Aventura 32 Maio_Junho 2012 OUTDOOR “A nossa viagem é difícil de colocar em palavras, porque até nós descobrimos cada vez que pensamos, uma nova aventura dentro dela, mais um momento que nos faz sorrir, ou um que nos faz cair lágrimas pela face e nos arrepia a pele, quão porco-espinho!” Antes da descida - Petra
oferecido por uma senhora amorosa, no Turquemenistão e que nos caiu como bolo de chocolate! Foi maravilhosa a cama que nos ofereceram na última casa onde estivemos na Alemanha, mas dormir num estrado de madeira, numa pequena vila na Índia, com olhares curiosos a vir das grelhas da janela sem vidros, fez-nos rir ainda mais! A nossa viagem é difícil de colocar em palavras, porque até nós descobrimos cada vez que pensamos, uma nova aventura dentro dela, mais um momento que nos faz sorrir, ou um que nos faz cair lágrimas pela face e nos arrepia a pele, quão porco- -espinho! Como foi? Não sabemos, ainda não sabemos como foi. Precisamos de tempo, de espaço, de digerir todos estes meses de tanto! Precisamos de refletir, de pensar no que aprendemos, no que ensinámos, no que dissemos sobre nós, sobre os nossos, sobre o nosso país que, apesar de estar em crise e de toda a gente se queixar, é o nosso país e não há melhor sítio para viver…acreditem! Depois, ou antes de tudo isto, existem as pessoas. As que ficaram e nos apoiaram nesta imensa odisseia, mas sobretudo aquelas que fizeram a nossa aventura possível, essas que nos receberam, que nos acolheram em suas casas, que nos abriram as portas e nos disseram “Entrem e fiquem quanto tempo quiserem!” e nos pediram para ficarmos mais um dia, só mais um! Aquelas que paravam na estrada para nos darem “Depois, ou antes de tudo isto, existem as pessoas. As que ficaram e nos apoiaram nesta imensa odisseia, mas sobretudo aquelas que fizeram a nossa aventura possível (...)” água, comida ou tirarem um fotografia connosco! Aquelas que só queria conversar com um estrangeiro, para que lhe contássemos como era o mundo “lá fora”! Aquelas que nos explicaram a sua religião e a defenderam, mas que nos respeitaram por não termos nenhuma, ou por não concordarmos com tudo o que diziam! Aquelas que apenas nos disseram um Adeus, por detrás do vidro daquele carro, sentados atrás de uma qualquer carroça, ou por debaixo das casas onde faziam a sesta! E ainda as outras, aquelas que nunca conhecemos, que nunca nos sorriram e que talvez nunca nos cruzaremos outra vez, mas que fazem os países existirem, as culturas continuarem vivas, as identidades sobreviverem e pelas quais continuaremos a viajar, com esperança de que, um dia talvez, façam parte de nós também! Porque é por elas que viajamos, pelas pessoas! E depois de tudo isto, o que fica? Uma vontade imensa de voltar a ter prateleiras onde colocar as nossas coisas, um frigorífico recheado de luxos, uma casa-de-banho limpa, uma mesa de café onde encontrar os amigos de sempre, um domingo para ver a família, uma janela para abrir e nos fazer sonhar outra vez…um mapa-mundo! O nosso mapa-mundo! Um mapa-meu! ø Rafael Polónia e Tânia Ruivo www.2numundo.com Contemplando o Mar Morto Fim do asfalto, Pamir Highway OUTDOOR Maio_Junho 2012 33 Aventura 2numundo