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Análise da Segurança do Trabalho em Serviços com Eletricidade ...

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<strong>Análise</strong> <strong>da</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>em</strong> <strong>Serviços</strong> <strong>com</strong><br />

Eletrici<strong>da</strong>de sob a Ótica <strong>da</strong> Nova NR–10<br />

Heliton Lourenço 1 , Elidio de C. Lobão 2<br />

1 Engenheiro Civil – Furnas Centrais Elétricas S.A. – Foz <strong>do</strong> Iguaçu – PR – Brasil<br />

2 União Dinâmica de Facul<strong>da</strong>des Cataratas (UDC) – Foz <strong>do</strong> Iguaçu – PR – Brasil<br />

1 helitonlourenco@hotmail.<strong>com</strong>, 2 elidiolobao@yahoo.<strong>com</strong>.br<br />

Abstract. This papper describles analysis of the work-security in services with<br />

electricity. The probl<strong>em</strong>atic one of this text is to detach the main alterations<br />

that the new NR-10 suffered, through the <strong>com</strong>parison of the current norm with<br />

the previous one, presenting the main improv<strong>em</strong>ents and the new concepts<br />

brought for the new writing. The relevance of the searched subject inhabits in<br />

the protection of the well biggest one, the life human being, through the<br />

improv<strong>em</strong>ent of the conditions of health and security of the worker. With this<br />

she imposed the obligatoriness of if planning all the phases of the work, with<br />

this it tends to reduce the errors and possible accidents.<br />

Resumo. O t<strong>em</strong>a abor<strong>da</strong><strong>do</strong> por este artigo trata <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> segurança <strong>do</strong><br />

trabalho <strong>em</strong> serviços <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de. A probl<strong>em</strong>ática deste texto é destacar<br />

as principais alterações que a nova NR-10 sofreu, através <strong>da</strong> <strong>com</strong>paração <strong>da</strong><br />

atual norma <strong>com</strong> a anterior, apresentan<strong>do</strong> as principais melhorias e os novos<br />

conceitos trazi<strong>do</strong>s pela nova re<strong>da</strong>ção. A relevância <strong>do</strong> assunto pesquisa<strong>do</strong><br />

reside na proteção <strong>do</strong> b<strong>em</strong> maior, a vi<strong>da</strong> humana, através <strong>da</strong> melhora <strong>da</strong>s<br />

condições de saúde e segurança <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r. Com isso impôs a<br />

obrigatorie<strong>da</strong>de de se planejar to<strong>da</strong>s as fases <strong>do</strong> trabalho, <strong>com</strong> isso ela tende<br />

a reduzir os erros e possíveis acidentes.<br />

1. Introdução<br />

A eletrici<strong>da</strong>de é uma <strong>da</strong>s fontes de energia mais utiliza<strong>da</strong>s no mun<strong>do</strong> moderno, ela é<br />

essencial a to<strong>da</strong> hora, s<strong>em</strong> interrupções e ain<strong>da</strong>, é considera<strong>da</strong> <strong>com</strong>o serviço público.<br />

Entretanto, pode <strong>com</strong>prometer a segurança e saúde <strong>da</strong>s pessoas que a ela estejam<br />

expostas direta ou indiretamente, porque a eletrici<strong>da</strong>de não é perceptiva aos senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

hom<strong>em</strong>, ou seja, não é vista n<strong>em</strong> senti<strong>da</strong>, e <strong>em</strong> virtude disto, as pessoas pod<strong>em</strong> estar<br />

expostas a situações de risco ignora<strong>da</strong>s ou subestima<strong>da</strong>s.<br />

A nova NR-10 (Norma Regulamenta<strong>do</strong>ra nº 10) estabelece requisitos e<br />

condições mínimas para a impl<strong>em</strong>entação de medi<strong>da</strong>s de controle e sist<strong>em</strong>as de<br />

prevenção de acidentes, de forma a garantir segurança e a saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res que<br />

estejam expostos ou interajam <strong>em</strong> instalações elétricas e serviços <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de <strong>em</strong><br />

geral. A falta de prevenção envolven<strong>do</strong> eletrici<strong>da</strong>de resulta na exposição a <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s<br />

principais agentes de risco: choque e arco elétrico.<br />

Destaca-se ain<strong>da</strong> que a nova NR-10 abrange to<strong>do</strong>s os serviços que envolvam<br />

instalações elétricas de baixa tensão e alta tensão, não incidin<strong>do</strong> apenas as instalações<br />

alimenta<strong>da</strong>s por extra-baixa tensão, considera<strong>da</strong>s as tensões inferiores a 50 V (Volts)<br />

corrente alterna<strong>da</strong> e 120 V corrente contínua.


Consideran<strong>do</strong> que as construções civis encontram-se normalmente nas<br />

proximi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> rede elétrica e que são alimenta<strong>da</strong>s nas tensões de 127 V e/ou 220 V<br />

<strong>em</strong> corrente alterna<strong>da</strong>, esta norma igualmente se aplica às instalações elétricas<br />

residenciais e industriais, visto que tais fatos enfatizam que a NR-10 também abrange os<br />

trabalha<strong>do</strong>res <strong>da</strong> construção civil.<br />

Diante disto, pretende-se, a partir deste trabalho, auxiliar na conscientização <strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s, <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>res e dirigentes sobre a proteção <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r <strong>com</strong>o sinônimo<br />

de produtivi<strong>da</strong>de, e <strong>em</strong> decorrência disto, promover uma melhor garantia <strong>da</strong> segurança e<br />

saúde no trabalho.<br />

2. Conceitos gerais<br />

Segun<strong>do</strong> Miran<strong>da</strong> Jr (2007) desde a sua publicação, <strong>em</strong> junho de 1978, a NR-10 não<br />

havia sofri<strong>do</strong> modificações consideráveis <strong>com</strong>o as que foram aprova<strong>da</strong>s pela Portaria<br />

598, de dez<strong>em</strong>bro de 2004.<br />

A nova norma traz orientações objetivas quanto às especifici<strong>da</strong>des, e genéricas<br />

quanto as finali<strong>da</strong>des e aplicabili<strong>da</strong>de, resumin<strong>do</strong> e condicionan<strong>do</strong> as disposições<br />

regulamenta<strong>da</strong>s, fixan<strong>do</strong> requisitos e condições mínimas necessárias para a realização<br />

<strong>do</strong>s trabalhos, tornan<strong>do</strong>-os mais seguros e salubres [Souza 2007].<br />

A aplicabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> nova NR-10 se faz <strong>em</strong> to<strong>da</strong>s as fases: produção, transmissão,<br />

distribuição e consumo, incluin<strong>do</strong> as etapas de projeto, construção, montag<strong>em</strong>, operação<br />

e manutenção <strong>da</strong>s instalações elétricas e ou qualquer serviços realiza<strong>do</strong>s nas suas<br />

proximi<strong>da</strong>des [Atlas 2006].<br />

2.1. Riscos no setor elétrico<br />

Os riscos à segurança e saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res expostos a energia elétrica são por si só<br />

muito eleva<strong>do</strong>s, poden<strong>do</strong> levar a lesões graves e até mesmo a morte. Os riscos são<br />

especifica<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> as ativi<strong>da</strong>des.<br />

Segun<strong>do</strong> o Portal <strong>da</strong> Construção (2008), risco é a probabili<strong>da</strong>de de ocorrência de<br />

<strong>da</strong>nos sobre as pessoas ou bens, resultantes <strong>da</strong> concretização de uma determina<strong>da</strong><br />

condição perigosa, <strong>em</strong> função:<br />

• Da probabili<strong>da</strong>de de ocorrência de uma determina<strong>da</strong> condição perigosa;<br />

• Grau de gravi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s <strong>da</strong>nos conseqüentes, os quais pod<strong>em</strong> ser materiais,<br />

ambientais e humanos.<br />

Em serviços <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de o trabalha<strong>do</strong>r está exposto a riscos de acidentes<br />

<strong>com</strong> conseqüências diretas: choque e arco elétrico e <strong>com</strong> conseqüências indiretas:<br />

que<strong>da</strong>s, bati<strong>da</strong>s, incêndio, explosões de orig<strong>em</strong> elétrica, queimaduras etc.<br />

2.1.1. Choque elétrico<br />

Segun<strong>do</strong> Vieira (2005), choque elétrico é uma perturbação que se manifesta no<br />

organismo humano, quan<strong>do</strong> é percorri<strong>do</strong> por uma corrente elétrica. Essas perturbações<br />

pod<strong>em</strong> provocar: tetanização (contração muscular tônica contínua), para<strong>da</strong> respiratória,<br />

fibrilação ventricular <strong>do</strong> coração e queimaduras (de orig<strong>em</strong> elétrica e não térmicas).<br />

Os fatores que determinam a gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> lesão ocasiona<strong>da</strong> pelo choque elétrico<br />

são: a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> corrente elétrica circulante, o percurso e as características <strong>da</strong>


corrente elétrica (se corrente alterna<strong>da</strong> ou corrente contínua), e <strong>da</strong> resistência <strong>do</strong> corpo<br />

humano.<br />

2.1.2. Queimaduras<br />

Na maioria <strong>do</strong>s casos de acidentes evolven<strong>do</strong> eletrici<strong>da</strong>de, as vítimas apresentam<br />

queimaduras, porque a corrente elétrica atinge o organismo através <strong>do</strong> revestimento<br />

cutâneo. Devi<strong>do</strong> à alta resistência <strong>da</strong> pele, a passag<strong>em</strong> <strong>da</strong> corrente elétrica produz<br />

alterações estruturais no organismo. As queimaduras provoca<strong>da</strong>s pela eletrici<strong>da</strong>de<br />

difer<strong>em</strong> <strong>da</strong>quelas causa<strong>da</strong>s por efeitos químicos, térmicos e biológicos [Cpnsp 2005].<br />

A eletrici<strong>da</strong>de pode ocasionar queimaduras de diversas formas e pod<strong>em</strong> ser<br />

classifica<strong>da</strong>s <strong>com</strong>o:<br />

• queimaduras pelo contato direto, quan<strong>do</strong> se toca uma superfície condutora<br />

energiza<strong>da</strong>;<br />

• queimaduras pelo arco voltaico, quan<strong>do</strong> o arco elétrico é caracteriza<strong>do</strong> pelo<br />

fluxo de corrente elétrica através <strong>do</strong> ar;<br />

• queimaduras por vapor metálico, quan<strong>do</strong> na fusão <strong>do</strong>s contatos elétricos há<br />

<strong>em</strong>issão de vapores e derramamento de metais derreti<strong>do</strong>s.<br />

2.2. Controle de riscos<br />

Os acidentes ocorr<strong>em</strong> <strong>da</strong> execução de atos inseguros ou <strong>da</strong> existência de condições<br />

inseguras, constituin<strong>do</strong> estas, as causas determinantes na ocorrência <strong>do</strong>s riscos.<br />

E segun<strong>do</strong> Zocchio (1996) tu<strong>do</strong> <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> a existência de riscos de acidentes,<br />

por isso é indispensável identificá-los e avaliá-los. As medi<strong>da</strong>s de segurança aplica<strong>da</strong>s<br />

para proteger as pessoas contra os riscos de acidentes são por intermédio <strong>da</strong>s seguintes<br />

alternativas: eliminan<strong>do</strong>-os, isolan<strong>do</strong>-os e ou sinalizan<strong>do</strong>-os.<br />

Para isso é preciso identificar e avaliar os riscos, através <strong>da</strong>s técnicas de análises<br />

de riscos, avalian<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as etapas e el<strong>em</strong>entos <strong>do</strong>s trabalhos, racionalizan<strong>do</strong> e<br />

desenvolven<strong>do</strong> seqüências de operações, crian<strong>do</strong> assim, uma condição segura para a<br />

realização <strong>do</strong>s trabalhos.<br />

2.2.1. <strong>Análise</strong> de riscos<br />

O processo de avaliação de riscos nos permite identificar a probabili<strong>da</strong>de de sua<br />

ocorrência e quantificar as suas conseqüências. O Fator de Risco é igual à multiplicação<br />

<strong>da</strong> freqüência de um perigo pela sua gravi<strong>da</strong>de, sen<strong>do</strong> a freqüência uma previsão <strong>da</strong><br />

quanti<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s acidentes que possam ocorrer, e a gravi<strong>da</strong>de a intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s <strong>da</strong>nos<br />

causa<strong>do</strong>s por ca<strong>da</strong> acidente.<br />

A principal vantag<strong>em</strong> <strong>da</strong> análise de riscos é o fornecimento de el<strong>em</strong>entos para<br />

toma<strong>da</strong>s de decisões que envolvam confiança e segurança, possibilitan<strong>do</strong> assim,<br />

apresentar alternativas claras e objetivas. Através <strong>da</strong> avaliação de riscos é possível<br />

identificar os riscos e <strong>com</strong> isso gerenciá-los.<br />

Para gerenciar riscos é necessário formar uma nova ótica no conceito de<br />

segurança industrial, tanto no aspecto de prevenção <strong>com</strong>o no aspecto <strong>da</strong> ação.<br />

O gerenciamento de riscos visa à busca <strong>da</strong>s causas básicas <strong>do</strong>s acidentes que<br />

possam ocorrer ou que tenham aconteci<strong>do</strong> numa determina<strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, ou seja, a ênfase


é <strong>em</strong> relatar to<strong>do</strong>s os acidentes que caus<strong>em</strong> ou que tenham potencial de causar algum<br />

tipo de <strong>da</strong>no.<br />

Segun<strong>do</strong> a Funcoge (2008), o méto<strong>do</strong> para a avaliação <strong>do</strong>s riscos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela<br />

maioria <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas <strong>do</strong> setor elétrico é a APR (<strong>Análise</strong> Preliminar de Risco), desta<br />

forma, pode-se realizar a previsão <strong>da</strong> ocorrência <strong>da</strong>nos para as pessoas, processos,<br />

equipamentos e meio ambiente, no exercício de determina<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de.<br />

2.2.1.1. <strong>Análise</strong> preliminar de risco - APR<br />

A APR é uma visão técnica antecipa<strong>da</strong> <strong>do</strong> trabalho a ser executa<strong>do</strong>, que permite a<br />

identificação <strong>do</strong>s riscos envolvi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> passo <strong>da</strong> tarefa. É elabora<strong>da</strong> através <strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong>, questionamento, levantamento, detalhamento, análise crítica e autocrítica, <strong>com</strong><br />

estabelecimento <strong>da</strong>s precauções técnicas necessárias para a execução <strong>da</strong>s tarefas, de<br />

forma que o trabalha<strong>do</strong>r esteja s<strong>em</strong>pre no controle por maior que seja o risco [Furnas<br />

2006].<br />

Na APR são levanta<strong>da</strong>s às causas que pod<strong>em</strong> promover a ocorrência de ca<strong>da</strong> um<br />

<strong>do</strong>s sinistros e as suas respectivas conseqüências, desta forma, é realiza<strong>da</strong> uma avaliação<br />

qualitativa <strong>da</strong> freqüência de ocorrência <strong>do</strong> cenário de acidentes, <strong>da</strong> severi<strong>da</strong>de e <strong>do</strong> risco<br />

associa<strong>do</strong>, (os resulta<strong>do</strong>s são qualitativos, não fornecen<strong>do</strong> estimativas numéricas).<br />

Com a APR consegue-se obter a amplitude <strong>do</strong> risco, que através <strong>do</strong> índice de<br />

risco se define a priori<strong>da</strong>de <strong>do</strong> risco <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>. Assim, após a priorização <strong>do</strong> risco podese<br />

atuar de forma eficaz na prevenção, de forma que se a APR for corretamente<br />

elabora<strong>da</strong> atinge-se uma melhor avaliação <strong>do</strong>s riscos de acidentes de trabalho.<br />

A APR é uma técnica aplicável a to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des, e uma grande virtude <strong>da</strong><br />

aplicação desta técnica é o fato de promover e estimular o trabalho <strong>em</strong> equipe e a<br />

responsabili<strong>da</strong>de solidária.<br />

Quanto à periodici<strong>da</strong>de e freqüência de elaboração <strong>da</strong> APR, esta deverá ser<br />

preenchi<strong>da</strong> na fase <strong>do</strong> planejamento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de, sob responsabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> encarrega<strong>do</strong><br />

ou supervisor <strong>do</strong> serviço, e deven<strong>do</strong> constar a assinatura de to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res<br />

envolvi<strong>do</strong>s. Ain<strong>da</strong>, a APR deverá ser feita diariamente, ou ao início de ca<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de,<br />

observan<strong>do</strong> os riscos inerentes ao local de execução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de.<br />

3. Estatísticas de acidentes no setor elétrico<br />

O número de acidentes <strong>com</strong> trabalhos relaciona<strong>do</strong>s à eletrici<strong>da</strong>de supera to<strong>da</strong>s as outras<br />

áreas ocupacionais, e <strong>com</strong>o se não bastasse, <strong>em</strong> sua grande maioria, são fatais, ou<br />

ocasionam a vítima seqüelas irreversíveis.<br />

No setor elétrico também houve um aumento significativo no número de<br />

acidentes <strong>do</strong> trabalho, devi<strong>do</strong> ao processo de privatização ocorri<strong>do</strong> no setor, trazen<strong>do</strong><br />

consigo a introdução de novas tecnologias, materiais, mu<strong>da</strong>nças no processo e<br />

organização <strong>do</strong> trabalho, terceirização e cooperativação <strong>da</strong> mão-de-obra, planos de<br />

d<strong>em</strong>issões voluntárias entre outros.<br />

Este quadro t<strong>em</strong> <strong>com</strong>o conseqüência uma expressiva exposição <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res e a precarização <strong>da</strong>s condições de segurança. Com isso, a atualização <strong>da</strong><br />

Norma Regulamenta<strong>do</strong>ra nº. 10, foi de suma importância para os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> setor<br />

elétrico brasileiro.


Um <strong>do</strong>s principais veículos que trata <strong>da</strong>s informações estatísticas sobre acidentes<br />

<strong>do</strong> trabalho <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de no Brasil, é o relatório anual produzi<strong>do</strong> pela Funcoge<br />

(Fun<strong>da</strong>ção Comitê de Gestão Empresarial), apresentan<strong>do</strong> não apenas os números totais,<br />

mas a sua estratificação, classificação e descrição <strong>do</strong>s acidentes, de forma geral, sejam<br />

<strong>com</strong> os <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s, <strong>em</strong>presas, b<strong>em</strong> <strong>com</strong>o, a população envolvi<strong>da</strong> <strong>com</strong> a energia<br />

advin<strong>da</strong> <strong>da</strong> rede pública [Mattos 2008].<br />

Segun<strong>do</strong> a Funcoge (2008) <strong>em</strong> seu relatório de 2006, o contingente era de<br />

101.105 <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s próprios <strong>do</strong> setor elétrico, <strong>com</strong> riscos de natureza geral e riscos<br />

específicos, no qual ocorreram registros de 840 acidenta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho típicos <strong>com</strong><br />

afastamento, acarretan<strong>do</strong>, entre custos diretos e indiretos, prejuízos de monta para o<br />

setor elétrico.<br />

Tabela 1. Estatística de acidentes no setor elétrico brasileiro 2006<br />

Da<strong>do</strong>s globais<br />

1 – Empresas 72<br />

2 – Emprega<strong>do</strong>s próprios 101.105<br />

3 – Horas-hom<strong>em</strong> de exposição ao risco 200.219.744<br />

4 – Acidentes típicos <strong>com</strong> afastamento 840<br />

5 – T<strong>em</strong>po <strong>com</strong>puta<strong>do</strong> (dias) 144.018<br />

6 – Número médio de clientes 62.043.384<br />

Fonte: Funcoge, 2008<br />

Segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pela Funcoge <strong>em</strong> 2006, para ca<strong>da</strong> acidente fatal de<br />

<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s próprios <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas <strong>do</strong> setor elétrico brasileiro, equival<strong>em</strong> a 4 mortes de<br />

<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s contrata<strong>do</strong>s e 15 mortes envolven<strong>do</strong> a população, há também, um grande<br />

número de acidentes de orig<strong>em</strong> elétrica envolven<strong>do</strong> o setor <strong>da</strong> construção civil.<br />

Em 2006 foram perdi<strong>da</strong>s 1.152.144 horas de trabalho, e isto é igual ao total de<br />

horas de um ano de trabalho de uma <strong>em</strong>presa de médio porte <strong>do</strong> setor elétrico,<br />

calculan<strong>do</strong>-se os custos <strong>do</strong>s acidentes de trabalho [Funcoge 2008].<br />

O calculo <strong>do</strong> custo total estima<strong>do</strong> (custo direto e indireto), consideran<strong>do</strong> os<br />

acidentes s<strong>em</strong> per<strong>da</strong> de t<strong>em</strong>po e os acidentes <strong>com</strong> e s<strong>em</strong> <strong>da</strong>nos materiais, equivaleria ao<br />

investimento necessário para implantar 10 PCHs (Pequenas Centrais Elétricas) de 30<br />

MW ca<strong>da</strong>, <strong>com</strong> atendimento a uma d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> de aproxima<strong>da</strong>mente 1.250.000 habitantes.<br />

Ou ain<strong>da</strong> análogo ao ex<strong>em</strong>plo anterior poderia representar a construção de 2.460 km de<br />

linhas de transmissão, na tensão de 230 kV e circuito simples [Funcoge 2008].<br />

4. Norma regulamenta<strong>do</strong>ra nº. 10 – NR-10<br />

A Norma Regulamenta<strong>do</strong>ra n° 10 – <strong>Segurança</strong> <strong>em</strong> Instalações e <strong>Serviços</strong> <strong>em</strong><br />

Eletrici<strong>da</strong>de, aprova<strong>da</strong> pela Portaria <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> n° 3.214, de 1978, foi<br />

altera<strong>da</strong> pela portaria n° 598, de 7/12/2004, a qual altera a re<strong>da</strong>ção anterior. Esta norma<br />

dispõe de diretrizes básicas para a impl<strong>em</strong>entação de medi<strong>da</strong>s de controles preventivos,<br />

destina<strong>do</strong>s a garantir a segurança e a saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res que, direta ou<br />

indiretamente, interajam <strong>com</strong> instalações elétricas e serviços <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de.<br />

4.1. Principais alterações <strong>da</strong> nova NR-10/2004 frente à NR-10/1978<br />

A nova norma trouxe o conceito de gestão para a prevenção e organização <strong>do</strong> trabalho<br />

<strong>em</strong> eletrici<strong>da</strong>de, <strong>com</strong>o a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> PCDA (Plan / Do / check / Act). Exige<br />

prontuário <strong>da</strong>s instalações, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), EPCs<br />

(Equipamentos de Proteção Coletiva), treinamento, autorização para o trabalho, APR e


vestimentas, <strong>com</strong> a preocupação de que as melhorias sejam incorpora<strong>da</strong>s<br />

sist<strong>em</strong>aticamente, desta forma evidencía a visão de gestão (Miran<strong>da</strong> Jr 2007).<br />

A seguir é apresenta<strong>da</strong> uma análise <strong>da</strong>s principais alterações <strong>da</strong> nova re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><br />

NR-10/04 <strong>com</strong>para<strong>da</strong> à antiga re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> norma:<br />

a) Estabelecimento de requisitos e condições mínimas para impl<strong>em</strong>entação de<br />

medi<strong>da</strong>s de controle e sist<strong>em</strong>as de prevenção inerente ao risco elétrico;<br />

b) To<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas dev<strong>em</strong> manter esqu<strong>em</strong>as unifilares atualiza<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s<br />

instalações elétricas, e <strong>em</strong> instalações <strong>com</strong> carga superior a 75 kW<br />

(kilowatts), dev<strong>em</strong> manter prontuário de forma a organizar os <strong>do</strong>cumentos e<br />

registros, dentro <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de controle, coletiva e individual;<br />

c) Realizar relatório de auditoria de conformi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s instalações elétricas;<br />

d) Torna obrigatória a introdução de dispositivos e equipamentos e medi<strong>da</strong>s de<br />

controle coletivo;<br />

e) Faz referência a NR-6 (Norma Regulamenta<strong>do</strong>ra nº 6) para impl<strong>em</strong>entar<br />

medi<strong>da</strong>s de proteção individual, to<strong>da</strong>via, prevê a exigência o uso de<br />

vestimentas adequa<strong>da</strong>s ao trabalho não prescritas na referi<strong>da</strong> norma, b<strong>em</strong><br />

<strong>com</strong>o, proíbe o uso de a<strong>do</strong>rnos pessoais;<br />

f) Obrigatorie<strong>da</strong>de de introduzir conceitos de segurança no projeto <strong>da</strong>s<br />

instalações elétricas;<br />

g) Formar diretrizes de segurança para a construção, montag<strong>em</strong>, operação e<br />

manutenção;<br />

h) Resolve e estabelece as exigências para trabalhos <strong>em</strong> instalações elétricas<br />

desernergiza<strong>da</strong>s;<br />

i) Estabelece critérios para a proteção <strong>em</strong> trabalhos <strong>com</strong> instalações<br />

energiza<strong>da</strong>s;<br />

j) Estabelece que os trabalha<strong>do</strong>res dev<strong>em</strong> atender o quesito <strong>do</strong> it<strong>em</strong> 10.8 <strong>da</strong><br />

nova NR-10, que diz respeito à habilitação, capacitação e autorização, e<br />

ain<strong>da</strong> que os trabalha<strong>do</strong>res recebam treinamento de segurança básico,<br />

independente <strong>do</strong> cargo ou grau de escolari<strong>da</strong>de, conforme anexo III <strong>da</strong> NR-<br />

10;<br />

k) Estabelece as zonas de risco e controla<strong>da</strong>, no entorno de pontos ou conjuntos<br />

energiza<strong>do</strong>s;<br />

l) Diferencia níveis e estabelece condições para ativi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s <strong>em</strong> alta<br />

tensão;<br />

m) Proíbe a realização de serviços individuais <strong>em</strong> instalações elétricas de alta<br />

tensão ou integrantes <strong>do</strong> SEP (Sist<strong>em</strong>a Elétrico de Potência);<br />

n) Define o entendimento quanto à profissional qualifica<strong>do</strong> e habilita<strong>do</strong>, pessoa<br />

capacita<strong>da</strong> e autoriza<strong>da</strong>;<br />

o) Reafirma a obrigatorie<strong>da</strong>de de certificação de equipamentos, dispositivos e<br />

materiais destina<strong>do</strong>s a aplicação <strong>em</strong> áreas classifica<strong>da</strong>s;<br />

p) R<strong>em</strong>ete a NR-23 (Norma Regulamenta<strong>do</strong>ra nº 23) as providências de<br />

proteção contra incêndio e explosão;


q) Define que as situações de <strong>em</strong>ergência deverão constar <strong>em</strong> plano específico<br />

<strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas, e as <strong>em</strong>presas estão obriga<strong>da</strong>s a elaborar procedimentos<br />

<strong>em</strong>ergenciais <strong>com</strong> disponibilização de recursos materiais, equipamentos e<br />

treinamento de pessoas;<br />

r) Torna obrigatória a elaboração de procedimentos operacionais de trabalho<br />

conten<strong>do</strong> as instruções de segurança;<br />

s) Estabelece as responsabili<strong>da</strong>des aos contratantes e contrata<strong>do</strong>s;<br />

t) Ratifica o direito <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r a recusa na execução de determina<strong>da</strong>s<br />

tarefas e obriga a disponibilização de <strong>do</strong>cumentos e <strong>com</strong>pl<strong>em</strong>enta-se <strong>com</strong> as<br />

normas técnicas oficiais (NBR 5410 / 14039 entre outras);<br />

u) Apresenta um glossário conten<strong>do</strong> conceitos e definições claras e objetivas.<br />

Em síntese, a nova re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> NR-10 buscou inserir conceitos e medi<strong>da</strong>s de<br />

segurança de observância obrigatória, mas principalmente a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> organização<br />

e <strong>do</strong> planejamento <strong>do</strong>s serviços, <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s diferentes tipos de risco, <strong>da</strong><br />

adequa<strong>da</strong> realização de ca<strong>da</strong> tipo de trabalho, para a partir disso, a criação e instituição<br />

de medi<strong>da</strong>s eficazes de segurança, individuais e coletivas.<br />

Para uma melhor <strong>com</strong>preensão <strong>da</strong>s exigências de medi<strong>da</strong>s de controle de riscos,<br />

b<strong>em</strong> <strong>com</strong>o, <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de proteção coletiva e individual, que a referi<strong>da</strong> norma torna<br />

obrigatória, e segun<strong>do</strong> as alterações cita<strong>da</strong>s anteriormente, são descritos a seguir alguns<br />

des<strong>do</strong>bramentos dessas exigências para a sua aplicabili<strong>da</strong>de.<br />

4.2. Medi<strong>da</strong>s de controle de risco<br />

As medi<strong>da</strong>s de controle pod<strong>em</strong> ser interpreta<strong>da</strong>s <strong>com</strong>o um conjunto de ações<br />

estratégicas de prevenção <strong>com</strong> objetivo de reduzir ou eliminar os riscos, ou ain<strong>da</strong><br />

manter sob controle os possíveis eventos indesejáveis.<br />

A nova NR-10 exige que se faça um controle <strong>do</strong> risco elétrico, através de<br />

medi<strong>da</strong>s preventivas devi<strong>da</strong>mente planeja<strong>da</strong>s antes de sua implantação nas <strong>em</strong>presas<br />

que realizam intervenções <strong>em</strong> instalações elétricas, ou <strong>em</strong> suas proximi<strong>da</strong>des.<br />

A despeito <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de controle abrang<strong>em</strong> os sist<strong>em</strong>as de proteção coletiva,<br />

as medi<strong>da</strong>s de proteção coletiva e as medi<strong>da</strong>s de proteção individual, esta ultima s<strong>em</strong>pre<br />

deve ser a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> principalmente quan<strong>do</strong> não for possível a a<strong>do</strong>ção <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s<br />

anteriores, e estão descritas nos itens a seguir.<br />

4.2.1. Medi<strong>da</strong>s de proteção coletiva<br />

As medi<strong>da</strong>s de proteção coletiva dev<strong>em</strong> ser a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s s<strong>em</strong>pre que possível para trabalhos<br />

coletivos que expõ<strong>em</strong> as equipes de trabalha<strong>do</strong>res às mesmas condições de risco,<br />

s<strong>em</strong>pre <strong>com</strong> o objetivo de eliminar, minimizar ou controlar as probabili<strong>da</strong>des de ocorrer<br />

qualquer evento indesejável gera<strong>do</strong>r de risco.<br />

A nova NR-10 prevê medi<strong>da</strong>s de segurança e se faz exigências quanto à<br />

isolação, bloqueio, delimitação, sinalização, e aterramento <strong>do</strong>s equipamentos elétricos.<br />

Para isso a<strong>do</strong>tam-se <strong>com</strong>o medi<strong>da</strong>s de proteção coletiva a utilização <strong>do</strong>s EPC,<br />

que são os equipamentos ou dispositivos para a proteção de vários trabalha<strong>do</strong>res e/ou


terceiros <strong>em</strong> relação <strong>do</strong>s riscos provenientes <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des<br />

laborais.<br />

Dentre as medi<strong>da</strong>s de proteção coletiva, pode-se destacar: desenergização,<br />

seccionamento, impedimento de reenergização, constatação de ausência de tensão<br />

elétrica, aterramento <strong>do</strong> equipamento, instalação de aterramento t<strong>em</strong>porário <strong>com</strong><br />

equipotencialização <strong>do</strong>s condutores <strong>do</strong>s circuitos, proteção <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos energiza<strong>do</strong>s<br />

existentes na zona controla<strong>da</strong> e equipotencialização.<br />

Uma <strong>da</strong>s principais medi<strong>da</strong>s de proteção para o trabalha<strong>do</strong>r é a instalação de<br />

aterramento t<strong>em</strong>porário, para executar trabalhos <strong>em</strong> instalações elétricas. E que segun<strong>do</strong><br />

Almei<strong>da</strong> (2008) é uma <strong>da</strong>s principais mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong>da</strong>s no texto <strong>da</strong> nova NR-10.<br />

Ain<strong>da</strong>, durante a realização <strong>do</strong>s trabalhos <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de deverá ser a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong><br />

sinalização adequa<strong>da</strong> de segurança, no entorno <strong>do</strong> local de trabalho destina<strong>da</strong> a<br />

advertência e identificação <strong>do</strong> tipo de trabalho, b<strong>em</strong> <strong>com</strong>o <strong>do</strong> responsável pelos<br />

serviços. Pod<strong>em</strong> ser cartões, placas, avisos, etiquetas, que dev<strong>em</strong> ser claros e<br />

adequa<strong>da</strong>mente afixa<strong>do</strong>s.<br />

Do mesmo mo<strong>do</strong> a isolação e delimitação <strong>da</strong> área de serviço é muito importante<br />

na prevenção de acidentes, pois através dela é possível evitar que o trabalha<strong>do</strong>r adentre<br />

por engano <strong>em</strong> área energiza<strong>da</strong>, evitan<strong>do</strong> assim que ocorram acidentes. A NR-10 faz<br />

exigências quanto à isolação e delimitação <strong>da</strong> área onde se encontra o equipamento sob<br />

manutenção.<br />

4.2.2. Medi<strong>da</strong>s de proteção individual<br />

A principal medi<strong>da</strong> de proteção ao trabalha<strong>do</strong>r é a utilização de EPI’s, e entende-se por<br />

EPI os equipamentos ou dispositivos de uso individual e que possuam CA (Certifica<strong>do</strong><br />

de Aprovação) e CRF (Certifica<strong>do</strong> de Registro <strong>do</strong> Fabricante), <strong>em</strong>iti<strong>do</strong> pelo MTE<br />

(Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Emprego), utiliza<strong>do</strong>s pelo trabalha<strong>do</strong>r para a sua própria<br />

proteção contra a exposição aos riscos durante a realização de suas ativi<strong>da</strong>des laborais.<br />

Dentre os principais EPI’s destacam-se:<br />

• capacete de proteção tipo aba frontal utiliza<strong>do</strong> para proteção <strong>da</strong> cabeça;<br />

• calça<strong>do</strong> de segurança utiliza<strong>do</strong> para proteção <strong>do</strong>s pés contra torção,<br />

escoriações, derrapagens e umi<strong>da</strong>de;<br />

• óculos de proteção para os olhos contra impactos mecânicos, partículas<br />

volantes e raios ultravioletas;<br />

• luva isolante de borracha utiliza<strong>da</strong> para a proteção contra choque elétrico;<br />

• cinto de segurança tipo pára-quedista deve ser utiliza<strong>do</strong> <strong>em</strong> ativi<strong>da</strong>des <strong>com</strong><br />

mais de 2 m de altura <strong>do</strong> piso, e s<strong>em</strong>pre que haja risco de que<strong>da</strong>;<br />

• vestimentas de trabalho para proteção <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r contra<br />

queimaduras e/ou explosões provenientes de acidentes <strong>com</strong> choque ou arco<br />

elétrico.<br />

Conforme o it<strong>em</strong> 10.2.9.2 <strong>da</strong> nova NR-10, que trata sobre as vestimentas de<br />

trabalho entendi<strong>da</strong> <strong>com</strong>o EPI destina<strong>da</strong> à proteção <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros superiores e inferiores<br />

e contra diversos efeitos causa<strong>do</strong>s pelos riscos elétricos quan<strong>do</strong> a eles expostos, tais<br />

<strong>com</strong>o condutibili<strong>da</strong>de, inflamabili<strong>da</strong>de e influências eletromagnéticas. Não há


fabricantes de teci<strong>do</strong>s no Brasil ain<strong>da</strong> que, aten<strong>da</strong>m as especificações exigi<strong>da</strong>s pela nova<br />

NR-10 sen<strong>do</strong> necessário importar tais teci<strong>do</strong>s de <strong>em</strong>presas européias ou norte<br />

americana.<br />

A NR-10 r<strong>em</strong>ete a NR-6 a responsabili<strong>da</strong>de de regulamentação que trata<br />

especificamente <strong>do</strong> EPI, manten<strong>do</strong> assim sua integri<strong>da</strong>de ética. Com isso cabe ao MTE<br />

atualizar e alterar a NR-6, para que cont<strong>em</strong>ple outros EPI inerente aos riscos elétricos,<br />

de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> a NR-10, que ain<strong>da</strong> não seja cont<strong>em</strong>pla<strong>do</strong>, <strong>com</strong>o por ex<strong>em</strong>plo, as roupas<br />

profissionais ou vestimentas de trabalho.<br />

5. Responsabili<strong>da</strong>de acidentária, civil e penal no acidente pessoal<br />

Os acidentes pessoais decorrentes <strong>do</strong>s trabalhos <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de, pod<strong>em</strong> acarretar, além<br />

<strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de previdenciária inerente ao INSS (Instituto Nacional <strong>do</strong> Seguro<br />

Social), responsabili<strong>da</strong>des ao <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>r <strong>em</strong> âmbito civil, penal, trabalhista e<br />

administrativo.<br />

Cumpre mencionar, que tanto as <strong>em</strong>presas contratantes quanto as toma<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s<br />

serviços são soli<strong>da</strong>riamente responsáveis pelos <strong>da</strong>nos sofri<strong>do</strong>s pelo trabalha<strong>do</strong>r <strong>em</strong> caso<br />

de acidente <strong>em</strong> trabalhos <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de. E o descumprimento <strong>do</strong>s preceitos <strong>da</strong> NR-10<br />

acarreta para as <strong>em</strong>presas diversas autuações pelo MTE.<br />

De outro norte, existe responsabili<strong>da</strong>de também para o trabalha<strong>do</strong>r, decorrente<br />

<strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> utilização <strong>do</strong> EPI conforme it<strong>em</strong> 10.2.9 <strong>da</strong> NR-10 associa<strong>do</strong> ao<br />

art. 158, parágrafo único, b, <strong>da</strong> CLT (Consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>), impon<strong>do</strong><br />

falta grave <strong>em</strong> caso de recusa na utilização <strong>do</strong> equipamento de proteção.<br />

6. Considerações finais<br />

No presente trabalho buscou-se evidenciar que a nova re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> NR-10, responsável<br />

pela regulamentação <strong>do</strong>s procedimentos de segurança <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s <strong>com</strong><br />

eletrici<strong>da</strong>de, apresenta maior eficácia na prevenção de acidentes decorrentes <strong>do</strong> risco<br />

elétrico.<br />

O t<strong>em</strong>a discuti<strong>do</strong> é de grande relevância uma vez que trata diretamente <strong>da</strong><br />

preservação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana, através <strong>da</strong> busca pela melhora <strong>da</strong>s condições de trabalho,<br />

sobretu<strong>do</strong>, para a Engenharia Civil. Embora, a abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> principal tenha foco no setor<br />

elétrico, a probl<strong>em</strong>ática atinge diretamente a Engenharia <strong>com</strong>o um to<strong>do</strong>, desde o mais<br />

simples reparo até a mais <strong>com</strong>plexa obra, tanto na fase <strong>do</strong> projeto, quanto na de<br />

construção, e permanent<strong>em</strong>ente nas manutenções que se fizer<strong>em</strong> necessárias.<br />

Os <strong>da</strong>nos decorrentes <strong>do</strong>s acidentes de trabalho <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de, além <strong>do</strong> <strong>da</strong>no a<br />

integri<strong>da</strong>de física <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, reflet<strong>em</strong>, também, prejuízos econômicos altíssimos.<br />

Estes prejuízos derivam <strong>da</strong>s horas perdi<strong>da</strong>s de trabalho, <strong>do</strong>s <strong>da</strong>nos ao próprio local <strong>do</strong><br />

acidente, <strong>da</strong>s indenizações á vítima, ou a família <strong>em</strong> caso de óbito, e ain<strong>da</strong>, nas multas<br />

impostas pelos órgãos de fiscalização se verifica<strong>da</strong>s irregulari<strong>da</strong>des.<br />

Assim, diante destes fatos, e por to<strong>do</strong> o exposto no corpo <strong>do</strong> trabalho, pôde-se<br />

verificar que o aumento <strong>da</strong> <strong>com</strong>plexi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s procedimentos de segurança suger<strong>em</strong> uma<br />

redução <strong>do</strong> número de acidentes, uma vez que, a nova norma fixa de forma clara as<br />

condições mínimas necessárias aos trabalhos envolven<strong>do</strong> eletrici<strong>da</strong>de.<br />

A norma também evoluiu no senti<strong>do</strong> de firmar exigências acerca <strong>da</strong> capacitação<br />

<strong>do</strong>s profissionais aptos ao trabalho <strong>com</strong> eletrici<strong>da</strong>de, definin<strong>do</strong> <strong>com</strong> maior clareza as


características de ca<strong>da</strong> nível de capacitação, exigin<strong>do</strong>-se o a<strong>com</strong>panhamento de<br />

profissional habilita<strong>do</strong>, b<strong>em</strong> <strong>com</strong>o, <strong>da</strong> <strong>com</strong>petente autorização <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa responsável.<br />

Frise-se, ain<strong>da</strong>, que a ocorrência <strong>do</strong>s acidentes decorre <strong>da</strong> existência <strong>da</strong> condição<br />

insegura associa<strong>da</strong> a prática <strong>do</strong> ato inseguro, e ciente disso, após anos de ineficácia, a<br />

NR-10, renovou-se se amparan<strong>do</strong>, principalmente, <strong>em</strong> medi<strong>da</strong>s de controle de riscos, ou<br />

seja, na ação estratégica de prevenção para eliminar ou reduzir riscos, identifican<strong>do</strong>-os,<br />

avalian<strong>do</strong>-os, e planejan<strong>do</strong>-se cui<strong>da</strong><strong>do</strong>samente a execução <strong>da</strong> ação repressiva à<br />

existência destes riscos.<br />

Em síntese, os acidentes não pod<strong>em</strong> ser extingui<strong>do</strong>s por <strong>com</strong>pleto, pois onde há<br />

ação humana, há s<strong>em</strong>pre a possibili<strong>da</strong>de de erros. No entanto, a obrigatorie<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

planejamento e <strong>da</strong> previsão de falhas, principais inovações <strong>da</strong> NR-10, tende a reduzir<br />

erros e possíveis acidentes.<br />

7. Referências<br />

Almei<strong>da</strong>, Aguinal<strong>do</strong> B. de. Catelani Jr, Luiz C. Aterramento t<strong>em</strong>porário: A medi<strong>da</strong><br />

provisória usa<strong>da</strong> <strong>em</strong> redes elétricas desenergiza<strong>da</strong>s protege o trabalha<strong>do</strong>r. Revista<br />

Proteção, ed. 195, 2008.<br />

Atlas. <strong>Segurança</strong> e medicina <strong>do</strong> trabalho. 59 ed. São Paulo: Atlas, 2006.<br />

Cpnsp – Comissão Tripartite Permanente de Negociação <strong>do</strong> Setor Elétrico no Esta<strong>do</strong> de<br />

São Paulo. Curso Básico de <strong>Segurança</strong> <strong>em</strong> Instalações e <strong>Serviços</strong> <strong>em</strong> Eletrici<strong>da</strong>de.<br />

Manual de Treinamento. Funcoge: Rio de Janeiro, 2005.<br />

Funcoge – Fun<strong>da</strong>ção Comitê de Gestão Empresarial – Fun<strong>da</strong>ção COGE. Estatística de<br />

Acidentes no Setor Elétrico Brasileiro – Relatório 2006. Disponível <strong>em</strong>:<br />

http://www.funcoge.org.br/csst/relat2006. Acesso <strong>em</strong> 10 maio 2008.<br />

Furnas Centrais Elétricas S.A., Superintendência de Recursos Humanos, Departamento<br />

de <strong>Segurança</strong> e Higiene industrial. Apostila Curso Básico – <strong>Segurança</strong> <strong>em</strong><br />

Instalações e <strong>Serviços</strong> <strong>em</strong> Eletrici<strong>da</strong>de. Rio de Janeiro, 2006.<br />

Mattos, Ricar<strong>do</strong> Pereira de. Aumenta a preocupação <strong>com</strong> a segurança. Disponível <strong>em</strong>:<br />

http://www.ricar<strong>do</strong>mattos.<strong>com</strong> Acesso <strong>em</strong> 18 maio 2008.<br />

Miran<strong>da</strong> Jr., Luiz C. de. Com que roupa? Proprie<strong>da</strong>des específicas nas vestimentas<br />

garant<strong>em</strong> conforto e segurança aos eletricistas. Revista Proteção, ed. 192, 2007.<br />

Portal Da Construção. <strong>Segurança</strong> e Higiene no <strong>Trabalho</strong> – <strong>Análise</strong> de Riscos.<br />

Desenvolvi<strong>do</strong> pelo Guia Técnico O Portal <strong>da</strong> Construção. Apresenta textos <strong>com</strong><br />

conteú<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s à área de Construção Civil. Disponível <strong>em</strong><br />

http://www.oportal<strong>da</strong>construcao.<strong>com</strong>/guiastec/guia_tecnico_sht_volume_1.pdfl.<br />

Acesso <strong>em</strong> 24 maio 2008.<br />

Souza, João J. B. de; Pereira, Joaquim G. NR–10 Comenta<strong>da</strong>, Manual de auxilio na<br />

interpretação e aplicação <strong>da</strong> nova NR-10. São Paulo: LTr, 2007.<br />

Vieira, Sebastião Ivone. Manual de Saúde e <strong>Segurança</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>: segurança, higiene<br />

e medicina <strong>do</strong> trabalho. Vol. 3. São Paulo: LTr, 2005.<br />

Zocchio, Álvaro. Prática <strong>da</strong> prevenção de acidentes: ABC <strong>da</strong> segurança <strong>do</strong> trabalho. 6<br />

ed. ver. e ampl. São Paulo. Atlas, 1996.

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