OS IMPACTOS DA URBANIZAÇÃO NA DINÂMICA ... - revista ajes
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material sedimentar que preenche a área da seção transversal do canal, modificando ou não a<br />
largura e profundidade. Enfim, esses parâmetros podem apresentar índices de alargamento<br />
negativo ou positivo para o tamanho da capacidade do canal, conforme o estado da variação<br />
fluvial.<br />
Para Vieira e Cunha (2001), a capacidade do canal para pequenos cursos deve<br />
aumentar gradativamente de montante a jusante, tornando eficiente a passagem do fluxo. Caso<br />
contrário, se o aumento das seções transversais não for proporcional ao longo do perfil<br />
longitudinal do canal, então ele estará em um estado de completo desajuste para o sistema<br />
fluvial.<br />
Os canais fluviais são definidos por Christofoletti (1980), enquanto sistemas abertos<br />
que estão em constante permuta de matéria e energia. Portanto, quaisquer alterações no nível<br />
de retroalimentação desses atributos conseqüentes modificações sofrerão o futuro sistema. De<br />
um lado, para o sistema fluvial manter certo equilíbrio de estabilidade, dinamicamente, ele<br />
será condicionado por diversas variáveis, como a descarga líquida, a carga sedimentar, o<br />
declive, a largura, a profundidade e velocidade do fluxo. Por outro lado, as obras de<br />
engenharia causam impactos nos canais fluviais, alterando tanto a geometria do canal quanto<br />
a eficiência do fluxo, pois regiões tropicais úmidas são extremamente dinâmicas diante de<br />
fatores de erosão, transporte e deposição de sedimentos (VIEIRA e CUNHA; 2001). Nessas<br />
áreas, principalmente em pequenos canais, a capacidade se apresenta reduzida e a ineficácia<br />
do fluxo intensificada.<br />
Para Christofoletti (1980), o equilíbrio fluvial ou “estado de estabilidade” do canal<br />
somente ocorre quando no sistema fluvial há troca de energia e matéria, as quais entram e<br />
saem através do sistema e permanecem equivalentes. Por outro lado, é necessário um lapso de<br />
tempo relativamente longo para que as flutuações do fluxo sejam mínimas, permitindo que<br />
haja um equilíbrio constante entre o débito fluvial e a carga de fundo.<br />
Cunha (2003), associa o equilíbrio fluvial do canal com o perfil longitudinal, sendo<br />
que esse último deve apresentar-se côncavo e liso e com inclinações maiores em direção de<br />
montante. Embora na prática, isso é modificado pela presença de controle estrutural que<br />
secciona o curso de água em segmentos individualizados com perfis de equilíbrio próprios.<br />
Assim, considerando tal afirmativa, o canal fluvial somente estará em equilíbrio quando a<br />
seção transversal mantiver um aumento proporcional desde a nascente até a foz do rio.<br />
Portanto, tanto a análise feita por Christofoletti (1980) como a análise de Cunha<br />
(2003) ressaltam a importância do perfil longitudinal para avaliação do equilíbrio dos canais.<br />
3.3 O EFEITO DE AFUNILAMENTO D<strong>OS</strong> CA<strong>NA</strong>IS URBAN<strong>OS</strong><br />
A partir do referencial teórico pode-se atribuir nessa pesquisa o termo de efeito de<br />
afunilamento para os canais que apresentam seções transversais estranguladas por algum tipo<br />
de obra de engenharia, que ao invés de proporcionar um aumento na capacidade do canal de<br />
montante a jusante, provoca o efeito ao contrário, ou seja, a diminuição das propriedades<br />
geométricas da seção transversal.<br />
Para melhor clareza desse efeito de afunilamento classificou-se as seções transversais<br />
estranguladas por obras de engenharia de duas formas: seções transversais semi-abertas e<br />
semi fechadas. As seções transversais semi-abertas podem ser observadas nos pontos dos<br />
canais onde são implantadas pontes em moldes de concreto interfere pouco sobre a dinâmica<br />
do canal (Figura 05). As seções transversais semi-fechadas são àquelas onde o canal fluvial<br />
recebe uma ponte sobre tubo ou manilhas de concreto que obstrui a maior parte da área da<br />
seção transversal, reduzido diretamente a capacidade de vazão do fluxo de água (Figura 06).<br />
O interessante nesta figura que o espaço onde escoa o fluxo de água é bem reduzido, e<br />
contribui muito para intensificar o efeito da enchente no entorno do canal.