14.04.2013 Views

Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - UFRRJ

Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - UFRRJ

Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - UFRRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

autores nos permite traçar uma linha cronológica “evolutiva” <strong>do</strong>s conflitos por terra trava<strong>do</strong>s<br />

no esta<strong>do</strong>. Inicialmente trava<strong>do</strong>s entre agricultores meeiros, posseiros e trabalha<strong>do</strong>res rurais<br />

expropria<strong>do</strong>s, expulsos ou d<strong>em</strong>iti<strong>do</strong>s da lavoura de citricultura que diminuía <strong>na</strong> região da<br />

Baixada Fluminense e, posteriormente, entre posseiros e grileiros, permea<strong>do</strong>s por projetos<br />

urbanísticos e de infraestrutura gover<strong>na</strong>mental, passan<strong>do</strong> por conflitos mais complexos entre<br />

grandes <strong>em</strong>preendimentos imobiliários e mora<strong>do</strong>res sub<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s de regiões próximas a<br />

centros urbanos, até a luta <strong>do</strong>s S<strong>em</strong> Terra nos dias atuais.<br />

Já a leitura de Men<strong>do</strong>nça (2005) chamou a atenção para o fato da existência de uma<br />

“confusão” – “principalmente, no meio acadêmico” – entre as noções de questão agrária e<br />

reforma agrária. A autora reforça sua tese afirman<strong>do</strong> que “no campo das ciências sociais (...)<br />

nenhuma escolha de palavras é ingênua” (p. 10). Para Men<strong>do</strong>nça a “intenção” seria a<br />

desqualificação da questão agrária, ao confundi-la com as diversificadas políticas de reforma<br />

agrária. Porto-Gonçalves v<strong>em</strong> corroborar essa observação de Men<strong>do</strong>nça ao afirmar que a<br />

questão agrária passa a existir no momento <strong>em</strong> que surge a primeira contestação <strong>do</strong> agro, ou,<br />

<strong>em</strong> suas palavras, quan<strong>do</strong> o agro é “posto <strong>em</strong> questão” (PORTO-GONÇALVES, 2005).<br />

Apesar de primária, a clara diferenciação entre as noções de questão agrária e reforma agrária<br />

foi muito importante para a delimitação <strong>do</strong> escopo da pesquisa. Com base nesses autores, o<br />

presente estu<strong>do</strong> não foi direcio<strong>na</strong><strong>do</strong> para as políticas de reforma agrária 7 , mas para a questão<br />

agrária, ou mais precisamente, para suas manifestações expressas <strong>na</strong> luta pelo acesso à terra<br />

de trabalho.<br />

Durante a pesquisa de campo um fato recorrente me chamou a atenção: a referência<br />

frequente que os trabalha<strong>do</strong>res rurais <strong>do</strong> acampamento faziam à terra como o lugar de<br />

trabalho. Tinham a concepção de que somente a produção poderia ser realmente considerada<br />

como trabalho e, acreditan<strong>do</strong> nisso, atribuíam importância fundamental ao trabalho <strong>na</strong> terra<br />

para sua reprodução física e social. Muito <strong>em</strong>bora alguns entrevista<strong>do</strong>s desenvolvess<strong>em</strong><br />

atividades econômicas desvinculadas da terra, tais atividades eram percebidas por eles como<br />

algo de menor importância. Geralmente essas atividades lhes garantiam recursos suficientes<br />

ape<strong>na</strong>s para investimentos <strong>na</strong> compra de s<strong>em</strong>entes e preparação <strong>do</strong>s lotes para o plantio. Logo,<br />

o conceito de terra de trabalho surgiu no início da pesquisa de campo como um termo extraí<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como os próprios trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> acampamento se referiam à terra, caracterizan<strong>do</strong>-<br />

7<br />

Embora as políticas de reforma agrária tenham sua importância para a compreensão de diversos momentos<br />

históricos <strong>em</strong> suas dimensões política, econômica e social e, portanto, não possam ser desprezadas.<br />

10

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!