sua elevação, ou da sua inferioridade, de seu saber, ou de<br />

sua ignorância. (...) Os Espíritos bate<strong>do</strong>res, por exemplo, jamais saem das<br />

manifestações físicas e, entre os que dão comunicações inteligentes, ha Espíritos<br />

poetas, músicos, desenhistas, moralistas, sábios, médicos, etc. Falamos <strong>do</strong>s<br />

Espíritos de mediana categoria, por isso que, chegan<strong>do</strong> eles a um certo grau, as<br />

aptidões se confundem na unidade da perfeição. Porem, de par com a aptidão <strong>do</strong><br />

Espírito, há a <strong>do</strong> médium, que é, para o primeiro, instrumento mais ou menos<br />

cômo<strong>do</strong>, mais ou menos flexível e no qual descobre ele qualidades particulares que<br />

não podemos apreciar. (...)"<br />

Para que ocorram os fenômenos de efeitos físicos e necessário que o<br />

médium esteja habilita<strong>do</strong> "(...) ao fornecimento <strong>do</strong> ectoplasma ou plasma<br />

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exterioriza<strong>do</strong> de que se valem as Inteligências desencarnadas para a produção <strong>do</strong>s<br />

fenômenos físicos que lhes denota a sobrevivência. (...)"<br />

Conhecemos, geralmente, fenômenos físicos de ocorrência vulgar, como as<br />

pancadas, deslocamento de moveis e objetos, ruí<strong>do</strong>s, sons, compreensíveis ou não,<br />

o<strong>do</strong>res, etc. No entanto, existem fenômenos de efeitos físicos não só belíssimos,<br />

como também surpreendentes e de grandes benefícios. É o caso das<br />

materializações, incluin<strong>do</strong> as luminosas .<br />

Citaremos e descreveremos, a seguir, com respal<strong>do</strong> em Kardec, as<br />

principais modalidades de médiuns especiais para efeitos físicos.<br />

“Médiuns tiptólogos - aqueles pela influência <strong>do</strong>s quais se produzem os<br />

ruí<strong>do</strong>s, as. pancadas. Variedade muito comum, com ou sem intervenção da vontade.<br />

Médiuns motores - os que produzem o movimento <strong>do</strong>s corpos inertes. Muito<br />

comuns.<br />

Médiuns de translações e de suspensões - os que produzem a translação<br />

aérea e a suspensão <strong>do</strong>s corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Entre eles<br />

há os que podem elevar-se a si mesmos (são chama<strong>do</strong>s médiuns de levitação).<br />

Mais ou menos raro conforme a amplitude <strong>do</strong> fenômeno; muito raros, no ultimo caso.<br />

Médiuns de efeitos musicais - provocam a execução de composições, em<br />

certos instrumentos de musica, sem contacto com estes. Muito raros". "(...) já se<br />

tem visto, em certas manifestações visuais aparecerem mãos a dedilhar um tecla<strong>do</strong>,<br />

a percutir as teclas e a tirar dali sons. (...)"<br />

"Médiuns de aparições - os que podem provocar aparições fluídicas ou<br />

tangíveis, visíveis para os assistentes. Muito excepcionais". "O Espírito, que quer ou<br />

pode fazer-se visível, reveste as vezes uma forma ainda mais precisa, com todas as<br />

aparências de um corpo sóli<strong>do</strong>, ao ponto de causar completa ilusão e dar a crer, aos<br />

que observam a aparição, que têm diante de si um ser corpóreo. Em alguns casos,<br />

finalmente, e sob o império de certas circunstâncias, a tangibilidade se pode tornar<br />

real, isto é, possível se torna ao observa<strong>do</strong>r tocar, palpar, sentir, na aparição, a<br />

mesma resistência, o mesmo calor que num corpo vivo, o que não impede que a<br />

tangibilidade se desvaneça com a rapidez <strong>do</strong> relâmpago Nesses casos, já não é<br />

somente com o olhar que se nota a presença <strong>do</strong> Espírito, mas também pelo senti<strong>do</strong><br />

tátil. (. )"<br />

"Médiuns de transporte - os que podem servir de auxiliares aos Espíritos<br />

para o transporte de objetos materiais. Variedade <strong>do</strong>s médiuns motores e de<br />

translações.<br />

Excepcionais." (11) Esta mediunidade "(...) Consiste no trazimento<br />

espontâneo de objetos inexistentes no lugar onde estão os observa<strong>do</strong>res. São<br />

quase sempre flores, não raro frutos, confeitos, jóias etc. (...)"<br />

"Digamos, antes de tu<strong>do</strong>, que este fenômeno é <strong>do</strong>s que melhor se<br />

prestam à imitação e que, por conseguinte, devemos estar de sobreaviso contra o<br />

embuste. (...)' (04)<br />

Para que ocorra o transporte "(...) é necessário que entre o Espírito e o<br />

médium influencia<strong>do</strong> exista certa afinidade, certa analogia, em suma: certo<br />

semelhança capaz de permitir que a parte expansível <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> perispiritico (...) <strong>do</strong><br />

encarna<strong>do</strong> se misture, se una, se combine com o <strong>do</strong> Espírito que queira fazer um<br />

transporte, (...)"<br />

"Médiuns noturnos - os que só na obscuridade obtêm certos efeitos<br />

físicos. (...) (...) esse fenômeno é devi<strong>do</strong> mais às condições ambientais <strong>do</strong> que à<br />

natureza <strong>do</strong> médium, ou <strong>do</strong>s Espíritos. (...)<br />

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Médiuns pneumatógrafos - os que obtêm a escrita direta. Fenômeno<br />

muito raro e, sobretu<strong>do</strong>, muito fácil de ser imita<strong>do</strong> pelos trapaceiros. (...)<br />

Médiuns cura<strong>do</strong>res - os que têm o poder de curar ou de aliviar o <strong>do</strong>ente,<br />

pela só imposição das mãos, ou pela prece.<br />

"Esta faculdade não é essencialmente mediúnica; possuem-na to<strong>do</strong>s os<br />

verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma<br />

exaltação <strong>do</strong> poder magnético, fortaleci<strong>do</strong>, se necessário, pelo concurso de bons<br />

Espíritos,"<br />

Médiuns excita<strong>do</strong>res - pessoas que têm o poder de, por sua influência,<br />

desenvolver nas outras a faculdade de escrever.<br />

“Ai há antes um efeito magnético <strong>do</strong> que um caso de mediunidade<br />

propriamente dita, porquanto nada prova a intervenção de um Espírito. Como quer<br />

que seja, pertence, categoria <strong>do</strong>s efeitos físicos".<br />

Finalmente, nas manifestações físicas, os Espíritos que, geralmente,<br />

estão envolvi<strong>do</strong>s na produção <strong>do</strong>s fenômenos "(...) são sempre Espíritos inferiores,<br />

que ainda se não desprenderam inteiramente de toda a influência material ".<br />

Ainda com respal<strong>do</strong> em Allan Kardec, os principais médiuns para efeitos<br />

intelectuais são:<br />

“Médiuns inspira<strong>do</strong>s - aqueles a quem, quase sempre mau gra<strong>do</strong> seu, os<br />

Espíritos sugerem idéias, quer relativas aos atos ordinários da vida, quer com<br />

relação aos grandes trabalhos da inteligência.<br />

Médiuns de pressentimentos - pessoas que, em dadas circunstâncias,<br />

têm uma intuição vaga de coisas vulgares que ocorrerão no futuro.<br />

Médiuns proféticos - variedade <strong>do</strong>s médiuns inspira<strong>do</strong>s, ou de<br />

pressentimentos. Recebem, permitin<strong>do</strong>-o Deus, com mais precisão <strong>do</strong> que os<br />

médiuns de pressentimentos a revelação de futuras coisas de interesse geral e são<br />

incumbi<strong>do</strong>s de dá-las a conhecer aos homens, para instrução destes. (...)<br />

Médiuns sonâmbulos - os que, em esta<strong>do</strong> de sonambulismo, são<br />

assisti<strong>do</strong>s por Espíritos.<br />

Médiuns extáticos - os que, em esta<strong>do</strong> de êxtase, recebem revelações<br />

da parte <strong>do</strong>s Espíritos.<br />

“Muitos extáticos são Joguetes da própria imaginação e de Espíritos<br />

zombeteiros que se aproveitam da exaltação deles. São raríssimos os que mereçam<br />

inteira confiança.<br />

Médiuns pintores ou desenhistas - os que pintam ou desenham sob a<br />

influência <strong>do</strong>s Espíritos. Falamos <strong>do</strong>s que obtêm trabalhos sérios, visto não se poder<br />

dar esse nome a certos médiuns que Espíritos zombeteiros levam o fazer coisas<br />

grotescas, que desabonariam o mais atrasa<strong>do</strong> estudante. (...)<br />

Médiuns músicos - os que executam, compõem, ou escrevem músicas,<br />

sob a influência <strong>do</strong>s Espíritos. Há médiuns músicos, mecânicos, semimecânicos,<br />

intuitivos e inspira<strong>do</strong>s, como os há para as comunicações literárias "<br />

Allan Kardec, quan<strong>do</strong> relaciona as variedades de médiuns especiais para<br />

efeitos intelectuais, cita também os audientes, os falantes e os videntes.<br />

"(...) Além das causas de aptidão, os Espíritos também se comunicam<br />

mais ou menos preferentemente por tal ou qual intermediário, de acor<strong>do</strong> com as<br />

suas simpatias ( .)"<br />

“(...) Para que uma comunicação seja boa é preciso que proceda de um<br />

Espírito bom; para que esse bom Espírito a POSSA transmitir, indispensável lhe é<br />

um bom instrumento; para que QUEIRA transmiti-la, necessário se faz que o fim<br />

visa<strong>do</strong> convenha.( ..)"<br />

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Fontes de consulta<br />

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1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Das Manifestações Físicas Espontâneas.<br />

FEB, 1995. Item 74, 96, 97, 98, 104, 185, 186, 189 e 190.<br />

2. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Pelo espírito de André Luiz. Mecanismos da<br />

mediunidade. Efeitos físicos. FEB 1994. Pág. 122.<br />

4.4. Espécies comuns a to<strong>do</strong>s os gêneros de mediunidade<br />

1. Médiuns de efeitos físicos<br />

160. Os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir<br />

fenômenos materiais, como os movimentos <strong>do</strong>s corpos inertes, ou ruí<strong>do</strong>s, etc.<br />

Podem dividir-se em médiuns facultativos e médiuns involuntários. (Veja-se a 2ª<br />

parte, caps. II e IV.)<br />

Os médiuns facultativos são os que têm consciência <strong>do</strong> seu poder e que<br />

produzem fenômenos espíritas por ato da própria vontade. Conquanto inerente à<br />

espécie humana, conforme já dissemos, semelhante faculdade longe está de existir<br />

em to<strong>do</strong>s no mesmo grau. Porém, se poucas pessoas há em quem ela seja<br />

absolutamente nula, mais raras ainda são as capazes de produzir os grandes efeitos<br />

tais como a suspensão de corpos pesa<strong>do</strong>s, a translação aérea e, sobretu<strong>do</strong>, as<br />

aparições. Os efeitos mais simples são a rotação de um objeto, pancadas<br />

produzidas mediante o levantamento desse objeto, ou na sua própria substância.<br />

Embora não demos importância capital a esses fenômenos, recomendamos,<br />

contu<strong>do</strong>, que não sejam despreza<strong>do</strong>s. Podem proporcionar ensejo a observações<br />

interessantes e contribuir para a convicção <strong>do</strong>s que os observem. Cumpre,<br />

entretanto, ponderar que a faculdade de produzir efeitos materiais raramente existe<br />

nos que dispõem de mais perfeitos meios de comunicação, quais a escrita e a<br />

palavra. Em geral, a faculdade diminui num senti<strong>do</strong> à proporção que se desenvolve<br />

em outro.<br />

161. Os médiuns involuntários ou naturais são aqueles cuja influência se<br />

exerce a seu mau gra<strong>do</strong>. Nenhuma consciência têm <strong>do</strong> poder que possuem e,<br />

muitas vezes, o que de anormal se passa em torno deles não se lhes afigura de<br />

mo<strong>do</strong> algum extraordinário. Isso faz parte deles, exatamente como se dá com as<br />

pessoas que, sem o suspeitarem, são <strong>do</strong>tadas de dupla vista. São muito dignos de<br />

observação esses indivíduos e ninguém deve descuidar-se de recolher e estudar os<br />

fatos deste gênero que lhe cheguem ao conhecimento. Manifestam-se em todas as<br />

idades e, freqüentemente, em crianças ainda muito novas. (Veja-se acima, o<br />

capítulo V, Das manifestações físicas espontâneas.)<br />

Tal faculdade não constitui, em si mesma, indício de um esta<strong>do</strong> patológico,<br />

porquanto não é incompatível com uma saúde perfeita. Se sofre aquele que a<br />

possui, esse sofrimento é devi<strong>do</strong> a uma causa estranha, <strong>do</strong>nde se segue que os<br />

meios terapêuticos são impotentes para fazê-la desaparecer. Nalguns casos, pode<br />

ser conseqüente de uma certa fraqueza orgânica, porém, nunca é causa eficiente.<br />

Não seria, pois, razoável tirar dela um motivo de inquietação, <strong>do</strong> ponto de vista<br />

higiênico. Só poderia acarretar inconveniente, se aquele que a possui abusasse<br />

dela, depois de se haver torna<strong>do</strong> médium facultativo, porque então se verificaria nele<br />

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uma emissão demasia<strong>do</strong> abundante de flui<strong>do</strong> vital e, por conseguinte,<br />

enfraquecimento <strong>do</strong>s órgãos.<br />

162. A razão se revolta à lembrança das torturas morais e corporais a que a<br />

ciência tem por vezes sujeita<strong>do</strong> criaturas fracas e delicadas, para se certificar da<br />

existência de fraude da parte delas. Tais experimentações, amiúde feitas<br />

mal<strong>do</strong>samente, são sempre prejudiciais às organizações sensitivas, poden<strong>do</strong><br />

mesmo dar lugar a graves desordens na economia orgânica. Fazer semelhantes<br />

experiências é brincar com a vida.<br />

O observa<strong>do</strong>r de boa-fé não precisa lançar mão desses meios. Aquele que<br />

está familiariza<strong>do</strong> com os fenômenos desta espécie sabe, aliás, que eles são mais<br />

de ordem moral, <strong>do</strong> que de ordem física e que será inútil procurar-lhes uma solução<br />

nas nossas ciências exatas.<br />

Por isso mesmo que tais fenômenos são mais de ordem moral, deve-se evitar<br />

com escrupuloso cuida<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> o que possa sobreexcitar a imaginação. Sabe-se que<br />

de acidentes pode o me<strong>do</strong> ocasionar e muito menos imprudências se cometiam, se<br />

se conhecessem to<strong>do</strong>s os casos de loucura e de epilepsia, cuja origem se encontra<br />

nos contos de lobisomens e papões. Que não será, se se generalizar a persuasão<br />

de que o agente <strong>do</strong>s aludi<strong>do</strong>s fenômenos é o diabo? Os que espelham semelhantes<br />

idéias não sabem a responsabilidade que assumem: podem matar. Ora, o perigo<br />

não existe apenas para o paciente, mas também para os que o cercam, os quais<br />

podem ficar aterroriza<strong>do</strong>s, ao pensarem que a casa onde moram se tornou um covil<br />

de demônios. Esta crença funesta é que foi causa de tantos atos de atrocidade nos<br />

tempos de ignorância.<br />

Entretanto, se houvesse um pouco mais de discernimento, teria ocorri<strong>do</strong> aos<br />

que os praticaram que não queimavam o diabo, por queimarem o corpo que<br />

supunham possesso <strong>do</strong> diabo. Desde que <strong>do</strong> diabo é que queriam livrar-se, ao diabo<br />

é que era preciso matassem. Esclarecen<strong>do</strong>-nos sobre a verdadeira causa de to<strong>do</strong>s<br />

esses fenômenos, a Doutrina <strong>Espírita</strong> lhe dá o golpe de misericórdia. Longe, pois,<br />

de concorrer para que tal idéia se forme, to<strong>do</strong>s devem, e este é um dever de<br />

moralidade e de humanidade, combatê-la onde exista.<br />

O que há a fazer-se, quan<strong>do</strong> uma faculdade dessa natureza se desenvolve<br />

espontaneamente num indivíduo, é deixar que o fenômeno siga o seu curso natural:<br />

a Natureza é mais prudente <strong>do</strong> que os homens. Acresce que a Providência tem seus<br />

desígnios e aos maiores destes pode servir de instrumento a mais pequenina das<br />

criaturas. Porém, forçoso é convir, o fenômeno assume por vezes proporções<br />

fatigantes e importunas para toda gente 8 .<br />

8 Um <strong>do</strong>s fatos mais extraordinários desta natureza, pela variedade e singularidade <strong>do</strong>s<br />

fenômenos, é, sem contestação, o que ocorreu em 1852, no Palatina<strong>do</strong> (Baviera renana), em<br />

Bergzabern, perto de Wissemburg. É tanto mais notável, quanto denota, reuni<strong>do</strong>s no mesmo<br />

indivíduo, quase to<strong>do</strong>s os gêneros de manifestações espontâneas: estron<strong>do</strong>s de abalar a<br />

casa, derribamento <strong>do</strong>s móveis, arremesso de objetos ao longe por mãos invisíveis, visões e<br />

aparições, sonambulismo, êxtase, catalepsia, atração elétrica, gritos e sons aéreos,<br />

instrumentos tocan<strong>do</strong> sem contacto, comunicações inteligentes, etc. e, o que não é de<br />

somenos importância, a comprovação destes fatos, durante quase <strong>do</strong>is anos, por inúmeras<br />

testemunhas oculares, dignas de crédito pelo saber e pelas posições sociais que ocupavam.<br />

A narração autêntica <strong>do</strong>s aludi<strong>do</strong>s fenômenos foi publicada, naquela época, em muitos jornais<br />

alemães e, especialmente, numa brochura hoje esgotada e raríssima. Na Revue Spirite de<br />

1858 se encontra a tradução completa dessa brochura, com os comentários e explicações<br />

indispensáveis. Essa, que saibamos, é a única publicação feita em francês <strong>do</strong> folheto a que<br />

nos referimos. Além <strong>do</strong> empolgante interesse que tais fenômenos despertam, eles são<br />

eminentemente instrutivos, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> prático <strong>do</strong> Espiritismo.<br />

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Eis, então, o que em to<strong>do</strong>s os casos importa fazer-se. No capítulo V - Das<br />

manifestações físicas espontâneas, já demos alguns conselhos a este respeito,<br />

dizen<strong>do</strong> ser preciso entrar em comunicação com o Espírito, para dele saber-se o que<br />

quer. O meio seguinte também se funda na observação.<br />

Os seres invisíveis, que revelam sua presença por efeitos sensíveis, são, em<br />

geral, Espíritos de ordem inferior e que podem ser <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s pelo ascendente<br />

moral. A aquisição deste ascendente é o que se deve procurar.<br />

Para alcançá-lo, preciso é que o indivíduo passe <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de médium<br />

natural ao de médium voluntário. Produz-se, então, efeito análogo ao que se<br />

observa no sonambulismo. Como se sabe, o sonambulismo natural cessa<br />

geralmente, quan<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong> pelo sonambulismo magnético. Não se suprime a<br />

faculdade, que tem a alma, de emancipar-se; dá-se-lhe outra diretriz. O mesmo<br />

acontece com a faculdade mediúnica. Para isso, em vez de pôr óbices ao fenômeno,<br />

coisa que raramente se consegue e que nem sempre deixa de ser perigosa, o que<br />

se tem de fazer é concitar o médium a produzi-los à sua vontade, impon<strong>do</strong>-se ao<br />

Espírito. Por esse meio, chega o médium a sobrepujá-lo e, de um <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>r às<br />

vezes tirânico, faz um ser submisso e, não raro, dócil. Fato digno de nota e que a<br />

experiência confirma é que, em tal caso, uma criança tem tanta e, por vezes, mais<br />

autoridade que um adulto: mais uma prova a favor deste ponto capital da Doutrina,<br />

que o Espírito só é criança pelo corpo; que tem por si mesmo um desenvolvimento<br />

necessariamente anterior à sua encarnação atual, desenvolvimento que lhe pode<br />

dar ascendente sobre Espíritos que lhe são inferiores.<br />

A moralização de um Espírito, pelos conselhos de uma terceira pessoa<br />

influente e experiente, não estan<strong>do</strong> o médium em esta<strong>do</strong> de o fazer, constitui<br />

freqüentemente meio muito eficaz. Mais tarde voltaremos a tratar dele.<br />

163. Nesta categoria parece, à primeira vista, se deviam incluir as pessoas<br />

<strong>do</strong>tadas de certa <strong>do</strong>se de eletricidade natural, verdadeiros torpe<strong>do</strong>s (*) humanos, a<br />

produzirem, por simples contacto, to<strong>do</strong>s os efeitos de atração e repulsão. Erra<strong>do</strong>,<br />

porém, fora considerá-las médiuns, porquanto a vera mediunidade supõe a<br />

intervenção direta de um Espírito. Ora, no caso de que falamos, concludentes<br />

experiências hão prova<strong>do</strong> que a eletricidade é o agente único desses fenômenos.<br />

Esta estranha faculdade, que quase se poderia considerar uma enfermidade, pode<br />

às vezes estar aliada à mediunidade, como é fácil de verificar-se na história <strong>do</strong><br />

Espírito bate<strong>do</strong>r de Bergzabern. Porém, as mais das vezes, de to<strong>do</strong> independe de<br />

qualquer faculdade mediúnica. Conforme já dissemos, a única prova da intervenção<br />

<strong>do</strong>s Espíritos é o caráter inteligente das manifestações. Desde que este caráter não<br />

exista, fundamento há para serem atribuídas a causas puramente físicas. A questão<br />

é saber se as pessoas elétricas estarão ou não mais aptas, <strong>do</strong> que quaisquer outras,<br />

a tornar-se médiuns de efeitos físicos. Cremos que sim, mas só a experiência<br />

poderia demonstrá-lo.<br />

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2. Médiuns sensitivos, ou impressionáveis<br />

164. Chamam-se assim às pessoas suscetíveis de sentir a presença <strong>do</strong>s<br />

Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de leve roçadura sobre to<strong>do</strong>s os<br />

seus membros, sensação que elas não podem explicar. Esta variedade não<br />

apresenta caráter bem defini<strong>do</strong>. To<strong>do</strong>s os médiuns são necessariamente<br />

impressionáveis, sen<strong>do</strong> assim a impressionabilidade mais uma qualidade geral <strong>do</strong><br />

que especial. É a faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas<br />

as outras. Difere da impressionabilidade puramente física e nervosa, com a qual<br />

preciso é não seja confundida, porquanto, pessoas há que não têm nervos delica<strong>do</strong>s<br />

e que sentem mais ou menos o efeito da presença <strong>do</strong>s Espíritos, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong><br />

que outras, muito irritáveis, absolutamente não os pressentem.<br />

Esta faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza, que<br />

aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a<br />

natureza, boa ou má, <strong>do</strong> Espírito que lhe está ao la<strong>do</strong>, mas até a sua<br />

individualidade, como o cego reconhece, por um certo não sei quê, a aproximação<br />

de tal ou tal pessoa. Torna-se, com relação aos Espíritos, verdadeiro sensitivo. Um<br />

bom Espírito produz sempre uma impressão suave e agradável; a de um mau<br />

Espírito, ao contrário, é penosa, angustiosa, desagradável. Há como que um cheiro<br />

de impureza.<br />

188. Espécies comuns a to<strong>do</strong>s os gêneros de mediunidade<br />

Médiuns sensitivos: pessoas suscetíveis de sentir a presença <strong>do</strong>s Espíritos,<br />

por uma impressão geral ou local, vaga ou material. A maioria dessas pessoas<br />

distingue os Espíritos bons <strong>do</strong>s maus, pela natureza da impressão. (N. 164.)<br />

"Os médiuns delica<strong>do</strong>s e muito sensitivos devem abster-se das comunicações<br />

com os Espíritos violentos, ou cuja impressão é penosa, por causa da fadiga que daí<br />

resulta."<br />

Médiuns naturais ou inconscientes: os que produzem espontaneamente os<br />

fenômenos, sem intervenção da própria vontade e, as mais das vezes, à sua revelia.<br />

(N. 161.)<br />

Médiuns facultativos ou voluntários: os que têm o poder de provocar os<br />

fenômenos por ato da própria vontade. (N. 160.)<br />

"Qualquer que seja essa vontade, eles nada podem, se os Espíritos se<br />

recusam, o que prova a intervenção de uma força estranha."<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Capítulo 14 (itens 160 a 164) e capítulo<br />

16 (item 188).<br />

4.5. Mediunidade nas crianças<br />

Não é aconselhável estimular a prática da mediunidade na criança. Isto<br />

porque o organismo da criança não esta completamente desenvolvi<strong>do</strong>, seus órgãos,<br />

sobretu<strong>do</strong> o sistema nervoso, estão em fase de maturação. Alem <strong>do</strong> mais, a criança<br />

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talvez não possua discernimento necessário para evitar as influências <strong>do</strong>s maus<br />

Espíritos.<br />

Kardec, perguntan<strong>do</strong> aos Espíritos orienta<strong>do</strong>res da Codificação sobre se<br />

haveria inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças, obteve de<br />

um deles a seguinte resposta: “(...) Certamente e sustento mesmo que e muito<br />

perigoso, pois que esses organismos débeis e delica<strong>do</strong>s sofreriam por essa forma<br />

grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os<br />

pais prudentes devem afastá-las dessas idéias, ou, quan<strong>do</strong> nada, não lhes falar <strong>do</strong><br />

assunto, senão <strong>do</strong> ponto de vista das conseqüências morais.” (01)<br />

"No exame <strong>do</strong> assunto. há que se observar o problema <strong>do</strong><br />

desenvolvimento sob duplo senti<strong>do</strong>. físico e mental.<br />

Há crianças bem desenvolvidas fisicamente, mas de recursos mentais e<br />

intelectuais deficientes (...).<br />

Existem crianças fisicamente pouco desenvolvidas, porém mental e<br />

intelectualmente bem <strong>do</strong>tadas.<br />

Em ambos os casos a prudência aconselha seja evita<strong>do</strong>, junto à criança,<br />

o trabalho mediúnico.<br />

Desenvolver a mediunidade, ou seja, educá-la, significa colocar-nos em<br />

relação e dependência magnética, mental e moral com entidades <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s<br />

tipos evolutivos.<br />

O frágil organismo infantil e sua inexperiência podem sofrer os efeitos de<br />

uma aproximação obsidiante.<br />

A imaginação da criança é, sobremo<strong>do</strong>, excitável, o que pode ocasionar<br />

conseqüências perigosas sob o ponto de vista <strong>do</strong> equilíbrio, da estabilidade<br />

espiritual (...).<br />

São negativos to<strong>do</strong>s os aspectos <strong>do</strong> desenvolvimento mediúnico das<br />

crianças.<br />

O Codifica<strong>do</strong>r, missionário escolhi<strong>do</strong>, estava certo ao desaconselhar tal<br />

proceder.<br />

Há recursos de amparo às crianças que revelam mediunidade.<br />

Prece em seu favor e <strong>do</strong>s Espíritos que delas tentam acercar-se.<br />

Passes ministra<strong>do</strong>s por companheiros responsáveis.<br />

Freqüência às aulas espíritas de Evangelho, a fim de que possam, a pouco e pouco,<br />

ir assimilan<strong>do</strong> noções <strong>do</strong>utrinárias compatibilizadas com sua idade." (05)<br />

Devemos considerar, porém, que há crianças cuja mediunidade ocorre<br />

naturalmente, sem causar-lhes transtornos. Estas crianças são médiuns naturais e,<br />

"(...) quan<strong>do</strong> numa criança a faculdade se mostra espontânea, é que esta na sua<br />

natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece quan<strong>do</strong><br />

é provocada e sobreexcitada. (...) a criança, que tem visões, geralmente não se<br />

impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca<br />

atenção e quase sempre esquece. (...)” (02)<br />

Para o início da prática mediúnica “Não ha idade precisa, tu<strong>do</strong> dependen<strong>do</strong><br />

inteiramente <strong>do</strong> desenvolvimento físico e, ainda mais, <strong>do</strong> desenvolvimento moral. Ha<br />

crianças de <strong>do</strong>ze anos a quem tal coisa afetará menos <strong>do</strong> que a algumas pessoas já<br />

feitas. Falo da mediunidade, em geral; porem, a de efeitos físicos é mais fatigante<br />

para o corpo; a da escrita tem outro inconveniente, deriva<strong>do</strong> da inexperiência da<br />

criança, da<strong>do</strong> o caso de ela querer entregar-se a sós ao exercício da sua faculdade<br />

e fazer disso um brinque<strong>do</strong>." (03)<br />

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"A prática <strong>do</strong> Espiritismo (...) demanda muito tato, para a inutilização das<br />

tramas <strong>do</strong>s Espíritos engana<strong>do</strong>res. Se estes iludem a homens feitos, claro e que a<br />

infância e a juventude mais expostas se acham a ser vitimas deles. Sabe-se, além<br />

disso, que o recolhimento é uma condição sem a qual não se pode lidar com<br />

Espíritos sérios. As evocações feitas estouvadamente e por gracejo constituem<br />

verdadeira profanação, que facilita o acesso aos Espíritos zombeteiros, ou<br />

malfazejos. Ora, não se poden<strong>do</strong> esperar de uma criança a gravidade necessária a<br />

semelhante ato, muito de temer é que ela faça disso um brinque<strong>do</strong>, se ficar entregue<br />

a si mesma. Ainda nas condições mais favoráveis, é de desejar que uma criança<br />

<strong>do</strong>tada de faculdade mediúnica não a exercite, senão sob a vigilância de pessoas<br />

experientes, que lhe ensinem, pelo exemplo, o respeito devi<strong>do</strong> as almas <strong>do</strong>s que<br />

viveram no mun<strong>do</strong>. Por ai se vê que a questão de idade está subordinada às<br />

circunstâncias, assim de temperamento, corno de caráter. (...)" (04)<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Dos inconvenientes e perigos da<br />

mediunidade. Capítulo 18. FEB 1995.<br />

5. Do Mandato Mediúnico<br />

5.1. Qualidades essenciais <strong>do</strong> médium<br />

“Os médiuns são os interpretes <strong>do</strong>s Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta<br />

de órgãos materiais pelos quais transmitam suas instruções. Daí vem o serem<br />

<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de faculdades para esse efeito.”<br />

Emmanuel, esclarecen<strong>do</strong> sobre as qualidades mais necessárias a um bom<br />

médium afirma que “A primeira necessidade <strong>do</strong> médium é evangelizar-se a si<br />

mesmo, antes de se entregar ás grandes tarefas <strong>do</strong>utrinárias, pois, de outro mo<strong>do</strong><br />

poderá esbarrar sempre com o fantasma <strong>do</strong> personalismo, em detrimento de sua<br />

missão.”<br />

“As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade,<br />

a benevolência, a simplicidade <strong>do</strong> coração, o amor <strong>do</strong> próximo, o desprendimento<br />

das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a<br />

inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez 9 , a sensualidade e todas as paixões que<br />

escravizam o homem à matéria.”<br />

O médium eficiente, sob o ponto de vista espiritual, será aquele trabalha<strong>do</strong>r<br />

que melhor se harmonizar com a vontade <strong>do</strong> Pai Celestial.<br />

Será aquele que se destacar pelo cultivo sincero da humildade e da fé, <strong>do</strong><br />

devotamento e da confiança, da boa vontade e da compreensão.<br />

Se o médium, <strong>do</strong> ponto de vista da execução, não passa de um instrumento,<br />

exerce, todavia, influencia muito grande, sob o aspecto moral. Pois, que, para se<br />

comunicar, o Espírito desencarna<strong>do</strong> se identifica com o Espírito <strong>do</strong> médium. Esta<br />

identificação não se pode verificar, senão haven<strong>do</strong>, entre um e outro, simpatia e, se<br />

assim é lícito dizer-se afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de<br />

atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora,<br />

os bons têm afinidades com os bons e os maus com os maus, <strong>do</strong>nde se segue que<br />

9 Relativo a ambicioso, ávi<strong>do</strong>, cobiçoso, desejoso<br />

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as qualidades morais <strong>do</strong> médium exercem influencia capital sobre a natureza <strong>do</strong>s<br />

Espíritos que por ele se comunicam.<br />

Sob o ponto de vista <strong>do</strong> mecanismo da comunicação, a mediunidade, em si<br />

mesma, não depende <strong>do</strong> fator moral.<br />

Sob o ponto de vista da assistência espiritual, contu<strong>do</strong>, o fator moral é<br />

indispensável. Médiuns moraliza<strong>do</strong>s contam com o amparo de Espíritos Superiores.<br />

O médium moraliza<strong>do</strong> tem a vida de um homem de bem. Será humilde,<br />

sincero, paciente, perseverante, bon<strong>do</strong>so, estudioso, trabalha<strong>do</strong>r, desinteressa<strong>do</strong>.<br />

Por isto, “Paciência, perseverança, boa-vontade, humildade, sinceridade,<br />

estu<strong>do</strong> e trabalho são fatores de extrema valia na educação mediúnica”.<br />

“Se o médium consegue transpor, valoroso, a faixa de hesitações pueris,<br />

entenden<strong>do</strong> que importa, acima de tu<strong>do</strong>, o bem a fazer, passa, então, a ser objeto<br />

da confiança <strong>do</strong>s Benfeitores desencarna<strong>do</strong>s que lhe aproveitam as capacidades no<br />

amparo aos semelhantes, dentro <strong>do</strong> qual assimila amparo a si mesmo”.<br />

Quanto mais se lhe acentuam o aperfeiçoamento e a abnegação, a cultura e o<br />

desinteresse, mais se lhe sutilizam os pensamentos, e, com isso, mais se lhe<br />

aguçam as percepções mediúnicas, que se elevam a maior demonstração de<br />

serviço, de acor<strong>do</strong> com as suas disposições individuais.<br />

Fora dessa compreensão, fica claro que “Todas as imperfeições morais são<br />

outras tantas portas abertas ao acesso <strong>do</strong>s maus Espíritos. A que, porém, eles<br />

exploram com mais habilidades é o orgulho, porque é a que a criatura menos<br />

confessa a si mesma. O orgulho tem perdi<strong>do</strong> muitos médiuns <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s das mais<br />

belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podi<strong>do</strong> tornar-se<br />

instrumentos notáveis e muito úteis. Presas a Espíritos mentirosos, suas faculdades,<br />

depois de se haverem perverti<strong>do</strong>, aniquilam-se e mais de um se viu humilha<strong>do</strong> por<br />

amaríssimas decepções”.<br />

Concluímos portanto, que “O primeiro inimigo <strong>do</strong> médium reside dentro dele<br />

mesmo. Freqüentemente é o personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebelia<br />

no voluntário desconhecimento <strong>do</strong>s seus deveres à luz <strong>do</strong> Evangelho, fatores de<br />

inferioridade moral que, não raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à<br />

confusão <strong>do</strong>s campos improdutivos.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Da influencia moral <strong>do</strong> médium.<br />

FEB, 1995. Item 227, págs 287-288.<br />

2. Allan Kardec. O Evangelho Segun<strong>do</strong> o Espiritismo. A fé transporta<br />

montanhas. Item 10, pág. 304.<br />

3. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Pelo Espírito de Emmanuel. O<br />

Consola<strong>do</strong>r. Mediunidade, desenvolvimento. FEB 1995. Questão<br />

387, pág. 215; questão 410, pág 227.<br />

4. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Pelo Espírito de André Luiz. Mecanismo<br />

da Mediunidade. Passividade mediúnica. FEB 1994, pág. 133.<br />

5. Marins Peralva. Mediunidade e Evolução. Evangelho, Espiritismo e<br />

mediunidade. FEB 1980, pág 16; Eclosão Mediúnica, pág 20.<br />

6. Martins Peralva. Estudan<strong>do</strong> a Mediunidade. Médiuns. FEB 1989,<br />

pág 43.<br />

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5.2. Identificação das Fontes de Comunicação<br />

Mo<strong>do</strong>s de se distinguirem os bons <strong>do</strong>s maus Espíritos<br />

262. Se a identidade absoluta <strong>do</strong>s Espíritos é, em muitos casos, uma questão<br />

acessória e sem importância, o mesmo já não se dá com a distinção a ser feita entre<br />

bons e maus Espíritos. Pode ser-nos indiferente a individualidade deles; suas<br />

qualidades, nunca. Em todas as comunicações instrutivas, é sobre este ponto,<br />

conseguintemente, que se deve fixar a atenção, porque só ele nos pode dar a<br />

medida da confiança que devemos ter no Espírito que se manifesta, seja qual for o<br />

nome sob que o faça. É bom, ou mau, o Espírito que se comunica? Em que grau da<br />

escala espírita se encontra? Eis as questões capitais. (Veja-se: "Escala espírita", em<br />

O Livro <strong>do</strong>s Espíritos, n. 100.)<br />

263. Já dissemos que os Espíritos devem ser julga<strong>do</strong>s, como os homens, pela<br />

linguagem de que usam. Suponhamos que um homem receba vinte cartas de<br />

pessoas que lhe são desconhecidas; pelo estilo, pelas idéias, por uma imensidade<br />

de indícios, enfim, verificará se aquelas pessoas são instruídas ou ignorantes,<br />

polidas ou mal-educadas, superficiais, profundas, frívolas, orgulhosas, sérias,<br />

levianas, Sentimentais, etc. Assim, também, com os Espíritos. Devemos considerálos<br />

correspondentes que nunca vimos e procurar conhecer o que pensaríamos <strong>do</strong><br />

saber e <strong>do</strong> caráter de um homem que dissesse ou escrevesse tais coisas. Pode<br />

estabelecer-se como regra invariável e sem exceção que - a linguagem <strong>do</strong>s<br />

Espíritos está sempre em relação com o grau de elevação a que já tenham<br />

chega<strong>do</strong>. Os Espíritos realmente superiores não só dizem unicamente coisas boas,<br />

como também as dizem em termos isentos, de mo<strong>do</strong> absoluto, de toda trivialidade.<br />

Por melhores que sejam essas coisas, se uma única expressão denotan<strong>do</strong> baixeza<br />

as macula, isto constitui um sinal indubitável de inferioridade; com mais forte razão,<br />

se o conjunto <strong>do</strong> dita<strong>do</strong> fere as conveniências pela sua grosseria. A linguagem<br />

revela sempre a sua procedência, quer pelos pensamentos que exprime, quer pela<br />

forma, e, ainda mesmo que algum Espírito queira iludir-nos sobre a sua pretensa<br />

superioridade, bastará conversemos algum tempo com ele para a apreciarmos.<br />

264. A bondade e a afabilidade são atributos essenciais <strong>do</strong>s Espíritos<br />

depura<strong>do</strong>s.<br />

Não têm ódio, nem aos homens, nem aos outros Espíritos. Lamentam as<br />

fraquezas, criticam os erros, mas sempre com moderação, sem fel e sem<br />

animosidade. Admita-se que os Espíritos verdadeiramente bons não podem querer<br />

senão o bem e dizer senão coisas boas e se concluirá que tu<strong>do</strong> o que denote, na<br />

linguagem <strong>do</strong>s Espíritos, falta de bondade e de benignidade não pode provir de um<br />

bom Espírito.<br />

265. A inteligência longe está de constituir um indício certo de superioridade,<br />

porquanto a inteligência e a moral nem sempre andam emparelhadas. Pode um<br />

Espírito ser bom, afável, e ter conhecimentos limita<strong>do</strong>s, ao passo que outro,<br />

inteligente e instruí<strong>do</strong>, pode ser muito inferior em moralidade.<br />

É crença bastante generalizada que, interrogan<strong>do</strong>-se o Espírito de um homem<br />

que, na Terra, foi sábio em certa especialidade, com mais segurança se obterá a<br />

verdade.<br />

Isto é lógico; entretanto, nem sempre é o que se dá. A experiência demonstra<br />

que os sábios, tanto quanto os demais homens, sobretu<strong>do</strong> os desencarna<strong>do</strong>s de<br />

pouco tempo, ainda se acham sob o império <strong>do</strong>s preconceitos da vida corpórea; eles<br />

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não se despojam imediatamente <strong>do</strong> espírito de sistema. Pode acontecer que, sob a<br />

influência das idéias que esposaram em vida e das quais fizeram para si um título de<br />

glória, vejam com menos clareza <strong>do</strong> que supomos. Não apresentamos este princípio<br />

como regra; longe disso. Dizemos apenas que o fato se dá e que, por conseguinte, a<br />

ciência humana que eles possuem não constitui sempre uma prova da sua<br />

infalibilidade, como Espíritos.<br />

266. Em se submeten<strong>do</strong> todas as comunicações a um exame escrupuloso,<br />

em se lhes perscrutan<strong>do</strong> e analisan<strong>do</strong> o pensamento e as expressões, como é de<br />

uso fazer-se quan<strong>do</strong> se trata de julgar uma obra literária, rejeitan<strong>do</strong>-se, sem<br />

hesitação, tu<strong>do</strong> o que peque contra a lógica e o bom-senso, tu<strong>do</strong> o que desminta o<br />

caráter <strong>do</strong> Espírito que se supõe ser o que se está manifestan<strong>do</strong>, leva-se o<br />

desânimo aos Espíritos mentirosos, que acabam por se retirar, uma vez fiquem bem<br />

convenci<strong>do</strong>s de que não lograrão iludir.<br />

Repetimos: este meio é único, mas é infalível, porque não há comunicação<br />

má que resista a uma crítica rigorosa. Os bons espíritos nunca se ofendem com<br />

esta, pois que eles próprios a aconselham e porque nada têm que temer <strong>do</strong> exame.<br />

Apenas os maus se formalizam e procuram evitá-lo, porque tu<strong>do</strong> têm a perder. Só<br />

com isso provam o que são.<br />

Eis aqui o conselho que a tal respeito nos deu São Luís: "Qualquer que seja a<br />

confiança legítima que vos inspirem os Espíritos que presidem aos vossos trabalhos,<br />

uma recomendação há que nunca será demais repetir e que deveríeis ter presente<br />

sempre na vossa lembrança, quan<strong>do</strong> vos entregais aos vossos estu<strong>do</strong>s: é a de<br />

pesar e meditar, é a de submeter ao cadinho da razão mais severa todas as<br />

comunicações que receberdes; é a de não deixardes de pedir as explicações<br />

necessárias a formardes opinião segura, desde que um ponto vos pareça suspeito,<br />

duvi<strong>do</strong>so ou obscuro."<br />

267. Podem resumir-se nos princípios seguintes os meios de se reconhecer a<br />

qualidade <strong>do</strong>s Espíritos:<br />

1º Não há outro critério, senão o bom-senso, para se aquilatar <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s<br />

Espíritos. Absurda será qualquer fórmula que eles próprios dêem para esse efeito e<br />

não poderá provir de Espíritos superiores.<br />

2º Apreciam-se os Espíritos pela linguagem de que usam e pelas suas ações.<br />

Estas se traduzem pelos sentimentos que eles inspiram e pelos conselhos<br />

que dão.<br />

3º Admiti<strong>do</strong> que os bons Espíritos só podem dizer e fazer o bem, de um bom<br />

Espírito não pode provir o que tenda para o mal.<br />

4º Os Espíritos superiores usam sempre de uma linguagem digna, nobre,<br />

elevada, sem eiva de trivialidade; tu<strong>do</strong> dizem com simplicidade e modéstia, jamais<br />

se vangloriam, nem se jactam de seu saber, ou da posição que ocupam entre os<br />

outros. A <strong>do</strong>s Espíritos inferiores ou vulgares sempre algo refletem das paixões<br />

humanas. Toda expressão que denote baixeza, pretensão, arrogância, fanfarronice,<br />

acrimônia 10 , é indício característico de inferioridade e de embuste 11 , se o Espírito se<br />

apresenta com um nome respeitável e venera<strong>do</strong>.<br />

5º Não se deve julgar da qualidade <strong>do</strong> Espírito pela forma material, nem pela<br />

correção <strong>do</strong> estilo. É preciso sondar-lhe o íntimo, analisar-lhe as palavras, pesá-las<br />

friamente, maduramente e sem prevenção. Qualquer ofensa à lógica, à razão e à<br />

ponderação não pode deixar dúvida sobre a sua procedência, seja qual for o nome<br />

com que se ostente o Espírito. (N. 224.)<br />

10 a.cri.mô.nia - Acidez, azedume, aspereza.<br />

11 em.bus.te - Mentira artificiosa.<br />

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6º A linguagem <strong>do</strong>s Espíritos eleva<strong>do</strong>s é sempre idêntica, senão quanto à<br />

forma, pelo menos quanto ao fun<strong>do</strong>. Os pensamentos são os mesmos, em qualquer<br />

tempo e em to<strong>do</strong> lugar. Podem ser mais ou menos desenvolvi<strong>do</strong>s, conforme as<br />

circunstâncias, as necessidades e as faculdades que encontrem para se comunicar;<br />

porém, jamais serão contraditórios. Se duas comunicações, firmadas pelo mesmo<br />

nome, se mostram em contradição, uma das duas é evidentemente apócrifa e a<br />

verdadeira será aquela em que nada desminta o conheci<strong>do</strong> caráter da personagem.<br />

Sobre duas comunicações assinadas, por exemplo, com o nome de São Vicente de<br />

Paula, uma das quais propenden<strong>do</strong> para a união e a caridade e a outra tenden<strong>do</strong><br />

para a discórdia, nenhuma pessoa sensata poderá equivocar-se.<br />

7º Os bons Espíritos só dizem o que sabem; calam-se ou confessam a sua<br />

ignorância sobre o que não sabem. Os maus falam de tu<strong>do</strong> com desassombro, sem<br />

se preocuparem com a verdade. Toda heresia científica notória, to<strong>do</strong> princípio que<br />

choque o bom-senso, aponta a fraude, desde que o Espírito se dê por ser um<br />

Espírito esclareci<strong>do</strong>.<br />

8º Reconhecem-se ainda os Espíritos levianos, pela facilidade com que<br />

predizem o futuro e precisam fatos materiais de que não nos é da<strong>do</strong> ter<br />

conhecimento. Os bons Espíritos fazem que as coisas futuras sejam pressentidas,<br />

quan<strong>do</strong> esse pressentimento convenha; nunca, porém, determinam datas. A<br />

previsão de qualquer acontecimento para uma época determinada é indício de<br />

mistificação.<br />

9º Os Espíritos superiores se exprimem com simplicidade, sem prolixidade 12 .<br />

Têm o estilo conciso, sem exclusão da poesia das idéias e das expressões, claro,<br />

inteligível a to<strong>do</strong>s, sem demandar esforço para ser compreendi<strong>do</strong>. Têm a arte de<br />

dizer muitas coisas em poucas palavras, porque cada palavra é empregada com<br />

exatidão. Os Espíritos inferiores, ou falsos sábios, ocultam sob o empolamento, ou a<br />

ênfase, o vazio de suas idéias. Usam de uma linguagem pretensiosa, ridícula, ou<br />

obscura, à força de quererem pareça profunda.<br />

10º Os bons Espíritos nunca ordenam; não se impõem, aconselham e, se não<br />

são escuta<strong>do</strong>s, retiram-se. Os maus são imperiosos; dão ordens, querem ser<br />

obedeci<strong>do</strong>s e não se afastam, haja o que houver. To<strong>do</strong> Espírito que impõe trai a sua<br />

inferioridade. São exclusivistas e absolutos em suas opiniões; pretendem ter o<br />

privilégio da verdade. Exigem crença cega e jamais apelam para a razão, por<br />

saberem que a razão os desmascararia.<br />

11º Os bons Espíritos não lisonjeiam; aprovam o bem feito, mas sempre com<br />

reserva. Os maus prodigalizam exagera<strong>do</strong>s elogios, estimulam o orgulho e a<br />

vaidade, embora pregan<strong>do</strong> a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal<br />

daqueles a quem desejam captar.<br />

l2º Os Espíritos superiores desprezam, em tu<strong>do</strong>, as puerilidades da forma. Só<br />

os Espíritos vulgares ligam importância a particularidades mesquinhas,<br />

incompatíveis com idéias verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é<br />

sinal certo de inferioridade e de fraude, da parte de um Espírito que tome um nome<br />

imponente.<br />

13º Deve-se desconfiar <strong>do</strong>s nomes singulares e ridículos, que alguns Espíritos<br />

a<strong>do</strong>tam, quan<strong>do</strong> querem impor-se à credulidade; fora soberanamente absur<strong>do</strong> tomar<br />

a sério semelhantes nomes.<br />

14º Deve-se igualmente desconfiar <strong>do</strong>s Espíritos que com muita facilidade se<br />

apresentam, dan<strong>do</strong> nomes extremamente venera<strong>do</strong>s, e não lhes aceitar o que<br />

12 Prolixidade - Demasiadamente longo. Demasiadamente extenso ou demora<strong>do</strong>. Excessivo,<br />

superabundante. Enfa<strong>do</strong>nho, fastidioso.<br />

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digam, senão com muita reserva. Aí, sobretu<strong>do</strong>, é que uma verificação severa se faz<br />

indispensável, porquanto isso não passa muitas vezes de uma máscara que eles<br />

tomam, para dar a crer que se acham em relações íntimas com os Espíritos<br />

excelsos. Por esse meio, lisonjeiam a vaidade <strong>do</strong> médium e dela se aproveitam<br />

freqüentemente para induzi-lo a atitudes lamentáveis e ridículas.<br />

15º Os bons Espíritos são muito escrupulosos no tocante às atitudes que<br />

hajam aconselhar. Eles, qualquer que seja o caso, nunca deixam de objetivar um fim<br />

sério e eminentemente útil. Devem, pois, ter-se por suspeitas todas as que não<br />

apresentam este caráter, ou sejam condenáveis perante a razão, e cumpre refletir<br />

maduramente antes de tomá-las, a fim de evitarem-se mistificações desagradáveis.<br />

l6º Também se reconhecem os bons Espíritos pela prudente reserva que<br />

guardam sobre to<strong>do</strong>s os assuntos que possam trazer comprometimento. Repugnalhes<br />

desvendar o mal, enquanto que aos Espíritos levianos, ou malfazejos apraz pôlo<br />

em evidência. Ao passo que os bons procuram atenuar os erros e pregam a<br />

indulgência, os maus os exageram e sopram a cizânia, por meio de insinuações<br />

pérfidas.<br />

17º Os bons Espíritos só prescrevem o bem. Máxima nenhuma, nenhum<br />

conselho, que se não conformem estritamente com a pura caridade evangélica,<br />

podem ser obra de bons Espíritos.<br />

18º Jamais os bons Espíritos aconselham senão o que seja perfeitamente<br />

racional. Qualquer recomendação que se afaste da linha reta <strong>do</strong> bom-senso, ou das<br />

leis imutáveis da Natureza, denuncia um Espírito atrasa<strong>do</strong> e, portanto, pouco<br />

merece<strong>do</strong>r de confiança.<br />

19º Os Espíritos maus, ou simplesmente imperfeitos, ainda se traem por<br />

indícios materiais, a cujo respeito ninguém se pode enganar. A ação deles sobre o<br />

médium é às vezes violenta e provoca movimentos bruscos e intermitentes, uma<br />

agitação febril e convulsiva, que destoa da calma e da <strong>do</strong>çura <strong>do</strong>s bons Espíritos.<br />

20º Muitas vezes, os Espíritos imperfeitos se aproveitam <strong>do</strong>s meios de que<br />

dispõem, de comunicar-se, para dar conselhos pérfi<strong>do</strong>s. Excitam a desconfiança e a<br />

animosidade contra os que lhes são antipáticos. Especialmente os que lhes podem<br />

desmascarar as imposturas são objeto da maior animadversão 13 da parte deles.<br />

Alvejam os homens fracos, para os induzir ao mal. Empregan<strong>do</strong> alternativamente,<br />

para melhor convencê-los, os sofismas, os sarcasmos, as injúrias e até<br />

demonstrações materiais <strong>do</strong> poder oculto de que dispõem, se empenham em<br />

desviá-los da senda da verdade.<br />

21º Os Espíritos <strong>do</strong>s que na Terra tiveram uma única preocupação, material<br />

ou morai, se se não desprenderam da influência da matéria, continuam sob o<br />

império das idéias terrenas e trazem consigo uma parte <strong>do</strong>s preconceitos, das<br />

predileções e mesmo das manias que tinham neste mun<strong>do</strong>. Fácil é isso de<br />

reconhecer-se pela linguagem de que se servem.<br />

22º Os conhecimentos de que alguns Espíritos se enfeitam, às vezes, com<br />

uma espécie de ostentação, não constituem sinal da superioridade deles. A<br />

inalterável pureza <strong>do</strong>s sentimentos morais é, a esse respeito, a verdadeira pedra de<br />

toque.<br />

23º Não basta se interrogue um Espírito para conhecer-se a verdade.<br />

Precisamos, antes de tu<strong>do</strong>, saber a quem nos dirigimos; porquanto, os<br />

Espíritos inferiores, ignorantes que são, tratam frívolamente das questões mais<br />

sérias. Também não basta que um Espírito tenha si<strong>do</strong> na Terra um grande homem,<br />

13 animadversão - Repreensão. Aversão, ódio.<br />

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para que, no mun<strong>do</strong> espírita, se ache de posse da soberana ciência. Só a virtude<br />

pode, purifican<strong>do</strong>-o, aproximá-lo de Deus e dilatar-lhe os conhecimentos.<br />

24º Da parte <strong>do</strong>s Espíritos superiores, o gracejo é muitas vezes fino e vivo,<br />

nunca, porém, trivial. Nos Espíritos zomba<strong>do</strong>res, quan<strong>do</strong> não são grosseiros, a sátira<br />

mordaz é, não raro, muito apropositada.<br />

25º Estudan<strong>do</strong>-se cuida<strong>do</strong>samente o caráter <strong>do</strong>s Espíritos que se<br />

apresentam, sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto de vista moral, reconhecem-se-lhes a natureza e o<br />

grau de confiança que devem merecer. O bom-senso não poderia enganar.<br />

26º Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é preciso, primeiro,<br />

que cada um saiba julgar-se a si mesmo. Muita gente há, infelizmente, que toma<br />

suas próprias opiniões pessoais como paradigma exclusivo <strong>do</strong> bom e <strong>do</strong> mau, <strong>do</strong><br />

verdadeiro e <strong>do</strong> falso; tu<strong>do</strong> o que lhes contradiga a maneira de ver, a suas idéias e<br />

ao sistema que conceberam, ou a<strong>do</strong>taram, lhes parece mau. A semelhante gente<br />

evidentemente falta a qualidade primacial para uma apreciação sã: a retidão <strong>do</strong><br />

juízo. Disso, porém, nem suspeitam. E o defeito sobre que mais se iludem os<br />

homens.<br />

Todas estas instruções decorrem da experiência e <strong>do</strong>s ensinos <strong>do</strong>s Espíritos.<br />

Vamos completá-las com as próprias respostas que eles deram, sobre os<br />

pontos mais importantes.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Da identidade <strong>do</strong>s espíritos. Capítulo<br />

24, 2ª parte, itens 262 - 267.<br />

2. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Introdução ao estu<strong>do</strong> da Doutrina<br />

<strong>Espírita</strong>.<br />

3. Paul Bodier. Como desenvolver a Mediunidade. 3 ed. Eco, item 8, pág.<br />

27.<br />

4. Leon Denis. No Invisível. Identidade <strong>do</strong>s espíritos. FEB 1983. pág. 314.<br />

5. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. O Consola<strong>do</strong>r. Pelo espírito de Emmanuel.<br />

FEB 1995. Questão 379, pág. 211.<br />

5.3. Contradições, Mistificações e Animismo <strong>–</strong> 1ª parte<br />

As contradições sobre os ensinos espíritas "(...) são, em regra, mais<br />

aparentes que reais; (...) elas quase sempre existem mais na superfície <strong>do</strong> que no<br />

fun<strong>do</strong> mesmo das coisas e (...) por conseqüência, carecem de importância. De duas<br />

fontes provêm: <strong>do</strong>s homens e <strong>do</strong>s Espíritos."<br />

"Quan<strong>do</strong> começaram a produzir-se os estranhos fenômenos <strong>do</strong> Espiritismo<br />

(...) sucedeu que cada um os interpretou a seu mo<strong>do</strong>, de acor<strong>do</strong> com suas idéias<br />

pessoais, suas crenças ou suas prevenções. Dai, muitos sistemas (...)."<br />

Os sistemas nasceram, pois, devi<strong>do</strong> às contradições de origem humana.<br />

Os adversários <strong>do</strong> Espiritismo podem ser classifica<strong>do</strong>s em três categorias:<br />

“(...) 1º <strong>–</strong> A <strong>do</strong>s que negam sistematicamente tu<strong>do</strong> o que é novo, ou deles não<br />

venha, e que falam sem conhecimento de causa. (...) Para eles, o Espiritismo<br />

é uma quimera, uma loucura, uma utopia (...). São os incrédulos de caso pensa<strong>do</strong>.<br />

(...)<br />

2º <strong>–</strong> A <strong>do</strong>s que, saben<strong>do</strong> muito bem o que pensar da realidade <strong>do</strong>s fatos, os<br />

combatem, todavia, por motivos de interesse pessoal. Para estes, o Espiritismo<br />

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existe, mas lhe receiam as conseqüências. (...)<br />

3º <strong>–</strong> A <strong>do</strong>s que acham na moral espírita uma censura por demais severa aos<br />

seus atos ou às suas tendências. (...) Os primeiros são movi<strong>do</strong>s pelo orgulho e pela<br />

presunção; os segun<strong>do</strong>s, pela ambição; os terceiros, pelo egoísmo. (...)"<br />

“(...) De duas espécies são os fenômenos espíritas: efeitos físicos e efeitos<br />

inteligentes. Não admitin<strong>do</strong> a existência <strong>do</strong>s Espíritos (...) concebe-se que neguem<br />

os efeitos inteligentes. (...)"<br />

Quanto aos efeitos físicos, seus argumentos se podem resumir nos quatro<br />

sistemas seguintes:<br />

a) <strong>–</strong> Charlatanismo <strong>–</strong> “to<strong>do</strong>s os espíritas seriam indivíduos embai<strong>do</strong>s 16 e to<strong>do</strong>s<br />

os médiuns seriam embaí<strong>do</strong>res, de nada valen<strong>do</strong> a posição, o caráter, o saber e a<br />

honradez das pessoas”."<br />

b) <strong>–</strong> Loucura <strong>–</strong> “Alguns, por condescendência, concordam em pôr de la<strong>do</strong> a<br />

suspeita de embuste. Pretendem então que os que não iludem são iludi<strong>do</strong>s, o que<br />

equivale a qualificá-los de imbecis. (...) declaram, pura e simplesmente, que os que<br />

crêem são loucos(...)."<br />

c) <strong>–</strong> Alucinação <strong>–</strong> “o observa<strong>do</strong>r estaria de muito boa fé; apenas, julgaria ver o<br />

que não vê. Viu por efeito de uma espécie de miragem”.<br />

d) <strong>–</strong> Músculo estalante <strong>–</strong> "(...) A causa (...) reside nas contrações voluntárias,<br />

ou involuntárias, <strong>do</strong> tendão <strong>do</strong> músculo curto-perônio. (...)”<br />

Quanto aos adversários que admitiam a existência de uma ação inteligente nos<br />

fenômenos espíritas, uma teoria foi apresentada: o Sistema <strong>do</strong> Reflexo.<br />

"(...) Julgou-se que (essa inteligência) bem podia ser a <strong>do</strong> médium ou a <strong>do</strong>s<br />

assistentes (...)."<br />

César Lombroso comenta. a respeito: ‘Outras explicações se tentam para<br />

evitar a da influência <strong>do</strong>s mortos: por exemplo, a de que o médium extrai <strong>do</strong> cérebro<br />

<strong>do</strong>s presentes as respostas aos quesitos (...) que depois projeta no exterior (...)” Não<br />

se compreende, porém, como o médium poderia realizar tal prodígio.<br />

Outra tentativa de explicação <strong>do</strong>s fenômenos espíritas é a <strong>do</strong> Sistema<br />

Diabólico, também chama<strong>do</strong> pessimista ou demoníaco. Consiste na crença de que<br />

só o diabo ou os demônios podem comunicar-se.<br />

Os Espíritos ensinam a fraternidade, o perdão das injúrias, a mansuetude.<br />

Dizem-nos que o caminho único da felicidade é o <strong>do</strong> bem e que os sacrifícios<br />

agradáveis ao Senhor são os que fazemos a nós mesmos. Exortam-nos a vigiar<br />

cuida<strong>do</strong>samente nossos atos, afim de evitar a injustiça, recomendam-nos o estu<strong>do</strong><br />

(...) e o amor de nossos semelhantes.<br />

Se são estes os processos emprega<strong>do</strong>s por Satã para perverter-nos, é preciso<br />

declarar que eles se assemelham estranhamente aos que Jesus empregava para<br />

reformai os homens, e o anjo das trevas conduz mal seus negócios, trazen<strong>do</strong>-nos à<br />

virtude pela austeridade da moral que recomenda em suas comunicações. (...)"<br />

“(...) O Espiritismo tem, é verdade, muitos inimigos interessa<strong>do</strong>s em sua perda;<br />

de um la<strong>do</strong>, os materialistas; <strong>do</strong> outro, os sacer<strong>do</strong>tes de todas as religiões, de sorte<br />

que seu (...) partidários estão entre o martelo e a bigorna, a receber rudes golpes de<br />

to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s”.<br />

Os materialistas têm argumentos extraordinários; não concebem a boa fé nos<br />

seus adversários e declaram que os fenômenos espiritistas são to<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong>s à<br />

mistificação ou à prestidigitação 17 . Para esses Espíritos (...) só existem duas classes<br />

16 Embai<strong>do</strong>r: diz-se de ou o que ilude, engana; sedutor<br />

17 prestidigitação: técnica de iludir o especta<strong>do</strong>r com truques que dependem esp. da rapidez e<br />

agilidade das mãos; ilusionismo, mágica<br />

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no Mun<strong>do</strong>: a <strong>do</strong>s engana<strong>do</strong>res e a <strong>do</strong>s engana<strong>do</strong>s. Ora, não partilhan<strong>do</strong> dessa<br />

opinião, seremos, necessariamente, engana<strong>do</strong>res, e nossos médiuns, vulgares<br />

charlatões. (...)"<br />

"Para se compreenderem a causa e o valor das contradições de origem<br />

espírita, e preciso estar-se identifica<strong>do</strong> com a natureza <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> invisível e tê-lo<br />

estuda<strong>do</strong> por todas as suas faces. À primeira vista, parecerá talvez estranho que os<br />

Espíritos não pensem to<strong>do</strong>s da mesma maneira (...). Supor-lhes igual apreciação<br />

das coisas fora imaginá-los to<strong>do</strong>s no mesmo nível; pensar que to<strong>do</strong>s devam ver com<br />

justeza fora admitir que to<strong>do</strong>s já chegaram à perfeição, o que não é exato e não o<br />

pode ser, desde que se considere que eles não são mais <strong>do</strong> que a Humanidade<br />

despida <strong>do</strong> envoltório corporal. Poden<strong>do</strong> manifestar-se Espíritos de todas as<br />

categorias, resulta que suas comunicações trazem o cunho da ignorância ou <strong>do</strong><br />

saber que lhes seja peculiar no momento, o da inferioridade, ou da superioridade<br />

moral que alcançaram. (...)”<br />

"(...) Os Espíritos realmente superiores jamais se contradizem e a linguagem<br />

de que usam é sempre a mesma, com as mesmas pessoas. Pode, entretanto, diferir,<br />

de acor<strong>do</strong> com as pessoas e os lugares. Cumpre, porém, se atenda a que a<br />

contradição, às vezes, e apenas aparente; está mais nas palavras <strong>do</strong> que nas idéias;<br />

porquanto, quem reflita verificará que a idéia fundamental é a mesma. Acresce que o<br />

mesmo Espírito pode responder diversamente sobre a mesma questão, segun<strong>do</strong> o<br />

grau de adiantamento <strong>do</strong>s que o evocam, pois nem sempre convém que to<strong>do</strong>s<br />

recebam a mesma resposta, por não estarem to<strong>do</strong>s igualmente adianta<strong>do</strong>s. É<br />

exatamente como se uma criança e um sábio te fizessem a mesma pergunta. De<br />

certo, responderíeis a uma e a outro de mo<strong>do</strong> que te compreendessem e ficassem<br />

satisfeitos. As respostas, nesse caso, embora diferentes, seriam fundamentalmente<br />

idênticas."<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Das contradições e das manifestações.<br />

Capítulo XXVII, 2ª parte. Dos sistemas. Capítulo IV, 1ª parte.<br />

2. Allan Karde. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Conclusão. Item VII<br />

3. Gabriel Delanne. Espiritismo Perante a Ciência. As objeções. FEB, 1993,<br />

pág. 196, 210.<br />

4. César Lombroso. Hipnotismo e Mediunidade. Telepatia. FEB, 1983. pág.<br />

425.<br />

5.3b. Contradições, Mistificações e Animismo <strong>–</strong> 2ª parte<br />

Das mistificações<br />

303. Se o ser engana<strong>do</strong> é desagradável, ainda mais o é ser mistifica<strong>do</strong>. Esse,<br />

aliás, um <strong>do</strong>s inconvenientes de que mais facilmente nos podemos preservar. De<br />

todas as instruções precedentes ressaltam os meios de se frustrarem as tramas <strong>do</strong>s<br />

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Espíritos engana<strong>do</strong>res. Por essa razão, pouca coisa diremos a tal respeito. Sobre o<br />

assunto, foram estas as respostas que nos deram os Espíritos:<br />

1ª As mistificações constituem um <strong>do</strong>s escolhos mais desagradáveis <strong>do</strong><br />

Espiritismo prático. Haverá meio de nos preservarmos deles?<br />

"Parece-me que podeis achar a resposta em tu<strong>do</strong> quanto vos tem si<strong>do</strong><br />

ensina<strong>do</strong>. Certamente que há para isso um meio simples: o de não pedirdes ao<br />

Espiritismo senão o que ele vos possa dar. Seu fim é o melhoramento moral da<br />

Humanidade; se vos não afastardes desse objetivo, jamais sereis engana<strong>do</strong>s,<br />

porquanto não há duas maneiras de se compreender a verdadeira moral, a que to<strong>do</strong><br />

homem de bom-senso pode admitir.”<br />

"Os Espíritos vos vêm instruir e guiar no caminho <strong>do</strong> bem e não no das<br />

honras e das riquezas, nem vêm para atender às vossas paixões mesquinhas. Se<br />

nunca lhes pedissem nada de fútil, ou que esteja fora de suas atribuições, nenhum<br />

ascendente encontrariam jamais os engana<strong>do</strong>res; <strong>do</strong>nde deveis concluir que aquele<br />

que é mistifica<strong>do</strong> só o é porque o merece”.<br />

“O papel <strong>do</strong>s Espíritos não consiste em vos informar sobre as coisas desse<br />

mun<strong>do</strong>, mas em vos guiar com segurança no que vos possa ser útil para o outro<br />

mun<strong>do</strong>”.<br />

Quan<strong>do</strong> vos falam <strong>do</strong> que a esse concerne, é que o julgam necessário, porém<br />

não porque o peçais. Se vedes nos Espíritos os substitutos <strong>do</strong>s adivinhos e <strong>do</strong>s<br />

feiticeiros, então é certo que sereis engana<strong>do</strong>s.<br />

"Se os homens não tivessem mais <strong>do</strong> que se dirigirem aos Espíritos para tu<strong>do</strong><br />

saberem, estariam priva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> livre-arbítrio e fora <strong>do</strong> caminho traça<strong>do</strong> por Deus à<br />

Humanidade. O homem deve agir por si mesmo. Deus não manda os Espíritos para<br />

que aplainar a estrada material da vida, mas para que lhe preparem a <strong>do</strong> futuro."<br />

a) Porém, há pessoas que nada perguntam e que são indignamente<br />

enganadas por Espíritos que vêm espontaneamente, sem serem chama<strong>do</strong>s.<br />

"Se nada perguntam, dão-lhe ouvi<strong>do</strong>s, o que dá no mesmo. Se acolhessem<br />

com reserva e desconfiança tu<strong>do</strong> o que se afasta <strong>do</strong> objetivo essencial <strong>do</strong><br />

Espiritismo, os Espíritos levianos não as tomariam tão facilmente para joguete".<br />

2ª Por que permite Deus que pessoas sinceras e que aceitam o Espiritismo<br />

de boa-fé sejam mistificadas? Não poderia isto ter o inconveniente de lhes abalar a<br />

crença?<br />

"Se isso lhes abalasse a crença, é que não tinham muito sólida a fé. Os que<br />

renunciassem ao Espiritismo, por um simples desapontamento, provariam não o<br />

haverem compreendi<strong>do</strong> e não lhe terem atenta<strong>do</strong> na parte séria. Deus permite as<br />

mistificações, para experimentar a perseverança <strong>do</strong>s verdadeiros adeptos e punir os<br />

que <strong>do</strong> Espiritismo fazem objeto de divertimento."<br />

NOTA. A astúcia <strong>do</strong>s Espíritos mistifica<strong>do</strong>res ultrapassa às vezes tu<strong>do</strong> o que<br />

se possa imaginar. A arte, com que dispõem as suas baterias e combinam os meios<br />

de persuadir, seria uma coisa curiosa, se eles nunca passassem <strong>do</strong>s simples<br />

gracejos; porém, as mistificações podem ter conseqüências desagradáveis para os<br />

que não se achem em guarda. Sentimo-nos felizes por termos podi<strong>do</strong> abrir a tempo<br />

os olhos a muitas pessoas que se dignaram de pedir o nosso parecer e por lhes<br />

havermos poupa<strong>do</strong> ações ridículas e compromete<strong>do</strong>ras. Entre os meios que esses<br />

Espíritos empregam, devem colocar-se na primeira linha, como sen<strong>do</strong> os mais<br />

freqüentes, os que têm por fim tentar a cobiça, como a revelação de pretendi<strong>do</strong>s<br />

tesouros ocultos, o anuncio de heranças, ou outras fontes de riquezas. Devem, além<br />

disso, considerar-se suspeitas, logo à primeira vista, as predições com época<br />

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determinada, assim como todas as indicações precisas, relativas a interesses<br />

materiais. Cumpre não se dêem os passos prescritos ou aconselha<strong>do</strong>s pelos<br />

Espíritos, quan<strong>do</strong> o fim não seja eminentemente racional; que ninguém nunca se<br />

deixe deslumbrar pelos nomes que os Espíritos tomam para dar aparência de<br />

veracidade às suas palavras; desconfiar das teorias e sistemas científicos ousa<strong>do</strong>s;<br />

enfim, de tu<strong>do</strong> o que se afaste <strong>do</strong> objetivo moral das manifestações.<br />

Encheríamos um volume <strong>do</strong>s mais curiosos, se houvéramos de referir todas<br />

as mistificações de que temos ti<strong>do</strong> conhecimento.<br />

Emersão <strong>do</strong> passa<strong>do</strong><br />

Em companhia <strong>do</strong> Assistente, tornamos à segunda reunião semanal <strong>do</strong> grupo<br />

presidi<strong>do</strong> pelo irmão Raul Silva, a cuja organização nosso orienta<strong>do</strong>r não regateava<br />

simpatia e confiança.<br />

O conjunto de trabalha<strong>do</strong>res não se alterara na constituição que lhe era<br />

característica.<br />

A pequena fila <strong>do</strong>s obsessos, todavia, apresentava modificações.<br />

Duas senhoras, seguidas pelos respectivos esposos, e um cavalheiro de<br />

fisionomia fatigada integravam a equipe <strong>do</strong>s que receberiam assistência.<br />

Os médiuns da casa desempenharam cari<strong>do</strong>sa tarefa, emprestan<strong>do</strong> as suas<br />

possibilidades para a melhoria de várias entidades transviadas na sombra e no<br />

sofrimento, com a colaboração eficiente de Dona Celina à frente <strong>do</strong> serviço.<br />

Soluciona<strong>do</strong>s diversos problemas alusivos ao programa da noite, eis que uma<br />

das senhoras enfermas cai em pranto convulsivo, exclaman<strong>do</strong>:<br />

<strong>–</strong> Quem me socorre? quem me socorre?!...<br />

E comprimin<strong>do</strong> o peito com as mãos, acrescentava em tom comove<strong>do</strong>r:<br />

<strong>–</strong> Covarde! por que apunhalar, assim, uma indefesa mulher? serei totalmente<br />

culpada? meu sangue condenará seu nome infeliz...<br />

Raul, com a serenidade habitual, abeirou-se dela e consolou-a, com carinho:<br />

<strong>–</strong> Minha irmã, o perdão é o remédio que nos recompõe a alma <strong>do</strong>ente... Não<br />

admita que o desespero lhe subjugue as energias!... Guardar ofensas é conservar a<br />

sombra. Esqueçamos o mal para que a luz <strong>do</strong> bem nos felicite o caminho...<br />

<strong>–</strong> Olvidar? nunca... O senhor sabe o que vem a ser uma lâmina enterrada em<br />

sua carne? sabe o que seja a calamidade de um homem que nos suga a existência<br />

para arremessar-nos à miséria, comprazen<strong>do</strong>-se, depois disso, em derramar-nos o<br />

próprio sangue?<br />

<strong>–</strong> Sim, sim, ninguém lhe contraria o direito à justiça, segun<strong>do</strong> as suas<br />

afirmações, entretanto, não será mais aconselhável aguardar o pronunciamento da<br />

Bondade Divina? Quem de nós estará sem mácula?<br />

<strong>–</strong> Esperar, esperar?! Há quanto tempo não faço outra coisa! Em vão procuro<br />

reaver a alegria... Por mais me dedique ao trabalha<strong>do</strong> de romper com o pretérito,<br />

vivo a carregar a sombra de minhas recordações, como quem traz no próprio peito o<br />

sepulcro <strong>do</strong>s sonhos mortos... Tu<strong>do</strong> por causa dele... Tu<strong>do</strong> pelo malva<strong>do</strong> que me<br />

arruinou o destino...<br />

E a pobre criatura prorrompeu em soluços, enquanto um homem<br />

desencarna<strong>do</strong>, não longe, fitava-a com inexprimível desalento.<br />

Perplexos, Hilário e eu lançamos um olhar indaga<strong>do</strong>r ao Assistente, que nos<br />

percebeu a estranheza, porquanto a enferma, sem a presença da mulher invisível<br />

que parecia personificar, prosseguia em aflitiva posição de sofrimento.<br />

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<strong>–</strong> Não vejo a entidade de quem a nossa irmã se faz intérprete <strong>–</strong> alegou<br />

Hilário, curioso.<br />

<strong>–</strong> Sim <strong>–</strong> disse por minha vez <strong>–</strong> observo em nossa vizinhança um triste<br />

companheiro desencarna<strong>do</strong>, mas se ele estivesse telepaticamente liga<strong>do</strong> à nossa<br />

amiga, decerto a mensagem definiria a palavra de um homem, sem as<br />

características femininas da lamentação que registramos... Em verdade, não<br />

notamos aqui qualquer laço magnético que nos induza a assinalar flui<strong>do</strong>s<br />

teledinâmicos sobre a mente da médium...<br />

Áulus afagou a fronte da <strong>do</strong>ente em lágrimas, como se lhe auscultasse o<br />

pensamento, e explicou:<br />

<strong>–</strong> Estamos diante <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> de nossa companheira. A mágoa e o azedume,<br />

tanto quanto a personalidade supostamente exótica de que dá testemunho, tu<strong>do</strong><br />

procede dela mesma...<br />

Ante a aproximação de antigo desafeto, que ainda a persegue de nosso<br />

plano, revive a experiência <strong>do</strong>lorosa que lhe ocorreu, em cidade <strong>do</strong> Velho Mun<strong>do</strong>, no<br />

século passa<strong>do</strong>, e entra em seguida a padecer insopitável melancolia.<br />

Recomeçou a luta na carne, na presente reencarnação, possuída de novas<br />

esperanças, contu<strong>do</strong>, tão logo experimenta a visitação espiritual <strong>do</strong> antigo verdugo,<br />

que a ela se enleia, através de vigorosos laços de amor e ódio, perturba-se-lhe a<br />

vida mental, necessitada de mais ampla reeducação. É um caso no qual se faz<br />

possível a colheita de valiosos ensinamentos.<br />

<strong>–</strong> Isso quer dizer, então...<br />

A frase de Hilário ficou, porém, no ar, porque o instrutor lhe definiu o<br />

pensamento, acrescentan<strong>do</strong>:<br />

<strong>–</strong> Isso quer dizer que nossa irmã imobilizou grande coeficiente de forças <strong>do</strong><br />

seu mun<strong>do</strong> emotivo, em torno da experiência a que nos referimos, a ponto de<br />

semelhante cristalização mental haver supera<strong>do</strong> o choque biológico <strong>do</strong> renascimento<br />

no corpo físico, prosseguin<strong>do</strong> quase que intacta. Fixan<strong>do</strong>-se nessa lembrança,<br />

quan<strong>do</strong> instada de mais perto pelo companheiro que lhe foi irrefleti<strong>do</strong> algoz, passa a<br />

comportar-se qual se estivesse ainda no passa<strong>do</strong> que teima em ressuscitar. É então<br />

que se dá a conhecer como personalidade diferente, a referir-se à vida anterior.<br />

Sorrin<strong>do</strong>, paternal, considerou:<br />

<strong>–</strong> Sem duvida, em tais momentos, é alguém que volta <strong>do</strong> pretérito a<br />

comunicar-se com o presente, porque ao influxo das recordações penosas de que<br />

se vê assaltada, centraliza to<strong>do</strong>s os seus recursos mnemônicos tão-somente no<br />

ponto nevrálgico em que viciou o pensamento. Para o psiquiatra comum é apenas<br />

uma candidata a insulinoterapia ou ao electrochoque, entretanto, para nós, é uma<br />

enferma espiritual, uma consciência torturada, exigin<strong>do</strong> amparo moral e cultural para<br />

a renovação íntima, única base sólida que lhe assegurará o reajustamento definitivo.<br />

Analisei-a, com atenção, e concluí:<br />

<strong>–</strong> Mediunicamente falan<strong>do</strong>, vemos aqui um processo de autêntico animismo.<br />

Nossa amiga supõe encarnar uma personalidade diferente, quan<strong>do</strong> apenas<br />

exterioriza o mun<strong>do</strong> de si mesma...<br />

<strong>–</strong> Poderíamos, então, classificar o fato no quadro da mistificação<br />

inconsciente? <strong>–</strong> interferiu Hilário, indaga<strong>do</strong>r.<br />

Áulus meditou um minuto e ponderou:<br />

<strong>–</strong> Muitos companheiros matricula<strong>do</strong>s no serviço de implantação da Nova Era,<br />

sob a égide <strong>do</strong> Espiritismo, ' vêm converten<strong>do</strong> a teoria animista num travão<br />

injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de realização <strong>do</strong> bem;<br />

portanto, não nos cabe a<strong>do</strong>tar como justas as palavras mistificação inconsciente ou<br />

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subconsciente para batizar o fenômeno. Na realidade, a manifestação decorre <strong>do</strong>s<br />

próprios sentimentos de nossa amiga, arroja<strong>do</strong>s ao pretérito, de onde recolhe as<br />

impressões deprimentes de que se vê possuída, externan<strong>do</strong>-as no meio em que se<br />

encontra. E a pobrezinha efetua isso quase na posição de perfeita sonâmbula,<br />

porquanto se concentra totalmente nas recordações que já assinalamos, como se<br />

reunisse todas as energias da memória numa simples ferida, com inteira<br />

despreocupação das responsabilidades que a reencarnação atual lhe confere.<br />

Achamo-nos, por esse motivo, perante uma <strong>do</strong>ente mental, requisitan<strong>do</strong>-nos o maior<br />

carinho para se recupere. Para sanar-lhe a inquietação, todavia, não nos bastam<br />

diagnósticos complica<strong>do</strong>s ou meras definições técnicas no campo verbalista, se não<br />

houver o calor da assistência amiga.<br />

Nosso orienta<strong>do</strong>r fez ligeira pausa, acarician<strong>do</strong> a enferma, e, enquanto Raul<br />

Silva continuava a <strong>do</strong>utriná-la e a consolá-la, notificou-nos, bon<strong>do</strong>so:<br />

<strong>–</strong> Deve ser tratada com a mesma atenção que ministramos aos sofre<strong>do</strong>res<br />

que se comunicam. É também um Espírito imortal, solicitan<strong>do</strong>-nos concurso e<br />

entendimento para que se lhe restabeleça a harmonia. A idéia de mistificação talvez<br />

nos impelisse a desrespeitosa atitude, diante <strong>do</strong> seu padecimento moral. Por isso,<br />

nessas circunstâncias, é preciso armar o coração de amor, a fim de que possamos<br />

auxiliar e compreender. Um <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>r sem tato fraterno apenas lhe agravaria o<br />

problema, porque, a pretexto de servir à verdade, talvez lhe impusesse corretivo<br />

inoportuno ao invés de socorro providencial. Primeiro é preciso remover o mal, para<br />

depois fortificar a vítima na sua própria defesa. Felizmente, o nosso Raul assimila as<br />

correntes espirituais que prevalecem aqui, tornan<strong>do</strong>-se o enfermeiro ideal para as<br />

situações dessa ordem.<br />

Hilário, tanto quanto eu, edifica<strong>do</strong> com os ensinamentos ouvi<strong>do</strong>s, perguntou<br />

respeitoso.<br />

E podemos considerá-la médium, mesmo assim?<br />

<strong>–</strong> Como não? Um vaso defeituoso pode ser conserta<strong>do</strong> e restituí<strong>do</strong> ao<br />

serviço. Naturalmente, agora a paciência e a caridade necessitam agir para salvá-la.<br />

Nossa irmã deve ser ouvida na posição em que se revela, como sen<strong>do</strong> em tu<strong>do</strong> a<br />

desventurada mulher de outro tempo, e recebida por nós nessa base, para que use<br />

o remédio moral que lhe estendemos, desligan<strong>do</strong>-se enfim <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>... O assunto<br />

não comporta desmenti<strong>do</strong>, porque indiscutivelmente essa mulher existe ainda nela<br />

mesma. A personalidade antiga não foi tão eclipsada pela matéria densa como seria<br />

de desejar. Ela renasceu pela carne, sem renovar-se em espírito..<br />

O Assistente fixou o gesto de quem mergulhava na própria consciência a<br />

sonda de suas reflexões e falou, qual se o fizesse de si para consigo:<br />

<strong>–</strong> Ela representa milhares de criaturas aos nossos olhos!... Quantos mendigos<br />

arrastam na Terra o esburaca<strong>do</strong> manto da fidalguia efêmera que envergaram<br />

outrora! quantos escravos da necessidade e da <strong>do</strong>r trazem consigo a vaidade e o<br />

orgulho <strong>do</strong>s poderosos senhores que já foram em outras épocas!... quantas almas<br />

conduzidas à ligação consangüínea caminham <strong>do</strong> berço ao túmulo, transportan<strong>do</strong><br />

quistos invisíveis de aversão e ódio aos próprios parentes, que lhes foram duros<br />

adversários em existências pregressas!... To<strong>do</strong>s podemos cair em semelhantes<br />

esta<strong>do</strong>s se não aprendemos a cultivar o esquecimento <strong>do</strong> mal, em marcha<br />

incessante com o bem...<br />

Nessa altura, Raul Silva, na condição de hábil psicólogo, convi<strong>do</strong>u a <strong>do</strong>ente<br />

ao beneficio da prece.<br />

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Competia-lhe a ela suplicar ao Céu a graça <strong>do</strong> olvi<strong>do</strong>. Cabia-lhe expungir o<br />

passa<strong>do</strong> da imaginação, de maneira a pacificar-se. E, singularmente comovi<strong>do</strong>, dele<br />

as frases sublimes da oração <strong>do</strong>minical.<br />

A pobre senhora acompanhou-o <strong>do</strong>cilmente.<br />

Ao término da súplica, mostrava-se mais tranqüila. O prestimoso amigo,<br />

traduzin<strong>do</strong> a colaboração <strong>do</strong> mentor que o acompanhava, solícito, rogou-lhe<br />

considerar, acima de tu<strong>do</strong>, o impositivo <strong>do</strong> perdão aos inimigos para a reconquista<br />

da paz e, em lágrimas, a enferma desligou-se das impressões que a imobilizavam<br />

no pretérito, tornan<strong>do</strong> à posição normal.<br />

Enquanto Silva lhe aplicava passes de reconforto, o Assistente comentou:<br />

<strong>–</strong> Outra não pode ser, por enquanto, a intervenção assistencial em seu<br />

beneficio. Pela enfermagem espiritual bem conduzida, reajustar-se-á pouco a pouco,<br />

retoman<strong>do</strong> o império sobre si mesma e capacitan<strong>do</strong>-se para o desempenho de<br />

valiosas tarefas mediúnicas mais tarde.<br />

Estimaríamos a possibilidade de continuar analisan<strong>do</strong> o caso sob nossa vista,<br />

contu<strong>do</strong>, a outra senhora <strong>do</strong>ente passou de improviso ao transe agita<strong>do</strong> e era<br />

preciso estudar, fazen<strong>do</strong> o melhor.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns.FEB 1995. item 303.<br />

2. Francisco Candi<strong>do</strong> Xavier. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito de<br />

André Luiz. Emersão <strong>do</strong> Passa<strong>do</strong>. FEB 1995. pág. 209 a 215.<br />

5.4. O exercício irregular: abusos, perigos e<br />

inconvenientes<br />

221. lª Será a faculdade mediúnica indício de um esta<strong>do</strong> patológico qualquer,<br />

ou de um esta<strong>do</strong> simplesmente anômalo?<br />

"Anômalo, às vezes, porém, não patológico; há médiuns de saúde robusta; os<br />

<strong>do</strong>entes o são por outras causas."<br />

2ª O exercício da faculdade mediúnica pode causar fadiga?<br />

"O exercício muito prolonga<strong>do</strong> de qualquer faculdade acarreta fadiga; a<br />

mediunidade está no mesmo caso, principalmente a que se aplica aos efeitos<br />

físicos, ela necessariamente ocasiona um dispêndio de flui<strong>do</strong>, que traz a fadiga, mas<br />

que se repara pelo repouso."<br />

3ª Pode o exercício da mediunidade ter, de si mesmo, inconveniente, <strong>do</strong><br />

ponto de vista higiênico, abstração, feita <strong>do</strong> abuso?<br />

"Há casos em que é prudente, necessária mesmo, a abstenção, ou, pelo<br />

menos, o exercício modera<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> físico e moral <strong>do</strong><br />

médium. Aliás, em geral; o médium o sente e, desde que experimente fadiga, deve<br />

abster-se."<br />

4ª Haverá pessoas para quem esse exercício seja mais inconveniente <strong>do</strong> que<br />

para outras?<br />

"Já eu disse que isso depende <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> físico e moral <strong>do</strong> médium. Há<br />

pessoas relativamente às quais se devem evitar todas as causas de sobreexcitação<br />

e o exercício da mediunidade é uma delas." (Ns. 188 e 194.)<br />

5ª Poderia a mediunidade produzir a loucura?<br />

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"Não mais <strong>do</strong> que qualquer outra coisa, desde que não haja predisposição<br />

para isso, em virtude de fraqueza cerebral. A mediunidade não produzirá a loucura,<br />

quan<strong>do</strong> esta já não exista em gérmen; porém, existin<strong>do</strong> este, o bom-senso está a<br />

dizer que se deve usar de cautelas, sob to<strong>do</strong>s os pontos de vista, porquanto<br />

qualquer abalo pode ser prejudicial."<br />

6ª Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças?<br />

"Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses<br />

organismos débeis e delica<strong>do</strong>s sofreriam por essa forma grandes abalos, e as<br />

respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes devem<br />

afastá-las dessas idéias, ou, quan<strong>do</strong> nada, não lhes falar <strong>do</strong> assunto, senão <strong>do</strong><br />

ponto de vista das conseqüências morais."<br />

7ª Há, no entanto, crianças que são médiuns naturalmente, quer de efeitos<br />

físicos, quer de escrita e de visões. Apresenta isto o mesmo inconveniente?<br />

"Não; quan<strong>do</strong> numa criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na<br />

sua natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece,<br />

quan<strong>do</strong> é provocada e sobreexcitada. Nota que a criança, que tem visões,<br />

geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a<br />

que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece. Mais tarde, o fato lhe volta à<br />

memória e ela o explica facilmente, se conhece o Espiritismo."<br />

8ª Em que idade se pode ocupar, sem inconvenientes, de mediunidade?<br />

"Não há idade precisa, tu<strong>do</strong> dependen<strong>do</strong> inteiramente <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

físico e, ainda mais, <strong>do</strong> desenvolvimento moral. Há crianças de <strong>do</strong>ze anos a quem<br />

tal coisa afetará menos <strong>do</strong> que a algumas pessoas já feitas. Falo da mediunidade,<br />

em geral; porém, a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo; a da escrita tem<br />

outro inconveniente, deriva<strong>do</strong> da inexperiência da criança, da<strong>do</strong> o caso de ela querer<br />

entregar-se a sós ao exercício da sua faculdade e fazer disso um brinque<strong>do</strong>."<br />

222. A prática <strong>do</strong> Espiritismo, como veremos mais adiante, demanda muito<br />

tato, para a inutilização das tramas <strong>do</strong>s Espíritos engana<strong>do</strong>res. Se estes iludem a<br />

homens feitos, claro é que a infância e a juventude mais expostas se acham a ser<br />

vítimas deles.<br />

Sabe-se, além disso, que o recolhimento é uma condição sem a qual não se<br />

pode lidar com Espíritos sérios. As evocações feitas estouvadamente e por gracejo<br />

constituem verdadeira profanação, que facilita o acesso aos Espíritos zombeteiros,<br />

ou malfazejos.<br />

Ora, não se poden<strong>do</strong> esperar de uma criança a gravidade necessária a<br />

semelhante ato, muito de temer é que ela faça disso um brinque<strong>do</strong>, se ficar entregue<br />

a si mesma. Ainda nas condições mais favoráveis, é de desejar que uma criança<br />

<strong>do</strong>tada de faculdade mediúnica não a exercite, senão sob a vigilância de pessoas<br />

experientes, que lhe ensinem, pelo exemplo, o respeito devi<strong>do</strong> às almas <strong>do</strong>s que<br />

viveram no mun<strong>do</strong>. Por aí se vê que a questão de idade está subordinada às<br />

circunstâncias, assim de temperamento, como de caráter. Todavia, o que ressalta<br />

com clareza das respostas acima é que não se deve forçar o desenvolvimento<br />

dessas faculdades nas crianças, quan<strong>do</strong> não é espontânea, e que, em to<strong>do</strong>s os<br />

casos, se deve proceder com grande circunspeção, não convin<strong>do</strong> nem excitá-las,<br />

nem animá-las nas pessoas débeis. Do seu exercício cumpre afastar, por to<strong>do</strong>s os<br />

meios possíveis, as que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de<br />

excentricidade nas idéias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais,<br />

porquanto, nessas pessoas, há predisposição evidente para a loucura, que se pode<br />

manifestar por efeito de qualquer sobreexcitação. As idéias espíritas não têm, a esse<br />

respeito, maior influência <strong>do</strong> que outras, mas, vin<strong>do</strong> a loucura a declarar-se, tomará<br />

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o caráter de preocupação <strong>do</strong>minante, como tomaria o caráter religioso, se a pessoa<br />

se entregasse em excesso às práticas de devoção, e a responsabilidade seria<br />

lançada ao Espiritismo. O que de melhor se tem a fazer com to<strong>do</strong> indivíduo que<br />

mostre tendência à idéia fixa é dar outra diretriz às suas preocupações, a fim de lhe<br />

proporcionar repouso aos órgãos enfraqueci<strong>do</strong>s.<br />

Chamamos, a propósito deste assunto, a atenção <strong>do</strong>s nossos leitores para o<br />

parágrafo XII da "Introdução" de O Livro <strong>do</strong>s Espíritos.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Dos Inconvenientes e Perigos da<br />

Mediunidade. Capítulo XVIII. FEB 1995.<br />

2. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Introdução ao estu<strong>do</strong> da Doutrina<br />

<strong>Espírita</strong>. Item 15. FEB 1994.<br />

3. Léon Denis. No Invisível. Práticas e perigos da mediunidade. FEB 1983.<br />

pág. 352.<br />

4. Léon Denis. Depois da Morte. Perigos <strong>do</strong> Espiritismo. FEB 1994. pág. 190-<br />

191.<br />

5. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Pelo espírito de Manoel Philomeno de Miranda.<br />

Grilhões Parti<strong>do</strong>s. A Loucura. Alvorada, 1988. Pág. 34 e 35.<br />

5.5. Perda e Suspensão da Mediunidade<br />

A faculdade mediúnica pode sofrer perdas e suspensões, na maioria,<br />

passageira qualquer que seja o tipo de mediunidade de que o médium seja porta<strong>do</strong>r.<br />

Isso acontece porque a produção mediúnica ocorre através <strong>do</strong> concurso simpático<br />

<strong>do</strong>s Espíritos: sem eles nada pode o médium; a faculdade continua a existir, em<br />

essência, mas os Espíritos não podem ou não querem utilizar-se daquele<br />

instrumento mediúnico.<br />

Entenden<strong>do</strong> a mediunidade como um meio que Deus oferece aos homens, de<br />

reforma moral e conseqüente progresso espiritual, os bons Espíritos afastam-se <strong>do</strong>s<br />

médiuns por vários motivos. Relataremos alguns:<br />

a) Quan<strong>do</strong> o médium se serve da faculdade mediúnica para atender a coisas<br />

frívolas ou com propósitos ambiciosos o desvirtua<strong>do</strong>s.<br />

Como coisas frívolas entendemos, por exemplo, a prática da “buena dicha” ou<br />

<strong>do</strong>s le<strong>do</strong>res da sorte. Infelizmente, este desvirtuamento da verdadeira prática<br />

mediúnica existe em larga escala e, mais ce<strong>do</strong> ou mais tarde, tais médiuns terão que<br />

prestar contas ao Senhor da aplicação feita <strong>do</strong>s talentos recebi<strong>do</strong>s.<br />

Os chama<strong>do</strong>s profissionais da mediunidade, não se agastam em receber<br />

pagamentos, quer sob a forma de dinheiro, presentes, favores, privilégios ou até<br />

mesmo dependência afetiva ou emocional. Recordemos aqui as palavras <strong>do</strong> Espírito<br />

Manoel Philomeno de Miranda “o médium, habituan<strong>do</strong>-se aos negócios e interesses<br />

de baixo teor vibratório, embrutece-se, desarmoniza-se”.<br />

A mediunidade com Jesus liberta, edifica e promove moralmente o homem,<br />

enquanto que, com o mun<strong>do</strong>, aturde, escraviza e obsidia a criatura. (...)”<br />

b) Quan<strong>do</strong> o médium não aproveita as instruções nem os conselhos que os<br />

protetores espirituais propiciam.<br />

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O Espírito protetor aconselha sempre para o bem, sugerin<strong>do</strong> bons<br />

pensamentos ou amparan<strong>do</strong> nas aflições o seu tutela<strong>do</strong> mas, em situação alguma,<br />

desrespeita o livre-arbítrio de quem quer que seja. “Afasta-se, quan<strong>do</strong> vê que seus<br />

conselhos são inúteis e que mais forte e no seu protegi<strong>do</strong> a decisão de submeter-se<br />

à influência <strong>do</strong>s Espíritos inferiores. Mas não o aban<strong>do</strong>na completamente e sempre<br />

se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvi<strong>do</strong>s. O protetor volta desde que<br />

este o chame”.<br />

c) Quan<strong>do</strong> a interrupção demonstra uma prova de benevolência <strong>do</strong> Espírito<br />

protetor para com o médium.<br />

Nesta situação, há três aspectos a considerar: primeiro, quan<strong>do</strong> o Espírito<br />

amigo e protetor quer provar que a comunicação mediúnica não depende dele<br />

médium e que, assim, este não se deve vangloriar ou envaidecer. Segun<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong><br />

o médium está debilita<strong>do</strong> fisicamente e precisa de repouso. Finalmente, em terceiro<br />

lugar, a mediunidade pode ser suspensa, temporariamente, quan<strong>do</strong> se fizer<br />

necessário pôr à prova a paciência e a perseverança <strong>do</strong> médium ou lhe dar tempo<br />

para meditar nas instruções recebidas <strong>do</strong>s Espíritos.<br />

Em situações destas, o médium deve buscar na resignação e na prece os<br />

recursos para retomar a prática normal da mediunidade.<br />

"<strong>–</strong> Os atributos medianímicos são como os talentos <strong>do</strong> Evangelho. Se o<br />

patrimônio divino é desvia<strong>do</strong> de seu fins o mau servo torna-se indigno da confiança<br />

<strong>do</strong> Senhor da seara da verdade e <strong>do</strong> amor. Multiplica<strong>do</strong>s no bem, os talentos<br />

mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas: todavia, se sofrem o<br />

insulto <strong>do</strong> egoísmo, <strong>do</strong> orgulho, da vaidade, da exploração inferior, podem deixar o<br />

intermediário <strong>do</strong> invisível entre as sombras pesadas <strong>do</strong> estacionamento, nas mais<br />

<strong>do</strong>lorosas perspectivas de expiação, em vista <strong>do</strong> acréscimo de seus débitos<br />

irrefleti<strong>do</strong>s."<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Perda e suspensão da<br />

mediunidade. FEB, 1995. Questão 220.<br />

2. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. FEB, 1994. Questão 495.<br />

3. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Depois da Vida. Diversos Espíritos. Amarga<br />

aventura. Alvorada, 1984. pág. 123 a 128.<br />

4. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Seara <strong>do</strong> Bem. Espíritos diversos.<br />

Profissionalismo na mediunadade. Alvorada, 1988. págs. 55-56.<br />

5. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Encontro Marca<strong>do</strong>. Adivinhações. Pelo<br />

Espírito de Emmanuel. FEB, 1978. pág 28 a 30.<br />

6. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. O consola<strong>do</strong>r. Pelo espírito de<br />

Emmanuel. FEB, 1995. Questões 389, 402-411.<br />

7. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Novas Mensagens. História de um<br />

médium. Pelo espírito de Humberto de Campos. FEB, 1978. págs 39<br />

a 48.<br />

8. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Nos <strong>do</strong>mínios da mediunidade.<br />

Mediunidade transviada. Pelo espírito de André Luiz. FEB 1995.<br />

págs. 251 a 257.<br />

9. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Seara <strong>do</strong>s Médiuns. Médiuns<br />

transvia<strong>do</strong>s. Pelo espírito de Emmanuel. FEB, 1978. págs 207-208.<br />

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5.6 e 5.7. Uma Visão Integral <strong>do</strong> Homem 18<br />

Somente quan<strong>do</strong> os homens da ciência se permitirem atravessar a porta <strong>do</strong><br />

entendimento <strong>do</strong> amor, é que conseguiremos chegar mais rapidamente à solução de<br />

enfermidades que até os dias atuais a ciência não consegue equacionar.<br />

O objetivo desta matéria é reunir estu<strong>do</strong>s, na tentativa de mostrar um modelo<br />

explicativo da etiologia das <strong>do</strong>enças, ten<strong>do</strong> como base a relação perispírito - corpo<br />

físico, dan<strong>do</strong> a devida importância à ação energética da mente e aos reflexos<br />

trazi<strong>do</strong>s pelo emocional em nossa fisiologia, bem como à atenção <strong>do</strong> nosso<br />

inconsciente em nossa vida presente, trazen<strong>do</strong> aos dias de hoje os resulta<strong>do</strong>s<br />

positivos e negativos de nossas ações pretéritas.<br />

Amor: a força que cura<br />

Sabemos que a ciência muito já caminhou, mas os passos serão bem mais<br />

largos quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s nós, médicos da humanidade, mantivermos um compromisso<br />

não só com a saúde, mas também, infinitamente, com o AMOR. Como disse Sir<br />

Arthur Edington, certa vez: “Na verdade, é mais fácil um camelo passar pelo fun<strong>do</strong><br />

de uma agulha <strong>do</strong> que um homem de mentalidade científica atravessar uma porta.<br />

E, quer se trate da porta de um estábulo ou de uma igreja, ele talvez agisse de<br />

forma mais sensata se, em lugar de esperar até que todas as dificuldades<br />

envolvidas num ingresso realmente científico estivessem resolvidas, ele, em vez<br />

disso, concordasse em ser um homem comum e entrasse”. Porém, essa<br />

compreensão só se tomará possível quan<strong>do</strong> o cientista <strong>do</strong> futuro concordar em abrir<br />

as portas da emoção, chegan<strong>do</strong>, conseqüentemente, ao amor na sua forma mais<br />

ampla.<br />

Conseguin<strong>do</strong>, então, enxergar um modelo <strong>do</strong> organismo humano, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

físico e chegan<strong>do</strong> ao etérico, incluin<strong>do</strong> nesse modelo as propriedades e<br />

características das energias sutis <strong>do</strong>s planos espirituais.<br />

Hoje já possuímos livros que nos exemplificam fascinantes pesquisas clínicas<br />

e laboratoriais para que apreciemos de melhor forma a linguagem corpo/mente<br />

espírito. Com o conhecimento da importância da comunhão e da harmonia entre<br />

eles três, poderíamos chegar mais facilmente às causas das <strong>do</strong>enças e<br />

posteriormente à cura, pois passaríamos a entender que, na qualidade de<br />

organismos humanos, somos constituí<strong>do</strong>s por uma série multidimensional de<br />

sistemas de energia sutil que se influenciam mutuamente, e que um desequilíbrio<br />

nesses sistemas energéticos pode produzir sintomas patológicos que se manifestam<br />

nos planos físico/emocional/mental/espiritual. E é na tentativa de haver, cada vez<br />

mais, um novo e crescente consenso médico, que devemos lançar mão das palavras<br />

verbais e escritas que divulgam aquilo que já lemos, estudamos, pensamos e<br />

acreditamos. Como disse o dr. Gerber, em seu livro Medicina Vibracional: “Um<br />

sistema de medicina que negue ou ignore a existência <strong>do</strong> espírito será incompleto<br />

porque exclui o atributo mais importante <strong>do</strong> ser humano, a dimensão espiritual”.<br />

Para que eu possa falar da etiologia das <strong>do</strong>enças, terei primeiramente que<br />

falar sobre o laço de união entre o corpo e o espírito, chama<strong>do</strong> de perispírito. Mas,<br />

antes de entrar em sua definição, queria relembrar as palavras de André Luiz no<br />

livro Entre a Terra e o Céu, onde ele diz: “Freud vislumbrou a verdade, mas toda<br />

verdade sem amor é como luz estéril e fria. Não bastará conhecer e interpretar. É<br />

18 Grupo <strong>Espírita</strong> Socorrista Euripedes Barsanulfo<br />

http://www.geocities.com/Athens/9319/chacras.htm<br />

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indispensável sublimar e servir”. Mais adiante completou: “O médico <strong>do</strong> porvir, para<br />

sanar as desarmonias <strong>do</strong> espírito, precisará mobilizar o remédio salutar da<br />

compreensão e <strong>do</strong> amor, retiran<strong>do</strong>-o <strong>do</strong> próprio coração. Sem mão que ajude, a<br />

palavra erudita morre no ar.”<br />

Meu desejo é que to<strong>do</strong>s nós, dentro das nossas dificuldades e limitações,<br />

consigamos um dia trazer no coração o amor e a harmonia, para que possamos<br />

encontrar a saúde perfeita <strong>do</strong> corpo, da mente e <strong>do</strong> espírito.<br />

O Perispírito<br />

“Envolven<strong>do</strong> o gérmen de um fruto, há o perisperma; <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>, uma<br />

substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao<br />

espírito propriamente dito” Kardec (O Livro <strong>do</strong>s Espíritos, parte 2º, cap. 1, questão<br />

93).<br />

Por ter si<strong>do</strong> um termo cria<strong>do</strong> por Kardec, creio que to<strong>do</strong>s admitimos que<br />

ninguém melhor que ele para definir perispírito: “É o órgão sensitivo <strong>do</strong> espírito por<br />

meio <strong>do</strong> qual este percebe coisas espirituais que escapam aos senti<strong>do</strong>s corpóreos.<br />

(...) O espírito vê, ouve e sente, por to<strong>do</strong> o seu ser, tu<strong>do</strong> o que se encontra na esfera<br />

de irradiação <strong>do</strong> seu flui<strong>do</strong> perispíritico” (Kardec. A Gênese, cap. 14, item 22, os<br />

flui<strong>do</strong>s).<br />

E foi esmiuçan<strong>do</strong> as palavras de Kardec, no livro Depois da Morte, cap. 21, p.<br />

174 e 175, que Léon Denis, falan<strong>do</strong> sobre o períspirito ou corpo espiritual, disse que<br />

“o perispirito é, pois, um organismo fluídico, é a forma preexistente e sobrevivente <strong>do</strong><br />

ser humano, sobre a qual se modela o envoltório carnal, como uma veste dupla<br />

invisível, constituída de matéria quintessenciada”.<br />

Podemos então dizer que o perispírito ou “corpo fluídico <strong>do</strong>s espíritos” é um<br />

laço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual. Saben<strong>do</strong> que ele é uma<br />

condensação <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> cósmico em torno de um foco de inteligência ou alma, podese<br />

dizer que é ele que intervém nos fenômenos especiais que ocorrem no homem,<br />

cuja causa fundamental não se encontra na matéria palpável e que, por essa razão,<br />

parecem sobrenaturais. Assim sen<strong>do</strong>, podemos entender que o corpo espiritual ou<br />

psicossoma é, assim, o veículo físico relativamente defini<strong>do</strong> pela ciência humana<br />

como os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode ainda<br />

reconhecer.<br />

<strong>Centro</strong>s Vitais<br />

São concentrações de energias distribuídas no corpo espiritual, interrelacionadas<br />

entre si, que exercem o controle eletromagnético na fisiologia celular<br />

<strong>do</strong> corpo físico.<br />

“Os centros vitais são pontos de conexão ou enlace pelos quais flui a energia<br />

de um a outro veículo ou corpo <strong>do</strong> homem” (Leadbeater, in Os Chakras, cap. 1).<br />

“Estes centros de força funcionam como terminais através <strong>do</strong>s quais a energia<br />

(prana) é transferida de planos superiores para o corpo físico” (Keith Sherwood, in A<br />

Arte da Cura Espirittial, cap. 6, p. 55).<br />

“<strong>Centro</strong>s de força ou rodas são acumula<strong>do</strong>res e distribui<strong>do</strong>res de força<br />

espiritual, situa<strong>do</strong>s no corpo etéreo, pelos quais transitam os flui<strong>do</strong>s energéticos”<br />

(Edgard Armond, in Passes e Radiações, cap. 2, p.46).<br />

Procuran<strong>do</strong> explicar, dentro da visão espírita, foi que Jorge Andréa, no livro<br />

Forças Sexuais da AIma, disse que “vários estu<strong>do</strong>s têm mostra<strong>do</strong> a existência, no<br />

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perispírito, de discos energéticos (Chakras), como verdadeiros controla<strong>do</strong>res das<br />

correntes de energias centrífugas (<strong>do</strong> espírito para a matéria) ou centrípetas (da<br />

matéria para o espírito) que aí se instalam como manifestações da própria vida.<br />

Esses discos energéticos comandariam, com as suas ‘superfunções’, as diversas<br />

zonas nervosas e, de mo<strong>do</strong> particular, o sistema neuro vegetativo, convidan<strong>do</strong>,<br />

através <strong>do</strong>s genes e código genético, ao trabalho ajusta<strong>do</strong> e bem organiza<strong>do</strong> da<br />

arquitetura neuroendócrina”.<br />

Classificação <strong>do</strong>s <strong>Centro</strong>s Vitais<br />

O nosso corpo de matéria rarefeita é intimamente regi<strong>do</strong> por sete centros de<br />

força, que são: centro coronário, centro cerebral, centro laríngeo, centro cardíaco,<br />

centro esplênico, centro gástrico e centro genésico. Cada centro vital está associa<strong>do</strong><br />

a uma freqüência vibracional diferente. As energias fluem para dentro <strong>do</strong> corpo<br />

através <strong>do</strong> centro coronário e como os centros estão intimamente liga<strong>do</strong>s à medula<br />

espinhal e aos gânglios nervosos existentes ao longo <strong>do</strong> eixo central <strong>do</strong> corpo, a<br />

energia flui para baixo, passan<strong>do</strong> <strong>do</strong> centro coronário para os outros centros de força<br />

inferiores, os quais distribuem as correntes sutis para partes <strong>do</strong> corpo e órgãos<br />

apropria<strong>do</strong>s. Esses centros se conjugam nas ramificações <strong>do</strong>s plexos que, vibran<strong>do</strong><br />

em sintonia uns com os outros, ao influxo <strong>do</strong> poder diretriz da mente, estabelecem,<br />

para nosso uso, um veículo de células elétricas que podemos definir como um<br />

campo eletromagnético no qual o pensamento vibra em circuito fecha<strong>do</strong>. “Pode-se<br />

imaginar uma luz branca penetran<strong>do</strong> num prisma e sen<strong>do</strong> decomposta nas sete<br />

cores <strong>do</strong> arco-íris. Todas as sete cores são inerentes à luz branca”.<br />

Funções <strong>do</strong>s <strong>Centro</strong>s Vitais<br />

Coronário: Está instala<strong>do</strong> na região central <strong>do</strong> cérebro, sede da mente.<br />

Supervisiona e comanda os outros centros que lhe obedecem ao impulso<br />

procedente <strong>do</strong> espírito, vibran<strong>do</strong>, todavia, com eles em justo regime de<br />

interdependência. Podemos dizer que <strong>do</strong> centro coronário emanam as energias de<br />

sustentação <strong>do</strong> sistema nervoso e suas subdivisões, sen<strong>do</strong> responsável pela<br />

alimentação das células <strong>do</strong> pensamento e o prove<strong>do</strong>r de to<strong>do</strong>s os recursos<br />

eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. E, por isso, o grande<br />

assimila<strong>do</strong>r das energias da espiritualidade superior capazes de favorecer a<br />

sublimação da alma e assim orientar a forma, o movimento, a estabilidade, o<br />

metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada e desencarnada.<br />

Esse centro é considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s mais eleva<strong>do</strong>s centros de vibração <strong>do</strong><br />

corpo sutil e está associa<strong>do</strong> a uma profunda busca espiritual. Justamente por isso,<br />

ele é considera<strong>do</strong> pela filosofia hindu como a lótus de mil pétalas, sen<strong>do</strong> o mais<br />

significativo em razão <strong>do</strong> seu alto potencial de radiações, uma vez que nele assenta<br />

a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Temos no centro coronário o<br />

ponto de interação entre as forças determinantes <strong>do</strong> espírito e as forças<br />

fisiopsicossomáticas organizadas. Dele parte, desse mo<strong>do</strong>, a corrente de energia<br />

vitalizante, formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria<br />

mental que o envolve, transmitin<strong>do</strong> aos demais centros da alma os reflexos vivos de<br />

nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros,<br />

interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais<br />

implementos de nossa constituição particular, plasman<strong>do</strong> em nós próprios os efeitos<br />

agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta. A mente elaborou as<br />

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criações que lhe fluem da vontade, aproprian<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s elementos que o circundam,<br />

e o centro coronário incumbe-se, automaticamente, de fixar a natureza da<br />

responsabilidade que lhe diga respeito, marcan<strong>do</strong> no próprio ser as conseqüências<br />

felizes ou infelizes de sua modificação consciencial no campo <strong>do</strong> destino. No nível<br />

físico, ele está liga<strong>do</strong> à atividade <strong>do</strong> córtex cerebral e ao funcionamento geral <strong>do</strong><br />

sistema nervoso. A correta ativação <strong>do</strong> centro coronário influencia a sincronização<br />

entre os hemisférios cerebrais direito e esquer<strong>do</strong>, e para que ele esteja em perfeito<br />

funcionamento, é preciso que a mente, o corpo e o espírito estejam equilibra<strong>do</strong>s.<br />

Caso ocorra uma desarmonia nesse centro de força, seu fluxo de energia será<br />

altera<strong>do</strong>, poden<strong>do</strong> se manifestar através de vários tipos de disfunções.<br />

Exemplos: disfunções cerebrais, incluin<strong>do</strong> psicoses.<br />

Frontal: Está instala<strong>do</strong> na região frontal e tem influência decisiva sobre os<br />

demais, governan<strong>do</strong> o córtice encefálico na sustentação <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, ordenan<strong>do</strong> as<br />

percepções de variada espécie, percepções estas que, na vestimenta carnal,<br />

constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos de inteligência que<br />

dizem respeito à palavra, à cultura, à arte, ao saber, marcan<strong>do</strong> também a atividade<br />

das glândulas endócrinas e administran<strong>do</strong> o sistema nervoso, em toda a sua<br />

organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos<br />

até as células efetoras. O centro cerebral está associa<strong>do</strong> à glândula pineal, à<br />

hipófise, à medula espinhal e também aos órgãos <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e aos seios<br />

paranasais. Ocorren<strong>do</strong> o bloqueio de energia nesse nível, encontraremos disfunção<br />

nesse centro vital e, conseqüentemente, algumas <strong>do</strong>enças serão manifestadas<br />

fisicamente.<br />

Exemplos de patologias: sinusites, cataratas e grandes desequilíbrios<br />

endócrinos.<br />

Laríngeo: O centro laríngeo atua sobre as principais glândulas e estruturas da<br />

região <strong>do</strong> pescoço, tais como as glândulas tireóide e paratireóide, a boca, as cordas<br />

vocais, inclusive as atividades <strong>do</strong> timo, a traquéia e as vértebras cervicais. Controla<br />

a respiração e a fonação e, por isso, é importante para a comunicação. Existe ainda<br />

uma associação entre o centro laríngeo e o sistema nervoso parassimpático (nervo<br />

vago). O centro laríngeo energiza tanto a glândula tireóide como a paratireóide, cada<br />

uma das quais produz um efeito diferente sobre o metabolismo <strong>do</strong> cálcio nas células<br />

<strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s ósseos. A glândula paratireóide regula o metabolismo <strong>do</strong> cálcio nas<br />

células <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> ósseo por meio da secreção de PTH (hormônios da paratireóide),<br />

enquanto a glândula tireóide, além de produzir os hormônios tireoidianos que<br />

regulam a atividade metabólica geral das células <strong>do</strong> corpo, também produz<br />

tiracalcitonina, um hormônio que atua sobre o metabolismo <strong>do</strong> cálcio e <strong>do</strong>s ossos de<br />

maneira oposta a <strong>do</strong>s hormônios da paratireóide.<br />

As anormalidades no fluxo de energia através desse centro podem<br />

manifestar-se na forma de <strong>do</strong>enças relacionadas com a atividade celular disfuncional<br />

naquelas estruturas que dependem energeticamente <strong>do</strong> centro laríngeo. Exemplos<br />

de <strong>do</strong>enças: laringite, tircoidite, tumores nas glândulas paratireóides, câncer da<br />

laringe. Pode também provocar problemas de comunicação.<br />

Cardíaco: Este talvez seja um <strong>do</strong>s centros mais importantes <strong>do</strong>s nossos<br />

corpos energéticos sutis. O centro cardíaco é assim tão importante porque seu<br />

equilíbrio é fundamental para a capacidade <strong>do</strong> indivíduo expressar amor, já que esse<br />

centro dirige a emotividade sustentan<strong>do</strong> os serviços da emoção e a circulação das<br />

forças de base, assim como o equilíbrio geral. As dificuldades em aprender as lições<br />

de amor podem se manifestar como anormalidades no funcionamento <strong>do</strong> centro<br />

cardíaco, as quais, por sua vez, afetam o coração físico. O centro cardíaco<br />

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proporciona também a energia nutritiva sutil aos tubos bronquiais, pulmões, seios, e<br />

ainda influencia a função de to<strong>do</strong> o sistema circulatório. Uma disfunção crônica no<br />

centro cardíaco pode contribuir para a ocorrência de <strong>do</strong>enças cardíacas, derrames,<br />

<strong>do</strong>enças pulmonares e diversos tipos de debilitações imunológicas que podem<br />

deixar o organismo vulnerável a bactérias e células cancerosas.<br />

Esplênico: Está sedia<strong>do</strong> no baço, determinan<strong>do</strong> todas as atividades em que<br />

se exprime o sistema hemático, dentro das variações <strong>do</strong> meio e volume sanguíneo,<br />

regulan<strong>do</strong> a distribuição e a circulação adequada <strong>do</strong>s recursos vitais em to<strong>do</strong>s os<br />

recantos <strong>do</strong> veículo <strong>do</strong> qual nos servimos.<br />

Gástrico: Este centro fornece energia sutil nutritiva para a maioria <strong>do</strong>s<br />

principais órgãos envolvi<strong>do</strong>s nos processos de digestão <strong>do</strong>s alimentos e purificação<br />

<strong>do</strong> organismo. Por ser ele o responsável pela penetração de alimentos e flui<strong>do</strong>s em<br />

nossa organização, é também o responsável pela digestão e absorção desses<br />

alimentos densos e menos densos que, de qualquer mo<strong>do</strong>, representam<br />

concentra<strong>do</strong>s fluídicos penetran<strong>do</strong>-nos a organização. Entre os órgãos que sofrem a<br />

influência desse centro incluem-se o estômago, o pâncreas, o fíga<strong>do</strong>, as glândulas<br />

supra-renais, as vértebras lombares e o aparelho digestivo de uma maneira geral.<br />

Os desequilíbrios nesse centro são responsáveis por algumas patologias, tais como<br />

úlceras gástricas e duodenais, diabetes etc.<br />

Genésico: Este centro se localiza no santuário <strong>do</strong> sexo, como templo<br />

modela<strong>do</strong>r de formas e estímulos cria<strong>do</strong>res, com vistas ao trabalho, à associação e<br />

à realização entre as almas.<br />

Etiologia das Doenças na Relação Corpo Espiritual e Físico<br />

Agora que já definimos e exemplificamos perispírito - centros vitais e suas<br />

relações com as atividades <strong>do</strong>s órgãos, ten<strong>do</strong> cita<strong>do</strong> nas suas disfunções algumas<br />

das conseqüentes <strong>do</strong>enças que podem ocorrer no corpo físico, percebemos a<br />

profunda ligação entre eles e a necessidade de harmonia nessa interligação para<br />

que possamos obter o perfeito funcionamento de toda a organização humana, seja<br />

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na forma espiritual ou física. Observamos a importância da mente e a energia que<br />

geramos com os nossos pensamentos, sejam pensamentos conscientes <strong>do</strong> hoje ou<br />

inconscientes de uma vida pretérita, que, muitas vezes, nos subjugam na zona <strong>do</strong><br />

remorso, trazen<strong>do</strong> ao nosso perispírito lesões nos centros vitais que explicam<br />

algumas anomalias que se fazem congênitas. Pois sabemos que no perispírito<br />

possuímos to<strong>do</strong> o equipamento de recursos automáticos a serviço da inteligência<br />

nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos estes adquiri<strong>do</strong>s<br />

vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios de esforço e recapitulação nos<br />

múltiplos setores da evolução anímica.<br />

Durante a embriogênese, os corpos magnéticos sutis já existem antes que<br />

ocorra o desenvolvimento <strong>do</strong> corpo físico.<br />

Lei de Causa e Efeito<br />

Os centros de força, que são fulcros energéticos, são influencia<strong>do</strong>s pelas<br />

energias originárias das vidas pretéritas da alma que, na nova encarnação, imprime<br />

às células a especialização extrema na formação <strong>do</strong> corpo denso <strong>do</strong> homem,<br />

especialização que to<strong>do</strong>s detemos no corpo espiritual em recursos equivalentes.<br />

Essas células obedecem às ordens <strong>do</strong> espírito, diferencian<strong>do</strong>-se e adaptan<strong>do</strong>-se às<br />

condições por ele criada, proceden<strong>do</strong> <strong>do</strong> elemento primitivo, comum, de que to<strong>do</strong>s<br />

provimos em laboriosa marcha no decurso <strong>do</strong>s milênios. É assim que “A<br />

enfermidade, como desarmonia espiritual, sobrevive no perispírito”. Pois tal seja a<br />

viciação <strong>do</strong> pensamento, tal será a desarmonia no centro de força, que reage nosso<br />

corpo a essa ou aquela classe de influxos mentais, uma vez que toda a mente é<br />

dínamo gera<strong>do</strong>r de força criativa. Quan<strong>do</strong> a nossa mente, por atos contrários à lei<br />

divina, prejudica a harmonia de qualquer um desses fulcros de forças, a nossa alma<br />

naturalmente se escraviza aos efeitos da ação desequilibrante obrigan<strong>do</strong>-se ao<br />

trabalho de reajuste. E é assim que, muitas vezes, numa nova encarnação,<br />

encontramos pessoas com problemas mentais ou de paralisias físicas,<br />

“apresentan<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> morfológico conforme o campo mental a que se ajusta”.<br />

A zona de remorso<br />

A recordação dessa ou daquela falta grave, principalmente daquelas que<br />

repousam recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por<br />

válvulas de alivio às chagas ocultas <strong>do</strong> arrependimento, cria na mente um esta<strong>do</strong><br />

anormal que podemos classificar de “zona de remorso”, em torno da qual a onda<br />

viva e contínua <strong>do</strong> pensamento passa a enrolar-se em circuito fecha<strong>do</strong> sobre si<br />

mesmo, com reflexo permanente na parte <strong>do</strong> veículo fisiopsicossomático ligada à<br />

lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria. Isso é<br />

bem exemplifica<strong>do</strong> por André Luiz no livro Entre a Terra e o Céu, onde ele relata a<br />

questão de Júlio, que em uma existência teria aniquila<strong>do</strong> o veículo físico toman<strong>do</strong><br />

uma grande quantidade de corrosivo e, mesmo sobreviven<strong>do</strong> à intoxicação, fez uma<br />

nova tentativa de aniquilar o corpo físico lançan<strong>do</strong>-se à funda corrente de um rio,<br />

nela encontran<strong>do</strong> o afogamento. Na oportunidade seguinte que lhe foi dada,<br />

reencarnou junto das almas com as quais se mantinha associa<strong>do</strong> para a<br />

regeneração <strong>do</strong> pretérito, mas infelizmente encontrou dificuldades naturais para<br />

recuperar-se, desencarnan<strong>do</strong> ainda menino, vítima de um novo afogamento. E<br />

quan<strong>do</strong> chegou o momento de um novo renascimento, para que pudesse se<br />

reajustar dentro das leis divinas e recuperar-se mentalmente, equilibran<strong>do</strong> o “centro<br />

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laríngeo”, reencarnou, dessa vez, com o corpo fisiológico deficiente, sofren<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

órgão vocal que se caracterizou por fraca resistência aos assaltos microbianos e<br />

que, de algum mo<strong>do</strong>, lhe retratou a região lesada. Nesse exemplo, observamos que<br />

estabelecida a idéia fixa sobre “o nódulo de força mental desequilibra<strong>do</strong>”, foi<br />

indispensável que houvesse acontecimentos repara<strong>do</strong>res para que Júlio se sentisse<br />

redimi<strong>do</strong> perante a lei, mudan<strong>do</strong>, portanto, seu campo mental.<br />

Somos to<strong>do</strong>s responsáveis<br />

Não podemos esquecer que a imprudência e a ociosidade se responsabilizam<br />

por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da<br />

gula, os quadros infecciosos pela ausência da higiene comum, os desequilíbrios<br />

nervosos da toxicomania e o depauperamento decorrente de vários excessos. De<br />

mo<strong>do</strong> geral, porém, as <strong>do</strong>enças perduráveis, que destroem o corpo físico, têm suas<br />

causas no corpo espiritual, pois as energias na nossa alma expressam as chamadas<br />

dívidas cármicas, por serem conseqüências das causas infelizes que nós mesmos<br />

plasmamos, e são transferíveis de uma existência para outra, uma vez que é a<br />

nossa mente, através da energia <strong>do</strong> nosso pensamento, que, de forma inconsciente,<br />

muitas vezes, nos cobra ou nos absolve das faltas cometidas, lançan<strong>do</strong>-nos ou<br />

tiran<strong>do</strong>-nos da “zona de remorso”. Existem casos em que, mesmo em esta<strong>do</strong> de<br />

recuperação perispirítica, a presença de pessoas desafetas responsáveis por essas<br />

zonas pode levar a violentos choques psíquicos, com o que as emoções se lhe<br />

desvairam afastan<strong>do</strong>-se da necessária harmonia. A mente desorientada perde o<br />

controle da organização perispirítica e <strong>do</strong>s elementos fisiológicos, assumin<strong>do</strong><br />

condições excêntricas, dispersan<strong>do</strong> as energias que lhe são peculiares. Essas<br />

energias passam a atritar-se e a emitir radiações de baixa freqüência,<br />

aproximadamente igual a de que lhe incide o pensamento das vítimas, trazen<strong>do</strong>,<br />

conseqüentemente, as mais variadas repercussões no corpo somático. Devemos<br />

também lembrar que não apenas os pensamentos volta<strong>do</strong>s para nossas ações<br />

pretéritas mantêm-nos presos a esse circuito fecha<strong>do</strong> <strong>do</strong> pensamento <strong>do</strong> qual<br />

falamos. O pensamento é muito mais amplo <strong>do</strong> que a nossa consciência pode<br />

alcançar. Subsistem aqueles (o pensamento) em que se fazem inconscientes em<br />

nossa mente, também trazi<strong>do</strong>s por lembranças das faltas por outros cometidas, que<br />

nos atingiram, deixan<strong>do</strong> marcas no nosso corpo espiritual e que, hoje, ao<br />

depararmo-nos em um novo reencontro, sentimos no corpo carnal os efeitos desses<br />

males, efeitos estes apresenta<strong>do</strong>s muitas vezes na forma de simples sintomas ou<br />

mesmo de uma enfermidade instalada.<br />

O pensamento, como uma modalidade de energia sutil atuan<strong>do</strong> em uma<br />

forma de onda, com velocidade muito superior à da luz, quan<strong>do</strong> de passagem pelos<br />

lugares e criaturas, situações e coisas que nos afetam a memória, agem e reagem<br />

sobre si mesmos, em circuito fecha<strong>do</strong>, trazen<strong>do</strong>-nos, assim, de volta as sensações<br />

desagradáveis hauridas ao contato de qualquer ação desequilibrante. Isso tu<strong>do</strong><br />

acontece porque, quan<strong>do</strong> nos rendemos ao desequilíbrio ou estabelecemos<br />

perturbações em prejuízo <strong>do</strong>s outros, plasmamos nos teci<strong>do</strong>s fisiopsicossomâticos<br />

determina<strong>do</strong>s campos de ruptura na harmonia celular, crian<strong>do</strong> predisposições<br />

mórbidas para essa ou aquela enfermidade e, conseqüentemente, toda a zona<br />

atingida torna-se passível de invasão microbiana.<br />

Reforma íntima: o remédio<br />

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Quan<strong>do</strong> é desarticula<strong>do</strong> o trabalho sinergético das células nesse ou naquele<br />

teci<strong>do</strong>, intervêm as unidades mórbidas, quais o câncer, que nessa <strong>do</strong>ença imprime<br />

acelera<strong>do</strong> ritmo de crescimento a certos agrupamentos celulares, entre as células<br />

sãs <strong>do</strong> órgão em que se instalam, causan<strong>do</strong> tumorações invasoras e metastáticas,<br />

compreenden<strong>do</strong>-se, porém, que a mutação no início obedeceu à determinada<br />

distonia, originária da mente, cujas vibrações sobre as células desorganizadas<br />

tiveram o efeito das projeções de raios-x ou de irradiações ultravioletas, em<br />

aplicações impróprias. Quan<strong>do</strong> o <strong>do</strong>ente adquire um comportamento favorável a si<br />

mesmo, num crescente de humildade, paciência, devotamento ao bem, num<br />

profun<strong>do</strong> processo de renovação moral, as forças físicas encontram sóli<strong>do</strong> apoio nas<br />

radiações de solidariedade e reconhecimento que absorve de quantos lhe recolhem<br />

o auxílio direto ou indireto, conseguin<strong>do</strong> conter a disfunção nos neoplasmas<br />

benignos que ainda respondem à influência organiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s adjacentes.<br />

Devemos, portanto, reconhecer o quanto é importante o equilíbrio de nossa mente,<br />

pois com as aquisições e observações da psicopatologia, podemos observar a<br />

intervenção <strong>do</strong>s fatores internos ou psicogênitos em todas as atividades <strong>do</strong><br />

organismo físico.<br />

O aparelho cerebral<br />

André Luiz, no livro No Mun<strong>do</strong> Maior, falan<strong>do</strong> sobre o sistema nervoso,<br />

observa em preciosa síntese que: “No sistema nervoso, temos o cérebro inicial,<br />

repositório <strong>do</strong>s movimentos instintivos e sede das atividades subconscientes. Na<br />

região <strong>do</strong> córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos, temos<br />

o cérebro desenvolvi<strong>do</strong>, consubstancian<strong>do</strong> as energias motoras de que se serve a<br />

nossa mente para as manifestações imprescindíveis no atual momento evolutivo <strong>do</strong><br />

ser. Nos planos <strong>do</strong>s lobos frontais, silenciosos ainda para a investigação científica<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, jazem materiais de ordem sublime, que conquistaremos gradualmente,<br />

no esforço de ascensão, representan<strong>do</strong> a parte mais nobre <strong>do</strong> nosso organismo<br />

divino em evolução. Não podemos dizer que possuímos três cérebros<br />

simultaneamente. Temos apenas um que se divide em três regiões distintas, onde,<br />

no primeiro, situamos a “residência de nossos impulsos automáticos”, simbolizan<strong>do</strong><br />

o sumário vivo <strong>do</strong>s serviços realiza<strong>do</strong>s; no segun<strong>do</strong>, localizamos o “<strong>do</strong>micílio das<br />

conquistas atuais”, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que<br />

estamos edifican<strong>do</strong>; no terceiro, temos a “casa das noções superiores”, indican<strong>do</strong> as<br />

eminências que nos cumpre atingir. Num deles, moram o hábito e o automatismo.<br />

No outro, residem o esforço e a vontade; e, no último, moram o ideal e a meta<br />

superior a ser alcançada. E assim distribuímos o subconsciente, o consciente e o<br />

superconsciente. Como vemos, possuímos em nós mesmos o passa<strong>do</strong>, o presente e<br />

o futuro”.<br />

O corpo é um reflexo da mente<br />

Podemos então concluir que, diante de tu<strong>do</strong> quanto já abordamos, é<br />

compreensível dizer que a quebra da harmonia cerebral, em conseqüência de<br />

compulsoriamente se arredarem das aglutinações celulares <strong>do</strong> campo fisiológico os<br />

princípios <strong>do</strong> corpo espiritual, essas aglutinações ficam, então, desordenadas em<br />

sua estrutura e atividades normais, poden<strong>do</strong> surgir tumores e hemorragias<br />

conseqüentes de fenômenos mórbi<strong>do</strong>s assedian<strong>do</strong> a mente, porque o cérebro é o<br />

instrumento que traduz essa mente, manancial de nossos pensamentos, e é por isso<br />

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que a <strong>do</strong>r <strong>do</strong> remorso não permite fácil acesso à esfera superior <strong>do</strong> organismo<br />

perispírito, onde se erguem as manifestações da consciência divina. O cérebro real<br />

é aparelho <strong>do</strong>s mais complexos, em que nosso “eu” reflete a vida. Examinan<strong>do</strong> o<br />

organismo que modela as manifestações <strong>do</strong> campo físico, reconheceremos que a<br />

célula nervosa é entidade de natureza elétrica que, diariamente, se nutre de<br />

combustível adequa<strong>do</strong>. Há neurônios sensitivos, motores, intermediários e reflexos.<br />

Existem os que recebem as sensações exteriores e os que recolhem as impressões<br />

da consciência. Em to<strong>do</strong> o cosmo celular agitam-se interruptores e condutores,<br />

elementos de emissão e de recepção. A mente é a orienta<strong>do</strong>ra desse universo<br />

microscópico, em que bilhões de corpúsculos e energias multiformes se consagram<br />

a seu serviço. Dela emanam as correntes da vontade, determinan<strong>do</strong> vasta rede de<br />

estímulos, reagin<strong>do</strong> ante as exigências da paisagem externa, ou atenden<strong>do</strong> às<br />

sugestões das zonas interiores. Colocada entre objetivo e subjetivo, é obrigada, pela<br />

lei divina, a aprender, verificar, escolher, repelir, aceitar, recolher, guardar,<br />

enriquecer-se, iluminar-se, progredir sempre. Ainda que permaneça aparentemente<br />

estacionária, a mente prossegue seu caminho, sem recuos, sob atuação das forças<br />

visíveis ou invisíveis.<br />

Lembremos que toda a energia gerada tem que manter-se de forma bem<br />

equilibrada, porque tanto o bloqueio <strong>do</strong> fluxo de energia quanto o excesso desse<br />

fluxo podem produzir desequilíbrios e, conseqüentemente, uma <strong>do</strong>ença física.<br />

Hoje, ainda não encontramos na medicina tradicional os recursos necessários<br />

para esse entendimento,mas felizmente, surgem na atualidade novas opções<br />

terapêuticas, tanto no campo da psicologia como na chamada medicina alternativa,<br />

com estu<strong>do</strong>s que comprovam a cura de determinadas patologias através dessas<br />

novas abordagens, como é o caso das técnicas de regressão de memória.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, observemos a necessidade de nos reunir cada vez mais para<br />

estudar sob esta nova visão, pois somente quan<strong>do</strong> os homens da ciência se<br />

permitirem, com mais flexibilidade, atravessar a porta <strong>do</strong> entendimento <strong>do</strong> amor,<br />

como homens comuns e de fé, é que conseguiremos chegar mais rapidamente à<br />

solução de enfermidades que até os dias atuais a ciência não consegue equacionar.<br />

CENTROS DE FORÇA <strong>–</strong> PLEXOS 19<br />

O fato de o corpo físico constituir o reflexo <strong>do</strong> corpo espiritual vem, por sua<br />

vez retratar em si o corpo mental que lhe preside a formação.<br />

O corpo mental, como explica André Luiz em "Evolução em Dois Mun<strong>do</strong>s”, “é<br />

o envoltório sutil da mente". que não pode ser mais bem defini<strong>do</strong> "por falta de<br />

terminologia adequada no dicionário terrestre".<br />

Do ponto de vista de sua constituição e função, o Perispírito é o veículo por<br />

excelência, para o trabalho na esfera espiritual, após a morte, "com sua estrutura<br />

eletromagnética algo modificada no que tange aos fenômenos genésicos e<br />

nutritivos, de acor<strong>do</strong> porém com as aquisições da mente que o maneja.<br />

É nesse santuário vivo, de "formação sutil, urdida em recursos dinâmicos,<br />

extremamente porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra faixa vibratória.<br />

à face <strong>do</strong> sistema de permuta visceralmente renova<strong>do</strong>, se distribuem mais ou menos<br />

à feição das partículas colóides, com a respectiva carga elétrica, comportan<strong>do</strong>-se,<br />

no espaço. segun<strong>do</strong> a sua condição especifica, e apresentan<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>s<br />

morfológicos, conforme o campo mental a que se ajustem” (Evolução em Bois<br />

19 Curso de educação mediúnica, 1 o ano.6ª lição, pág.58-61. FEESP,<br />

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Mun<strong>do</strong>s, cap. II). que a criatura continua a sua jornada evolutiva nos <strong>do</strong>mínios da<br />

experiência.<br />

Nesse santuário, o Espírito possui to<strong>do</strong> o equipamento de recursos<br />

automáticos que governam bilhões de entidades microscópicas a serviço da<br />

inteligência, nos círculos de ação, como recursos adquiri<strong>do</strong>s vagarosamente pelo<br />

ser, em milênios e milênios de esforço e recapitulação nos diferentes setores da<br />

evolução da alma.<br />

O Perispírito rege a atividade funcional <strong>do</strong>s órgãos relaciona<strong>do</strong>s pela fisiologia<br />

terrena, através <strong>do</strong>s <strong>Centro</strong>s de Força, que “são fulcros energéticos, que, sob a<br />

direção automática da alma, imprimem nas células a especialização’(Assistência<br />

Espiritual, cap. Ill, Moacyr Petrone). Plexo, deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> latim, "plessus”, quer dizer<br />

enlaçamento. Entrelaçamento de muitas ramificações de nervos ou filetes<br />

musculares, vasculares.<br />

No livro “Entre a Terra e o Céu”, cap. XX, diz André Luiz que o psicossoma<br />

está intimamente regi<strong>do</strong> por sete <strong>Centro</strong>s de Força, que se conjugam nas<br />

ramificações <strong>do</strong>s plexos, e, vibran<strong>do</strong> em sintonia uns com os outros, ao influxo <strong>do</strong><br />

poder diretriz da mente, estabelecem um veículo de células elétricas, como um<br />

campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fecha<strong>do</strong>.<br />

O crescimento <strong>do</strong> influxo mental está na medida da experiência adquirida e<br />

arquivada pelo próprio Espírito.<br />

Pensamentos vicia<strong>do</strong>s implicam em desarmonias nos <strong>Centro</strong>s de Força e,<br />

conseqüentemente, no corpo físico.<br />

Ainda no livro ‘Entre a Terra e o Céu,” cap. XX, André Luiz sugere que se faça<br />

a análise da fisiologia <strong>do</strong> Perispírito, classifican<strong>do</strong> os seus <strong>Centro</strong>s de Força e<br />

aproveitan<strong>do</strong> a lembrança das regiões mais importantes <strong>do</strong> corpo terrestre.<br />

Tem-se, assim, "por expressão máxima <strong>do</strong> veículo que nos serve<br />

presentemente, o centro coronário, que, na Terra, é considera<strong>do</strong> pela filosofia hindu<br />

como sen<strong>do</strong> o lótus de mil pétalas"; é o mais significativo pelo seu alto potencial de<br />

radiações, pois é nele que assenta a ligação com a mente, sede da consciência.<br />

Está localiza<strong>do</strong> na região <strong>do</strong> alto da cabeça. “Esse centro recebe em primeiro lugar<br />

os estímulos <strong>do</strong> Espírito, comandan<strong>do</strong> os demais, vibran<strong>do</strong>, todavia, com eles em<br />

justo regi-me de interdependência...” “dele emanam as energias de sustentação <strong>do</strong><br />

sistema nervoso e suas subdivisões, sen<strong>do</strong> responsável pela alimentação das<br />

células <strong>do</strong> pensamento e o prove<strong>do</strong>r de to<strong>do</strong>s os recursos eletromagnéticos<br />

indispensáveis à estabilidade orgânica.” “<strong>Centro</strong> que assimila os estímulos <strong>do</strong> Plano<br />

Superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a<br />

vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada.”<br />

“Supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe obedecem ao impulso,<br />

procedente <strong>do</strong> Espírito.”<br />

Em “Evolução em Dois Mun<strong>do</strong>s”, cap. II, André Luiz, complementa: “o ponto<br />

de interação entre as forças determinantes <strong>do</strong> Espírito e as forças<br />

fisiopsicossomáticas organizadas. Desse ponto, parte a corrente de energia<br />

vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria<br />

mental que o envolve, transmitin<strong>do</strong> aos demais centros da alma os reflexos vivos de<br />

nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros,<br />

interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais<br />

implementos de nossa constituição particular, plasman<strong>do</strong> em nós próprios os efeitos<br />

agradáveis ou não de nossa influência e conduta. A mente elabora as criações que<br />

lhe fluem da vontade, aproprian<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s elementos que a circundam, e o centro<br />

coronário incumbe-se, automaticamente, de fixar a natureza da responsabilidade<br />

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que lhe diga respeito, marcan<strong>do</strong> no próprio ser as conseqüências felizes ou não de<br />

sua movimentação consciencial”.<br />

O <strong>Centro</strong> de Força Cerebral, contíguo ao coronário, localiza<strong>do</strong> na região<br />

frontal, entre as sobrancelhas, ordena percepções que, na vestimenta carnal,<br />

constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que<br />

dizem respeito à Palavra, à Cultura, à Arte, ao Saber.<br />

O <strong>Centro</strong> de Força Laríngeo, localiza<strong>do</strong> na região da garganta, preside os<br />

fenômenos vocais, inclusive as atividades <strong>do</strong> timo, da tireóide e das paratireóides.<br />

O <strong>Centro</strong> de Força Cardíaco, localiza<strong>do</strong> na região <strong>do</strong> coração, regula as<br />

emoções e os sentimentos e sustenta a circulação sanguínea.<br />

O <strong>Centro</strong> de Força Esplênico, que no corpo denso está sedia<strong>do</strong> no baço,<br />

regula a distribuição e a circulação adequada aos recursos vitais em to<strong>do</strong>s os<br />

escaninhos <strong>do</strong> corpo.<br />

O <strong>Centro</strong> de Força Gástrico, localiza<strong>do</strong> na região <strong>do</strong> estômago, é responsável<br />

pela penetração de alimentos e flui<strong>do</strong>s na organização física.<br />

No <strong>Centro</strong> de Força Genésico, localiza<strong>do</strong> na região <strong>do</strong> baixo ventre, é que se<br />

localiza o santuário <strong>do</strong> sexo, como templo modela<strong>do</strong>r das formas e estímulos.<br />

O <strong>Centro</strong> de Força Coronário é o órgão de ligação com o mun<strong>do</strong> espiritual;<br />

serve ao Espírito para influir sobre os demais <strong>Centro</strong>s de Força (Passes e<br />

Radiações, de Edgard Armond).<br />

Quan<strong>do</strong> a mente, por atos contrários à Lei Divina, prejudica a harmonia de<br />

qualquer um desses fulcros de força da alma, naturalmente se escraviza aos efeitos<br />

da ação desequilibrante, obrigan<strong>do</strong>-se ao trabalho de reajuste.<br />

Bibliografia:<br />

EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS <strong>–</strong> André Luiz<br />

ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL <strong>–</strong> Moacyr Petrone<br />

ENTRE A TERRA E O CÉU <strong>–</strong> André Luiz.<br />

PASSES E RADIAÇÕF.S <strong>–</strong> Edgard Armond.<br />

6. Desenvolvimento Mediúnico<br />

6.1. Metodização <strong>do</strong> trabalho mediúnico<br />

A influência <strong>do</strong> médium nas comunicações Em qualquer trabalho em que se<br />

pretenda imprimir seriedade é necessário estabelecer um méto<strong>do</strong>, com regras<br />

definidas a serem observadas para que se possa alcançar o objetivo que se busca.<br />

No caso da mediunidade, e em particular <strong>do</strong> desenvolvimento mediúnico, esta<br />

realidade se mostra ainda mais marcante.<br />

A atividade mediúnica, sen<strong>do</strong> o elo de ligação entre o plano material e o plano<br />

espiritual, envolve uma série de fatores que estão diretamente liga<strong>do</strong>s ao médium,<br />

ao seu comportamento e às suas condições físicas, mentais e espirituais,<br />

reclaman<strong>do</strong> deste, sensibilidade, acuidade, conhecimento e experiência,<br />

indispensáveis ao bom êxito <strong>do</strong> empreendimento. E como a atividade mediúnica à<br />

luz da Doutrina <strong>Espírita</strong> esta sempre ligada a uma atitude moral elevada, sen<strong>do</strong><br />

utilizada tão somente como instrumento de progresso <strong>do</strong> homem tanto no seu<br />

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aspecto intelectual como moral, reclama-se, também, <strong>do</strong> aspirante à pratica<br />

mediúnica um comportamento moral à altura <strong>do</strong> trabalho a que se propõe.<br />

“O desejo natural de to<strong>do</strong> aspirante a médium é o de poder confabular com os<br />

Espíritos das pessoas que lhe são caras; deve, porém, moderar a sua impaciência,<br />

porquanto a comunicação com determina<strong>do</strong> Espírito apresenta muitas vezes<br />

dificuldades materiais que a tornam impossível ao principiante. (...) Convém, por<br />

isso, que no começo ninguém se obstine em chamar determina<strong>do</strong> Espírito, com<br />

exclusão de qualquer outro, pois amiúde sucede não ser com esse que as relações<br />

fluídicas se estabelecem mais facilmente (...)."<br />

Tu<strong>do</strong> isso nos leva, fatalmente, à conclusão que só terão êxito no seu<br />

trabalho mediúnico as pessoas que se submeterem a uma si-.ria e perseverante<br />

disciplina, disciplina essa que já deverá ser encontrada nos sc is primeiros contatos<br />

com a mediunidade, nos méto<strong>do</strong>s aplica<strong>do</strong>s nas reuniões de estu<strong>do</strong> e de educação<br />

mediúnica.<br />

"(...) To<strong>do</strong> médium, que sinceramente deseje não ser joguete da mentira,<br />

deve. portanto, procurar produzir em reuniões sérias, (...) aceitar agradeci<strong>do</strong>,<br />

solicitar mesmo o exame crítico das comunicações que receba. (...)"<br />

Léon Denis, em seu livro No Invisível, cita, de uma forma geral, algumas<br />

regras básicas que deverão nortear as reuniões mediúnicas.<br />

"(..) Os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que<br />

reúnem as maiores probabilidades de êxito (..)" Como a atividade mediúnica<br />

assenta-se, basicamente, no princípio de sintonia de sentimentos e pensamentos, é<br />

importante que essa sintonia se faça presente entre os encarna<strong>do</strong>s e<br />

desencarna<strong>do</strong>s participantes da reunião. E é mais fácil, principalmente em uma<br />

reunião de iniciantes, como é o caso das reuniões de desenvolvimento mediúnico,<br />

alcançar essa sintonia, naturalmente em nível eleva<strong>do</strong>, com um número menor de<br />

participantes, não deven<strong>do</strong> ultrapassar o limite de 12 a 14 pessoas.<br />

“(...) A renovação freqüente da assistência (...) compromete ou pelo menos<br />

demora os resulta<strong>do</strong>s. (...)" Basea<strong>do</strong>s no mesmo princípio de sintonia anteriormente<br />

referi<strong>do</strong>, é fácil concluir que em uma reunião em que os seus freqüenta<strong>do</strong>res<br />

alteram-se com muita freqüência não serão criadas as condições básicas nem para<br />

que essa sintonia se faça presente e nem para que haja a homogeneidade e o clima<br />

de confiança entre os seus participantes, inexistin<strong>do</strong>, conseqüentemente, o ambiente<br />

propicio à segura e benéfica manifestação mediúnica.<br />

"(...) Convém reunir-se em dias e horas fixos e no mesmo lugar. (...)” É uma<br />

regra básica de organização e de méto<strong>do</strong>. Como a atividade mediúnica é uma<br />

atividade permanente e não temporária, é importante que se fixe dia, hora e local,<br />

para que, de uma forma ordeira e constante, encarna<strong>do</strong>s e desencarna<strong>do</strong>s<br />

convirjam suas atenções para o momento e local adequa<strong>do</strong>s, propician<strong>do</strong> a<br />

preparação necessária ao êxito da reunião.<br />

A perseverança é uma das qualidades indispensáveis ao experimenta<strong>do</strong>r.<br />

(...)" (Léon Denis chama de experimenta<strong>do</strong>r ao dirigente da reunião). A<br />

perseverança é um atributo fundamental para ser utiliza<strong>do</strong> em qualquer atividade<br />

que vise conquistar um conhecimento, uma experiência ou uma virtude. Kardec<br />

entende que um trabalho só e sério se e perseverante: "(...) O que caracteriza um<br />

estu<strong>do</strong> sério é a continuidade que se lhe dá. (...)”E o próprio Jesus observa: "(...)<br />

Aquele que perseverar até ao fim será salvo”.<br />

Aborrece muitas vezes passar um serão infrutífero na expectativa <strong>do</strong>s<br />

fenômenos. Sabemos, contu<strong>do</strong> que uma ação insensível, lenta e progressiva, se<br />

realiza no curso das sessões. A concentração das forças necessárias não se efetua<br />

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às vezes senão depois de repeti<strong>do</strong>s esforços, em reuniões de tentativas e de<br />

ensaios. (...)"<br />

(...) Em nosso ministério de intercâmbio com os sofre<strong>do</strong>res desencarna<strong>do</strong>s,<br />

(...) a nossa concentração não deve objetivar uma realização estática, inoperante<br />

(...) sem o resulta<strong>do</strong> ativo <strong>do</strong> socorro generaliza<strong>do</strong> aos que respiram conosco a<br />

psicosfera ambiente (...)".<br />

“(...) a direção <strong>do</strong> grupo deve ser confiada a uma pessoa excelentemente<br />

<strong>do</strong>tada, no ponto de vista das atrações psíquicas, digna, além disso, de simpatia e<br />

confiança. (...)"<br />

"(...) É das mais delicadas a tarefa de dirigir um grupo. Exige qualidades<br />

raras, extensos conhecimentos e sobretu<strong>do</strong> longa prática <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> invisível.<br />

Nenhum grupo, sem ser submeti<strong>do</strong> a uma certa disciplina, pode funcionar.<br />

Esta se impõe não somente aos experimenta<strong>do</strong>res, como também aos Espíritos. O<br />

diretor <strong>do</strong> grupo deve ser um homem de dupla enfibratura, assisti<strong>do</strong> por um Espíritoguia<br />

que estabelecerá a ordem no meio oculto, como ele próprio a manterá no meio<br />

terrestre e humano. Essas duas direções devem mutuamente completar-se, inspirarse<br />

num pensamento igualmente eleva<strong>do</strong>, unir-se na prossecução 20 de um objetivo<br />

comum. (...)”<br />

O dirigente de qualquer reunião mediúnica deve "(...) rejeitar sempre a<br />

condição simultânea de dirigente e médium. psicofônico, por não poder, desse<br />

mo<strong>do</strong>, atender condignamente nem a um e nem a outro encargo. (...)"<br />

Deve, também, observar rigorosamente o horário das sessões, com atenção e<br />

assiduidade fugin<strong>do</strong> de realizar sessões mediúnicas inopinadamente, por simples<br />

curiosidade ou ainda para atender a solicitações sem objetivo justo.<br />

Ordem mantida, rendimento avança<strong>do</strong>.<br />

“(...) iniciada a reunião, não permitir a entrada de pessoa alguma.(...)”<br />

"(...) o candidato ao desenvolvimento mediúnico deve: freqüentar inicialmente,<br />

por certo tempo, as reuniões de Estu<strong>do</strong> Doutrinário e as de Assistência Espiritual<br />

(reunião pública-<strong>do</strong>utrinária). Quan<strong>do</strong> for porta<strong>do</strong>r de processo obsessivo, deverá<br />

freqüentar preliminarmente, aquelas últimas reuniões, além de inscrever-se para os<br />

serviços de desobsessão, programa<strong>do</strong>s pelo <strong>Centro</strong> <strong>Espírita</strong> (...)."<br />

Vemos, assim, que aqueles que procuram trabalhar no campo da<br />

mediunidade devem ter o propósito de desenvolver um trabalho de interesse coletivo<br />

e não exclusivamente pessoal. Por certo, o médium será também sempre<br />

beneficia<strong>do</strong>, mas este não deve ser o seu objetivo. Para isto deve procurar a sintonia<br />

com os Espíritos superiores, em busca da inspiração e <strong>do</strong> fortalecimento de seus<br />

bons propósitos.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s<br />

Espíritos..<br />

2. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Da Formação <strong>do</strong>s Médiuns.<br />

Item 203, pág. 247-248. Das Reuniões e das Sociedades <strong>Espírita</strong>s.<br />

Item 329, pág. 426. FEB, 1995.<br />

3. Leon Denis. No invisível. Condições de experimentação. FEB 1973.<br />

Cap. 9, 1ª parte, pág. 89, 101, 110 e 111.<br />

20 prosseguimento<br />

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GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”<br />

4. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Pelo espíritos de João Cléofas. Intercâmbio<br />

mediúnico. Concentração e intercâmbio mediúnico. Salva<strong>do</strong>r, BA.<br />

Alvorada, 1985. Pág. 74.<br />

5. Wal<strong>do</strong> Vieira. Pelo espírito de André Luiz. Condução <strong>Espírita</strong>. Do<br />

dirigente de reuniões <strong>do</strong>utrinárias. Rio de Janeiro. FEB, 1971. pág.<br />

19 a 22.<br />

6. FEB e CFN. Reunião de Estu<strong>do</strong> e Educação Mediúnica. Orientação<br />

ao <strong>Centro</strong> <strong>Espírita</strong>. Rio de Janeiro, FEB, 1988. pág. 34 a 37.<br />

7. Novo testamento. A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira<br />

Almeida. Mateus, 24:13.<br />

6.2. Oportunidade de Desenvolvimento<br />

DECÁLOGO PARA MÉDIUNS<br />

1 <strong>–</strong> Rende culto ao dever.<br />

Não há fé construtiva onde falta respeito ao cumprimento das próprias<br />

obrigações.<br />

2 <strong>–</strong> Trabalha espontaneamente.<br />

A mediunidade é um ara<strong>do</strong> divino que o óxi<strong>do</strong> da preguiça enferruja e destrói.<br />

3 <strong>–</strong> Não te creias maior ou menor.<br />

Como as árvores frutíferas, espalhadas no solo, cada talento mediúnico tem a<br />

sua utilidade e a sua expressão.<br />

4 <strong>–</strong> Não esperes recompensas no mun<strong>do</strong>.<br />

As dádivas <strong>do</strong> Senhor, como sejam o fulgor das estrelas e a caricia da fonte,<br />

o lume da prece e a bênção da coragem, não têm preço na Terra.<br />

5 <strong>–</strong> Não centralizes a ação.<br />

To<strong>do</strong>s os companheiros são chama<strong>do</strong>s a cooperar, no conjunto das boas<br />

obras, a fim de que se elejam à posição de escolhi<strong>do</strong>s para tarefas mais altas.<br />

6 <strong>–</strong> Não te encarceres na dúvida.<br />

To<strong>do</strong> bem, muito antes de externar-se por intermédio desse ou daquele<br />

intérprete da verdade, procede, originariamente, de Deus.<br />

7 <strong>–</strong> Estuda sempre.<br />

A luz <strong>do</strong> conhecimento armar-te-á o espírito contra as armadilhas da<br />

ignorância.<br />

8 <strong>–</strong> Mão te irrites.<br />

Cultiva a caridade e a brandura, a compreensão e a tolerância, porque os<br />

mensageiros <strong>do</strong> amor encontram dificuldade enorme para se exprimirem com<br />

segurança através de um coração conserva<strong>do</strong> em vinagre.<br />

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9 <strong>–</strong> Desculpa incessantemente.<br />

O áci<strong>do</strong> da crítica não te piora a realidade, a praga <strong>do</strong> elogio não te altera o<br />

mo<strong>do</strong> justo de ser, e, ainda mesmo que te categorizem à conta de mistifica<strong>do</strong>r ou<br />

embusteiro, esquece a ofensa com que te espanquem o rosto, e, guardan<strong>do</strong> o<br />

tesouro da consciência limpa, segue adiante, na certeza de que cada criatura<br />

percebe a vida <strong>do</strong> ponto de vista em que se coloca.<br />

10 <strong>–</strong> Não temas persegui<strong>do</strong>res.<br />

Lembra-te da humildade <strong>do</strong> Cristo e recorda que, ainda Ele, anjo em forma de<br />

homem, estava cerca<strong>do</strong> de adversários gratuitos e de verdugos cruéis, quan<strong>do</strong><br />

escreveu na cruz, com suor e lagrimas, o divino poema da eterna ressurreição.<br />

OPORTUNIDADE DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA<br />

André Luiz<br />

“A organização mediúnica, como as demais edificações elevadas, não se<br />

improvisa no caminho da vida. E o médium não é uma inteligência ou uma<br />

consciência anulada nas exteriorizações fenomênicas da comunicação entre as<br />

duas esferas. Edificar a mediunidade constitui uma obra digna <strong>do</strong> esforço alia<strong>do</strong> à<br />

perseverança, no espaço e no tempo."<br />

A faculdade mediúnica é, para os que a possuem, um instrumento de alto<br />

valor na conquista de novos conhecimentos, na prestação de serviço ao próximo, no<br />

desenvolvimento de virtudes, na realização de experiências enriquece<strong>do</strong>ras e no<br />

resgate de débitos pessoais.<br />

Trata-se, pois, para o Espírito realmente consciente desses valores, de uma<br />

rara oportunidade, muitas vezes conseguida a duras penas, que propicia uma mais<br />

rápida ascensão espiritual.<br />

“O surgimento da faculdade mediúnica não depende de lugar, idade, condição<br />

social ou sexo.<br />

Pode surgir na infância, a<strong>do</strong>lescência ou juventude, na idade madura ou na<br />

velhice.<br />

Pode revelar-se no <strong>Centro</strong> <strong>Espírita</strong>, em casa, em templos de quaisquer<br />

denominações religiosas, no materialista. (...)”<br />

Natural, assim, que quan<strong>do</strong> de seu aparecimento, o seu desenvolvimento<br />

deva ser cerca<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>, propician<strong>do</strong> ao candidato ao mediunato um clima<br />

sereno alimenta<strong>do</strong> pelo cultivo da oração, o estu<strong>do</strong> adequa<strong>do</strong> para o conhecimento<br />

da Doutrina <strong>Espírita</strong>, das características específicas da mediunidade e <strong>do</strong><br />

embasamento evangélico-moral que deverá sustentar a sua prática e a oportunidade<br />

de trabalho nobre que lhe ensejará a experiência edificante.<br />

Nem sempre, porém, se percebe a eclosão ostensiva da faculdade mediúnica<br />

e nasce, no principiante espírita, o desejo natural de saber se possui ou não<br />

mediunidade que mereça estu<strong>do</strong> e educação. Somente a prática, o exercício<br />

metódico e perseverante dirá se o candidato ao mediunato estará apto para exercer<br />

tarefas no campo da mediunidade.<br />

A prática mediúnica envolve uma série de entraves, quan<strong>do</strong> não de perigos,<br />

decorrentes da maior' sensibilidade <strong>do</strong> médium e provoca<strong>do</strong>s quer pelos que tomam<br />

a postura de adversários da atividade mediúnica ou <strong>do</strong> próprio médium, quer<br />

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provoca<strong>do</strong>s pelas suas próprias falhas, que o deixa, muitas vezes, a mercê <strong>do</strong>s<br />

Espíritos engana<strong>do</strong>res.<br />

Conforme destaca Kardec "(...) Sabe-se, além disso, que o recolhimento é<br />

uma condição sem a qual não se pode lidar com Espíritos sérios. As evocações<br />

feitas estouvadamente e por gracejo constituem verdadeira profanação, que facilita o<br />

acesso aos Espíritos zombeteiros ou malfazejos. (...)"<br />

A reunião de estu<strong>do</strong> e educação da mediunidade deve proporcionar aos seus<br />

freqüenta<strong>do</strong>res as condições para que o exercício mediúnico ocorra "(...) em perfeita<br />

harmonia com os princípios da Doutrina <strong>Espírita</strong>.<br />

O candidato ao desenvolvimento mediúnico deve:<br />

1) freqüentar inicialmente, por certo tempo, as reuniões de Estu<strong>do</strong><br />

Doutrinário e as de Assistência Espiritual. Quan<strong>do</strong> for porta<strong>do</strong>r de<br />

processo obsessivo, deverá freqüentar, preliminarmente, aquelas últimas<br />

reuniões, além de inscrever-se para os serviços de desobsessão,<br />

programa<strong>do</strong>s pelo <strong>Centro</strong> <strong>Espírita</strong>;<br />

2) ser orienta<strong>do</strong> para que controle “as manifestações mediúnicas que veicula,<br />

reprimin<strong>do</strong>, quanto possível, respiração ofegante, gemi<strong>do</strong>s, gritos e<br />

contorções, batimentos de mãos e pés ou quaisquer gestos violentos";<br />

3) ser aconselha<strong>do</strong> a não participar de trabalhos mediúnicos antes de se<br />

educar satisfatoriamente;<br />

4) "esquivar-se a suposição de que detém responsabilidades ou missões de<br />

avultada transcendência, reconhecen<strong>do</strong>-se humilde porta<strong>do</strong>r de tarefas<br />

comuns (...)";<br />

5) "silenciar qualquer pruri<strong>do</strong> de evidência pessoal na produção desse ou<br />

daquele fenômeno” (...) ;<br />

6) "descentralizar a atenção das manifestações fenomênicas (...), para deterse<br />

no senti<strong>do</strong> moral <strong>do</strong>s fatos e das lições".<br />

André Luiz nos informa que os "(...) centros cerebrais (...) representam bases<br />

de operação <strong>do</strong> pensamento e da vontade, que influem de mo<strong>do</strong> compreensível em<br />

to<strong>do</strong>s os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura à materialização objetiva.<br />

Esses recursos, que merecem a defesa e o auxílio das entidades sábias e<br />

benevolentes, em suas tarefas de amor e sacrifício junto <strong>do</strong>s homens, quan<strong>do</strong> os<br />

medianeiros se sustentam no ideal superior da bondade e <strong>do</strong> serviço ao próximo, em<br />

muitas ocasiões podem ser ocupa<strong>do</strong>s por entidades inferiores ou animalizadas, em<br />

lastimáveis processos de obsessão. (...)"<br />

Nunca é demais, pois, recomendar que “O conhecimento evangélico<strong>do</strong>utrinário<br />

e de real utilidade no exercício mediúnico (...).”<br />

"(...) O aprendiz da mediunidade deve ser dócil à voz e ao coman<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Espíritos superiores, através de cuja ductibilidade consegue vencer-se, corrigin<strong>do</strong> os<br />

desvios da vontade viciada, adaptan<strong>do</strong> os seus desejos e aspirações aos interesses<br />

relevantes que promovem a criatura humana, <strong>do</strong>miciliada ou não no plano físico,<br />

meta precípua <strong>do</strong> compromisso socorrista a que candidata a mediunidade. (...)"<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Inconvenientes e perigos da<br />

mediunidade. FEB, 1995. Item 222, pág. 266.<br />

2. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Pelo espíritos de João Cléofas.<br />

Intercâmbio mediúnico. Aos médiuns principiantes. Salva<strong>do</strong>r, BA.<br />

Alvorada, 1985. Pág. 24.<br />

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GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”<br />

3. Martins Peralva. Mediunidade e Evolução. Mediunidade e<br />

conhecimento. FEB, 1992, pág. 19 e 151.<br />

4. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Dicionário da Alma. Por autores<br />

diversos. Mediunidade. 2 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1979. pág. 254.<br />

5. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo<br />

espírito de André Luiz. 23 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1995. pág. 34.<br />

6. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier e Wal<strong>do</strong> Viera. Espírito da Verdade.<br />

Decálogo para os médiuns. Por diversos espíritos. 9 ed. Rio de<br />

Janeiro. FEB, 1995. pág. 22.<br />

6.3. Adaptação psíquica<br />

"(...) precisamos considerar que a mente permanece na base de to<strong>do</strong>s os<br />

fenômenos mediúnicos. (...)".<br />

Esta afirmação, simples e objetiva, define com clareza o papel da mente nas<br />

atividades mediúnicas. É através da mente que se manifestam os valores adquiri<strong>do</strong>s<br />

pelo Espírito, as experiências acumuladas, as virtudes, os conhecimentos, os<br />

defeitos, os dramas vivi<strong>do</strong>s, as afeições. o rancor. a bondade, o ressentimento. a<br />

compreensão, a vingança, a alegria, a tristeza, o amor e o ódio. Todas estas<br />

características intrínsecas <strong>do</strong> Espírito, exteriorizam-se através da mente, defini<strong>do</strong> o<br />

grau de evolução em que se encontra, a faixa vibratória em que se vive.<br />

"(...) Naturalmente circunscritos nas dimensões conceptuais em que nos<br />

encontramos (...) podemos arrojar de nós a energia atuante <strong>do</strong> próprio pensamento,<br />

estabelecen<strong>do</strong>, em torno de nossa individualidade, o ambiente psíquico que nos é<br />

particular. (...).<br />

Somos, pois, vastíssima conjunto de Inteligências, sintonizadas no mesmo<br />

padrão vibratório de percepção, integran<strong>do</strong> um To<strong>do</strong>, constituí<strong>do</strong> de alguns bilhões<br />

de seres. que formam por assim dizer a Humanidade Terrestre. (...)<br />

Dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s nossos semelhantes (...) agimos e reagimos uns sobre os<br />

outros, através da energia mental em que renovamos constantemente (...).”<br />

O papel que a mente desempenha é muito importante para a necessária<br />

adaptação psíquica <strong>do</strong> médium iniciante nas atividades mediúnicas, mesmo porque<br />

nestas atividades ela não estará só; estará, juntamente com outras mentes<br />

encarnadas e desencarnadas, desenvolven<strong>do</strong> um esforço no senti<strong>do</strong> de encontrar<br />

um ponto eleva<strong>do</strong> de sintonia de pensamentos e de sentimentos, para transformar<br />

essa atividade mediúnica em atividade útil tanto para o seu aprimoramento espiritual<br />

como também para o beneficio geral, na forma de esclarecimento, consolação e<br />

apoio.<br />

"(...) Segun<strong>do</strong> é fácil concluir, to<strong>do</strong>s os seres vivos respiram na onda de<br />

psiquismo dinâmico que lhes é peculiar (...). Esse psiquismo independe <strong>do</strong>s centros<br />

nervosos, de vez que, fluin<strong>do</strong> da mente, é ele que condiciona to<strong>do</strong>s os fenômenos<br />

da vida orgânica em si mesma.<br />

Examinan<strong>do</strong>, pois, os valores anímicos como faculdades de comunicação<br />

entre os Espíritos, qualquer que seja o plano em que se encontrem, não podemos<br />

perder de vista o mun<strong>do</strong> mental <strong>do</strong> agente e <strong>do</strong> recipiente (receptor), porquanto, em<br />

qualquer posição mediúnica, a inteligência receptiva está sujeita às possibilidades e<br />

à coloração <strong>do</strong>s pensamentos em que vive. e a inteligência emissora jaz submetida<br />

aos limites e às interpretações <strong>do</strong>s pensamentos que e capaz de produzir. (...)".<br />

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“(...) Achan<strong>do</strong>-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas,<br />

quaisquer que sejam os característicos em que se expressem, é imprescindível<br />

enriquecer o pensamento, incorporan<strong>do</strong>-lhe os tesouros morais e culturais, os únicos<br />

que nos possibilitam fixar a luz que jorra para nós, das Esferas Mais Altas (...).”<br />

“(...) Mediunidade não basta só por si”.<br />

É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer a<br />

qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção. (...)”<br />

Por certo não se vai esperar <strong>do</strong> iniciante, <strong>do</strong> médium aprendiz como nos<br />

lembra Kardec, uma fé vigorosa, uma alta capacidade de consolar, de esclarecer, de<br />

amar e de servir. Seria insensato, uma vez que lhe falta a necessária experiência.<br />

Mas é indispensável que apresente o sincero propósito de aprender, o desejo<br />

honesto de se aprimorar e a boa vontade em servir e atender aos seus semelhantes.<br />

Estes pressupostos são básicos para que, nessa atividade de intercâmbio, os<br />

Espíritos superiores encontrem seriedade de propósito nos participantes e tenham,<br />

assim, meios e razão para participar com utilidade desses trabalhos.<br />

“O escolho com que topa a maioria <strong>do</strong>s médiuns principiantes é o de terem de<br />

haver-se com Espíritos inferiores e devem dar-se por felizes quan<strong>do</strong> não são<br />

Espíritos levianos Toda atenção precisam pôr em que tais Espíritos não assumam<br />

pre<strong>do</strong>mínio, porquanto em acontecen<strong>do</strong> isso, nem sempre lhes será fácil<br />

desembaraçar-se deles (...)”.<br />

A primeira condição é colocar-se o médium, com fé sincera, sob a proteção<br />

de Deus e solicitar e assistência <strong>do</strong> seu anjo de guarda (...).<br />

A segunda condição é aplicar-se, com meticuloso cuida<strong>do</strong>, a reconhecer, por<br />

to<strong>do</strong>s os indícios que a experiência faculta, de que natureza são os primeiros<br />

Espíritos que se comunicam (...).<br />

A este respeito, instruções muito desenvolvidas se encontram nos capítulos<br />

Da Obsessão e Da identidade <strong>do</strong>s Espíritos. (...)", de O Livro <strong>do</strong>s Médiuns.<br />

“(...) Ajudemos os médiuns iniciantes a perceber que na mediunidade, como<br />

em qualquer outra atividade terrestre, não há conhecimento real onde o tempo não<br />

consagrou a aprendizagem, e que to<strong>do</strong>s os encargos são nobres onde a luz da<br />

caridade preside às realizações”.<br />

Para esse fim, conduzamo-los a se esclarecerem nos princípios salutares e<br />

liberta<strong>do</strong>res da Doutrina <strong>Espírita</strong>. (...)"<br />

Não só o médium iniciante, mas to<strong>do</strong>s os freqüenta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Centro</strong> <strong>Espírita</strong><br />

devem estar informa<strong>do</strong>s que '(...) As vibrações disseminadas pelos ambientes de um<br />

<strong>Centro</strong> <strong>Espírita</strong>, pelos cuida<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s seus tutelares invisíveis; os flui<strong>do</strong>s úteis,<br />

necessários aos varia<strong>do</strong>s quão delica<strong>do</strong>s trabalhos que ali se devem processar,<br />

desde a cura de enfermos ate a conversão de entidades desencarnadas sofre<strong>do</strong>ras<br />

e até mesmo a oratória inspirada pelos instrutores espirituais, são elementos<br />

essenciais (...). Essas vibrações, esses flui<strong>do</strong>s especializa<strong>do</strong>s, muito sutis e<br />

sensíveis, hão-de conservar-se imacula<strong>do</strong>s (...). Daí porque a Espiritualidade<br />

esclarecida recomenda, aos adeptos da grande Doutrina, o máximo respeito nas<br />

assembléias espíritas, onde jamais deverão penetrar a frivolidade e a<br />

inconseqüência, a maledicência e a intriga, o mercantilismo e o mundanismo, (...)<br />

visto que estas são manifestações inferiores <strong>do</strong> caráter e da inconseqüência<br />

humana, cujo magnetismo, para tais assembléias (...) atrairá ban<strong>do</strong>s de entidades<br />

hostis e malfeitoras <strong>do</strong> invisível, que virão a influir nos trabalhos posteriores (...)."<br />

Cabe-nos observar, finalmente, que, se nas atividades terrenas não<br />

conseguimos bons resulta<strong>do</strong>s nos empreendimentos a não ser através <strong>do</strong> trabalho,<br />

da disciplina e da perseverança; nas atividades espirituais e mediúnicas, que<br />

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transcendem os limites de uma existência física, teremos com muito maior razão,<br />

que nos empenhar no trabalho com disciplina e perseverança, associadas a<br />

humildade e a um claro conhecimento <strong>do</strong>s princípios <strong>do</strong>utrinários, para alcançar um<br />

relativo conhecimento real da pratica mediúnica. E tu<strong>do</strong> isto sem ceder aos impulsos<br />

de inovação que, muitas vezes, tendem a adaptar os princípios <strong>do</strong>utrinários às<br />

nossas próprias limitações, acomodan<strong>do</strong>-os às imperfeições que nos caracterizam.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Da formação <strong>do</strong>s médiuns. Capítulo<br />

XVII. FEB. Item 209 e 211, pág. 252, 254.<br />

2. Ivone Pereira. Dramas da Obsessão. Pelo Espírito Bezerra de Menezes.<br />

Conclusão. 4 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1981. pág. 145-146.<br />

3. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito de<br />

André Luiz. Estudan<strong>do</strong> a mediunidade. 23 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1995. pág<br />

15 a 20.<br />

4. Wal<strong>do</strong> Vieira. Estude a Viva. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz.<br />

Médiuns Iniciantes. 8ed. Rio de Janeiro. FEB, 1996. pág. 210 e 211.<br />

6.4. Sinais precursores da mediunidade: mediunidade<br />

como prova<br />

a) MEDIUNS EM TORMENTO<br />

Guarda a mediunidade, essa gema de inestimável preço, nos cofres fortes da<br />

conduta reta.<br />

Acompanhan<strong>do</strong> os porta<strong>do</strong>res da abençoada concessão, identificarás<br />

tormentos em torno deles, ameaçan<strong>do</strong>-lhes a paz, inquietan<strong>do</strong>-os. Tormentos<br />

íntimos que os seguem desde o passa<strong>do</strong> culposo e tormentos de fora com mil faces<br />

de sedução.<br />

A mediunidade que enfloresce em tua alma é concessão da Vida para<br />

regularização <strong>do</strong>s velhos débitos para com a vida.<br />

Compulsan<strong>do</strong> o Evangelho de Jesus Cristo, nele encontrarás os médiuns<br />

venci<strong>do</strong>s pelos tormentos, buscan<strong>do</strong> o Mestre. No entanto, a grande maioria por Ele<br />

beneficiada, recuperou a paz íntima, calçan<strong>do</strong> as sandálias <strong>do</strong> serviço edificante,<br />

permanecen<strong>do</strong>, porém, em vigília até o termo da jornada...<br />

Faze o mesmo. Aplica a palavra de carinho sobre a ferida aberta no cerne <strong>do</strong><br />

companheiro aflito, mesmo que ele se guarde sob as sedas da vaidade; estende os<br />

braços ao passante atribula<strong>do</strong>, oferecen<strong>do</strong>-lhe entendimento a to<strong>do</strong> instante; <strong>do</strong>a o<br />

pensamento superior ao amigo amesquinha<strong>do</strong> no vendaval das paixões que<br />

necessita de amparo e de agasalho; oferece expressões de solidariedade ao homem<br />

de mente desalinhada que se deixou abraçar pelos tentáculos poderosos <strong>do</strong> polvo<br />

<strong>do</strong> crime.<br />

Pelo bem que faças, lentamente sairás <strong>do</strong> pantanal <strong>do</strong> desequilíbrio onde o<br />

passa<strong>do</strong> te precipitou...<br />

Os tormentos de ontem te seguem hoje os passos pela senda da renovação.<br />

Tormentos de agora que surgem examinan<strong>do</strong> a robustez da tua fé, são convites<br />

sóbrios para que te libertes e encontres paz. Para resistires, elege a oração <strong>do</strong><br />

trabalho como companheiro inseparável da tua instrumentalidade mediúnica, para<br />

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que os tormentos naturais não encontrem acesso à tua mente, nem guarida no teu<br />

coração.<br />

Mediunidade é filtro espiritual de registros especiais.<br />

Opera no bem infatigável em nome <strong>do</strong> Infatigável Bem e procura, médium que<br />

és, caminhan<strong>do</strong> pelas mesmas vicissitudes por onde os outros jornadeiam,<br />

compreender to<strong>do</strong>s, mesmo aqueles que parecem felizes e distantes <strong>do</strong>s teus<br />

recursos de auxilio...<br />

* *<br />

Herodíades. a infeliz concubina <strong>do</strong> Tetrarca, <strong>do</strong>minada por obsessão cruel,<br />

fascinou-se pelo Batista e repudiada, voltou-se contra ele, tornan<strong>do</strong>-se peça<br />

principal no seu infamante assassínio...<br />

Enquanto o Senhor pregaria na Sinagoga, um Espírito infeliz tomou a boca de<br />

um médium atormenta<strong>do</strong> e insultou o Mestre, interrogan<strong>do</strong>: ... "que temos nós<br />

contigo"?...<br />

Antes <strong>do</strong> memorável encontro com o Rabi Afável, a jovem de Magdala<br />

portava obsessores lastimáveis que a vinculavam a compromissos cruéis com o<br />

sexo.<br />

Angustia<strong>do</strong> pai busca o Celeste Mensageiro para atender o filho persegui<strong>do</strong><br />

por um "espírito que o toma, e de repente clama, e o despedaça até espumar”...<br />

Judas, embora a convivência constante com Jesus, guardan<strong>do</strong> investidura<br />

medianimica, deixa-se enredar pelas seduções de mentes perturbadas <strong>do</strong> Além..<br />

* *<br />

Considera a mediunidade como meio de sublimação. Raros, somente raros<br />

médiuns trazem o superior mandato consigo. A quase totalidade, no entanto...<br />

O médium falante, cuja boca se enriquece de expressões sublimes, muitas<br />

vezes é um coração sensível liga<strong>do</strong> a compromissos e erros <strong>do</strong>s quais não se pode<br />

libertar; o médium escrevente, por cujas mãos escorrem os pensamentos divinos,<br />

compon<strong>do</strong> paginas consola<strong>do</strong>ras, quase sempre caminha sob sombras de angústias<br />

interiores, sem forças para colocar a luz viva <strong>do</strong> Mestre na mente turbilhonada; o<br />

médium cura<strong>do</strong>r, que distende os recursos magnéticos da paz e da saúde e que<br />

parece feliz na sua posição socorrista, é, invariavelmente, alma em perigo, entre as<br />

injunções de adversárias impie<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> espiritual, que lhe sitiam a casa<br />

íntima, apedrejan<strong>do</strong>-o com sofrimentos de to<strong>do</strong> jaez: o médium que enxerga, através<br />

de percepção especial e que surge como abençoa<strong>do</strong> <strong>do</strong>natário da mediunidade<br />

superior, na maioria das vezes tem os olhos perturba<strong>do</strong>s por visões cruéis, que<br />

retratamos seus dramas íntimos, fugin<strong>do</strong> de si mesmo, sem forças para continuar: o<br />

médium que reflete o pensamento social, em acórdãos, nos tribunais da justiça<br />

terrena, ignoran<strong>do</strong> a sua posição de medianeiro entre as forças <strong>do</strong> bem e o mun<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s homens, pode ser um pobre obsidia<strong>do</strong> pelas mentes vigorosas e vinga<strong>do</strong>ras da<br />

Erraticidade inferior...<br />

Apiada-te de quantos passam, oferece o coração, <strong>do</strong>a a tua prece e agradece<br />

a Jesus, o Médium Excelso, a preciosa lição que hoje te clareia os passos,<br />

ajudan<strong>do</strong>-te a vencer os tormentos que te impedem o avanço, recordan<strong>do</strong> que o<br />

bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.<br />

b) ECLOSÃO MEDIÚNICA<br />

* *<br />

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"Isso, entretanto, exige, antes de tu<strong>do</strong>, paciência<br />

e trabalho, responsabilidade e entendimento, atenção e suor.”<br />

EMMANUEL<br />

O surgimento da faculdade mediúnica não depende de lugar, idade, condição<br />

social ou sexo.<br />

Pode surgir na infância, a<strong>do</strong>lescência ou juventude, na idade madura ou na<br />

velhice.<br />

Pode revelar-se no <strong>Centro</strong> <strong>Espírita</strong>, em casa, em templos de quaisquer<br />

denominações religiosas, ou materialista.<br />

* *<br />

Os sintomas que anunciam a mediunidade variam ao infinito.<br />

Reações emocionais insólitas.<br />

Sensação de enfermidade, só aparente.<br />

Calafrios e mal-estar.<br />

Irritações estranhas.<br />

Algumas vezes, aparece sem qualquer sintoma. Espontânea. Exuberante.<br />

Um botão de rosa (a figura é de Emmanuel) que desabrocha para, no encanto<br />

e no perfume de uma rosa, embelezar a vida.<br />

* *<br />

Desabrochan<strong>do</strong>, naturalmente, a mediunidade é esse botão, ten<strong>do</strong> por<br />

jardineiro o Espiritismo, que cuidará de seu crescimento.<br />

* *<br />

Paciência, perseverança, boa-vontade, humildade, sinceridade, estu<strong>do</strong> e<br />

trabalho são fatores de extrema valia na educação mediúnica.<br />

* *<br />

Ninguém sabe quanto tempo demorará o desenvolvimento.<br />

A paciência ajuda a esperar. “Sede vós também pacientes, e fortalecei os<br />

vossos corações, pois a vinda <strong>do</strong> Senhor está próxima". Epístola de Paulo a Tiago.<br />

* *<br />

Tu<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong>, para crescer bem, pede perseverança. O conselho é de<br />

Jesus:“É na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas.”<br />

Aquele que persevera é, ao mesmo tempo, pontual e assíduo, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de<br />

compreensão e responsabilidade.<br />

E os Espíritos Bons são sensíveis a isto.<br />

* *<br />

Sem boa-vontade, nada progride. fica tu<strong>do</strong> na estaca zero.<br />

Paulo de Tarso, escreven<strong>do</strong> aos Romanos, realça a boa-vontade: "Irmãos, a<br />

boa-vontade <strong>do</strong> meu coração e a minha súplica a Deus é a favor deles e para que<br />

sejam salvos.<br />

A boa-vontade deve acompanhar o irmão que iniciou o esforço de sua<br />

educação mediúnica.<br />

* *<br />

Sem a humildade, o orgulho se apossa de nós.<br />

Expande-se, e com a sua expansão sobrevém o fracasso, com o cortejo de<br />

suas conseqüências.<br />

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O Apóstolo <strong>do</strong>s Gentios, incentivan<strong>do</strong> e orientan<strong>do</strong> os cristãos de Éfeso,<br />

aconselha-os: “Rogo-vos, pois eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de mo<strong>do</strong><br />

digno da vocação a que fostes chama<strong>do</strong>s, com toda humildade e mansidão, com<br />

longanimidade, suportan<strong>do</strong>-vos uns aos outros."<br />

* *<br />

A sinceridade, na educação mediúnica, é fator imprescindível.<br />

Tem a palavra, mais uma vez, o Apóstolo Paulo: "Porque nós não estamos<br />

mercadejan<strong>do</strong> a palavra de Deus, como tantos outros; antes, em Cristo é que<br />

falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte <strong>do</strong> próprio Deus”.(II<br />

Coríntios.)<br />

Os Espíritos não podem levar em boa conta o servi<strong>do</strong>r insincero.<br />

* *<br />

Estu<strong>do</strong> e trabalho formam a base para o desenvolvimento mediúnico,<br />

estruturan<strong>do</strong>, com segurança, o processo educativo na alma e no coração <strong>do</strong><br />

companheiro.<br />

O médium que não estuda e não trabalha assemelha-se a uma embarcação,<br />

à deriva, no turbilhão oceânico.<br />

“<strong>Espírita</strong>s! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o<br />

segun<strong>do</strong>.” (O Espírito de Verdade.)<br />

Fontes de consulta<br />

1. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Dimensões da Verdade. Médiuns em<br />

Tormento. Pelo Espírito de Joanna de Angelis. 2 ed. Salva<strong>do</strong>r. BA,<br />

1977. pág.s 19-21.<br />

2. Martins Peralva. Mediunidade e Evolução. Eclosão Mediúnica. 7ed.<br />

Rio de Janeiro. FEB, 1995. pág. 19-21.<br />

3. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Da formação <strong>do</strong>s Médiuns. 61<br />

ed. Rio de Janeiro. FEB, 1995. item 200, pág. 246-247; item 205,<br />

pág. 250; item 210, pág. 252-253.<br />

4. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. O Consola<strong>do</strong>r. Mediunidade-<br />

Desenvolvimento. Pelo Espírito de Emmanuel. 17 ed. Rio de Janeiro.<br />

FEB, 1995. Questão 383, pág. 214;<br />

5. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Emmanuel. Pelo Espírito de Emmanuel.<br />

Mensagens aos médiuns. 4 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1996. pág. 66-<br />

67.<br />

6. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Encontro Marca<strong>do</strong>. Pelo Espírito de<br />

Emmanuel. 7 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1991. pág. 133.<br />

6.5. A educação mediúnica e a evangelização <strong>do</strong> médium<br />

A prática mediúnica envolve em si mesma uma série de fatores intrínsecos da<br />

personalidade <strong>do</strong> médium, <strong>do</strong> Espírito comunicante e <strong>do</strong>s demais participantes da<br />

reunião e a manifestação das leis que regem o relacionamento e o comportamento<br />

<strong>do</strong>s que habitam quer o mun<strong>do</strong> material, quer o mun<strong>do</strong> espiritual. Assim, tu<strong>do</strong> o que<br />

diga respeito ao mun<strong>do</strong> material, tu<strong>do</strong> o que diga respeito ao mun<strong>do</strong> espiritual e tu<strong>do</strong><br />

o que diga respeito ao mun<strong>do</strong> íntimo <strong>do</strong>s participantes da reunião exerce influência<br />

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na atividade mediúnica. Em outras palavras, tu<strong>do</strong> o que esta em nós e fora de nós<br />

influencia a prática mediúnica.<br />

Desta forma, e necessário, não só compreender o fenômeno mediúnico como<br />

promover a educação <strong>do</strong> aprendiz da mediunidade.“(...) Admiti<strong>do</strong> a construções de<br />

ordem superior, o médium é convida<strong>do</strong> ao discernimento e à disciplina, para que se<br />

lhe aclarem e aprimorem as faculdades (...).<br />

Para esse fim, conduzamo-los (os médiuns) a se esclarecerem nos princípios<br />

salutares e liberta<strong>do</strong>res da Doutrina <strong>Espírita</strong>.<br />

Médiuns para fenômenos surgem de toda parte e de todas as posições.<br />

Médiuns para a edificação <strong>do</strong> aprimoramento e da felicidade, entre as criaturas, são<br />

apenas aqueles que se fazem autênticos servi<strong>do</strong>res da Humanidade. ( ..)”<br />

"Nada verdadeiramente importante se adquire sem trabalho. Uma lenta e<br />

laboriosa iniciação se impõe aos que buscam os bens superiores. Como todas as<br />

coisas, a formação e o exercício da mediunidade encontram dificuldades (...).<br />

Uma multidão de Espíritos nos cerca, sempre ávi<strong>do</strong>s de se comunicarem com<br />

os homens. Essa multidão é sobretu<strong>do</strong> composta de almas pouco adiantadas, de<br />

Espíritos levianos, algumas vezes maus, que a densidade de seus próprios flui<strong>do</strong>s<br />

conserva presos à Terra. (...) Donde resulta que os principiantes quase nunca obtém<br />

senão comunicações sem valor, respostas chocarreiras, triviais, às vezes<br />

inconvenientes, que os impacientam e desanimam. (...)”<br />

“(...) Muitas decepções e dissabores seriam evita<strong>do</strong>s se se compreendesse<br />

que a mediunidade percorre fases sucessivas, e que, no perío<strong>do</strong> inicial de<br />

desenvolvimento, o médium é sobretu<strong>do</strong> assisti<strong>do</strong> por Espíritos de ordem inferior,<br />

cujos flui<strong>do</strong>s, ainda impregna<strong>do</strong>s de matéria, se adaptam melhor ao seus e são<br />

apropria<strong>do</strong>s a esse trabalho de bosquejo, mais ou menos prolonga<strong>do</strong>, a que toda<br />

faculdade esta sujeita.<br />

Só mais tarde, quan<strong>do</strong> a faculdade mediúnica, suficientemente desenvolvida,<br />

(...) e que os Espíritos eleva<strong>do</strong>s podem intervir e utilizá-la para um fim moral e<br />

intelectual. (...)<br />

Com estas afirmativas de Leon Denis não se deve concluir que to<strong>do</strong>s os<br />

médiuns, no inicio <strong>do</strong> seu trabalho, transmitam obrigatoriamente mensagens de<br />

Espíritos inferiores. Se considerarmos tais afirmativas como regra geral, dentro dela,<br />

todavia, existem exceções.<br />

Paralelamente ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espiritismo, deve o médium empenhar-se para<br />

que ocorra a sua “(...) reforma moral (...) e o esforço pela vivência <strong>do</strong>s ensinamentos<br />

evangélicos numa edificante atividade de socorro fraternal (...)."<br />

Neste senti<strong>do</strong> é o que nos informa André Luiz em Missionários da Luz,<br />

através das palavras esclarece<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> venerável Espírito Alexandre: “(...)<br />

Mediunidade não é disposição da carne transitória e sim expressão <strong>do</strong> Espírito<br />

imortal. (...) Se aspirais ao desenvolvimento superior, aban<strong>do</strong>nai os planos<br />

inferiores. Se pretendeis o intercâmbio com os sábios, crescei no conhecimento (...).<br />

Se aguardais a companhia sublime <strong>do</strong>s santos, santificar-vos na luta de cada dia<br />

(...). Se desejais a presença <strong>do</strong>s bons, tornai-vos bon<strong>do</strong>sos por vossa vez! Sem<br />

afabilidade e <strong>do</strong>çura, sem compreensão fraternal e sem atitudes edificantes, não<br />

podereis entender os Espíritos afáveis e amigos, eleva<strong>do</strong>s e construtivos.<br />

“(.. ) A perseverança no compromisso e o recolhimento íntimo, com desapego<br />

natural das paixões inferiores e <strong>do</strong>s artifícios secundários da vida social com suas<br />

questiúnculas e condicionamentos, produzem uma liberação das matrizes <strong>do</strong>s<br />

registros psíquicos aos quais se adaptam as tomadas mentais <strong>do</strong>s Benfeitores<br />

desencarna<strong>do</strong>s, estabelecen<strong>do</strong>-se um seguro intercâmbio ( . )."<br />

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Sen<strong>do</strong> a mediunidade, em si, neutra refletin<strong>do</strong> o nível moral de quem a<br />

pratica, é justo concluir que a atividade mediúnica espírita deve refletir a moral<br />

espírita e sen<strong>do</strong> a moral espírita a expressão <strong>do</strong> Evangelho, a prática mediúnica<br />

espírita deve ser vivência plena e consciente <strong>do</strong>s ensinamentos cristãos. E de<br />

fundamental importância, assim, que to<strong>do</strong> candidato ao mediunato espírita tenha,<br />

entre os seus primeiros estu<strong>do</strong>s, o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evangelho à luz da Doutrina <strong>Espírita</strong>.<br />

É o que observa Emmanuel na questão 387 de seu livro O Consola<strong>do</strong>r. “(...) A<br />

primeira necessidade <strong>do</strong> médium e evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar<br />

às grandes tarefas <strong>do</strong>utrinárias, pois, de outro mo<strong>do</strong> poderá esbarrar sempre com o<br />

fantasma <strong>do</strong> personalismo, em detrimento de sua missão.” (10)<br />

A mediunidade colocada a serviço de Jesus, deve ser adaptada ao programa<br />

que se origina no mun<strong>do</strong> espiritual, tornan<strong>do</strong> o medianeiro dócil e submisso ao<br />

trabalho superior, evitan<strong>do</strong> impor-se, exigir condições especiais e resulta<strong>do</strong>s rápi<strong>do</strong>s<br />

que parecem levar à promoção pessoal, ao sucesso, ao relevo e ao aplauso.<br />

Tenha-se em mente que o trabalho, na mediunidade espírita consciente,<br />

ainda é sacrificial, de renúncia e evolução (...)."<br />

(...) quem, pois, deseje comunicações serias deve, antes de tu<strong>do</strong>, pedi-Ias<br />

seriamente e, em seguida, inteirar-se da natureza das simpatias <strong>do</strong> médium com os<br />

seres <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> espiritual. Ora a primeira condição para se granjear a benevolência<br />

<strong>do</strong>s bons Espíritos e a humildade, o devotamento, a abnegação, o mais absoluto<br />

desinteresse moral e material.”<br />

O médium deve evangelizar-se para tornar-se um instrumento de melhoria<br />

espiritual, que beneficiará não somente a si próprio mas também os que se<br />

encontram a sua volta. “A mediunidade e coisa santa, que deve ser praticada<br />

santamente, religiosamente. (...)"<br />

"As tarefas mediúnicas pedem assiduidade, pontualidade, fidelidade a Jesus e<br />

Kardec (...).<br />

Mediunismo sem Evangelho é fenômeno sem Amor (...).<br />

Mediunismo sem Doutrina <strong>Espírita</strong> é fenômeno sem esclarecimento.<br />

Mediunismo com Espiritismo, mas sem Evangelho, é realização incompleta,<br />

Mediunismo com Evangelho e sem Espiritismo é, também, realização incompleta.<br />

Mediunismo com Evangelho e Espiritismo e penhor de vitória espiritual, de<br />

valorização <strong>do</strong>s talentos divinos.<br />

Imprescindível, pois, a trilogia Evangelho-Espiritismo-Mediunidade.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. Evangelho Segun<strong>do</strong> o Espiritismo. Dai<br />

gratuitamente o que gratuitamente recebestes. 111 ed. Rio de<br />

Janeiro. FEB, 1995. Item 08, pág. 366, 367.<br />

2. Léon Denis. No Invisível. Educação <strong>do</strong>s médiuns. 10 ed. Rio de<br />

Janeiro. FEB, 1983. Pág. 60 e 61.<br />

3. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Terapêutica de Emergência. Educação<br />

Mediúnica. Por diversos Espíritos. Salva<strong>do</strong>r, BA. Alvorada, 1983.<br />

Pág. 50 e 51.<br />

4. Martins Peralva. Mediunidade e Evolução. Evangelho, Espiritismo e<br />

Mediunidade. 6 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1992. Pág. 17.<br />

5. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Estude e Viva. Médiuns iniciantes. Pelo<br />

Espírito Emmanuel. 8 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1996. Pág. 211.<br />

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6. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Missionários da Luz. Pelo Espírito André<br />

Luiz. Mediunidade e fenômeno. 26 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1995.<br />

Pág. 103.<br />

7. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. O Consola<strong>do</strong>r. Mediunidade. Pelo<br />

Espírito Emmanuel. 17 ed. Rio de Janeiro. FEB, 1995. Questão 387,<br />

pág. 215. Questão 392, pág. 218.<br />

6.6. A Influência <strong>do</strong> Médium na Comunicação<br />

Sen<strong>do</strong> a mediunidade, basicamente, um processo de comunicação que tem<br />

no médium o seu instrumento intermediário, é de se prever que a mensagem<br />

comunicada sofrerá sempre uma maior ou menor influência desse médium. É o que<br />

esclarecem os Espíritos a Kardec e o que a prática vem demonstran<strong>do</strong>: o Espírito <strong>do</strong><br />

médium exerce influência nas comunicações mediúnicas poden<strong>do</strong>, inclusive "(...)<br />

alterar-lhes as respostas e assimilá-las às suas próprias idéias e a seus pen<strong>do</strong>res<br />

(...)."<br />

Este é um <strong>do</strong>s aspectos mais complexos da mediunidade e que pode levar<br />

alguns iniciantes mais afoitos à incredulidade.<br />

Todavia, pela sua própria característica, essa influência faz parte de seu<br />

funcionamento, uma vez que, por mais passivo que seja o médium, ele deverá ter<br />

sempre uma postura de vigilância durante o processo de comunicação, para o<br />

adequa<strong>do</strong> uso de sua faculdade e essa vigilância implica acompanhar toda a<br />

manifestação mediúnica de uma forma mais ou menos acentuada.<br />

Antes de prosseguirmos em nosso estu<strong>do</strong>, faz-se necessário que se<br />

conceitue passividade mediúnica.<br />

Segun<strong>do</strong> Kardec, o médium “(...) É passivo, quan<strong>do</strong> não mistura suas próprias<br />

idéias com as <strong>do</strong> Espírito que se comunica, mas nunca é inteiramente nulo. Seu<br />

concurso é sempre indispensável, como o de um intermediário, embora se trate <strong>do</strong>s<br />

(...) médiuns mecânicos. (...)”<br />

Em conseqüência, concluímos que o médium exerce o papel de intérprete e<br />

que não existe, de fato, uma passividade absoluta, mas relativa. (02)<br />

Naturalmente, nos processos de comunicação mediúnica inconsciente, em<br />

que o Espírito comunicante utiliza-se <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> médium sem fazer a<br />

mensagem passar totalmente pelo seu pensamento, o grau de influência <strong>do</strong> médium<br />

é bem mais reduzi<strong>do</strong>, diferentemente <strong>do</strong> que ocorre quan<strong>do</strong> se trata de uma<br />

comunicação consciente, em que a mensagem é transmitida via pensamento <strong>do</strong><br />

médium.<br />

É o que acontece no caso <strong>do</strong>s médiuns escreventes ou psicógrafos, que se<br />

apresentam sob três variedades bem distintas: os médiuns mecânicos, os intuitivos<br />

e os semimecânicos.<br />

No caso <strong>do</strong>s médiuns mecânicos, o Espírito comunicante age diretamente<br />

sobre a mão <strong>do</strong> médium, impulsionan<strong>do</strong>-a. Neste gênero de mediunidade, o médium<br />

tem absoluto desconhecimento <strong>do</strong> que a sua mão escreve, uma vez que o<br />

movimento desta independe da sua vontade e para quan<strong>do</strong> o Espírito deseja. Mas,<br />

mesmo neste caso, a influência <strong>do</strong> médium nunca e nula.<br />

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No caso <strong>do</strong>s médiuns intuitivos 21 , o Espírito comunicante utiliza-se <strong>do</strong> Espírito<br />

<strong>do</strong> médium para transmitir a sua mensagem, identifican<strong>do</strong>-se com ele e imprimin<strong>do</strong><br />

sua vontade e suas idéias. Este gênero de mediunidade permite ao Espírito <strong>do</strong><br />

médium tomar conhecimento pleno e prévio <strong>do</strong> que vai escrever. Embora perceba a<br />

presença e o pensamento <strong>do</strong> Espírito comunicante, sente, muitas vezes, dificuldade<br />

em distinguir o seu próprio pensamento <strong>do</strong> que lhe é sugeri<strong>do</strong>; e quan<strong>do</strong> a dúvida se<br />

instala de forma mais acentuada, a mensagem, praticamente, fica prejudicada.<br />

Neste tipo de mediunidade, a influência <strong>do</strong> médium é muito mais acentuada.<br />

“(...) Há grande analogia entre a mediunidade intuitiva e a inspiração; a<br />

diferença consiste em que a primeira se restringe quase sempre a questões de<br />

atualidade e pode aplicar-se ao que esteja fora das capacidades intelectuais <strong>do</strong><br />

médium; por intuição pode este último tratar de um assunto que lhe seja<br />

completamente estranho. A inspiração se estende por um campo mais vasto e<br />

geralmente vem em auxilio das capacidades e das preocupações <strong>do</strong> Espírito<br />

encarna<strong>do</strong>. Os traços da mediunidade são, de regra, menos evidentes. (...)"<br />

Nota: Na atualidade, encontra-se os termos intuitivo e inspira<strong>do</strong> como<br />

representan<strong>do</strong>, o primeiro, uma aptidão <strong>do</strong> individuo (médium ou não)e o segun<strong>do</strong>,<br />

uma faculdade <strong>do</strong> médium, o que não significa que o indivíduo intuitivo não possa<br />

ser médium inspira<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> alias, normal a mediunidade inspirada entre os<br />

indivíduos intuitivos.<br />

No caso <strong>do</strong> médium semimecânico, também chama<strong>do</strong> de semi-intuitivo21, há<br />

uma situação intermediária. O Espírito comunicante age diretamente sobre a mão <strong>do</strong><br />

médium mas ao mesmo tempo lhe permite conhecer o que esta escreven<strong>do</strong> à<br />

medida em que as palavras se formam. Neste gênero de mediunidade a influência<br />

<strong>do</strong> médium também é intermediária, ou seja, não é tão acentuada como nos casos<br />

<strong>do</strong>s médiuns intuitivos21 e nem tão reduzidas como nos casos <strong>do</strong>s médiuns<br />

mecânicos.<br />

Além desse tipo de influência relacionada com a execução da prática<br />

mediúnica, exerce o médium uma influência maior no que diz respeito ao aspecto<br />

moral. Toman<strong>do</strong>-se por base que toda atividade mediúnica assenta-se no princípio<br />

da afinidade, é fácil compreender essa influência.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Os médiuns nas comunicações<br />

<strong>Espírita</strong>s. FEB, 1995. Questão 223, itens 6, 7 e 10, pág. 270 e 271.<br />

2. Allan Kardec. Obras Póstumas. Dos Médiuns. Rio de Janeiro. FEB,<br />

1993. Item 50, págs. 64-65.<br />

7. Fenômenos de emancipação da alma<br />

7.1. SONO E SONHOS<br />

Chama-se emancipação da alma o desprendimento <strong>do</strong> Espírito encarna<strong>do</strong>,<br />

possibilitan<strong>do</strong>-lhe afastar-se momentaneamente <strong>do</strong> corpo físico que anima.<br />

21 De acor<strong>do</strong> com o pensamento expresso na nota seria preferível dizer-se médium inspira<strong>do</strong><br />

em lugar de intuitivo.<br />

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Cabe desde logo uma pergunta: "como pode o corpo viver, enquanto está<br />

ausente o Espírito? Allan Kardec considerou esta pergunta e ele mesmo a<br />

respondeu de acor<strong>do</strong> com os ensinos <strong>do</strong>s Espíritos, no seguinte trecho <strong>do</strong> item 118<br />

de O Livro <strong>do</strong>s Médiuns:” Poderíamos dizer que o corpo vive a vida orgânica, que<br />

independe <strong>do</strong> Espírito. Mas, precisamos acrescentar que, durante a vida, nunca o<br />

Espírito se acha completamente separa<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo. Do mesmo mo<strong>do</strong> que alguns<br />

médiuns videntes, os Espíritos reconhecem o Espírito de uma pessoa viva, por um<br />

rastro luminoso, que termina no corpo, fenômeno que absolutamente não se dá<br />

quan<strong>do</strong> este está morto, porque, então, a separação é completa. Por meio dessa<br />

comunicação, entre o Espírito e o corpo, e que aquele recebe aviso, qualquer que<br />

seja a distância a que se ache <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>, da necessidade que este possa<br />

experimentar da sua presença, caso em que volta ao seu invólucro com a rapidez <strong>do</strong><br />

relâmpago”<br />

A emancipação da alma e fenômeno que pode ocorrer em várias<br />

circunstâncias da vida humana, entre elas o sono.<br />

Que é o sono? <strong>–</strong> Para a grande maioria <strong>do</strong>s homens é o esta<strong>do</strong> em que o<br />

corpo repousa, para refazimento das suas energias físicas. Nada mais <strong>do</strong> que isso,<br />

sem mais outras conseqüências. No esta<strong>do</strong> de encarnação, de fato, o Espírito que<br />

constitui a alma <strong>do</strong> homem só pode habitualmente manifestar-se por meio <strong>do</strong> corpo<br />

a que se acha liga<strong>do</strong>, através <strong>do</strong> qual recebe todas as impressões <strong>do</strong> ambiente em<br />

que encontra e exerce todas as atividades de ordem física ou mental. A atividade <strong>do</strong><br />

Espírito, entretanto, se fosse incessante, não dan<strong>do</strong> tréguas ao corpo, levaria este à<br />

exaustão, e da exaustão, à morte. Por isso Deus, em sua Divina Providência,<br />

estabeleceu na existência humana a fase noturna <strong>do</strong> sono, em que o corpo repousa,<br />

com cessação de todas as atividades motoras e sensoriais, o que permite,<br />

realmente, a reparação de suas energias. Mas o sono <strong>–</strong> sabem-no hoje os espíritas<br />

<strong>–</strong> tem uma significação muito mais profunda e conseqüências muito mais amplas no<br />

conjunto integral da vida humana. Enquanto o corpo jaz a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>, não precisan<strong>do</strong><br />

da presença <strong>do</strong> Espírito para comunicar-lhe atividades físicas ou mentais, este se<br />

liberta, afasta-se <strong>do</strong> corpo reintegra-se em suas faculdades perceptivas e ativas<br />

diretas, passan<strong>do</strong> a agir à distância <strong>do</strong> instrumento físico.<br />

“O sono liberta a alma parcialmente <strong>do</strong> corpo. Quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>rme, o homem se<br />

acha por algum tempo no esta<strong>do</strong> em que fica permanentemente depois que morre.<br />

Tiveram sonos inteligentes os Espíritos que, desencarnan<strong>do</strong>, logo se desligam da<br />

matéria. Esses Espíritos, quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>rmem, vão para junto de seres que lhes são<br />

superiores. Com estes viajam, conversam e se instruem”.<br />

Isto, pelo que concerne aos Espíritos eleva<strong>do</strong>s. Pelo que respeita ao grande<br />

número de homens que, morren<strong>do</strong>, têm que passar longas horas na perturbação, na<br />

incerteza de que tantos já vos falaram, esses vão, enquanto <strong>do</strong>rmem, ou a mun<strong>do</strong>s<br />

inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá<br />

mais baixos <strong>do</strong> que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber <strong>do</strong>utrinas ainda<br />

mais vis, mais ignóbeis, mais funestas <strong>do</strong> que as que professam entre vós.<br />

Graças ao sono, os Espíritos encarna<strong>do</strong>s estão sempre em relação com o<br />

mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Espíritos. Por isso é que os Espíritos superiores assentem 22 , sem grande<br />

repugnância, em encarnar entre vós. Quis Deus que, ten<strong>do</strong> de estar em contacto<br />

com o vício, pudessem eles ir retemperar-se na fonte <strong>do</strong> bem, a fim de igualmente<br />

não falirem, quan<strong>do</strong> se propõem a instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes<br />

abriu, para que possam ir ter com seus amigos <strong>do</strong> céu; é o recreio depois <strong>do</strong><br />

22 Assentir - Dar assentimento ou aprovação; consentir, permitir.<br />

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trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final, que os restituirá<br />

ao meio que lhes é próprio."<br />

Ocorre, pois, durante o sono uma coisa maravilhosa que, entretanto, e até<br />

que os Espíritos a viessem revelar, por muito tempo permaneceu ignorada<br />

completamente pelos homens! O homem em sua realidade essencial, o ser<br />

pensante, aquele que realmente age percebe e sente, em suma, o Espírito<br />

encarna<strong>do</strong>, a alma enclausurada <strong>do</strong> homem liberta-se momentaneamente, embora<br />

não de mo<strong>do</strong> completo, mas o suficiente para viver algumas horas no mun<strong>do</strong> de<br />

onde ele é originário, o mun<strong>do</strong> invisível, pon<strong>do</strong>-se em relação com os seres desse<br />

mun<strong>do</strong>. E, então, se é já um Espírito aprimora<strong>do</strong> <strong>–</strong> que alimenta aspirações<br />

elevadas, leva no mun<strong>do</strong> uma vida de costumes puros, devota<strong>do</strong> ao trabalho, ao<br />

bem da família e da sociedade <strong>–</strong> entra ele em relação com os Espíritos bons,<br />

mesmo com Espíritos superiores, comunica-se com amigos e familiares<br />

desencarna<strong>do</strong>s ou ainda encarna<strong>do</strong>s, no mesmo esta<strong>do</strong> momentâneo de<br />

emancipação; de uns colhe ensinamentos e de to<strong>do</strong>s recebe <strong>do</strong>ações de amor,<br />

preparan<strong>do</strong>-se para a volta definitiva a esse mun<strong>do</strong>, que é o mun<strong>do</strong> normal primitivo<br />

de to<strong>do</strong>s os Espíritos. Mas se é um Espírito ainda recalcitrante 23 , amante apenas <strong>do</strong>s<br />

gozos da materialidade, vicioso e cheio de paixões inferiores, pode passar algumas<br />

horas em contacto com seres que lhe são também afins, em ambientes espirituais<br />

de baixas e asfixiantes vibrações.<br />

A alma humana, pois, momentânea e periodicamente se liberta pelo sono,<br />

emancipa-se e, por algumas horas, afrouxa-se-lhe o laço que a une ao corpo, pelo<br />

qual, entretanto, permanece presa a ele, por mais que se afaste, pronta sempre a<br />

voltar, ao menor sinal de que se faz necessária a sua presença. Esse laço, todavia,<br />

é extremamente distensível, possibilitan<strong>do</strong> ao Espírito ou alma emancipada ir muito<br />

longe e pairar muito alto, em outros mun<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> permiti<strong>do</strong>, para refazer-se e<br />

instruir-se.<br />

Quan<strong>do</strong> o corpo entra em delíquio 24 ou se entorpece, seja qual for a causa <strong>–</strong> o<br />

sono natural ou artificialmente provoca<strong>do</strong> pelo magnetismo, sonambulismo, hipnose,<br />

narcose 25 , drogas, mesmo que não leve ao sono profun<strong>do</strong>, mas somente a ligeiro<br />

torpor<strong>–</strong>, a alma se emancipa, desprende-se parcialmente e pode entrar em relação<br />

com o plano invisível, com outros mun<strong>do</strong>s e com os seres que os habitam..<br />

Allan Kardec formulou aos Espíritos, dentro <strong>do</strong> assunto que nos ocupa,<br />

perguntas muito interessantes, obten<strong>do</strong> respostas, por sua vez, sumamente<br />

instrutivas. Vejamos uma delas:<br />

“Durante o sono, a alma repousa como o corpo?”.<br />

“Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços<br />

que o prendem ao corpo e, não precisan<strong>do</strong> este então da sua presença, ele se lança<br />

pelo<br />

espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.”<br />

Cabe, de fato, ainda indagar: existe, além de simples revelação <strong>do</strong>s Espíritos,<br />

algo que prove o que acabamos de asseverar? Sim, existe: é o fenômeno <strong>do</strong> sonho,<br />

que pode ocorrer conosco quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>rmimos. Se o corpo <strong>do</strong>rme e por ele não pode<br />

o Espírito manifestar atividade alguma, como podemos, entretanto, sentir-nos vivos,<br />

movimentan<strong>do</strong>-nos, perceben<strong>do</strong> ambientes, entran<strong>do</strong> em relação com pessoas,<br />

enfim, vivencian<strong>do</strong> cenas e fatos, como soe acontecer quan<strong>do</strong> sonhamos? Que são<br />

os sonhos senão o resulta<strong>do</strong> de nossa atividade espiritual durante o sono?<br />

23 Recalcitrante - Que recalcitra; teimoso, obstina<strong>do</strong>.<br />

24 Delíquio - Deliqüescência. Desfalecimento, desmaio, síncope, vertigem.<br />

25 Narcose - Sonolência causada pela ação de um narcótico.<br />

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Allan Kardec vem, mais uma vez, em apoio <strong>do</strong> que afirmamos:<br />

“Como podemos julgar da liberdade <strong>do</strong> Espírito durante o sono?<br />

“Pelos sonhos. Quan<strong>do</strong> o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais<br />

faculdades <strong>do</strong> que no esta<strong>do</strong> de vigília. Lembra-se <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e algumas vezes<br />

prevê o futuro. Adquire maior potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os<br />

demais Espíritos, quer deste mun<strong>do</strong> quer <strong>do</strong> outro". "O sonho é a lembrança <strong>do</strong> que<br />

o Espírito viu durante o sono. Notai, porém, que nem sempre sonhais, Que quer isso<br />

dizer? Que nem sempre vos lembrais <strong>do</strong> que vistes, ou de tu<strong>do</strong> que haveis visto,<br />

enquanto <strong>do</strong>rmíeis. É que não tendes então a alma no pleno desenvolvimento de<br />

suas faculdades".<br />

"Por que não nos lembramos sempre <strong>do</strong>s sonhos?”<br />

"Em o que chamas sono, só há o repouso <strong>do</strong> corpo, visto que o Espírito está<br />

constantemente em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade<br />

e se corresponde com os que lhe são caros, quer neste mun<strong>do</strong> quer em outros. Mas,<br />

como é pesada e grosseira a matéria que o compõe, o corpo dificilmente conserva<br />

as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio<br />

<strong>do</strong>s órgãos corporais.”<br />

É perfeitamente compreensível a explicação dada pelo Espírito.<br />

No esta<strong>do</strong> de vigília as percepções se fazem com o concurso da organização<br />

corporal; os estímulos são seleciona<strong>do</strong>s pelos órgãos <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, transmiti<strong>do</strong>s<br />

através das vias nervosas sensitivas ao cérebro, onde se gravam as impressões,<br />

para ser reproduzidas a cada evocação no fenômeno da memória biológica. No<br />

esta<strong>do</strong> de sono, porém, nada mais chega ao Espírito pelas vias corporais; tu<strong>do</strong> é por<br />

ele percebi<strong>do</strong> diretamente, sem passar pelo cérebro. Dada, porém a permanência da<br />

ligação entre o Espírito e o corpo, nada impede que, excepcionalmente, e por via<br />

retrógrada, as percepções da alma emancipada repercutam no cérebro e, então,<br />

ocasionalmente, o homem se lembra <strong>do</strong> que presenciou, viu ou escutou durante o<br />

sono. Neste caso dizemos que sonhamos.<br />

Provam também a emancipação da alma durante o sono as visitas espíritas<br />

entre pessoas vivas.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Da emancipação da alma. FEB,<br />

1994. Questões 400 a 412.<br />

2. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. FEB, 1995. Item 118, pág. 156.<br />

3. Leon Denis. O problema <strong>do</strong> Ser, <strong>do</strong> Destino e da Dor. A alma e os<br />

diferentes esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sono. FEB, 1991. pág. 76.<br />

4. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Pelo espírito de André Luiz. Mecanismos da<br />

Mediunidade. FEB, 1994. pág. 151.<br />

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7.2 LETARGIA, CATALEPSIA, MORTES APARENTES<br />

Os termos letargia e catalepsia têm si<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>s, conforme os autores,<br />

para designar esta<strong>do</strong>s diversos, espontâneos ou provoca<strong>do</strong>s pelo magnetismo e<br />

hipnotismo, mas to<strong>do</strong>s têm a característica comum de apresentar mais ou menos<br />

alteradas e diminuídas a mobilidade voluntária e a sensibilidade nervosa, poden<strong>do</strong> ir<br />

até a uma aparente suspensão de todas as funções vitais.<br />

A letargia é a apresentação mais profunda desse esta<strong>do</strong>. O letárgico nada<br />

ouve, naco sente, não vê o mun<strong>do</strong> exterior, a própria consciência se lhe apaga; fica<br />

num esta<strong>do</strong> que se assemelha à morte. Poder-se-ia chamar a letargia de catalepsia<br />

completa, como se encontra em alguns livros espíritas.<br />

A catalepsia é a suspensão parcial ou total da sensibilidade e <strong>do</strong>s<br />

movimentos voluntários, conforme a intensidade maior ou menor <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

cataléptico. É um esta<strong>do</strong> patológico que constitui uma síndrome isto é, que pode<br />

manifestar-se em diversas enfermidades. Pode ocorrer tanto na histeria como na<br />

epilepsia e em algumas formas de esquizofrenia, sempre de mo<strong>do</strong> intermitente, por<br />

acessos. Caracteriza-o, como já dissemos, a perda mais ou menos completa da<br />

sensibilidade externa e <strong>do</strong>s movimentos voluntários, acompanhada de extrema<br />

rigidez <strong>do</strong>s músculos, acarretan<strong>do</strong> a conservação passiva das atitudes dadas aos<br />

membros, ao tronco, à face (é a chamada rigidez cérea ou de cera) e a<br />

impossibilidade completa de movimentação espontânea.<br />

"A catalepsia <strong>–</strong> diz Michaelus, em sua obra Magnetismo Espiritual <strong>–</strong> se<br />

caracteriza pela imobilidade <strong>do</strong>s músculos e pela fixidez das atitudes em que o<br />

paciente é coloca<strong>do</strong> pelo experimenta<strong>do</strong>r. Assim, se lhe for ergui<strong>do</strong> um braço, nesta<br />

posição ficará indefinidamente. Nesse esta<strong>do</strong>, os olhos permanecem grandemente<br />

abertos, fixos, com o semblante imobiliza<strong>do</strong>, apresentan<strong>do</strong> o paciente uma<br />

fisionomia impassível, sem emoção e sem fadiga".<br />

A catalepsia pode ocorrer naturalmente, sem uma causa aparente, ou pode<br />

ser provocada.<br />

Neste último esta<strong>do</strong>, embora o paciente não possa ter atividade alguma<br />

voluntária, age, no entanto, sob a sugestão <strong>do</strong> opera<strong>do</strong>r. "O cataléptico é<br />

verdadeiramente um autômato nas mãos <strong>do</strong> magnetiza<strong>do</strong>r. perden<strong>do</strong> toda a<br />

liberdade de ação e de movimentos. Não anda, não fala, não ouve, não pensa,<br />

senão por determinação <strong>do</strong> experimenta<strong>do</strong>r, que poderá fazê-lo rir, chorar, cantar,<br />

gritar, sentir calor ou frio etc".<br />

Diferente é o que se passa com o letárgico. O paciente jaz imóvel, os<br />

membros pendentes, moles e fláci<strong>do</strong>s, sem rigidez alguma e, se ergui<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong><br />

novamente solto, recaem pesadamente; sua respiração e o pulso são praticamente<br />

imperceptíveis, as pupilas mais ou menos dilatadas, não reagem mais à luz; o<br />

sensório está totalmente a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong> e a inércia da mente parece absoluta. Há,<br />

entretanto, uma modalidade de letargia em que a atividade psíquica interna se<br />

desenvolve como de ordinário, como bem descreve José Lapponi, em sua obra<br />

Hipnotismo e Espiritismo: "o paciente tu<strong>do</strong> percebe e compreende, mas se encontra<br />

na impossibilidade absoluta de significar aos outros o que sente no seu imo 26 . Por<br />

motivo da atividade psíquica, conservada durante as condições indicadas, a esta<br />

variedade de letargo se dá o nome de letargia lúcida”.<br />

É exatamente dentro da letargia, em qualquer de suas modalidades, comum<br />

ou lúcida, que se incluem os casos de mortes aparentes, que a história registra e de<br />

que também a Bíblia nos fala, quer no Antigo, quer no Novo Testamento.<br />

26 Imo - Que está no lugar mais fun<strong>do</strong>, ou mais baixo. Que está no âmago; íntimo.<br />

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Entre os casos que constituem exemplos clássicos de letargia lúcida cita-se o<br />

<strong>do</strong> Cardeal Donnet, que quase foi enterra<strong>do</strong> vivo, em virtude <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> letárgico que<br />

nele se manifestou espontaneamente e por ele leva<strong>do</strong> ao conhecimento <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong><br />

francês, em fevereiro de 1866, enquanto ali se discutia a lei sobre sepultamentos,<br />

conforme relata ainda José Lapponi, na obra antes citada:“ Em 1826 um jovem<br />

padre, quan<strong>do</strong> pregava no púlpito de uma igreja, cheia de devotos, foi<br />

imprevistamente acometida de síncope. Um médico o declarou morto e deu licença<br />

para as honras fúnebres no dia imediato. O bispo da Catedral, onde se verificara o<br />

caso, já tinha recita<strong>do</strong> as últimas orações ao pé <strong>do</strong> morto, já haviam si<strong>do</strong> tomadas as<br />

medidas <strong>do</strong> ataúde 27 e se aproximava a noite, no começo da qual se devia consumar<br />

o enterramento. São fáceis de imaginar as angústias <strong>do</strong> jovem padre que, estan<strong>do</strong><br />

vivo, recebia nos ouvi<strong>do</strong>s os rumores de to<strong>do</strong>s esses preparativos. Afinal, ouviu a<br />

voz comovida de um seu amigo de infância, e essa voz, provocan<strong>do</strong> nele uma crise<br />

sobre-humana,produziu maravilhoso resulta<strong>do</strong>. No dia seguinte, o jovem padre<br />

voltava ao seu púlpito".<br />

Vejamos agora o que disseram os Espíritos, responden<strong>do</strong> às perguntas<br />

formuladas por Allan Kardec sobre esse interessante assunto:<br />

“Os letárgicos e os catalépticos, em geral, vêem e ouvem o que em derre<strong>do</strong>r<br />

se diz e faz, sem que possam exprimir o que estão ven<strong>do</strong> ou ouvin<strong>do</strong>. É pelos olhos<br />

e pelos ouvi<strong>do</strong>s que têm essas percepções?<br />

"Não; pelo Espírito. O Espírito tem consciência de si, mas não pode<br />

comunicar-se.”<br />

a) <strong>–</strong> Por quê?<br />

“Porque a isso se opõe o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo. E esse esta<strong>do</strong> especial <strong>do</strong>s órgãos<br />

vos prova que no homem há alguma coisa mais <strong>do</strong> que o corpo, pois que, então, o<br />

corpo já não funciona e, no entanto, o Espírito se mostra ativo”.<br />

Na letargia pode o Espírito separar-se inteiramente <strong>do</strong> corpo, de mo<strong>do</strong> a<br />

imprimir-lhe todas as aparências da morte e voltar a habitá-la?<br />

"Na letargia, o corpo não está morto, porquanto há funções que continuam a<br />

executar-se. Sua vitalidade se encontra em esta<strong>do</strong> latente, como na crisálida,<br />

porém, não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha liga<strong>do</strong>. Em<br />

se rompen<strong>do</strong>, por efeito da morte real e pela desagregação <strong>do</strong>s órgãos, os laços que<br />

prendem um ao outro, integral se torna a separação e o Espírito não volta mais ao<br />

seu envoltório. Desde que um homem, aparentemente morto, volve à vida, é que<br />

não era completa a morte".<br />

“Por meio de cuida<strong>do</strong>s dispensa<strong>do</strong>s a tempo, podem reatar-se laços prestes a<br />

se desfazerem e restituir-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse<br />

socorri<strong>do</strong>?<br />

"Sem dúvida e to<strong>do</strong>s os dias tendes a prova disso. O magnetismo, em tais<br />

casos, constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o<br />

flui<strong>do</strong> vital que lhe falta para manter o funcionamento <strong>do</strong>s órgãos”.<br />

Ao reproduzir essas três perguntas e respectivas respostas de O Livro <strong>do</strong>s<br />

Espíritos, somos naturalmente leva<strong>do</strong>s a pensar em três momentos tocantes da<br />

missão de Jesus, narra<strong>do</strong>s por Lucas, Marcos, Mateus e João.<br />

O primeiro, (Lucas, 7:11 <strong>–</strong> 17), trata-se da passagem evangélica denominada:<br />

O filho da viúva de Naim.<br />

"Quan<strong>do</strong> Jesus chegou na cidade chamada Naim presenciou o enterro <strong>do</strong><br />

filho único de uma viúva. O Senhor enchen<strong>do</strong>-se de compaixão ordenou ao morto<br />

27 Ataúde - Caixão funerário; féretro.<br />

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que retornasse à vida, dizen<strong>do</strong>: " Mancebo, a ti te digo: Levanta-te". E o que estava<br />

morto acor<strong>do</strong>u, sentou-se e começou a falar.<br />

Esse fato, ti<strong>do</strong> como um milagre, em que um morto teria si<strong>do</strong> ressuscita<strong>do</strong><br />

para a vida, é hoje explica<strong>do</strong> pelo Espiritismo, com base nos fenômenos de<br />

emancipação da alma e na poderosa ação <strong>do</strong> magnetismo. Nos esta<strong>do</strong>s de sono e<br />

de enfraquecimento orgânico, mas também nos de letargia e de catalepsia, o<br />

Espírito se desprende <strong>do</strong> corpo e adquire momentânea e restrita liberdade, mas<br />

permanece liga<strong>do</strong> ao corpo, de que apenas se afastou, pelo sutil cordão fluídico <strong>do</strong><br />

perispírito, através <strong>do</strong> qual pode ele ser adverti<strong>do</strong> da necessidade de sua presença e<br />

reconduzi<strong>do</strong> ao corpo material. Essa advertência e essa volta são altamente<br />

favorecidas pela ação magnética exercida por uma poderosa vontade. O esta<strong>do</strong> real<br />

em que se encontrava o mancebo, no caso <strong>do</strong> filho da viúva de Naim, era o de<br />

catalepsia completa ou letargia, único esta<strong>do</strong> sincopal 28 que pode apresentar por<br />

longo tempo as aparências da morte, de mo<strong>do</strong> a poder confundir-se com esta,<br />

quan<strong>do</strong> real. Se estivesse realmente morto, como pensavam, não teria si<strong>do</strong> possível<br />

fazê-la voltar à vida, porque com a morte real, rompe-se aquele laço fluídico e o<br />

Espírito só poderá ligar-se a um novo corpo em formação, pela reencarnação. Nem<br />

mesmo Jesus o poderia, com to<strong>do</strong> o seu imenso poder magnético e a sua incisiva<br />

ordem: "Mancebo, a ti te digo: Levanta-te". Mas Jesus, aparentemente, o<br />

ressuscitou porque, se to<strong>do</strong>s o julgavam morto, para ele, que via além <strong>do</strong> corpo, o<br />

mancebo apenas <strong>do</strong>rmia.<br />

O segun<strong>do</strong> caso se encontra relata<strong>do</strong> em Mateus, 9:18-26, Marcos, 5:21-43 e<br />

Lucas 8:41-56. É a passagem sobre a Filha de Jairo.<br />

Conta-nos o Evangelho que Jairo, um <strong>do</strong>s principais da sinagoga, suplicou a<br />

Jesus, impor as mãos sobre a filha moribunda para curá-la. Neste ínterim, porém, a<br />

filha de Jairo morreu, tornan<strong>do</strong> vã a sua súplica. Jesus, ouvin<strong>do</strong> esta informação,<br />

não se perturbou, pediu ao pai aflito que tivesse fé e, dirigin<strong>do</strong>-se para a casa onde<br />

estava a morta, ordenou-lhe: “Menina, a ti te digo, levanta-te. E logo a menina se<br />

levantou, e andava, pois já tinha <strong>do</strong>ze anos; e assombraram-se com grande<br />

espanto".<br />

Jesus, neste caso não só produziu o fato ti<strong>do</strong>, então, como milagroso, pois<br />

to<strong>do</strong>s também estavam convenci<strong>do</strong>s de que a menina havia morri<strong>do</strong>, como declarou<br />

peremptoriamente 29 que ela não estava morta, apenas <strong>do</strong>rmia. Deixou, portanto, o<br />

seu próprio testemunho de que não produzia milagres, contrarian<strong>do</strong> as leis de Deus,<br />

mas usava o seu poder de vontade para fazer retornar ao corpo, enfraqueci<strong>do</strong> pela<br />

enfermidade grave, o Espírito que, de outro mo<strong>do</strong>, pela própria gravidade <strong>do</strong> mal,<br />

poderia ser leva<strong>do</strong> à libertação definitiva, ao mesmo tempo que, atuan<strong>do</strong><br />

magneticamente sobre o corpo, curou-a da mesma enfermidade.<br />

O terceiro caso, é a passagem que nos fala da Ressurreição de Lázaro,<br />

relata<strong>do</strong> por João, capítulo 11, versículos 1-46.<br />

Lázaro morava em Betânia com duas irmãs, Marta e Maria. Morrera e já<br />

estava sepulta<strong>do</strong> há quatro dias numa gruta tapada com uma pedra, quan<strong>do</strong> Jesus,<br />

ordenan<strong>do</strong> que se retirasse a pedra da gruta. "clamou em grande voz: Lázaro, sai<br />

para fora. E o defunto saiu, ten<strong>do</strong> as mãos e os pés liga<strong>do</strong>s com faixas, e o seu<br />

rosto envolto num lençol. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.”<br />

Dos três casos cita<strong>do</strong>s, o de Lázaro é aquele que melhor se enquadra como<br />

catalepsia completa ou letargia. Em to<strong>do</strong>s eles a morte era apenas aparente, mesmo<br />

28 Síncope - Perda repentina da consciência com suspensão aparente das funções vitais de<br />

respiração e circulação.<br />

29 Peremptório - Decisivo, terminante.<br />

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sen<strong>do</strong> considerada real pelos homens. Através da autoridade moral e <strong>do</strong> prodigioso<br />

poder magnético de Jesus aqueles Espíritos retornaram ao corpo físico de onde se<br />

tinham afasta<strong>do</strong> temporariamente.<br />

Fonte de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Letargia, catalepsia, mortes<br />

aparentes.FEB, 1994. Capítulo VIII (Parte 2ª) Itens 422 a 424.<br />

2. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Pelo espírito de André Luiz. Mecanismos da<br />

Mediunidade. Fenômeno hipnótico indiscrimina<strong>do</strong>. FEB, 1994. pág. 99<br />

3. Michaelus. Magnetismo Espiritual. FEB, 1989, Capítulo XXI, pág. 198-199.<br />

4. José Lapponi. Hiponismo e Espiritismo. Os fatos próprios <strong>do</strong> Hiptonismo.<br />

FEB, 1979. pág. 67 e 68.<br />

5. A Bíblia Sagrada. Novo Testamento. Lucas 7:14; Marcos 5:41 e 42; João<br />

11:42 e 43.<br />

6. Yvone Pereira. Recordações da Mediunidade. Faculdade em estu<strong>do</strong>. FEB,<br />

1992. pág. 11-22.<br />

7.3. Sonambulismo, Êxtase e Dupla Vista<br />

Sonambulismo<br />

425. O sonambulismo natural tem alguma relação com os sonhos? Como<br />

explica-lo?<br />

“É um esta<strong>do</strong> de independência <strong>do</strong> Espírito, mais completo <strong>do</strong> que no sonho,<br />

esta<strong>do</strong> em que maior amplitude adquirem suas faculdades. A alma tem então<br />

percepções de que não dispõe no sonho, que é um esta<strong>do</strong> de sonambulismo<br />

imperfeito.<br />

“No sonambulismo, o Espírito está na posse plena de si mesmo. Os órgãos<br />

materiais, achan<strong>do</strong>-se de certa forma em esta<strong>do</strong> de catalepsia, deixam de receber<br />

as impressões exteriores. Esse esta<strong>do</strong> se apresenta principalmente durante o sono,<br />

ocasião em que o Espírito pode aban<strong>do</strong>nar provisoriamente o corpo, por se<br />

encontrar este gozan<strong>do</strong> <strong>do</strong> repouso indispensável à matéria. Quan<strong>do</strong> se produzem<br />

os fatos <strong>do</strong> sonambulismo, é que o Espírito, preocupa<strong>do</strong> com uma coisa ou outra, se<br />

aplica a uma ação qualquer, para cuja prática necessita de utilizar-se <strong>do</strong> corpo.<br />

Serve-se então deste, como se serve de uma mesa ou de outro objeto material no<br />

fenômeno das manifestações físicas, ou mesmo como se utiliza da mão <strong>do</strong> médium<br />

nas comunicações escritas. Nos sonhos de que se tem consciência, os órgãos,<br />

inclusive os da memória, começam a despertar. Recebem imperfeitamente as<br />

impressões produzidas por objetos ou causas externas e as comunicam ao Espírito,<br />

que, então, também em repouso, só experimenta, <strong>do</strong> que lhe é transmiti<strong>do</strong>,<br />

sensações confusas e, amiúde, desordenadas, sem nenhuma aparente razão de<br />

ser, mescladas que se apresentam de vagas recordações, quer da existência atual,<br />

quer de anteriores. Facilmente, portanto, se compreende por que os sonâmbulos<br />

nenhuma lembrança guardam <strong>do</strong> que se passou enquanto estiveram no esta<strong>do</strong><br />

sonambúlico e por que os sonhos não têm senti<strong>do</strong>. Digo - as mais das vezes, porque<br />

também sucede serem a conseqüência de lembrança exata de acontecimentos de<br />

uma vida anterior e até, não raro, uma espécie de intuição <strong>do</strong> futuro.”<br />

426. O chama<strong>do</strong> sonambulismo magnético tem alguma relação com o<br />

sonambulismo natural?<br />

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“É a mesma coisa, com a só diferença de ser provoca<strong>do</strong>.”<br />

427. De que natureza é o agente que se chama flui<strong>do</strong> magnético?<br />

“Flui<strong>do</strong> vital, eletricidade animalizada, que são modificações <strong>do</strong> flui<strong>do</strong><br />

universal.”<br />

428. Qual a causa da clarividência sonambúlica?<br />

“Já o dissemos: É a alma que vê.”<br />

429. Como pode o sonâmbulo ver através <strong>do</strong>s corpos opacos?<br />

“Não há corpos opacos senão para os vossos grosseiros órgãos. Já<br />

precedentemente não dissemos que a matéria nenhum obstáculo oferece ao<br />

Espírito, que livremente a atravessa? Freqüentemente ouvis o sonâmbulo dizer que<br />

vê pela fronte, pelo punho, etc., porque, achan<strong>do</strong>-vos inteiramente presos à matéria,<br />

não compreendeis lhe seja possível ver sem o auxílio <strong>do</strong>s órgãos. Ele próprio, pelo<br />

desejo que manifestais, julga precisar <strong>do</strong>s órgãos. Se, porém, o deixásseis livre,<br />

compreenderia que vê por todas as partes <strong>do</strong> seu corpo, ou, melhor falan<strong>do</strong>, que vê<br />

de fora <strong>do</strong> seu corpo.”<br />

430. Pois que a sua clarividência é a de sua alma ou de seu Espírito, por que<br />

é que o sonâmbulo não vê tu<strong>do</strong> e tantas vezes se engana?<br />

“Primeiramente, aos Espíritos imperfeitos não é da<strong>do</strong> verem tu<strong>do</strong> e tu<strong>do</strong><br />

saberem. Não ignoras que ainda partilham <strong>do</strong>s vossos erros e prejuízos. Depois,<br />

quan<strong>do</strong> uni<strong>do</strong>s à matéria, não gozam de todas as suas faculdades de Espírito. Deus<br />

outorgou ao homem a faculdade sonambúlica para fim útil e sério, não para que se<br />

informe <strong>do</strong> que não deva saber. Eis por que os sonâmbulos nem tu<strong>do</strong> podem dizer.”<br />

431. Qual a origem das idéias inatas <strong>do</strong> sonâmbulo e como pode falar com<br />

exatidão de coisas que ignora quan<strong>do</strong> desperto, de coisas que estão mesmo acima<br />

de sua capacidade intelectual?<br />

“É que o sonâmbulo possui mais conhecimentos <strong>do</strong> que os que lhe supõe.<br />

Apenas, tais conhecimentos <strong>do</strong>rmitam, porque, por demasia<strong>do</strong> imperfeito, seu<br />

invólucro corporal não lhe consente rememorá-lo. Que é, afinal, um sonâmbulo?<br />

Espírito, como nós, e que se encontra encarna<strong>do</strong> na matéria para cumprir a sua<br />

missão, despertan<strong>do</strong> dessa letargia quan<strong>do</strong> cai em esta<strong>do</strong> sonambúlico. Já te temos<br />

dito, repetidamente, que vivemos muitas vezes. Esta mudança é que, ao sonâmbulo,<br />

como a qualquer Espírito ocasiona a perda material <strong>do</strong> que haja aprendi<strong>do</strong> em<br />

precedente existência. Entran<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong>, a que chamas crise, lembra-se <strong>do</strong> que<br />

sabe, mas sempre de mo<strong>do</strong> incompleto. Sabe, mas não poderia dizer <strong>do</strong>nde lhe vem<br />

o que sabe, nem como possui os conhecimentos que revela. Passada a crise, toda<br />

recordação se apaga e ele volve à obscuridade.”<br />

Mostra a experiência que os sonâmbulos também recebem comunicações de<br />

outros Espíritos, que lhes transmitem o que devam dizer e suprem à incapacidade<br />

que denotam. Isto se verifica principalmente nas prescrições médicas. O Espírito <strong>do</strong><br />

sonâmbulo vê o mal, outro lhe indica o remédio.<br />

Essa dupla ação é às vezes patente e se revela, além disso, por estas<br />

expressões muito freqüentes: dizem-me que diga, ou proíbem-me que diga tal coisa.<br />

Neste último caso, há sempre perigo em insistir-se por uma revelação negada,<br />

porque se dá azo a que intervenham Espíritos levianos, que falam de tu<strong>do</strong> sem<br />

escrúpulo e sem se importarem com a verdade.<br />

432. Como se explica a visão a distância em certos sonâmbulos?<br />

“Durante o sono, a alma não se transporta? O mesmo se dá no<br />

sonambulismo.”<br />

433. O desenvolvimento maior ou menor da clarividência sonambúlica<br />

depende da organização física, ou só da natureza <strong>do</strong> Espírito encarna<strong>do</strong>?<br />

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“De uma e outra. Há disposições físicas que permitem ao Espírito desprenderse<br />

mais ou menos facilmente da matéria.”<br />

434. As faculdades de que goza o sonâmbulo são as que tem o Espírito<br />

depois da morte?<br />

“Somente até certo ponto, pois cumpre se atenda à influência da matéria a<br />

que ainda se acha liga<strong>do</strong>.”<br />

435. Pode o sonâmbulo ver os outros Espíritos?<br />

“A maioria deles os vê muito bem, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> grau e da natureza da<br />

lucidez de cada um. É muito comum, porém, não perceberem, no primeiro momento,<br />

que estão ven<strong>do</strong> Espíritos e os tomarem por seres corpóreos. Isso acontece<br />

principalmente aos que, nada conhecen<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espiritismo, ainda não compreendem<br />

a essência <strong>do</strong>s Espíritos. O fato os espanta e fá-los supor que têm diante da vista<br />

seres terrenos.”<br />

O mesmo se dá com os que, ten<strong>do</strong> morri<strong>do</strong>, ainda se julgam vivos. Nenhuma<br />

alteração notan<strong>do</strong> ao seu derre<strong>do</strong>r e parecen<strong>do</strong>-lhes que os Espíritos têm corpos<br />

iguais aos nossos, tomam por corpos reais os corpos aparentes com que os<br />

mesmos Espíritos se lhes apresentam.<br />

436. O sonâmbulo que vê, a distância, vê <strong>do</strong> ponto em que se acha o seu<br />

corpo, ou <strong>do</strong> em que está sua alma?<br />

“Por que esta pergunta, desde que sabes ser a alma quem vê e não o corpo?”<br />

437. Posto que o que se dá, nos fenômenos sonambúlicos, é que a alma se<br />

transporta, como pode o sonâmbulo experimentar no corpo as sensações <strong>do</strong> frio e<br />

<strong>do</strong> calor existentes no lugar onde se acha sua alma, muitas vezes bem distante <strong>do</strong><br />

seu invólucro?<br />

“A alma, em tais casos, não tem deixa<strong>do</strong> inteiramente o corpo; conserva-selhe<br />

presa pelo laço que os liga e que então desempenha o papel de condutor das<br />

sensações. Quan<strong>do</strong> duas pessoas se comunicam de uma cidade para outra, por<br />

meio da eletricidade, esta constitui o laço que lhes liga os pensamentos. Daí vem<br />

que confabulam como se estivessem ao la<strong>do</strong> uma da outra.”<br />

438. O uso que um sonâmbulo faz da sua faculdade influi no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu<br />

Espírito depois da morte?<br />

“Muito, como o bom ou mau uso que o homem faz de todas as faculdades<br />

com que Deus o <strong>do</strong>tou.”<br />

Êxtase<br />

439. Que diferença há entre êxtase e o sonambulismo?<br />

“O êxtase é um sonambulismo mais apura<strong>do</strong>. A alma <strong>do</strong> extático ainda é mais<br />

independente.”<br />

440. O Espírito <strong>do</strong> extático penetra realmente nos mun<strong>do</strong>s superiores?<br />

“Vê esses mun<strong>do</strong>s e compreende a felicidade <strong>do</strong>s que os habitam, <strong>do</strong>nde lhe<br />

nasce o desejo de lá permanecer. Há, porém, mun<strong>do</strong>s inacessíveis aos Espíritos<br />

que ainda não estão bastante purifica<strong>do</strong>s.”<br />

441. Quan<strong>do</strong> o extático manifesta o desejo de deixar a Terra, fala<br />

sinceramente, não o retém o instinto de conservação?<br />

“Isso depende <strong>do</strong> grau de purificação <strong>do</strong> Espírito. Se verifica que a sua futura<br />

situação será melhor <strong>do</strong> que a sua vida presente, esforça-se por desatar os laços<br />

que o prendem à Terra.”<br />

442. Se se deixasse o extático entregue a si mesmo, poderia sua alma<br />

aban<strong>do</strong>nar definitivamente o corpo?<br />

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“Perfeitamente, poderia morrer. Por isso é que preciso se torna chamá-lo a<br />

voltar, apelan<strong>do</strong> para tu<strong>do</strong> o que o prende a este mun<strong>do</strong>, fazen<strong>do</strong>-lhe sobretu<strong>do</strong><br />

compreender que a maneira mais certa de não ficar lá, onde vê que seria feliz,<br />

consistiria em partir a cadeia que o tem preso ao planeta terreno.”<br />

443. Pretenden<strong>do</strong> que lhe é da<strong>do</strong> ver coisas que evidentemente são produto<br />

de uma imaginação que as crenças e prejuízos terrestres impressionaram, não será<br />

justo concluir-se que nem tu<strong>do</strong> o que o extático vê é real?<br />

“O que o extático vê é real para ele. Mas, como seu Espírito se conserva<br />

sempre debaixo da influência das idéias terrenas, pode acontecer que veja a seu<br />

mo<strong>do</strong>, ou melhor, que exprima o que vê numa linguagem moldada pelos<br />

preconceitos e idéias de que se acha imbuí<strong>do</strong>, ou, então, pelos vossos preconceitos<br />

e idéias, a fim de ser mais compreendi<strong>do</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, principalmente, é que lhe<br />

sucede errar.”<br />

444. Que confiança se pode depositar nas revelações <strong>do</strong>s extáticos?<br />

“O extático está sujeito a enganar-se muito freqüentemente, sobretu<strong>do</strong><br />

quan<strong>do</strong> pretende penetrar no que deva continuar a ser mistério para o homem,<br />

porque, então, se deixa levar pela corrente das suas próprias idéias, ou se torna<br />

joguete de Espíritos mistifica<strong>do</strong>res, que se aproveitam da sua exaltação para<br />

fasciná-lo.”<br />

445. Que deduções se podem tirar <strong>do</strong>s fenômenos <strong>do</strong> sonambulismo e <strong>do</strong><br />

êxtase?<br />

Não constituirão uma espécie de iniciação na vida futura?<br />

“A bem dizer, mediante esses fenômenos, o homem entrevê a vida passada e<br />

a vida futura. Estude-os e achará o aclaramento de mais de um mistério, que a sua<br />

razão inutilmente procura devassar.”<br />

446. Poderiam tais fenômenos adequar-se às idéias materialistas?<br />

“Aquele que os estudar de boa-fé e sem prevenções não poderá ser<br />

materialista, nem ateu.”<br />

Dupla vista<br />

447. O fenômeno a que se dá a designação de dupla vista tem alguma<br />

relação com o sonho e o sonambulismo?<br />

“Tu<strong>do</strong> isso é uma só coisa. O que se chama dupla vista é ainda resulta<strong>do</strong> da<br />

libertação <strong>do</strong> Espírito, sem que o corpo seja a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>. A dupla vista ou segunda<br />

vista é a vista da alma.”<br />

448. É permanente a segunda vista?<br />

“A faculdade é, o exercício não. Em os mun<strong>do</strong>s menos materiais <strong>do</strong> que o<br />

vosso, os Espíritos se desprendem mais facilmente e se põem em comunicação<br />

apenas pelo pensamento, sem que, todavia, fique abolida a linguagem articulada.<br />

Por isso mesmo, em tais mun<strong>do</strong>s, a dupla vista é faculdade permanente, para a<br />

maioria de seus habitantes, cujo esta<strong>do</strong> normal se pode comparar ao <strong>do</strong>s vossos<br />

sonâmbulos lúci<strong>do</strong>s. Essa também a razão por que esses Espíritos se vos<br />

manifestam com maior facilidade <strong>do</strong> que os encarna<strong>do</strong>s em corpos mais grosseiros.”<br />

449. A segunda vista aparece espontaneamente ou por efeito da vontade de<br />

quem a possui como faculdade?<br />

“As mais das vezes é espontânea, porém a vontade também desempenha<br />

com grande freqüência importante papel no seu aparecimento. Toma, para exemplo,<br />

de umas dessas pessoas a quem se dá o nome de le<strong>do</strong>ras da “buena-dicha”,<br />

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algumas das quais dispõem desta faculdade, e verás que é com o auxílio da própria<br />

vontade que se colocam no esta<strong>do</strong> de terem a dupla vista e o que chamas visão.”<br />

450. A dupla vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?<br />

“Sim, <strong>do</strong> trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação <strong>do</strong> véu que<br />

encobre as coisas.”<br />

a) - Esta faculdade tem qualquer ligação com a organização física?<br />

“Incontestavelmente, o organismo influi para a sua existência. Há organismos<br />

que lhe são refratários.”<br />

451. Por que é que a segunda vista parece hereditária em algumas famílias?<br />

“Por semelhança da organização, que se transmite como as outras<br />

qualidades físicas. Depois, a faculdade se desenvolve por uma espécie de<br />

educação, que também se transmite de um a outro.”<br />

452. É exato que certas circunstâncias desenvolvem a segunda vista?<br />

“A moléstia, a proximidade <strong>do</strong> perigo, uma grande comoção podem<br />

desenvolvê-la. O corpo, às vezes, vem a achar-se num esta<strong>do</strong> especial que faculta<br />

ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos carnais.”<br />

Nas épocas de crises e de calamidades, as grandes emoções, todas as<br />

causas, enfim, de superexcitação <strong>do</strong> moral provocam não raro o desenvolvimento da<br />

dupla vista. Parece que a Providência, quan<strong>do</strong> um perigo nos ameaça, nos dá o<br />

meio de conjurá-lo. Todas as seitas e parti<strong>do</strong>s persegui<strong>do</strong>s oferecem múltiplos<br />

exemplos desse fato.<br />

453. As pessoas <strong>do</strong>tadas de dupla vista sempre têm consciência de que a<br />

possuem?<br />

“Nem sempre. Consideram isso coisa perfeitamente natural e muitos crêem<br />

que, se cada um observasse o que se passa consigo, to<strong>do</strong>s verificariam que são<br />

como eles.”<br />

454. Poder-se-ia atribuir a uma espécie de segunda vista a perspicácia de<br />

algumas pessoas que, sem nada apresentarem de extraordinário, apreciam as<br />

coisas com mais precisão <strong>do</strong> que outras?<br />

“É sempre a alma a irradiar mais livremente e a apreciar melhor <strong>do</strong> que sob o<br />

véu da matéria.”<br />

a) - Pode esta faculdade, em alguns casos, dar a presciência das coisas?<br />

“Pode. Também dá os pressentimentos, pois que muitos são os graus em que<br />

ela existe, sen<strong>do</strong> possível que num mesmo indivíduo exista em to<strong>do</strong>s os graus, ou<br />

em alguns somente.”<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos Da Emancipação da alma. Capítulo VIII<br />

(2ª parte). Itens 425 a 454.<br />

2. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Dos Médiuns. Capítulo XIV, itens 172 a<br />

174.<br />

3. Gabriel Dellane. O Espiritismo perante a ciência. O sonambulismo natural.<br />

Rio de Janeiro. FEB 1993, pág. 93 a 98.<br />

4. Michaelus. Magnetismo Espiritual. Rio de Janeiro. FEB, 1989. Capítulo I,<br />

pág. 8 a 10.<br />

8. Obsessão<br />

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8.1. Obsessões e possessões<br />

45. - Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em conseqüência da<br />

inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte<br />

integrante <strong>do</strong>s flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mun<strong>do</strong>. A<br />

obsessão que é um <strong>do</strong>s efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas<br />

as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e<br />

aceita com esse caráter.<br />

Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre<br />

um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples<br />

influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa <strong>do</strong><br />

organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas.<br />

Na mediunidade audiente e psicográfica, traduz-se pela obstinação de um Espírito<br />

em querer manifestar-se, com exclusão de qualquer outro.<br />

46 - Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que<br />

tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre<br />

sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau, A uma<br />

causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha<br />

uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para<br />

garanti-la contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma; <strong>do</strong>nde, para o obsidia<strong>do</strong>,<br />

a necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes<br />

basta para livrá-lo <strong>do</strong> obsessor, sem o socorro de terceiros. Necessário se torna este<br />

socorro, quan<strong>do</strong> a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque<br />

nesse caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio.<br />

Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja<br />

origem freqüentemente se encontra nas relações que o obsidia<strong>do</strong> manteve com o<br />

obsessor, em precedente existência, Nos casos de obsessão grave, o obsidia<strong>do</strong> fica<br />

como que envolto e impregna<strong>do</strong> de um flui<strong>do</strong> pernicioso, que neutraliza a ação <strong>do</strong>s<br />

flui<strong>do</strong>s salutares e os repele. É daquele flui<strong>do</strong> que importa desembaraçá-lo, Ora, um<br />

fluí<strong>do</strong> mau não pode ser elimina<strong>do</strong> por outro igualmente mau. Por meio de ação<br />

idêntica à <strong>do</strong> médium cura<strong>do</strong>r, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um<br />

flui<strong>do</strong> mau com o auxílio de um flui<strong>do</strong> melhor.<br />

Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretu<strong>do</strong>, atuar<br />

sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade,<br />

que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral, Quanto maior esta<br />

for, tanto maior também será aquela.<br />

Mas, ainda não é tu<strong>do</strong>: para assegurar a libertação da vítima, indispensável<br />

se torna que o Espírito perverso seja leva<strong>do</strong> a renunciar aos seus maus desígnios;<br />

que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo <strong>do</strong> bem, por<br />

meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas<br />

com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de<br />

libertar um encarna<strong>do</strong> e de converter um Espírito imperfeito.<br />

O trabalho se torna mais fácil quan<strong>do</strong> o obsidia<strong>do</strong>, compreenden<strong>do</strong> a sua<br />

situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede<br />

quan<strong>do</strong>, seduzi<strong>do</strong> pelo Espírito que o <strong>do</strong>mina, se ilude com relação às qualidades<br />

deste último e se compraz no erro a que é conduzi<strong>do</strong>, porque, então, longe de a<br />

secundar, o obsidia<strong>do</strong> repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente<br />

mais rebelde sempre, <strong>do</strong> que a mais violenta subjugação. (O Livro <strong>do</strong>s Médiuns, 2ª<br />

Parte, cap. XXIII.)<br />

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Em to<strong>do</strong>s os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se<br />

dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.<br />

47. - Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda <strong>do</strong> seu<br />

perispírito, que ele identifica com o <strong>do</strong> encarna<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong> este afinal enlaça<strong>do</strong> por<br />

uma como teia e constrangi<strong>do</strong> a proceder contra a sua vontade.<br />

Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui,<br />

por assim dizer, ao Espírito encarna<strong>do</strong>; toma-lhe o corpo para <strong>do</strong>micílio, sem que<br />

este, no entanto, seja aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> pelo seu <strong>do</strong>no, pois que isso só se pode dar pela<br />

morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque<br />

um Espírito desencarna<strong>do</strong> não pode tomar definitivamente o lugar de um encarna<strong>do</strong>,<br />

pela razão de que a união molecular <strong>do</strong> perispírito e <strong>do</strong> corpo só se pode operar no<br />

momento da concepção. (Cap. XI, nº 18.)<br />

De posse momentânea <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> encarna<strong>do</strong>, o Espírito se serve dele como<br />

se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços,<br />

conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o<br />

Espírito encarna<strong>do</strong> fala transmitin<strong>do</strong> o pensamento de um desencarna<strong>do</strong>; no caso da<br />

possessão é mesmo o último que fala e obra; quem o haja conheci<strong>do</strong> em vida,<br />

reconhece-lhe a linguagem, a voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.<br />

48. - Na obsessão há sempre um Espírito malfeitor. Na possessão pode<br />

tratar-se de um Espírito bom que queira falar e que, para causar maior impressão<br />

nos ouvintes, toma <strong>do</strong> corpo de um encarna<strong>do</strong>, que voluntariamente lho empresta,<br />

como emprestaria seu fato a outro encarna<strong>do</strong>. Isso se verifica sem qualquer<br />

perturbação ou incômo<strong>do</strong>, durante o tempo em que o Espírito encarna<strong>do</strong> se acha em<br />

liberdade, como no esta<strong>do</strong> de emancipação, conservan<strong>do</strong>-se este último ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

seu substituto para ouvi-lo.<br />

Quan<strong>do</strong> é mau o Espírito possessor, as coisas se passam de outro mo<strong>do</strong>.<br />

Ele não toma moderadamente o corpo <strong>do</strong> encarna<strong>do</strong>, arrebata-o, se este não<br />

possui bastante força moral para lhe resistir. Fá-lo por maldade para com este, a<br />

quem tortura e martiriza de todas as formas, in<strong>do</strong> ao extremo de tentar exterminá-lo,<br />

já por estrangulação, já atiran<strong>do</strong>-o ao fogo ou a outros lugares perigosos. Servin<strong>do</strong>se<br />

<strong>do</strong>s órgãos e <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata os que<br />

o cercam; entrega-se a excentricidades e a atos que apresentam to<strong>do</strong>s os<br />

caracteres da loucura furiosa.<br />

São numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e<br />

não derivam de outra causa muitos casos de loucura. Amiúde, há também<br />

desordens patológicas, que são meras conseqüências e contra as quais nada<br />

adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa originária. Dan<strong>do</strong> a<br />

conhecer essa fonte <strong>do</strong>nde provém uma parte das misérias humanas, o Espiritismo<br />

indica o remédio a ser aplica<strong>do</strong>: atuar sobre o autor <strong>do</strong> mal que, sen<strong>do</strong> um ser<br />

inteligente, deve ser trata<strong>do</strong> por meio da inteligência 30 .<br />

49. - São as mais das vezes individuais a obsessão e a possessão; mas, não<br />

raro são epidêmicas. Quan<strong>do</strong> sobre uma localidade se lança uma revoada de maus<br />

Espíritos, é como se uma tropa de inimigos a invadisse. Pode então ser muito<br />

considerável o número <strong>do</strong>s indivíduos ataca<strong>do</strong>s 31 .<br />

30 Casos de cura de obsessões e de possessões: Revue Spirite, dezembro de 1863, pág.,<br />

373; - janeiro de 1864, pág. 11; - junho de 1864, pág. 168; - janeiro de 1865, pág. 5; - junho de 1865,<br />

pág. 172; - fevereiro de 1868, pág. 38; - junho de 1867, pág. 174.<br />

31 Foi exatamente desse gênero a epidemia que, faz alguns anos, atacou a aldeia de Morzine<br />

na Sabóia. Veja-se o relato completo dessa epidemia na Revue Spirite de dezembro de 1862, pág.<br />

353; janeiro, fevereiro, abril e maio de 1863, págs. 1, 33, 101 e 133.<br />

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Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. A Gênese. Obsessões e Possessões. FEB, 1995. Item 45,<br />

pág 304.<br />

2. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Da Obsessão. FEB 1995. Item 237,<br />

pág. 306; item 252, pág. 320.<br />

3. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Nos Basti<strong>do</strong>res da Obsessão. Pelo Espírito de<br />

Manoel Philomeno de Miranda. Examinan<strong>do</strong> a obsessão. FEB, 1995. pág.<br />

28-29.<br />

4. Yvone Pereira. Dramas da Obsessão. Pelo Espírito de Bezerra de<br />

Menezes. FEB, 1981.<br />

5. Suely Caldas Shubert. Obsessão/Desobsessão. FEB, 1985.<br />

8.2. OBSESSÃO: AS VÁRIAS EXPRESSÕES DE UM<br />

MESMO PROBLEMA<br />

“(...) existem problemas obsessivos em<br />

várias expressões, como os de um encarna<strong>do</strong><br />

sobre outro; de um desencarna<strong>do</strong> sobre outro; de<br />

um encarna<strong>do</strong> sobre um desencarna<strong>do</strong> e,<br />

genericamente, deste sobre aquele.” <strong>–</strong> Manoel<br />

Philomeno de Miranda.<br />

(Sementes da vida Eterna, Autores<br />

Diversos, psicografia de Dival<strong>do</strong> Pereira Franco.<br />

Cap, 30)<br />

Obsessão <strong>–</strong> um problema a expressar-se de várias maneiras.<br />

Além das relacionadas por Manoel P. de Miranda, acrescentaremos: a<br />

obsessão recíproca e a auto-obsessão.<br />

ENCARNADO PARA ENCARNADO<br />

Pessoas obsidian<strong>do</strong> pessoas existem em grande número. Estão entre nós.<br />

Caracterizam-se pela capacidade que têm de <strong>do</strong>minar mentalmente aqueles que<br />

elegem como vitimas.<br />

Este <strong>do</strong>mínio mascara-se com os nomes de ciúme, inveja, paixão, desejo de<br />

poder, orgulho, ódio, e é exerci<strong>do</strong>, às vezes, de maneira tão sutil que o <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> se<br />

julga extremamente ama<strong>do</strong>. Até mesmo protegi<strong>do</strong>.<br />

Essas obsessões correm por conta de um amor que se torna tiranizante,<br />

demasiada-mente possessivo, tolhen<strong>do</strong> e sufocan<strong>do</strong> a liberdade <strong>do</strong> outro.<br />

É, por exemplo, o mari<strong>do</strong> que limita a liberdade da esposa, manten<strong>do</strong>-a sob o<br />

jugo de sua vontade; é a mulher que tiraniza o companheiro, escravizan<strong>do</strong>-o aos<br />

seus caprichos; são os pais que se julgam no direito de governar os filhos,<br />

carecen<strong>do</strong>-lhes toda e qualquer iniciativa; são aqueles que, em nome da amizade,<br />

influenciam o outro, mudan<strong>do</strong>-lhe o mo<strong>do</strong> de pensar, exercen<strong>do</strong> sempre a vontade<br />

mais forte, o <strong>do</strong>mínio sobre a que se apresentar mais passiva.<br />

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São ainda as paixões escravizantes que, desequilibran<strong>do</strong> emocionalmente os<br />

seres, podem ocasionar dramas <strong>do</strong>lorosos, configura<strong>do</strong>s em pactos de suicídio,<br />

assassínios, etc.<br />

A <strong>do</strong>minação mental acontece não só no plano terrestre, isto é, nas<br />

ocorrências <strong>do</strong> dia-a-dia, mas prossegue principalmente durante o sono físico,<br />

quan<strong>do</strong> os seres assim comprometi<strong>do</strong>s se defrontam em corpo astral, parcialmente<br />

libertos <strong>do</strong> corpo carnal, dan<strong>do</strong> curso em maior profundidade ao conúbio infeliz em<br />

que se permitiram enredar<br />

O mesmo sucede sob o império <strong>do</strong> ódio ou quaisquer outros sentimentos de<br />

ordem inferior. Até mesmo dentro <strong>do</strong>s lares, na mesma família, onde se reencontram<br />

antigos desafetos, velhos companheiros <strong>do</strong> mal, comparsas de crimes nefan<strong>do</strong>s,<br />

convoca<strong>do</strong>s pela Justiça Divina ao reajustamento. Entretanto, escraviza<strong>do</strong>s ao<br />

passa<strong>do</strong>, deixam-se levar por antipatia e aversão recíprocas, que bem poucos<br />

conseguem superar de imediato. Surgem daí muitas das rixas familiares, já que<br />

esses Espíritos, agora uni<strong>do</strong>s pelos laços da consangüinidade, prosseguem<br />

imanta<strong>do</strong>s às paixões <strong>do</strong> pretérito, emitin<strong>do</strong> vibrações inferiores e obsidian<strong>do</strong>-se<br />

mutuamente.<br />

São pais que recebem, como filhos, antigos obsessores. É o obsessor de<br />

ontem que acolhe nos braços, como rebento de sua carne, a vítima de antanho.<br />

E esses seres se entrelaçam nos liames consangüíneos para que tenham a<br />

preciosa oportunidade de modificar os próprios sentimentos, vencen<strong>do</strong> aversões,<br />

rancores e mágoas.<br />

Reduzi<strong>do</strong>, porém, ainda é o número <strong>do</strong>s que conseguem triunfar,<br />

conquistan<strong>do</strong> o “vero 32 ” sentimento de fraternidade, tolerância e amor. Sem<br />

embargo, a experiência vivida, à custa de sacrifícios e lágrimas, será para to<strong>do</strong>s o<br />

passo inicial da longa e bela escalada, em busca <strong>do</strong> Pai que nos aguarda em Sua<br />

Infinita Misericórdia.<br />

DESENCARNADO PARA DESENCARNADO<br />

Espíritos que obsidiam Espíritos. Desencarna<strong>do</strong>s que <strong>do</strong>minam outros<br />

desencarna<strong>do</strong>s, são expressões de um mesmo drama que se desenrola tanto na<br />

Terra quanto no Plano Espiritual inferior.<br />

As humanidades se entrelaçam: a <strong>do</strong>s seres incorpóreos e a <strong>do</strong>s que<br />

retomaram a carne. Situações que ocorrem na Crosta são, em grande parte, reflexos<br />

da odisséia que se desenvolve no Espaço. E vice-versa.<br />

Os homens são os mesmos: carregam os seus vícios e paixões, as suas<br />

conquistas e experiências onde quer que estejam.<br />

Por isso há no Além-Túmulo obsessões entre Espíritos. Por idênticos motivos<br />

das que ocorrem na face da Terra.<br />

Em quase to<strong>do</strong>s os processos obsessivos desencadea<strong>do</strong>s pelo que já<br />

desencarnou, junto ao que ainda está preso ao veiculo físico, o obsessor cioso da<br />

cobrança costuma, em geral aliciar Espíritos para secundá-lo em sua vingança. Tais<br />

ajudantes são invariavelmente inferiores e de inteligência menos desenvolvida que a<br />

de seus chefes. A sujeição mental a que se submetem tem suas origens no temor ou<br />

até em compromissos ou dívidas existentes entre eles, haven<strong>do</strong> casos em que o<br />

chefe os mantém sob hipnose <strong>–</strong> processo análogo, aliás, ao utiliza<strong>do</strong> com as vítimas<br />

encarnadas.<br />

32 Vero - verdadeiro<br />

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O jugo <strong>do</strong>s obsessores só é possível em razão da desarmonia vibratória de<br />

suas presas, que só alcançarão a liberdade quan<strong>do</strong> modificarem a própria direção<br />

mental. Certamente recebem, tanto quanto os obsessores, vibrações amorosas e<br />

equilibradas <strong>do</strong>s Benteitores Espirituais, que lhes aguardam a renovação. Espíritos<br />

endivida<strong>do</strong>s e compromissa<strong>do</strong>s entre si mesmos, através de associações<br />

tenebrosas, de idêntico padrão vibratório, se aglomeram em certas regiões <strong>do</strong><br />

Espaço, obedecen<strong>do</strong> à sintonia e à lei de atração, forman<strong>do</strong> hordas que erram sem<br />

destino ou se fixam temporariamente, em cidades, colônias, núcleos, enfim, de<br />

sombras e trevas. Tais núcleos têm dirigentes, que se proclamam juízes, julga<strong>do</strong>res,<br />

chaman<strong>do</strong> a si a tarefa de distribuir justiça aos Espíritos igualmente culpa<strong>do</strong>s e<br />

também devota<strong>do</strong>s ao mal, ou endureci<strong>do</strong>s pela revolta e pela descrença. Na obra<br />

Libertação, de André Luiz, encontramos a descrição de uma dessas cidades e no<br />

livro Nos Basti<strong>do</strong>res da Obsessão, de Manoel P. de Miranda, temos noticia também<br />

de um desses núcleos trevosos 33 .<br />

Aí nesses redutos das sombras, comete-se toda sorte de atrocidades e os<br />

Espíritos aferra<strong>do</strong>s ao mal são julga<strong>do</strong>s e condena<strong>do</strong>s por outros ainda em piores<br />

condições. Torturas inimagináveis, crueldades, atos nefan<strong>do</strong>s são pratica<strong>do</strong>s por<br />

esses seres que se afastaram, deliberadamente, <strong>do</strong> bem. Esses agentes <strong>do</strong> mal,<br />

todavia, não estão aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s pela misericórdia <strong>do</strong> Senhor, e sempre que<br />

ofereçam condições propícias são balsamiza<strong>do</strong>s pelas luzes divinas a ensejar-lhes a<br />

transformação. Um dia retornarão ao aprisco, porque nenhuma das ovelhas se<br />

perderá...<br />

DE ENCARNADO PARA DESENCARNADO<br />

À primeira vista, a obsessão <strong>do</strong> encarna<strong>do</strong> sobre o desencarna<strong>do</strong> pode<br />

parecer difícil ou mais rara de acontecer. Mas, ao contrário, é fato comum, já que as<br />

criaturas humanas, em geral por desconhecimento, vinculam-se obstinadamente aos<br />

entes que as precederam no túmulo.<br />

Expressões de amor egoísta e possessivo, por parte <strong>do</strong>s que ainda estão na<br />

carne, redundam em fixação mental naqueles que desencarnaram, reten<strong>do</strong>-os às<br />

reminiscências da vida terrestre. Essas emissões mentais constantes, de <strong>do</strong>r,<br />

revolta, remorso e desequilíbrio terminam por imantar o recém-desencarna<strong>do</strong> aos<br />

que ficaram na Terra, não lhes permitin<strong>do</strong> alcançar o equilíbrio de que carecem para<br />

enfrentar a nova situação.<br />

O inconformismo e o desespero, pois, advin<strong>do</strong>s da perda de um ente queri<strong>do</strong>,<br />

podem transformar-se em obsessão que irá afligi-lo e atormentá-lo.<br />

Idêntico processo se verifica quan<strong>do</strong> o sentimento que <strong>do</strong>mina o encarna<strong>do</strong> é<br />

o <strong>do</strong> ódio, da revolta etc.<br />

É bastante comum, também, que herdeiros insatisfeitos com a partilha <strong>do</strong>s<br />

bens determinada pelo morto se fixem mentalmente neste, com seus pensamentos<br />

de inconformismo e rancor. As disputas de herança afetam <strong>do</strong>lorosamente os que já<br />

se desprenderam <strong>do</strong>s liames carnais, se estes ainda não conquistaram posição<br />

espiritual de equilíbrio. E, mesmo neste caso, a disputa entre os herdeiros em torno<br />

<strong>do</strong>s bens irá confrangê-los e preocupá-los.<br />

Ah! se os homens pensassem um pouco mais na vida além da vida<br />

transitória, se dedicassem mais atenção às coisas espirituais, se dessem mais valor<br />

aos bens eternos que constituem o verdadeiro tesouro, se relembrassem os<br />

sublimes ensinamentos <strong>do</strong> Cristo, certamente haveria menos corações infelizes a<br />

33 trevoso <strong>–</strong> referente às trevas<br />

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transitarem entre os <strong>do</strong>is planos, hesitan<strong>do</strong> entre a espiritualidade que lhes acena<br />

com novas perspectivas e as solicitações inferiores que os atraem e os imantam à<br />

retaguarda.<br />

DE DESENCARNADO PARA ENCARNADO<br />

É a atuação maléfica de um Espírito sobre um encarna<strong>do</strong>.<br />

O processo obsessivo entre os seres invisíveis e os que estão encarna<strong>do</strong>s<br />

parece ser o de maior incidência.<br />

Evidentemente, por ser mais fácil ao desencarna<strong>do</strong> influenciar e <strong>do</strong>minar a<br />

mente daquele que está limita<strong>do</strong> pelo veiculo somático,<br />

Agin<strong>do</strong> nas sombras, o obsessor tem, a seu favor, o fato de não ser visível e<br />

nem sempre percebi<strong>do</strong> ou pressenti<strong>do</strong> pela sua vítima. Esta, incauta, imprevidente,<br />

desconhecen<strong>do</strong> até a possibilidade da sintonia entre os seres <strong>do</strong> Plano Espiritual e<br />

os da Esfera Terrestre, deixa-se induzir, sugestionar e <strong>do</strong>minar pelo persegui<strong>do</strong>r,<br />

que encontra em seu passa<strong>do</strong> as tomadas mentais que facultarão a conexão. Estas<br />

tomadas são os fatores predisponentes, como a presença da culpa e <strong>do</strong> remorso.<br />

Nem sempre, contu<strong>do</strong>, o Espírito está consciente da sua influência negativa sobre o<br />

encarna<strong>do</strong>. Não raro, desconhecen<strong>do</strong> a sua situação, pode, sem o saber, aproximarse<br />

de uma pessoa com a qual se afinize e assim prejudicá-la com suas vibrações.<br />

Outros o fazem intencionalmente; a maioria, com o intuito de perseguir ou vingar-se,<br />

como veremos nos capítulos seguintes.<br />

OBSESSÃO RECÍPROCA<br />

A obsessão pode assumir ainda, em qualquer de suas expressões até agora<br />

mencionadas, a característica de obsessão recíproca.<br />

Na vida real é fácil encontrar casos que confirme isto. Assim como as almas<br />

afins e voltadas para o bem cultivam a convivência amiga e fraterna, na qual buscam<br />

o enriquecimento espiritual que as possa nutrir e confortar, assim também, sob outro<br />

aspecto, as criaturas se procuram para locupletar-se das vibrações que permutam e<br />

nas quais se comprazem. Apenas, uma vez mais, uma questão de escolha.<br />

André Luiz, observan<strong>do</strong> o caso de Libório <strong>–</strong> que obsidiava a mulher por quem<br />

sentia paixão, vampirizan<strong>do</strong>-lhe o corpo físico <strong>–</strong> esclarece a respeito: “O<br />

pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele,<br />

atormentan<strong>do</strong>-o. Acham-se ambos sintoniza<strong>do</strong>s na mesma onda. É um caso de<br />

perseguição recíproca. (...) enquanto não lhes modificamos as disposições<br />

espirituais (...) jazem no regime da escravidão mútua, em que obsessores e<br />

obsidia<strong>do</strong>s se nutrem das emanações uns <strong>do</strong>s outros." (Grifo nosso.)<br />

Essa característica de reciprocidade transforma-se em verdadeira simbiose,<br />

quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is seres passam a viver em regime de comunhão de pensamentos e<br />

vibrações. Isto ocorre até mesmo entre os encarna<strong>do</strong>s que se unem através <strong>do</strong> amor<br />

desequilibra<strong>do</strong>, manten<strong>do</strong> um relacionamento enervante.<br />

São as paixões avassala<strong>do</strong>ras que tornam os seres totalmente cegos a<br />

quaisquer outros acontecimentos e interesses, fechan<strong>do</strong>-se ambos num egoísmo a<br />

<strong>do</strong>is, altamente perturba<strong>do</strong>r. Esses relacionamentos, via de regra, terminam em<br />

tragédias se um <strong>do</strong>s parceiros modificar o seu comportamento em relação ao outro.<br />

Não raro, encontramos em nossas reuniões casos de obsidia<strong>do</strong>s que estão<br />

sen<strong>do</strong> trata<strong>do</strong>s e que afirmam desejar livrar-se <strong>do</strong> jugo <strong>do</strong> obsessor. Quan<strong>do</strong> este,<br />

entretanto, comunica-se gaba-se de que o encarna<strong>do</strong> o chama insistentemente e diz<br />

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precisar dele (obsessor), não se poden<strong>do</strong> separar, pois necessitam um <strong>do</strong> outro.<br />

Alguns chegam mesmo a proclamar que entre ambos existe paixão, razão pela qual<br />

têm de permanecer juntos.<br />

Se o encarna<strong>do</strong> diz que pretende libertar-se, isto se deve ao fato de que<br />

fisicamente ele sofre com tal situação. No íntimo, todavia, tem prazer em situar-se<br />

como vítima. Durante o sono, por certo, busca a companhia <strong>do</strong> outro, comprazen<strong>do</strong>se<br />

com a permuta de vibrações e sensações.<br />

A AUTO-OBSESSÃO<br />

“O homem não raramente é o obsessor de si mesmo”, é o que assevera o<br />

Codifica<strong>do</strong>r.<br />

Tal coisa, porém, bem poucos admitem. A grande maioria prefere lançar toda<br />

a culpa de seus tormentos e aflições aos Espíritos, livran<strong>do</strong>-se, segun<strong>do</strong> julgam, de<br />

maiores responsabilidades.<br />

Kardec vai mais longe e explica: "Alguns esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>entios e certas<br />

aberrações que se lançam à conta de uma causa oculta, derivam <strong>do</strong> Espírito <strong>do</strong><br />

próprio indivíduo."<br />

Tais pessoas estão ao nosso re<strong>do</strong>r. São <strong>do</strong>entes da alma. Percorrem os<br />

consultórios médicos em busca <strong>do</strong> diagnóstico impossível para a medicina terrena.<br />

São obsessores de si mesmos, viven<strong>do</strong> um passa<strong>do</strong> <strong>do</strong> qual não conseguem fugir.<br />

No porão de suas recordações estão vivos os fantasmas de suas vitimas, ou se<br />

reencontram com os a quem se acumpliciaram e que, quase sempre, os requisitam<br />

para a manutenção <strong>do</strong> conúbio degradante de outrora.<br />

Esses, os auto-obsidia<strong>do</strong>s graves e que se apresentam também subjuga<strong>do</strong>s<br />

por obsessões lamentáveis. São os inimigos, as vitimas ou os comparsas a lhes<br />

baterem às portas da alma.<br />

Mas existem também aqueles que portam auto-obsessão sutil, mais difícil de<br />

ser detectada. É, no entanto, moléstia que está grassan<strong>do</strong> em larga escala<br />

atualmente.<br />

Um médico espírita disse-nos, certa vez, que é incalculável o número de<br />

pessoas que comparecem aos consultórios, queixan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s mais diversos males<br />

<strong>–</strong> para os quais não existem medicamentos eficazes <strong>–</strong> e que são tipicamente<br />

porta<strong>do</strong>res de auto-obsessão. São cultiva<strong>do</strong>res de moléstias fantasmas. Vivem<br />

volta<strong>do</strong>s para si mesmos, preocupan<strong>do</strong>-se em excesso com a própria saúde (ou se<br />

descuidan<strong>do</strong> dela), descobrin<strong>do</strong> sintomas, dramatizan<strong>do</strong> as ocorrências mais<br />

corriqueiras <strong>do</strong> dia-a-dia, sofren<strong>do</strong> por antecipação situações que jamais chegarão a<br />

se realizar, flagelan<strong>do</strong>-se com o ciúme, a inveja, o egoísmo, o orgulho, o despotismo<br />

e transforman<strong>do</strong>-se em <strong>do</strong>entes imaginários, vitimas de si próprios, atormenta<strong>do</strong>s<br />

por si mesmos.<br />

Esse esta<strong>do</strong> mental abre campo para os desencarna<strong>do</strong>s menos felizes, que<br />

dele se aproveitam para se aproximarem, instalan<strong>do</strong>-se, ai assim, o desequilíbrio por<br />

obsessão.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Da Obsessão. FEB, 1995. Item<br />

237-240. Pág. 306-309.<br />

2. Allan Kardec. Obras Póstumas. Manifestações <strong>do</strong>s Espíritos. FEB<br />

1993. 1ª parte. Item 58, pág. 69-73.<br />

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3. Suely Caldas Schebert. Obsessão/ Desobsessão. As várias<br />

expressões de um mesmo problema. FEB, 1985. pág. 34-41.<br />

8.3. O processo obsessivo: O obsessor e o obsidia<strong>do</strong>: 1ª<br />

parte<br />

O problema da obsessão, sob qualquer aspecto, envolve obsessor e<br />

obsidia<strong>do</strong>. Quase sempre, evocações <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> estabelecem ligação entre o<br />

desencarna<strong>do</strong> e o encarna<strong>do</strong>. A influência que este último recebe é, inicialmente,<br />

sutil, mas aos poucos o envolvimento cerebral se acentua, até atingir um estágio de<br />

verdadeira vampirização, em que obsessor e obsidia<strong>do</strong> se completam. As causas da<br />

obsessão localizam-se, portanto, em processos morais lamentáveis, em que o<br />

persegui<strong>do</strong>r e a vítima deixaram-se envolver no pretérito. Reencontran<strong>do</strong>-se agora,<br />

e imanta<strong>do</strong>s pela Lei da Justiça Divina, iniciam-se as trocas mentais, muitas vezes já<br />

na vida intra-uterina, intercâmbio vibratório que se acentua a partir <strong>do</strong> nascimento<br />

durante a nova encarnação <strong>do</strong> obsidia<strong>do</strong>. Sob qualquer forma, desde a mais simples<br />

até a subjugação, a obsessão exige tratamento difícil, pois ambos, obsessor e<br />

obsidia<strong>do</strong>, são enfermos <strong>do</strong> Espírito.<br />

Na intensificação <strong>do</strong> processo obsessivo, justapõe-se sutilmente "(...) cérebro<br />

a cérebro, mente a mente, vontade <strong>do</strong>minante sobre vontade que se deixa <strong>do</strong>minar,<br />

órgão a órgão, através <strong>do</strong> perispírito (...). a cada cessão feita pelo hospedeiro, mais<br />

coercitiva se faz a presença <strong>do</strong> hóspede, que se transforma em parasita insidioso,<br />

estabelecen<strong>do</strong>, depois, e muitas vezes (...)" a simbiose através da qual o poder da<br />

vontade <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ra consegue apagar a lucidez <strong>do</strong> <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>. Em toda a obsessão,<br />

o encarna<strong>do</strong> conduz em si mesmo os fatores predisponentes (débitos morais a<br />

resgatar) que permitem o processo. Encontran<strong>do</strong> em sua vitima os<br />

condicionamentos, a predisposição e as defesas desguarnecidas, disso tu<strong>do</strong> se vale<br />

o obsessor para instalar a sua onda mental na mente da pessoa visada. A<br />

interferência dá-se por processo semelhante ao que acontece no rádio, quan<strong>do</strong> uma<br />

emissora clandestina passa a utilizar determinada freqüência operada por outra,<br />

prejudican<strong>do</strong>-lhe a transmissão. O persegui<strong>do</strong>r age com persistência para que se<br />

estabeleça a sintonia mental, envian<strong>do</strong> seus pensamentos numa repetição<br />

constante, hipnótica, à mente da vítima que, invigilante, assimila-os, deixan<strong>do</strong>-se<br />

<strong>do</strong>minar pelas idéias intrusas. Acrescenta Kardec que na obsessão o Espírito atua<br />

exteriormente, com a ajuda <strong>do</strong> seu perispírito, que ele identifica com o perispírito <strong>do</strong><br />

encarna<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong> este constrangi<strong>do</strong> a proceder contra a sua vontade.<br />

Perante os obsessores, é imperioso que se cultive a oração com carinho e<br />

devotamento. O Espírito encarna<strong>do</strong> tem necessidade de comunhão com Deus<br />

através da prece, tanto quanto o corpo físico necessita de ar puro para conservar a<br />

saúde. Na Terra, somos o que pensamos, permutan<strong>do</strong> vibrações que se<br />

harmonizam com outras vibrações afins. É indispensável, pois, cultivar bons<br />

pensamentos a fim de neutralizar as influências negativas <strong>do</strong>s que nos cercam na<br />

experiência diária. No exercício da oração, habituamo-nos também a meditar sobre<br />

as inadiáveis necessidades de libertação e de progresso.<br />

Ante os seres perturba<strong>do</strong>res <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> espiritual, é necessário cultivar a<br />

bondade, abrin<strong>do</strong> o coração ao perdão e à indulgência, de mo<strong>do</strong> a alcançar<br />

fraternidade e compreensão. É preciso renovar a disposição íntima para que, ao<br />

conversarmos com esses seres de mente em desalinho, através <strong>do</strong> pensamento ou<br />

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da palavra, saibamos compreendê-los, ajudan<strong>do</strong>-os quanto possível, com amor e<br />

humildade.<br />

O trabalho incansável pelo bem comum, inspira<strong>do</strong> no ensino trazi<strong>do</strong> pelos<br />

Espíritos superiores, conserva-nos a mente e o coração em Jesus, sintoniza<strong>do</strong>s com<br />

as esferas mais altas onde sorveremos as forças para vencer as agressões de que<br />

poderemos ser vitimas. Oran<strong>do</strong> e ajudan<strong>do</strong> conservaremos a nossa paz.<br />

Quan<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong> a auxiliar um obsidia<strong>do</strong>, não nos deve faltar a paciência, a<br />

compreensão, bem como a caridade da boa palavra e <strong>do</strong> passe. É imperioso,<br />

entretanto, contribuir para o seu próprio esclarecimento, insistin<strong>do</strong> para que ele<br />

próprio se ajude. Ele deve entender que, com o seu progresso, contribuirá para o<br />

aprimoramento <strong>do</strong> outro ser que, liga<strong>do</strong> a ele por imposição da Justiça Divina, tem<br />

necessidade de evoluir também.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. A Gênese. Obsessões e Possessões. FEB, 1995. Item 45,<br />

pág 304.<br />

2. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Nos Basti<strong>do</strong>res da Obsessão. Pelo Espírito de<br />

Manoel Philomeno de Miranda. Examinan<strong>do</strong> a obsessão. FEB, 1995. pág.<br />

31, 38 e 41.<br />

3. Suely Caldas Shubert. Obsessão/Desobsessão. O obsidia<strong>do</strong> (pág. 61); O<br />

processo obsessivo (pág. 50), Quem é o obsessor (pág. 69). FEB, 1985.<br />

8.4. O processo obsessivo: O obsessor e o obsidia<strong>do</strong>: 2ª<br />

parte<br />

A criança obsidiada<br />

Tal como acontece com outras enfermidades que afetam as crianças, um<br />

quadro obsessivo desperta em to<strong>do</strong>s nós um sentimento profun<strong>do</strong> de comiseração e<br />

o ímpeto de aliviar e proteger a criança. A criança obsidiada apresenta-se inquieta,<br />

irritada., com problema de comportamento impossíveis de serem explica<strong>do</strong>s pela<br />

Psicologia. Na verdade, as crianças nessas condições quase sempre já encarnaram<br />

aprisionadas pelas reminiscências de vidas anteriores, ou por recordações de<br />

tormentos que sofreram ou fizeram sofrer no Plano Espiritual. A nova existência<br />

atenua bastante os seus sofrimentos, constituin<strong>do</strong>-se em oportunidade de<br />

refazimento para o Espírito que poderá exercitar a paciência, a resignação e a<br />

humildade.<br />

As instituições espíritas podem prestar valioso auxílio às crianças obsidiadas,<br />

através <strong>do</strong> passe e da água fluidificada, mas é imprescindível que elas sejam<br />

tratadas com muito carinho e atenção. Para as crianças em geral, carinho e atenção<br />

constituem necessidades psicológicas básicas. Entretanto, aquelas que padecem na<br />

obsessão, justamente por estarem combalidas pelo sofrimento, têm maior<br />

necessidade de serem amadas.<br />

É fundamental nesses casos, a orientação espírita aos pais, para que<br />

entendam melhor, as dificuldades próprias da situação, e para que adquiram<br />

melhores condições de ajudar o filho e a si próprios, pois muito provavelmente são<br />

to<strong>do</strong>s cúmplices ou desafetos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, agora reuni<strong>do</strong>s em provação redentora.<br />

Os pais devem ser orienta<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> de fazerem o Culto <strong>do</strong> Evangelho no Lar, a<br />

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fim de beneficiarem o ambiente <strong>do</strong>méstico com recursos advin<strong>do</strong>s da espiritualidade<br />

superior. As aulas de evangelização ministradas nos <strong>Centro</strong>s <strong>Espírita</strong>s poderão<br />

também proporcionar à criança esclarecimentos e conforto necessários à superação<br />

das dificuldades que enfrenta.<br />

EFEITOS DA OBSESSAO E DA AUTO-OBSESSÃO<br />

A transformação <strong>do</strong> corpo espiritual num corpo ovóide pode ocorrer nos<br />

seguintes casos:<br />

01. O homem selvagem quan<strong>do</strong> retorna, após a morte <strong>do</strong> corpo físico, ao<br />

plano espiritual, sente-se atemoriza<strong>do</strong> diante <strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> primitivo, só<br />

tem condições de pensar em termos da vida tribal a que se habituou. Refugia-se, por<br />

isso, na choça que lhe serviu de moradia terrestre. Anseia por voltar ao convívio <strong>do</strong>s<br />

seus, e alimenta-se das vibrações <strong>do</strong>s que lhe são afins. Nestas condições,<br />

estabelece-se o monoideísmo, isto é, a idéia fixa, abstrain<strong>do</strong>-se de tu<strong>do</strong> o mais. O<br />

pensamento que lhe flui da mente permanece em circuito fecha<strong>do</strong>, continuamente. É<br />

o monoideísmo auto-hipnotizante. Não haven<strong>do</strong> outros estímulos, os órgãos <strong>do</strong><br />

corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, tal como acontece aos órgãos <strong>do</strong> corpo<br />

físico quan<strong>do</strong> paralisa<strong>do</strong>s. Aos poucos, esses órgãos transubstanciam-se quais<br />

implementos potenciais de um germe vivo entre as paredes de um ovo. Diz-se então<br />

que o desencarna<strong>do</strong> perdeu seu corpo espiritual, transforman<strong>do</strong>-se num corpo<br />

ovóide. Esta forma guarda consigo to<strong>do</strong>s os órgãos de exteriorização da alma, tanto<br />

no plano espiritual quanto no terrestre, tal como a semente que traz em si a árvore<br />

<strong>do</strong> futuro.<br />

02. Espíritos desencarna<strong>do</strong>s, em profun<strong>do</strong> desequilíbrio, fixa<strong>do</strong>s em desejos<br />

de vingança ou em apegos <strong>do</strong>entios, envolvem ou influenciam aqueles que lhes são<br />

objeto de perseguição ou atenção, e auto-hipnotizam-se com as próprias idéias, que<br />

se repetem indefinidamente. É novamente o monoideísmo auto-hipnotizante. Em<br />

conseqüência. o corpo espiritual se retrai, assemelhan<strong>do</strong>-se eles a ovóides<br />

imanta<strong>do</strong>s às próprias vitimas que, em geral, aceitam-lhes a influenciação por serem<br />

porta<strong>do</strong>res de sentimentos de culpa, remorso ou ódio, fatores predisponentes ao<br />

fenômeno obsessivo.<br />

03. Grandes criminosos, ao desencarnar, poderão ver-se atormenta<strong>do</strong>s pela<br />

visão repetida e constante <strong>do</strong>s próprios erros, em alucinações que os tornam<br />

dementa<strong>do</strong>s. O pensamento vicioso pode resultar no monoideísmo auto-hipnotizante<br />

e, tal como nos casos anteriores, o corpo espiritual contrai-se, consubstancian<strong>do</strong>-se<br />

em ovóides.<br />

Entende-se, portanto, por ovóide, a atrofia ou retração <strong>do</strong> corpo espiritual<br />

(perispírito) provocada pelo pensamento fixo-depressivo, em circuito fecha<strong>do</strong>, no<br />

qual o Espírito desencarna<strong>do</strong> abstrair-se de tu<strong>do</strong> o mais para deter-se<br />

exclusivamente num desejo ou numa idéia de natureza inferiorizante.<br />

Os obsessores desencarna<strong>do</strong>s utilizam-se desses ovóides para intensificar o<br />

cerco às suas vítimas, imantan<strong>do</strong>-os a elas. Instala-se então o chama<strong>do</strong> parasitismo<br />

espiritual, através <strong>do</strong> qual o obsidia<strong>do</strong> passa a viver o clima cria<strong>do</strong> pelos obsessores<br />

e agrava<strong>do</strong> pelas ondas mentais altamente perturba<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s ovóides. É uma<br />

subjugação gravíssima que pode lesar o cérebro ou outros órgãos que estejam<br />

sen<strong>do</strong> visa<strong>do</strong>s. Só através da reencarnação é que os ovóides poderão plasmar outra<br />

vez o perispírito, juntamente com a nova forma carnal.<br />

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Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Idiotismo e loucura. FEB, 1994.<br />

Questões 371-378, págs 207-209.<br />

2. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Nos Basti<strong>do</strong>res da Obsessão. Pelo Espírito de<br />

Manoel Philomeno de Miranda. Examinan<strong>do</strong> a obsessão. FEB, 1995. pág.<br />

30.<br />

3. Suely Caldas Shubert. Obsessão/Desobsessão. A criança obsidiada<br />

(pág. 65-66); Os ovóides (pág. 82-83). FEB, 1985.<br />

4. Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier. Evolução em Dois Mun<strong>do</strong>s. Pelo Espírito de<br />

André Luiz. Alma e desencarnação (págs 87-94); Ovóide (pág 91 e 117).<br />

FEB, 1995.<br />

8.5. Obsessão e loucura<br />

A obsessão é capaz de provocar a loucura.<br />

A Ciência Médica, entretanto, sequer leva em consideração este fato. Mesmo<br />

porque não admite, ainda, a sobrevivência <strong>do</strong> Espírito. Esta relutância na admissão<br />

<strong>do</strong> fenômeno obsessivo leva a sociedade científica a considerar o problema da<br />

loucura limitadamente. Segun<strong>do</strong> Bezerra de Menezes" (...) Até hoje, a Ciência só<br />

conhece a loucura que resulta, de um mo<strong>do</strong> permanente, da perturbação <strong>do</strong><br />

pensamento, com sua sede no cérebro.<br />

Podem variar causas e formas, mas o esta<strong>do</strong> patológico <strong>do</strong> indivíduo é<br />

sempre o mesmo: a loucura caracterizada pela perturbação mental e pela sede no<br />

cérebro.<br />

Sem que o cérebro sofra, não pode haver, para a Ciência, o fenômeno<br />

psíquico-patológico da loucura. (..)"<br />

Ainda que dentro da sociedade científica exista a constatação de loucura sem<br />

o comprometimento cerebral, tal fato não e admiti<strong>do</strong> claramente. E é justamente<br />

neste ponto que os diagnósticos e prognósticos médicos se tornam falhos.<br />

Quan<strong>do</strong> os profissionais de medicina conseguem detectar lesões no cérebro<br />

podem estabelecer uma conduta clinica, seja terapêutica, seja cirúrgica. Quan<strong>do</strong><br />

porém a loucura se manifesta e não se encontram lesões físicas no sistema<br />

nervoso, torna-se difícil, senão impossível, de se estabelecer um tratamento médico.<br />

A loucura, pois, se manifesta de duas maneiras distintas: com e sem lesão<br />

cerebral. Bezerra sugere na obra "A Loucura Sob Novo Prisma", citada<br />

anteriormente, que para casos distintos haja, naturalmente, tratamentos diferentes:<br />

os problemas orgânicos-cerebrais devem ser trata<strong>do</strong>s com os cuida<strong>do</strong>s que<br />

requerem, por médicos. Já nos casos em que o problema não é físico deve-se<br />

proceder de forma a levar em conta as causas extra-físicas atuantes. Ora o cérebro<br />

como órgão físico não é o centro da inteligência humana, visto ser ele apenas mais<br />

um instrumento de que se serve a alma. É, pois, ela quem pensa raciocina, imagina,<br />

servin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> cérebro. Portanto, estan<strong>do</strong> ele com alguma perturbação ou lesão, é<br />

natural que o desempenho da alma seja também afeta<strong>do</strong> por não poder se<br />

manifestar adequadamente com um instrumento que se encontre danifica<strong>do</strong>.<br />

A obsessão, contu<strong>do</strong>, traz complicações que dificultam e tornam mais<br />

complica<strong>do</strong> o caso em si. Não que ela seja por si só a loucura, mas a sua<br />

progressão para estágios mais adianta<strong>do</strong>s como a subjugação, e sem o devi<strong>do</strong><br />

tratamento, podem levar a casos de loucura. É o que nos transmite Kardec em "O<br />

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Livro <strong>do</strong>s Médiuns": Entre os que são ti<strong>do</strong>s por loucos, muitos há que apenas são<br />

subjuga<strong>do</strong>s; precisam de um tratamento moral (Espiritual), enquanto que com os<br />

tratamentos corporais os tornamos verdadeiros loucos. Quan<strong>do</strong> os médicos<br />

conhecem bem o Espiritismo, saberão fazer essa distinção e curarão mais <strong>do</strong>entes.<br />

Nos casos de obsessão, portanto, o que vai determinar a perturbação na<br />

transmissão <strong>do</strong> pensamento, é interposição <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Espírito obsessor, entre o<br />

agente (alma) e o instrumento (cérebro), de mo<strong>do</strong> que fica interrompida a<br />

comunicação regular <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is.<br />

A alma pensa mas seu pensamento só se manifesta de maneira truncada,<br />

imperfeitamente, em razão da barreira imposta pelo obsessor.<br />

“(...) Temos, portanto, que tanto na loucura, como na obsessão, o Espírito é<br />

lúci<strong>do</strong> e que, tanto num como noutro caso, o mal consiste na irregularidade da<br />

transmissão ou manifestação <strong>do</strong> pensamento”.<br />

E temos mais, que tal irregularidade é devida, num caso, a incapacidade<br />

material <strong>do</strong> cérebro para receber e transmitir fielmente as cogitações <strong>do</strong> Espírito, e<br />

noutro caso tu<strong>do</strong> se limita a não poderem aquelas cogitações chegar integralmente<br />

ao cérebro.<br />

Devemos considerar, ainda, que a ação persistente e malfazeja de um<br />

Espírito sobre outro poderá, com o passar <strong>do</strong> tempo, produzir lesões físicas, às<br />

vezes, irreversíveis.<br />

As obsessões estão também referenciadas no Novo Testamento com o nome<br />

de possessões. Em alguns casos narra<strong>do</strong>s a obsessão está bem evidenciada.<br />

Citemos alguns exemplos, a título de ilustração.<br />

Em Marcos. 1:21-27 e Lucas, 4:33-36, está narrada a cura que Jesus<br />

proporcionou a um endemonia<strong>do</strong> em Cafarnaum. O endemonia<strong>do</strong>, Espírito imun<strong>do</strong><br />

ou demônio imun<strong>do</strong> são maneiras denominar o que hoje chamamos de obsessor.<br />

Mateus, 9:32-34, há um relato da cura de mu<strong>do</strong> endemonia<strong>do</strong>. Neste<br />

exemplo, o obsessor constrangia o obsidia<strong>do</strong> a não fazer uso da palavra.<br />

Há outra narrativa, encontrada em Mateus, 12:22-28, em que o obsidia<strong>do</strong>,<br />

subjuga<strong>do</strong> pelo obsessor, fica mu<strong>do</strong> e cego.<br />

Em todas estas narrativas destaca-se a figura ímpar de Jesus que com sua<br />

bondade e força moral libertava obsessores e obsidia<strong>do</strong>s, curan<strong>do</strong>-os, porque "(...) A<br />

imensa superioridade <strong>do</strong> Cristo lhe dava tal autoridade sobre os Espíritos<br />

imperfeitos. chama<strong>do</strong>s então demônios, que lhe bastava ordenar se retirassem para<br />

que não pudessem resistir a essa injunção.”<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Médiuns. Da Obsessão. FEB, 1995. Item 254<br />

(6ª), pág. 323.<br />

2. Allan Kardec. A Gênese. Possessos. FEB, 1995. Item 33 e 34. Pág330<br />

3. A<strong>do</strong>lfo Bezerra de Menezes. A Loucura Sob Novo Prisma. Ao leitor (pág.<br />

11); Obsessão (pág. 163-164). FEB, 1993.<br />

8.6. Obsessão: Profilaxia e Terapêutica<br />

Neutralizar a influência <strong>do</strong>s Espíritos de natureza inferior, equivale a prevenir<br />

a obsessão. Para tanto, é necessário <strong>–</strong> conforme resposta dada a Kardec em<br />

relação à questão 469 de O Livro <strong>do</strong>s Espíritos <strong>–</strong> fazer o bem e colocar toda a nossa<br />

confiança em Deus. Aconselha ainda o benfeitor espiritual: “(...) Guardai-vos de<br />

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atender às sugestões <strong>do</strong>s Espíritos que vos suscitam os maus pensamentos, que<br />

sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai,<br />

especialmente, <strong>do</strong>s que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo<br />

la<strong>do</strong> fraco. (...)"<br />

A obsessão decorre sempre, como já vimos, de uma imperfeição moral que<br />

favorece a ação <strong>do</strong> obsessor, por uma questão de sintonia. Deriva daí, para o<br />

obsidia<strong>do</strong>, a necessidade de trabalhar para melhorar a si próprio, o que muitas<br />

vezes basta para livrá-lo <strong>do</strong> obsessor, sem o socorro de terceiros. Este socorro,<br />

entretanto, torna-se necessário quan<strong>do</strong> a obsessão progride para subjugação ou<br />

possessão, pois nesse caso o obsidia<strong>do</strong> perde a vontade e o livre-arbítrio. Nos<br />

casos graves de obsessão, o obsidia<strong>do</strong> fica como que envolto e impregna<strong>do</strong> de um<br />

flui<strong>do</strong> pernicioso <strong>do</strong> qual é preciso desembaraçá-la. Para isso faz-se necessária a<br />

atuação de um flui<strong>do</strong> bom, capaz de neutralizar o mau flui<strong>do</strong>, o que pode ser obti<strong>do</strong><br />

através da terapêutica <strong>do</strong> passe.<br />

O passe, ensina-nos André Luiz, como gênero de auxílio sem qualquer contra<br />

indicação, é sempre valioso no tratamento devi<strong>do</strong> aos enfermos de toda classe.<br />

Obsessor e obsidia<strong>do</strong>, sabemos nós, são enfermos da alma e, portanto, beneficiamse<br />

com o passe. Dificilmente, porém, basta uma ação mecânica; é necessário atuar<br />

sobre o ser inteligente, ao qual é preciso falar com autoridade. Essa autoridade, não<br />

a possui quem não tenha superioridade moral. Quanto maior o aprimoramento moral<br />

<strong>do</strong> socorrista, maior também a sua autoridade.<br />

Mas ainda não é tu<strong>do</strong>. Para assegurar a cura <strong>do</strong> processo obsessivo, é<br />

indispensável que o obsessor seja convenci<strong>do</strong> a renunciar aos seus desígnios, que<br />

se arrependa sinceramente <strong>do</strong>s prejuízos causa<strong>do</strong>s à sua vitima, que aprenda a<br />

per<strong>do</strong>ar e a desejar o bem. As instruções habilmente ministradas poderão auxiliá-lo<br />

na retomada <strong>do</strong> processo evolutivo. O trabalho torna-se mais fácil quan<strong>do</strong> o<br />

obsidia<strong>do</strong>, compreenden<strong>do</strong> a situação, procura auxiliar com a sua vontade e com a<br />

prece. As dificuldades, entretanto, serão muito grandes quan<strong>do</strong> o Espírito <strong>do</strong>mina<strong>do</strong><br />

se ilude com as qualidades <strong>do</strong> seu obsessor e se compraz no erro a que foi<br />

conduzi<strong>do</strong>.<br />

Em to<strong>do</strong>s os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que<br />

dispomos para demover o obsessor <strong>do</strong>s seus propósitos maléficos. Em to<strong>do</strong>s os<br />

casos também, a necessidade primordial <strong>do</strong> Espírito e cultivar o amor fraternal, para<br />

que se veja cura<strong>do</strong> das enfermidades que o prejudicam. Somente o amor, tal como<br />

ensina<strong>do</strong> e exemplifica<strong>do</strong> por Jesus, conseguirá harmonizar obsessores e<br />

obsidia<strong>do</strong>s, pon<strong>do</strong> fim às vinganças, aos sofrimentos, às perseguições e às dívidas<br />

<strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. Eis porque os ensinos evangélicos poderão prestar excelente<br />

contribuição na terapêutica da obsessão.<br />

Fontes de consulta<br />

1. Allan Kardec. A Gênese. Obsessões e Possessões. FEB, 1995. Item 46,<br />

pág 305-306.<br />

2. Allan Kardec. O Livro <strong>do</strong>s Espíritos. Da intervenção <strong>do</strong>s Espíritos. FEB<br />

1994. Questão 469, pág. 248-249.<br />

3. Dival<strong>do</strong> Pereira Franco. Sementeira da Fraternidade. Dita<strong>do</strong> por Espírito<br />

diversos. Alienação por obsessão. Alvorada, 1979. pág. 31-42.<br />

4. Suely Caldas Shubert. Obsessão/Desobsessão. A terapêutica <strong>Espírita</strong>.<br />

FEB, 1995. Págs. 87 a 122.<br />

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