13.04.2013 Views

Em seus braços ou em seu coração

Em seus braços ou em seu coração

Em seus braços ou em seu coração

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Primeiro, Marcelino considerava a presunção e a autopromoção<br />

insuportáveis. Logo, pod<strong>em</strong>os deduzir que<br />

ele d<strong>em</strong>onstrava <strong>em</strong> <strong><strong>seu</strong>s</strong> contatos com a Mãe de Jesus<br />

esse mesmo jeito simples e franco, tão próprio dele <strong>em</strong><br />

<strong>ou</strong>tras ocasiões.<br />

Segundo, aberto ao pensamento religioso de <strong>seu</strong> t<strong>em</strong>po,<br />

o Fundador estava convencido de que a Mãe de Jesus<br />

era uma intercessora diante de Deus. As palavras do<br />

”L<strong>em</strong>brai-vos” e do “Sub tuum praesidium” habitavam sua<br />

mente e <strong>coração</strong>. Referências à misericórdia e à compaixão<br />

também frequentavam suas alocuções sobre Maria.<br />

Terceiro, Marcelino viveu uma época que muitos descrev<strong>em</strong><br />

como a `idade de <strong>ou</strong>ro’ para os devotos de Maria.<br />

Inspirado pela visão racionalista do Iluminismo, esse período<br />

começ<strong>ou</strong> com o nascimento da Mariologia no século<br />

XVII 21 e se encerr<strong>ou</strong> logo após o Vaticano II. Privilégios de<br />

toda ord<strong>em</strong> foram atribuídos a Maria por <strong>seu</strong> papel de Mãe<br />

de Jesus. 22 Novas formas de devoção floresceram e mais<br />

dias santificados e títulos foram criados <strong>em</strong> sua honra.<br />

Não obstante, esse período não deix<strong>ou</strong> de apresentar<br />

probl<strong>em</strong>as. Um pensamento repassado de anti-mística<br />

pass<strong>ou</strong> a predominar na Igreja, a partir do final do século<br />

XVII e continu<strong>ou</strong> até o início do século XIX. Um historiador<br />

da espiritualidade se refere a todo esse mencionado<br />

período como o “crepúsculo dos místicos”. 23<br />

Pensava-se que o sagrado só era alcançado mediante<br />

oração e práticas ascéticas, reservando-se a cont<strong>em</strong>plação<br />

a uns p<strong>ou</strong>cos eleitos por Deus. Mais heroica do que<br />

santa, mais estoica do que cristã, 24 essa interpretação da<br />

vida espiritual não fez mais do que desencorajar o povo.<br />

Infelizmente, acab<strong>ou</strong> por se tornar o fundamento para<br />

estabelecer alguns programas de formação religiosa e<br />

continua até hoje a influenciar as vidas de alguns de nós.<br />

21 Esse termo é creditado a Nicholas Nigido, que o <strong>em</strong>preg<strong>ou</strong> <strong>em</strong> <strong>seu</strong> tratado de<br />

1602, intitulado Summa Sacrae Mariologiae.<br />

22 Cf. JOHNSON, Elizabeth A. Truly <strong>ou</strong>r Sister: A Theology of Mary in the Communion<br />

of Saints. New York: Continuum International Publishing Gr<strong>ou</strong>p, 2006.<br />

23 LANFREY, André. Ensaio sobre as origens da espiritualidade, in Cadernos Maristas,<br />

19 (XIV), junho de 2003, p. 19.<br />

24 Ibid., p. 19-20.<br />

24<br />

<strong>Em</strong> <strong><strong>seu</strong>s</strong> <strong>braços</strong> <strong>ou</strong> <strong>em</strong> <strong>seu</strong> <strong>coração</strong><br />

Ir. Seán D. Sammon, SG

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!