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- Espero <strong>que</strong> não estejas <strong>do</strong>ente, Zorbas. É a<br />
primeira vez <strong>que</strong> não corres quan<strong>do</strong> te abro uma<br />
lata. Que estás tu a fazer senta<strong>do</strong> nesse vaso? Até<br />
parece <strong>que</strong> estás a esconder alguma coisa. Bem, até<br />
amanhã, gato maluco.<br />
E se lhe tivesse vin<strong>do</strong> à ideia espreitar para<br />
debaixo <strong>do</strong> vaso? Só de pensar nisso sentiu uma fra<strong>que</strong>za<br />
na barriga e teve de correr para o caixote.<br />
Ali estava ele, de rabo to<strong>do</strong> empina<strong>do</strong>, sentin<strong>do</strong><br />
um grande alívio e pensan<strong>do</strong> nas palavras <strong>do</strong> humano.<br />
«<strong>Gato</strong> maluco». Era o <strong>que</strong> lhe tinha chama<strong>do</strong>.<br />
«<strong>Gato</strong> maluco»,<br />
Talvez tivesse razão, por<strong>que</strong> o mais prático teria<br />
si<strong>do</strong> deixá-lo ver a gaivotinha. O amigo teria pensa<strong>do</strong><br />
então <strong>que</strong> a sua intenção era comê-la e tê-Ia-ia leva<strong>do</strong><br />
para cui<strong>da</strong>r dela até crescer. Mas ele tinha-a escondi<strong>do</strong><br />
debaixo de um vaso. Era um gato maluco?<br />
Não. De maneira nenhuma. Zorbas seguia rigorosamente<br />
o código de honra <strong>do</strong>s gatos <strong>do</strong> porto. Prometera<br />
à agonizante gaivota <strong>que</strong> ensinaria a cria a voar, e assim<br />
havia de fazer. Não sabia como, mas havia de o fazer.<br />
Estava Zorbas a tapar conscienciosamente os seus<br />
excrementos quan<strong>do</strong> o grasnar assusta<strong>do</strong> <strong>da</strong> gaivotinha<br />
o fez tornar à varan<strong>da</strong>.