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GERMINAÇÃO DE Psidium guajava L. E Passiflora edulis ... - Abrates

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<strong>GERMINAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L. E <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> SIMS - EFEITO DA<br />

TEMPERATURA, SUBSTRATO E MORFOLOGIA DO <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO PÓS-<br />

SEMINAL 1<br />

TÂNIA SAMPAIO PEREIRA e ANTONIO CARLOS SILVA <strong>DE</strong> ANDRA<strong>DE</strong> 2<br />

Revista Brasileira de Sementes, vol. 16, n o 1, p. 58-62, 1994<br />

RESUMO. Aspectos sobre a germinação de <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L. - a goiabeira e <strong>Passiflora</strong><br />

<strong>edulis</strong> Sims - o maracujá-amarelo são abordados neste trabalho. Sob o ponto de vista<br />

morfológico, são apresentadas as fases do desenvolvimento pós-seminal, assim como a<br />

plântula normal e os padrões de anormalidade encontrados na análise de germinação.<br />

Recomenda-se o uso de temperatura alternada na faixa de 20-30°C ou 15-35°C, sob<br />

vermiculita, papel de filtro ou toalha de papel sob a forma de rolo para sementes de<br />

<strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L., para os testes de germinação, onde as contagens intermediária e<br />

final podem ser feitas aos 20 e 46 dias respectivamente. Para sementes de Passifiora<br />

<strong>edulis</strong> Sims recomenda-se utilizar como substratos rolo de papel toalha ou a vermiculita<br />

em caixas plásticas transparentes, sob o regime de temperatura de 20-30°C. As plântulas<br />

normais podem ser encontradas aos 15 e 22 dias.<br />

Termos para indexação: <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L., <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims, germinação,<br />

morfologia<br />

GERMINATION OF <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L. AND <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> SIMS - EFFECTS OF<br />

TEMPERATURE, SUBSTRATE AND POST-SEMINAL <strong>DE</strong>VELOPMENT<br />

ABSTRACT. The effects of temperature and substrate on the germination of <strong>Psidium</strong><br />

<strong>guajava</strong> L. and <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims, were studied. Post-seminal development test are<br />

described. For <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L., alternate temperature ranging from 20 to 30°C or 15 to<br />

35°C, and a substrate consisting of vermiculite, filter paper or towel paper, showed the<br />

most positive results, favouring intermediate and final counting at 20 and 46 days<br />

respectively. For Passifiora <strong>edulis</strong> Sims seeds, a temperature ranging from 20-30°C and a<br />

substrate of either vermiculite or towel paper, were the most favourable combinations.<br />

Normal seedling could se counted at 15 and 22 days.<br />

Index terms: <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L., <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims, germination, morphology<br />

INTRODUÇÃO<br />

Apesar do aumento considerável de conhecimento relativo à análise de sementes de<br />

espécies frutíferas, gerado por pesquisas nestas duas últimas décadas, a maioria delas<br />

carece ainda de subsídios básicos referentes às condições ideais de germinação. Este<br />

fato pode ser comprovado através das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992),<br />

onde são encontradas poucas recomendações/prescrições sobre metodologia para<br />

análise de sementes de espécies frutíferas nativas, embora as mesmas sejam<br />

intensivamente cultivadas.<br />

Tanto a goiaba, <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L., quanto o maracujá, <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims, são<br />

fruteiras tropicais, cuja distribuição geográfica inclui o Brasil, e são hoje amplamente<br />

1<br />

Aceito para publicação em 17.05.94; trabalho parcialmente financiado pelo CNPq<br />

2<br />

Pesquisadores da Área de Sementes e Mudas - Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão, 915<br />

– 22.460- 030, RJ


cultivadas nos trópicos, não só por seus atributos comestíveis mas, também, por serem<br />

comprovadamente espécies medicinais.<br />

De acordo com Gomes (1986), a propagação de ambas as espécies pode ser feita<br />

tanto de forma assexuada quanto sexuada, sendo a última a mais utilizada pelos<br />

produtores, principalmente por sua facilidade na obtenção de mudas. O sucesso do<br />

plantio comercial do maracujá está associado à seleção das melhores sementes (Kuhne,<br />

1968).<br />

Quanto à metodologia ideal para tecnologia de sementes, principalmente para as<br />

espécies de pequeno valor comercial ou cujo valor está associado à determinada tradição<br />

cultural, como por exemplo algumas espécies frutíferas tropicais, Ellis et al. (1985)<br />

propõem que as mesmas devam passar por uma série de testes, quando se tratar de uma<br />

espécie sem prescrição de método, cujo percentual de germinação é inferior a 85%.<br />

Neste trabalho, são apresentados resultados referentes à metodologia de<br />

germinação para sementes de <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L. e <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims, de maneira a<br />

subsidiar testes oficiais em Laboratório de Análise de Sementes como prescrições para as<br />

espécies.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Os testes de germinação foram desenvolvidos no Laboratório de Sementes do<br />

Jardim Botânico do Rio de Janeiro. As sementes de <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L. utilizadas nos<br />

testes são de uma matriz doméstica e as sementes de <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims são<br />

provenientes de frutos adquiridos no comércio de frutas local.<br />

Após o beneficiamento dos frutos, as sementes de ambas as espécies foram<br />

armazenadas por 30 dias em saco de polietileno transparente vedado, sob temperatura<br />

de 22°C e umidade reIativa média de 57%. As sementes foram submetidas aos ensaios<br />

de germinação, utilizando 4 repetições de 25 sementes distribuídas nos substratos de<br />

papel de filtro (SP), rolo de papel toalha (RP) e vermiculita (V), sob as temperaturas<br />

constantes de 25 e 30°C e nas faixas alternadas de temperatura de 15-35°C e 20-30°C.<br />

Para as duas espécies em questão, os ensaios de metodologia de germinação foram<br />

analisados estatisticamente, utilizando o delineamento inteiramente casualizado, seguindo<br />

o esquema fatorial. Em todos os ensaios, os valores de germinação foram transformados<br />

em arco-seno (%G/100)½, para posterior análise de variância, aplicando o teste F, com a<br />

finalidade de testar as diferenças entre os tratamentos. Adotou-se o teste de Tukey para<br />

comparação entre as médias (Gomes, 1987).<br />

As contagens foram feitas em dias alternados; a ilustração das fases do<br />

desenvolvimento da plântula foi feita com auxílio de estereomicroscópio com aumento até<br />

5X, equipado com câmara clara, sendo as descrições da plântula normal e das<br />

anormalidades baseadas em critérios preestabelecidos de forma e sanidade das<br />

estruturas essenciais da plântula, segundo Brasil (1992).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Na Tabela 1, encontra-se a análise de variância da porcentagem de germinação de<br />

sementes de <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> e <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong>. Através dos resultados, verifica-se a<br />

influência do substrato e da temperatura para sementes de <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> e da<br />

temperatura para sementes de <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong>, comprovada significância pelo teste F<br />

(P0,05) para a<br />

interação substrato versus temperatura, em ambas as espécies.


Os valores médios da porcentagem de germinação de sementes, testados nos<br />

diferentes substratos e temperaturas para as espécies estudadas podem ser observados<br />

na Tabela 2. Pode-se verificar que, para sementes de <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong>, a temperatura de<br />

15-35°C e o substrato sobre papel de filtro apresentaram valores estatisticamente<br />

inferiores (P


de goiaba, mostraram que este é um tratamento ineficiente por provocar a morte das<br />

sementes.<br />

Sinha, Verma & Koranga (1973) utilizam dentre outros tratamentos o regulador de<br />

crescimento Ethrel 500ppm associado à embebição das sementes de <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L.,<br />

demostrando ser este o melhor tratamento que os demais testados.<br />

Sobre a germinação do maracujá, São José & Nakagawa (1987) demonstraram que<br />

as sementes devem ser usadas sem o arilo, pois este retarda o processo germinativo das<br />

mesmas.<br />

Embora Morley-Bunker (1974) mencione a necessidade de tratar as sementes<br />

dormentes de <strong>Passiflora</strong> spp, os resultados do percentual de germinação e uniformidade<br />

da emergência das plântulas de <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims encontrados neste trabalho não<br />

demonstraram necessidade de submeter as sementes a tratamentos pregerminativos.<br />

A necessidade de se estabelecer o período intermediário e final de contagem, assim<br />

como de se conhecer a plântula normal e as anormalidades, a fim de prescrever os testes<br />

em laboratórios de análise de sementes, levam ao estudo pormenorizado das fases do<br />

desenvolvimento pós-seminal (Espécie I, Fig.1 a 20). Desta forma, as plântulas normais<br />

(Espécie I, Fig. 19 a 20) de <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L. apresentando raíz principal longa, linear<br />

ou sinuosa, delgada com ou sem raízes secundárias, hipocótilo verde, cilíndrico ereto ou<br />

curvo com granulações leves na base junto ao colo. Os cotilédones são sésseis,<br />

foliáceos, ovados expandidos livres dos restos seminais e epicótilo com o primeiro par de<br />

eófilos totalmente expandidos (Fig. 20), podem ser retiradas aos 20 dias em uma<br />

contagem intermediária e aos 46 dias na contagem final.


As plântulas normais de <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims apresentam raíz principal longa,<br />

delgada, linear ou sinuosa, com ou sem raízes secundárias, o hipocótilo é verde, longo e<br />

cilíndrico, ereto; raízes adventícias ocorrem no colo e na base do hipocótiio. Pecíolos<br />

cotiledonares são unidos verticalmente. Cotilédones foliáceos, oblongos com ápice obtuso


e base cordada, fortemente nervados livres dos restos seminais, apresentando a gema<br />

apical diminuta (Espécie II, Fig. 11), podem ser retiradas do teste numa contagem<br />

intermediária aos 15 dias e na contagem final entre o 20° e 22° dia de germinação.<br />

Plântulas anormais de <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L. decorrentes de má formação congênita<br />

(Espécie I, Fig. 21 a 25), ocorrem com menos freqüência do que as anormalidades<br />

provocadas pelo substrato e/ou acondicionamento inadequado, tais como nas dobras do<br />

rolo da toalha de papel (RP) ou anormalidades provocadas pela pressão da tampa da<br />

caixa plástica (SP) e (V) como podem ser observadas nas Fig. 26 e 27 da Espécie I.<br />

Quanto à morfologia das plântulas, tanto <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L. quanto <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong><br />

Sims podem ser enquadrados no tipo faneroepígea (Duke & Polhill, 1981) pois suas<br />

plântulas possuem cotilédones fotossintetizantes livres dos restos seminais, elevados do<br />

solo pelo longo hipocótilo.<br />

CONCLUSÕES<br />

Com os resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que as melhores temperaturas<br />

para a germinação de sementes de Pisdium <strong>guajava</strong> foram 20-30 e 15-35°C, não havendo<br />

diferenças sinificativas entre os substratos testados.<br />

Já para as sementes de <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims recomenda-se utilizar como<br />

substratos o rolo de papel toalha (RP) ou a vermiculita (V) em caixas plásticas<br />

transparentes sob o regime de temperatura de 20-30°C.<br />

O período indicado para contagem intermediária no teste de germinação para<br />

sementes de <strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L. é de 20 dias; a contagem final deverá ser feita aos 46<br />

dias.<br />

Para as sementes de <strong>Passiflora</strong> <strong>edulis</strong> Sims, o período indicado para contagem<br />

intermediária é de 15 dias e para a contagem final é de 22 dias.<br />

AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

Os autores agradecem à Ana Paula Martins Cruz Femandes pela atenção na<br />

condução das análises de germinação.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BEWLEY, J.D. & BLACK, M. Physiology and biochemistry of seeds. Springer-Verlag,<br />

Berlin, 1982, p.77-101, il.<br />

BRASIL.Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes,<br />

Brasília, Coordenação de Laboratório Vegetal. Departamento Nacional de Defesa Vegetal,<br />

1992, 365p.<br />

DUKE, J.A. & POLHILL, R.M. Seedlings of leguminosae. In: Advances in legume<br />

systematics, Kew, Royal Botanic Garden, v.2, 1981, p.941-9, il.<br />

ELLIS, R.H.; HONG, T.D. & ROBERTS, E.H. Handbook of seed technology for<br />

genebanks. Compendium of specific germination information and test recommendations.<br />

International Board for Plant Genetic Resources Rome. v.e, 1985, p..232-3.<br />

GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. São Paulo: Nobel, 1987, 467p.<br />

GOMES, R.P. Fruticultura brasileira. São Paulo: Nobel, 1987, 446p.


HARTMAN, H.T. & KESTER, D.E. Planta propagation: principIes and practices.<br />

Prentice Hall of India Pvt Ltda., Nova Delhi. 1972, 296p.<br />

KUHNE, F.A. Cultivation of granadillas...(1). Farming in South Africa 9, Feb. 1968, p.29-<br />

33.<br />

MORLEY-BUNKER, M.J.S. Some aspects of seed dormancy with reference to<br />

<strong>Passiflora</strong> sp. and other tropical and subtropical crops. London: Univ. of London,<br />

1974, 43p.<br />

SÃO JOSÉ, A.R. & NAKAGAWA, J. Efeitos da fermentação e secagem na germinação de<br />

sementes de maracujá-amarelo. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, 9(2)1987,<br />

p.35-43.<br />

SINGH, S. & SONI, S.L. Effect of water and acid soaking periods seed germination in<br />

guava. Punjab Horticultural Journ., Udaipur 14, 1974, p.122-124.<br />

SINHA, M.M, VERMA, J.P. & KORANGA, D.S. Studies on the seed germination of guava<br />

(<strong>Psidium</strong> <strong>guajava</strong> L.) I. Effect of scarification and plant growth regulator treatments.<br />

Progressive Horticulture, 5, 1973, p.37-40.

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