MANUAL DE HIGIENE E SEGURANÇA ALIMENTAR
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Projecto financiado pela<br />
Fundação Calouste Gulbenkian<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E<br />
<strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
[em revisão]<br />
Boas Práticas na preparação<br />
de alimentos para Idosos
índice<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Enquadramento 1<br />
1. Higiene na manipulação de alimentos 2<br />
1.1. Higiene pessoal 3<br />
1.2. Higiene das instalações e dos equipamentos 4<br />
2. Preparar e servir refeições seguras 5<br />
2.1. Comprar os alimentos 6<br />
2.2. Armazenar os alimentos: 7<br />
- Na despensa 7<br />
- No frigorífico 8<br />
- No congelador 8<br />
2.3. Preparar as refeições: 9<br />
- Descongelar 9<br />
- Cozinhar 9<br />
- Refrigerar 9<br />
- Reaquecer 9<br />
2.4. Servir as refeições 9<br />
3. Limpeza e Desinfecção 10<br />
Glossário 11<br />
Anexos 12<br />
Tabela 2 12<br />
Tabela 3 13
ENQUADRAMENTO<br />
Toxinfecções alimentares<br />
Toxinfecções alimentares<br />
Muitos dos casos de diarreia, de vómitos e de mal estar<br />
de que sofremos são toxinfecções alimentares (vulgarmente<br />
conhecidas como “intoxicações”), causadas pela presença<br />
de bactérias e de outros microrganismos nos alimentos<br />
que consumimos. A gravidade das toxinfecções alimentares<br />
é variável, podendo os sintomas desaparecer<br />
rapidamente ou então progredir para situações<br />
graves e, em algumas circunstâncias, até fatais.<br />
Todos os alimentos contêm, normalmente,<br />
vários tipos de microrganismos que são<br />
seres muito pequenos, apenas visíveis<br />
com a ajuda de um microscópio. Alguns<br />
microrganismos são úteis intervindo na<br />
produção de determinados alimentos,<br />
como o iogurte, os queijos, a cerveja e<br />
o pão, enquanto que outros são prejudiciais<br />
para a vida humana, deteriorando os alimentos e provocando<br />
doenças.<br />
No final deste manual, as Tabelas 2. e 3. indicam alguns<br />
destes microrganismos prejudiciais, bem como os alimentos<br />
onde podem desenvolver-se e de que forma podemos eliminálos<br />
ou prevenir o seu desenvolvimento.<br />
Algumas pessoas, nomeadamente as crianças, as grávidas,<br />
os idosos e os doentes, apresentam um maior risco de contrair<br />
estas doenças. No caso dos idosos, este risco acrescido resulta<br />
principalmente de enfraquecimento dos sistemas naturais<br />
de defesa do nosso organismo e de uma alimentação, em<br />
alguns casos deficiente.<br />
Cada pessoa tem uma capacidade diferente de combater as<br />
doenças através do seu sistema imunológico – que é o mecanismo<br />
de defesa mais importante do nosso corpo. Com o<br />
avançar da idade este sistema vai envelhecendo e perdendo<br />
actividade. Ao envelhecimento está também muitas vezes<br />
associado um aumento do consumo de medicamentos, que<br />
se pode reflectir na diminuição da acidez do estômago e da<br />
flora intestinal, reduzindo as defesas contra este tipo de doenças.<br />
1<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
A nutrição menos cuidada é um outro factor de risco e resulta<br />
de factores como a solidão, problemas físicos e financeiros,<br />
o sedentarismo, ou mesmo pelo facto dos mais idosos viverem<br />
em casa própria sem apoios específicos, ou então em instituições<br />
para a terceira idade onde nem sempre a dieta alimentar<br />
é a mais indicada.<br />
Como prevenir as<br />
toxinfecções alimentares?<br />
Um número muito reduzido de erros no manuseamento dos<br />
alimentos é responsável por uma percentagem elevada de<br />
toxinfecções alimentares.<br />
Alguns cuidados na compra, na preparação e no armazenamento<br />
dos alimentos poderão reduzir o número elevado destas<br />
doenças.
1. <strong>HIGIENE</strong> NA<br />
MANIPULAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS<br />
1.1. A higiene pessoal<br />
Os manipuladores de alimentos tem uma grande<br />
responsabilidade no que respeita à higiene das refeições que<br />
cozinham. Assim, de modo a garantir que quem entra em<br />
contacto directo (cozinheiros) ou indirecto (quem serve a<br />
comida, por exemplo) com os alimentos não os contamine,<br />
torna-se necessário o conhecimento e o cumprimento de certas<br />
regras de higiene pessoal.<br />
Diariamente, o pessoal que cumpre estas funções deve proceder<br />
a uma higiene pessoal cuidadosa antes de se dirigir<br />
ao local de trabalho.<br />
Os objectos pessoais – relógio, pulseiras, anéis, brincos e<br />
colares – e a roupa que se utiliza no exterior devem ser arrumados<br />
num local apropriado, procedendo-se à muda de roupa<br />
apenas quando se abandona o posto de trabalho.<br />
No serviço, deverão usar vestuário apropriado – no mínimo,<br />
bata, touca e avental limpos – de modo a proteger os alimentos.<br />
Este vestuário deve ser de cor clara para evidenciar qualquer<br />
sujidade e deve ser mantido sempre limpo. O vestuário<br />
protector não deve ser usado fora das áreas de trabalho para<br />
evitar possíveis contaminações no exterior.<br />
Quando se preparam alimentos não se deve fumar, comer,<br />
beber, mascar pastilha elástica ou tomar medicamentos, evitando<br />
também espirrar, tossir ou assoar-se junto às bancas<br />
de trabalho.<br />
Outro aspecto importante a considerar é o facto de, muitas<br />
vezes, quem auxilia os idosos na sua higiene pessoal também<br />
lhes serve as refeições. Os responsáveis por estas tarefas têm<br />
que ser muito rigorosos na sua higiene e devem usar vestuário<br />
diferente para cada uma dessas tarefas.<br />
2<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Os trabalhadores que sofram de doenças contagiosas (hepatites,<br />
gastrenterites, eczemas ou outras doenças de pele, ou<br />
até mesmo uma simples gripe) não devem trabalhar directamente<br />
com alimentos, pois podem contaminá-los e, através<br />
deles, contagiar as outras pessoas (Portaria 149/88 - Fixa<br />
as regras de asseio e higiene a observar na manipulação de<br />
alimentos e determina a abolição do boletim de sanidade).<br />
Os trabalhadores que manipulem alimentos deverão ter vigilância<br />
médica específica (Decreto-lei 441/91 - Estabelece o regime<br />
jurídico do enquadramento da segurança, higiene e saúde<br />
no trabalho, prevenção de riscos profissionais).<br />
A higiene das mãos<br />
A higiene das mãos é um dos factores fundamentais em segurança<br />
alimentar. As mãos devem ser lavadas em água corrente<br />
com detergente ou sabão e secas com toalhetes de papel. Se<br />
utilizar toalhas de pano, deve trocá-las várias vezes ao dia e<br />
lavá-las na máquina a uma temperatura igual ou superior a 60ºC.
1. <strong>HIGIENE</strong> NA<br />
MANIPULAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS<br />
As mãos devem ser lavadas antes de se iniciar o serviço, sempre<br />
que se muda de tarefa (por exemplo se, depois de temperar<br />
uma carne, a seguir vai preparar uma salada), quando se utiliza<br />
a casa de banho, depois de mexer nos lixos, em produtos de<br />
limpeza ou em animais e em todas as outras situações em que<br />
uma correcta lavagem das mãos se torne necessária. As unhas<br />
devem estar sempre curtas, pois são um óptimo local para<br />
acumular sujidades, limpas e sem verniz. (Decreto-lei 425/99<br />
de 21 de Outubro - Normas gerais de higiene dos géneros<br />
alimentícios (volta a publicar o anexo do Decreto-lei nº 67/98,<br />
de 18 de Março)).<br />
O uso de luvas é um procedimento corrente, mas que não<br />
dispensa que se lavem bem as mãos. As luvas protegem os<br />
alimentos e não as mãos e, por isso, devem utilizar-se luvas<br />
descartáveis e utilizá-las uma só vez para realizar determinada<br />
tarefa.<br />
Observemos um exemplo frequente da utilização incorrecta<br />
de luvas: nos supermercados, nos balcões de charcutaria,<br />
utilizam-se habitualmente luvas de plástico descartáveis para<br />
pegar, pesar e embalar o fiambre fatiado. As mesmas luvas<br />
quase sempre são utilizadas para manusear o queijo, ou frango<br />
assado, ou outro produto. Ou seja, se o fiambre estiver<br />
contaminado, a luva vai contaminar os outros alimentos.<br />
Sempre que se observar um procedimento deste género,<br />
deve proceder-se à necessária chamada de atenção.<br />
Em alguns casos, porém, as luvas descartáveis servem para<br />
proteger os alimentos das nossas mãos: sempre que se tenha<br />
um corte ou uma ferida nas mãos, devem ser desinfectados<br />
cuidadosamente e protegidos com luvas ou dedeiras.<br />
3<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
1.2. Higiene das instalações e<br />
dos equipamentos<br />
Qualquer local onde se preparem alimentos deve cumprir<br />
uma série de regras de higiene: utilização de materiais e<br />
equipamentos que sejam fáceis de limpar, exaustão eficiente<br />
de fumos e de cheiros, iluminação natural ou artificial adequada<br />
e existência de instalações sanitárias e para mudança de<br />
vestuário em número adequado para o número de pessoas<br />
que trabalham na organização. (Decreto-lei 425/99 de 21 de<br />
Outubro - Normas gerais de higiene dos géneros alimentícios<br />
(volta a publicar o anexo do Decreto-lei nº 67/98, de 18 de<br />
Março); Regulamento 852/2004 de 29 de Abril, que entrará<br />
em vigor a 1 de Janeiro de 2006).<br />
Todos os funcionários deverão ter formação no início e no<br />
decurso da sua actividade sobre boas práticas de higiene.
2. PREPARAR E SERVIR<br />
REFEIÇÕES SEGURAS<br />
Uma vez que os idosos são uma população mais sensível às<br />
intoxicações alimentares, a sua prevenção começa por uma<br />
selecção criteriosa dos alimentos indicados para a sua dieta<br />
alimentar.<br />
Na Tabela 1 são referidos alguns dos alimentos a evitar nas<br />
refeições preparadas para os mais velhos, bem como os<br />
pelos quais são considerados alimentos de maior risco para<br />
esta população:<br />
Alimento Microrganismo(s)<br />
Peixe ou marisco cru ou pouco cozinhado Vibrio vulnificus<br />
(ex: ostras,mexilhões, amêijoas) Vírus<br />
Leite cru e queijos produzidos a Listeria monocytogenes<br />
partir de leite cru;<br />
Carne, aves e peixe cru ou mal processado;<br />
Patés refrigerados;<br />
Peixe fumado;<br />
Refeições preparadas refrigeradas;<br />
Enchidos (caseiros).<br />
Alimentos contendo ovos crus ou Salmonella<br />
pouco cozinhados<br />
(ex. gemadas, mousses e outros<br />
doces de colher);<br />
Carnes cruas ou mal cozinhadas;<br />
Sumos de fruta não pasteurizados;<br />
Derivados de leite cru.<br />
Carne e produtos á base de carne mal Clostridium perfringens<br />
cozinhados ou mantidos demasiado<br />
tempo a temperaturas entre 45 e 55ºC.<br />
2.1. COMPRAR OS ALIMENTOS<br />
A compra de alimentos deve seguir uma ordem bem estabelecida,<br />
por forma a garantir que a segurança alimentar dos<br />
produtos seja conservada. Assim,os alimentos devem ser<br />
colocados no cesto ou carrinho de compras pela seguinte<br />
ordem:<br />
- enlatados, embalados e bebidas (arroz, farinha, açúcar,<br />
cereais, pacotes de leite UHT, e outros alimentos não<br />
perecíveis)<br />
- alimentos frescos (legumes, frutas e verduras)<br />
- produtos refrigerados (carne, peixe e lacticínios)<br />
- produtos congelados<br />
4<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
TIP 1<br />
Os alimentos congelados e refrigerados devem ser transportados<br />
em sacos isotérmicos (que mantêm o frio).<br />
TIP 2<br />
Não compre latas inchadas, amolgadas ou que estejam a derramar<br />
líquido.<br />
TIP 3<br />
Leia os rótulos das embalagens para confirmar os prazos de<br />
validade e a maneira correcta de conservar e preparar esses<br />
alimentos.<br />
TIP 4<br />
Os mariscos devem ser SEMPRE comprados em locais autorizados<br />
e nunca a vendedores ambulantes. Caranguejos, lagostas<br />
e sapateiras devem ser comprados vivos. As amêijoas,<br />
os mexilhões, as conquilhas, e o berbigão, devem estar<br />
acondicionados em sacos de rede, com o respectivo selo de<br />
garantia intacto.<br />
TIP 5<br />
Não compre vegetais ou legumes amarelecidos, murchos ou<br />
pisados, nem fruta pisada ou “tocada”.
2. PREPARAR E SERVIR<br />
REFEIÇÕES SEGURAS<br />
Nos sacos de compras, de modo a evitar a contaminação<br />
cruzada, os alimentos devem estar colocados da seguinte<br />
forma:<br />
- os alimentos prontos a comer, assim como os vegetais e os<br />
frutos, devem estar separados do peixe e da carne,<br />
- a carne e o peixe devem ser colocados em sacos isotérmicos,<br />
assim como o queijo, os iogurtes, o leite “do dia” e o fiambre,<br />
- os enlatados, arroz, massas, cereais, farinha, açúcar, bebidas<br />
e pacotes de leite UHT podem ser colocados todos juntos,<br />
- os produtos de limpeza não devem NUNCA ser colocados<br />
junto de qualquer alimento.<br />
TIP 6<br />
O transporte de alimentos que precisem de ir para o frigorífico<br />
ou para o congelador deve ser o mais rápido possível.<br />
Se as compras são feitas directamente a fornecedores, estes<br />
são responsáveis pela sua entrega nas condições de Higiene<br />
e Segurança Alimentar exigíveis e devem ser qualificados e<br />
criteriosamente seleccionados.<br />
Para cada tipo de alimento – carne, peixe, vegetais, frutos,<br />
cereais, leite – era importante especificar as características<br />
dos produtos pretendidas bem como as condições de<br />
transporte e de embalagem em que condições deve ser<br />
transportado e embalado.<br />
5<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Por exemplo, pode especificar-se ao fornecedor que o peixe<br />
a ser fornecido por ele deverá ser sempre ultracongelado,<br />
pelo que deve ser obrigatoriamente transportado em câmaras<br />
frigoríficas a uma temperatura de -18ºC, de modo a não sofrer<br />
qualquer processo de descongelação durante o transporte.<br />
Este rigor nas especificações, obrigatórias por lei, procura<br />
garantir que apenas os fornecedores que cumpram as especificações<br />
sejam seleccionados. É evidente que será sempre<br />
necessário – pelo menos periodicamente - fazer o respectivo<br />
controlo, verificando o estado do alimento fornecido e se as<br />
condições de entrega respeitam o inicialmente contratado.<br />
Há legislação específica para o fornecimento<br />
de alguns tipos de alimentos, que pode ser<br />
consultada no sítio da Internet<br />
da Agência Portuguesa de Segurança<br />
Alimentar (http://www.agenciaalimentar.pt).
2. PREPARAR E SERVIR<br />
REFEIÇÕES SEGURAS<br />
2.2. ARMAZENAR OS ALIMENTOS<br />
Cada alimento deve ter o seu local próprio de armazenamento,<br />
e os primeiros alimentos a serem armazenados devem ser os<br />
primeiros a ser consumidos, de acordo com os respectivos<br />
prazos de validade inscritos no rótulo.<br />
Armazém de produtos embalados:<br />
- arroz, massas, farinhas, açúcar, enlatados, especiarias, bebidas,<br />
pacotes de leite UHT (antes de abertos) e outros produtos<br />
embalados, como polpa de tomate e molhos, devem ser armazenados<br />
num local fresco, seco e arejado.<br />
Câmara frigorífica:<br />
De preferência devem existir câmaras diferentes para o peixe<br />
e a carne crua e para os alimentos prontos a consumir. Se<br />
só existem frigoríficos, devem respeitar-se as seguintes regras:<br />
- legumes e frutas, armazenados nas gavetas inferiores (algumas<br />
frutas podem ser deixadas fora do frigorífico, para amadurecerem,<br />
num local fresco e seco)<br />
- carnes e peixe fresco, armazenados nas prateleiras inferiores<br />
e a consumir no prazo máximo de dois dias<br />
- iogurtes, queijos, fiambre, leite pasteurizado (do dia) armazenados<br />
nas prateleiras superiores e a consumir respeitando<br />
os prazos de validade<br />
- alimentos já cozinhados armazenados, em recipientes fechados,<br />
nas prateleiras superiores.<br />
As temperaturas das câmaras e frigoríficos devem ser verificadas<br />
e registadas.<br />
TIP 7<br />
Manter sempre uma temperatura constante no frigorífico de<br />
cerca de 4ºC.<br />
TIP 8<br />
Os alimentos devem ser acondicionados no congelador em<br />
sacos de plástico limpos e fechados ou em recipientes<br />
estanques.<br />
TIP 9<br />
Nunca encher demasiado o frigorífico e o congelador, de modo<br />
a que o ar frio circule com facilidade.<br />
TIP 10<br />
Abrir as portas, quer do frigorífico, quer do congelador, rapidamente<br />
e o menor número de vezes possível.<br />
6<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Congelador:<br />
- deve ser utilizado apenas para conservar alimentos previamente<br />
congelados por processos industriais e não serve, na<br />
maior parte dos casos, para congelar alimentos frescos.<br />
Instruções de Conservação<br />
Frigorífico: 5ºC ou inferior 24 horas<br />
Congelador:<br />
sem estrelas 2 dias<br />
uma estrela (-6ºC) 1 semana<br />
duas estrelas (-12ºC) 1 mês<br />
três estrelas (-18ºC) até à data indicada<br />
na embalagem<br />
Importante: Uma vez descongelado, não volte a congelar.
2. PREPARAR E SERVIR<br />
REFEIÇÕES SEGURAS<br />
2.3. PREPARAR ALIMENTOS CRUS<br />
Na preparação de alimentos deve, sempre que possível,<br />
respeitar-se o princípio “marcha em frente” evitando o contacto<br />
entre alimentos já cozinhados ou preparados com alimentos<br />
crus (carne, peixe, mariscos, vegetais, frutos - contaminação<br />
cruzada).<br />
Deve proceder-se à limpeza e à desinfecção das mãos, dos<br />
balcões, das bancas e dos utensílios entre a preparação dos<br />
vários alimentos.<br />
Lavagem de vegetais<br />
- remover a parte exterior (folhas ou camadas), consideradas<br />
superfícies mais sensíveis a contaminações com pesticidas<br />
e outros contaminantes.<br />
- lavar em água corrente - abundantemente.<br />
- poderá ainda utilizar uma escova para tentar remover o “lixo”<br />
- lavar os vegetais em água corrente abundante. Poderão ser<br />
igualmente utilizados produtos comerciais para este efeito,<br />
desde que as doses indicadas no rótulo sejam respeitadas.<br />
As frutas e os tubérculos, como as batatas e as cenouras,<br />
devem ser lavados antes de serem descascados.<br />
A lavagem de frutos e vegetais em água corrente é na maioria<br />
das situações a prática mais adequada.<br />
Depois de lavados, os morangos, as cerejas, e alguns outros<br />
frutos semelhantes devem ser imersos em água durante cerca<br />
de 30 minutos (mudada com frequência). Na desinfecção de<br />
frutos e vegetais poderão ser utilizados produtos comerciais,<br />
nomeadamente à base de cloro.<br />
TIP 10<br />
Não aproveitar fruta, ou vegetais que apresentem sinais de<br />
degradação.<br />
TIP 11<br />
Todos os utensílios utilizados na preparação de alimentos crús<br />
devem ser convenientemente higienizados.<br />
Depois de preparados alguns alimentos crus - como as<br />
saladas, frutos cortados - que não sejam para consumo<br />
imediato, deverão ser mantidos no frigorífico até à hora de<br />
servir.<br />
7<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Descongelação<br />
Nenhum alimento deve ser descongelado à temperatura ambiente.<br />
Existem três formas de descongelar sem perigo os alimentos<br />
que foram congelados: no frigorífico, em água fria<br />
corrente ou no microondas. A forma mais segura de descongelar<br />
qualquer alimento consiste em planear com antecipação<br />
a descongelação progressiva no frigorífico.<br />
Não descongele alimentos já confeccionados em grandes<br />
porções, pois isso pode impedir a descongelação completa<br />
das partes mais interiores. No processo de re-aquecimento,<br />
pode não se chegar a atingir as temperaturas necessárias<br />
para destruir as bactérias patogénicas que possam estar a<br />
desenvolver-se nessas partes ainda meio congeladas.<br />
Quando descongelados no microondas, os alimentos devem<br />
ser de imediato preparados e cozinhados.<br />
TIP 12<br />
Um alimento que foi descongelado não deve voltar a ser congelado!
2. PREPARAR E SERVIR<br />
REFEIÇÕES SEGURAS<br />
Cozinhar<br />
Devem cozinhar-se bem todos os alimentos – isto é, bem<br />
cozidos, bem assados, bem grelhados e bem fritos. O tempo<br />
e a temperatura de cozedura adequados são a garantia de<br />
que todos os microrganismos patogénicos são destruídos<br />
no processo de confecção dos alimentos e na preparação<br />
de refeições realmente seguras.<br />
Na preparação de alimentos sujeitos a fritura, a temperatura<br />
dos óleos deve estar no máximo a 180ºC, devendo ser rejeitados<br />
se fizerem espuma ou libertarem fumos acima dos<br />
170ºC. Além disso, a qualidade dos óleos deverá ser submetida<br />
regularmente a testes para avaliar as suas características<br />
(Portaria 1135/95 - Estabelece regras a observar na utilização<br />
das gorduras e óleos na preparação e fabrico de géneros<br />
alimentícios fritos).<br />
8<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Um exemplo quotidiano muito simples para prevenir este tipo<br />
de contaminação: dê uma atenção especial à colher que utiliza<br />
para a prova do tempero - esta colher deve ser sempre<br />
lavada com água quente e detergente entre provas (quer<br />
prove no mesmo tacho ou em tachos diferentes). Também os<br />
utensílios utilizados para virar os grelhados devem ser sempre<br />
lavados entre utilizações, para evitar possíveis contaminações<br />
cruzadas ao passarem de um alimento para o outro.<br />
Para evitar contaminações cruzadas, são necessários<br />
mais alguns cuidados:<br />
- Separe sempre as carnes cruas, as aves e os mariscos dos<br />
outros alimentos, quer no seu saco de compras, quer no<br />
frigorífico.<br />
- Use tábuas diferentes para a preparação de carnes cruas<br />
e para produtos prontos a comer.<br />
- Lave bem com água quente e detergente os pratos e utensílios<br />
utilizados na preparação de alimentos crus antes de serem<br />
novamente utilizados para os alimentos cozinhados.<br />
- Nunca coloque alimentos já confeccionados em pratos ou<br />
travessas onde estiveram previamente carnes, aves ou mariscos<br />
crus e frutos ou vegetais não lavados.<br />
- Mantenha as marinadas no frigorífico, nunca na banca à<br />
temperatura ambiente. Não utilize uma marinada de carnes<br />
cruas, a menos que a ferva previamente, de modo a eliminar<br />
qualquer bactéria.
2. PREPARAR E SERVIR<br />
REFEIÇÕES SEGURAS<br />
Manter até servir<br />
As refeições confeccionadas e servidas quentes deverão ser<br />
distribuídas a uma temperatura superior a 60ºC. Uma forma<br />
de manter as refeições a esta temperatura é utilizar banhosmaria,<br />
que deverão estar a uma temperatura entre 80º-90ºC.<br />
Mas atenção: a manutenção destas temperaturas durante<br />
grandes períodos de tempo degrada os nutrientes, não se<br />
devendo manter, por isso, nenhum prato cozinhado mais do<br />
que duas horas a temperaturas superiores a 60ºC.<br />
No caso de saladas ou refeições frias em espera para serem<br />
servidas, devem manter-se no frigorífico até ao momento do<br />
consumo.<br />
TIP 13<br />
Alguns alimentos permitem o desenvolvimento rápido das<br />
bactérias: carnes cozinhadas ou picadas, ovos e produtos à<br />
base de ovos crus (maioneses e cremes de bolos), leite e<br />
produtos lácteos, peixes e mariscos. Estes alimentos de "alto<br />
risco” devem ser preparados para consumir imediatamente.<br />
Refrigerar<br />
O arrefecimento incorrecto dos alimentos é um dos factores<br />
que provoca com maior frequência toxinfecções alimentares.<br />
Conseguir uma descida rápida da temperatura num alimento<br />
acabado de cozinhar não é fácil. Os alimentos cozinhados<br />
não devem permanecer à temperatura ambiente por mais de<br />
duas horas.<br />
Os alimentos cozinhados para serem armazenados no frigorífico<br />
devem ser arrefecidos o mais rapidamente possível e armazenados<br />
à temperatura de refrigeração (4C). O ideal é que decorram<br />
no máximo duas horas desde o momento em que o alimento<br />
foi cozinhado e o momento em que este atinge cerca de 10º<br />
C, uma vez que:<br />
9<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
- A temperatura óptima de crescimento dos microrganismos<br />
é entre 10º C a 40º C, pelo que se deve evitar que o alimento<br />
permaneça a esta temperatura durante um tempo excessivo,<br />
- Se introduzirmos o alimento no frigorífico imediatamente<br />
após ser cozinhado, este libertará tanto calor que aumentará<br />
a temperatura no interior do frigorífico. Consequentemente,<br />
este terá dificuldade em combater esse calor, correndo-se o<br />
risco de prejudicar a segurança dos restantes alimentos<br />
armazenados.<br />
Conselhos úteis para favorecer o arrefecimento<br />
- Não coloque o recipiente directamente sobre a bancada;<br />
coloque uma colher por baixo para que circule o ar e assim<br />
evitar que se mantenha o calor na bancada,<br />
- Se o recipiente for muito grande, distribua o alimento por<br />
recipientes mais pequenos, uma vez que o arrefecimento será<br />
mais rápido,<br />
- Se queremos que a temperatura baixe mais rapidamente,<br />
devemos introduzir o recipiente noutro maior com gelo.<br />
Reaquecer<br />
Quando guardamos alimentos cozinhados e os conservamos,<br />
existe sempre a possibilidade de alguns microrganismos<br />
poderem desenvolver-se. Os alimentos previamente<br />
confeccionados devem ser aquecidos a uma temperatura de<br />
pelo menos 70ºC. alimentos aquecidos não devem ser<br />
reaquecidos novamente. Evite misturar alimentos frescos com<br />
alimentos já confeccionados. Utilize, se necessário, um<br />
termómetro de alimentos para verificar a temperatura no<br />
interior do alimento reaquecido. Sempre que possível,<br />
caso de se tratar, de sopa ou molhos, deverá deixar-los ferver.<br />
TIP 14<br />
Os alimentos já cozinhados que foram reaquecidos e não<br />
consumidos, ou que ficaram mais do que 2 horas à temperatura<br />
ambiente, devem ser deitados fora.<br />
2.4. SERVIR<br />
Os recipientes para servir os alimentos cozinhados ou preparados<br />
devem estar limpos e higienizados. Nunca devem ser<br />
utilizados os mesmos recipientes que se usaram para preparar<br />
alimentos para os servir já cozinhados – a menos que tenham<br />
sido bem lavados com água quente e detergente.
3. LIMPEZA E <strong>DE</strong>SINFECÇÃO<br />
Em qualquer processo de preparação de alimentos numa<br />
cozinha, acumulam-se restos de alimentos, corpos estranhos<br />
e microrganismos, que são normalmente designados como<br />
“sujidade”.<br />
Uma higienização bem feita assegura a eliminação da sujidade<br />
visível, mas também a destruição dos microrganismos responsáveis<br />
pela deterioração dos alimentos.<br />
Deverá existir um plano de limpeza com procedimentos escritos<br />
(Decreto-lei 132/2000).<br />
O estabelecimento deverá possuir um comprovativo de desratização<br />
e desbaratização periódica (controlo de pargas)<br />
(Decreto-lei 425/99).<br />
A higienização compreende uma fase de limpeza, seguida de<br />
uma fase de desinfecção.<br />
O processo de limpeza inicia-se com um primeiro enxaguamento<br />
para a remoção de partículas de sujidade e de alguns<br />
microrganismos. Numa segunda etapa, aplica-se o detergente,<br />
o qual vai actuar sobre as partículas de sujidade que se<br />
encontram aderidas. Numa terceira etapa, realiza-se o enxaguamento<br />
para remoção completa das partículas entretanto<br />
libertadas pelo detergente aplicado e, uma vez mais, de alguns<br />
microrganismos resistentes.<br />
Para realizar a desinfecção aplica-se o desinfectante, seguido<br />
do enxaguamento para remoção completa do desinfectante<br />
e, por fim, realiza-se a secagem.<br />
No rótulo dos detergentes e/ou desinfectantes existe informação<br />
relativa à concentração, à temperatura de aplicação e ao<br />
tempo de contacto destes produtos.<br />
Os equipamentos de limpeza e os detergentes devem ser<br />
armazenados em local próprio para o efeito, com sinalização<br />
adequada, não podendo permanecer na cozinha ou em zonas<br />
de preparação e armazenagem de alimentos (Decreto-lei<br />
425/99 de 21 de Outubro - Normas gerais de higiene dos<br />
géneros alimentícios (volta a publicar o anexo do Decreto-lei<br />
nº 67/98, de 18 de Março)).<br />
TIP 15<br />
Seguir sempre as instruções mencionadas nos rótulos dos<br />
produtos de higienização.<br />
10<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Algumas regras básicas:<br />
- o percurso da loiça suja das mesas até à cozinha deve ser<br />
organizado de modo a não haver cruzamento com alimentos<br />
em preparação ou prontos para consumo;<br />
- os restos dos pratos e travessas sujas que chegam ao local<br />
de lavagem devem ser despejados imediatamente para os<br />
recipientes do lixo;<br />
- a lavagem da loiça deve ser realizada em máquinas de lavar,<br />
pois é o processo mais rápido, económico e higiénico;<br />
- nos casos em que se torna necessário lavar loiça ou utensílios<br />
à mão, deve-se utilizar água quente e um detergente apropriado;<br />
- no enxaguamento final, a água também deve ser quente e<br />
limpa e a loiça e os utensílios devem secar ao ar, evitandose<br />
a utilização de panos.<br />
Panos de cozinha (mãos e bancas): a sua higiene deve ser<br />
o mais rigorosa possível, uma vez que estes são uma das<br />
maiores fontes de desenvolvimento de microrganismos: - os<br />
panos da banca devem ser lavados com água quente e detergente,<br />
idealmente todos os dias, no final do dia;<br />
- devem ser lavados periodicamente na máquina de lavar roupa<br />
a uma temperatura superior a 60ºC;<br />
- estes panos devem ser substituídos com frequência, assim<br />
como os esfregões e as esponjas.<br />
TIP 16<br />
Em cantinas ou em locais onde se confeccione e sirva um<br />
grande número de refeições, devem existir procedimentos<br />
escritos que expliquem como se limpam e desinfectam as<br />
diferentes áreas e os equipamentos das cozinhas.
GLOSSÁRIO<br />
Contaminação cruzada – passagem de microrganismos patogénicos<br />
(que provocam doenças) de uns alimentos, equipamentos,<br />
utensílios ou superfícies para outros.<br />
Microrganismo – ser vivo invisível a olho nu como, por exemplo,<br />
bactérias, vírus, fungos, bolores e parasitas.<br />
Leite cru – leite que não sofreu nenhum processo térmico para<br />
eliminação de microrganismos.<br />
Alimentos de alto risco – alimentos que pela, sua natureza,<br />
composição ou forma de preparação constituem um bom meio<br />
de desenvolvimento de bactérias patogénicas ou que se degradam<br />
com facilidade, podendo estar na origem de doenças de origem<br />
alimentar.<br />
Cadeia Alimentar – conjunto das várias etapas de transformação<br />
e manuseamento que sofre um alimento desde o seu lugar de<br />
origem até ao consumidor.<br />
Toxinfecções alimentares (vulgarmente conhecidas como "intoxicações")<br />
– doenças provocadas pela ingestão de alimentos<br />
contaminados por microrganismos e suas toxinas, sejam eles<br />
bactérias, bolores, vírus ou leveduras.<br />
Grupos de Risco – conjuntos específicos de pessoas - grávidas,<br />
idosos, crianças e doentes imunodeprimidos - que apresentam<br />
um maior risco de contrair toxinfecções alimentares.<br />
Higiene alimentar – conjunto de regras que permite garantir a<br />
segurança e salubridade dos alimentos.<br />
Manipulador de alimentos – pessoa envolvida na produção,<br />
preparação, processamento, embalamento, armazenamento,<br />
transporte, distribuição e venda de alimentos.<br />
Marcha em frente – circuito que os alimentos devem seguir, da<br />
zona mais suja para a zona mais limpa, de forma a que os alimentos<br />
prontos a servir não se cruzem com os alimentos que irão ser<br />
descascados, lavados, etc...<br />
Microrganismos patogénicos – são seres vivos invisíveis a olho<br />
nu que provocam doenças.<br />
Sobras – alimentos que foram confeccionados em excesso, que<br />
não foram servidos, ou excedentes de refeições que normalmente<br />
são conservados.<br />
Limpeza – consiste na eliminação de restos de alimentos e outras<br />
partículas que ficam sobre equipamentos, utensílios e superfícies.<br />
11<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Desinfecção – consiste na destruição ou remoção dos microrganismos.<br />
Regra de ouro das 2 horas – Esta regra define que os alimentos<br />
perecíveis, como carne e peixe crus e alimentos já cozinhados<br />
não devem permanecer à temperatura ambiente mais do que 2<br />
horas, pois podem tornar-se impróprios para consumo.<br />
Salmonelose – doença causada pelo consumo de alimentos<br />
contaminados por Salmonella. Os sintomas manifestam-se 8 a<br />
48h após a ingestão de alimentos contaminados: diarreia, dores<br />
abdominais e/ou de cabeça e febre. Nas crianças, pessoas idosas<br />
e doentes imunodeprimidos esta doença pode provocar septicemia,<br />
que pode ser fatal. Os alimentos mais susceptíveis de<br />
transmitirem esta doença são: ovos crus e produtos feitos à base<br />
de ovos crus, frango, peixe e mariscos, produtos lácteos crus<br />
ou mal pasteurizados, pratos cozinhados e derivados de carne<br />
e água contaminada por matérias fecais. Para evitar a Salmonelose<br />
deve cozinhar-se bem os alimentos, evitar contaminações cruzadas<br />
entre produtos crus e cozinhados e manter uma boa higiene<br />
pessoal e da cozinha.<br />
Listeriose – doença causada pelo consumo de alimentos contaminados<br />
por Listeria monocytogenes. Os sintomas são semelhantes<br />
aos da gripe (inflamação dos olhos e da garganta), meningite<br />
e, no caso das grávidas, existe o risco de aborto. Os alimentos<br />
envolvidos nesta doença são: produtos crus (legumes, carnes,<br />
mariscos, leite incorrectamente refrigerado, queijos de pasta<br />
mole, patês refrigerados, peixe fumado) e charcutaria. Para evitar<br />
a listeriose, deve cozinhar os alimentos até à temperatura correcta,<br />
evitar contaminações cruzadas, ter boas práticas de higiene na<br />
cozinha, não armazenar alimentos no frigorífico durante muito<br />
tempo e manter o interior do frigorífico limpo.<br />
Vibrio vulnificus – doença alimentar causada pela ingestão de<br />
alimentos contaminados. Os sintomas surgem repentinamente e<br />
podem ser arrepios, febre e/ou prostração. Idosos e pessoas<br />
com sistema imunitário deficiente são os maiores grupos de risco.<br />
Os alimentos habitualmente associados a esta doença são: peixe<br />
e marisco cru ou insuficientemente cozinhados, em especial moluscos<br />
bivalves. Este microrganismo é facilmente destruído pela cozedura,<br />
pelo que se deve evitar a ingestão de mariscos crus, especialmente<br />
ostras.<br />
Clostridium perfringens – doença alimentar causada pela ingestão<br />
de alimentos contaminados. Os sintomas podem surgir entre<br />
8 a 22 horas após ingestão do alimento: diarreia, cãibras, dores<br />
abdominais e arrepios. Os alimentos associados a esta doença<br />
são: carne e produtos à base de carne mantidos demasiado tempo<br />
a temperaturas entre 45ºC-55ºC. Para evitar esta doença<br />
deve arrefecer-se de imediato os alimentos após a sua confecção.
Anexos<br />
Tabela 2. Microrganismos nos alimentos<br />
12<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Tipo de Desenvolve-se Eliminado por Exemplos Alimentos Associados Estratégias Preventivas<br />
Microrganismo nos alimentos? cozedura adequada?<br />
Bactérias Sim Sim Salmonella Ovos • Refrigerar adequadamente<br />
Campylobacter Frango • Cozinhar os alimentos às temperaturas indicadas<br />
Escherichia coli Hamburger • Limpar e higienizar os utensílios utilizados<br />
Clostridium perfringens Carnes e Molhos de carne • Lavar bem as mãos<br />
Clostridium botulinum Conservas caseiras • Garantir um armazenamento seguro<br />
Shigella Pronto-a-comer • Manter as temperaturas adequadas<br />
Bacillus cereus Arroz • Separar os alimentos crus e os alimentos cozinhados<br />
Vibrio Marisco<br />
Staphylococcus aureus Carnes cozinhadas,<br />
pastelaria, charcutaria<br />
Listeria monocytogenes Pronto-a-comer<br />
Yersinia Porco<br />
Esporos de Bactérias Não Não Esporos de C. botulinum Conservas caseiras • Refrigerar adequadamente<br />
Esporos de C. perfringens Molhos de carne • Limpar e higienizar os utensílios utilizados<br />
Esporos de B. cereus Arroz cozinhado • Lavar bem as mãos<br />
• Garantir um armazenamento seguro<br />
• Manter as temperaturas adequadas<br />
Toxinas Sim Não Toxinas de S. aureus Carnes cozinhadas, • Refrigerar adequadamente<br />
(em condições pastelarias, charcutaria • Garantir um armazenamento seguro<br />
favoráveis) Toxinas de B. cereus Arroz cozinhado mantido à • Manter as temperaturas adequadas<br />
temperatura ambiente +2h<br />
Toxina de C. botulinum Conservas caseiras deficientes<br />
Virus Não Sim Hepatite A Mariscos com concha • Cozinhar os alimentos ás temperaturas indicadas<br />
Norwalk Pronto-a-comer • Limpar e higienizar os utensílios utilizados<br />
Rotovirus Pronto-a-comer • Lavar bem as mãos<br />
• Separar os alimentos crus e os alimentos cozinhados<br />
• Lavar muito bem frutas e vegetais<br />
• Comprar mariscos somente em vendedores autorizados<br />
Parasitas Não Sim Giardia duodenalis Água contaminada • Cozinhar os alimentos às temperaturas indicadas<br />
(e por refrigeração Trichinella spiralis Porco • Limpar e higienizar os utensílios utilizados<br />
adequada) Cryptosporidium parvum Morangos • Lavar bem as mãos<br />
Framboesas • Separar os alimentos crus e os alimentos cozinhados<br />
• Lavar muito bem frutas e vegetais<br />
• Utilizar apenas água potável<br />
Bolores e Leveduras Sim Sim Rhizopus stolonifer Pão • Cozinhar os alimentos temperaturas indicadas<br />
Fonte: Penn State Univ. - College of Agricultural Sciences, 2003<br />
Candida Miudezas de aves • Limpar e higienizar os utensílios utilizados<br />
• Garantir um armazenamento seguro<br />
• Manter as temperaturas adequadas<br />
• Evitar o apodrecimento das frutas
Anexos<br />
Tabela 3. Temperaturas mínimas internas de cozedura de alimentos<br />
Alimento Temperatura (ºC)<br />
Ovos<br />
Ovos Cozinhar até que a gema e a clara estejam bem firmes<br />
Pratos com ovos 70º<br />
Aves<br />
Frango ou Perú inteiros 82º<br />
Bifes ou peitos 75º<br />
Coxas ou asas 82º<br />
Recheio (dentro ou fora da ave) 72º<br />
Pato ou Ganso 82º<br />
Carnes inteiras e Carnes picadas<br />
Perú, Galinha/Frango 72º<br />
Veado, Vitela, Boi, Carneiro, Porco 70º<br />
Bife de Boi<br />
Mal passado 65º<br />
Médio 70º<br />
Bem passado 75º<br />
Bife de Porco<br />
Médio 70º<br />
Bem passado 75º<br />
Presunto<br />
Fresco 70º<br />
Cozinhado 72º<br />
Bife de Veado ou Carneiro<br />
Médio 70º<br />
Bem passado 75º<br />
Rosbife<br />
Embalado em vácuo e pronto-a-comer 60º<br />
Peixe e Mariscos<br />
Adaptado do Manual “Cooking for Groups”, USDA, 2003<br />
13<br />
<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>HIGIENE</strong> E <strong>SEGURANÇA</strong> <strong>ALIMENTAR</strong><br />
BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO <strong>DE</strong> ALIMENTOS PARA IDOSOS<br />
Peixes Cozinhar até a carne ficar opaca e se separar facilmente com um garfo<br />
Camarão, Lagosta, Caranguejo Quando a casca se apresentar vermelho vivo e a carne opaca nacarada<br />
Ameijôas, Mexilhão, Ostras Cozinhar até as conchas abrirem completamente<br />
Molhos, Sopas, Marinadas<br />
De carne crua, aves ou peixes Cozinhar até ferver<br />
Sobras 72º