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Dalton, o - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

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literatura<br />

Excertos <strong>do</strong> Dr. W.<br />

Somerset Maugham<br />

Pois ali eu me achava em<br />

contato com o que mais <strong>de</strong>sejava, a<br />

vida em bruto. Naqueles três anos<br />

<strong>de</strong>vo ter testemunha<strong>do</strong> quase todas<br />

as emoções a que o homem é capaz.<br />

Aquilo tu<strong>do</strong> falava ao meu instinto<br />

dramático. Provocava a minha<br />

vocação <strong>de</strong> romancista. Mesmo<br />

agora que já são passa<strong>do</strong>s quarenta<br />

anos, ainda recor<strong>do</strong> certas pessoas<br />

tão exatamente que po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>-<br />

senhá-las. Frases que então ouvi, ainda ressoam em meus<br />

ouvi<strong>do</strong>s. Vi como os homens morrem. Vi como suportam<br />

o sofrimento. Vi a expressão da esperança, <strong>do</strong> me<strong>do</strong>, <strong>do</strong><br />

alívio; vi as negras linhas que o <strong>de</strong>sespero <strong>de</strong>senha numa<br />

face; via a coragem e a firmeza. Vi a fé brilhar nos olhos<br />

daqueles que acreditavam no que eu apenas consi<strong>de</strong>rava<br />

uma ilusão, e vi o <strong>de</strong>safio que faz com que o homem<br />

acolha o prognóstico <strong>de</strong> morte com um gracejo, por ser<br />

<strong>de</strong>masia<strong>do</strong> orgulhoso para <strong>de</strong>ixar que os circunstantes<br />

vejam o terror <strong>de</strong> sua alma.<br />

• • • • •<br />

Sabia que o sofrimento não enobrece; <strong>de</strong>grada. Torna<br />

os homens egoístas, mesquinhos e <strong>de</strong>sconfia<strong>do</strong>s. Não os<br />

torna mais <strong>do</strong> que homens; torna-os menos <strong>do</strong> que<br />

homens; e eu então escrevi ferozmente que apren<strong>de</strong>mos<br />

a resignação, não pelos próprios sofrimentos, mas pelos<br />

30<br />

sofrimentos <strong>do</strong>s outros.<br />

• • • • •<br />

Foi tu<strong>do</strong> uma valiosa experiência para mim. Não sei <strong>de</strong><br />

melhor treino para um escritor<br />

<strong>do</strong> que passar alguns anos na<br />

profissão médica.<br />

• • • • •<br />

Creio que se po<strong>de</strong> apren-<br />

<strong>de</strong>r muito da natureza hu-<br />

mana no escritório <strong>de</strong> um<br />

“SABIA QUE O SOFRIMENTO<br />

NÃO ENOBRECE; DEGRADA.<br />

TORNA OS HOMENS<br />

EGOÍSTAS, MESQUINHOS E<br />

DESCONFIADOS. NÃO OS<br />

TORNA MAIS DO QUE<br />

HOMENS; TORNA-OS MENOS<br />

DO QUE HOMENS.”<br />

advoga<strong>do</strong>; mas ali em geral temos <strong>de</strong> lidar com os ho-<br />

mens em pleno <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> si mesmos. Mentem talvez<br />

tanto como mentem para o médico, mas mentem com<br />

mais firmeza, e po<strong>de</strong> ser que para o advoga<strong>do</strong> não seja

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