13.04.2013 Views

Dalton, o - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

Dalton, o - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

Dalton, o - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

clássicos da poesia<br />

Áporo<br />

Um inseto cava<br />

cava sem alarme<br />

perfuran<strong>do</strong> a terra<br />

sem achar escape<br />

Que fazer, exausto,<br />

em país bloquea<strong>do</strong>,<br />

enlace <strong>de</strong> noite<br />

raiz e minério?<br />

Eis que o labirinto<br />

(oh razão, mistério)<br />

presto se <strong>de</strong>sata:<br />

em ver<strong>de</strong>, sozinha,<br />

antieuclidiana,<br />

uma orquí<strong>de</strong>a forma-se.<br />

Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />

Carlos, que inventou “<strong>de</strong>” para tornar seu nome<br />

mais eufônico, não gostava <strong>do</strong> concretismo.<br />

Também esses, sem lhe negarem o talento,<br />

faziam restrições. Por isso, o poema acima,<br />

aponta<strong>do</strong> por Décio Pignatari como “obraprima<br />

da poesia universal <strong>do</strong> século XX”, tornase<br />

mais significativo. As restrições que lhe<br />

faziam era pela falta <strong>de</strong> engajamento político<br />

ou artístico. O único livro <strong>de</strong> poesia engajada<br />

fora A rosa <strong>do</strong> povo. Mas Drummond era um<br />

<strong>de</strong>siludi<strong>do</strong> político <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixara o PC (fora<br />

co-editor <strong>de</strong> um jornal comunista e aban<strong>do</strong>nara<br />

as hostes por suposta censura.) E, por temperamento,<br />

um individualista.<br />

24<br />

DO CADERNO VERDE<br />

“Tinha aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> a arrogância da<br />

cultura. Meu ânimo era <strong>de</strong> completa<br />

aceitação. Não pedia a ninguém, mais <strong>do</strong><br />

que pu<strong>de</strong>sse dar-me. Tinha aprendi<strong>do</strong> a<br />

tolerância. Aprazia-me a bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

meus companheiros: não me <strong>de</strong>sesperava<br />

com sua malda<strong>de</strong>. Tinha adquiri<strong>do</strong> in<strong>de</strong>-<br />

pendência <strong>de</strong> espírito. Apren<strong>de</strong>ra a<br />

seguir meu próprio caminho sem me<br />

importar com o que os outros pensassem<br />

a respeito.”<br />

Cultura é para isso: engendrar in<strong>de</strong>-<br />

pendência e liberda<strong>de</strong>. E unir um povo<br />

em torno disso.<br />

PALAVRAS DE MESTRE<br />

“Um homem livre em nada pensa menos<br />

<strong>do</strong> que na morte, e sua sabe<strong>do</strong>ria não é<br />

uma meditação sobre a morte, mas<br />

sobre a vida.”<br />

• • • • •<br />

(Spinoza, Ética)<br />

“Ser capaz <strong>de</strong> prestar atenção a si mesmo<br />

é pré-requisito para ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

prestar atenção aos outros; sentir-se bem<br />

consigo mesmo é a condição necessária<br />

para relacionar-se com os outros.”<br />

(Erich Fromm, Ética e Psicanálise)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!