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Rosh Hashaná & Yom Kipur - Congregação Judaica do Brasil

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KOL 5769<br />

<strong>Rosh</strong> <strong>Hashaná</strong> & <strong>Yom</strong> <strong>Kipur</strong><br />

edição especial • ELUL 5768 • SETEMBRO 2008


Novo Ano. Novo tu<strong>do</strong>.<br />

Este Kol tem a incumbência de informá-los sobre nossas atividades<br />

durante as Grandes Festas, os Iamim Noraim, os Dias Intensos.<br />

Além disso, traz algumas reflexões sobre esse perío<strong>do</strong> de <strong>do</strong>bra-<strong>do</strong>-tempo,<br />

o que na tradição mística se denomina: Binian ha-Malchut, a reconstrução<br />

de uma nova plataforma e moldura para nossa existência.<br />

Adiante você encontrará reflexões sobre o tempo, a identidade<br />

e a responsabilidade, os três eixos pivotantes da consciência<br />

e também destes Dias Intensos.<br />

Que esta leitura lhe inspire junto com nossos serviços a um ano de<br />

renovação e ousadia. Um ano que não passe em branco, mas cujo<br />

conteú<strong>do</strong> valha o sagra<strong>do</strong> de sua existência.<br />

Nilton Bonder<br />

ErEV rosH HAsHANÁ<br />

rosH HAsHANÁ<br />

tAsHLICH<br />

KoL NIDrEI<br />

<strong>Yom</strong> KIPur<br />

29 sEtEmbro segunda-feira<br />

18h30 | sHeraTOn<br />

30 sEtEmbro Terça-feira<br />

8h30 | sHeraTOn<br />

18h30 | CJB<br />

01 outubro quarTa-feira<br />

4h30 | arPOadOr<br />

8h30 | CJB<br />

08 outubro quarTa-feira<br />

18h | sHeraTOn<br />

09 outubro quinTa-feira<br />

8h | sHeraTOn


IN EIN ANI LI mILI<br />

chAIM KATz<br />

comemoram-se este ano os sessenta<br />

anos da existência de Israel como Esta<strong>do</strong><br />

e os sessenta anos da Declaração de Universal<br />

<strong>do</strong>s Direitos humanos. Se tais fatos<br />

derivaram de um conjunto de reflexões,<br />

dependem também de um complexo regime<br />

de ações. Numerosos judeus se dedicaram<br />

a desejar e pensar, por mais de <strong>do</strong>is<br />

milênios, uma terra própria única, onde se<br />

fariam nação judaica, sem sofrer exclusões,<br />

perseguições e matanças. Israel só se<br />

tornou possível através de atos, o que implicou<br />

em muitos e varia<strong>do</strong>s nascimentos<br />

e outros tantos sacrifícios e mortes. Isto é<br />

similar ao que se elaborou na DUDh, produto<br />

de grandes reflexões e ideais generosos,<br />

mas que pediu e ainda requer lutas<br />

permanentes para suas postulações. cada<br />

um dessas manifestações se afirmou desde<br />

gestos individuais, que convergiram<br />

para um espaço comum, mas cuja emergência<br />

ainda suscita dúvidas, discordâncias,<br />

conflitos e oposições. Servem as duas<br />

datas judaicas, que agora festejamos,<br />

como ocasião para uma reflexão acerca<br />

chaim samuel katz é psicanalista e escritor,<br />

<strong>do</strong>utor pela UFRJ, publicou 7 livros e cerca de outros<br />

40 em co-autoria. Autor de Nazismo e Psicanálise,<br />

Ética e Psicanálise, Coração Distante entre outros.<br />

<strong>do</strong> destino atual <strong>do</strong> nosso povo. Pensemos<br />

quanta luta para fazer valer uma afirmação<br />

comum, que pareceria estar “naturalmente”<br />

validada pelos direitos universais,<br />

postos sob forma racional. O que isto pode<br />

nos fazer refletir e quais os limites de nossas<br />

reflexões? Paralelamente à busca <strong>do</strong><br />

perdão, <strong>do</strong> auto-per<strong>do</strong>amento e da inscrição<br />

no livro da vida, é preciso examinar<br />

como os outros nos verificam e suportam,<br />

quais são as condições em que nos permitem<br />

viver, como povo e nação, de como<br />

inúmeros indivíduos e agrupamentos<br />

ainda nos consideram como estrangeiros.<br />

Mas temos que saber que vivemos, especialmente,<br />

porque podemos agir sobre<br />

nossas próprias condições de existência,<br />

nos oferecer garantias (ainda que limitadas)<br />

como humanos e, de mo<strong>do</strong> especial,<br />

como judeus. Os porquês da insistência<br />

<strong>do</strong> anti-semitismo depois <strong>do</strong>s campos<br />

de concentração e extermínio, eis uma<br />

reflexão em ato que exige consideração<br />

permanente. Eis porque <strong>Rosh</strong> hashaná e<br />

<strong>Yom</strong> <strong>Kipur</strong> resumem, mesmo que parcialmente,<br />

as preocupações coletivas permanentes<br />

<strong>do</strong>s judeus religiosos e laicos.


tempo & judaismo<br />

MOAcYR ScLIAR<br />

As culturas antigas tinham a visão <strong>do</strong> tempo como uma coisa cíclica, com um “eterno<br />

retorno” a uma mítica época de ilimitada felicidade. O judaísmo introduz nisto<br />

uma modificação importante: a idéia de que o tempo avança. Isto fica muito claro<br />

no Antigo Testamento. No Gênesis aparecem mitos e lendas que o judaísmo partilhou,<br />

e partilha, com outros grupos humanos, às vezes muito distantes no tempo<br />

e no espaço. O dilúvio, por exemplo, é menciona<strong>do</strong> em numerosas lendas não só<br />

<strong>do</strong> Oriente Médio como também nos relatos de tribos indígenas brasileiras. Mas<br />

depois a narrativa bíblica adquire um caráter mais objetivo, mais factual. Os acontecimentos<br />

ali escritos, os personagens que ali aparecem, são reais, sua existência<br />

pode ser comprovada. conclusão: existe uma história, com h maiúsculo, diferente<br />

daquilo que Guimarães Rosa chamava de “estória” (corresponden<strong>do</strong> ao inglês history<br />

e story) e esta história precisa ser conhecida, estuda<strong>do</strong>, senão como uma ciência<br />

exata, então ao menos como reflexo <strong>do</strong>s condicionamentos – biológicos, psicológicos,<br />

sociais, espirituais – que governam a humanidade. Porque, e esta é uma<br />

decorrência importante deste conceito, o progresso é possível, a condução humana<br />

pode ser aperfeiçoada. Desta evolução, o judaísmo dá testemunho, um testemunho<br />

basea<strong>do</strong> num sofrimento que não é pequeno. O que temos aqui é um pequeno<br />

grupo humano que, hostiliza<strong>do</strong>, persegui<strong>do</strong>, massacra<strong>do</strong>, manteve princípios<br />

que vinham de um passa<strong>do</strong> remoto, e que se traduziam, por exemplo, nos corajosos<br />

pronunciamentos <strong>do</strong>s profetas que não hesitavam em denunciar a iniqüidade<br />

e a injustiça. Não é de admirar que muitos reforma<strong>do</strong>res sociais tivessem origem<br />

judaica. Mesmo erran<strong>do</strong>, eles não perdiam a visão de um futuro melhor. E este futuro,<br />

como constatamos neste ano que marcou os sessenta anos de Israel, chegou<br />

também para o próprio judaísmo, que, guardião <strong>do</strong> tempo, mostrou que os tempos<br />

mudam – e em geral para melhor, para muito melhor.<br />

moacyr scliar é um <strong>do</strong>s mais conheci<strong>do</strong>s escritores brasileiros<br />

da atualidade. Publicou mais de 70 livros e em 2003 foi eleito<br />

para a Academia <strong>Brasil</strong>eira de Letras. Suas obras freqüentemente<br />

abordam a imigração judaica no <strong>Brasil</strong>, entre outros assuntos.<br />

O autor já teve obras suas traduzidas para <strong>do</strong>ze idiomas.


o quE são os juDEus<br />

BERNARDO SORJ<br />

Para definir algo ou alguém usamos sistemas<br />

classificatórios, isto é, conceitos que<br />

nos permitem identificar uma entidade<br />

como parte de um conjunto de fenômenos<br />

similares e diferenciá-la <strong>do</strong> resto. Por<br />

nossa própria experiência sabemos que<br />

to<strong>do</strong>s os sistemas classificatórios são limita<strong>do</strong>s,<br />

ninguém gosta de ser “enquadra<strong>do</strong>”,<br />

pois cada realidade individual é<br />

multifacetária e em constante mutação.<br />

Também sabemos pela nossa experiência<br />

que conceitos gerais escondem uma<br />

enorme variedade de fenômenos distintos<br />

e que, se bem eles são necessários, são<br />

sempre estreitos para pensar os grandes<br />

fenômenos culturais.<br />

No caso <strong>do</strong> judaísmo pensamos geralmente<br />

em religião, povo, etnia ou identidade<br />

coletiva. Por que esta variedade de<br />

definições? Porque cada corrente no interior<br />

<strong>do</strong> judaísmo – e cada judeu – enfatiza<br />

dimensões diferentes <strong>do</strong> que seja sua “essência”.<br />

Mas o problema é que nenhuma<br />

definição é suficiente para delimitar na<br />

prática a riqueza da condição e da cultura<br />

judia. Senão vejamos: um judeu religioso<br />

ultra-orto<strong>do</strong>xo continua consideran<strong>do</strong><br />

judeu alguém que se define como ateu<br />

e anti-religioso, se ele nasceu judeu de<br />

acor<strong>do</strong> com as regras da tradição rabínica<br />

orto<strong>do</strong>xa. Por sua vez grande parte <strong>do</strong>s<br />

judeus que não se consideram religiosos<br />

participam, em maior ou menor medida,<br />

de ritos e cerimônias com conteú<strong>do</strong>s<br />

ou origens religiosos. O Esta<strong>do</strong> de Israel<br />

considera como judeu, com direito de “retorno”<br />

a Israel, uma pessoa com um avô<br />

judeu, enquanto o establishment religioso<br />

<strong>do</strong> mesmo país, que certifica quem é<br />

judeu, só aceita como tal aqueles que<br />

nasceram de mãe judia.<br />

Em suma, o judaísmo não se enquadra<br />

dentro <strong>do</strong>s sistemas classificatórios rígi<strong>do</strong>s<br />

e unívocos. cada vez que procuramos<br />

encontrar um conceito que defina o que<br />

seja judaísmo, o que estamos de fato fazen<strong>do</strong><br />

é enfatizar algum aspecto específico<br />

que mais valorizamos no judaísmo,<br />

esquecen<strong>do</strong> que em primeiro lugar ele é<br />

constituí<strong>do</strong> por sentimentos e emoções<br />

não definíveis com palavras, nem reduzíveis<br />

a uma corrente. Nunca devemos perder<br />

de vista que, apesar da definição dada<br />

por cada grupo ou indivíduo, o judaísmo<br />

na realidade da vida das pessoas é um híbri<strong>do</strong>,<br />

onde de alguma forma estarão presentes<br />

os mais varia<strong>do</strong>s componentes da<br />

experiência, cultura e psicologia de uma


entidade que possui três mil anos de história.<br />

As formas em que elas permeiam a<br />

vida de cada pessoa que se considera judeu<br />

são múltiplas e pessoais e mudam no<br />

decorrer <strong>do</strong> contexto biográfico e histórico.<br />

Em suma, o judaísmo é uma experiência<br />

emocional de identificação com uma<br />

entidade que foge às definições, mas dentro<br />

<strong>do</strong> qual se encontram to<strong>do</strong>s aqueles<br />

que de uma forma ou outra se sentem<br />

incluí<strong>do</strong>s dentro dela.<br />

Isto porque o judaísmo moderno se fragmentou<br />

e to<strong>do</strong>s seus fragmentos formam<br />

parte <strong>do</strong> judaísmo. A unidade <strong>do</strong> judaísmo<br />

só pode se dar pelo reconhecimento<br />

da contribuição de cada fragmento à vida<br />

judaica, ainda que muitas vezes parte <strong>do</strong><br />

que outro acredita ou pratique fira nossa<br />

sensibilidade. Em lugar de nos preocupar<br />

com a fragmentação, devemos celebrá-la,<br />

pois é ela que gera a riqueza e vitalidade<br />

de um pequeno grupo forma<strong>do</strong> por 13 milhões<br />

de pessoas. O que não significa que<br />

devemos evadir o confronto de idéias e<br />

críticas, pois elas são fundamentais para<br />

o auto-esclarecimento, e – por que não?<br />

– o proselitismo, mas sem procurar querer<br />

retirar <strong>do</strong> outro a legitimidade de sua<br />

forma de expressar seu judaísmo.<br />

Bernar<strong>do</strong> sorj é sociólogo<br />

e autor de mais de 100<br />

artigos e 20 livros, entre eles<br />

judaismo para o Séc XXI,<br />

em parceria com o rabino<br />

Nilton Bonder.


frEuD E A INVENção<br />

DA juDEIDADE<br />

BETTY FUKS<br />

Quan<strong>do</strong> lhe perguntavam sobre sua identidade<br />

judaica, Freud respondia ser impossível<br />

defini-la, ainda que se reconhecesse<br />

como judeu pelo fato de estar constantemente<br />

disposto a lutar contra “bezerros<br />

de ouro”, fossem eles externos ou internos<br />

ao próprio povo judeu. Na verdade, Freud<br />

criou uma maneira de praticar e demonstrar<br />

que judeu ele era, inclassificável dentro<br />

daquilo que, em seu tempo, e ainda no<br />

nosso chama-se de judaísmo. Esse traço<br />

fundamentalmente positivo na construção<br />

de sua judeidade – o mo<strong>do</strong> como cada<br />

qual vive o judaísmo – teve participação<br />

direta na invenção da psicanálise sob a<br />

forma de um devir-judeu, isto é, sob a configuração<br />

da realidade processual que implica<br />

na quebra de modelos prévios e no<br />

desafio de reiventar-se outro.<br />

Pode-se dizer que a prática psicanalítica<br />

leva o sujeito ao encontro <strong>do</strong> que lhe<br />

é, para<strong>do</strong>xalmente, familiar e estranho; o<br />

face a face com o desconheci<strong>do</strong>, o que está<br />

para além da i<strong>do</strong>latria <strong>do</strong> eu. Esta experiência<br />

é comumente designada de “exílio”,<br />

na medida em que através dela o sujeito<br />

vivencia a separação radical em relação ao<br />

idêntico. Trata-se de um aprendiza<strong>do</strong> de<br />

alteridade análogo ao que se pode apreender<br />

<strong>do</strong> episódio bíblico de Jacó com o<br />

Anjo. Jacó, conforme a leitura <strong>do</strong> filósofo<br />

Lévinas, ao receber o nome Israel nomeia o<br />

que é mais forte que a morte: “a urgência<br />

de um destino que leva a outrem e não a<br />

um eterno retorno sobre si”. Jacó torna-se<br />

um outro pelo <strong>do</strong>m da palavra.<br />

A interpretação <strong>do</strong> Texto na cultura judaica<br />

costuma introduzir diferenças no<br />

seio da tradição. cada leitor reescreve e<br />

renova a Escritura, crian<strong>do</strong>, trocan<strong>do</strong> com<br />

o outro e com o mun<strong>do</strong> mas sem jamais<br />

desta se apropriar; apenas asseguran<strong>do</strong><br />

às gerações futuras, a transmissão da Lei.<br />

Essa marca <strong>do</strong> judaísmo como expressão<br />

<strong>do</strong> “vir-a-ser”, Freud, seguin<strong>do</strong> o adágio de<br />

Goethe que costumava citar – “Aquilo que<br />

herdastes de teus ancestrais, conquista-o<br />

para fazê-lo teu” – se apropriou e a transformou,<br />

de acor<strong>do</strong> com as urgências de<br />

seu tempo.<br />

De fato, Freud fez bom uso da palavra ao<br />

implantar o dispositivo de leitura da escrita<br />

<strong>do</strong> inconsciente como méto<strong>do</strong> de cura.<br />

O trabalho de interpretação dessa escrita<br />

não consiste em pensar, calcular ou julgar,<br />

mas unicamente transformar. Trata-se de<br />

uma intervenção capaz de levar o sujeito<br />

a se reinventar. Reinvenção que garante o<br />

porvir da psicanálise como prática de desidentificação<br />

e desejo de diferença.<br />

Bett B. Fuks, Psicanalista, Professora de Mestra<strong>do</strong><br />

em Psicanálise Saúde e Sociedade (UVA-RJ). Ensaísta.<br />

Autora de Freud e a judeidade, vocação <strong>do</strong> exílio<br />

(zahar, 2000)e Freud e a Cultura (zahar, 2002)


EPACtuAr Com A VIDA<br />

NILTON BONDER No Ano Novo será inscrito<br />

e no dia de jejum de <strong>Kipur</strong>, será confirma<strong>do</strong>.<br />

Quantos? Quem?<br />

A existência para um ser humano não é um fenômeno meramente biológico. Por biológico<br />

entenda-se a progressão de desenvolvimentos previamente programa<strong>do</strong>s e a<br />

interação entre potencias e meio ambiente. A existência humana percebida por sua<br />

consciência não se mede <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> para o futuro, mas, ao contrário, <strong>do</strong> futuro ao<br />

presente. como faz o escriba que para conter na linha aquilo que tem que ser conti<strong>do</strong>,<br />

de certo ponto em diante, escreve <strong>do</strong> final para o meio. Fazer conter todas as letras<br />

na limitação da linha e <strong>do</strong> papel é aceitar a moldura e a limitação onde habitam a<br />

essência e o senti<strong>do</strong>.<br />

Inscrever-se neste livro significa que nossa natureza não permite nos entregarmos<br />

ao tempo. como não podemos também desafiá-lo, tentamos colocar nele suficiente de<br />

nós mesmos para que ele não nos perca e nos dissipe num encadeamento de momentos,<br />

dias, semanas e meses sem que nos façamos inscritos.<br />

O Livro da Vida pressupõe prosa e ficção, propõe relato e versão, pressupõe responsabilidade<br />

e o reverso da indiferença. Não queremos ficar fora <strong>do</strong> Livro, porque é nele<br />

que está o reflexo de nossa identidade e de nossa consciência. A Vida sem um Livro<br />

onde tu<strong>do</strong> se inscreva é uma vida que se dissipa num universo frio e em expansão. Na<br />

ignorância <strong>do</strong> que neste cosmos exista, me permito dizer que nada é mais resistente<br />

à desordem e ao aleatório <strong>do</strong> que esta literatura onde as vidas devem se fazer contidas.<br />

Querer estar neste livro é não ser aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> ao tohu vavohu, à entropia que<br />

desperdiça. Bereshit não é apenas o começo <strong>do</strong> universo, é o começo <strong>do</strong> Livro onde nos<br />

percebemos. A Tora é o relato <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, mas é também holograficamente este Papiro<br />

da Vida, Ets haym, <strong>do</strong> qual lemos, mas acima de tu<strong>do</strong>, no qual nos inscrevemos. E o<br />

Deus que nos dá um Livro é generoso e compassivo – talvez o alívio que acompanha o<br />

ferimento da consciência.<br />

Seja como for, que ao tocar <strong>do</strong> shofar você se sinta incluí<strong>do</strong> e que seu destino não<br />

esteja às margens. E se estiver, que a tshuvá (o retorno que alinha), a tefilá (a cantilena<br />

que tabula) e a tsedaká (a não indiferença que configura) possam reformatar este texto<br />

e repaginá-lo para que lá estejas. E que o édito <strong>do</strong> vazio da desesperança e da apatia seja<br />

reverti<strong>do</strong> por mais um ano. Um ano que não será mais tempo biológico, mas um tempo<br />

consagra<strong>do</strong> em altar, tal como um ciclo, uma maça, a<strong>do</strong>çada em senti<strong>do</strong>, em mel.<br />

nilton Bonder, Rabino da congregação<br />

<strong>Judaica</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> e escritor.


PROGRAMAçãO DE suKot NA cJB<br />

ErEV suKot<br />

sACHArIt<br />

sACHArIt<br />

sHAbAt NA suKÁ<br />

sACHArIt DE sHAbAt<br />

chOL hA-MOED<br />

sACHArIt<br />

chOL hA-MOED<br />

jANtAr NA suKÁ<br />

sACHArIt<br />

hOShANA RABA<br />

sACHArIt<br />

ShMINI hATSERET<br />

fEstA sImCHÁ torÁ<br />

sACHArIt<br />

SIMchá TORá<br />

13 outubro segunda-feira<br />

17h | Final da decoração da Suká | Evento com Shomer<br />

19h | convite aos Ancestrais para Inaugurar a Suká<br />

Música na Suká<br />

14, 15 e 16 outubro Terça, quarTa, quinTa-feira<br />

6h45<br />

17 outubro sexTa-feira<br />

6h45<br />

19h<br />

18 outubro sáBadO<br />

9h30<br />

19 outubro dOmingO<br />

9h<br />

19h30<br />

20 outubro segunda-feira<br />

6h45<br />

21 outubro Terça-feira<br />

6h45<br />

19h<br />

22 outubro quarTa-feira<br />

6h45<br />

homenagem à celso Szarcwald, que encerra o ano litúrgico da Torá (chatan Torá)<br />

e à Jonas Jarczun, que abre o novo ano litúrgico (chatan Bereshit).<br />

LANçAMENTO DO LIVRO<br />

TIRANDO OS SAPATOS<br />

Os Caminhos de Abraão e o Meu Fundamentalismo<br />

Rabino Nilton Bonder<br />

15 outubro quarTa-feira | 19h | LIVRARIA DA TRAVESSA LEBLON<br />

Shopping Leblon | Afrânio de Melo Franco 290 loja 205<br />

RUA PROFESSOR MILwARD 65 BARRA T 21 24935735 cjb@cjb.org.br www.cjb.org.br<br />

projeto gráfico e editorial eg.design | carolina ferman

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