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apresentada à sociedade através da violenta repressão contra os movimentos de luta pela terra,<br />
sen<strong>do</strong> explicitada diversas vezes através de prisões e assassi<strong>na</strong>tos de lideranças camponesas<br />
<strong>em</strong> to<strong>do</strong> o país. Segun<strong>do</strong> as palavras de ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s generais “era preciso combater o<br />
comunismo no campo e <strong>na</strong>s cidades”. Assim, <strong>em</strong> um breve intervalo de t<strong>em</strong>po, após o golpe<br />
de 1964, quase todas as organizações de trabalha<strong>do</strong>res rurais foram fechadas ou colocadas <strong>na</strong><br />
ilegalidade.<br />
Porém, esta não foi a única intervenção <strong>do</strong> governo militar <strong>na</strong> questão agrária. A partir<br />
de 1950, os países ricos vinham intensifican<strong>do</strong> o processo de industrialização da agricultura<br />
<strong>do</strong>s países mais pobres, principalmente <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong>. Esse processo trazia <strong>em</strong> sua<br />
implantação um “pacote tecnológico” que incluía s<strong>em</strong>entes modificadas <strong>em</strong> laboratórios,<br />
m<strong>aqui</strong>nários agrícolas, defensivos, fertilizantes químicos, criação de entidades de fomento à<br />
produção e a necessidade da propriedade privada da terra com extensão cada vez maior para<br />
tor<strong>na</strong>r viável tamanho investimento tecnológico.<br />
Esse processo se intensificou no Brasil durante o perío<strong>do</strong> ditatorial. Sob a tutela <strong>do</strong><br />
governo militar a bandeira <strong>do</strong> progresso necessário foi novamente levantada, mas desta vez<br />
pendia fort<strong>em</strong>ente para o meio rural brasileiro, no qual a ameaça comunista se manifestara no<br />
pré-64. Aos olhos <strong>do</strong> governo, a Revolução Verde era necessária para superar definitivamente<br />
a ameaça vermelha que, mesmo sufocada pela força de um golpe de Esta<strong>do</strong>, ainda preocupava<br />
o governo militar (PORTO-GONÇALVES, 2005). Seria também por meio dessa “revolução”<br />
tecnológica que se d<strong>em</strong>onstraria a preocupação <strong>do</strong> novo governo com o povo, mostran<strong>do</strong> à<br />
sociedade sua ação para superar o probl<strong>em</strong>a da fome, que era apresenta<strong>do</strong> como uma questão<br />
meramente técnica, <strong>na</strong> qual a tecnologia inova<strong>do</strong>ra da manipulação de s<strong>em</strong>entes <strong>em</strong><br />
laboratórios poderia potencializar sua produtividade e com isso solucio<strong>na</strong>r um probl<strong>em</strong>a<br />
social incômo<strong>do</strong>.<br />
Assim, o discurso econômico que incentivava a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> pacote tecnológico da<br />
Revolução Verde garantia rápi<strong>do</strong> retorno fi<strong>na</strong>nceiro e um aumento considerável de<br />
produtividade para as propriedades rurais que investiss<strong>em</strong> <strong>na</strong> tecnologia; o discurso<br />
ideológico apresentava tal pacote como uma solução para acabar com a fome nos países que o<br />
a<strong>do</strong>tass<strong>em</strong>. Mera d<strong>em</strong>agogia, se considerarmos que o aparato tecnológico <strong>em</strong>buti<strong>do</strong> no pacote<br />
da Revolução Verde era fort<strong>em</strong>ente volta<strong>do</strong> para a monocultura direcio<strong>na</strong>da à exportação.<br />
Logo, não abasteceria o merca<strong>do</strong> interno e tampouco produziria excedentes de alimentos,<br />
ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista que grande parte da produção era de grãos para o merca<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l ou<br />
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